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da Marinha - rm2
nível superior
Área de Concentração II –
Formação Militar-Naval
PROCESSO SELETIVO UNIFICADO DE OFICIAIS – RM2
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22/10/2022
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Nesse processo, as economias nacionais tornaram-se 4.1 A América do Sul é o ambiente regional no qual o
mais vulneráveis às crises ocasionadas pela Brasil se insere. Buscando aprofundar seus laços de
instabilidade econômica e financeira em todo o cooperação, o País visualiza um entorno estratégico
7.10. Os setores espacial, cibernético e nuclear são 7.18. É prioritário assegurar continuidade e
estratégicos para a Defesa do País; devem, portanto, previsibilidade na alocação de recursos para permitir
ser fortalecidos. o preparo e o equipamento adequado das Forças
Armadas.
7.11. A atuação do Estado brasileiro com relação à
defesa tem como fundamento a obrigação de garantir 7.19. Deverá ser buscado o constante
nível adequado de segurança do País, tanto em tempo aperfeiçoamento da capacidade de comando,
de paz, quanto em situação de conflito. controle, monitoramento e do sistema de inteligência
dos órgãos envolvidos na Defesa Nacional.
7.12. À ação diplomática na solução de conflitos
soma-se a estratégia militar da dissuasão. Nesse 7.20. Nos termos da Constituição, as Forças Armadas
contexto, torna-se importante desenvolver a poderão ser empregadas pela União contra ameaças
capacidade de mobilização nacional e a manutenção ao exercício da soberania do Estado e à
de Forças Armadas modernas, integradas e indissolubilidade da unidade federativa.
balanceadas, operando de forma conjunta e
adequadamente desdobradas no território nacional, 7.21. O Brasil deverá buscar a contínua interação da
em condições de pronto emprego. atual PND com as demais políticas governamentais,
visando a fortalecer a infraestrutura de valor
7.13. Para ampliar a projeção do País no concerto estratégico para a Defesa Nacional, particularmente a
mundial e reafirmar seu compromisso com a defesa de transporte, a de energia e a de comunicações.
da paz e com a cooperação entre os povos, o Brasil
deverá aperfeiçoar o preparo das Forças Armadas 7.22. O emprego das Forças Armadas na garantia da
para desempenhar responsabilidades crescentes em lei e da ordem é regido por legislação específica.
ações humanitárias e em missões de paz sob a égide
de organismos multilaterais, de acordo com os
interesses nacionais.
1. Dissuadir a concentração de forças hostis nas Mobilidade depende de meios terrestres, marítimos e
fronteiras terrestres e nos limites das águas aéreos apropriados e da maneira de combiná-los.
jurisdicionais brasileiras, e impedir-lhes o uso do Depende, também, de capacitações operacionais que
espaço aéreo nacional. permitam aproveitar ao máximo o potencial das
tecnologias do movimento.
Para dissuadir, é preciso estar preparado para
combater. A tecnologia, por mais avançada que seja, O vínculo entre os aspectos tecnológicos e
jamais será alternativa ao combate. Será sempre operacionais da mobilidade há de se realizar de
instrumento do combate. maneira a alcançar objetivos bem definidos. Entre
esses objetivos, há um que guarda relação
2. Organizar as Forças Armadas sob a égide do especialmente próxima com a mobilidade: a
trinômio monitoramento/controle, mobilidade e capacidade de alternar a concentração e a
presença. Esse triplo imperativo vale, com as desconcentração de forças, com o propósito de
adaptações cabíveis, para cada Força. Do trinômio dissuadir e combater a ameaça.
resulta a definição das capacitações operacionais de
cada uma das Forças. 6. Fortalecer três setores de importância estratégica:
o espacial, o cibernético e o nuclear. Esse
3. Desenvolver as capacidades de monitorar e fortalecimento assegurará o atendimento ao conceito
controlar o espaço aéreo, o território e as águas de flexibilidade.
jurisdicionais brasileiras.
Como decorrência de sua própria natureza, esses
Tal desenvolvimento dar-se-á a partir da utilização de setores transcendem a divisão entre desenvolvimento
tecnologias de monitoramento terrestre, marítimo, e defesa, entre o civil e o militar.
aéreo e espacial que estejam sob inteiro e
incondicional domínio nacional.
Os instrumentos principais dessa unificação serão o 8. Reposicionar os efetivos das três Forças.
Ministério da Defesa e o Estado-Maior Conjunto das
Forças Armadas. Devem ganhar dimensão maior e As principais unidades do Exército estacionam no
responsabilidades mais abrangentes. Sudeste e no Sul do Brasil. A esquadra da Marinha
concentra-se na cidade do Rio de Janeiro. Algumas
O Ministro da Defesa exercerá, na plenitude, todos os instalações tecnológicas da Força Aérea estão
poderes de direção das Forças Armadas que a localizadas em São José dos Campos, em São Paulo. As
Constituição e as leis não reservarem, expressamente, preocupações mais agudas de defesa estão, porém,
ao Presidente da República. no Norte, no Oeste e no Atlântico Sul.
A subordinação das Forças Armadas ao poder político Sem desconsiderar a necessidade de defender as
constitucional é pressuposto do regime republicano e maiores concentrações demográficas e os maiores
garantia da integridade da Nação. centros industriais do País, a Marinha deverá estar
mais presente na região da foz do Rio Amazonas e nas
Os Secretários do Ministério da Defesa e o Diretor- grandes bacias fluviais do Amazonas e do Paraguai-
Geral do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Paraná. Deverá o Exército agrupar suas reservas
Proteção da Amazônia (CENSIPAM) serão nomeados regionais nas respectivas áreas, para possibilitar a
mediante indicação exclusiva do Ministro de Estado resposta imediata na crise ou na guerra.
da Defesa, entre cidadãos brasileiros, militares das
três Forças e civis, respeitadas as peculiaridades e as Pelas mesmas razões que exigem a formação do
funções de cada secretaria. As iniciativas destinadas a Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, os
formar quadros de especialistas civis em defesa Distritos Navais ou Comandos de Área das três Forças
permitirão, no futuro, aumentar a presença de civis terão suas áreas de jurisdição coincidentes,
em postos dirigentes e nos demais níveis do ressalvados impedimentos decorrentes de
Ministério da Defesa. As disposições legais em circunstâncias locais ou específicas. Os oficiais-
contrário serão revogadas. generais que comandarem, por conta de suas
Em segundo lugar, cada combatente deve dispor de 16. Estruturar o potencial estratégico em torno de
tecnologias e de conhecimentos que permitam capacidades.
aplicar, em qualquer região em conflito, terrestre ou
marítimo, o imperativo de mobilidade. É a esse Convém organizar as Forças Armadas em torno de
imperativo, combinado com a capacidade de capacidades, não em torno de inimigos específicos. O
combate, que devem servir as plataformas e os Brasil não tem inimigos no presente. Para não tê-los
sistemas de armas à disposição do combatente. no futuro, é preciso preservar a paz e preparar-se
para a guerra.
Em terceiro lugar, cada combatente deve ser treinado
para abordar o combate de modo a atenuar as formas 17. Preparar efetivos para o cumprimento de missões
rígidas e tradicionais de comando e controle, em prol de garantia da lei e da ordem, nos termos da
da flexibilidade, da adaptabilidade, da audácia e da Constituição.
surpresa no campo de batalha. Esse combatente será, O País cuida para evitar que as Forças Armadas
ao mesmo tempo, um comandado que sabe desempenhem papel de polícia. Efetuar operações
obedecer, exercer a iniciativa, na ausência de ordens internas em garantia da lei e da ordem, quando os
específicas, e orientar-se em meio às incertezas e aos poderes constituídos não conseguem garantir a paz
sobressaltos do combate – e uma fonte de iniciativas pública e um dos Chefes dos três Poderes o requer,
– capaz de adaptar suas ordens à realidade da faz parte das responsabilidades constitucionais das
situação mutável em que se encontra. Forças Armadas. A legitimação de tais
Ganha ascendência no mundo um estilo de produção responsabilidades pressupõe, entretanto, legislação
industrial marcado pela atenuação de contrastes que ordene e respalde as condições específicas e os
entre atividades de planejamento e de execução e procedimentos federativos que deem ensejo a tais
pela relativização de especializações rígidas nas operações, com resguardo de seus integrantes.
atividades de execução. Esse estilo encontra 18. Estimular a integração da América do Sul.
contrapartida na maneira de fazer a guerra, cada vez
mais caracterizada por extrema flexibilidade. Essa integração não somente contribui para a defesa
do Brasil, como possibilita fomentar a cooperação
militar regional e a integração das bases industriais de
defesa. Afasta a sombra de conflitos dentro da região.
É tarefa prioritária para o País, o aprimoramento dos Já o setor estatal de produtos de defesa terá por
meios existentes e da capacitação do pessoal missão operar no teto tecnológico, desenvolvendo as
envolvido com as atividades de busca e salvamento no tecnologias que as empresas privadas não possam
território nacional, nas águas jurisdicionais brasileiras alcançar ou obter, a curto ou médio prazo, de maneira
e nas áreas pelas quais o Brasil é responsável, em rentável.
decorrência de compromissos internacionais.
A formulação e a execução da política de obtenção de
21. Desenvolver o potencial de mobilização militar e produtos de defesa serão centralizadas no Ministério
nacional para assegurar a capacidade dissuasória e da Defesa, sob a responsabilidade da Secretaria de
operacional das Forças Armadas. Produtos de Defesa (SEPROD), admitida delegação na
sua execução.
Diante de eventual degeneração do quadro
internacional, o Brasil e suas Forças Armadas deverão A Base Industrial de Defesa será incentivada a
estar prontos para tomar medidas de resguardo do competir em mercados externos para aumentar a sua
território, das linhas de comércio marítimo e escala de produção. A consolidação da União de
plataformas de petróleo e do espaço aéreo nacionais. Nações Sul-Americanas (UNASUL) poderá atenuar a
As Forças Armadas deverão, também, estar tensão entre o requisito da independência em
habilitadas a aumentar rapidamente os meios produção de defesa e a necessidade de compensar
humanos e materiais disponíveis para a defesa. custo com escala, possibilitando o desenvolvimento
Exprime-se o imperativo de elasticidade em da produção de defesa em conjunto com outros
capacidade de mobilização nacional e militar. países da região.
Ao decretar a mobilização nacional, o Poder Executivo Serão buscadas parcerias com outros países, com o
delimitará a área em que será realizada e especificará propósito de desenvolver a capacitação tecnológica e
as medidas necessárias à sua execução, como, por a fabricação de produtos de defesa nacionais, de
exemplo, poderes para assumir o controle de recursos modo a eliminar, progressivamente, a dependência de
materiais, inclusive meios de transporte necessários à serviços e produtos importados.
defesa, de acordo com a Lei de Mobilização Nacional.
A mobilização militar demanda a organização de uma
Como o número dos alistados anualmente é muito Ao lado da destinação constitucional, das atribuições,
maior do que o número de recrutas de que precisam da cultura, dos costumes e das competências próprias
as Forças Armadas, deverão elas selecioná-los de cada Força e da maneira de sistematizá-las em uma
segundo o vigor físico, a aptidão e a capacidade estratégia de defesa integrada, aborda-se o papel de
intelectual, cuidando para que todas as classes sociais três setores decisivos para a defesa nacional: o
sejam representadas. espacial, o cibernético e o nuclear. Descreve-se como
as três Forças devem operar em rede – entre si e em
24. Participar da concepção e do desenvolvimento da ligação com o monitoramento do território, do espaço
infraestrutura estratégica do País, para incluir aéreo e das águas jurisdicionais brasileiras.
requisitos necessários à Defesa Nacional.
A qualificação do módulo brigada como vanguarda 5. O Exército deverá ter capacidade de projeção de
exige amplo espectro de meios tecnológicos, desde os poder, constituindo uma Força, quer expedicionária,
menos sofisticados, tais como radar portátil e quer para operações de paz, ou de ajuda humanitária,
instrumental de visão noturna, até as formas mais para atender compromissos assumidos sob a égide de
avançadas de comunicação entre as operações organismos internacionais ou para salvaguardar
terrestres e o monitoramento espacial. interesses brasileiros no exterior.
O desenvolvimento sustentável da região amazônica (b) Juntar a soldados regulares, fortalecidos com
passará a ser visto, também, como instrumento da atributos de soldados não convencionais, as reservas
defesa nacional: só ele pode consolidar as condições mobilizadas, de acordo com o conceito da
para assegurar a soberania nacional sobre aquela elasticidade;
região. Dentro dos planos para o desenvolvimento
(c) Contar com um soldado resistente que, além dos
sustentável da Amazônia, caberá papel primordial à
pendores de qualificação e de rusticidade, seja
regularização fundiária. Para defender a Amazônia,
também, no mais alto grau, tenaz. Sua tenacidade se
será preciso ampliar a segurança jurídica e reduzir os
inspirará na identificação da Nação com a causa da
conflitos decorrentes dos problemas fundiários ainda
defesa;
existentes.
(c) Estreitar os vínculos entre os Institutos de Pesquisa Consideração que poderá ser decisiva é a necessidade
do Departamento de Ciência e Tecnologia de preferir a opção que minimize a dependência
Aeroespacial (DCTA) e as empresas privadas, tecnológica ou política em relação a qualquer
resguardando sempre os interesses do Estado quanto fornecedor que, por deter componentes do avião a
à proteção de patentes e à propriedade industrial; comprar ou a modernizar, possa pretender, por conta
A terceira diretriz é a integração das atividades (a) Fortalecer o Centro de Defesa Cibernética com
espaciais nas operações da Força Aérea. O capacidade de evoluir para o Comando de Defesa
monitoramento espacial será parte integral e Cibernética das Forças Armadas;
condição indispensável do cumprimento das tarefas (b) Aprimorar a Segurança da Informação e
estratégicas que orientarão a Força Aérea: vigilância Comunicações (SIC), particularmente, no tocante à
múltipla e cumulativa, grau de controle do ar cerificação digital no contexto da Infraestrutura de
desejado e combate focado no contexto de operações Chaves-Públicas da Defesa (ICP-Defesa), integrando as
conjuntas. O desenvolvimento da tecnologia de ICP das três Forças;
veículos lançadores servirá como instrumento amplo,
não só para apoiar os programas espaciais, mas (c) Fomentar a pesquisa científica voltada para o Setor
também para desenvolver tecnologia nacional de Cibernético, envolvendo a comunidade acadêmica
projeto e de fabricação de mísseis. nacional e internacional. Nesse contexto, os
Ministérios da Defesa, da Fazenda, da Ciência,
Tecnologia e Inovação, da Educação, do
Os setores estratégicos: o espacial, o cibernético e o Planejamento, Orçamento e Gestão, a Secretaria de
nuclear Assuntos Estratégicos da Presidência da República e o
Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
1. Três setores estratégicos – o espacial, o cibernético República deverão elaborar estudo com vistas à
e o nuclear – são essenciais para a defesa nacional. criação da Escola Nacional de Defesa Cibernética;
2. No setor espacial, as prioridades são as seguintes: (d) Desenvolver sistemas computacionais de defesa
baseados em computação de alto desempenho para
4. O setor nuclear transcende, por sua natureza, a 5. A primeira prioridade do Estado na política dos três
divisão entre desenvolvimento e defesa. setores estratégicos será a formação de recursos
humanos nas ciências relevantes. Para tanto, ajudará
Por imperativo constitucional e por tratado a financiar os programas de pesquisa e de formação
internacional, privou-se o Brasil da faculdade de nas universidades brasileiras e nos centros nacionais
empregar a energia nuclear para qualquer fim que de pesquisa e aumentará a oferta de bolsas de
não seja pacífico. Isso foi feito sob várias premissas, doutoramento e de pós-doutoramento nas
das quais a mais importante foi o progressivo instituições internacionais pertinentes. Essa política
desarmamento nuclear das potências nucleares. de apoio não se limitará à ciência aplicada, de
emprego tecnológico imediato. Beneficiará, também,
Nenhum país é mais atuante do que o Brasil na causa
a ciência fundamental e especulativa.
do desarmamento nuclear. Entretanto o Brasil, ao
proibir a si mesmo o acesso ao armamento nuclear, 6. Nos três setores, as parcerias com outros países e
não se deve despojar da tecnologia nuclear. Deve, as compras de produtos e serviços no exterior devem
pelo contrário, desenvolvê-la, inclusive por meio das ser compatibilizadas com o objetivo de assegurar
seguintes iniciativas: espectro abrangente de capacitações e de tecnologias
sob domínio nacional.
(a) Completar, no que diz respeito ao programa de
submarino de propulsão nuclear, a nacionalização
completa e o desenvolvimento em escala industrial do
ciclo do combustível (inclusive a gaseificação e o A reorganização da Base Industrial de Defesa:
enriquecimento) e da tecnologia da construção de desenvolvimento tecnológico independente
reatores, para uso exclusivo do Brasil; 1. A defesa do Brasil requer a reorganização da Base
(b) Acelerar o mapeamento, a prospecção e o Industrial de Defesa (BID) – formada pelo conjunto
aproveitamento das jazidas de urânio; integrado de empresas públicas e privadas, e de
organizações civis e militares, que realizem ou
(c) Aprimorar o potencial de projetar e construir conduzam pesquisa, projeto, desenvolvimento,
termelétricas nucleares, com tecnologias e industrialização, produção, reparo, conservação,
capacitações que acabem sob domínio nacional, ainda revisão, conversão, modernização ou manutenção de
Isso importa em organizar o regime legal, regulatório 5. O futuro das capacitações tecnológicas nacionais de
e tributário da Base Industrial de Defesa, para que defesa depende tanto do desenvolvimento de aparato
reflita tal subordinação. tecnológico, quanto da formação de recursos
humanos. Daí a importância de se desenvolver uma
(c) Evitar que a Base Industrial de Defesa polarize-se política de formação de cientistas, em ciência aplicada
entre pesquisa avançada e produção rotineira. e básica, já abordada no tratamento dos setores
espacial, cibernético e nuclear, privilegiando a
Deve-se cuidar para que a pesquisa de vanguarda
aproximação da produção científica com as atividades
resulte em produção de vanguarda.
relativas ao desenvolvimento tecnológico da BID.
(d) Usar o desenvolvimento de tecnologias de defesa
6. No esforço de reorganizar a Base Industrial de
como foco para o desenvolvimento de capacitações
Defesa, buscar-se-ão parcerias com outros países,
operacionais.
com o objetivo de desenvolver a capacitação
Isso implica buscar a modernização permanente das tecnológica nacional, de modo a reduzir
plataformas, seja pela reavaliação à luz da experiência progressivamente a compra de serviços e de produtos
operacional, seja pela incorporação de melhorias acabados no exterior. A esses interlocutores
provindas do desenvolvimento tecnológico. estrangeiros, o Brasil deixará sempre claro que
pretende ser parceiro, não cliente ou comprador. O
2. Estabeleceu-se, para a Base Industrial de Defesa, a País está mais interessado em parcerias que
Lei no 12.598, de 22 de março de 2012, que tem por fortaleçam suas capacitações independentes, do que
finalidade determinar normas especiais para as na compra de produtos e serviços acabados. Tais
compras, contratações e desenvolvimento de parcerias devem contemplar, em princípio, que parte
produtos e sistemas de defesa e dispõe sobre regras substancial da pesquisa e da fabricação seja
de incentivo à área estratégica de Defesa. desenvolvida no Brasil, e ganharão relevo maior,
quando forem expressão de associações estratégicas
Tal regime resguardará as empresas que fornecem
abrangentes.
produtos de defesa às Forças Armadas, das pressões
do imediatismo mercantil e possibilitará a 7. Conforme previsto na END/2008, o Ministério da
continuidade das compras públicas, sem prejudicar a Defesa dispõe de uma Secretaria de Produtos de
competição no mercado e o desenvolvimento de Defesa (SEPROD).
novas tecnologias.
O Secretário é responsável por executar as diretrizes
3. O componente estatal da Base Industrial de Defesa fixadas pelo Ministro da Defesa e, com base nelas,
terá por vocação produzir o que o setor privado não formular e dirigir a política de obtenção de produtos
possa projetar e fabricar, a curto e médio prazo, de de defesa, inclusive armamentos, munições, meios de
maneira rentável. Atuará, portanto, no teto, e não no transporte e de comunicações, fardamentos e
piso tecnológico. Manterá estreito vínculo com os materiais de uso individual e coletivo, empregados
nas atividades operacionais.
• a distribuição espacial das Forças Armadas no (a) maior integração entre as instituições científicas e
território nacional, ainda não completamente tecnológicas, tanto militares como civis, e a Base
ajustada, ao atendimento às necessidades Industrial de Defesa;
estratégicas;
(b) definição de pesquisas de uso dual; e
• a atual inexistência de carreira civil na área de
defesa, mesmo sendo uma função de estado; (c) fomento à pesquisa e ao desenvolvimento de
produtos de interesse da defesa;
• o estágio da pesquisa científica e tecnológica para o
desenvolvimento de material de emprego militar e • maior integração entre as indústrias estatal e
produtos de defesa; privada de produtos de defesa, com a definição de um
modelo de participação na produção nacional de
• a carência de programas para aquisição de produtos meios de defesa;
de defesa, calcados em planos plurianuais;
• integração e definição centralizada na aquisição de
• os bloqueios tecnológicos impostos por países produtos de defesa de uso comum, compatíveis com
desenvolvidos, que retardam os projetos estratégicos as prioridades estabelecidas;
de concepção brasileira;
• condicionamento da compra de produtos de defesa
• a relativa deficiência dos sistemas nacionais de no exterior à transferência substancial de tecnologia,
logística e de mobilização; e inclusive por meio de parcerias para pesquisa e
fabricação no Brasil de partes desses produtos ou de
• a atual capacidade das Forças Armadas contra os sucedâneos a eles;
efeitos causados por agentes contaminantes
químicos, biológicos, radiológicos e nucleares. • articulação das Forças Armadas, compatível com as
necessidades estratégicas e de adestramento dos
A identificação e a análise dos principais aspectos Comandos Operacionais, tanto singulares quanto
positivos e das vulnerabilidades permitem vislumbrar conjuntos, capaz de levar em consideração as
as seguintes oportunidades a serem exploradas: exigências de cada ambiente operacional, em especial
• maior engajamento da sociedade brasileira nos o amazônico e o do Atlântico Sul;
assuntos de defesa, e maior integração entre os • fomento da atividade aeroespacial, de forma a
diferentes setores dos três poderes e das três proporcionar ao País o conhecimento tecnológico
instâncias de governo do Estado brasileiro e desses necessário ao desenvolvimento de projeto e
setores com os institutos nacionais de estudos fabricação de satélites e de veículos lançadores de
estratégicos, públicos ou privados; satélites e desenvolvimento de um sistema integrado
• regularidade e continuidade na alocação dos de monitoramento do espaço aéreo, do território e
recursos orçamentários de defesa, para incrementar das águas jurisdicionais brasileiras;
os investimentos e garantir a manutenção das Forças • desenvolvimento das infraestruturas marítima,
Armadas; terrestre e aeroespacial necessárias para viabilizar as
• aparelhamento das Forças Armadas e capacitação estratégias de defesa;
profissional de seus integrantes, para que disponham • promoção de ações de presença do Estado na região
de meios militares aptos ao pronto emprego, amazônica, em especial pelo fortalecimento do viés
integrado, com elevada mobilidade tática e de defesa do Programa Calha Norte;
estratégica;
Os ambientes apontados na Estratégia Nacional de Para o atendimento eficaz das hipóteses de emprego,
Defesa não permitem vislumbrar ameaças militares as Forças Armadas deverão estar organizadas e
concretas e definidas, representadas por forças articuladas de maneira a facilitar a realização de
antagônicas de países potencialmente inimigos ou de operações conjuntas e singulares, adequadas às
outros agentes não estatais. Devido à incerteza das características peculiares das operações de cada uma
ameaças ao Estado Brasileiro, o preparo das Forças das áreas estratégicas.
Armadas deve ser orientado para atuar no O instrumento principal, por meio do qual as Forças
cumprimento de variadas missões, em diferentes desenvolverão sua flexibilidade tática e estratégica,
áreas e cenários, para respaldar a ação política do será o trabalho coordenado entre elas, a fim de tirar
Estado. proveito da dialética da concentração e
As hipóteses de emprego são provenientes da desconcentração. Portanto, as Forças, como regra,
associação das principais tendências de evolução das definirão suas orientações operacionais em conjunto,
conjunturas nacional e internacional com as privilegiando essa visão conjunta como forma de
orientações político-estratégicas do País. aprofundar suas capacidades.
Na elaboração das hipóteses de emprego, a Estratégia O meio institucional para esse trabalho unificado será
Militar de Defesa deverá contemplar o emprego das a colaboração entre os Estados-Maiores das Forças
Forças Armadas considerando, dentre outros, os com o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, no
seguintes aspectos: estabelecimento e definição das linhas de frente de
atuação conjunta. Nesse sentido, o sistema
educacional de cada Força ministrará cursos, além dos
singulares já existentes, e realizará projetos de
3. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, por • capacidade industrial do setor nuclear para
intermédio da Agência Espacial Brasileira, promoverá inovação, através do Comitê de Desenvolvimento do
a atualização do Programa Espacial Brasileiro, de Programa Nuclear Brasileiro, com a participação dos
forma a priorizar o desenvolvimento de sistemas Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
espaciais necessários à ampliação da capacidade de Exterior; da Fazenda; do Meio Ambiente; de Minas e
comunicações, meteorologia e monitoramento Energia; do Planejamento, Orçamento e Gestão; das
ambiental, com destaque para o desenvolvimento de: Relações Exteriores, da Secretaria de Assuntos
Estratégicos, do Gabinete de Segurança Institucional e
• um satélite geoestacionário nacional para da Casa Civil da Presidência da República; e
meteorologia e comunicações seguras, entre outras
aplicações; e • atividade de capacitação de pessoal nas áreas de
concepção, projeto, desenvolvimento e operação de
• satélites de sensoriamento remoto para sistemas nucleares.
monitoramento ambiental, com sensores ópticos e
radar de abertura sintética. 6. No setor cibernético, o Ministério da Defesa e o
Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação, por
4. O Ministério da Defesa e o Ministério da Ciência, intermédio do Departamento de Ciência e Tecnologia
Tecnologia e Inovação, por intermédio do Instituto de do Exército, promoverão ações que contemplem a
Aeronáutica e Espaço do Comando da Aeronáutica e multidisciplinaridade e a dualidade das aplicações; o
da Agência Espacial Brasileira, promoverão medidas fomento da Base Industrial de Defesa com duplo viés:
com vistas a garantir a autonomia de produção, aquisição de conhecimento e geração de empregos; e
lançamento, operação e reposição de sistemas a proteção das infraestruturas estratégicas, com
espaciais, por meio: ênfase para o desenvolvimento de soluções nacionais
inovadoras, dentre elas:
• do desenvolvimento de veículos lançadores de
satélites e sistemas de solo para garantir acesso ao • sistema integrado de proteção de ambientes
espaço em órbitas baixa e geoestacionária; computacionais;
• simulador de defesa cibernética;
• de atividades de fomento e apoio ao • ferramentas de conteúdo web;
desenvolvimento de capacidade industrial no setor • ferramentas de inteligência artificial;
espacial, com a participação do Ministério do • algoritmos criptográficos e autenticação próprios;
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, de • sistema de chaves-públicas da Defesa;
modo a garantir o fornecimento e a reposição • sistema de análise de artefatos maliciosos;
tempestiva de componentes, subsistemas e sistemas • ferramentas de análise de interesse para o setor
espaciais; e cibernético (voz, vídeo, idioma e protocolos);
• de atividades de capacitação de pessoal nas áreas • sistema de certificação de Tecnologias da
de concepção, projeto, desenvolvimento e operação Informação;
de sistemas espaciais. • sistema de apoio à tomada de decisão;
• sistema de restabelecimento do negócio;
• sistemas de gestão de riscos;
• a integração dos esforços dos centros de pesquisa 1. O Ministério da Defesa, em coordenação com a
militares, com a definição das prioridades de pesquisa Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da
República proporá aos ministérios competentes as
Comunicação social
Disposições finais
(A) Devido a sua importância na formação cívica e (C) Nesse ambiente, é pouco provável um conflito
moral do indivíduo em formação. generalizado entre Estados.
(B) Por ser essencial para a garantia da defesa (D) Como consequência de sua situação geopolítica, é
nacional. importante para o Brasil que se aprofunde o processo
(C) Por ser fundamental na manutenção das tradições de desenvolvimento integrado e harmônico da
cívicas brasileiras. América do Sul, que se estende, naturalmente, à área
(D) Pelo fato de contribuir para a estabilidade de defesa e segurança regionais.
quantitativa no efetivo das Forças Armadas.
(E) Pelo fato de contribuir para a estabilidade (E) Nesse processo, as economias regionais tornaram-
qualitativa no efetivo das Forças Armadas. se mais vulneráveis às crises ocasionadas pela
instabilidade econômica e financeira em todo o
3 - (PS-RM2-OF/2019) - Segundo a Política Nacional de mundo.
Defesa, quais são os três setores estratégicos,
essenciais para a defesa nacional?
6 - (PS-RM2-OF/2022) - Assinale a opção que
(A) O de formação militar, o de guarda de fronteiras e
apresenta o nome do documento condicionante de
o industrial bélico.
mais alto nível do planejamento de ações destinadas à
(B) O espacial, o cibernético e o nuclear.
defesa nacional coordenadas pelo Ministério da
(C) O cibernético, o de formação militar e o de apoio
Defesa.
científico.
(D) O humanitário, o tecnológico e o de ensino (A) Estratégia Nacional de Defesa (END).
profissional. (B) Plano Nacional de Defesa (PND).
(E) O industrial bélico, o humanitário e o de pesquisa (C) Livro branco de Defesa Nacional.
(D) Política Nacional de Defesa (PND).
4 - (PS-RM2-OF/2019) - Como se denomina o conjunto
(E) Segurança Nacional de Defesa (SND).
de medidas e ações do Estado, com ênfase no campo
militar, para a defesa do território, da soberania e dos
interesses nacionais contra ameaças
preponderantemente externas, potenciais ou
manifestas?
Respostas:
1 B 6 D
2 B 7 E
3 B
4 E
5 C
O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o
da República e o Conselho de Defesa Nacional, Presidente da República, dentro de vinte e quatro
decretar estado de defesa para preservar ou horas, submeterá o ato com a respectiva justificação
prontamente restabelecer, em locais restritos e ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria
determinados, a ordem pública ou a paz social absoluta.
ameaçadas por grave e iminente instabilidade Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será
institucional ou atingidas por calamidades de grandes convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco
proporções na natureza. dias.
O decreto que instituir o estado de defesa O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de
determinará o tempo de sua duração, especificará as dez dias contados de seu recebimento, devendo
áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e continuar funcionando enquanto vigorar o estado de
limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, defesa.
dentre as seguintes:
Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de
I - restrições aos direitos de: defesa.
a) reunião, ainda que exercida no seio das DO ESTADO DE SÍTIO
associações;
b) sigilo de correspondência; O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; da República e o Conselho de Defesa Nacional,
solicitar ao Congresso Nacional autorização para
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços decretar o estado de sítio nos casos de:
públicos, na hipótese de calamidade pública,
respondendo a União pelos danos e custos I - comoção grave de repercussão nacional ou
decorrentes. ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de
medida tomada durante o estado de defesa;
O tempo de duração do estado de defesa não será
superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma II - declaração de estado de guerra ou resposta a
vez, por igual período, se persistirem as razões que agressão armada estrangeira.
justificaram a sua decretação.
O Presidente da República, ao solicitar autorização
Na vigência do estado de defesa: para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação,
relatará os motivos determinantes do pedido,
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada devendo o Congresso Nacional decidir por maioria
pelo executor da medida, será por este comunicada absoluta.
imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se
não for legal, facultado ao preso requerer exame de O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as
corpo de delito à autoridade policial; normas necessárias a sua execução e as garantias
constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de
(C) Somente os eclesiásticos ficam isentos do serviço (A) Marinha, Exército e Aeronáutica
militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, (B) Polícias e Exército
a outros encargos que a lei lhes atribuir. (C) Polícias militares e corpo de bombeiros militares
(D) Polícia federal, rodoviária federal e ferroviária
(D) Somente as mulheres ficam isentas do serviço federal, polícias civis militares e corpo de bombeiros
militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, militares.
a outros encargos que a lei lhes atribuir. (E) Força Nacional de Segurança Pública e Exército.
Compete aos Comandantes das Forças apresentar ao a) cenário estratégico para o século XXI;
Ministro de Estado da Defesa a Lista de Escolha, b) política nacional de defesa;
elaborada na forma da lei, para a promoção aos c) estratégia nacional de defesa;
postos de oficiais-generais e propor-lhe os oficiais- d) modernização das Forças Armadas;
generais para a nomeação aos cargos que lhes são e) racionalização e adaptação das estruturas de
privativos. defesa;
f) suporte econômico da defesa nacional;
O Ministro de Estado da Defesa, acompanhado do g) as Forças Armadas: Marinha, Exército e
Comandante de cada Força, apresentará os nomes ao Aeronáutica;
Presidente da República, a quem compete promover h) operações de paz e ajuda humanitária.
os oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que
lhes são privativos. O Poder Executivo encaminhará à apreciação do
Congresso Nacional, na primeira metade da sessão
A Marinha, o Exército e a Aeronáutica dispõem de legislativa ordinária, de 4 (quatro) em 4 (quatro) anos,
efetivos de pessoal militar e civil, fixados em lei, e dos a partir do ano de 2012, com as devidas atualizações:
meios orgânicos necessários ao cumprimento de sua
destinação constitucional e atribuições subsidiárias. I - a Política de Defesa Nacional;
II - a Estratégia Nacional de Defesa;
Constituem reserva das Forças Armadas o pessoal III - o Livro Branco de Defesa Nacional.
sujeito a incorporação, mediante mobilização ou
convocação, pelo Ministério da Defesa, por Compete ao Estado-Maior Conjunto das Forças
intermédio da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, Armadas elaborar o planejamento do emprego
bem como as organizações assim definidas em lei. conjunto das Forças Armadas e assessorar o Ministro
de Estado da Defesa na condução dos exercícios
Da Direção Superior das Forças Armadas conjuntos e quanto à atuação de forças brasileiras em
operações de paz, além de outras atribuições que lhe
O Ministro de Estado da Defesa exerce a direção forem estabelecidas pelo Ministro de Estado da
superior das Forças Armadas, assessorado pelo Defesa.
Conselho Militar de Defesa, órgão permanente de
assessoramento, pelo Estado-Maior Conjunto das Compete ao Ministério da Defesa, além das demais
Forças Armadas e pelos demais órgãos, conforme competências previstas em lei, formular a política e as
definido em lei. diretrizes referentes aos produtos de defesa
empregados nas atividades operacionais, inclusive
Ao Ministro de Estado da Defesa compete a armamentos, munições, meios de transporte e de
implantação do Livro Branco de Defesa Nacional, comunicações, fardamentos e materiais de uso
documento de caráter público, por meio do qual se individual e coletivo, admitido delegações às Forças.
permitirá o acesso ao amplo contexto da Estratégia de
Defesa Nacional, em perspectiva de médio e longo
prazos, que viabilize o acompanhamento do
orçamento e do planejamento plurianual relativos ao
setor.
Os membros das Forças Armadas, em razão de sua São considerados reserva das Forças Armadas:
destinação constitucional, formam uma categoria I - individualmente:
especial de servidores da Pátria e são denominados a) os militares da reserva remunerada; e
militares. b) os demais cidadãos em condições de convocação
ou de mobilização para a ativa.
Os militares encontram-se em uma das seguintes
situações: na ativa ou na inatividade. II - no seu conjunto:
a) as Polícias Militares; e
a) na ativa: b) os Corpos de Bombeiros Militares.
I - os de carreira;
II -os temporários, incorporados às Forças Armadas A Marinha Mercante, a Aviação Civil e as empresas
para prestação de serviço militar, obrigatório ou declaradas diretamente devotada às finalidades
voluntário, durante os prazos previstos na legislação precípuas das Forças Armadas, denominada atividade
que trata do serviço militar ou durante as efeitos de mobilização e de emprego, reserva das
prorrogações desses prazos; Forças Armadas.
III - os componentes da reserva das Forças Armadas
quando convocados, reincluídos, designados ou O pessoal componente da Marinha Mercante, da
mobilizados; Aviação Civil e das empresas declaradas diretamente
IV - os alunos de órgão de formação de militares da relacionadas com a segurança nacional, bem como os
ativa e da reserva; e demais cidadãos em condições de convocação ou
V - em tempo de guerra, todo cidadão brasileiro mobilização para a ativa, só serão considerados
mobilizado para o serviço ativo nas Forças Armadas. militares quando convocados ou mobilizados para o
serviço nas Forças Armadas.
b) na inatividade:
I - os da reserva remunerada, quando pertençam à A carreira militar é caracterizada por atividade
reserva das Forças Armadas e percebam remuneração continuada e inteiramente devotada às finalidades
da União, porém sujeitos, ainda, à prestação de precípuas das Forças Armadas, denominada atividade
serviço na ativa, mediante convocação ou militar.
mobilização; e A carreira militar é privativa do pessoal da ativa,
II - os reformados, quando, tendo passado por uma inicia-se com o ingresso nas Forças Armadas e
das situações anteriores estejam dispensados, obedece às diversas sequências de graus hierárquicos.
definitivamente, da prestação de serviço na ativa, mas
continuem a perceber remuneração da União; e São privativas de brasileiro nato as carreiras de
lll. - os da reserva remunerada e, excepcionalmente, oficial da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
A condição jurídica dos militares é definida pelos O disposto neste artigo e no anterior aplica-se,
dispositivos da Constituição que lhes sejam aplicáveis, também, aos candidatos ao ingresso nos Corpos ou
por este Estatuto e pela legislação, que lhes outorgam Quadros de Oficiais em que é exigido o diploma de
direitos e prerrogativas e lhes impõem deveres e estabelecimento de ensino superior reconhecido pelo
obrigações. Governo Federal.
O disposto do Estatuto dos Militares aplica-se, no que A convocação em tempo de paz é regulada pela
couber: legislação que trata do serviço militar.
I - aos militares da reserva remunerada e reformados; Em tempo de paz e independentemente de
II - aos alunos de órgão de formação da reserva; convocação, os integrantes da reserva poderão ser
III - aos membros do Magistério Militar; e designados para o serviço ativo, em caráter transitório
IV - aos Capelães Militares. e mediante aceitação voluntária.
Os oficiais-generais nomeados Ministros do Superior A mobilização é regulada em legislação específica.
Tribunal Militar, os membros do Magistério Militar e
os Capelães Militares são regidos por legislação A incorporação às Forças Armadas de deputados
específica. federais e senadores, embora militares e ainda que
em tempo de guerra, dependerá de licença da Câmara
Do Ingresso nas Forças Armadas respectiva.
O ingresso nas Forças Armadas é facultado, mediante Da Hierarquia Militar e da Disciplina
incorporação, matrícula ou nomeação, a todos os
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos A hierarquia e a disciplina são a base institucional das
em lei e nos regulamentos da Marinha, do Exército e Forças Armadas. A autoridade e a responsabilidade
da Aeronáutica. crescem com o grau hierárquico.
IV - os alunos dos órgãos de formação de oficiais da Função militar é o exercício das obrigações inerentes
reserva, quando fardados, têm precedência sobre os ao cargo militar.
Cabos, aos quais são equiparados; e
Dentro de uma mesma organização militar, a
V - os Cabos têm precedência sobre os alunos das sequência de substituições para assumir cargo ou
escolas ou dos centros de formação de sargentos, responder por funções, bem como as normas,
que a eles são equiparados, respeitada, no caso de atribuições e responsabilidades relativas, são as
militares, a antiguidade relativa. estabelecidas na legislação ou regulamentação
específicas, respeitadas a precedência e a qualificação
Do Cargo e da Função Militares exigidas para o cargo ou o exercício da função.
Cargo militar é um conjunto de atribuições, deveres e O militar ocupante de cargo da estrutura das Forças
responsabilidades cometidos a um militar em serviço Armadas, provido em caráter efetivo ou interino,
ativo. observado o disposto no parágrafo único do art. 21
O cargo militar, a que se refere este artigo, é o que se desta Lei, faz jus aos direitos correspondentes ao
encontra especificado nos Quadros de Efetivo ou cargo, conforme previsto em lei.
Tabelas de Lotação das Forças Armadas ou previsto, A remuneração do militar será calculada com base no
caracterizado ou definido como tal em outras soldo inerente ao seu posto ou à sua graduação,
disposições legais. independentemente do cargo que ocupar.
As obrigações inerentes ao cargo militar devem ser As obrigações que, pela generalidade, peculiaridade,
compatíveis com o correspondente grau hierárquico e duração, vulto ou natureza, não são catalogadas como
definidas em legislação ou regulamentação posições tituladas em "Quadro de Efetivo", "Quadro
específicas. de Organização", "Tabela de Lotação" ou dispositivo
Art. 21. Os cargos militares são providos com pessoal legal, são cumpridas como encargo, incumbência,
que satisfaça aos requisitos de grau hierárquico e de comissão, serviço ou atividade, militar ou de natureza
qualificação exigidos para o seu desempenho. militar.
Parágrafo único - O provimento de cargo militar far- Aplica-se, no que couber, a encargo, incumbência,
se-á por ato de nomeação ou determinação expressa comissão, serviço ou atividade, militar ou de natureza
da autoridade competente. militar, o disposto neste Capítulo para cargo militar.
O cargo militar é considerado vago a partir de sua Das Obrigações e dos Deveres Militares
criação e até que um militar nele tome posse, ou São manifestações essenciais do Valor Militar:
II - o civismo e o culto das tradições históricas; XII - cumprir seus deveres de cidadão;
III - a fé na missão elevada das Forças Armadas; XIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e na
particular;
IV - o espírito de corpo, orgulho do militar pela
organização onde serve; XIV - observar as normas da boa educação;
V - o amor à profissão das armas e o entusiasmo com XV - garantir assistência moral e material ao seu lar e
que é exercida; e conduzir-se como chefe de família modelar;
IX - ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua Os integrantes da reserva, quando convocados, ficam
linguagem escrita e falada; proibidos de tratar, nas organizações militares e nas
repartições públicas civis, de interesse de
(A) 2 e 4
(B) 2 e 3
Este é o maior desafio a ser enfrentado por A liderança envolve líder, liderados, e
aquele que pretende exercer a liderança de um grupo. contexto (ou situação), constituindo,
fundamentalmente, uma relação. Para muitos
1.3.2 - Aspectos Psicológicos teóricos, a liderança, dadas as características
“Em essência, a liderança envolve a realização singulares que envolve, constitui-se em um processo
de objetivos com e através de pessoas. ímpar de interação social. Partindo desta visão da
Consequentemente, um líder precisa preocupar-se liderança, é evidente o quanto a Sociologia tem para
com tarefas e relações humanas.” (HERSEY; contribuir em termos de embasamento teórico no
BLANCHARD, 1982, p. 105). estudo e na construção do processo da liderança.
Nesse estilo de liderança, o foco do líder é a À luz da abordagem situacional, que prevalece
manutenção e fortalecimento das relações pessoais e na atualidade, na qual a liderança pode assumir
do próprio grupo. O líder demonstra sensibilidade às diversos estilos, os principais requisitos de liderança
necessidades pessoais dos liderados, concentra-se nas passam a ser a capacidade de diagnosticar as variáveis
relações interpessoais, no clima e no moral do grupo. situacionais, a flexibilidade e a adaptabilidade às
Esse estilo de liderança, que está significativamente mudanças. Os melhores líderes utilizam estilos
associado às medidas de satisfação dos liderados em diferentes, em distintas situações. Assim, é necessário
relação ao trabalho e ao chefe, pode ser útil em um esforço pessoal do líder no sentido de se adaptar,
situações de tensão, frustração, insatisfação e continuamente, às mudanças de estilo adequadas a
desmotivação do grupo. cada contexto.
“Não existem normas nem fórmulas que Os atributos de um líder têm como
mostrem com exatidão o que deve ser feito. O líder componente comum a capacidade de influenciar.
precisa compreender a dinâmica do processo de
Um bom líder deve perseguir, manter,
liderança, os fatores principais que a compõem, as
desenvolver e cultivar essa capacidade e, sobretudo,
características de seus liderados e aplicar estes
transmiti-la aos seus subordinados, formando assim,
conhecimentos como guia para cada situação em
novos líderes que, por sua vez, devem agir da mesma
particular.” (BRASIL, 1991, p. 3- 5)
forma, na tentativa de alcançar um círculo virtuoso.
Fica, assim, bem clara a necessidade exaustiva
O Anexo A define os principais atributos de
da prática da liderança, para o sucesso do líder,
um líder, que devem estar em consonância com os
levando sempre em conta a cultura e/ou a subcultura
preceitos da Ética Militar, segundo os fundamentos
organizacional da instituição.
estabelecidos no Estatuto dos Militares. Nunca é
1.6.4 - A Comunicação demais ressaltar que a Ética é parâmetro fundamental
para o exercício da liderança, notadamente no âmbito
“A comunicação é um processo essencial à militar.
liderança, que consiste na troca de ordens,
1.8 - NÍVEIS DE LIDERANÇA
Oficial Temporário da Marinha- http://militarestemporarios.com.br/ Página 7
Com a evolução das técnicas de gestão Os líderes diretos aplicam os atributos
empresarial, o foco do estudo sobre o conceituais de pensamento crítico-lógico e
comportamento dos dirigentes passou a ser voltado pensamento criativo para determinar a melhor
para as diferenças entre o líder de base e o de cúpula. maneira de cumprir a missão. Como todo líder, usam
Foi então idealizado um padrão de organização a Ética para pautar suas condutas e adquirir certeza
baseado em três níveis funcionais: operacional, tático de que suas escolhas são as melhores e contribuem
e estratégico, discriminando as características para o aperfeiçoamento da performance do grupo,
desejáveis para um líder nos três níveis, de acordo dos subordinados e deles próprios. Eles empregam os
com suas habilidades. atributos interpessoais de comunicação e supervisão
para realizar o seu trabalho. Desenvolvem seus
Em consonância com esses novos conceitos, liderados por instruções e aconselhamento e os
foram estabelecidos três níveis de liderança: direta, moldam em equipes coesas, treinando-os até a
organizacional e estratégica. Estes três níveis definem obtenção de um padrão.
com precisão toda a abrangência da liderança e será
adotado ao longo desta Doutrina. São especialistas técnicos e os melhores
mentores. Tanto seus chefes quanto seus
A liderança direta é obtida por meio do subordinados esperam que eles conheçam bem sua
relacionamento face a face entre o líder e seus equipe, os equipamentos e que sejam “expert” na
liderados e é mais presente nos escalões inferiores, área em que atuam.
quando o contato pessoal é constante. A liderança
direta, conquanto seja mais intensa no comando de Usam a competência para incrementar a
pequenas frações ou unidades, tendo em vista que a disciplina entre os seus comandados. Usam o
estrutura organizacional da Força exige o trato com conhecimento dos equipamentos e da doutrina para
assessores e subordinados diretos. treinar homens e levá-los a alcançar padrões
elevados, bem como criam e sustentam equipes com
A liderança organizacional desenvolve-se em habilidade, certeza e confiança no sucesso na paz e na
organizações de maior envergadura, normalmente guerra.
estruturadas como Estado-Maior, sendo composta
por liderança direta, conduzida em menor escala e Exercem influência continuamente, buscando
voltada para os subordinados imediatos, e por cumprir a missão, tendo por base os propósitos e
delegação de tarefas. orientações emanadas das decisões e do conceito da
operação do chefe, adquirindo e aferindo resultados e
A liderança estratégica militar é aquela motivando seus subordinados, principalmente pelo
exercida nos níveis que definem a política e a exemplo pessoal. Devido a sua liderança ser face a
estratégia da Força. É um processo empregado para face, veem os resultados de suas ações quase
conduzir a realização de uma visão de futuro imediatamente.
desejável e bem delineada.
Trabalham focando as atividades de seus
1.8.1 - Liderança Direta subordinados em direção aos objetivos da
Essa é a primeira linha de liderança e ocorre organização, bem como planejam, preparam,
em organizações onde os subordinados estão executam e controlam os resultados.
acostumados a ver seus chefes frequentemente: Se aperfeiçoam ao assumirem os valores da
seções, divisões, departamentos, navios, batalhões, instituição e ao estabelecerem um modelo de conduta
companhias, pelotões e esquadras de tiro. Para serem para seus subordinados, colocando os interesses da
eficazes, os líderes diretos devem possuir muitas instituição e do Grupo que lideram acima dos
habilidades interpessoais, conceituais, técnicas e próprios. Com isto, eles desenvolvem equipes fortes e
táticas. coesas em um ambiente de aprendizagem saudável e
efetiva.
RESUMOS:
Liderança
Autocrática
grau de
Liderança
centralização
Participativa
de poder
Liderança
Delegativa
ESTILOS DE Liderança
LIDERANÇA tipo de Transformacional
QUANTO incentivo Liderança
AO: Transacional
Liderança
Orientada para
Tarefa
foco do líder
Liderança
Orientada para
Relacionamento
O Líder
FATORES DA Os Liderados
LIDERANÇA A Situação
A Comunicação
35 - (PS-RM2-OF/2019) - Com relação ao estilo de (D) Na liderança Transacional, o líder trabalha com
liderança denominado "Liderança Delegativa", interesses e necessidades primárias dos seguidores.
assinale a opção correta. (E) Na liderança Orientada para Relacionamento, o
(A)Esse estilo é contraindicado para assuntos de foco do líder é a manutenção e fortalecimento das
natureza técnica. relações pessoais e do próprio grupo.
(B)O ponto crucial do sucesso desse tipo de liderança
é saber centralizar as atribuições sem perder o
controle da situação.
(C)Nesse estilo, o líder atribui a assessores a tomada
de decisões especializadas, deixando-os agir por si só.
(D)Esse estilo de liderança é especialmente indicado
para situações de pressão, crise e mudança.
(E)Nesse estilo de liderança, o foco do líder é a
manutenção e fortalecimento das relações pessoais e
do próprio grupo.
1 B 16 D 31 C
2 A 17 D 32 C
3 A 18 E 33 A
4 B 19 C 34 C
5 A 20 D 35 C
6 B 21 B 36 A
7 C 22 A 37 C
8 C 23 D
9 A 24 E
10 D 25 E
11 A 26 D
12 B 27 C
13 C 28 C
14 D 29 E
15 B 30 E
É óbvio que os navios, mesmo sendo pequenas Assim, as tradições, as cerimônias e os usos
cidades espalhadas por uma enorme área, fazem marinheiros, juntamente com os costumes, têm
contato entre si, nos portos ou na imensidão extraordinário poder de amalgamar e incentivar os
oceânica. Vivendo experiências semelhantes, os que vivem do mar. Tendem, entretanto, a se tornar
marinheiros sempre se ajudam uns aos outros e atos despidos de significado, quando sua explicação é
trocam conhecimento. Por eles foram criados, e perdida no tempo.
continuam a sê-lo, costumes, usos e linguagem
comuns: “tradição do mar”. É fácil entender o poder A lembrança constante das razões dos atos e a sua
de aglutinação das tradições marítimas, visualizando- explicação ou, quando for o caso, das versões de sua
se a vastidão da área oceânica onde elas se origem, promovem a compreensão, o incentivo e a
manifestam. Os homens do mar, por arrostarem incorporação da prática marinheira.
sempre a mesma vida e mutuamente se ajudarem,
constituem, tradicionalmente, uma classe de espírito
Conhecendo o Navio
muito forte. E, como somente em períodos Navios e Barcos
historicamente curtos se veem em disputa pelo
domínio, geográfico e cronologicamente limitado, do Um navio é uma nave. Conduzir uma nave é navegar,
mar, onde partilham alegrias e perigos, a fraternidade ou seja, a palavra vem do latim navigare, navis (nave)
é a mais digna característica com que pautam o seu + agere (dirigir ou conduzir).
comportamento rotineiro.
Estar a bordo é estar por dentro da borda de um
Nota-se, no homem do mar, um respeito comum à navio. Abordar é chegar à borda para entrar. O termo
tradição, a qual dá grandeza e que o vincula a um é mais usado no sentido de entrar a bordo pela força:
extraordinário ânimo patriótico e a uma grande abordagem. Mas, em realidade, é o ato de chegar a
veneração dos valores espirituais que o ligam à bordo de um navio, para nele entrar.
comunidade nacional onde teve seu berço. Vive,
Pela borda tem significado oposto. Jogar, lançar pela
internacionalmente, a percepção que tem da Pátria,
borda.
perto ou distante. É, como dizia Joaquim Nabuco, “um
sentimento unitário, nacional, impessoal”. A Significado natural de barco é o de um navio pequeno
lembrança ou a imagem que dela tem o marinheiro (ou um navio é um barco grande...). Mas a expressão
não é maculada pelos regionalismos. Sua Pátria é um poética de um barco tem maior grandeza: "o
todo de tradições, que venera com a mesma força que Comandante e seu velho barco" ou "nosso barco,
aprendeu a honrar as que são comuns aos homens do nossa alma". Barco vem do latim "barca". Quem está a
mar. O respeito à tradição é uma característica que bordo, está dentro de um barco ou navio. Está
gera patriotismo sadio, fundamentado na valorização embarcado. Entrar a bordo de um barco, é embarcar.
dos aspectos comuns ao seu grupo nacional em que a E dele sair é desembarcar. Uma construção que
Aportar é chegar a um porto. Aterrar é aproximar-se Os navios de guerra, geralmente, são construídos em
de terra. Amarar é afastar-se de terra para o mar. Arsenais. “Arsenal” é uma palavra de origem árabe.
Fazer-se ao mar é seguir para o mar, em viagem. Vem da expressão ars sina e significa o local onde são
Importar é fazer entrar pelo porto; exportar é fazer guardados petrechos de guerra ou onde os navios
sair pelo porto. Aplica-se geralmente à mercadoria. atracam para recebê-los. A expressão ars sina deu
origem ao termo arsenal, em português, e ao termo
Encostar um navio a um cais é atracar; tê-lo seguro a darsena que, em espanhol, quer dizer doca.
uma bóia é amarrar, tomar a bóia; prender o navio ao Construído e pronto, o navio é, então, incorporado a
fundo é fundear; e fazê-lo com uma âncora é ancorar uma esquadra, força naval, companhia de navegação
(embora este não seja um termo de uso comum na ou a quem vá ser responsável pelo seu
Marinha, em razão de, tradicionalmente, se chamar a funcionamento. A cerimônia correspondente é a
âncora de ferro - o navio fundeia com o ferro!). “incorporação”, da qual faz parte a “mostra de
Recolher o peso ou a amarra do fundo é suspender; armamento”. Armamento nada tem a ver com armas
desencostar do cais onde esteve atracado é e sim com armação. Essa mostra, feita pelos
desatracar; e largar a boia onde esteve é desamarrar construtores e recebedores, consiste em uma
ou largar. inspeção do navio para ver se está tudo em ordem, de
acordo com a encomenda. Na ocasião, é lavrado um
Arribar é entrar em um porto que não seja de escala,
termo, onde se faz constar a entrega, a incorporação
ou voltar ao ponto de partida; é, também, desviar o
e tudo o que há a bordo. A vida do navio passa, então,
rumo na direção para onde sopra o vento. A palavra
a ser registrada em um livro: o “Livro do Navio”, que
vem do latim "ad" (para) e "ripa" (margem, costa).
somente será fechado quando ele for desincorporado.
O Navio
A armação (ou armamento) corresponde à expressão
O navio tem sua vida marcada por fases. O primeiro armar um navio, provê-lo do necessário à sua
evento dessa vida é o batimento da quilha, uma utilização; e quem o faz é o armador. Em tempos idos,
cerimónia no estaleiro, na qual a primeira peça armar tinha a ver com a armação dos mastros e
estrutural que integrará o navio é posicionada no local vergas, com suas vestiduras, ou seja, os cabos fixos de
da construção. Estaleiro é o estabelecimento sustentação e os cabos de laborar dos mastros, das
industrial onde são construídos navios. Como os vergas e do velame (velas). Podia-se armar um navio
navios antigos eram feitos de madeira, o local de em galera, em barca, em brigue... A inspeção era
construção ficava cheio de estilhas, lascas de madeira, rigorosa, garantindo, assim, o uso, com segurança, da
estilhaços ou, em castelhano, "astilias". mastreação.
A origem é antiga. As primitivas peças imantadas, para A unidade de combate naval é o navio. Os
governo do navio, eram, na realidade, agulhas de Grupamentos de navios constituem as Forças Navais e
ferro, que flutuavam em azeite, acondicionadas em as Esquadras. Os Almirantes, precipuamente,
tubos, com uma secção de bambu. Chamavam-se comandam Forças Navais, grupamentos de navios.
“calamitas”. Como eram basicamente agulhas, os Sua hierarquia deve definir a importância funcional do
navegantes espanhóis consideravam linguagem grupamento. Os postos de Almirantes, em sequência
marinheira, a denominação de “agulhas”, ascendente são: Contra-Almirante, Vice-Almirante e
diferentemente de bússolas, palavra de origem Almirante de Esquadra.
italiana que se referia à caixa - bosso - que continha as
peças orientadas. O Comando dos navios cabe aos Comandantes. A
importância funcional do navio deve definir a
Corda e Cabo hierarquia de seus Comandantes. É mantida
tradicionalmente a antiga importância dos navios para
Diz-se que na Marinha não há corda. Tudo é cabo.
combate, classificados de acordo com o número de
Cabos grossos e cabos finos, cabos fixos e cabos de
conveses e canhões de que dispunham: as corvetas,
laborar..., mas tudo é cabo.
com um convés de canhões; as fragatas, com dois
Existem, porém, duas exceções: conveses de canhões; e as naus com três conveses de
canhões, havendo também, a denominação de navios
- a corda do sino e de linha ou navios de batalha, por serem os que
- a dos relógios constituíam as linhas de batalha. Daí a hierarquia
ascendente dos comandantes, como Capitães de
A Gente de Bordo Corveta, Capitães de Fragata e Capitães de Mar e
Guerra.
A Gente de Bordo
As Fainas
A continência individual deve ser exigida e sua A Bandeira do Cruzeiro, que é arvorada no pau do
retribuição pelo mais antigo é obrigatória. Não faz jeque, acompanha os movimentos da Bandeira
parte dos costumes navais desfazer a continência com Nacional na popa. Ou seja, é içada e arriada junto com
batida da mão à coxa, provocando ruído. A esta.
continência deve ser feita com correção, vivacidade,
O Pavilhão é içado às oito horas da manhã e arriado
elegância, energia e franqueza. Da mesma forma,
exatamente na hora do pôr-do-Sol. O Cerimonial
cabe ao superior responder o cumprimento de
consta de sete vivas com o apito do marinheiro e das
maneira semelhante. A continência mal executada é
continências de todo o pessoal. Quem estiver
sinônimo de displicência, o que não condiz com os
cobertas abaixo, permanece descoberto e em silêncio,
valores militares. A continência individual não
atento. O cerimonial do arriar é maior e consta de
representa apenas uma manifestação de respeito ou
formatura geral da tripulação. Após o arriar, é
de apreço a um indivíduo em particular; trata-se
costume o cumprimento geral de "boa-noite" entre
também de um ato público que expressa a cortesia
todos os presentes, sendo primeiramente dirigido ao
entre os membros de uma corporação.
Comandante.
A continência individual é prestada pelo militar
A Bandeira Nacional deve ser içada ou arriada em
fardado e não deverá ser executada quando este
movimento uniforme, que deve ser estimado para
estiver em trajes civis. Neste caso, a saudação é
que ocorra durante o tempo em que é executado o
realizada com um cumprimento verbal, de acordo
hino ou toque.
com as convenções sociais.
Nos navios da Marinha não se usa as denominações Nos tempos de Henrique VIII, para um canhão repetir
de "mastros" de bandeira, nem do jeque: a um tiro levava uma hora. Assim, um navio estava com
nomenclatura correia é nomeá-los o "pau da os canhões sempre carregados para combate. Mas, se
bandeira" e o "pau do jeque", mesmo que sejam ele os disparava, ficava impossibilitado
metálicos. O distinto, na Marinha, segundo a tradição, momentaneamente de combater. A maior parte das
é que sejam de madeira e envernizados. fragatas e navios menores era armada com uma
bateria de sete canhões, em cada borda. A princípio,
Desta forma, o termo bandeira a meio-pau é a
uma salva de sete tiros era a salva nacional britânica.
expressão que corresponde à Bandeira Nacional içada
As baterias de terra, no entanto, deveriam responder
a meio-mastro. O jeque acompanha a Bandeira
às salvas do navio, na razão de três tiros para cada tiro
Nacional, a meio-pau. E o sinal de luto.
de bordo. Assim, a máxima salva de bordo, sete tiros,
O costume teve origem na antiga marinha a vela. Era era respondida pela maior salva de terra, vinte e um
usual que os navios, como mostra de pesar pela morte tiros. Com o progresso da indústria de armas e,
de uma personalidade, desamantilhassem as vergas, principalmente, da produção da pólvora, a maior salva
de modo a deixá-las desalinhadas e pendentes, em de bordo passou a ser também de vinte e um tiros.
diferentes ângulos, e com todos os cabos de laborar,
O número de tiros, depois que a salva se transformou
de mastros e vergas folgados e pendentes. A mostra
num costume, chegou aos nossos dias consagrado no
de pesar consistia neste aspecto de desleixo, por
Cerimonial Naval. Vinte e uma salvas é o máximo que
tristeza. O Pavilhão também era arriado a meio-pau.
se usa. Mas por que vinte e uma? É porque, além do
Saudação de Navios Mercantes e Resposta costume acima, esse número é múltiplo de três. A
explicação é que os números 3, 5 e 7 sempre tiveram
O navio mercante que passa ao largo de um navio de significado místico, muito antes, mesmo, de existirem
guerra cumprimenta-o, amando sua Bandeira marinhas organizadas como as dos últimos três
Nacional, fazendo o de guerra o mesmo, como séculos.
resposta.
O intervalo das salvas festivas é de cinco segundos,
O mercante içara novamente sua Bandeira, depois entre um tiro e outro. Havia um velho costume, na
que o de guerra o fizer. Marinha antiga, que ainda hoje os oficiais "safos"
usam para contagem dos cinco segundos
A Salva: Saudação com Canhões
regularmentares, que é o de dizer a expressão: "teco,
O sinal de amizade era antigamente entendido e teleco, teco, pepinos, não são bonecos, - fogo um!";
mormente caracterizado pelo fato de apresentar-se repetindo-se após cada tiro o mesmo conjunto de
uma pessoa, com a espada abatida, ou um navio ou palavras só alternando o número da ordem de fogo.
Quem cronometrar o tempo que normalmente se leva
Oficial Temporário da Marinha- http://militarestemporarios.com.br/ Página 10
para dizer as palavras mencionadas, verá que ele é de dependendo da ocasião, faz soar sete vezes o apito,
cinco segundos. correspondendo aos sete vivas, que é a maior
saudação por apito.
Os Postos de Continência
O número de sete, como explicado, ainda é a
Mas, somente disparar os canhões não era mostra de lembrança dos antigos sete tiros das fragatas e navios
ficar sem aptidão para combater. O navio, além disso, menores, que constituíam a maior salva. Embora os
deveria ferrar o pano (colher as velas), perdendo tiros de salva tenham passado para vinte e um, os
velocidade e ficando momentaneamente vivas de apito permaneceram em sete, como a honra
impossibilitado de manobrar e combater, com todos máxima.
os cabos de laborar pelo convés e a guarnição
ocupada nas fainas. Assim, essa mostra de respeito Cerimonial de Recepção e Despedida
mantinha o navio privado de combater. Foi desse
antigo costume, que vieram até nossos dias certas Os oficiais ao entrarem e saírem de bordo fazem jus a
formas de cumprimento em embarcações como um cerimonial correspondente à sua patente,
remos ao alto, folgar as escotas ou parar a máquina. constando de toques de apito característicos e da
continência de quem o recebe ou despede e dos
Nos grandes navios, no entanto, podia ser presentes. Além disso, marinheiros em formatura, em
demonstrada, ao navio avistado, a intenção pacífica, número correspondente a cada cerimonial, chamados
fazendo subir toda a guarnição aos mastros e vergas. "boys", ladearão o oficial saudado, na escada de
Assim estava o navio impossibilitado de utilizar seus portaló e no convés.
homens para o combate, transitoriamente. Desta
forma, dispor a guarnição pelas vergas dos navios- Esses cerimoniais são tradições herdadas dos dias da
escola a vela, veio até nossos dias, com a marinha a vela. Costumava-se, nas reuniões de
denominação depostos de continência. Comandantes de navios de uma Força Naval em um
determinado navio - quando o mar não estava muito
Em todos os navios da Marinha, os postos de bom - içar o visitante por uma guindola, espécie de
continência são atendidos com toda a guarnição pequena tábua suspensa pelas extremidades. A
distribuída pela borda do navio, no bordo por onde vai manobra era comandada pelo Mestre, ao som do
passar a autoridade a saudar, numa demonstração de apito e, para realizá-la, vários marinheiros iam para o
respeito. local de embarque. Hoje é uma cortesia naval acorrer
com marinheiros ao portaló (local de embarque ou
Vivas saída de bordo) e saudar com toque de apito, a
Ainda permanece em nossa Marinha o hábito dos autoridade que chegar ou sair.
"vivas". É uma repetição da antiga forma de Os marinheiros que acorriam para as manobras de
continência e saudação à autoridade que passar perto embarque do Comandante a bordo eram chamados,
do navio, sempre que o fato for antecipado e na Real Marinha britânica, de "boys". Esse costume
devidamente anunciado. A guarnição, quando em passou desde o Império, à nossa Marinha. Hoje, há
postos de continência, a um sinal, leva o boné ao um toque de apito que, em realidade, significa boys
peito do lado esquerdo, com a mão direita, e, ao sinal aos cabos. Tratava-se, até há pouco tempo, quando se
de salvas do apito, sete vezes, estende a mão com o vinha ou saía de bordo por lancha, de chamar os
boné para o alto, à direita, e dá os vivas marinheiros para que descessem ao patim inferior da
correspondentes. escada de portaló e aí estendessem cabos
Vivas do Apito (preparados com pinhas nas duas extremidades, uma
para o boy e outra para a autoridade), para que lhe
Permanece, no Cerimonial da Bandeira, o costume servissem de apoio quando embarcavam ou
dos sete vivas, pelo apito do marinheiro. Durante o desembarcavam.
içar ou arriar da Bandeira, o Mestre ou Contramestre,
A chegada de autoridade a bordo de OM da MB As platinas são presas sobre os ombros dos uniformes
deverá ser anunciada no sistema de fonoclama, como acessório, sendo reminiscências de antigas tiras
quando couber, o cargo da autoridade visitante de couro usados nos uniformes para fixar os
seguido da expressão “para bordo”. Não deverá ser talabardes (boldriés). São de origem francesa.
anunciado pronome de tratamento ou nome da
Os galões dos oficiais são listras douradas. No Corpo
autoridade visitante. Por ocasião do cerimonial, a
da Armada, a mais alta no punho é terminada por
ordem ao Mestre ou Contramestre de Serviço não
uma volta. Conta a tradição que é uma reminiscência
deve conter palavras desnecessárias, já que se trata
da volta que o Almirante Nelson, oficial inglês, levava
de uma instrução para quem vai abrir toque. Assim,
em um pequeno cabo amarrado à manga de seu
essa ordem deve ser pertinente ao toque
dólmã para sustentá-la em um botão, quando, após
característico a que tem direito a autoridade. A
perder o braço, subiu ao convés pela primeira vez. As
menção ao cargo desempenhado somente deve ser
marinhas que tiveram origem e contatos com a
feita a quem competir vocativo específico
Marinha britânica conservam o símbolo.
(Comandante da Marinha, Chefe do Estado-Maior da
Armada, Comandante de Operações Navais, Os cabos e marinheiros usam uniformes, brancos ou
Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais e azuis, de gola, e na cabeça, bonés sem pala. Os de
Comandante em Chefe da Esquadra). Nesse caso, não trabalho são de cor mescla, com chapéus redondos
se deve mencionar o Posto, a menos se, típicos, de cor branca, chamados caxangá.
eventualmente e no caso de ComemCh, o cargo
estiver sendo exercido por Almirante de Esquadra. O O uniforme típico de marinheiro é universal. Suas
artigo 5-1-7 do Cerimonial da Marinha reflete com características são, principalmente, o lenço preto ao
clareza este ponto. pescoço e a gola azul com três listras.
Os toques de apito devem ser dados apenas pelo O lenço teve sua origem na artilharia dos tempos
Mestre ou Contramestre de Serviço. Ao final das antigos da marinha a vela. Os marujos usavam um
Honras de Recepção ou Despedida, quando por toque lenço na testa durante os combates, amarrado atrás
de corneta, cabe o “ponto”, como sinal de desfazer a da cabeça. Esse procedimento evitava que o suor,
continência e a guarda de portaló executar o misturado à graxa e mesmo à pólvora das peças de
A gola do marinheiro é bastante antiga. Era usada O apito, hoje, continua preso ao pescoço por um
para proteger a roupa das substâncias gordurosas cadarço de tecido e tem utilização para os toques de
com que os marujos untavam o "rabicho" de suas rotina e comando de manobras.
cabeleiras. O uso do rabicho desapareceu, mas, a gola
permaneceu, como parte característica do uniforme. As fainas de bordo, ainda hoje, em especial as
A cor azul é adotada por quase todas as marinhas do manobras que exigem coordenação e ordens
mundo. contínuas de um Mestre ou Contramestre, são
conduzidas somente com toques de apito. Fazê-lo aos
As três listas da gola são reminiscência do costume gritos denota pouca qualidade marinheira do
antigo de se indicar, por meio de fitas, presas ao dirigente da faina e sua equipe.
pelerine (capa utilizada sobre os ombros), o tempo de
serviço do embarcado. O Oficial de Serviço utiliza um apito, que não é o
tradicional, e serve para cumprimentar ou responder
Gorro de Fita a cumprimentos dos cerimoniais (honras de
passagem) de navios ou lanchas com autoridades que
Os fuzileiros navais também trazem em seus passam ao largo; mas, o cadarço que o prende ao
uniformes simbolismo e tradição. pescoço mantém-se como parte do símbolo
O gorro de fita, de origem escocesa, é uma das tradicional.
tradições que são incorporadas, permanecem e Os toques de apitos estão grupados, por tipos, em
ganham legitimidade. Foi idéia, em 1890, de um toques de: Continência e Cerimonial, Fainas, Pessoal
comandante do Batalhão Naval, de ascendência Subalterno, Divisões e Manobras
britânica. O gorro foi bem aceito e, hoje, caracteriza
de forma ímpar o uniforme dos marinheiros de terra, Alamares
soldados do mar, que são os fuzileiros navais.
Nos tempos de cavalaria andante, na Idade Média, os
O Apito Marinheiro ajudantes lavavam os cavalos e auxiliavam os
cavaleiros, com armaduras, a montar, tal era o peso
Os principais eventos da rotina de bordo são desses apetrechos. Depois que os cavaleiros
ordenados por toques de apito, utilizando-se, para montavam, os ajudantes se afastavam das montarias
isso, de um apito especial: o apito do marinheiro. O e dos chefes, ficando porém nas mãos com o cabo
apito serve, também, para chamadas de quem exerce (corda) no braço, na altura do ombro. Ainda hoje, os
funções específicas ou para alguns eventos que ajudantes de ordens usam, com garbo, essa peça,
envolvam pequena parte da tripulação. Ele tem sido, primitivamente humilde, presa ao ombro no
ao longo dos tempos, uma das peças mais uniforme. Mas, o conjunto completo é constituído
características do equipamento de uso pessoal da desse pequeno cabo (cordel), junto com os alamares,
gente de bordo. Os gregos e os romanos já o usavam que são a reminiscência da antiga corrente, que as
Onça é também uma expressão de grande uso. A origem do primeiro está no "aperto", na "pressão"
Significa dificuldade: "onça de dinheiro, onça de impressa pelo chefe, comparada pelo marinheiro à do
sobressalentes". parafuso com rosca fina - que "aperta mais". A
segunda vem de "voga", que é a velocidade da
Estar na onça é estar em apuros. "A onça está solta",
remada ditada pelo patrão aos remadores em uma
quer dizer que tudo vai mal.
embarcação a remos. Pode ser uma "voga picada"
Essa expressão vem de uma velha história de uma (regime de velocidade maior, portanto mais exaustivo
onça de circo, que era transportada a bordo de um para os remadores) ou "voga larga" (velocidade
navio mercante e se soltou da jaula, durante um amena, mais calma, mais tranquila).
temporal.
SAFA ONÇA:
2 - (PS-RM2-OF/2018) A farda dos militares não se (E) os comandantes, em hierarquia ascendente, são
constitui em uma simples veste, mas, sobretudo, Capitães de Fragata, Capitães de Corveta e Capitães
constitui-se em uma segunda pele, que adere a de Mar e Guerra.
própria alma, irreversivelmente e para sempre. Nesse
sentido, os uniformes dos militares têm por finalidade
principal caracterizá-los, permitindo, à primeira vista, 4 - (PS-RM2-OF/2018) Segundo as Tradições Navais da
distingui-los. Sobre esse assunto, assinale a opção Marinha do Brasil, a Bandeira do Brasil, um dos
correta. símbolos nacionais, tem tratamento especial por
parte de todos os militares. Sobre esse assunto,
(A) Os sargentos, Cabos e Marinheiros cursados usam
assinale a opção correta.
sempre, para distinção de graduação, divisas nos
ombros.
(B) O uniforme típico de Marinheiro é universal. Suas
características são, principalmente, o lenço azul ao (A) Os navios da Marinha do Brasil, quando atracados,
pescoço e a gola preta com três listras. fundeados ou amarrados, arvoram a Bandeira
(C) Os Marinheiros-Recrutas, Aprendizes-Marinheiros Nacional no mastro principal.
e Grumetes, em seus uniformes, usam divisas no
(B) Na Marinha do Brasil, o Cerimonial de arriar a
braço.
Bandeira Nacional é feito todos as dias, exatamente
(D) Os Cabos e Marinheiros usam uniformes brancos
na hora do pôr do sol.
ou azuis, de gala, e na cabeça sempre chapéus
redondos típicos, de cor branca, denominados
5 - (PS-RM2-OF/2019) No que se refere às Tradições (A) deve ser exigida e sua retribuição pelo mais antigo
Navais, assinale a opção correta acerca das é facultativa.
características dos navios. (B) é prestada peio militar fardado ou em trajes civis.
(C) por força da tradição, deve-se desfazer a
(A) A bandeira, na popa, identifica, dentro de cada continência com batida da mão à coxa.
nação soberana, quem tem a responsabilidade sobre (D) é vedado ao militar cumprimentar um civil
o navio. utilizando a continência, neste caso, deve dar-lhe o
(B) Antigamente, os navios eram pintados na cor usual aperto de mão.
preta. O costume vinha dos gregos que tinham (E) não representa apenas uma manifestação de
facilidade em conseguir betume e, com ele, pintavam respeito ou de apreço a um indivíduo em particular
os costados de seus navios.
(C) Os navios mercantes usam, no jeque, a bandeira
da companhia a que pertencem; porém, alguns usam
a bandeira identificadora de sua companhia na 9 - (PS-RM2-OF/2019) - O que indica a flâmula com 21
mastreação. estrelas, posicionada no topo do mastro dos navios da
(D) Na nossa Marinha, o jeque é uma bandeira com Marinha do Brasil?
vinte e uma estrelas - "a bandeira do cruzeiro". Ela é (A) Data de grande gala.
içada na popa durante as viagens marítimas. (B) O navio é comandando por um Oficial de Marinha.
(E) Nos navios da Marinha do Brasil, a bandeira do (C) O navio encontra-se em postos de combate.
cruzeiro é composta de vinte e sete estrelas, (D) O navio encontra-se em porto estrangeiro.
representando cada uma das nossas Unidades (E) Data de pequena gala.
Federativas.
Resposta:
(A)
Este capítulo aborda as condicionantes físicas Descoberta as terras que Portugal denominou
e políticas que levaram os portugueses a se Brasil, tornou-se imperioso seu reconhecimento e
aventurarem pelo “mar tenebroso” - como povoamento. Veremos, a partir daqui, quais as
antigamente era chamado o Oceano Atlântico - em expedições que partiram para o reconhecimento do
busca de caminhos alternativos para o comércio com litoral das novas terras e as providências para povoá-
o Oriente. Examinamos no capítulo anterior o la e defendê-la. Como “Navegar é preciso”, vamos
desenvolvimento da construção naval e dos partir para o reconhecimento de novas terras...
instrumentos náuticos que permitiram tal feito e
“As armas e os barões assinalados
agora vamos conhecer um pouco da história de
Que da Ocidental praia Lusitana,
Portugal e de seus navegadores.
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
O pioneirismo português, ao assumir a
Em perigos e guerras esforçados
liderança do processo de expansão marítima europeia
Mais do que prometia a força humana,
no final do século XIV, encontra explicação em dois
E entre gente remota edificaram;...
acontecimentos decisivos: o país estava com suas
fronteiras estabelecidas, após as guerras da Já no largo Oceano navegavam,
Reconquista (que resultou na expulsão dos As inquietas ondas apartando;
muçulmanos da Península Ibérica) e firmava-se, Os ventos brandamente respiravam,
então, como o primeiro Estado europeu moderno, Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
politicamente centralizado, após a vitória militar
Cobertos, onde as proas vão cortando
contra os reinos vizinhos de Leão e Castela. Tal
As marítimas águas consagradas,...
processo de centralização do poder foi fator muito
importante para que o reino português pudesse (Trechos de um dos poemas de Luís Vaz de Camões, da obra
lançar-se a aventura ultramarina, e quebrar o Os Lusíadas, editada em 1572).
monopólio exercido pelas cidades de Gênova e
Fundamentos da organização do Estado português e
Veneza sobre as rotas de comércio com a Ásia e
a expansão ultramarina
estabelecer contato direto com as fontes produtoras.
Para isso, em muito contribuiu a estrutura naval já A condição fundamental para o processo de
existente, cujo desenvolvimento foi estimulado pela formação das nações europeias foi a crise do
coroa portuguesa. Na verdade, a expansão feudalismo, que teve início em meados do século XIII.
ultramarina ensejou uma aliança entre setores Esta crise foi resultante da relativa paz que vivia o
mercantis e a nobreza, tendo o Estado o controle e continente europeu, que permitiu a criação dos
direção de tal empreendimento. burgos (fora dos limites do senhor feudal, que lhes
dava proteção em troca da vassalagem), que viriam a
A primeira conquista portuguesa no ultramar
se transformar em vilas ou cidades com relativa
foi a cidade de Ceuta, ao norte da África onde hoje
autonomia. Isto provocou o enfraquecimento dos
fica situado o Marrocos. Na sequência, Diogo Cão
senhores feudais, reduzindo o poder da nobreza e,
explorou a costa africana entre os anos de 1482 e
consequentemente, abrindo espaço para a retomada
1485. Bartolomeu Dias atingiu o sul do continente
do poder político pelos reis.
africano e ultrapassou o Cabo das Tormentas em 1487
(onde hoje fica a África do Sul) que, após este Os soberanos, à medida que obtinham
acontecimento, passou a chamar-se Cabo da Boa recursos financeiros, em troca de privilégios,
Esperança. Vasco da Gama, em 1498, chegou a fortaleciam seus exércitos e submetiam os antigos
Calicute, Sudoeste da Índia, estabelecendo a rota feudos e as novas vilas e cidades à sua autoridade,
entre Portugal e o Oriente. Em 1500, a frota de Pedro
Outra importante iniciativa de D. Fernando foi A nobreza também teve suas bases de poder
a instalação da Torre do Tombo, o Arquivo Nacional atingidas pelo movimento de centralização régia, com
Português, onde se guardavam documentos a colocação em prática da Lei Mental. Por meio dessa
importantes que preservavam a memória e a história lei, baixada por D. Duarte (1433-1438) em 8 de abril
de Portugal. Foi-lhe dado este nome porque ficava de 1434, os bens doados pela coroa à nobreza só
sediado numa torre do Castelo de São Jorge, e tombo, poderiam ser herdados pelo filho varão legítimo mais
porque significava lançar em livro, inventariar, velho. Isso permitiu à coroa retomar uma série de
registrar. propriedades antes doadas às famílias nobres,
reforçando seu poder e, de alguma maneira, minando
D. Fernando I envolveu-se em três guerras as bases do poderio senhorial.
contra Castela e passou a ser malvisto pela opinião
pública por seu casamento com Dona Leonor Teles Tal processo de centralização do poder foi o
(cujo casamento anterior fora anulado). Após a morte elemento essencial que permitiu ao reino português
de D. Fernando, os portugueses não aceitaram a lançar-se na expansão ultramarina. Deve-se destacar
regência da rainha viúva em nome da filha, a Infanta ainda que os limites da extração das rendas obtidas
Dona Beatriz, casada com um potencial inimigo, o rei com a agricultura fizeram a coroa voltar seus olhos às
de Castela. Este fator, somado à continuidade da crise atividades comerciais e marítimas.
de abastecimento, deflagrou a Revolução de Avis. O monopólio exercido pelas cidades italianas
Após deliberação das Cortes, foi aclamado rei de Gênova e Veneza sobre as rotas de comércio com a
o Mestre da Ordem de Avis, D. João I (1385-1433), Ásia levou os grupos mercantis portugueses a
filho bastardo do oitavo rei de Portugal D. Pedro I procurar outra alternativa para a realização de seus
(1357-1367), a quem caberia inaugurar uma nova negócios e, consequentemente, para obtenção de
dinastia. lucros. A saída seria a tentativa de contato direto com
os comerciantes árabes, evitando o intermediário
Vitoriosa em Lisboa, a revolta transformou-se em genovês ou veneziano. Para isso muito contribuiu a
movimento de fidalgos e plebeus em guerra contra estrutura naval já existente no reino, cujo
Castela, cujo rei declarou pretensão à coroa desenvolvimento foi estimulado pela coroa.
portuguesa. Os castelhanos foram vencidos em várias
batalhas e, embora tenham bloqueado Lisboa, foram, A expansão marítima portuguesa
afinal, fragorosamente derrotados na Batalha de caracterizou-se por duas vertentes. A primeira, de
Aljubarrota (1385). A paz só foi selada em 1411. aspecto imediatista, realizada ao norte do continente
africano, visava à obtenção de riquezas acumuladas
Corsários franceses no Rio de Janeiro no século XVIII O Tratado de Utrecht – celebrado em 1715
entre as duas nações – legitimou a presença
A França utilizou a estratégia de empregar portuguesa na região do Prata com a restituição aos
corsários para, através de ações que visavam ao lucro, lusos da Colônia de Sacramento.
causar danos nos mares a seus inimigos. Eles não
eram piratas, pois tinham uma patente de corso, que Tratado de Madri (1750) – O conflito ocorrido entre
lhes dava autorização real para agir. Tinham, as cortes portuguesa e espanhola entre 1735 e 1737
portanto, o direito de ser tratados como prisioneiros motivou a terceira investida hispânica sobre a Colônia
de guerra, enquanto os piratas podiam ser enforcados de Sacramento. Cumprindo ordem do governador de
se apanhados. Buenos Aires, em junho de 1735, navios espanhóis já
empreendiam um bloqueio naval à colônia lusa
As riquezas do Rio de Janeiro atraíram a enquanto quatro mil soldados realizavam um sítio por
cobiça de dois franceses. O primeiro foi Duclerc, que terra.
acabou derrotado depois de invadir a cidade. Preso,
acabou assassinado, por razão pouco esclarecida, mas No Rio de Janeiro, o governador interino,
não relacionada com seu ataque. O segundo foi Brigadeiro José Silva Paes, preparou e enviou, às
Duguay-Trouin, que veio com uma considerável força pressas, uma força naval para socorrer a colônia.
naval, conquistou a Ilha das Cobras, depois o Morro Assim que chegou à região do Prata, essa força naval
da Conceição e, de lá, logrou ocupar a cidade que, dissipou o bloqueio que os navios espanhóis vinham
ameaçada de ser incendiada, rendeuse. Saqueou o Rio impondo à Colônia de Sacramento.
de Janeiro e somente o deixou após receber um
resgate.
Oficial Temporário da Marinha- http://militarestemporarios.com.br/ Página 24
Em Portugal, o recebimento da notícia do efetuada, pois os índios que viviam nas Missões se
assédio espanhol à colônia lusa levou o rei a ordenar o recusaram a deixar o local, empreendendo uma
preparo de uma força naval que foi constituída por resistência armada, levando os luso-espanhóis a
duas naus e uma fragata. Essa força suspendeu de responderem com ação militar conjunta que, em
Lisboa em março de 1736 e, ao chegar ao Rio de 1756, por meio da força, ocuparam a região.
Janeiro, recebeu reforços. Juntou-se a ela o Brigadeiro
Silva Paes, contendo ordens de socorrer a Colônia de Tratado do Pardo (1761) – Celebrado entre
Sacramento e, se possível, reconquistar Montevidéu portugueses e espanhóis, anulou os efeitos do
(fundada e abandonada pelos luso-brasileiros e Tratado de Madri e estabeleceu que a Colônia de
novamente fundada pelos espanhóis) e fortificar o Rio Sacramento voltasse a ser de Portugal. Durante a
Grande de São Pedro. Guerra dos Sete Anos (1756-1763), Portugal e
Espanha voltaram a ficar em lados opostos quando,
A força naval portuguesa no Prata combateu em 1761, a Espanha assinou um tratado de aliança
os espanhóis, apoiou a Colônia de Sacramento e com a França, o que levou a Grã-Bretanha a declarar
estabeleceu o domínio do mar na região. Após guerra aos espanhóis. Como consequência, Portugal,
alcançar seus objetivos, parte dessa força regressou que apoiava os britânicos, foi invadido em 1762 por
ao Rio de Janeiro. forças hispânicas e consequentemente a guerra se
propagou para o Sul do Brasil.
O Brigadeiro Silva Paes permaneceu no Sul e,
após ameaçar um ataque a Montevidéu – que não Na região do Prata, o governador de Buenos
ocorreu devido ao grande risco dos navios ficarem Aires ordenou ao comandante do cerco, que estava
encalhados –, decidiu partir para o Rio Grande de São sendo feito à Colônia de Sacramento, que fosse
Pedro e cumprir a missão de fortificá-lo. Ao chegar, restabelecido o tiro de canhão como limite
tratou o Brigadeiro de organizar suas defesas e reconhecido para a praça e “convidasse” o
mandou construir o forte que denominou Jesus, Maria governador da Colônia de Sacramento a desocupar
e José. Estavam assim criadas as condições para o imediatamente as Ilhas de Martin Garcia e dos
início da povoação da região, que recebeu, mais tarde, Hermanos. Ainda delegou ao Capitão Francisco Gorriti
casais açorianos para ocupar a terra. a incumbência de viajar até a Vila de Rio Grande para
entregar, ao comandante da mesma, um ofício, em
Mesmo após a assinatura por portugueses e que exigia a desocupação daquelas terras, já que, com
espanhóis do armistício de 1737, o cerco terrestre à a nulidade do Tratado de Madri, as terras voltavam a
Colônia de Sacramento continuou, demonstrando a pertencer à Espanha. O Governador de Buenos Aires,
grande instabilidade que existia nas relações entre as D. Pedro Antônio Cevallos, tinha ambicioso projeto de
duas colônias. dominação do Sul do Brasil, e preparou-se
Procurando solucionar suas questões de militarmente para atacar a Colônia de Sacramento,
limites, Portugal e Espanha resolveram assinar, em recebendo reforços da Espanha em navios, material
1750, o Tratado de Madri, que, dentre outras de artilharia e munição.
medidas, estabeleceu a posse da Colônia de A Colônia de Sacramento dispunha para sua
Sacramento para a Espanha e a de Sete Povos das defesa de uma pequena tropa, que não excedia 500
Missões para Portugal. Esse tratado foi fruto do homens, e o Governador Vicente da Silva Fonseca
trabalho de Alexandre de Gusmão, secretário de D. respondia às intimações de Cevallos procurando
João V, junto ao qual teve grande influência. Foram ganhar tempo, enquanto aguardava reforços. Em
nomeadas duas comissões para demarcarem a outubro de 1762, a Colônia de Sacramento foi atacada
fronteira, uma para o norte – onde Portugal teve pela quarta vez e, não obstante a resistência oferecida
como representante Francisco Xavier de Mendonça pelos portugueses, capitulou. Os espanhóis
Furtado (irmão do Marquês de Pombal) – e outra para continuaram avançando sobre terras ocupadas pelos
o sul, sendo o representante português Gomes Freire luso-brasileiros e com superioridade de forças
de Andrade. A troca estabelecida pelo Tratado não foi tomaram o Rio Grande de São Pedro em 1763. Apesar
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de ter sido restabelecida a paz entre as duas nações registro, ficando o episódio conhecido como a Guerra
após a assinatura do Tratado de Paris, e o governador das Laranjas. Na América, porém, a chegada da notícia
de Buenos Aires restituir a Colônia de Sacramento, sobre o conflito entre as duas coroas desencadeou o
este continuou com a ocupação do Rio Grande de São rompimento de hostilidades entre as populações da
Pedro, que pretendia tornar definitiva tendo como fronteira. No Rio Grande de São Pedro, tropas foram
base o Tratado de Tordesilhas. Não obstante a aprestadas para defenderem as fronteiras, ainda em
reclamação dos portugueses por via diplomática, foi processo demarcatório, e os luso-brasileiros
necessário empreender uma ação militar, na qual invadiram e conquistaram os Sete Povos das Missões,
tropas luso-brasileiras, comandadas pelo Tenente- do lado espanhol, enquanto os hispano-americanos
General João Henrique Boehm (alemão a serviço de invadiram o Sul de Mato Grosso.
Portugal), juntamente com o emprego da Esquadra
portuguesa, reconquistaram o Rio Grande de São O Tratado de Badajós pôs fim à guerra de
Pedro em abril 1776. França e Espanha contra Portugal, tendo a Espanha
por direito de guerra, conservado a praça de Olivença,
Em 1777, os espanhóis protestaram contra a na Europa, e a Colônia de Sacramento. Portugal
tomada do Rio Grande pelos portugueses e, após recuperou no sul da América o território dos Sete
insucessos diplomáticos, decidiram enviar uma Povos das Missões.
poderosa expedição sob o comando de D. Pedro de
Cevallos, nomeado primeiro vice-rei do Rio da Prata. CRONOLOGIA
DATA EVENTO
Coube ao Marquês da Casa de Tilly o comando da
Chegada de Nicolau Durand de
força naval espanhola, que era composta de 19 navios 1555 Villegagnon ao Rio de Janeiro, instalação
de guerra e 26 de transporte. Embora providências da França Antártica.
tenham sido tomadas, no sentido de combater tal Ataque da força naval portuguesa ao Forte
1560
ameaça pelo Marquês de Pombal, os espanhóis Coligny.
ocuparam a Ilha de Santa Catarina e pela quinta vez Fundação da cidade de São Sebastião do
atacaram a Colônia de Sacramento. 1565 Rio de Janeiro por Estácio de Sá.
Expulsão dos franceses do Rio de Janeiro.
Tratado de Santo Ildefonso (1777) – Com a morte de 1580-
União Ibérica.
D. José I, em fevereiro de 1777, assumiu o trono de 1640
Portugal D. Maria I. Na tentativa de resolver as Parte da França uma expedição com o
1612 intento de fundar outra colônia no Brasil,
questões de limites entre Portugal e Espanha, foi
desta vez no Maranhão.
assinado em 1° de outubro de 1777 o Tratado de Formada a primeira força naval
Santo Ildefonso. Por este tratado, ficou estabelecido a comandada por brasileiro nato (Jerônimo
1614
restituição a Portugal da Ilha de Santa Catarina, de Albuquerque), para combater os
porém os lusos perderam a Colônia do Santíssimo franceses no Maranhão.
Sacramento e a região dos Sete Povos das Missões. Rendição e expulsão dos franceses do
1615
Este tratado deixou os espanhóis com o domínio Maranhão pelas forças lusas.
Criação da Companhia das Índias
exclusivo do Rio da Prata, sendo deveras desvantajoso 1621
Ocidentais pelos holandeses.
para Portugal. Chegada da força naval holandesa a
1624
Salvador e início do ataque.
Tratado de Badajós (1801) – A estabilidade entre as
Chegada da armada luso-espanhola
relações luso-espanholas foi afetada quando 1625 (denominada Jornada dos Vassalos) a
Napoleão Bonaparte, desejoso de castigar Portugal Salvador e expulsão dos holandeses.
por participar, com seus navios, de cruzeiros ingleses 1630 Invasão holandesa em Pernambuco.
no Mediterrâneo e visando a trazer os portugueses 1631 Combate Naval de Abrolhos
para zona de influência francesa, forçou a Espanha a Restauração Portuguesa. Batalha Naval de
1640
declarar guerra a Portugal em 1801. O rompimento 1640.
das relações entre os dois países na Europa durou Assinatura de Tratado de Trégua entre
1641
Portugal e Holanda. Invasão holandesa em
poucas semanas, sem ações militares dignas de
Oficial Temporário da Marinha- http://militarestemporarios.com.br/ Página 26
Sergipe, Maranhão, Angola e São Tomé.
1648 Rendição dos holandeses em Angola.
Holandeses são derrotados em
1649
Guararapes.
Rendição dos holandeses em Recife,
1654
término da ocupação holandesa.
1681 Tratado de Lisboa.
1715 Tratado de Utrecht.
1750 Tratado de Madri.
1761 Tratado do Pardo.
1777 Tratado de Santo Ildefonso.
1801 Tratado de Badajós.
(A) A importância de suas forças terrestres, (C) Portugal não disponibilizou recursos para expulsar
extremamente bem preparadas. os invasores e proteger os núcleos de colonização
(B) A instalação de fortes para servir de base para suas portuguesa, tendo esse país que recolher mais
ações militares. impostos da Colônia para suportar os custos com
(C) O emprego dos corsários para, por meio de ações armas e navios.
que visavam ao lucro, causar danos, nos mares, a seus
inimigos. (D) a reação portuguesa no Rio de Janeiro ocorreu
(D) O esmagador domínio do mar, que conseguiram quando o Governador Tomé de Souza, em 1560,
manter durante quase todo o período da ocupação. atacou o Forte de Copacabana com uma forca naval
(E) A amizade que mantinham com os índios, que lhes (soldados e índios) que trouxera da Bahia.
supriam por meio de escambos. (E) em 1614, uma força naval comandada por
RESPOSTA: D Jerônimo de Albuquerque chegou ao Maranhão para
combater os franceses. Esse grupamento pode ser
2 - (PS-RM2-OF/2016) - Leia o texto a seguir. considerado a primeira forca naval comandada par
um brasileiro.
O início da colonização do Brasil pelos portugueses
contou com uma série de investidas de outras nações RESPOSTA: E
europeias, que buscaram, através de ocupações,
romper o domínio português estabelecido pelo
Tratado de Tordesilhas. Dentre essas intervenções,
houve a ocupação Francesa de 1612-1615. No
combate a tal ocupação, pode-se citar Jerônimo de
Albuquerque, primeiro nascido no Brasil a comandar
uma força naval. A que local da colônia portuguesa o
texto acima se refere?
Resposta: (C)
Do Rio de Janeiro, a 4 de agosto, partiu nova No mar, o último episódio em que a força
flotilha, composta por quatro navios com a missão de naval atuou, ocorrido em 15 de junho de 1820, foi o
operar em combinação com a Divisão dos Voluntários aprisionamento do corsário General Rivera, com a
Reais. A 22 de novembro de 1816, deu-se o recuperação dos mercantes Ulisses e Triunfantes, pela
desembarque em Maldonado pelas forças navais de Corveta Maria da Glória, comandada pelo Capitão-de-
Rodrigo José Ferreira Lobo. Com a ocupação da Fragata Diogo Jorge de Brito.
cidade, e a vitória pelas forças terrestres em Índia A 31 de julho de 1821, em assembléia
Morta, o caminho para Montevidéu ficou livre. Lecor formada por deputados representantes de todas as
encontrava-se acampado no passo de São Miguel, localidades orientais, foi aprovada por unanimidade a
quando recebeu uma deputação de Montevidéu que incorporação da Banda Oriental à Coroa portuguesa,
apresentou-lhe as chaves da cidade e seu submisso fazendo parte do domínio do Brasil com o nome de
respeito e completa adesão ao governo de D. João VI. Província Cisplatina.
Nessa época, o governo das Províncias do Rio
da Prata não mais apoiava a intervenção armada do
Depois dessa expressiva vitória das forças No início de fevereiro de 1827, a 3ª Divisão
navais brasileiras, no começo do ano de 1827, a 3ª desceu o Rio Uruguai para combater a Força Naval
Divisão, composta pelos menores navios da Esquadra argentina que o bloqueava. Com ajuda da Divisão
brasileira, comandada pelo Capitão-de-Fragata Jacinto Auxiliadora, planejou-se colocar o inimigo entre os
Roque Sena Pereira, foi derrotada no Combate de canhões das duas divisões brasileiras.
Juncal. No final do ano anterior a 3ª Divisão recebeu Em 8 de fevereiro, começava o Combate de
ordens de subir o Rio Uruguai para auxiliar as Juncal, nome tomado da Ilha fluvial de Juncal,
operações do Exército Imperial Brasileiro na segmento do Rio Uruguai onde os navios da 3ª Divisão
Cisplatina. Sabendo daquela movimentação, o foram derrotados pela Força Naval argentina, pois não
comandante da Esquadra argentina reuniu uma força receberam o esperado apoio da Divisão Auxiliadora,
composta de 16 navios adaptados à navegação fluvial que permaneceu longe do local da batalha.
para destruir a 3ª Divisão brasileira e permitir o livre
CRONOLOGIA
DATA EVENTO
1825 a 1828 Guerra Cisplatina.
1835 a 1838 Cabanagem (Província do Pará).
Guerra dos Farrapos (Província do Rio
1835 a 1845
Grande do Sul).
1837 a 1838 Sabinada (Província da Bahia).
Balaiada (Províncias do Maranhão e
1838 a 1841
Piauí).
Revolta Praieira (Província de
1848 a 1849
Pernambuco).
1850 a 1852 Guerra contra Oribe e Rosas.
(A) Sabinada.
3 - (PS-SMV-OF/2017) Durante a Guerra Cisplatina, a (B) Revolta Praieira.
Marinha Imperial brasileira lutou com a Força Naval (C) Cabanagem.
argentina e com corsários que atacavam os navios (D) Balaiada.
mercantes brasileiros por toda a nossa Costa. Assinale (E) Guerra dos Farrapos.
a opção que apresenta a primeira ação de guerra da
Força Naval brasileira na Guerra Cisplatina.
Respostas:
1 A 6 A
2 A 7 D
3 A 8 B
4 C
5 C
– “....Subi, minha resolução foi de acabar de uma Barroso, sem dúvida, foi o responsável pelo
vez, com tôda a esquadra paraguaya, que eu teria bom êxito de sua força naval em Riachuelo. O futuro
conseguido se os quatro vapôres que estavam mais acima Barão de Teffé declarou que o vira, do Araguari, em
não tivessem fugido. Pus a prôa sôbre o primeiro, que o
plena batalha, destemido, expondo-se sobre a roda da
escangalhei, ficando inutilisado completamente, de agoa
Amazonas, com a barba branca, que deixara crescer,
aberta, indo pouco depois ao fundo. Segui a mesma
ao vento e sentira por ele um grande respeito e
manobra contra o segundo, que era o Marques de Olinda,
que inutilisei, e depois o terceiro, que era o Salto, que ficou admiração.
pela mesma fórma. Os quatro restantes vendo a manobra
A cidade de Corrientes continuava ocupada
que eu praticava e que eu estava disposto a fazer-lhes o
pelo inimigo e a Força Naval brasileira, que mostrara
mesmo, trataram de fugir rio acima. Em seguimento ao
terceiro vapor destruído, aproei a uma chata que com o sua presença, fundeada próxima a ela, precisou
choque e um tiro foi a pique. iniciar, alguns dias após o 11 de junho, a descida do
rio, que estava baixando.
Exmº Sr. Almirante, todas estas manobras eram
feitas pela Amazonas, debaixo do mais vivo fogo, quer dos Os paraguaios haviam retirado suas baterias,
navios e chatas, como das baterias de terra e mosquetaria que estavam na Ponta de Santa Catalina, e as
de mais de mil espingardas. A minha tenção era destruir por instalaram, primeiro em Mercedes, depois em Cuevas,
esta forma toda a Esquadra Paraguaya, do que andar para criando dificuldades para o abastecimento dos navios
baixo e para cima, que necessariamente mais cedo ou mais
brasileiros, que era realizado pelo rio. Sob todos esses
tarde havíamos de encalhar, por ser naquella localidade o
aspectos, incluindo a diminuição do nível do Rio
canal mui estreito.
Paraná, que aumentava o risco de encalhe, a posição
Concluída esta faina, seriam 4 horas da tarde, da Força Naval, avançada em território ainda ocupado
tratei de tomar as chatas, que ao approximar-me d’ellas por tropas do Paraguai, mostrava-se muito vulnerável.
eram abandonadas, saltando todos ao rio, e nadando para
terra, que estava a curta distância. O quarto vapor Barroso passou com seus navios por Mercedes
paraguayo Paraguary, de que ainda não fallei, recebeu tal e Cuevas, enfrentando a artilharia paraguaia, e
rombo no costado e caldeiras, quando desceram, que foi somente regressou passados alguns meses, apoiando
encalhar em uma ilha em frente, e toda a gente saltou para o avanço das tropas aliadas, que progrediam
ella, fugindo e abandonando o navio”. aproveitando o recuo do inimigo.
Quatro navios paraguaios conseguiram fugir e, Tudo levava à ilusão de que a Tríplice Aliança
com a aproximação da noite, os navios brasileiros que venceria a guerra em pouco tempo, mas tal não
os perseguiam regressaram, para evitar encalhes em ocorreu. O que parecia fácil estagnou. O Paraguai era
O trecho acima se trata do relato do Almirante III – Todos os navios da Marinha do Brasil que
Barroso a respeito da vitória brasileira sobre as forças operaram durante a guerra foram adquiridos no
navais paraguaias, na Batalha Naval do Riachuelo, exterior, pois o Arsenal de Marinha no Rio de Janeiro
ocorrida no dia 11 de junho de 165. Apesar de a não tinha capacidade tecnológica para construir
guerra ter se estendido até 1870, por que tal Batalha embarcações de guerra.
Naval pode ser considerada como decisiva para a IV – Mesmo após a ocupação de Assunção pelas
vitória da Tríplice Aliança? forças da Tríplice Aliança, em 1869, o presidente
(A) O presidente paraguaio, Francisco Solano Lopez, paraguaio, Francisco Solano López, não se rendeu,
foi morto durante a Batalha Naval do Riachuelo, fazendo com que a guerra se prolongasse até o ano de
desestabilizando as forças paraguaias. 1870.
(B) Na Batalha Naval do Riachuelo, grande parte da Assinale a opção correta.
esquadra paraguaia foi aniquilada, o que garantiu o
bloqueio naval que impediu o Paraguai de receber (A) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
armamentos do exterior. (B) Apenas as afirmativas I , II e III estão corretas.
(C) Com a vitória brasileira em Riachuelo, parte das (C) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
fortalezas paraguaias se rebelou contra o governo (D) Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
paraguaio. (E) Apenas as afirmativas II , III e IV estão corretas.
(D) Tal batalha anulou todas as forças paraguaias, de
modo que o restante do conflito foi uma marcha sem
esforços da Tríplice Aliança até Assunção. 3 - (PS-SMV-OF/2017) O dia 11 de junho e
(E) Com a vitória em Riachuelo, a Argentina entrou na considerado a Data Magna da Marinha, pois marcou,
guerra ao lado do Brasil, saindo de seu estado de em 1865, uma vitória decisiva da Força Naval
neutralidade. brasileira na Guerra da Tríplice Aliança contra o
Governo do Paraguai. "O Brasil espera que cada um
Resposta Comentada:
cumpra o seu dever" e "Sustentar o fogo que a vitória
(B) A Esquadra paraguaia foi praticamente aniquilada,
é nossa" foram os dais sinais de Barroso, Chefe de
e não teria mais participação relevante no conflito.
Divisão, no comando das duas divisões navais
Estava garantido o bloqueio que impediria que o
brasileiras no conflito.
Paraguai recebesse armamentos e, até mesmo, os
navios encouraçados encomendados no exterior. Essas informações se referem a que Batalha?
O período entre guerras, que abarcou os anos As atividades de minagem e varredura tinham
de 1918 até 1939, caracterizou-se pelo abandono a sido mantidas em segundo plano desde o fim da
que foi submetida não só a Marinha de Guerra como Grande Guerra, utilizando-se navios mineiros
praticamente toda a atividade nacional relacionada varredores improvisados. Em 1940, obedecendo ao
com o mar. A ausência de mentalidade marítima do novo programa naval então aprovado, decidiu-se pela
povo brasileiro revelou-se em toda a sua intensidade. construção no Brasil de uma série de navios mineiros
varredores, todos pertencentes à classe Carioca.
No entanto, iniciativas modestas, ainda
durante a Grande Guerra, como a criação da Escola Em 1940, a nossa Força de Alto-Mar era assim
Naval de Guerra (depois Escola de Guerra Naval), da constituída:
Flotilha dos Submarinos, com os três pequenos Esquadra:
submarinos da Classe F, e da Escola de Aviação Naval,
indicaram a necessidade de se avançar na melhoria – Divisão de Encouraçados: Minas Gerais e São Paulo.
das condições de prontidão da nossa Força Naval. – Divisão de Cruzadores: Rio Grande do Sul e Bahia.
– Flotilha de Contratorpedeiros: Maranhão, Piauí, Rio
A Revolução de 1930 representou para a Grande do Norte, Sergipe, Santa Catarina e Mato
Marinha um divisor de águas entre duas épocas Grosso.
distintas. Em relatório do Ministro da Marinha no ano – Flotilha de Submarinos: Humaitá, Tupi, Timbira e
de 1932, em que foi feita uma análise da situação da Tamoio.
Marinha, encontra-se registrada a seguinte – Trem: Tênderes Belmonte e Ceará; Navios-Tanques
declaração: “Estamos deixando morrer a nossa Novais de Abreu e Marajó; Rebocadores Aníbal de
Marinha. A Esquadra agoniza pela idade [a maior Mendonça, Muniz Freire, Henrique Perdigão e DNOG.
parte dos navios era da Esquadra de 1910], e, perdido
com ela o hábito das viagens, substituído pela vida Flotilha de Navios Mineiros Varredores:
parasitária e burocrática dos portos, morrem todas as
tradições(...) Estamos numa encruzilhada: ou fazemos – dez navios.
renascer o Poder Naval sob bases permanentes e Flotilha da Diretoria de Hidrografia e Navegação:
voluntariosas, ou nos resignamos a ostentar a nossa
fraqueza provocadora(...) estamos completamente – três navios hidrográficos e dois navios faroleiros.
desaparelhados....”.
Navio isolado:
Flotilha Fluviais:
A situação em 1940
– Cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul: instalados Comando Naval do Norte, com sede em Belém,
sonar e equipamento para ataques anti-submarino abrangendo os Estados do Acre, Amazonas, Pará,
(duas calhas para lançamento de bombas de Maranhão e Piauí.
profundidade de 300 libras);
– Navios mineiros varredores classe Carioca: Comando Naval do Nordeste, com sede em Recife,
reclassificados como corvetas. Retirados os trilhos abrangendo os Estados do Ceará, Rio Grande do
para lançamento de minas e instalados sonar e Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.
equipamentos para ataques anti-submarino (dois Comando Naval do Leste, com sede em Salvador,
morteiros K e duas calhas para lançamento de abrangendo os Estados de Sergipe, Bahia e Espírito
bombas de profundidade de 300 libras); Santo.
– Navios Hidrográficos Rio Branco e Jaceguai: mesmas
instalações das Corvetas classe Carioca e mais duas Comando Naval do Centro, com sede no Rio de
metralhadoras de 20mm Oerlikon; Janeiro, abrangendo os Estados do Rio de Janeiro e
– Navio-Tanque Marajó: instalado um canhão de São Paulo.
120mm na popa e uma metralhadora de 20mm
Comando Naval do Sul, com sede em Florianópolis,
Oerlikon;
abrangendo os Estados do Paraná, Santa Catarina e
– Tênder Belmonte: reinstalados dois canhões de 120
Rio Grande do Sul.
Oficial Temporário da Marinha- http://militarestemporarios.com.br/ Página 76
Comando Naval do Mato Grosso, com sede em designado para operar em nossas águas. A 20 de
Ladário, abrangendo as bacias fluviais de Mato Grosso agosto de 1943, pela Circular nº 5, o Comando da
e Alto Paraná. Força Naval do Nordeste alertou para a possibilidade
de desembarque de elementos isolados, tendo como
Esses Comandos, ordenando suas atividades objetivo realizar atos de sabotagem contra portos,
conforme a concepção estratégica da guerra no mar depósitos, comunicações e outros pontos vitais do
(da preparação logística e do emprego das forças ou território brasileiro.
outros elementos de defesa nas zonas que lhes eram
atribuídas, e obedecendo às diretrizes gerais
estabelecidas pelo Estado-Maior da Armada, a quem
se achavam subordinadas), constituíram uma Defesa Ativa
organização da maior importância na conduta eficaz Na História há numerosos exemplos de navios
das operações navais. Sua existência facilitou o corsários que surgiram de surpresa diante de um
desenvolvimento dos recursos disponíveis nas porto para danificarem suas instalações ou
respectivas áreas de influência, mobilizando amedrontarem suas populações. Do ponto de vista
elementos para o apoio logístico e para a defesa local. militar, os efeitos dessas incursões são reduzidos,
O chefe do Estado-Maior da Armada entrou sendo a ação, na maioria das vezes, executada para
em entendimento com seus colegas do Exército e da desorganizar a vida da localidade e obter efeitos
Aeronáutica para organizar um serviço conjunto de morais.
vigilância e defesa da costa, tendente a prevenir a Com o advento do submarino, o perigo
possibilidade de aproximação e desembarque tornou-se maior, com a possibilidade de
inimigos. torpedeamento de navios surtos nos portos. Por esses
Defesas Locais motivos, foi organizada a defesa ativa, atuando em
pontos focais da costa, com a finalidade de repelir
Desde julho de 1942, por meio da Circular nº qualquer ataque aéreo ou naval inimigo, por meio de
40, do dia 14, em atendimento às Circulares Secretas ações coordenadas da Marinha de Guerra, do Exército
nº 9 e 33, respectivamente de 22 de janeiro e 12 de e da Aeronáutica. Adotaram-se seguintes medidas de
junho de 1942, o Estado-Maior da Armada defesa ativa adotadas:
determinou que se observassem as instruções que
orientavam as atividades de cada capitania de porto Rio de Janeiro – Instalação de uma rede de aço
ou delegacia, em benefício da Segurança Nacional. protetora no alinhamento Boa Viagem – Villegagnon e
coordenação do serviço de defesa do porto com as
A ação do Estado-Maior da Armada estendeu- fortalezas da barra. A rede era fiscalizada por lanchas
se ao serviço de carga e descarga dos navios velozes, e a sua entrada aberta e fechada por
mercantes nos portos, tendo, para esse fim, rebocadores. O patrulhamento interno cabia aos
coordenado sua ação com a do Ministério da Viação e navios da chamada Flotilha “João das Bottas”
Obras Públicas e com a Comissão de Marinha (constituída de navios mineiros e de instrução),
Mercante. Preocupou-se, também, com as luzes das rememorando a flotilha de pequenas embarcações
praias e edifícios próximos aos portos, ou em regiões comandada pelo Segundo-Tenente João Francisco de
que pudessem silhuetar os navios no mar, alvos dos Oliveira Bottas, que fustigou os portugueses
submarinos inimigos. encastelados em Salvador e na Baía de Todos os
Santos na Guerra de Independência.
Imaginava-se que o Alto Comando alemão
traçaria planos para realizar ataques maciços aos Externamente, ou onde fosse necessário,
portos brasileiros. Em agosto de 1942, chegou a ser atuavam os antigos contratorpedeiros classe Pará,
ventilada pelo Alto Comando Naval alemão a oriundos do programa de reaparelhamento naval de
autorização para investida em nossas águas de vários 1906, recebidos em 1910, com mais de 30 anos de
submarinos. No entanto, somente o U-507 foi intensa operação. A responsabilidade da defesa ficou
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afeta ao Comando da Defesa Flutuante, subordinado equipamentos semelhantes no Recife, a fim de
ao Comando Naval do Centro. localizar submarinos;
CRONOLOGIA
DATA EVENTO
Apresentação na Câmara dos
Deputados do programa de
Julho de
reaparelhamento naval do Almirante
1904
Júlio de Noronha pelo Deputado
Laurindo Pitta.
Aprovação do programa de
Nov. de reaparelhamento naval do Almirante
1906 Júlio de Noronha modificado pelo
Almirante Alexandrino de Alencar.
Ago. de
Começa a Primeira Guerra Mundial.
1914
A Alemanha estabelece bloqueio sem
17/01/1917 restrições ao comércio marítimo com os
Aliados.
Rompimento das relações diplomáticas
11/04/1917
entre o Brasil e a Alemanha.
Declaração de guerra entre o Brasil e a
26/10/1917
Alemanha.
DNOG suspende de Fernando de
01/08/1918
Noronha com destino à África.
09/11/1918 Termina a Primeira Guerra Mundial.
09/06/1919 DNOG regressa ao Rio de Janeiro.
01/09/1939 Começa a Segunda Guerra Mundial.
Assinatura da Lei de Empréstimos e
11/03/1941 Arrendamentos – Lend Lease – com os
Estados Unidos da América.
Brasil rompe relações diplomáticas com
28/01/1942
os países do Eixo.
Declaração de guerra entre o Brasil e a
Alemanha – Criação dos Comandos
31/08/1942
Navais na costa brasileira e Mato
Grosso.
05/10/1942 Criação da Força Naval do Nordeste.
Torpedeamento do Navio-Auxiliar Vital
19/07/1944 de Oliveira no través do Farol de São
Tomé.
Afundamento da Corveta Camaquã
21/07/1944
próximo a Recife.
08/05/1945 Termina a Segunda Guerra Mundial.
Afundamento do Cruzador Bahia entre
04/07/1945
o Nordeste e a África.
A Força Naval do Nordeste regressa ao
07/11/1945
Rio de Janeiro.
Resposta:
(D)
Resposta:
(B)
(A) Sustentação.
(B) Dissuasão.
(C) Intimidação.
(D) Coerção deterrente.
(E) Imposição.
Resposta:
(D)
Os primeiros navios encouraçados foram as 1) uma bateria principal com canhões de 304mm a
fragatas francesa Gloire e inglesa Warrior, construídas 406mm, geralmente dispostos em torres tríplices e
em 1860. Eram navios a vela e vapor, tendo seus que lançavam projéteis pesando cerca de uma
números canhões nas cobertas, que ficavam tonelada a mais de 20 milhas de distância;
protegidas pela couraça. Na Gloire, a couraça 2) uma bateria secundária com canhões de 122mm ou
estendia-se por todo o comprimento do casco, desde 147mm, em numero de 15 a 20, dispostos em torres
o convés até dois metros abaixo da linha-d‘água em duplas;
plena carga, e tinha a espessura de 120mm nas obras 3) bateria antiaérea com armas automáticas de
vivas e 110mm nas obras mortas. A Warrior tinha uma pequeno calibre.
cinta couraçada estendendo-se por 60 metros na A modernização dos encouraçados que estão
parte central do casco, limitada na proa e a ré por em serviço inclui: substituição de parte de sua bateria
duas anteparas transversais de couraça. O calibre dos secundária e antiaérea por lançadores de mísseis de
canhões foi aumentando gradualmente com a cruzeiro e antinavio; instalações de novos sensores,
espessura das couraças até que, com o surgimento sistema de defesa antimíssil, sistema de direção de
das primeiras torpedeiras, entre 1875 e 1880, houve tiro e equipamentos de guerra eletrônica passiva e
necessidade de se adotar nos encouraçados uma ativa; e capacitação para operar três helicópteros de
artilharia de calibre médio e tiro rápido. porte médio.
Na Guerra Russo-Japonesa (1904-1905) O encouraçado é, em síntese, uma plataforma
apareceram os encouraçados maiores, bem armados, flutuante móvel de canhões de grosso calibre e longo
com canhões de grosso, médio e pequeno calibre. Em alcance. A couraça constitui a principal proteção
1906, a Inglaterra revolucionou a arquitetura naval contra tiros de canhão. A espessura da couraça varia
com a construção do tipo Dreadnought, em que se nas diferentes partes do casco, devendo a espessura
suprimia a artilharia médio calibre, aumentavase o máxima ser aproximadamente igual ao calibre dos
deslocamento para 18.000t e a velocidade para 21 canhões dos navios semelhantes de outras nações.
nós. Logo em seguida, em 1910, o mesmo país sentia Considera-se que a couraça deve resistir à penetração
necessidade de restaurar a bateria secundária ao dos projéteis de calibre igual a sua espessura, quando
construir para o Brasil os Encouraçados Minas Gerais lançados das distâncias usuais de tiro.
e São Paulo, os maiores navios daquela época, cujo
tipo evoluiu nos encouraçados da Segunda Guerra A couraça é de maior espessura nas torres e
Mundial. na cinta, onde é mais provável o impacto direto dos
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projéteis em ângulo favorável à penetração. Na torres deslocamento de 1.800t (no último quartel do século
dos canhões e na torre de comando, a espessura pode XIX houve fragatas mistas, a vela e a vapor).
atingir 457mm.
(Do português) Embarcação de boca aberta e
A couraça lateral é uma cinta encouraçada de popa chata, com um mastro que enverga vela latina
pouco mais de uma altura de coberta, estendendose quadrangular e duas velas de proa, 200 a 300t de
ao longo da parte central do casco, que compreende capacidade de carga, usada no Rio Tejo para
suas partes vitais, na linha-d’água e um pouco abaixo. transporte de mercadorias.
(A) Galera.
(B) Monitor.
(C) Galé.
(D) Galeão.
(E) Fragata.
Resposta:
(D)
(A) Fragata.
(B) Galeão.
(C) Monitor.
(D) Galera.
(E) Encouraçado.
Resposta:
(B)
Resposta:
(C)
Em 1843, as mudanças tecnológicas chegaram Os franceses, mais uma vez, se adiantam aos
também às minas marítimas. Samuel Colt ingleses, lançando ao mar, em 1848, o primeiro navio
desenvolveu um sistema de “minas controladas”, em de linha a hélice, de propulsão mista, o Napoléon,
que as minas eram explodidas por ação de um projeto do grande Dupuy de Lôme: usando apenas o
observador que acionava um dispositivo; uma vapor, o Napoléon alcançou a velocidade de 14 nós.
corrente elétrica circulava então ao longo de cabos Só nesse ano, três aos após os franceses, os ingleses
submarinos, fazendo a mina explodir quando o navio- lançaram suas primeiras fragatas a hélice.
alvo estava próximo. Durante os testes, um navio a 5
milhas de distância do posto de observação foi Os alemães, em 1848, desenvolveram uma
destruído por uma dessas minas. série de testes na universidade de Kiel visando a
melhorar as minas existentes. As minas controladas,
O primeiro navio de guerra de certo porte a por eles aperfeiçoadas, foram usadas na guerra de
usar o hélice só surgiu em 1844: a Fragata USS emancipação de Schleswig-Holstein com o propósito
Princeton, com hélice Ericsson. de proteger o Porto de Kiel da frota holandesa: pela
primeira vez, portanto, é usado um campo de minas
Na Inglaterra ganha força a ideia de que o em caráter defensivo e não, como era usual até então,
hélice não deveria ainda ser usado em navios de linha, em caráter ofensivo.
acreditando-se que a roda era mais eficaz. Para
dirimiras “dúvidas”, o Almirantado, em 1845, fez Em 1850, com dois anos de atraso em relação
realizar uma série de provas entre a Escuna Rattler, a aos franceses, os ingleses lançam o seu primeiro navio
hélice, e a Escuna, de mesmo tamanho e potência, de linha a hélice, o HMS Agamemnon; usando
Durante o conflito da Tríplice Aliança, os No ano de 1870 tem lugar a Guerra Franco-
paraguaios lançaram mão da guerra de minas, sob Prussiana última etapa do processo de unificação da
inspiração da Guerra da Secessão. Para tanto, Alemanha, sob a liderança da Prússia de Bismarck. Foi
contrataram um ex-oficial da Marinha dos Estados um conflito exclusivamente terrestre, sendo decidido
Unidos, Thomas H. Bell, que produziu minas no muito rapidamente na batalha de Sedan; a
Arsenal de Assunção. As minas ali desenvolvidas incontrastável superioridade naval francesa – a França
consistiam num recipiente vedado, cheio de pólvora, era o Poder Naval de desafiava o Poder Naval
preso a um flutuador, com um sistema mecânico de hegemônico da Inglaterra – não teve nenhuma
disparo. As minas eram lançadas rio abaixo contra os influência na guerra. Pode-se tirar disso uma
navios brasileiros. importante lição: para que o Poder Naval possa
exercer todas as suas capacidades é indispensável que
Para se prevenir contra este tipo de guerra, o a guerra tenha certa duração, conforme já ficara claro
Brasil contratou por sua vez um engenheiro norte- na Guerra Austro-Prussiana, quando a derrota no mar
americano que durante a guerra civil, servira à dos italianos, aliados da Prússia, não teve
Marinha dos Estados Confederados: James Hamilton consequências significativas para o desfecho do
Como todos os países de pequena Marinha, o O primeiro navio a usar esta couraça foi o
Brasil, nesta década, voltou-se para as torpedeiras e, a Cruzador francês Dupuy de Lôme, lançado ao mar em
sua principal arma, o torpedo autopropulsado. Foram 1890. Ele dispunha de uma cinta encouraçada ao
criadas oficinas de torpedos, tanto no Arsenal da longo de todo o casco, de apenas 4 polegadas de
Corte como no de Mato Grosso. As consequências espessura, mas de resistência superior à das couraças
dessa preocupação puderam ser vistas quando da anteriores, de espessura muito maior; a borda inferior
Revolta da Armada (1893-5) contra Floriano Peixoto. da cinta ligava-se a um convés protetor abobadado,
Em 1894, a Torpedeira Gustavo Sampaio, das forças de 1,5 polegada de espessura; abaixo deste convés,
que apoiavam Floriano, atacou e afundou num ataque protegendo as praças de máquinas, vinha um outro
noturno o Encouraçado, das forças rebeladas, convés à prova de estilhaços, sendo o espaço entre os
Aquidabã, que estava fundeado; o navio foi dois conveses cheio de carvão, como uma proteção
posteriormente reflutuado, reparado e modernizado. adicional. O espaço por trás da couraça era ocupado
por uma estrutura estanque, de 3,5 pés de largura,
Outras construções foram feitas no Arsenal da dividida em pequenos compartimentos cheios de
Corte no final da década de 80: em 1887 é iniciada a celulose. Este sistema, conhecido como de "defesa em
Só três navios russos sobreviveram e puderam A confiabilidade das turbinas como sistema
alcançar Vladivostock – dois destróieres e o Cruzador de propulsão ficou demonstrada na prática quando o
Ligeiro Almaz; seis pequenos navios chegaram a Dreadnought realizou uma viagem de 17.000 milhas
portos neutros e foram internados; dois encouraçados marítimas, numa excepcional velocidade mantida de
que não afundaram foram aprisionados, reparados e 17,5 nós, sem apresentar qualquer avaria, um feito
mais tarde incorporados à Marinha japonesa (prática impensável na época das máquinas alternativas.
que tinha sido comum na era da Marinha a vela).
Também no Brasil, a Batalha de Tsushima
Nenhum navio de linha japonês foi perdido; teve importantes desdobramentos.
apenas três torpedeiras foram afundadas. Sofreram
avarias de diferentes graus três cruzadores e seis Depois de um longo período sem que se
destróieres. investisse na renovação da frota naval, pelas razões
apontadas, o Plano Naval de 1904, do Almirante Júlio
É incontestável que a vitória de Tsushina foi de Noronha, foi aprovado e foram alocadas as verbas
tão decisiva quanto a de Trafalgar. para a sua implantação. Isto se devia à melhoria das
condições financeiras do País (o Compromisso de
Em 1904 são lançados ao mar os Submarinos Taubaté relativamente ao café e a exploração da
franceses Aigrette e Cigone, são navios de 175 borracha natural na Amazônia para atender à
toneladas, flutuabilidade de 29%; são os primeiros demanda criada pela jovem indústria automobilística)
navios a usar os novos motores de combustão mas, também, ao apoio do Barão do Rio Branco,
interna que queimam óleos pesados. chanceler no período de1902 a 1912 , que, com sua
A concretização das expectativas de Cuniberti visão esclarecida, defendia a importância de o Brasil
e Fisher em Tsushima logo tiveram conseqüências desenvolver um Poder Naval consentâneo com as
práticas. suas aspirações, um verdadeiro instrumento de apoio
à política externa do País.
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