Você está na página 1de 146

MANUAL DE PRÁTICA

FORENSE

[Modelo de Requerimentos
& Peças processuais]

2º Volume - 2018

©IPAJ

1
MANUAL DE PRÁTICA
FORENSE

[Modelo de Requerimentos
& Peças processuais]

2º Volume - 2018

Ficha Técnica
Título: Manual de Prática Juridica ● Modelo de Requerimentos e peças processuais
Propriedade: Instituto de Patrocínio e Assistência juridica -IPAJ
Coordenação: Direcção de assistência jurídica e judiciária - IPAJ
Edição e Revisão: NVS-Advogados, Lda.
Design & Layout:
impressão:
Tiragem: 1000 exemplares.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou mesmo
transmitida por meios eletrónicos ou gravações, sem a permissão por escrito do autor e do proprietário. Os pontos de
vista expressos nesta publicação não são necessariamente os do IPAJ.
Maputo – 2018.

2
INDÍCE
PREFÁCIO...........................................................................................................................5
NOTA INTRÓDUTORIA....................................................................................................6
ABREVIATURAS...............................................................................................................7
1. DAS ACÇÕES DECLARATIVAS ORDINÁRIAS........................................................9
1.1. Modelo de Acção declarativa de condenação............................................................9
1.2. Modelo de Acção declarativa de condenação (2)....................................................13
1.3. Modelo de Acção declarativa de simples apreciação positiva.................................17
1.4. Modelo de Contestação à Acção declarativa...........................................................22
1.5. Modelo de Contestação à Acção declarativa (2).....................................................27
2. DAS ACÇÕES EXECUTIVAS.....................................................................................34
2.1. Modelo de Acção executiva para pagamento de quantia certa................................34
2.2. Modelo de Acção executiva para pagamento de quantia certa (2)..........................37
2.3. Modelo de Acção executiva para pagamento de quantia certa (3)..........................39
2.4. Modelo de Embargo à Acçao executiva..................................................................41
2.5. Modelo de Embargo à Acçao executiva (2)............................................................45
2.6. Modelo de Embargo à Acçao executiva (3)............................................................47
2.6. Modelo de Embargo de Terceiros à Acçao executiva.............................................50
2.7. Modelo de Embargo de Terceiros à Acçao executiva.............................................53
3. DAS PROVIDÊNCIAS CAUTELARES...................................................................56
3.1. Modelo de providência cautelar de restituição provisória de posse........................56
3.2. Modelo de providência cautelar de embargo de obra nova.....................................62
3.3. Modelo de contestação providência cautelar...........................................................66
3.4. Modelo de Contestação à providência.....................................................................69
5. DAS ACÇÕES POSSESSÓRIAS..................................................................................73
5.1. Modelo de Acção especial de manutenção de posse...............................................73
5.2. Modelo de Acção de reivindicação de propriedade.................................................77
5.3. Modelo de Acção especial de despejo.....................................................................80
6. DAS ACÇÕES DE FAMÍLIA E MENORES................................................................85
6.1. Modelo de acção de adopção...................................................................................85
6.2. Modelo de acção de Tutela......................................................................................88
6.3. Modelo para acção de Invetário obrigatório............................................................90
6.4. Modelo de acção de Investigação da Paternidade...................................................93
6.5. Modelo de requerimento e acordos para divórcio por mútuo consentimento.........96
6.6. Modelo de acordos extrajudicial para separação e divisão de coisa comum.........104
7. DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO................................................................107
7.1. Modelo de Suspensão Da Eficácia do Acto Administrativo.................................107

3
7.2. Modelo de Recurso contencioso para declaração de nulidade do acto administrativo
......................................................................................................................................112
Proc. n...........................................................................................................................112
7.3. Modelo de Intimação contenciosa para comportamento de órgão administrativo 119
Proc. n...........................................................................................................................119
8. DOS RECURSOS.........................................................................................................122
8.1. Modelo de Recurso Extraordinário........................................................................122
8.2. Modelo de Recurso de apelação............................................................................127
9. RECLAMAÇÃO POR RETENÇÃO DO RECURSO.................................................136
10. CARTAS/INTERPELAÇÕES EXTRAS JUDICIAIS...............................................139
11. ACORDOS DE TRANSACÇÃO...............................................................................143
11. REQUERIMENTO DA EXTINÇÃO DA INSTÂNCIA...........................................149
12. ACORDOS REVOGATÓRIOS.................................................................................150
13. MODELOS DE RESPOSTAS À NOTA DE CULPA...............................................155
14. RECURSO GRACIOSO DA DECISÃO DO PROCESSO DISCIPLINAR.............165

PREFÁCIO

A motivação da publicação do 2º Volume de Manual de Pratica Forense pelo Instituto de


Patrocínio e Assistência Jurídica - IPAJ, criado pela Lei n.º 6/94, de 13 de Setembro,
enquadra-se nos esforços desta instituição de dotar os defensores públicos, estudantes,
advogados estagiários e aos profissionais do foro, de mais uma ferramenta indispensável a
prestação de serviços de assistência jurídica e o patrocínio judiciário de qualidades ao
cidadão economicamente desprotegido.

4
Para além de matérias já tratadas no 1º Volume de Manual de Pratica Forense, procurou-
se alargar a outras matérias como o contencioso administrativo, os recursos e os acordos
de transação, de modo a responder à demanda que o quotidiano nos impõe.
Esperamos que este 2º Volume de Manual de Pratica Forense atinga os objectivos
almejados.

Justino Ernesto Tonela


Director-geral

5
NOTA INTRÓDUTORIA

A presente publicação do 2º Volume de Manual de Pratica Forense visa dotar os


defensores públicos, estudantes, advogados estagiários e aos profissionais do foro, de
mais uma ferramenta indispensável a prestação de serviços de assistência jurídica e o
patrocínio judiciário de qualidades ao cidadão economicamente desprotegido.

O 1º Volume resultou de um esforço embrionário da Direcção do IPAJ, que com a


contribuição dos defensores públicos tornarem realizável um sonho.

Ficou o compromisso no 1º Volume de, na próxima edição, neste caso, no 2º Volume,


trazer à tona exemplos de matérias ligadas aos processos administrativos e outros,
matérias já incluídas.

Pretende-se deste modo dar seguimento aos compromissos assumidos e espera-se, que o
mesmo sirva de mais um instrumento para a melhoria da qualidade dos serviços de
assistência e patrocínio judiciário ao cidadão carenciado.

6
ABREVIATURAS

A – Autor
C. Civil – Código Civil
Cod. Com – Código Comercial
CPC – Código de Processo Civil
CRM – Constituição da Republica de Moçambique
IPAJ – Instituto de patrocinio e Assistência jurídica
LF – Lei da Família
MP - Ministério Publico
R – Réu
Segt(s) – Seguinte (s)

7
Modelo de Requerimentos
&
Peças processuais

1. DAS ACÇÕES DECLARATIVAS ORDINÁRIAS

8
1.1. Modelo de Acção declarativa de condenação

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal Judicial da Cidade De


Maputo
Maputo
Proc. N.___1
____Secção

JOÃO LUÍS2, maior, de nacionalidade moçambicana, residente no Bairro da Central,


Avenida Eduardo Mondlane nº145, médico de profissão, Autor, doravante designado por
(A), vem propor3 a presente ACÇÃO DECLARATIVA DE CONDENAÇÃO SOB A
FORMA DE PROCESSO ORDINÁRIO contra,

BM, LDA, sociedade comercial por quotas, com sede na cidade de Maputo, Av. Paulo
Samuel Kankomba, n.º23, 1.º Andar, Esquerdo, Ré, doravante designada (R), o que o faz
nos termos e com os fundamentos seguintes:

Dos Factos
1.º
A e a R celebraram um contrato de prestação de serviços de saúde, a favor dos clientes da
R conforme atesta o doc. Anexo sob n.º 1.

2.º
Nos termos do referido contrato ficou acordado que A. devia prestar assistência médica,
apresentar facturas dos serviços prestados, indicando os valores a serem pagos pela R, o
que sempre foi feito por parte do A.

3.°

1
Ao intentar-se a acção pela primeira vez, não se coloca o número de processo, nem a secção, pois, estes
irão resultar do processo de distribuição interna na secretaria do Tribunal, podendo-se, no entanto, tendo em
conta o Tipo de processo referir que o processo irá decorrer na secção cível ou criminal do Tribunal.
2
De acordo com a al. a) do n. 1 do artigo 467 do CPC, na petição, com que se propõe a acção, deve o autor
identificar as partes, indicando os seus nomes, domicílios (pessoa singular) ou sedes (pessoa colectiva) e se
possível a profissão e local de trabalho. Nada obsta que se possa indicar outros dados que permitam o
oficial de diligência a localização das partes como seja o número de telefone, o estado civil das partes de
forma a determinar a capacidade judiciária e a legitimidade das partes, bem como a idade naquelas
situações em que a parte ou as partes sejam solteiras.
3
Nada impede que o autor possa usar outros termos, por exemplo: “vem intentar contra; ou vem fazer seguir
contra”

9
Conforme acordado A foi recebendo em nome da R., pacientes para consultas e
tratamentos médicos, cumprindo desta forma com as suas obrigações contratuais.
Sucede que,
4.°
A, enviava frequentemente facturas em cobrança, a R mas esta nunca se dignou a efectuar
os pagamentos das mesmas.
De referir que,
5.°
Por constatar-se avultados danos causados pelo incumprimento reiterado do contrato por
parte da R, o A esgotou a sua paciência e decidiu suspender a prestação dos serviços, que
aliás, é uma das medidas previstas no contrato (Cláusula 5ª).

6.º
Os serviços foram prestados até o mês de Fevereiro de 2016, totalizando uma divida no
valor 1.141.179.00Mts (Um milhão, cento quarenta e um mil, cento setenta e nove
meticais) conforme atesta as facturas anexas sob nº 2.
7.°
Várias, foram as tentativas verbais com vista a ultrapassar o diferendo de forma extra-
judicial mas infelizmente não surtiram o efeito desejado, muito menos o tempo, fez a R
considerar.
8.°
Ainda no âmbito da resolução extra judicial enviou uma carta de interpelação a R., para o
pagamento da dívida, (Vide doc. anexo sob n.º 3).
9.º
Como forma de reconhecimento da divida a R enviou um e-mail propondo o pagamento
da mesma em sete prestações, o que foi recusada pela A, por não ser confortável. (Vide
documento anexo sob n.º 4).
10.º
Importa referir que, dias depois de A enviar a sua contraproposta foi enviando vários e-
mails a exigir algum pronunciamento por parte da R., mas infelizmente esta optou pelo
absoluto silêncio, confirmando desta forma a sua falta de vontade em resolver o diferendo
de forma pacífica. (Vide docs. anexo sob n.º 5).

Do Direito
11.º

10
Conforme previsto no artigo 406.º do C. Civil as partes contratantes devem cumprir
pontualmente os contratos. A.;cumpriu com a sua obrigação de prestação de serviços de
assistência médica aos pacientes da R., porém, esta não cumpriu com a sua obrigação de
pagar o preço a A.;
12.º
Dispõe o artigo 798.º e nº 1 do artigo 804 do C. Civil que, “o devedor que falta
culposamente ao cumprimento da obrigação, torna-se responsável pelo prejuízo que
causa ao credor” por interpretação desta disposição legal, a R. é responsável por todos os
danos que causou à A. com o incumprimento da sua obrigação de pagar o preço devido.

13.º
Mais ainda, o devedor considera-se constituído em mora quando, por causa que lhe seja
imputável, a prestação, ainda possível, não foi efectuada no tempo devido”, conforme
estatui o artigo 804.º do C. Civil.

14.º
Nas obrigações pecuniárias, a indemnização compreende os juros, a contar do dia da
constituição em mora (art. 806.º, n.º 1 do C. Civil), os juros são os legais (art. 806.º, n.º 2
do C. Civil), cuja taxa é de 5% (art. 559.º do C. Civil).

Do Pedido
Nestes termos, e nos mais de direito ao caso aplicável, e com mui douto
suprimento de V. Excia, requer que recebida a presente acção, por
provada deve ser, condenada a Ré a pagar a Autora, a quantia
de1.141.179.00Mts (Um milhão cento quarenta um mil, cento setenta nove
meticais), acrescido de juros de mora vincendos, calculados à taxa legal
de 5% até integral pagamento, bem como as custas e demais encargos
processuais.
Para tanto, requer-se a V. Excia. se digne ordenar a citação da Ré para,
querendo, contestar, no prazo e sob cominação legal, seguindo os demais
e ulteriores termos até final.

Valor da acção: 1.141.179.00Mts (Um milhão cento quarenta um mil cento setenta
nove meticais)

11
Junta: Procuração, documentos de prova4 e duplicados legais
Local, data, mês e ano
Mandatário
_____________________
Nome e assinatura do mandatário
CP nº
1.2. Modelo de Acção declarativa de condenação (2)

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal do Distrito Municipal


de Kapfumo
Maputo
Proc. N.___
___Secção

BERNARDO ÂNGELO, moçambicano, maior, residente na Cidade de Maputo, na Vila


Olímpica nº146, Bairro de Zimpeto, engenheiro agrónomo, neste acto representado pelo
seu mandatário judicial, conforme procuração em anexo, adiante Autor (A), vem intentar
a presente ACÇÃO DECLARATIVA DE CONDENAÇÃO, SOB A FORMA DE
PROCESSO ORDINÁRIO, contra

JUDAS MEQUISSENE e BELINHA ANTÓNIO, moçambicanos, maiores, economista


e agrónomo respectivamente, residentes na Cidade de Maputo, na Av. Eduardo
Mondlane, nº2, 1º andar, flat 2, adiante Réus (RR), , o que faz nos termos e com os
fundamentos que se seguem.

Dos Factos
1.º
O A é um engenheiro agrónomo dedicando-se igualmente a actividade de consultoria na
área agrária.
2.º

4
Estabelece o n. 2 do artigo 467 do CPC, que com a petição inicial, o autor deve juntar documentos
(documentos que provem os factos invocados na petição inicial), apresentar o rol de testemunhas, que não
pode exceder a vinte n. 1 do artigos 632 do CPC, podendo as partes, no prazo de cinco dias depois de
notificados do despacho saneador, se a ele houver lugar, alterarem querendo o rol de testemunhas e requerer
quaisquer outras provas ou alterar os meios probatórias requeridos nos articulados ou no prazo de quinze
dias antes da data em que se realiza a audiência de julgamento – n. 1 do artigo 512 conjugado com o n. 1 do
artigo 631 do CPC, sob pena de não poder fazê-lo à posterior.

12
Foi assim que o A; conheceu os RR que se dedicam a comercialização de produtos
agrários numa farma no Distrito de Boane.

3.º
Em virtude dessa relação de amizade no dia 22 de Setembro de 2014, os ora RR
solicitaram ao ora A um empréstimo monetário no valor de 250.000,00mts (duzentos e
cinquenta mil meticais).
4.º
O referido montante destinava-se a produção e venda de dois hectares de tomate e deveria
ser reembolsado em função da respectiva produção e venda.
5.º
Portanto, a parceria entre o A e os RR cingia-se na disponibilização do valor
(250.000,00mts) por parte do A ficando os RR responsáveis pela gestão do processo
produtivo.
6.º
O processo de produção que iniciou em 2015 permitiu visitas de campo por parte do A,
sendo que a última das quais, lhe permitiu constatar o bom estado de desenvolvimento da
cultura (tomate).
7.º
Acontece que, os ora RR não envolveram o A no processo de venda da produção (tomate)
e muito menos o informaram das receitas obtidas nesse processo.
8.º
Aliás, só depois de muita insistência por parte do A é que o informaram que o processo
não tinha corrido conforme planeado e que os RR tinham tido prejuízos e se
comprometeram a apresentar as respectivas contas.

9.º
Ocorre que até ao presente momento os RR não apresentam as tais contas e muito menos
se dignam a restituir o valor ora recebido, não obstante diversas interpelações nesse
sentido (vide docs em anexo).

10.º
Mais ainda, é que tentativas de resolver este assunto amigavelmente não lograram
nenhum resultado por culpa dos RR.

13
11.º
O comportamento dos RR não só é abusivo como demonstra que os mesmos se pretendem
enriquecer á custa do sacrifício do A.

12.º
Sabem os RR que o A é engenheiro agrónomo e consultor na área e acompanhou o
processo de produção até quase á colheita tendo apenas sido excluído do processo de
venda só para os RR ficarem com os rendimentos.

Do Direito
13.º
Dispõe o nº1 do artigo 473.º do C. Civil que “aquele que, sem causa justificativa,
enriquecer á custa de outrem é obrigado a restituir aquilo com que injustamente se
locupletou.”

14.º
Nos termos do artigo 227 do C. Civil, as partes devem sempre agir segundo as regras de
boa-fé sob pena de responder pelos danos que culposamente causar a outra parte.

15.º
Devem, pois, os RR solidariamente ao A não só 250.000,00 MZN (duzentos e cinquenta
mil meticais) como também 40% deste valor correspondente a 100.000,00mts (Cem mil
meticais) totalizando assim 350. 000,00mts (trezentos e cinquenta mil meticais), conforme
pontos 1 e 8 do contrato.

16.º
Uma vez que A acompanhou todo o processo de produção até quase á colheita e foi
excluído do processo de venda, nos termos do nº1 do artigo 406.º do C.Civil “o contrato
deve ser pontualmente cumprido.”

Do Pedido

Nestes termos e nos mais de direito ao caso aplicáveis e sempre com o mui
douto suprimento de V.Excia, deve a presente acção ser julgada

14
procedente por provada e por via dela condenar-se solidariamente os ora
RR a pagar ao A; a quantia de 350.000,00mts (trezentos e cinquenta mil
meticais).
Requer ainda, que uma vez recebida e autuada sejam os RR citados para
contestar, querendo, devendo os autos prosseguir seus termos até final.

Valor da acção:350.000,00mts (trezentos e cinquenta mil meticais).


Junta: Procuração forense, 1 documentos (Contrato), duplicados legais.
Testemunhas5:Carlos Psene, moçambicano maior, enfermeiro, residente no bairro de
Josina Machel, quarteirão n. 12, casa n. 21 na cidade de Maputo; Júlia Jamo maior,
domestica, residente no bairro de Josina Machel, quarteirão n. 22, casa n. 43 na cidade de
Maputo e Aldalberto Júnior maior, mecânico, residente no bairro de Josina Machel,
quarteirão n. 14, casa n. 43 na cidade de Maputo

Local, data, mês e ano

O mandatário
____________________
Nome/assinatura do mandatário
C.P nº

1.3. Modelo de Acção declarativa de simples apreciação positiva

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal da Cidade de Maputo


Maputo
Proc. N.___
____Secção

5
Tem sido prática a não identificação correcta das testemunhas, colocando-se apenas o nome completo e o
termo “notificáveis através do “Autor ou do Réu”, procedendo-se contra a norma prevista no n. 1 do artigo
619 do CPC que estabelece que “As testemunhas são designadas no rol pelo seus nomes, profissões e
moradas e outras circunstancias necessárias para as identificar”.

15
PERNUDO XITIQUE, maior, de nacionalidade moçambicana, residente na Cidade de
Maputo, Bairro de Albasine, Q. nº2, célula “B”, casa nº58, contactável pelo telemóvel nº
897654321 ou através de seu mandatário judicial conforme procuração em anexo, adiante
Autor (A), vem intentar a presente ACÇÃO DECLARATIVA DE SIMPLES
APRECIAÇÃO POSITIVA, SOB A FORMA ORDINÁRIA, Contra

1. ADMINISTRAÇÃO DO PARQUE IMOBILÁRIO DO ESTADO (APIE), através


de seu representante legal, sita na Av. Eduardo Mondlane nº2815, nesta Cidade de
Maputo, adiante primeiro co-réu, e,
2. JOAQUIM PARAÍSO, moçambicano, maior, com domicílio na Av. Albert Lithuli nº
18, 2º andar, nesta Cidade de Maputo, adiante segundo co-réu, , o que faz nos termos e
com os fundamentos que se seguem.

Dos factos
1.º
O ora A; celebrou em 1976, com o primeiro co-réu (APIE), um contrato de arrendamento
de um imóvel, nº 211, localizado na Av. Albert Lithuli com o nº18-1 r/c, esquerdo, nesta
Cidade de Maputo, descrito na Conservatória de Registo Predial sob o nº8472, folhas 173,
Livro B/23, vide cópia de documento que vai em anexo como doc 1 e que se dá por
integralmente reproduzido para todos efeitos legais.

2.º
O referido imóvel é uma fracção autónoma “B-1” R/C, que integra uma oficina, arrumo,
duas casas de banho e um vestiário, conforme atesta a certidão anexa como doc. 2 e que
se dá por integralmente reproduzida para todos efeitos legais.
3.º
O ora A; requereu ao primeiro Co-réu (APIE) a compra do referido imóvel por via de
adjudicação uma vez ser (até ao presente momento) inquilino e cumpridor de suas
obrigações contratuais, conforme atestam os documentos 3 a 8 e que se dão por
integralmente reproduzidos para todos efeitos legais.
4.º

16
O A; requereu a compra do imóvel mas, redundou em fracasso, alegadamente, por o
primeiro co-réu (APIE) ter adjudicado parte da fracção ocupada pelo A;(Arrumo) a favor
do segundo co-réu, Joaquim Paraíso, por sinal seu vizinho do 2º andar.

5.º
Portanto, não obstante o A; ocupar e possuir efectivamente a posse do imóvel desde 1976
(nunca perdeu tal posse) e encontrar-se a pagar as rendas normalmente, não podendo
compra-lo, supostamente, porque o mesmo foi atribuído ao segundo co-réu, Joaquim
Paraíso.

6.º
Sublinhe-se que, a fracção autónoma “B-1” esquerda, propriedade do Estado (APIE) e que
é composta por uma (1) oficina, (1) arrumo, (2) duas casas de banho e vestiário é o imóvel
ocupado pelo A; desde 1976 e onde sempre exerceu suas actividades comerciais, vide
alvarás que vão anexo como doc. 9 que se dá por integralmente reproduzido para todos
efeitos legais.
7.º
Não entende pois, o A, como foi possível o primeiro co-réu (APIE) ter adjudicado o seu
imóvel ao segundo co-réu, Joaquim Paraíso, seu vizinho do 2º andar, se este imóvel nunca
foi abandonado e tem rendas em dia até á actualidade, vide cópias de documentos já
anexo como docs 3 a 8.
8.º
Não entende ainda como é possível o primeiro co-réu (APIE) adjudicar o imóvel a um
terceiro, mas entretanto, continuar a receber rendas do mesmo imóvel por parte do A; até
ao presente momento, conforme atestam os documentos 3 a 8.
9.º
O que intriga o A; é como foi possível o imóvel ser adjudicado ao seu vizinho do 2º
andar, o segundo co-réu, sabendo este, que o A; sempre desenvolveu aí as suas
actividades comerciais, conforme os documentos 10 a 12 e que se dão por integralmente
reproduzidas para todos efeitos legais.
10.º
Esta situação está a provocar limitações e impedimentos no livre exercício de direitos
sobre o imóvel que ocupa, o que tem lhe trazido enormes prejuízos em benefício do
segundo co-réu.

17
11.º
Não pode o A, por exemplo, concorrer a empréstimos bancários para financiar a sua
actividade comercial, por não possuir a propriedade do imóvel que ocupa, (desde 1976).

Do Direito
12.º
O A; nunca perdeu a posse efectiva do mesmo e a sua posse é titulada, de boa-fé, pacífica
e pública, nos precisos termos estabelecidos pelos artigos 1259, 1260, 1261 e 1262 todos
do C. Civil.

13.º
A nulidade é invocável a todo o tempo por qualquer pessoa interessada e pode ser
declarada oficiosamente pelo Tribunal, conforme estabelece o artigo 286 C. Civil.
14.º
A propósito deste aspecto Ana Prata, Dicionário Jurídico, Vol 1, 5ª edição, Almedina,
página 973, escreve que a nulidade caracteriza-se por ser “um negócio jurídico que, por
enfermar de um vício grave, não produz ab initio os efeitos jurídicos que lhe
corresponderiam… A nulidade é, em regra, insanável.”
15.º
Assim, tendo o primeiro co-réu (APIE) adjudicado o imóvel ao segundo co-réu Joaquim
Paraíso e negando a APIE ao ora A os seus mais elementares direitos de inquilino (o
direito de preferência na compra do mesmo) tal adjudicação deve ser declarada nula e de
nenhum efeito.

Do Pedido

Nestes termos e nos demais de direito ao caso aplicável e sempre com o mui douto
suprimento de V.Excia deve a presente acção ser julgada procedente por provada,
devendo:

a) Ser declarado nulo e de nenhum efeito a adjudicação do imóvel sito na Av. Albert
Lithuli, nº18-1,R/C, esquerdo, feita pelo primeiro co-réu (APIE) ao segundo co-
réu, Joaquim Paraíso.
b) Ordenar-se, em consequência, o processo de adjudicação do referido imóvel a
favor do A, legítimo ocupante e arrendatário do imóvel desde 1976.

18
c) Condenar-se os co-réus, solidariamente, no pagamento das custas judiciais e
procuradoria condigna.

Requer-se ainda, que uma vez autuada e distribuída sejam os RR citados para
contestar, querendo, prosseguindo a acção seus termos até final.
Valor da acção: 700.000,00mts (setecentos mil meticais).
Testemunhas: (nome completo, profissão, morada e outras circunstancias necessárias para
as identificar)
Junta: procuração forense, documentos de prova e duplicados legais.

Local, data, mês e ano


O mandatário
____________________________
(Nome e assinatura do mandatário)
C.P. nº

19
1.4. Modelo de Contestação à Acção declarativa

Meritíssimo Juiz De Direito do Tribunal Judicial do Distrito


Municipal Ka Mpfumo
Maputo

Processo n.º 23/14-B


3ºSecção

MARIA DAS DORES,Ré e com os demais sinais de identifidacao nos autos, vem
deduzir CONTESTAÇÃO, da acção- Acção Declarativa de Condenação movida
por ANTONIO CARRASCO e outros, por excepção e por impugnação, o que o faz
nos termos e com os seguintes factos e fundamentos:

POR EXCEPÇÃO:

Da Prescrição – POR USUCAPIÃO

1.º
A presente acção tem como objectivo declarar-se nulo o contrato de compra e venda de
imóvel celebrado entre a Ré , e o irmão mais velho dos AA, relativamente ao imóvel que
constitui a Flat n.º 10, sito no 8.ͦandar do prédio n.º 1200, Av. 25 de Setembro, cidade de
Maputo.

2.º
Sucede que o referido negócio jurídico foi celebrado em 13 de Julho de 1999, conforme
escritura pública em anexo sob Doc. 1, e feito de seguida o respectivo registo, em 29 de
Julho do mesmo ano, como se retira da cópia integral da certidão junta pelos AA, em
anexo na sua PI; (Vide Inscrição n.º 2301, a folhas 30 do Livro G 50 da Conservatória o
Registo predial de Maputo), bem como certidão predial actualizada sob Doc. 2, em
anexo.
3.º
Passam, neste momento dezoito (18) anos após a aquisição do imóvel por parte da Ré, e
esta surpreende-se com esta demanda, que entende que não faz qualquer sentido.

20
4.º
Conforme se extrai do artigo 1.287.ͦ do C. Civil, a posse do direito de propriedade ou de
outros direitos reais de gozo, mantida por certo lapso de tempo, faculta ao possuidor,
salvo disposição em contrário, a aquisição do direito a cujo exercício corresponde a sua
actuação: é o que se chama Usucapião.
5.º
A usucapião de imóveis ocorre, e tem lugar, conforme preceitua o artigo 1.294.ͦ do C.
Civil, havendo título de aquisição e registo deste, a) quando a posse, sendo de boa-fé,
tiver durado por dez anos, contados deste o registo, e,
b) Quando a posse, ainda que de má-fé, houver durado quinze anos, contados da mesma
data;
Ora,
6.º
O imóvel em alusão encontra-se na posse da Ré, há dezoito anos, e foi adquirido de boa-
fé, e consta do registo a seu favor como facilmente se pode provar com os documentos
acima referidos.
7.º
À usucapião são aplicáveis, com as necessárias adaptações, as disposições relativas à
suspensão e interrupção da prescrição (art. 1.292.ͦ C. Civil), uma vez esta invocada, os
seus efeitos retrotraem-se à data do início da posse (art. 1.288.ͦ do C. Civil).
8.º
Uma vez invocada a usucapião, como é o presente caso, para além de outras formas, a
usucapião é uma das formas de aquisição de bens imóveis, o que nos remete à prescrição,
que é excepção peremptória, que importa a absolvição total ou parcial do pedido e
consiste na invocação de factos que impedem, modificam ou extinguem o efeito jurídico
dos factos articulados pelo autor, como dispõe o n.º 3 do artigo 493.ͦdo CPC, conjugado
com a alínea b) do artigo 496.ͦdo mesmo Diploma legal.
9.º
Donde resulta que nem deve, sequer, a acção seguir, porquanto estamos em face de um
facto extintivo do efeito jurídico pretendido.
A aquisição do imóvel ocorreu no ano de 1999, e só hoje, em 2017, é que se leva adiante
a acção, o que periga a segurança jurídica.

POR IMPUGNAÇÃO À CAUTELA


10.º
21
O imóvel sub-judice resulta de um negócio de boa vizinhança, onde o ora proprietário,
Samuel Custodio iniciara, tendo a posterior conferido plenos poderes ao seu filho mais
velho, Samuel Custodio Júnior; (Vide procuração legalmente emitida. Doc. 3)
11.º
O processo de alienação encontrava-se a decorrer, e após a morte de Samuel Custodio, o
filho daquele, ora mandatário não dispunha de meios para pagar as prestações, energia e
outros custos necessários e inerentes.
12.º
Uma vez que não havia meios para os encargos ao imóvel relativos, foi feito todo o apoio
até a emissão do título de adjudicação, pese embora este só tenha sido emitido no ano de
2007, ou seja, oito anos depois, entretanto, há mais de dez anos.

13.º
A Ré adquiriu o imóvel de boa-fé, e em nenhum momento a mesma tenha entrado em
conluio com o vendedor, ora falecido, pois, conforme acima referido, o negócio inicia
ainda em vida do pai dos AA, tendo aquele conferido poderes ao filho mais velho como o
demonstra a procuração em anexo, e indicada sob Doc. 3.

14.º
Não constitui verdade o vertido nos articulados IV, V e VI da PI, nomeadamente que o
irmão mais velho dos AA e a Ré tenham usado meios fraudulentos, como a falsificação
de assinatura do pai dos AA, porquanto há evidências claras do seguimento do
expediente, uma vez que a procuração foi emitida em três de Março de 1997, e o negócio
realizado dois anos depois, nomeadamente em 13 de Julho de 1999.

15.º
Verifica-se, nos autos, uma habilitação de herdeiros, feita apenas no ano de 2016,
volvidos dezassete anos após a transmissão do bem. Que expectativas têm, os AA, após o
curso deste tempo, quando a coisa já não pertence ao de cujos. Tanto a habilitação de
herdeiros, como a presente acção são extemporâneos, não existindo quaisquer razões,
nem legais, muito menos factuais.
16.º
Para além de que o valor da causa referido é susceptível de correcção, tendo em conta as
épocas, pois, em 1999, o imóvel foi vendido ao preço de 80.000.000,00Mzn, como o
atesta a escritura pública, e hoje, o seu custo é naturalmente diferente.

22
Termos em que, nos mais de direito aplicável e noutros que forem supridos por V. Excia,
deve a presente contestação ser julgada procedente e, por via dela:
 Absolver a Ré in totum do pedido pela excepção acima aludida, porquanto,
peremptória, e procedente, bem como pelo curso do processo até a conclusão do
negócio;
 Que seja considerada improcedente a acção, porque infundada e a Ré a ser absolvida
do pedido, com a consequente imputação do A. ao pagamento das custas,
procuradoria e honorários de advogado;
Só assim far-se-á a sã,
JUSTIÇA
Valor da Causa: o da Petição Inicial
Testemunhas: (nome completo, profissão, morada e outras circunstancias necessárias para
as identificar)
Junta: Procuração forense, documentos de prova e duplicados legais

O mandatário

___________________
(Nome e assinatura do mandatário)
CP n.º…..

23
1.5. Modelo de Contestação à Acção declarativa (2)

Meritíssimo Juiz De Direito do Tribunal Judicial do Distrito Municipal de Nacala-


Porto
Nacala

Processo n.º 04/19-T


Secção Cível

DELFINA JOSÉ PEDRO, representada por Pedro Francisco, através do seu mandatário
judicial conforme procuração anexa, na acção que lhe move Alfredo Felisberto, vem
apresentar sua CONTESTAÇÃO, louvando-se dos factos, o que faz nos termos e com os
fundamentos que se seguem.

QUESTÃO PRÉVIA

Na presente nota de citação foi a Ré concedida o prazo de dez (10) dias para contestar.
Ocorre que na mesma nota consta que a acção é declarativa de condenação comum
ordinária. Ora, o prazo para contestar num processo ordinário, de acordo com o disposto
no artigo 486.º do CPC é de vinte (20) dias. Assim, V.Excia ao conceder a Ré apenas 10
dias, em vez de 20 dias, está a cercear o seu direito de defesa e consequentemente a omitir
uma formalidade essencial prescrita por lei, o que pode provocar uma nulidade
processual, conforme disposto no artigo 201 do mesmo diploma legal. Nestes termos,
tendo a Ré sido citado no dia 02 de Agosto de 2017 o seu prazo termina a 22 de Agosto
de 2017, cumprindo-se o disposto no artigo 486 do CPC, o que desde já se requer.

POR EXCEPÇÃO.

A) DA INCOMPETENCIA DO TRIBUNAL EM RAZÃO DO VALOR.

1.º

24
Na presente acção declarativa de condenação comum ordinária, a correr termos na 1ª
secção do tribunal judicial do distrito Municipal de Nacala-Porto veio o A atribuir a
mesma o valor de 1.103.223,20mts.

2.º
Os tribunais judiciais de distrito estão divididos em de 1ª e de 2ªclasses e têm
competências limitadas. Salvo o erro, o tribunal judicial do distrito de Nacala-Porto é um
tribunal judicial de distrito de 1ª classe cuja competência vai até cem vezes (100) o salário
mínimo nacional, vide al. b) do n. 1 do artigo 84 da Lei n. 24/2007, de 20 de Agosto
conjugado com a Resolução nº1/09, de 18 de Maio, do Tribunal Supremo.

3.º
Clara e inequivocamente o referido valor está além da competência desse Douto Tribunal,
pois, sendo o salário mínimo nacional de 3.996,00 Mzn significa que esse Tribunal só
pode julgar acções até 399.600,00 Mzn.

4.º
Assim, ao abrigo do disposto no artigo 108.º;nº1 do artigo 109.º; nº2 do artigo 493.º, e
al.f) do nº1494.º todos do CPC, este douto tribunal é incompetente em razão do valor para
julgar a presente acção, devendo em consequência, absolver a Ré da instância ou se não
for esse o entendimento de V.Excia remeter os autos ao tribunal competente.

B) DA ILEGITIMIDADE DO RÉ.

5.º
Da análise da presente p.i. resulta que o A intentou a acção para que Ré seja “condenada
na entrega imediata da viatura…”
6.º
Ora, salvo o devido respeito, julgamos que há um equívoco na intenção do A pois a Ré
não tem de fazer entrega de viatura alguma por não existir qualquer contrato entre ambos
nesse sentido.

7.º
A entrega da viatura cabe ao despachante contratado pelo A; se a J GLOBAL tivesse pago
as despesas de armazenagem.

25
8.º
Portanto, a Ré apenas intermediou entre o A e a JGLOBAL (esta que é representante da
BE FOWARD) vendedora da viatura no Japão.

9.º
Portanto, conforme se pode ver a relação é entre o A e a J GLOBAL (representante da BE
FOWARD) sendo a Ré parte ilegítima.

10.º
A ilegitimidade é uma excepção dilatória que leva a absolvição do Ré da instância tal
como prescrevem a al. d) do nº1 do artigo 288.º; al. b) do nº1 do artigo 474 e nº2 do
artigo493 e al. b) do nº1 do 494 todos do CPC, o que desde já se requer.

C) DA INEPTIDAO DA PETICAO INICIAL

11.º
Da análise dos presentes autos o A; chamou-a de declarativa de condenação, comum
ordinária e em seguida narra uma série de “alucinações” que designou de factos.

12.º
No entanto, no final e em jeito de conclusão pede que R seja “condenada na entrega
imediata da viatura nas mesmas condições em que fora colocada no navio no Japão.”

13.º
Portanto, o A; pretende a entrega judicial de um bem (neste caso concreto a sua viatura)
mas fá-lo de uma forma errada, pois,

14.º
Pede entrega judicial de um bem (viatura) numa acção declarativa de condenação, o que
não é permitido por lei.

15.º

26
As acções de entrega judicial são acções especiais que vêm reguladas a partir do título IV
(dos processos especiais) e capitulo VIII (da posse ou entrega judicial), do CPC.
16.º
Assim, por serem acções especiais têm uma tramitação processual que não se compadece
com a seguida pelo A.

17.º
Até porque as acções especiais não se cumulam com as acções comuns tal como fez o A,
ou seja, a acção declarativa de condenação não se cumula com a acção especial de entrega
judicial.

18.º
É pois manifesta a ineptidão da presente p.i. e uma petição inepta é uma petição nula
devendo, por isso, ser liminarmente indeferida tal como prescrevem a al.c), nº2 do artigo
193.º; al.a) do nº1 do artigo 474 e al.a) do nº1 do 494 todos do CPC, o que desde já se
requer.

1. À CAUTELA IMPUGNANDO.

19.º
A presente p.i. não deve proceder por invocar uma série de factos irreais, à excepção dos
pontos 1, 2, 3, 4, 5 e 6 que são verdadeiros os restantes pontos são meras invenções do seu
mentor com objectivo de lograr fins inconfessos, pois,
20.º
Sabe o A; que não existe qualquer contrato de compra e venda de viatura celebrado com a
aqui Ré. Neste processo a Ré interveio, apenas, como agente intermediário entre o A e o
vendedor (BE FOWARD representada pelo agente JGLOBAL)

21.º
Neste processo cabia a Ré, na qualidade de agente intermediário, o envio de toda a
documentação do A ao agente J GLOBAL LOGISTIC, apenas isso.
22.º

27
Por isso não constitui verdade que a Ré tem de entregar a viatura em causa ao A, isto é,
quem deve fazer a entrega da viatura é o vendedor (BE FOWARD -representado pela J
GLOBAL, através do despachante aduaneiro do A.
23.º
No entanto, para que tal aconteça a J GLOBAL- representante da Be Foward deve
efectuar o pagamento das taxas de armazenagem do contentor onde vem a viatura.
24.º
O A; sabe que o que derivou a falta de entrega da viatura foi a falta de pagamento das
taxas de armazenagem por parte do J GLOBAL, conforme atesta o documento 1 que vai
em anexo.

25.º
Como intermediário, a Ré tudo fez para que o processo pudesse ter um desfecho
satisfatório para o A. Porém, encontrou alguma insensibilidade por parte da JGLOBAL
em relação ao contentor em que se encontrava a viatura em causa, vide documentos 2 e 3
em anexo.

26.º
O A; não ignora que nos termos do artigo 342.º do C. Civil “àquele que invocar um
direito cabe fazer a prova dos factos constitutivos do direito alegado,” pois,
27.º
O contrato que o ligava a Ré era de mera intermediação (e não de compra e venda) entre a
GLOBAL - o vendedor) e o comprador o A, não podendo por isso imputar-lhe qualquer
responsabilidade na falta de entrega da viatura em causa.

Nestes termos e nos mais de direito ao caso aplicável deve:


a) Ser dado por procedente a excepção de incompetência desse Tribunal e em
consequência absolver-se a Ré da instância ou remeter-se os autos ao
Tribunal competente.
b) Ser dado por procedente a excepção de ilegitimidade da Ré ora suscitada
e em consequência absolver-se a Ré da instância.

28
c) Ser dado por procedente a excepção de ineptidão da petição inicial ora
arguida e em consequência declarar-se nulo o processo, absolvendo-se a
Ré da instância.
d) Ser dado por procedentes os argumentos apresentados pela Ré e em
consequência absolver-se a Ré do pedido.

Valor da acção: O da p.i.


Junta: Procuração forense, documentos de prova e duplicados legais6.

Local, data, mês e ano


O mandatário

______________________
(Nome e assinatura do mandatário)
C.P nº

6
As partes devem apresentar no cartório do tribunal quatro exemplares dos articulados: sendo uma, a
original para o tribunal; a segunda para a parte; a terceira para o arquivo em caso de necessidade de reforma
do processo, por descaminho do processo e a quarta para servir de protocolo da parte que oferece – artigo
152 do CPC.

29
2. DAS ACÇÕES EXECUTIVAS

2.1. Modelo de Acção executiva para pagamento de quantia certa

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal Judicial da Cidade De


Maputo
Maputo
Por apenso ao Proc. N.º 30/16/A
5ª Secção

JOÃO LUÍS, maior, de nacionalidade moçambicana, residente no Bairro da Central,


Avenida Eduardo Mondlane nº145, médico de profissão, de ora em diante designado
Exequente, vem propor a presente ACÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE
QUANTIA CERTA, SOB A FORMA DE PROCESSO SUMARIA7, contra

BM, LDA, sociedade comercial por quotas, com sede na cidade de Maputo, Av.
Paulo Samuel Kankomba, n.º234, 1.º Andar, Esquerdo, de ora em diante designada
Executada, , o que o faz nos termos e com os fundamentos seguintes:

DOS FACTOS
1.º
Por acordo entre a Exequente e a Executada, homologada por sentença no Proc. n.º
30/16/A, a executada reconheceu e comprometeu-se a pagar a quantia de 1.141.179,00Mts
(um milhão, cento e quarenta e um mil, cento setenta e nove meticais), proveniente de
prestação de serviços de saúde pela Exequente.
2.º
No referido acordo, a executada deveria pagar a divida em prestações mensais até ao dia
05 de cada mês, sendo que até a presente data teria feito o pagamento integral da divida
cujo termo era o mês de Setembro 2017.
3.°

7
As execuções podem ser ordinárias ou sumárias. Seguem a forma ordinária, as execuções que independente
do valor se fundem em: titulo executivo que não seja decisão judicial condenatória (acordos extra-judiciais,
sentenças homologatórias, documentos particulares assinados pelo devedor; documentos exarados ou
autenticados por notário que importe a constituição ou reconhecimento de qualquer obrigação); ou de
tribunal arbitral – n. 1 do artigo 465 do CPC. Seguem a forma sumaria, as execuções fundadas em actas de
conciliação ou mediação ou as decisões judiciais condenatórias (sentenças condenatórias). Os títulos
executivos são taxativos e encontram-se previstos no artigo 46 do CPC.

30
Acontece que, a executada não cumpriu com o acordo firmado, tendo apenas efectuado
uma única prestação, no valor de 200.000,00Mts (Duzentos Mil Meticais) que foi paga no
momento da assinatura do acordo.
4.º
Porque a exequente privilegia a resolução extra judicial de conflitos, várias foram as
tentativas de cobrança do valor em causa, onde chegou-se a propor ao executado para
reestruturar a divida de acordo com as suas capacidades, o que infelizmente resultou num
fracasso.
5.º
Assim sendo deve a Executada à Exequente, o valor de 941.179,00Mts (Novecentos
quarenta e um mil Cento Setenta e Nove Meticais) e ainda juros moratórios vencidos
calculados desde o mês de Fevereiro do ano 2013, altura em que se constitui a divida, a
taxa legal de 7% calculados pela taxa legal de 5% nos termos do art.º. 559 do C. Civil até
ao integral pagamento.

DO DIREITO
6.º
O documento que serve de base a presente execução é uma sentença homologatória que
nos termos da alínea d) do artigo 46 e 48 do CPC constitui título executivo.
7.º
Nos termos do nº 1 do artigo 833º do C.P.C, a executada tem a faculdade de indicar os
bens sobre os quais a penhora há-de recair, devendo os bens indicados serem suficientes
para o pagamento do crédito do exequente e das custas.

10º
Sendo que, nos termos do art. 924 do CPC é dada a Exequente a possibilidade de nomear
bens à penhora logo no requerimento executivo.

DO PEDIDO
11º
Face ao exposto, vem a Exequente requerer que se digne:
 Ordenar a Executada a proceder ao pagamento da quantia de 941.179,00Mts
(Novecentos quarenta e um mil Cento Setenta e Nove Meticais).
 Ordenar a penhorados saldos das contas bancárias que eventualmente a
Executada seja titular ou co-titular em qualquer balcão dos Bancos infra
31
indicados, ate a concorrência da divida exequenda de 941.179,00Mts (Novecentos
quarenta e um mil Cento Setenta e Nove Meticais), nomeadamente:
 Barclays Bank Moçambique, SA; Banco Comercial e de Investimentos – BCI;
Banco de Desenvolvimento e Comércio S.A.R.L; Millenium BIM, SA,;Banco
Mercantil e de Investimentos; Standard Bank; African Development Bank – ADDB
– Banco Africano de Desenvolvimento; First National Bank – FNB;ABC - African
Banking Corporation (Mozambique), SA;MCB – Moçambique the Mauritius
Commercial Bank.

Valor da acção: 941.179,00Mts (Novecentos quarenta e um mil Cento Setenta e


Nove Meticais)
Junta: Procuração forense e certidão de sentença

Local, data, mês e ano

O mandatário
___________________
Nome e assinatura do mandatário
CP nº

2.2. Modelo de Acção executiva para pagamento de quantia certa (2)

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal Judicial da Província


de Niassa
Lichinga
Por Apenso ao Proc. nº. 13/2016
3.ª Secção

Bernardo Ângelo, moçambicano, maior, residente nesta Cidade de Lichinga, Bairro


Samora Machel, contactável pelo telemóvel nº 897654321, adiante designado Exequente,
vem propor a presente ACÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA
CERTA, SOB A FORMA DE PROCESSO SUMARIA, contra

32
Judas Mequissene e Belinha António, moçambicanos, maiores, casados, residentes
nesta Cidade de Lichinga, na Av. Eduardo Mondlane, nº2, 1º andar, flat 2, adiante
designados Executados, , o que o faz nos termos dos artigos 924.º e seguintes do CPC,
com as alterações dadas pelo Decreto-Lei nº 1/2005, de 27 de Dezembro e 1/2009, de 24
de Abril, e pelos fundamentos seguintes:

Por sentença proferida nos autos que correram termos na 3.ª Secção do Tribunal Judicial
da Província de Niassa, com o processo nº. 13/2016, foram os Executados condenados a
pagar ao Exequente a importância de 169,000,00 Mzn (Cento sessenta e nove meticais),
conforme consta da certidão de sentença - doc. 1 que se reproduz integralmente para
todos os efeitos legais.

Apesar de instado a efectuar o pagamento voluntariamente, certo é que os Executados não


pagaram ao Exequente até á presente data o valor ora em causa.

Nos termos da alínea c) do art.º 46.º do CPC, a sentença condenatória constitui título
executivo, sendo que a sentença junta como doc. 1 se mostra transitado em julgado.

Sendo que, nos termos do art. 924 do CPC é dada a Exequente a possibilidade de nomear
bens à penhora logo no requerimento executivo.
Face ao exposto, vem a Exequente requerer que se digne:
 Ordenar a Executada a proceder ao pagamento da quantia de 941.179,00Mts
(Novecentos quarenta e um mil Cento Setenta e Nove Meticais).
 Ordenar a penhora da viatura de marca Toyota Hiace, com a chapa de
inscrição AAA – 222 MC, propriedade dos executados

Valor da acção: 169.000,00Mts (Cento sessenta e nove mil meticais)


Junta: Procuração, certidão da sentença e duplicados legais.

Local, data, mês e ano

33
O Mandatário
----------------------------
Nome e assinatura do mandatário

CP nº

2.3. Modelo de Acção executiva para pagamento de quantia certa (3)

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal Judicial da Província


de Nampula
Nampula
Proc. nº.______
____ª Secção

João Navalha, moçambicano, maior, residente na Cidade de Nampula, Bairro de


Muahivire, quarteirão n. 7, casa n. 352, contactável pelo telemóvel nº 867549807, adiante
designado Exequente, vem propor a presente ACÇÃO EXECUTIVA PARA
PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA, SOB A FORMA DE PROCESSO
ORDINARIO, contra

Fernando Viagem, moçambicano, maior, casado, residente na Cidade de Nampula, na


Av. Eduardo Mondlane, nº32, prédio dos Macondes, 1º andar, flat 4, adiante designado
Executado, , o que o faz nos termos dos artigos 811.º e seguintes do CPC, com as
alterações dadas pelo Decreto-Lei nº 1/2005, de 27 de Dezembro e 1/2009, de 24 de
Abril, e pelos fundamentos seguintes:

Por documento particular assinado pelo executado, este reconheceu ser devedor ao
Exequente da quantia de 50,000,00 Mzn (Cinquenta mil meticais), conforme consta da
declaração que vai em anexo e que se reproduz integralmente para todos os efeitos legais.

De acordo com o referido documento o Executado se comprometia a pagar o referido


montante em duas prestações até ao dia 1 de Abril de 2015 – conforme o documento já
anexo.

34
Não obstante diversas interpelações, até porque, o Exequente e Executado são
comerciantes no mercado de matadouro, mas infelizmente este, não mostra sinais de
voluntariamente pagar a divida.

O prazo estipulado pelo executado se mostra largamente expirado.


O documento assinado pelo Executado constitui título executivo nos termos da al. C) do
artigo 46.º do CPC.

Nestes termos e nos demais de direito no caso aplicável, deve o Executado ser citado para
no prazo de 10 dias, pagar a divida ou nomear bens a penhora, sob pena de esse direito ser
devolvido ao exequente, conforme estabelecem o n. 1 do artigo 811.º, n. 1 do artigo 833.º
e al. a) do n. 1 do artigo 836.º todos do CPC.

Valor da acção: 50.000,00Mts (Cinquenta mil meticais)

Junta: Procuração forense, documento de prova e duplicados legais.

Local, data, mês e ano

O Mandatário

____________________________________
Nome e assinatura do mandatário

CP nº

2.4. Modelo de Embargo à Acçao executiva

Meritíssima Juíza de Direito do Tribunal Judicial do Distrito


Municipal Kamavota
35
Processo n.º 23/17-A
2ª Secção

Amador Amarildo, Arcelino Argentino e Simão Adorino, melhor identificados nos


autos à margem epigrafados, vêm, pela presente, deduzir EMBARGOS DE
EXECUTADO, nos autos de execução movidos por João Maria, melhor identificado
nos mesmos autos, o que fazem nos termos dos artigos 812 e 813.º e seguintes do CPC
com os fundamentos seguintes:

Falta ou nulidade da primeira citação para a acção declarativa


1.º
Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 195.º do CPC é havida para todos os efeitos,
como falta de citação o caso de uma certidão de citação ter sido forjada o que poderá
ainda suscitar um incidente de falsidade. (Vide comentários de Carlos Mondlane, in
Código de Processo Civil – Anotado e Comentado, Escolar Editora, 2014);

2.º
Os ora, aqui, executados, tem conhecimento do curso de uma acção ordinária n. 45/12-A
da qual aguardam audiência de discussão e julgamento e posterior sentença,
desconhecendo, assim, a existência de qualquer título (sentença), que o exequente faz
menção na presente acção de execução;
3.º
A ter havido citação e/ou notificação de sentença, esta há-de ter sido feita em pessoas
diversas das dos réus, ora executados e dos seus mandatários judiciais, porquanto,
compulsando o processo verifica-se que a assinatura que consta da certidão de sentença
junta aos autos do processo do qual se requer apenso não é do mandatário judicial.

4.º
Estabelece o n.º 1 do artigo 233.º do CPC que a citação é feita na pessoa do réu e só se
faz noutra pessoa quando a lei expressamente o permite ou quando o réu tiver constituído
mandatário, com poderes especiais para o receber mediante procuração passada há menos
de 4 anos.
Ora,

36
5.º
Na procuração junta ao processo os réus, ora executados, não constituíram mandatário
com poderes especiais, mas simples poderes forenses para além de que não foi sequer
assinada a certidão por nenhum deles.
6.º
Conforme ensina, Carlos Mondlane, op. cit, em comentários ao artigo 233.º do CPC, a
modalidade mais importante da citação é a pessoal, ou seja, a efectuada pelo oficial de
justiça na própria pessoa do réu ou do seu representante.
7.º
Ora, a citação feita na pessoa diversa da do réu, considera-se feita com preterição de
formalidades essenciais, equivalendo a falta de citação, que é por conseguinte nulo todo
processado posterior, nos termos da al. b) do n.º 2 do artigo 195.º do CPC.
Para além de que,
8.º
A falta de citação no caso de pluralidade de réus traz consigo graves consequências
conforme dispõe o artigo 197.º do CPC;

9.º
É de praxe que uma vez exarada a sentença, esta é lida em tribunal na presença de ambas
as partes, e se assim não for, devem, as partes serem devidamente notificadas da mesma.
Acontece que,
10.º
Nem os executados nem os seus mandatários judiciais foram notificados da sentença do
processo em que se encontram envolvidos.

Falsidade do processo ou do translado ou infidelidade deste, quando uma ou outra influa


nos termos da execução.

11.ͦ
Nos termos da alínea b) do artigo 813º do CPC, constitui fundamento para oposição. A
falsidade do processo ou do translado ou infidelidade deste, quando uma ou outra influa
nos termos da execução.
12.º
A alínea b) do artigo 813º do CPC ao mencionar a falsidade do processo como
fundamento de oposição diz respeito ao processo declaratório, onde haja proferido a

37
decisão exequenda. Este dispositivo não abrange a falsidade de qualquer termo isolado do
processo de declaração, nem menos a falsidade da sentença. (vide comentários do Carlos
Mondlane)

Ademais,
13.ͦ
A falta de intervenção no processo, atenta contra o direito fundamental
constitucionalmente consagrado, nomeadamente, o direito a defesa, (vide artigo 62.ͦ
CRM), pois, impossibilitou os réus de primeiro conhecerem o conteúdo da sentença, e
segundo recorrerem da mesma, em caso de se não conformarem.

14.º
Nestes termos, nos melhores de direito e sempre com o mui douto suprimento de V.
Excia., requer-se que seja julgada improcedente a execução, devido:
 A falta de intervenção no processo e falta de citação do conteúdo da sentença na
acção declarativa ordinária n. 45/12-A
 A falsidade no processo conforme estabelece a al. b) do artigo 813 do CPC;

Em consequência, serem anulados os autos nos termos da al. a) do artigo 197.º do CPC

Valor da acção: o da pi
Junta: Procuração forense e duplicados legais

Local, data, mês e ano


O mandatário

___________________________________
Nome/Assinatura do mandatário
C.P nº

38
2.5. Modelo de Embargo à Acçao executiva (2)

Meritíssima Juíza de Direito do Tribunal Judicial do Distrito


de Cahora Bassa
Cahora Bassa
Proc. n.º 32/12
1ª Secção

João Boamorte, maior, de nacionalidade moçambicana, residente no Bairro da Samora


Machel, Quarteirão 5, Casa n. 35, melhor identificado nos autos a margem, de ora em
diante designado Embargante, vem nos termos dos artigos 813.º, alínea a), ex-vi e 815.º,
n.º1 do CPC, deduzir EMBARGO DE EXECUTADO, movida por Arlindo Moisés, o
que faz nos termos e com os seguintes factos e fundamentos:

1.º
A presente execução deve ser julgada improcedente por não estar assente num título
executivo, pois, nos termos do n.º 1, artigo 45.º do CPC, Toda a execução tem por base
um título, pelo qual se determinam o fim e os limites da acção executiva, e o artigo 46.º
do mesmo Diploma legal, faz a enumeração taxativa das espécies de títulos executivos;

2.º
Compulsado o processo não se vislumbra qualquer documento que configure título
executivo, dos enumerados naquele artigo, o que aliás, é de lei, tendo em conta o princípio
da tipicidade.

3.º
Do processo, para além do requerimento (petição), o exequente, ora embargado junta
procuração, e uma carta dirigida ao executado ora embargante, com o assunto, “Envio de
Facturas”, onde no fim da mesma assina, documento junto à Fls. 6 da P.I.

4.º

39
A acção executiva tem, necessariamente, de basear-se num documento, que, nesta espécie
de acção, corresponde à causa de pedir, tratando-se de um documento a que a lei
reconhece força declarativa de direitos suficientes para obviar à necessidade de uma acção
declarativa prévia.
5.º
Donde resulta que a presente acção não tem o pressuposto de carácter formal da acção
executiva, isto é, não existe qualquer documento idóneo para servir de título executivo,
pois uma carta não constitui título executivo.
6.º
Havendo alguma dívida por parte da embargante ao embargado, cabe a este, intentar uma
acção declarativa de condenação, com vista a obter um título que confira poderes para a
execução nos termos dos artigos 467.º e seguintes do CPC.

Nestes termos, nos melhores de direito e sempre com o mui douto


suprimento de V. Excia, requer-se que seja julgada procedente o presente
embargo e em consequência improcedente o requerimento executivo, por
falta de título bastante, pressuposto da acção executiva.

Valor da acção: o do requerimento executivo


Junta: Procuração forense e duplicados legais

Local, data, mês e ano

O mandatário
______________________
(Nome e assinatura do mandatário)
CP n.º
2.6. Modelo de Embargo à Acçao executiva (3)

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal Judicial da Cidade De


Maputo
Maputo
Proc.º n.º 14/2016-G
2ª Secção

40
Fernanda António, Executada nos Autos à margem identificados de EXECUÇÃO
PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA EM PROCESSO ORDINÁRIO que
lhe move João Alfredo, citada para os devidos efeitos, vem deduzir EMBARGOS DO
EXECUTADO, nos termos e com os seguintes fundamentos:
1.º
Alega a Exequente, ora Embargada que a quantia em dívida é de 900.000, 00Mts
(novecentos mil meticais).
2.º
No entanto, não é esse o valor efectivamente em dívida, tendo em conta a informação
constante dos talões de depósitos feitos na conta da embargada que desde já se junta em
anexo como doc 1.
3.º
Na verdade, e conforme os talões já anexos como doc 1, e que corresponde aos
pagamentos feitos ao longo do ano de 2015, ano a que se reporta a dívida exequenda, a
quantia em dívida é de 500.000.00Mts (quinhentos mil meticais).
4.º
Ou seja, a embargada exige uma quantia de 400.000,00Mts (quatrocentos mil meticais), a
mais.
Para alem de que,
5.º
O referido pagamento da quantia de 400.000,00 Mts (quatrocentos mil meticais) é, aliás,
reconhecido pela própria Embargada no artigo 6.º do Requerimento Inicial da Execução,
pelo que deve ser considerada liquidada a dívida na parte correspondente.

6.º
Por outro lado, não pode ser aceite a quantia de 10% a que a Embargada alega dever
acrescer-se à quantia exequenda, na medida em que não se apresenta no requerimento
inicial da execução qualquer fundamentação plausível para a mesma.

7.º
Dispõe o Artigo 815.º, n.º 1 do CPC que, se a execução se basear em sentença, além dos
fundamentos de oposição especificados no artigo 813.º, na parte em que sejam aplicáveis,
podem alegar-se quaisquer outros que seria lícito deduzir como meio de defesa no
processo de declaração.

41
8.º
O pagamento é o meio de cumprimento por excelência de obrigação pecuniárias como a
que é objecto da Execução embargada, pelo que, feita a prova de pagamento parcial do
montante devido, deve a proporção paga ser excluída da quantia que possa ser exigida
judicialmente.
9.º
Pelo que a pretensão do Exequente deve ser considerada parcialmente improcedente na
parte referente à quantia de 400.000.00Mts (quatrocentos mil meticais), porquanto trata-se
de um valor que foi efectivamente pago ao Exequente, ora embargada, conforme provado.

10.º
Por outro lado, deve ser julgado improcedente o pedido de 10% da quantia exequenda a
que a Embargada faz referência no Artigo 8.º do Requerimento Inicial da Execução por se
tratar de um pedido não abrangido pelo título executivo que serve de base à acção.

Termos em que requer que os presentes embargos sejam julgados procedentes,


considerando-se em dívida apenas a quantia de 500.000.00Mts (quinhentos mil meticais).

Valor da acção: 400,000.00 Mzn (Quatrocentos mil meticais)


JUNTA: Procuração forense e duplicados legais.

Loca, data, mês e ano


O mandatário
____________________________
Nome e assinatura do mandatário
CP n.º

42
2.6. Modelo de Embargo de Terceiros à Acçao executiva

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal Judicial da Cidade De


Maputo
Maputo
Processo n.º 79/17-H
3.ª Secção Cível

Pedro da Barca, residente no Bairro Triunfo, Rua do Jardim, n.° 24, Cidade de Maputo,
de ora em diante designado Embargante, vem nos termos dos artigos 1.039.º e seguintes
do CPC, deduzir Embargos de Terceiros, no processo em que é executada, Plastic And
Trading Company, Limitada, o que faz com os seguintes fundamentos:

DOS FACTOS
1.º
O embargante é terceiro de boa-fé e tomou conhecimento da venda pública de um imóvel
através do edital publicado no dia 2 de Março do ano em curso, no Jornal “Notícias”, o
qual se refere ao imóvel descrito na Conservatória do Registo Predial da Cidade de
Maputo, sob n.º 67.5409 a folhas 18, verso do livro G, barra 123, n.º 13.391.

Acontece que,
2.º
O edital acima foi também fixado na residência do embargante facto que o deixou
espantado uma vez que não tem nada a ver com o assunto em causa e nem sequer conhece
o exequente.
3.º

43
O embargante é proprietário do imóvel descrito sob número 59.527, a folhas 175, verso
do livro B, 202, Parcela 806/A1, Talhão 19; registado na Conservatória do Registo Predial
com o n.º 87.061, folhas 94, verso do livro G, barra 131. Vide Doc. 1 em anexo.

4.º
Razão pela qual, não percebe o embargante a razão de se ter fixado o edital em causa no
imóvel que constitui sua propriedade e residência.
5.º
Importa referir que o embargante adquiriu o imóvel de que é proprietário no ano 2014,
tendo sido observadas todas as formalidades legais para compra e venda do imóvel e
terminadas as referidas formalidades o imóvel passou a titularidade do embargante
conforme atesta a Certidão Predial em anexo (Doc. 2).
6.º
Hoje, o embargante que desconhece por completo o exequente, é surpreendido por uma
notificação via edital que o oficial do Tribunal pura e simplesmente afixou no seu imóvel.
7.º
Diante do tamanho equivoco, o embargante fez a confrontação directa dos dados, tendo
constatado que não há a mínima coincidência dos dados constantes das Certidões Prediais.

Ou seja,
8.º
A Edital do Jornal refere-se ao Imóvel descrito na Conservatória do Registo Predial da
Cidade de Maputo, sob o n.º 67.5409 a folhas 18, verso do livro G, barra 123, n.º 13.391.
9.º
O imóvel pertencente ao embargante tem os seguintes dados: descrição do imóvel –
prédio n.º 59.527, a folhas 175, verso do livro B, 202, Parcela 806/A1, talhão 19;
Registado na Conservatória Predial com o n.º 87061, folhas 94, verso do livro G, barra
131. Vide doc. 1 Em anexo.

10.º
Como se pode depreender, os dados são totalmente divergentes e salvo melhor
entendimento, sobre o mesmo imóvel não podem recair dois registos distintos em
simultâneo.
11.º

44
Pese embora o oficial do tribunal tenha sido advertido que não era aquele, o imóvel em
causa, este prosseguiu com as suas diligências e de facto, afixou a edital no imóvel do ora
Embargante.

12.°
De certeza, que o tribunal não se sentirá juridicamente confortável em penhorar
(arrematar) um imóvel que não coincide com o imóvel descrito nos autos, sob pena de
lesar direitos legítimos de terceiros de boa-fé e despoletar outros litígios desnecessários.

Pelas razões acima expostas, o embargante vem nos termos do n.º do artigo 1.037.º CPC e
com mui douto suprimento de V.Excia, requerer a Procedência do Presente EMBARGO
DE TERCEIRO, com fundamento no erro em relação ao objecto (imóvel) a ser
judicialmente vendido, uma vez que ofende a posse do embargante.

Termos em que os presentes embargos devem ser aceites por provados e, em


consequência, seja decretada a improcedência da venda judicial do imóvel ora em causa,
por se tratar de bens de terceiro de boa-fé.

Valor da Causa: 3.027.375,00 Mzn (Três milhões, vinte sete mil, trezentos setenta e
cinco meticais)
Junta: Procuração forense e documentos legais
O mandatário
______________
Nome e assinatura do mandatário
CP nº

2.7. Modelo de Embargo de Terceiros à Acção executiva

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal Judicial da Cidade De


Maputo
Maputo
Processo n.º 14/13-H
1.ª Secção Cível

45
ARLINDO ANTONIO e JÉSSICA ANTONIO, solteiros, maiores, cidadãos de
nacionalidade moçambicana, naturais de Maputo, residentes na África do Sul, Cape Town
e na Rússia respectivamente, neste acto representados pelos seus mandatários, conforme
procuração em anexo, vêm nos termos do artigo 1039.º do CPC deduzir EMBARGOS
DE TERCEIROS, nos termos e com seguintes fundamentos:

1.º
Os embargantes são filhos e herdeiros legítimos do António Fiel, como atesta o doc anexo
sob nº 1 e 2.
2.º
O pai dos embargantes faleceu no dia 11 de Agosto de 2001, como atesta a certidão de
óbito junto sob n.º 3.

3.º
O falecido, pai dos embargantes era casado em regime de comunhão de bens com a
executada Celeste Pedro, tendo na vigência do casamento adquirido vários bens.
3.º
Na altura da morte do pai dos embargantes, estes ainda eram menores e não foi feita a
habilitação dos herdeiros.
4.º
Os embargantes encontram-se a estudar fora de Moçambique, tendo tomado
conhecimento através do anúncio publicado no jornal “notícias” do dia 13 de Outubro de
2016 da execução ordinária com o nº acima referido.
5.º
O anúncio ora referido ordenava a venda por meio de proposta em cartas fechadas em
primeira praça do imóvel destinado a habitação, descrito na Conservatória do Registo
Predial de Maputo sob o número 3.111, a folhas 110, do Livro B/13, uma fracção
autónoma designada pela Letra H, situado no terceiro andar, lado direito, do prédio em
regime de propriedade horizontal, e inscrito na matriz predial urbana de Maputo, sob o
artigo 207º.
6.º
Ora, o anúncio em causa deixou os embargantes estupefactos uma vez que parte do
imóvel acima referido é sua pertença, tendo em conta que os mesmos devem ingressar
para o património do falecido pai e nunca foram consultados da penhora do imóvel em

46
causa nem sabem sequer quando terá sido feita, para além de que o imóvel em causa esta
titulada pelo falecido pai.
7.º
Salvo melhor entendimento, para a executada, ora mãe dos embargantes dar de garantia o
imóvel em causa, estando este em nome do falecido pai destes, era necessário que antes se
fizesse a habilitação de herdeiros para a consequente partilha de bens e só depois disso o
banco poderia penhorar os bens da executada, uma vez que esta é apenas proprietária de
parte do imóvel resultado da meação resultante do regime de casamento convencionado
entre a executada e o falecido pai dos embargantes.
8.º
O processo da concessão do crédito pelo banco, ora exequente mostra-se munido de
vícios ao receber e penhorar como garantia um bem alheio, o imóvel propriedade do pai
dos embargantes.

Termos em que, nos mais de direito aplicável e noutros que forem doutamente supridos,
requer a V. Excia se digne julgar procedente o presente Embargo e por via dele, anular a
venda do imóvel sub-judice por não constituir um bem exclusivo da executada, pois, a
penhora foi feita munida de irregularidades e violados todos procedimentos legais.

Valor da acção: o da execução


Junta: Procuração e duplicados legais

O mandatário

________________________
(Nome e assinatura do mandatário)
CP nº

47
3. DAS PROVIDÊNCIAS CAUTELARES

3.1. Modelo de providência cautelar de restituição provisória de posse

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal Judicial da Cidade De


Maputo
Maputo
Processo n.º _______
____Secção Cível

António Bacar, Fátima Bacar, Carla Bacar e Alda Bacar, maiores, naturais de
Govuro, Inhambane, residentes na Cidade de Maputo, Bairro da Sommerschield, Av. Mao
Tse-tung nº 51, 1º andar,, todos, filhos de Aly Bacar e de Safira Ismael, neste acto
representados pelo seu mandatário conforme procuração em anexo, em representação de
seu irmão, Felizardo Bacar, falecido em 28 de Janeiro de 2017, conforme elucida a
certidão de óbito sob assento n.º 628/2016 da Primeira Conservatória do Registo Civil de
Maputo, em anexo (Doc. 1), vêm nos termos do artigo 2.047.º do C.Civil, em conjugação
com o artigo 399.º do CPC, intentar a presente PROVIDÊNCIA CAUTELAR DE
RESTITUIÇÃO PROVISÓRIA DE POSSE, contra,

Felisberto Norberto, cidadão de nacionalidade moçambicana, residente no Bairro


Central “B”, Rua Dr. José Negrão, n.º 5, 2.º andar, cidade de Maputo, contactável pelo
telemóvel 896754321, , o que fazem com base nos seguintes factos e fundamentos:

48
DOS FACTOS:
1.º
Felizardo Bacar, de cujos, ora irmão dos requerentes, é, proprietário da fracção autónoma
designada pela letra “C” do prédio em regime de propriedade horizontal número Oito Mil
e Noventa e Seis, a folhas 174 do Livro B barra 22, que constitui uma unidade destinada a
habitação, situada no Segundo Andar com fachada principal virada na Rua Doutor
Redondo, actualmente Rua Dr. José Negrão n.º 52, Bairro Central “B”, nesta cidade de
Maputo, composto pelos seguintes compartimentos: - uma sala comum, três quartos, dois
guarda-fatos, uma cozinha, uma casa de banho, um corredor, duas varandas, uma varanda
de serviço com tanque de lavar a roupa e pia de despejo, com garagem no rés-do-chão,
inscrito na Conservatória de Registo predial de Maputo, a seu favor, sob o número
Dezasseis Mil e Cento e Noventa e Dois, a folhas setenta do Livro G barra sessenta e
quatro, livre de quaisquer ónus ou encargos, conforme o atesta a certidão predial em
anexo (Doc. 2).

2.º
O de cujos, em vida, teria acolhido o requerido em sua casa, uma vez que aquele vivia
sozinho, e nem sequer se sabe da existência, ou não de filhos, porquanto sempre viveu
sozinho.

3.º
Nos últimos tempos, o falecido vinha doente, até que no dia 28 de Janeiro do ano
2017 veio a falecer.

4.º
Feitas as cerimónias fúnebres e terminado o período considerado de luto, eis que a
família, se desloca a casa do irmão, ora falecido, com vista a procedimentos inerentes
a dar-se destino dos seus bens, a mesma se confronta com o requerido, que a impede
de qualquer acção, alegadamente porque, o falecido tem dívida com ele, e que a
entrega da casa está condicionada ao pagamento da referida dívida.
5.º
Entretanto, em nenhum momento, o requerido apresentou qualquer documento de
confissão de dívida, afirmando que os documentos encontram-se com seu advogado
que está fora do país, devendo aguardar-se o seu regresso, sem qualquer indicação da
data.

49
6.º
Assim, a família não tem qualquer acesso à casa, de modo a proceder aos actos
próprios de gestão dos bens do falecido.

7.º
Neste momento, há um grande receio que o requerido possa forjar documentos do
imóvel e passar a titular do mesmo, de modo a proceder a sua venda, pois, há fortes
indícios de tal suceder, uma vez estarem a chegar pessoas com vista a ver e apreciar
a casa.

8.º
De referir que o anexo da casa, nomeadamente, a garagem pertencente ao falecido
encontra-se arrendada a um pequeno estabelecimento comercial, com a denominação
Tabacaria Mãe -Mãe, conforme o atesta o contrato de arrendamento em anexo (Doc.
3), o qual, o requerido vem se beneficiando dos valores mensais da renda, e que se
recusa a entregar a família do de cujos.

9.º
Inexistem dúvidas de que a conduta do requerido configura grave lesão dos direitos
dos requerentes, na medida em que não foi precedida de qualquer autorização destes,
agindo contra a sua vontade.
10.º
Os actos praticados pelo requerido impedem os requerentes de exercerem
plenamente o seu direito de herdeiros, de tal sorte que a sua posse encontra-se
abalada.

B – DE DIREITO
11.º
Dispõe o n.º 1 do artigo 26.º do CPC que, 1. O autor é parte legítima quando tem
interesse directo em demandar; o réu é parte legítima quando tem interesse directo em
contradizer, e conjugando com o artigo 1.281.º do C. Civil que dispõe que: 1. A acção de
manutenção da posse pode ser intentada pelo perturbado ou pelos seus herdeiros, mas
apenas contra o perturbador, salva a acção de indemnização contra os herdeiros deste;
12.º

50
Da leitura dos artigos acima, resulta claro que, os requerentes, em representação de seu
irmão, ora falecido, são partes legítimas para a reivindicação do seu direito, uma vez que
fazem-no em nome do proprietário do imóvel, isto por um lado,

13.º
Por outro lado,
Nos termos do artigo 2.049.º do C. Civil, “1. O sucessível chamado à herança, se ainda a
não tiver aceitado, não está inibido de providenciar acerca da administração dos bens, se
do retardamento das providências puderem resultar prejuízos. 2. Sendo vários os
herdeiros, é lícito a qualquer deles praticar os actos urgentes de administração…”

14.º
A sucessão foi aberta com a morte do seu autor, ora irmão dos requerentes, conforme
resulta da conjugação dos artigos 2.031.º e 2.032.º do C. Civil.
15.º
De acordo com o artigo 1.279.º do C. Civil, a conduta do requerido constitui esbulho
violento, e a requerente está a ser perturbada, esbulhada, com uso da força e violência.

16.º
Da análise do artigo 399.º do CPC e em conformidade com os ensinamentos de Artur de
Oliveira Ramos e António Simão Correia, na obra Formulário Geral de Processo Civil,
Comercial, Fiscal e Administrativo, vol. I, 4ª edição, 1968, pág. 80, afigura-se que, são
requisitos para a reclamação de uma medida cautelar: i. a prevenção; ii. a urgência e iii.
periculum in mora;
17.º
Resulta clara e cristalina, a demonstração, e prova da lesão que poderá advir, caso
medidas adequadas não sejam tomadas com vista a fazer cessar o requerido de fazer
suas práticas, o que justifique a instauração da presente providência!

18.º
Deve a presente providência ser decretada, por encontrarem-se preenchidos os requisitos
legais para o efeito, nos termos do disposto no artigo 399.º do CPC, do qual dispõe que
“Quando alguém mostre fundado receio de que outrem, antes de a acção ser proposta ou
na pendência dela, cause lesão grave e dificilmente reparável ao seu direito, pode
requerer, se ao caso não convier … as providências adequadas à situação,

51
nomeadamente, … a intimação para que o réu se abstenha de certa conduta, ou a entrega
dos bens móveis ou imóveis que constituem objecto da acção, a um terceiro, seu fiel
depositário.”

C – DO PEDIDO

Nestes termos e nos mais de direito ao caso aplicável, deve a presente


providência cautelar, ser julgada procedente por provada e em
consequência ser decretada a providencia, devendo o requerido ser
intimado a proceder a restituição da posse da fracção autónoma ora em
causa.

Valor: 2.500.000,0MT (Dois milhões, e quinhentos mil meticais).


Junta: procuração forense e duplicados legais.
Testemunhas: (nome completo, profissão, morada e outras circunstancias necessárias para
as identificar)

Local, data, mês e ano


O mandatário
________________
Nome e assinatura do mandatário
CP. n.º

52
3.2. Modelo de providência cautelar de embargo de obra nova

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal Judicial do Distrito De


Matutuíne
Matutuíne
Processo n.º _______
____Secção Cível

Noémia Carlota, em representação de seu filho menor Daniel Eduardo, moçambicana,


maior, residente na localidade de Ponta de Ouro, Bairro Cimento A, contactável pelo
telemóvel n.º820000111, através de seu mandatário judicial, conforme procuração em
anexo, adiante requerente, vem requerer nos termos do artigo 412.º e segts do CPC, a
presente PROVIDENCIA CAUTELAR DE EMBARGO DE OBRA NOVA, contra,

António dos Santos, representado pelo nacional Simão António, Localizável na Vila de
Ponta de Ouro, bairro Cimento A, contactável pelo telemóvel nº. 897865433, adiante
Requerido, o que faz nos termos e com os fundamentos que se seguem.

1.º
No passado mês de Julho do corrente ano a ora requerente requereu junto das estruturas
locais um espaço com a dimensão de 30x60m tendo-lhe sido autorizado e concedido a
parcela nº416/417, vide cópias de documentos que vão em anexo a folhas 1 a 7 e que se
dão por integralmente reproduzidos para todos efeitos legais.

2.º

53
A referida parcela de terreno localiza-se no bairro Cimento A, na Vila de Ponta Douro
onde a ora requerente pretende erguer uma obra para fins habitacionais, vide cópia de
documento que vai em anexo a folhas 1 a 7 e que se dão por integralmente reproduzidos
para todos efeitos legais.

3.º
Acontece que em Outubro do corrente ano quando a requerente passou pelo seu espaço
ficou surpreendida pois um outro cidadão iniciou aí obras de construção (vedação), sem
conhecimento e nem consentimento da requerente e nem das estruturas locais, tendo
imediatamente apresentado queixa junto a Polícia local, vide cópia de documento que vai
em anexo a folhas 8 e que se dá por integralmente reproduzido para todos efeitos legais.

4.º
Conforme informações colhidas no referido espaço as obras pertencem ao requerido
ANTÓNIO DOS SANTOS e são geridas ou controladas por um tal SIMAO ANTONIO,
que o representa naquela vedação.

5.º
A referida obra (vedação) a ser executada é susceptível de causar lesão grave e
dificilmente reparável aos interesses da ora requerente.

6.º
Aliás, na impossibilidade de falar com o Requerido, a requerente interpelou verbalmente o
responsável da mesma, o senhor SIMAO ANTONIO, para parar com a referida vedação
sem que para tanto tenha logrado qualquer êxito, vide cópia de documento que vai em
anexo a folhas 9 e que se dá por integralmente reproduzido para todos efeitos legais.

7.º
A cada dia que passa começa a ser cada vez mais evidente o risco de vir perder o seu
espaço a favor do requerido, pois não obstante interpelação verbal não dá sinais de
abandonar a sua conduta.

8.º
Como se pode ver e até prova em contrário a ora requerente tem o Direito de Uso e
Aproveitamento da Terra (DUAT) sobre a parcela ora em causa sendo por isso o seu

54
DUAT titulado, pacífico, de boa fé e público conforme estabelece o artigo 1251.º, n.º1 do
artigo 1259.º, 1260.º e n.º1 do artigo1261.º todos do C. Civil.
9.º
Aliás estabelece o nº1 do artigo 412.º do CPC que “Aquele que se julgue ofendido no seu
direito de propriedade, singular ou comum, em qualquer outro direito real de gozo ou na
sua posse, em consequência de obra, trabalho ou serviço novo que lhe cause ou ameace
causar prejuízo, pode requerer, dentro dos trinta dias a contar do conhecimento do facto
que a obra, trabalho ou serviço seja mandado suspender imediatamente.”

10.º
Como se pode ver só esse Douto Tribunal é competente e com força bastante para instar o
requerido ANTÓNIO DOS SANTOS a parar com a referida vedação no espaço da
requerente pois da sua execução podem advir prejuízos irreparáveis para a requerente.

11.º
Pelo que, estão pois, reunidos os requisitos para o decretamento da presente providência
cautelar, nos termos do artigo 412.º e seguintes do CPC.
12.º
Requerente e requerido são pessoas legítimas e gozam de personalidade e de capacidade
judiciárias.

Nestes termos e nos mais de direito ao caso aplicáveis e sempre com o mui douto
suprimento de V.Excia deve a presente providência cautelar de embargo de obra nova ser
julgada procedente, por provada, e em consequência intimado o Requerido ANTÓNIO
DOS SANTOS a parar com as obras em curso na parcela 416/417, localizado no bairro
Cimento A, em Ponta De Ouro.

Valor: 150.000,00mts (Cento e cinquenta mil meticais).


Junta: procuração forense, 9 documentos de prova e duplicados legais.
Testemunhas: (nome completo, profissão, morada e outras circunstâncias necessárias para
as identificar)

Local, data, mês e ano

O mandatário

55
__________________________
Nome e assinatura do mandatário
C.P nº

3.3. Modelo de contestação providência cautelar

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo


Maputo

Proc. nº 89/17- A
2ª Secção

Mário Arlindo, Requerido no processo à margem e nele melhor identificado, vem


deduzir Contestação à Providência Cautelar Não Especificada que lhe move a Requerente
BCI-Banco Comercial e de Investimentos, S.A., o que faz nos termos e fundamentos
seguintes:

Por excepção

Vem a Requerente, através da sua PI intentar a presente providência exigindo a entrega de
uma viatura que fora adquirida pelo requerido via Contrato de Leasing Financeiro
Mobiliário.

56

No entanto, por via do contrato celebrado entre o requerido e a requerente, esta colocaria
à disposição daquele a quantia de 1.203.000,00MTs (um milhão duzentos e três mil
meticais) para a aquisição da referida viatura, ficando no entanto reservado a requerente, o
direito de propriedade sobre a mesma.

Ora, com o contrato celebrado entre o requerido e a requerente, ficou o primeiro obrigado
a prestar uma quantia mensal de 27.437,46Mzn (Vinte sete mil, quatrocentos trinta sete
meticais e quarenta e seis centavos), a titulo de amortização da divida, sem prejuízo da
quantia de 302.880,00Mzn (trezentos e dois mil oitocentos e oitenta meticais), paga logo
após a assinatura do referido contrato.


Sucede que, o Requerido ficou desempregado e este passou a ter dificuldades para o
cumprimento integral da sua obrigação, ficando com dívidas perante a locadora, ora
requerente.


Na sequência dessa impossibilidade, o requerido viria a ter um acordo com a requerente,
nos termos do qual o valor da prestação anteriormente fixada seria reduzido, devendo
aquele efectuar o pagamento de 10.000,00MT (dez mil meticais) mensais, o que
efectivamente foi acontecendo.

Entretanto, se com a presente providência pretende a requerente que lhe seja entregue a
viatura alocada, em virtude do alegado incumprimento no pagamento da sua dívida, não
pode ser verdade que a acção definitiva tenha em vista a reivindicação da propriedade ou
a posse daquela, senão para o pagamento da quantia devida e eventualmente, os juros se
os houver, pois estamos aqui perante uma situação de incumprimento de uma obrigação.

7.º
A procedência da providência cautelar está condicionada a existência de um receio
fundado que outrem, antes da acção ser proposta ou na pendência dela, causará uma lesão
grave e dificilmente reparável ao seu direito, vide art. 399.º CPC.
8.º

57
Mais ainda, nos termos do nº1 do art. 400º CPC, estabelece-se que o requerente deverá
oferecer prova sumária do direito ameaçado e justificará o receio da lesão.
9.º
Por um lado, não se percebe porque razão está a requerente a alegar que o requerido
pretende desfazer-se dos seus bens, incluindo viaturas para o pagamento de dívidas que
têm na praça se não apresenta qualquer prova com vista a justificar o seu receio, indo
contra o disposto no artigo 342.º C. Civil.
10º
Por outro lado, o requerido possui imóveis que foram constituídos hipoteca a favor da
requerente, sendo um apenas capaz de pagar a dívida que existe e base do imbróglio, não
fazendo sentido que se tenha receio de uma difícil reparação.
11º
Ora, se a requerente não foi capaz de apresentar a prova do receio de lesão do seu direito e
dificilmente reparável, não existe qualquer margem para a procedência desta providência,
uma vez que cabe ou cabia a esta prová-lo.

Termos em que, não provado o receio de lesão grave e de difícil reparação


do direito invocado, deve a presente providência ser julgada
improcedente, por falta dos seus requisitos legais.

Junta: Procuração forense, documentos de prova e duplicados legais


Valor da causa: o do requerimento inicial

Local, data, mês e ano

O Mandatário Judicial

---------------------
(Nome e assinatura do mandatário)
C.P nº

3.4. Modelo de Contestação à providência

58
Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal Judicial do Distrito De
Matutuíne
Matutuíne
Proc. nº. 45/17-l
1ª. Secção Cível

João Alberto, requerido e melhor identificado nos autos acima indicados vem, nos termos
do nº 2 do artigo 401.º e seguintes do CPC, deduzir o presente CONTESTAÇÃO na
providência que lhe move Joaquim Alfredo também melhor identificado nos referidos
autos, fazendo-o nos termos e com seguintes somatórios de fundamentos:

1.º
A presente providência não deve ser julgada procedente, de juris e de facto, por não reunir
requisitos legais e não haver provas que a fundamentem.
2.º
Da análise do artigo 399.º do CPC e em conformidade com os ensinamentos de Artur de
Oliveira Ramos e António Simão Correia, na obra Formulário Geral de Processo Civil,
Comercial, Fiscal e Administrativo, vol. I, 4ª edição, 1968, pág. 80, afigura-se que, são
requisitos para a reclamação de uma medida cautelar: i. a prevenção; ii. a urgência e iii.
Periculum in mora
Ora,
3.º
O requerimento não faz, demonstração, prova da lesão a prevenir e muito menos
gravidade desta que pretende acautelar, que justifique a instauração da presente
providência!
4.º
A requerente nem sequer faz a prova do nexo de causalidade que resultaria na
demora da acção da tutela ordinária (acção principal) do direito que pretende
acautelar, limitando-se em argumentos genéricos de perigo de dano jurídico.

5.º
Conclui a requerente pedindo que: “... Seja ordenada a retirada imediata do requerido e
consequente entrega da propriedade à legítima proprietária, a ora requerente...”!

59
Ora,
6.º
O pedido formulado pela requerente mostra-se desconforme com o citado preceito legal.
Por isso,
7.º
Não deve a providência em causa ser decretada, por não se encontrarem preenchidos os
requisitos legais para o efeito, nos termos do disposto no artigo 399.º do CPC, o que desde
já se pede!

8.º
Da leitura dos factos articulados pela requerente (articulados 1 e ss) e o pedido formulado
na douta pi mostra-se claro que pretende reclamar a propriedade que alegadamente é sua!
Todavia,
9.º
Fá-lo em processo impróprio, porquanto os factos não se ajustam a presente providência.
Pois que,
10.º
Se pretende a reivindicação da propriedade ou ocupação das infra-estruturas alegadamente
por si compradas – como se comprovará que não constituiu verdade que a requerente as
comprara – deveria o fazer numa acção própria e não em sede da providência!

11.º
O requerido é proprietário de uma empresa que desenvolve as suas actividades e
possui um escritório na referida propriedade.

12.º
A referida empresa tem ao seu cargo trabalhadores (vide doc. em anexo), sendo que,
caso este douto tribunal decrete a providência nos termos requeridos, estaria a pôr em
risco aqueles postos de trabalho!
13.º
Nesse caso, poderia se falar de danos graves e de difícil reparação, pois que apenas
beneficiaria a requerente em detrimento dos trabalhadores.
14.º

60
Como se discutirá na acção principal, a certidão do registo apresentada pela
requerente, não prova que a mesma é proprietária das infra-estruturas, faz apenas
menção a um talhão com o nº X.

15.º
Os documentos em anexo, juntos sob os números 2, 3 e 4, provam claramente que a
propriedade dos imóveis implantados sobre aquele talhão é propriedade do requerido
e sua esposa.

Até porque,

16.º
O registo dos mesmos a favos do requerido e sua esposa foi precedido por uma
avaliação dos órgãos do Estado competentes para esse efeito (vide doc. 5).

Assim,
17.º
È inexistente qualquer direito da requerente sobre os imóveis em causa, pretendendo
com os documentos que juntou iludir este douto tribunal.

Nestes termos, e nos mais de direitos ao caso aplicável e no que for doutamente
suprido por V. Excia, requer se digne dar provimento aos presentes embargos e
por via dela julgar improcedente a providência requerida, por não se encontrar
preenchidos os fundamentos do artigo 399.º in fine do CPC, por inexistência da
probabilidade de grave violação de um direito da requerente e de difícil
reparação.

Junta: Procuração, 6 documentos de prova e duplicados legais.


Valor da acção: o do requerimento inicial
Testemunhas: (nome completo, profissão, morada e outras circunstâncias necessárias para
as identificar)

Local, data, mês e ano


O mandatário
______________

61
(Nome e assinatura do mandatário)
CP nº

5. DAS ACÇÕES POSSESSÓRIAS

5.1. Modelo de Acção especial de manutenção de posse

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal Judicial da Cidade De


Maputo
Maputo
Proc. N.___
____Secção

Adília Alzira, Antónia Alzira e Carlos Manuel, maiores e de nacionalidade


moçambicana, todos residentes no Município da Cidade de Maputo, Bairro de Laulane, Q
18, casa nº 465, representados neste acto pelo seu mandatário judicial, conforme
procuração em anexo, doravante designados Autores (AA), vêm propor ao abrigo do
artigo 1033.º e seguintes do CPC, a presente ACÇÃO ESPECIAL DE MANUTENÇÃO
DE POSSE COM PROCESSO SUMÁRIO8, Contra,

Luís Alvino, maior, de nacionalidade moçambicana, residente na cidade de Maputo,


Bairro Central, contactável pelo telemóvel 878972345, doravante designado Réu (R),o
que o fazem nos termos e com os fundamentos seguintes:

Dos Factos:
1.º
Rosa Maria, mãe dos AA e o Carlos Pedro, filho do R, viveram em união de facto cerca
de 10 anos e juntos adquiram e exploraram um Restaurante Bar e Esplanada, sito no
Bairro do Jardim, Rua de Alecrim, n. 1234.
2.º

8
As acções possessórias seguem, regra geral, os termos do processo sumário. Vide nº1 do artigo 1033º do
CPC.

62
O filho do R faleceu no ano de 2001, tendo a mãe dos AA dado continuidade ao negócio
que vinha desenvolvendo com o seu companheiro.

3.˚
Com a morte do filho do R, a mãe dos AA nunca mais teve paz, isso porque o seu sogro,
ora R, começou a retirar todo o património adquirido pelo casal, alegadamente herdeiro
do decujes.

4.˚
Sucede que, a dado momento a mãe dos AA começou a adoecer e à medida que a doença
se agravava, conferiu poderes a filha mais velha Adília Alzira, para dar continuidade ao
negócio e cuidar dos seus irmãos mais novos, até que a morte lhe bateu a porta, em 24 de
Agosto de 2004, como atesta os Docs. 1 e 2, em anexo.
5.˚
Depois da morte da mãe, os AA decidiram, representados por Adília Alzira, celebrar um
contrato para construção de duas lojas na garagem onde funcionava o Restaurante Bar e
posterior arrendamento ao empreiteiro, o que efectivamente aconteceu, como atesta o doc.
3 Em anexo.

6.˚
Importa referir que, enquanto decorria a construção das obras, em nenhum momento o R
intentou qualquer acção com vista a embargar as obras que estavam sendo erguidas
mesmo tendo conhecimento, concluindo-se, dessa forma, que o mesmo consentiu a
construção em causa.

7.˚
Vendo R, que aquela garagem, que ficou na posse da mãe dos AA até a morte, constituí
agora a única fonte de subsistência dos AA, uma vez que foram construídas lojas e
encontram-se arrendadas, passou a perturbar os inquilinos que ali se encontram
intitulando-se proprietário dos imóveis que nem sequer existiam quando o seu filho
perdeu a vida.

8.º

63
Não existem dúvidas que a conduta do R configura grave lesão dos direitos dos AA,
na medida em que não foi precedida de qualquer autorização destes, agindo contra a
sua vontade.

9.º
Os actos praticados pelo R impedem os AA de exercerem plenamente o seu direito
de posse como herdeiros do único património da mãe, de tal sorte que a sua posse
encontra-se abalada.

De Direito
10.º
Dispõe o n. 1 do artigo 1.281.º do C. Civil que, “A acção de manutenção da posse pode
ser intentada pelo perturbado ou pelos seus herdeiros, mas apenas contra o perturbador,
salva a acção de indemnização contra os herdeiros deste”.
11.º
Nos termos do artigo 2.049.º do C. Civil, “1. O sucessível chamado à herança, se ainda a
não tiver aceitado, não está inibido de providenciar acerca da administração dos bens, se
do retardamento das providências puderem resultar prejuízos. 2. Sendo vários os
herdeiros, é lícito a qualquer deles praticar os actos urgentes de administração…”
12.º
De acordo com o artigo 1.279.º do C. Civil, a conduta do requerido constitui esbulho
violento, e os AA estão a ser perturbados e esbulhados da sua posse.

13.º
Os AA já não têm o gozo pleno do seu direito, na qualidade de herdeiros, apesar de terem
a posse pública de acordo com o artigo 1.262.º, e posse de boa-fé, resultante do artigo
1.260.º, e pacífica, de acordo com o artigo 1.261.º, todos do C. Civil.
Nestes termos, e no mais de direito ao caso aplicável, e com mui douto
suprimento de V. Excia, requer-se que o R. seja condenado a não
perturbar a posse dos AA.
Para tal requer-se a citação do R, para, querendo, contestar, no prazo e
sob cominação legal, seguindo o processo os demais e ulteriores termos
até final.
Mais deve o R, ser condenado ao pagamento das custas e demais encargos
judiciais.

64
Valor da acção: 3,000.000.00Mts (Três milhões de meticais)
Junta: Procuração forense, documentos de prova e duplicados legais
Testemunhas: (nome completo, profissão, morada e outras circunstância necessárias para
as identificar)

Local, data, mês e ano


O mandatário
_____________________
Nome e assinatura do mandatário
C.P nº

5.2. Modelo de Acção de reivindicação de propriedade

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal Judicial da Província


de Sofala
Sofala
Proc. N.___
___Secção

Dalila Harun Ismael de Almeida, com domicílio na cidade da Beira, Rua dos
Guerreiros, casa n. 324 R/C, neste acto representado pelo seu mandatário judicial,
conforme procuração em anexo, adiante Autora (A) vem propor e fazer seguir ACÇÃO
ESPECIAL DE REIVINDICAÇÃO DE PROPRIEDADE, Contra

Julieta António Jenga, com domicílio na cidade da Beira, bairro Central, Rua Alfredo
Lawley nº 1044, R/c, adiante designada Ré, (R), com base nos seguintes factos e
fundamentos:

Dos factos
1.º
A A. é legítima proprietária de um imóvel de habitação, sito na cidade da Beira, bairro
Central, Rua Alfredo Lawley nº 1044, R/C., conforme documentos em anexo (doc.1).

65
2.º
O imóvel em causa foi adquirido por compra à Administração do Parque Imobiliário do
Estado (APIE), no processo de alienação nº 217/2003, beneficiando de um direito de
alienação nos termos do artigo 2º da Lei nº 5/92, de 09 de Janeiro, tendo efectuado todos
os pagamentos, aguardando apenas a emissão do respectivo título de adjudicação
/propriedade (vide docs. 1, 2 e 3) que se reproduzem integralmente para todos os efeitos
legais.

3.º
Por força do referido contrato de compra e venda a propriedade do imóvel foi transferida
da APIE para A., nos termos da alínea b) do artigo 879.º do C. Civil.

4.º
Sucede que, no mês de Junho de 2000, a R., manifestou interesse em adquirir o referido
imóvel, pelo preço de 800.000,00 Mts (oitocentos mil meticais), tendo nessa altura pago, a
A., à título de sinal, 90.000,00 Mts (noventa mil meticais), comprometendo-se a pagar os
restantes 710.000,00 Mts (setecentos e dez meticais) até ao mês de Dezembro do mesmo
ano.

5.º
Com a entrega do valor acima referido, a R. passou a ocupar o imóvel, tendo ficado
acordado que a celebração do contrato de compra e venda se efectuaria logo que a R.
pagasse a totalidade do valor, o que até data não se efectivou pois, a R. nunca mais se
dignou efectuar o pagamento do restante valor.
6.º
Devido a este incumprimento, A. diversas vezes interpelou a R., para proceder a entrega
do imóvel, predispondo-se a devolver os 90.000,00 Mts, pagos como sinal, o que não
mereceu acolhimento pela R., chegando mesmo a recusar-se de entregar o imóvel.
7.º
A A. teve conhecimento que a R., neste momento está arrendar o referido imóvel a uma
empresa, encontrando-a a residir num outro.

De Direito
8.º

66
Ora, a recusa da R. em devolver o imóvel à legítima proprietária, perturba o pleno
exercício do direito de uso fruição e disposição por parte da A., pois o direito de
propriedade é “erga omnis”, nos termos do disposto no artigo 1305º do C.Civil.
9.º
Pelo contrário a R. exerce sobre o imóvel, uma posse não titulada, porquanto não se funda
em qualquer modo legítimo de aquisição, nos termos do nº 1 do artigo 1259º do C.Civil, e
é exercida contra a vontade do legítimo proprietário da coisa, pelo que deve ser
condenada a restitui-lo.
Nestes termos e nos melhores de direito ao caso aplicável e sempre com mui douto
suprimento de V.Excias deverá proceder a presente acção e ipso facto, ser a R.
condenada a restituir a favor da A, legítima proprietária do imóvel sito no bairro
Central, Rua Alfredo Lawley nº 1044, R/c.
Para tanto, requer a V. Excia que se digne mandar citar a Ré para contestar
querendo, no prazo e sob pena de cominação legal, seguindo-se os ulteriores
termos até final.
Valor da acção : 800.000,00 Mts (oitocentos mil meticais).
Junta: Procuração forense, 4 (quatro) documentos de prova e duplicados legais
Testemunhas: (nome completo, profissão, morada e outras circunstâncias necessárias para
as identificar)
Local, data, mês e ano
O mandatário
____________________
Nome e assinatura do mandatário
C.P nº

5.3. Modelo de Acção especial de despejo

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal Judicial da


Província De Maputo
Maputo
Proc. N.___

67
____Secção

Armandino Argentino, maior, residente no Bairro Central, Av. Vladmir Lenine nº 310,
10º andar, flat 20; Mateus Américo, maior, casado, de nacionalidade moçambicana,
residente no Bairro Central, rua das flores nº 2, 8º andar, flat 2, representados neste acto
pelo seu mandatário judicial, conforme procuração o em anexo, em diante designados por
Autores (AA); vem propor e fazer seguir ACÇÃO ESPECIAL DE DESPEJO, sob
forma de Processo Sumário, Contra

António Felisberto, maior, cidadão de nacionalidade moçambicana, residente no


Município da Matola, Bairro do Fomento, Av. 25 de Setembro nº 38, daqui em diante
designado Réu (R), nos termos do artigo 964.º e seguintes do CPC, a presente, louvando-
se nos factos e fundamentos seguintes:

Dos factos
1.º
Os AA são proprietários legítimos do imóvel sito no Bairro de Fomento, Rua 10 n.º 654 e
inscrito na Conservatória do Registo Predial de Maputo sob número 83.272, como atesta a
certidão de registo em anexo (doc.1).

2.º
O referido imóvel foi adquirido em 2010 pelos AA a pedido do R, uma vez que residia no
imóvel a título de arrendamento e os proprietários pretendiam vende-lo e o R, não
dispunha de valores.

3.º
Para a compra do imóvel em causa os AA pagaram o preço de 70.000 USD (Setenta mil
dólares), vide cláusula terceira do contrato de compra e venda em anexo (doc. 2).
4.º
Depois da compra do imóvel pelos AA, foi celebrado entre estes e o R, um contrato
promessa de compra e venda. Vide o contrato em anexo (doc.3).

5.º

68
Do contrato acima referido o R ficou obrigado a devolver aos AA o valor pago pelo
imóvel acrescido de 30.000 USD (trinta mil dólares) dentro do prazo de dois meses,
conforme se depreende da cláusula primeira do contrato já anexo.

6.º
Sucede que, o R não se dignou a cumprir com o contrato celebrado com os AA.
7.º
Vendo os AA, o incumprimento do contrato por parte do R, na tentativa de uma solução
extra judicial, acordaram que este passaria a pagar as rendas do imóvel que ocupava, no
valor de 30.000,00Mts (trinta mil meticais) ou devolver o imóvel aos proprietários ora
AA.
8.º
Acontece que, o R continuou com o incumprimento, até que em 2016 fez algumas
transferências em parcelas, totalizando um valor de 800.000,00Mts (Oitocentos mil
meticais) para a conta bancária do A Armandino Argentino, valor que serviu para abater
as rendas referentes a 27 meses, faltando ainda por pagar 57 meses, totalizando um valor
de 1.710.000,00Mts (Um milhão setecentos e vinte e um meticais) tendo em conta que
ocupa o imóvel a 7 anos.
9.º
A Atitude do R de não pagar as rendas e residir no imóvel a custo zero é de má-fé, e cria
danos avultados aos AA.

De Direito
10.º
O princípio da liberdade contratual que encontra consagração legal expressa no artigo
405.º do C.C os AA e o R livremente celebraram o contrato promessa de compra e venda,
tendo redigido nele as cláusulas que lhes aprouveram, com direitos e obrigações para
ambas.
11.º
Foi com base no princípio referido no parágrafo anterior que se fixou expressamente o
prazo para reembolso do valor bem como as condições de pagamento.
12.º
O R deixou de cumprir a obrigação contratual com os AA, isto é, de devolver o valor
pago pelo imóvel por aqueles, razão pela qual gozam do direito de fazer sua a coisa,
requerendo no caso a devolução do imóvel de que são proprietários.

69
13.º
Dispõe o n.º 1 do artigo 406.º do C.C que os contratos devem ser pontualmente cumpridos
e só podem modificar-se por mútuo consentimento e a R tinha obrigação de pagar pela
prestação de serviços.

14.º
Os AA gozam do direito de rescindir o contrato de arrendamento porque o R violou o
previsto na alínea a) do artigo 46.º do Decreto n.º 43.525/61, de 7 de Março, (Lei do
Inquilinato), nomeadamente, de pagar a renda no prazo competente através do depósito
que a lei considera liberatório.

15.º
Ao AA são legítimos proprietários do imóvel e podem exigir judicialmente de qualquer
possuidor ou detentor da coisa o reconhecimento do seu direito de propriedade e a
consequente restituição do que lhe pertence. Vide artigo 1.311º do C.C.
16.º
Assim sendo, a acção de despejo é o meio para fazer cessar imediatamente o
arrendamento pelo fundamento acima referido conferindo aos AA o direito de pedir a
resolução do contrato, conforme estabelece o artigo 971.º do CPC.

17.º
As partes são legítimas e gozam de capacidade jurídica.

Termos em que, no mais de direito ao caso aplicável e noutros que forem doutamente
supridos, requer-se a V. Excia se digne julgar procedente a presente acção, porque
provada e, por via dela:
 Ordenar-se o despejo do R do imóvel em causa;
 Condenar-se o R, no pagamento das rendas em falta no valor de 1. 710.000,00Mts
(um milhão setecentos e dez mil meticais) a favor dos AA, bem como no pagamento
de todos encargos provenientes deste processo.
Para tanto, requer-se a V. Excia que, recebida e autuada, se digne mandar citar a R, para
contestar, querendo, no prazo legal, seguindo o processos os ulteriores termos.

Valor da acção: 1.710.000,00Mts (um milhão setecentos e dez mil meticais)


Junta: Procuração forense, 3 documentos de prova e duplicados legais.
70
Testemunhas: (nome completo, profissão, morada e outras circunstâncias necessárias para
as identificar)
Local, data, mês e ano
O mandatário
_____________________
(Nome e assinatura do mandatário)
C.P nº

6. DAS ACÇÕES DE FAMÍLIA E MENORES

71
6.1. Modelo de acção de adopção

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal de


Menores da Cidade de Maputo

Maputo
Proc. N.___

Felicidade Jamal, solteira, maior, natural de Maputo, de nacionalidade moçambicana,


portadora do Bilhete de identidade n.º 101000745678, residente no Bairro do Benfica,
Rua do Parque, n.º 101, casa nº 12, contactável pelo telemóvel 826542351, neste acto
representada pelos seus mandatários judiciais, conforme procuração em anexo, vem, nos
termos dos artigos 97.˚ e ss da Lei n.º 8/2008, de 9 de Julho, (Lei da Organização
Jurisdicional de Menores), em conjugação com os artigos 389.˚ e seguintes da Lei da
Família, aprovada ela Lei n.º 10/2004, de 25 de Agosto, REQUERER A ADOPÇÃO
DE UM MENOR, fundando-se nos seguintes factos:

1.º
A requerente não possui filhos, tendo, entretanto, vontade de ser mãe de uma criança do
sexo feminino de até seis meses de vida.

2.º
A requerente encontra-se no seu pleno gozo de faculdades mentais, possuindo capacidade
financeira, moral e social, para criar e cuidar de uma criança, fornecendo-lhe vantagens
concretas, que a lei prescreve.

3.º
Nos termos do artigo 391.ºda Lei da Família, a adopção só pode ser decretada quando
apresentar vantagens concretas para o adoptado, não puser em causa as relações e os
interesses de outros filhos do adoptante…”

4.º
No caso sub-judice, a adoptante, como referido no articulado I., não possui filhos,
entretanto possui idoneidade moral, sanidade mental e física, condições materiais e

72
demais requisitos exigidos por lei, nomeadamente, o disposto no nº2 do artigo 393.ºda Lei
da Família.
5.º
Possui emprego fixo e seguro, gozando plenamente das suas faculdades mentais, endereço
físico seguro, tanto a nível profissional como a nível social, dispõe de moral
irrepreensível, o que se pode aferir, tanto ao nível profissional, como social, junto da sua
morada, conforme atestam o documentos em anexo.
6.º
A adoptante pretende proporcionar, à criança que vier a ser-lhe entregue, uma família, um
lar onde há amor, carinho, e todos os direitos que cabem a todas as crianças.

Termos em que, nos melhores de direito ao caso aplicável, requer-se a


V.Excia, a atribuição da adopção de menor conforme requerido no
articulado 1º.
Para tanto, requer-se a V. Excia., se digne remeter a Acção Social, com
vista a realização do inquérito previsto no artigo 98.º da Lei da
Organização Jurisdicional de Menores, aprovada pela Lei n.º 8/2008, de
15 de Julho, e que sigam-se os ulteriores termos até final.
Valor: 30.000,00 MT (Trinta mil meticais).
Junta: Procuração forense, documentos de prova e duplicados legais.
Testemunhas: (nome completo, profissão, morada e outras circunstâncias necessárias para
as identificar)

Local, data, mês, ano


O mandatário
________________________
Nome e assinatura do mandatário
CP nº.

73
6.2. Modelo de acção de Tutela

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal de


Menores da Cidade de Maputo
Maputo
Proc. N.___

Ana Maria, casada, de nacionalidade moçambicana, portadora do Bilhete de identidade


n.º 0700466625, residente na cidade da Beira, 14.º Bairro Inhaconjo, Rua 31, Terminal da
Rua 6, casa n.º 10 R/C, contactável através do telemóvel n.º 8254678765, representada
pelo seu mandatário judicial, conforme procuração em anexo, vem nos termos do nº 1 do
artigo 335º da Lei n. 10/2004, de 25 de Agosto - Lei da Família, REQUERER A
TUTELA DE ANTÓNIO FELIZ e MARIA HELENA, (Docs. 1 e 2) fundando-se no
seguinte:

1.º

74
Os menores são filhos de sua falecida irmã, Eunice Clara, conforme Assento de óbito n.º
2686/2007, e de Luís Felisberto, igualmente falecido, conforme Certidão de óbito
registado sob o Assento n.º 408/2009, (Vide docs. 3 e 4).

2.º
Os menores encontram-se neste momento a viver com a requerente, a qual tem no dia-a-
dia cuidado dos mesmos e protegendo-os.

3.º
A requerente possui condições sociais, morais, económicas e culturais para acolher os
menores, que aliás, sendo que a mesma já vem acolhendo os menores ainda em vida da
falecida mãe, age no mais alto interesse daqueles, seus sobrinhos, nomeadamente no que
respeita, à alimentação, educação, saúde, lazer e tudo que é necessário para garantir o são
crescimento dos mesmos.
4.º
Mais ainda, a requerente e os seus filhos tem um bom relacionamento com os menores, e
estes, como se disse acima, órfãos de ambos os pais, e não haver mais ninguém no seio da
família, com interesse no seu sustento, tendo legitimidade, nos termos do artigo 340.º, n.º
1, alínea b), da Lei da Família.

Termos em que, nos melhores de direito ao caso aplicável, requer-se a


V.Excia, a atribuição de tutela dos menores, António Feliz e Maria
Helena.
Para tanto, se digne citar a Acção Social, conforme estatuído nos artigos,
2.º e seguintes do Decreto n.º 5/89 9, de 5 de Abril, conjugado com o
Decreto Presidencial n.º 8/200010, de 16 de Maio, bem como a Lei n.º
8/2008, de 15 de Julho, nos termos dos artigos 97.º e seguintes, sobre a
organização tutelar de menores, e nos artigos 337.º e seguintes da Lei da
Família, e que sigam-se os ulteriores termos até final.

Junta: Procuração forense, documentos de prova e duplicados legais.


Testemunhas: (nome completo, profissão, morada e outras circunstâncias necessárias para
as identificar)

9
Introduz a simplificação da tramitação processual respeitante à concessão da adopção e Tutela
10
Competências do Ministério do Género, Criança e Acção Social

75
Valor: 30.000,00 MT (Trinta mil meticais).
Junta: Procuração forense, documentos de prova e duplicados legais.
Testemunhas: (nome completo, profissão, morada e outras circunstâncias necessárias para
as identificar)

Local, data, mês, ano


O mandatário
________________________
Nome e assinatura do mandatário
CP nº.

6.3. Modelo para acção de Invetário obrigatório

Digno Procurador da República Junto do


Tribunal Judicial da Cidade de Maputo

Maputo

Assunto: Pedido de Instauração de um processo de inventário obrigatório

Virgínia Pedro, menor de idade, Valter Pedro menor de idade, Elisa Pedro menor
de idade e Gabriel Pedro, menor de idade, todos representados pela mãe Telma de
Araújo, moçambicana, residente nesta Cidade de Maputo no bairro das Manhotas,
Q. nº30, casa nº4, representados nesta acto através de seu mandatário judicial,
adiante Requerentes, vem, ao abrigo dos disposto no nº2 do artigo 1326º do Código
de processo Civil, requer a instauração de um processo de INVENTÁRIO
OBRIGATÓRIO, por óbito de Pedro Pedro Júnior, o que fazem nos termos e pelos
fundamentos que se seguem:

1.º

76
Telma de Araújo, ora mãe dos Requerentes viveu em comunhão de cama e mesa com
Pedro Pedro Júnior, ora falecido em 02 de Outubro de 2000, vide certidão de óbito em
anexo como doc. 1.

2.º

Da relação com Pedro Pedro Júnior nasceram nove filhos, alguns dos quais os ora aqui
Requerentes representados pela mãe, vide docs 2 a 5 em anexo.

3.º

Com a morte de Pedro Pedro Júnior começaram desentendimentos no seio da família


protagonizadas pelo João António, irmão do falecido.

4.º

Tais desentendimentos começaram porque em vida o falecido era proprietário de um


estabelecimento comercial no bairro de Aeroporto “B” conhecido como Restaurante de
Aeroporto “B”, vide docs 6 a 8 em anexo.

5.º

Actualmente o João António arroga-se proprietário do estabelecimento em causa


chegando ao ponto de falar que pretende vendê-lo por se considerar único herdeiro do seu
falecido irmão.

6.º

Várias tentativas tendo em vista a resolução amigável ou familiar do assunto foram


encetadas contudo não lograram resultados pela sua arrogância.

7.º

João António está a causar enormes prejuízos aos Requerentes pois, os ora aqui
Requerentes não podem continuar com os estudos por falta de condições financeiras.

8.º

77
Estabelece o artigo 2131.ºdo C. Civil do mesmo diploma legal que “ se o falecido não
tiver disposto válida e eficazmente, no todo ou em parte, dos bens de que podia dispor
para depois da morte, são chamados á sucessão desses bens os seus herdeiros legítimos.”

9.º

A ordem por que são chamados tais herdeiros é a que consta do artigo 2133.º e 2135.º do
mesmo diploma, onde os descendentes aparecem em primeiro lugar e preferem aos
parentes de grau mais afastado.

Para tanto,

Aguarda deferimento

Local, data, mês e ano


O Mandatário
________________________
Nome e assinatura do mandatário

Junta: Procuração Forense documentos de prova e duplicados legais.

Testemunhas: (nome completo, profissão, morada e outras circunstâncias necessárias para


as identificar)

6.4. Modelo de acção de Investigação da Paternidade

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal Judicial


da Cidade de Maputo
Maputo
78
Proc. N.___
____Secção

Elina Patrícia, maior, natural de Maputo e residente no Bairro de Magoanine B, Cidade


de Maputo, contactável pelo telemóvel nº 847480268, doravante designada por Autora
(A), vem ao abrigo do artigo 276 da Lei da Família, intentar e fazer seguir a presente
ACÇÃO DE INVESTIGACAO DE PATERNIDADE, Contra

Salomão Timóteo Chambule, maior, residente no Bairro de Infulene, podendo ser


contactado pelos nºs 824774670 e 844336150,de ora em diante a ser tratado por Réu (R).

Dos Factos

Desde o ano de 1988 que a mãe da A, Patrícia Feliz, vivia com Jerónimo Alberto já
falecido.

Na constância da relação amorosa entre ambos, nasceu a A; no dia 01 de Dezembro de
1992, conforme doc. 1 que vai em anexo.


Sucede que, para manter a subsistência da família, o decujus foi trabalhar na África do Sul
sem ter efectuado o registo da A.

No ano de 1999 a A. foi residir com o pai naquele País até Setembro de 2003, altura em
que o suposto pai veio a falecer vítima de doença, como de resto prova do doc.2 em
anexo.

Acontece que, depois da morte do suposto pai a A, voltou para Moçambique, e havendo
necessidade de iniciar os seus estudos, a mãe teve que registá-la sem menção da
paternidade como atesta a cópia de cédula em anexo que vai como doc. 3.

De Direito

A A. foi sempre tratada como filha do decujus e é reconhecida como tal pela sociedade,
para além de que durante o período em que o suposto pai vivia, existiram relações

79
próximas entre a A; e o suposto pai bem como os familiares deste, o que pode servir de
prova conforme o estatuído nas als. a) e c) do nº 2, do artigo 277 da Lei n.º10/2004 de 25
de Agosto.


O registo imediato após o nascimento, é um direito que todo o filho tem, ao abrigo do
disposto no nº 1 do artigo 205º da Lei nº 10/2004, de 25 de Agosto, conjugado com al. a)
do n.º 1 do artigo 1 da Lei nº 12/2004 de 8 de Dezembro.


Constitui igualmente direito do filho, o uso de um nome próprio e do apelido dos pais, nos
termos do nº 2, do artigo 205 da Lei da Família.


Nestes termos e nos mais de direito ao caso aplicável e com mui douto suprimento de
V.Excia, ao abrigo do disposto no artigo 276º da Lei da Família, requer a que seja
reconhecida a paternidade do já falecido pai Jerónimo Alberto e consequentemente passar
a ostentar o apelido Alberto do seu progenitor.

Valor da Acção: 30.001,00MT (Trinta mil e um meticais)

Junta: Procuração Forense documentos de prova e duplicados legais.

Testemunhas: (nome completo, profissão, morada e outras circunstâncias necessárias para


as identificar.

Local, data, mês e ano


O Mandatário
________________________
Nome e assinatura do mandatário
CP. n.º

80
6.5. Modelo de requerimento e acordos para divórcio por mútuo consentimento11

Exmo Senhor Conservador da Primeira Conservatória do


Registo Civil da Cidade de Tete
Tete

Luís André, maior, moçambicano, casado, residente na Cidade de Tete, no bairro de


Chingodze Q.nº7, casa nº428, titular do B.I. nº. 1234678904A, emitido pelo arquivo de
identificação civil da Matola.
e
Sandra Armando, maior, casada, residente na Cidade da Tete, no bairro de chingodze,
Q.nº7, casa n428, portador do B.I nº110100257086B, emitido pelo arquivo de
identificação civil de Maputo, vêm, ao abrigo do disposto no artigo 349 do Código de
Registo Civil conjugado com o nº2 do artigo 195 da Lei de Família, requerer Divórcio
por Mútuo Consentimento, o que fazem nos termos e pelos fundamentos que se seguem:

Os requerentes contraíram matrimónio no dia vinte e nove de Maio de 1999, sem
convenção antenupcial, conforme cópia de documento nº1.

11
O divórcio não litigioso deve ser requerido por ambos os cônjuges, desde que estejam casados há mais de
três anos e separados de facto há mais de 1 ano. No requerimento, os cônjuges não necessitam de mencionar
as causas do divórcio, devendo o pedido ser instruído com os seguintes documentos: certidão de copia
integral do registo de casamento; relação especifica dos bens comuns se os houver com a indicação dos
respectivos valores, acordos em separado, se os houver, nomeadamente: acordo sobre o exercício do poder
parental relativamente aos filhos menores; acordo sobre a prestação de alimentos ao cônjuges que deles
careca; acordo sobre o destino da casa da moradia da família, conforme dispõe as als. a), b), c) e d) do n. 1
do artigo 196 da Lei .º 10/2004, de 25 de Agosto, que aprova a Lei da Família conjugado com as als. b), c),
d) e e) do n. 1 do artigo 350 da Lei n. 12/2004, de 8 de Dezembro, que aprova o Código de Registo Civil.

81

Na constância do matrimónio os requerentes tiveram 2 (dois) filhos, ora menores,
nomeadamente, Luís André Júnior e Belita André, conforme documentos nº2 e 3.

Os requerentes encontram-se separados de facto e fisícamente desde Março de 2005.

Depois de meditarem profundamente, os requerentes chegaram a conclusão de que não
querem manter a vida em comum, pelo que decidiram requerer a sua dissolução.

Os requerentes decidiram por consenso em designar competente para o respectivo
processo de divórcio a 1ª Conservatória dos Registos e Notariado da Cidade de Tete.
Nestes termos e nos mais de Direito ao caso aplicável, requerem a V.Excia
que seja designado o dia e hora para a conferência a que se refere o nº1
do artigo 197.º da Lei de Família, seguindo-se ulteriores termos até ser
decretado o divórcio dos requerentes.
Pelo que,
Pedem Deferimento
Local, data, mês e ano

Assinatura dos requerentes

___________________________ _________________________________

Juntam: Documentos de prova e (4) quatro acordos.

ACORDO QUANTO À PARTILHA DE BENS

Luís André, maior, moçambicano, casado, residente na Cidade de Tete, no bairro de


Chingodze Q.nº7, casa nº428, titular do B.I. nº. 1234678904A, emitido pelo arquivo de
identificação civil da Matola.

82
e

Sandra Armando, maior, casada, residente na Cidade da Tete, no bairro de chingodze,


Q.nº7, casa n428, portador do B.I nº110100257086B, emitido pelo arquivo de
identificação civil de Maputo.

Durante a vigência da relação matrimonial os requerentes não adquiriam bens, pelo que
não há bens a partilhar.

Local, data, mês e ano

Os requerentes

___________________________ _________________________________

ACORDO QUANTO À PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS

Luís André, maior, moçambicano, casado, residente na Cidade de Tete, no bairro de


Chingodze Q.nº7, casa nº428, titular do B.I. nº. 1234678904A, emitido pelo arquivo de
identificação civil da Matola.

83
e

Sandra Armando, maior, casada, residente na Cidade da Tete, no bairro de chingodze,


Q.nº7, casa n428, portador do B.I nº110100257086B, emitido pelo arquivo de
identificação civil de Maputo.

Os outorgantes acordam que nenhum deles contribuirá para alimentos do outro, por não
carecerem de tal assistência.

Local, data, mês e ano

Os Outorgantes

____________________________ _________________________________

84
ACORDO SOBRE O DESTINO DA CASA DE MORADA DA FAMÌLIA

Luís André, maior, moçambicano, casado, residente na Cidade de Tete, no bairro de


Chingodze Q.nº7, casa nº428, titular do B.I. nº. 1234678904A, emitido pelo arquivo de
identificação civil da Matola.

Sandra Armando, maior, casada, residente na Cidade da Tete, no bairro de Chingodze,


Q.nº7, casa n.º 428, portador do B.I nº110100257086B, emitido pelo arquivo de
identificação civil de Maputo.

Os outorgantes acordaram que a casa de morada da família, sita na cidade de Tete, no


bairro de Chingodze, Q.nº7, com o nº428, fica com a cônjuge Sandra Armando.
Local, data, mês e ano

Os Outorgantes

____________________________ _________________________________

ACORDO DE REGULAÇÃO DO EXERCÍCIO DO PODER PARENTAL

85
Luís André, maior, moçambicano, casado, residente na Cidade de Tete, no bairro de
Chingodze Q.nº7, casa nº428, titular do B.I. nº. 1234678904A, emitido pelo arquivo de
identificação civil da Matola.

Sandra Armando, maior, casada, residente na Cidade da Tete, no bairro de chingodze,


Q.nº7, casa n428, portador do B.I nº110100257086B, emitido pelo arquivo de
identificação civil de Maputo.

Os requeridos acordam, para efeitos dos artigos 283 e seguintes da Lei de Família e artigo
350 nº1 al. c) do Código de Registo Civil, em regular o poder parental das suas filhas, nos
seguintes termos:

1.

Os menores ficarão à guarda da mãe, com ela coabitando, mas sendo o poder parental
exercido por ambos os pais.

2.

O pai terá os menores consigo de 15 em 15 dias, devendo para tanto ir busca-los à casa da
mãe na 6ª feira e entregá-los no Domingo à noite.

3.

O pai poderá ir buscar os filhos à Escola, sempre que queira, sem prejuízo das actividades
escolares destas, desde que dê conhecimento prévio à mãe.

4.

O pai poderá visitar e ir buscar os filhos, à casa da mãe, sempre que queira, sem prejuízo
das actividades escolares destes e da organização pessoal e familiar da mãe, devendo no
entanto avisar e obter consentimento desta com uma antecedência de doze horas.

5.

Os filhos passarão metade das suas férias escolares com cada um dos progenitores.

6.

86
Festas do final do ano, nomeadamente 25 de Dezembro e 1 de Janeiro, os menores
poderão passar com os pais alternadamente.

7.

No caso de os menores se deslocarem com qualquer um dos progenitores, o progenitor


com quem se ausentarem, dará disso conhecimento ao outro.

8.

Em caso de ausência da mãe (da sua residência habitual e desacompanhada dos menores),
por período superior a cinco dias, os menores ficarão à guarda do pai pelo respectivo
período.

9.

O pai pagará a título de pensão de alimentos, a quantia de …. Mzn, que enviará à mãe até
ao dia----de cada mês a que diz respeito, por transferência bancária ou por qualquer outro
meio.

O pai suportará 50 por cento das despesas de saúde com os menores, sempre que for
necessário.

10.

A mãe deverá dar sempre conhecimento e consultar o pai nas decisões mais relevantes
que envolvam a vida escolar e pessoal dos menores.

11.

O pai participará em tudo o que disser respeito a vida escolar dos menores, podendo
frequentar reuniões da escola e solicitar informações sempre que entender necessário.

12.

Nos dias de Aniversário do pai ou da mãe, os menores passarão o mesmo com cada um
deles, conforme acordarem.

O presente acordo entra em vigor a partir da data da sua outorga.


Local, data, mês e ano

87
Os requeridos

_______________________________ _________________________________

6.6. Modelo de acordos extrajudicial para separação e divisão de coisa comum

ACORDO DE SEPARAÇÃO E DIVISÃO DE COISA COMUM

Entre:

Abel José, solteiro, maior, de nacionalidade moçambicana, residente na cidade de


Chimoio, com domicílio profissional na Direcção da Área Fiscal de Inhambane, na Av.
Mártires da Machava, nº. 12, daqui em diante a ser designado abreviadamente por
PRIMEIRO OUTORGANTE
e
Anita Passe, solteira, maior, de nacionalidade moçambicana, natural de Buzi, residente na
cidade de Inhambane, funcionário afecto ao INAS – Delegação provincial de Inhambane,
doravante designada por SEGUNDA OUTORGANTE.

88
Os outorgantes, ora unidos de facto, formalizam o presente acordo de separação e divisão
de coisa comum, que é reciprocamente aceite e se rege pelos termos constantes das
cláusulas seguintes:

CLÁUSULA PRIMEIRA
Pelos outorgantes foi dito o seguinte:
Um) Que possuem conjuntamente uma flat destinada a habitação sito na A. Eduardo
Mondlane, Prédio Azul, 1º andar, direito, porta 550, avaliada em 600.000,00Mts
(seiscentos mil meticais);
Dois) Uma moradia sita no Bairro de Muele, nº 4, Talhão n.º 928, com a área de 600m 2,
avaliada em 2.000.000,00Mts (dois milhões de meticais);
Três) Uma viatura de Marca Toyota, modelo Hilux-Surf, cor de branca, com a chapa de
inscrição MLY-67-13, avaliada em 200.000,00Mts (duzentos mil meticais);

CLAUSULA SEGUNDA
Pelo primeiro outorgante foi dito que:
Um) Cede a sua parte da Flat, a favor da segunda outorgante;
Dois) Para além da flat referida no número anterior, o primeiro outorgante, pagará à
segunda outorgante um montante no valor de 700.000,00Mts (setecentos mil meticais),
referente a sua quota-parte na moradia e outro montante no valor de 100.000,00Mts (cem
mil meticais) respeitantes a metade do valor da viatura a favor da segunda outorgante,
ficando aquele com a moradia e a viatura.

CLÁUSULA TERCEIRA
Pela segunda outorgante foi dito que:
Um) Cederá ao primeiro outorgante a sua parte da moradia, bem como a viatura, ficando
com o valor e a flat.

CLÁUSULA QUARTA
Por ambos foi que dito que:
Um) Concordam com as cláusulas do presente acordo, convertendo a pretensão anterior
constante do processo nº ____/2010, que corre os seus legais termos no Tribunal Judicial
da Província de Inhambane.

89
Dois) Que as custas do processo referido no número anterior bem como as despesas
relativas as cedências feitas entre ambas as partes neste acordo, nomeadamente, escritura
pública, registos, SISA e outros encargos para efeitos de transmissão, incorrerão por conta
de ambos em paridade de circunstâncias;
Três) Para além do que consta do presente acordo, não existe qualquer outra dívida,
encargo, despesas e indemnizações, seja a que título for;
Quatro) os outorgantes se comprometem em cumprir escrupulosamente com o presente
acordo.

O presente acordo foi feito na cidade de Inhambane, no dia … de Abril de 2013, em dois
exemplares, que após a homologação, destinar-se-á um exemplar a cada uma das partes.

O PRIMEIRO OUTORGANTE A SEGUNDA OUTORGANTE

_______________________ ________________________

90
7. DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO

7.1. Modelo de Suspensão Da Eficácia do Acto Administrativo

Meritíssimo Doutor Juiz de Direito do Tribunal Administrativo


da Cidade De Maputo

Suleman Bacar, casado, maior, mocambicano, residente no Bairro da Costa do Sol, Q.


12, casa n.º50, cidade de Maputo; Bento Dias, solteiro, maior, moçambicano, residente
Bairro Costa do Sol, Q. 23 n.º 45, nesta cidade Manhiça, Cristo Rendor, solteiro, maior,
mocambicano, residente no Q. 1, casa n.º 34, Bairro Costa do Sol, cidade de Maputo, e
Amadeu Caló, maior, residente no Q. 48, casa n.º 21, Bairro Costa do Sol, cidade de
Maputo, outorgando neste acto em seus próprios nomes, bem como em representação dos
nativos de Mapulene, Parcela 30 B/C, no Distrito Municipal Kamavota, composta por
cerca de 84 famílias, conforme a procuracao em anexo, vem ao abrigo do disposto no
artigo 132.ͦ e seguintes da Lei n.º 7/2014, de 28 de Fevereiro (Lei do Processo
Administrativo Contencioso - LPAC), requerer a SUSPENSÃO DE EFICÁCIA DO
ACTO ADMINISTRATIVO, em anexo, relativo a atribuição do Direito do Uso e
Aproveitamento da Terra (DUAT) praticado pelo

Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, requerendo ainda a citação


dos contra-interessados, designadamente os Senhores Timóteo Faz-tudo e Brigido Faz-
tudo com domicílio profissional na Av. Karl Marx, n.º 99 R/C, cidade de Maputo,
contactáveis pelos telemóveis 8789076504/8356786512, o que o fazem com base nos
fundamentos seguintes:

Do objecto

91
1.ͦ
O objecto da presente Providência Cautelar é o Acto Administrativo praticado pelo
Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo através do Despacho de
atribuição do DUAT em anexo (Docs.1 e 2), a favor dos Senhores Timóteo Faz-tudo e
Brigido Faz-tudo relativamente a parcela 30 B/C, situada no Bairro Costa do Sol de
Mapulene, Distrito Municipal KaMavota, sem respeitar os procedimentos legais
essenciais para o efeito.

Dos factos:
2.ͦ
Os nativos de Mapulene, no Distrito Urbano Kamavota, Bairro da Costa de Sol ocupam
esta área ora designada Parcela 660B/C há sensivelmente 40 anos, pois se encontram
desde a década Setenta (70) neste local e durante muito tempo ocuparam esta terra para
efeitos de, machambas ou seja, para a prática da agricultura familiar ou de subsistência e
alguns, inclusive, chegaram a trespassar ou transmitir as suas machambas e benfeitorias a
terceiros.
3.ͦ
Estes nativos, concretamente os do quarteirão 10 assistiram ao processo de urbanização da
zona no qual o Conselho Municipal da Cidade de Maputo (CMCM) efectuou a divisão de
parcelas demarcando os espaços e arruamentos, tendo presenciado ainda o processo de
mudança do então Quarteirão 8para Quarteirão 10.

4.ͦ
Ademais, estes nativos participaram da atribuição dos DUATS aos moradores do Bairro
da Costa de Sol, no Quarteirão vizinho, atribuição que foi feita de modo colectivo.

5.ͦ
Sucede, porém, que sobre o espaço em causa, o Presidente do CMCM atribuiu DUAT a
favor dos Senhores Timóteo Faz-tudo e Brigido Faz-tudo, conforme demonstram os
despachos em anexo como docs. 3 e 4.

6.ͦ
Estranha e curiosamente, os nativos em questão não percebem e desconhecem o processo
pelo qual o CMCM atribuiu o DUAT à margem da legislação sobre a terra aos Senhores
92
Timóteo Faz-tudo e Brigido Faz-tudo sobre a área em apreço cujos legítimos titulares do
DUAT por ocupação são os respectivos nativos ora requerentes.

7.ͦ
Os esforços para o esclarecimento do processo de atribuição do DUAT em apreço não têm
merecido resposta por parte do Presidente do CMCM. (Vide em anexo cópia de pedido de
intervenção de V.Excia o Presidente do CMCM para a resolução do caso – doc. 5, 6 e 7).

Do Direito Aplicável:
8.ͦ
Resulta do artigo 111.ͦ da Constituição da República e do artigo 12.ͦ e do n.º 2 do artigo 13.ͦ
da Lei de Terras, que a falta do título não prejudica o DUAT por parte das comunidades.

9.ͦ
Ora, a execução do acto que aqui se requer a sua suspensão pode causar prejuízos
irreparáveis ou de difícil reparação aos requerentes. Aliás, da suspensão da eficácia do
acto em causa não resulta lesão para o interesse público, pelo contrário, este interesse será
acautelado com a sua suspensão, prevenindo-se, assim, a concretização de um acto de
injustiça, o que releva para a credibilidade da Administração Pública na sua actuação de
servir o interesse público e respeitar os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.

10.ͦ
Da presente providência não resultam indícios de ilegalidade de recurso, na medida em
que se funda na violação do DUAT consagrado na Constituição da República e que deve
ser respeitado pelo Órgão da Administração Pública em causa. Aliás, os requerentes têm
direito de recorrer ao tribunal por força do artigo 70.ͦ da Constituição da República e
podem fazê-lo a qualquer tempo, uma vez que o acto em causa padece de vício de
nulidade por violar a Lei de Terras, sobretudo a Constituição da República, lei mãe.

11.ͦ
A execução do acto objecto deste requerimento é motivo bastante para se conceder a sua
suspensão e, com efeito, evitar-se causar prejuízos avultados e irreparáveis aos
requerentes na medida em que podem perder definitivamente e de forma injusta o DUAT
de que são legítimos titulares.

93
Da competência do Tribunal Administrativo da Cidade de Maputo

12.ͦ
A competência do tribunal administrativo da Cidade de Maputo para apreciar o presente
caso encontra fundamento no facto do objecto deste processo emergir do acto do
Presidente da CMCM que viola o exercício do DUAT dos requerentes, matéria de
natureza administrativa. Ademais, o presente caso não se enquadra em nenhuma das
exclusões estabelecidas no artigo 5.ͦ da Lei n.º 24/2013, de 01 de Novembro.

13.ͦ
Nos termos do disposto na alínea a) do n.º 2 do artigo 4.ͦ da Lei n.º 24/2013, de 1 de
Novembro, o presente tribunal é a primeira instância para julgar o recurso ora em causa,
até porque os factos que fundamentam esta providência tiveram lugar na Cidade de
Maputo.

Do Pedido:
Nestes termos e nos melhores de direito, e com o sempre mui douto suprimento de
V. Exa., deve o presente requerimento ser admitido e à final julgar-se procedente
decretando-se a suspensão de eficácia do acto objecto do presente requerimento,
com as cominações legais.
Mais, requer-se a V.Excia que uma vez autuada e distribuída o presente
requerimento seja citados os contra-interessados Timóteo Faz-tudo e Brigido Faz-
tudo para se pronunciarem.

Junta: Procuração forense, 2 cópias de despacho do despacho recorrido, 3 requerimentos


de pedido de esclarecimento ao Presidente do CMM e duplicados legais

Testemunhas: (nome completo, profissão, morada e outras circunstâncias necessárias para


as identificar)

Local, data, mês e ano

94
O Mandatário Judicial

_________________________________________
Nome/Assinatura do mandatário
CP nº

7.2. Modelo de Recurso contencioso para declaração de nulidade do acto


administrativo

Venerandos Juízes Conselheiros da Primeira Secção do Tribunal


Administrativo
Maputo

Proc. n.

Belinha Manuel, doravante Recorrente, Técnica de Contabilidade, Funcionária do


Ministério da Saúde, afecta ao Hospital Central de Maputo, residente no Bairro 1.º de
Maio - Benfica, Q 17, casa n.º 17, Município da Matola, contactável pelo telemóvel
889876543 vem ao abrigo do disposto no artigo 144.º do Estatuto Geral dos Funcionários
e Agentes do Estado (EGFAE), aprovado pela Lei n.º 10/2017, de 1 de Agosto, conjugado
com o artigo 32.º e alínea d) do artigo 34.º, ambos da Lei n.º 7/2014, de 28 de Fevereiro,
que regula os procedimentos atinentes ao processo administrativo contencioso, por
manifesta violação dos princípios ou normas jurídicas aplicáveis, instaurar o presente
Recurso contencioso para a declaração de nulidade do acto administrativo proferido
pela

Exma Senhora Ministra da Saúde, com domicílio na Av. Eduardo Mondlane esquina
com Salvador Allende n.º 1.008, Caixa Postal, 264, Cidade de Maputo, o que faz nos
termos efundamentos seguintes:

Dos factos:
1.º
No dia 28 de Junho de 2016, a recorrente foi notificada do Despacho proferido por Exmo
Senhor Secretario Permanente do Ministerio da Saude, na qual a

95
suspendiapreventivamente dos serviços e vencimentossem qualquer fundamento,
conforme doc. 1 que vai em anexo.
2.º
Colhida de surpresa, e não se conformando com o referido despacho, no dia 01 de Julho
de 2016, a recorrente, dirigiu uma exposição para a mesma entidade que tomou a decisão,
requerendo a sua revogação, por manifesta injustiça e ilegalidade, conforme doc 2 em
anexo.

Sucede que,
3.º
A recorrente não obteve por parte do Exmo Senhor Secretário Permanente qualquer
resposta, razão pela qual no dia 19 de Julho de 2016, interpos recurso hierárquico para a
Ministra da Saúde, cuja resposta foi a manutenção da decisão de suspensão preventiva dos
serviços e vencimentos, conforme docs. 3 e 4.

4.º
Na verdade, ao recorrer do despacho surpreendeu-se, já, com a abertura do Processo
disciplinar contra si, tanto que no dia 15 de Agosto de 2016, volvidos dois meses depois
da sua suspensão, a recorrente foi notificada da nota de acusação, conforme elucida o doc.
5.

Mesmo assim,
5.º
Tempestivamente, no dia 22 de Agosto de 2016, a recorrente respondeu a nota de
acusação, conforme doc. 6.

6.º
Até a presente data a recorrente não obteve nenhuma decisão do processo disciplinar ora
aberto, muito menos quanto a sua suspensão, estando desta forma, a serem violados os
seus direitos, tanto como cidadã, e principalmente como funcionária pública, o que afecta
sobremaneira a sua vida pessoal e social.

ENQUADRAMENTO JURÍDICO – LEGAL DOS FACTOS

7.º

96
O objecto do presente recurso contencioso é arguir a nulidade doacto administrativo
proferido por Sua Excelencia Ministro da Saúde, por manifesta violação da lei.

8.º
O referido Despacho comunica a suspensão preventiva da funcionária dos serviços e dos
salários, sem referir, sequer, as razões da sua suspensão, o que viola flagrantemente os
princípios basilares da Administração Pública, nomeadamente, o dever de fundamentação
dos Actos Administrativos, estatuído no art.º 14.º, conjugado com a alínea a) do n.º 1 do
artigo 121.º ambos da Lei n.º 14/2011, de 10 de Agosto, que regula a Vontade da
Administração Pública e fixa as normas do funcionamento da Administração Pública,
sufragado pelo art.º 12.º do Decreto n.º 30/2001, de 15 de Outubro, que aprova as Normas
do Funcionamento da Administração Pública, bem como o princípio da legalidade (Vide
artigos 4.º dos mesmos Diplomas Legais).

VIOLAÇÃO DA LEI
9.º
Ao suspender preventivamente, a funcionária, ora recorrente, a recorrida violou o
estatuído no art.º 113.º do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado, aprovado
pela Lei n.º 10/2017, de 1 de Agosto12, pois, a suspensão preventiva do funcionário é
unicamente aplicável ao arguido que estando a responder ao processo disciplinar por
cometimento de infracção disciplinar a que for aplicável pena de demissão ou expulsão,
havendo fortes indícios da sua culpabilidade, e num prazo máximo de sessenta (60) dias;13
10.º
Para além de que o referido acto carece de fundamentação nos termos do n.º 1 do
artigo 121.º por remissão da alínea b) do n.º 2 do artigo 129.º da Lei n.º 14/2011, de
10 de Agosto;

12
Na altura previsto no artigo 103.ºdo EGFAE aprovado pela Lei n.º14/2009, de 17 de Março.
13
Numa outra situação, tendo em conta a altura dos factos, ou seja, quando vigorava o Regulamento do
Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (REGFAE), aprovado pelo Decreto n.º 62/2009, de
08 de Setembro, a suspensão e penhora dos vencimentos do funcionário verifica-se quando o mesmo esteja
condenado por crime a que corresponda pena de prisão que não implique aposentação compulsiva ou
expulsão dos serviços da Administração Pública, nos termos do art.º 72.º daquele Diploma legal.
Acontece que,
A funcionária, ora recorrente não se encontrava, pelo menos na altura em que foi notificada da suspensão
dos serviços e vencimentos, a responder a qualquer processo disciplinar, portanto, não havia sido
constituída arguida, se não, a posterior, quando a mesma procedeu a reclamação, conforme referido no
articulado 4.º do presente recurso.

97
E mais,
11.ͦ
O Decreto n.º 30/2001, de 15 de Outubro, consagra no seu artigo 6.º, como sendo um
dos princípios da Administração Pública, o da justiça. O que equivale dizer que, no
exercício das suas funções, a Administração Pública deve actuar de forma justa, o
que não foi observado neste caso.
12.º
Por assim dizer, o acima exposto demonstra claramente que em nenhuma circunstância se
deveria coarctar um direito adquirido, porquanto, há protecção legal, e a Administração
Pública, funda-se no primado da lei.

ERRO MANIFESTO
13.º
Um erro crasso por parte da recorrida foi decidir em suspender preventivamente a
funcionária, sem antes instaurar o respectivo processo disciplinar, violando os princípios
elementares da Administração Pública e, consequentemente, suspender o pagamento do
salário, sem motivos bastantes para o efeito.
Pior ainda,
14.º
Foi a actuação de Sua Excia. A Ministra da Saúde, ao manter a decisão relativamente a
suspensão dos serviços, bem como a percepção dos salários, o que viola os direitos
fundamentais do cidadão (Cfr. Art. Arts. 84.º e 85.º da CRM), e especialmente da
funcionária (Vide art. 47.ºdo EGFAE), pois podia e muito bem ter oficiosamente exigido
provas dos factos.
15.º
Se isto tivesse acontecido não teria tomado a decisão que tomou fundada em suposições,
em dúvidas e em conjecturações evasivas, quando na verdade, na dúvida deveria
beneficiar-se a recorrente, mas no caso subjudice, veio a prejudicá-la, o que é totalmente
inadmissível em Direito.

TOTAL FALTA DE RAZOABILIDADE DO PODER DISCRICIONÁRIO

16.º
No âmbito do seu poder discricionário, cabia à recorrida revogar imediatamente o
Despacho proferido pelo Exmo. Senhor Secretário Permanente, com vista a reposição da

98
legalidade e justiça, e consequentemente evitar-se danos irreparáveis que advieram da sua
manutenção.

DA EXTINÇÃO DO PROCESSO
17.º
Nos termos do n.º 5 do artigo 115.º do EGFAE o poder disciplinar da Administração
Pública extingue-se no prazo de 150 dias, contados a partir do início do procedimento
disciplinar caso o processo não tenha sido encerrado.
18.º
Até ao presente momento passam mais de vinte (20) meses, ou seja, 600 dias desde que a
recorrente foi suspensa das suas funções e vencimentos, resultando daí que o poder
disciplinar já se encontra extinto, e a Administracao Pública já perdeu o poder disciplinar.

III. CONCLUSÕES E PEDIDOS


19.º
Do exposto conclui-se que:
a) O despacho recorrido está inquinado do vício de nulidade absoluta, por violação da
lei, pela falta de respeito ao princípio da justiça, pelo erro manifesto e total falta de
razoabilidade do exercício do poder discricionário por parte da recorrida, e ainda por
contrariar o princípio da legalidade, que é o primado do Direito e da Administração
Pública;
b) O despacho recorrido não foi fundamentado, não existindo nele razões de fundo que
justificassem a manutenção da decisão por parte da Ministra da Saúde.
c) O poder disciplinar da Administração Publica já se extiguiu por decurso do prazo
imposto por lei.
d) Para além de manter a recorrente suspensa preventivamente, esta só pode perdurar
até o máximo de dois meses, ou seja, sessenta dias, o que não é o caso da recorrente.

DO PEDIDO

Nestes termos e nos melhores de direito ao caso aplicável, deve o presente recurso
contencioso ser julgado procedente, porque provado declarado-se nulo o
despacho recorrido e em consequência a reentegração imediata da recorrente e
pagamentos de todos os seus ordenados correspondentes, a partir do mês de Julho
de 2016 altura em que a mesma foi suspensa, até a decisão final.

99
Mais ainda requer a V.Excia que uma vez autuada e recebida, seja citada a
recorrida para, querendo,contestar no prazo e sob cominação legal, seguindo o
processo os seus termos até final.
Junta:
Procuracao forense
Triplicados legais
Documentos de Prova :
 Comunicação do Despacho do Exmo Senhor Secretário Permanente do Misitério da
Saúde;
 Reclamação ao Exmo Senhor Secretário Permanente;
 Reclamção Hierárquica a Sua Excelência Ministra da Saúde;
 Comunicação do Despacho de Sua Excia. Senhora Ministra da Saúde;
 Nota de Acusação
 Resposta a Nota de Acusação

Local, data, mês e ano


__________________
Nome e assinatura do mandatario
CP nº.

7.3. Modelo de Intimação contenciosa para comportamento de órgão administrativo

Meritíssimo Juiz de Direito do Tribunal Administrativo da


Cidade De Maputo

100
Maputo
Proc. n.

Paulo Carlitos, casado, natural de Maputo, portador do BI n.º 110100337071B, residente


no Bairro Albasine, Q. 23, casa n.º 04, cidade de Maputo; Felisberto Madule, solteiro,
maior, natural de Macia - Bilene, portador do BI n.º 110500811870A, residente Bairro
Albasine, Q. 23, n.º 52, nesta cidade; Tivane Eduardo, solteiro, maior, natural de
Maputo, titular do BI n.º 11010145449I, residente no Q. 23, casa n.º 61, Bairro Albasine,
cidade de Maputo e; Samussone Manuel, maior, residente no Q. 23, casa n.º 61, Bairro
Albasine, cidade de Maputo, vêm, nos termos dos artigos 106.º e seguintes da Lei n.º
7/2014, de 28 de Fevereiro, requerer a INTIMAÇÃO PARA COMPORTAMENTO do

PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DA CIDADE DE MAPUTO -


CMCM,A passagem do teor integral do processo de emissão do Direito de Uso e
Aproveitamento da Terra (DUAT) e respectiva certidão (título) atribuída aos senhores
Venâncio Silva e Pedro Silva relativamente a uma área designada parcela 20B/C, Bairro
Albazine, Distrito Municipal KaMavota, conforme indicam as cópias do comunicado do
despacho para atribuição do DUAT em anexo, o que fazem com base nos fundamentos
seguintes:

1.°
Para permitir o uso de meios administrativos ou contenciosos, os Requerentes, redigiram
ao Exmo. Sr. Presidente do CMCM, um requerimento para obter a passagem do teor
integral do processo de emissão do Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT) e
respectiva certidão (título) atribuída aos senhores Venâncio Silva e Pedro Silva
relativamente a uma área designada parcela 20B/C, Bairro Albasine, Distrito Municipal
KaMavota (Docs. 1 e 2).

2.°
No dia 21 de Setembro, os Requerentes foram notificados da resposta expressa do
Requerido que indefere liminarmente o seu requerimento, com a simples alegação de que
os Requerentes não têm legitimidade nem base legal para o efeito. Pelo que, não restam

101
dúvidas de que o indeferimento em causa está desprovido de qualquer fundamentação, o
que viola frontalmente o disposto no n.º 2 do Artigo 253.º da Constituição (Doc. 3).
4.°
Com efeito, os lesados tem todo o direito, de acordo com o n.º 3 do Artigo 253.º da
Constituição da República, de recorrer contenciosamente dos actos que prejudiquem os
seus direitos e para o fazer, os mesmos devem ter acesso aos documentos (processo) do
qual resultem lesão aos seus direitos.
5.°
Assim, o presente pedido preenche os requisitos estabelecidos pelo Artigo 106.º da Lei n.º
7/2014, de 28 de Fevereiro.

6.°
Os Requerentes pretendem utilizar os referidos documentos, para, por um lado, avaliar a
sua legalidade e conformidade, de modo a salvaguardar os direitos sobre a terra das
famílias nativas afectadas e, por outro lado, avaliar a legalidade do acto praticado pelo
Presidente do CMCM durante o processo no seu todo.

Nestes termos e nos melhores de direito e com o sempre mui douto


suprimento de V.Excia, deve o Presidente do CMCM, ser intimado a
passar O teor integral do processo de emissão do Direito de Uso e
Aproveitamento da Terra (DUAT) e respectiva certidão (título) atribuída
aos senhores Venâncio Silva e Pedro Silva relativamente a uma área
designada parcela 20B/C, Bairro Albasine, Distrito Municipal KaMavota.

Pelo que,

Pedem e Esperam Deferimento


Local, data, mês e ano
O Mandatário judicial

______________________________
Nome/ Assinatura
CP n.º
Juntam:
 Procuração forense
102
 Requerimento dirigido ao Presidente do CMCM
 Despacho de indeferimento do Presidente do CMCM
 Duas cópias de comunicado de despacho de atribuição de DUAT

8. DOS RECURSOS

8.1. Modelo de Recurso Extraordinário

Digníssimo Procurador Geral da República de Moçambique


Maputo

Assunto: Pedido de Recurso Extraordinário de Suspensão de Sentença


Manifestamente Injusta e Ilegal no Processo sob n.º 262/2015, julgado
pela 1ª Secção Cível do Tribunal Judicial do Distrito Municipal
Kamavota.

Suleman Bacar, casado, maior, mocambicano, residente no Bairro da Costa do Sol, Q.


12, casa n.º50, cidade de Maputo;
Bento Dias ,solteiro, maior, mocambicano, residente Bairro Costa do Sol, Q. 23 n.º 45,
nesta cidade Manhiça,
Cristo Rendor, solteiro, maior, mocambicano, residente no Q. 1, casa n.º 34, Bairro
Costa do Sol, cidade de Maputo, e Amadeu Caló, maior, residente no Q. 48, casa n.º 21,
Bairro Costa do Sol, cidade de Maputo, nativos de Mapulene, Parcela C/B, no Distrito
Municipal Kamavota, próximo do Bairro Costa de Sol, composta por cerca de 84
famílias, melhor identificados nos autos do processo supramencionado, vêm requerer, nos
termos dos artigos 782.º A e B, ambos do CPC, a interposição do Recurso
Extraordinário de Anulação de Sentença por ser manifestamente injusta e ilegal, o que
o fazem com base nos seguintes factos e fundamentos:

103
1.º
Com base em Sentença proferida à fls. 35 a 36 dos autos do Processo n.º 262/2015, datado
de 23 de Maio de 2017, os recorrentes foram condenados a restituírem de imediato e
definitivamente os talhões nº. 301, 302, 303, 304, 305, 306, 307, 308, 309 e 310, da
Parcela 660 A/B, com área de aproximadamente 6000m2, localizada no Bairro Costa do
Sol, zona de Mapulene, Distrito Municipal Kamavota a favor de Timóteo Faz-tudo e
Brigido Faz-tudo (Vide Doc. 1).

2.º
O tribunal aquo fundamentou a sua decisão pelo facto de supostamente, os réus terem
sido citados, e não contestarem, o que não é verdade e consequentemente foram
condenados do pedido com base nos artigos 783.º e n.º 2 do 784.º, do CPC, conforme
atesta cópia de sentença já anexa como doc.1.

3.º
Não é verdade que os réus não tenham contestado, pois, após terem sido citados,
requereram a junção da procuração, em simultâneo com a contestação, conforme elucida
o doc. 2.

4.º
Quando estes se aperceberam que a sua contestação não se achava junta ao processo,
apresentaram uma reclamação, demonstrando, claramente que juntaram a contestação,
mas a mesma foi junta a outro processo - vide doc. 3.

DA CONDENAÇÃO PELA FALTA DE CONTESTAÇÃO

5.º
Estabelece o n.º 1 do artigo 484.º do CPC que, se o réu não contestar, tendo sido ou
devendo considerar-se citado regularmente na sua própria pessoa ou tendo juntado
procuração a mandatário judicial no prazo da contestação, consideram-se confessados os
factos articulados pelo autor, sendo que, nos termos do n.º 2 do mesmo artigo, o juiz dá a
faculdade as partes para alegarem por escrito, e em seguida proferida a sentença, julgando
a causa conforme for de direito, o que não aconteceu.

6.º

104
O que significa que a falta de contestação não implica automaticamente a condenação dos
requeridos, pois, esta situação é apenas aplicável ao processo sumário, e não nesta, em
que estamos perante uma acção declarativa de condenação em processo ordinário.

7.º
Arguiram, inclusive, a eventual falsidade dos documentos apresentados pelo recorrido,
conforme estatui o artigo 360.º do CPC, pelo facto de se não ter obedecido as
formalidades legalmente estabelecidas, (n.º 3 do artigo 13.º, da Lei de Terras), conforme
doc. 4

8.º
Paralelamente a sua contestação, os nativos submeteram uma exposição a Meritíssima
Juíza do tribunal aquo, bem como ao Conselho Municipal, com vista a salvaguardarem os
seus direitos - vide docs. 5 e 6.

9.º
Sucede que, mesmo com todas as evidências de tamanhas anormalidades, mormente a
ausência dos réus em sede do tribunal, em virtude da falta de notificação, ou notificação
deficiente, entre diversas incongruências, o tribunal decidiu favoravelmente ao recorrido,
ao arrepio de todos os princípios elementares do processualismo jurídico.

10.º
O mais grave de tudo é que os ora requerentes, não tomaram conhecimento da referida
sentença, tendo-se surpreendido da citação do requerimento inicial da acção executiva
movida pelo Timóteo Faz-tudo e Brigido Faz-tudo, numa altura em que aguardavam pela
marcação da audiência de discussão e julgamento.

11.º
Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 195.º do CPC é havida para todos os efeitos,
como falta de citação o caso de uma certidão de citação ter sido forjada o que poderá
ainda suscitar um incidente de falsidade.
12.º
Dispõe o n.º 1 do artigo 233.º do CPC, que a citação é feita na pessoa do réu e só se faz
noutra pessoa quando a lei expressamente o permite ou quando o réu tiver constituído

105
mandatário, com poderes especiais para o receber mediante procuração passada há menos
de 4 anos.

13.º
No caso vertente, na procuração junta aos autos, os ora requerentes, não constituíram
mandatário com poderes especiais, mas com simples poderes forenses, para além de que
não foi sequer assinada a certidão de notificação por nenhum deles.

14.º
A falta de notificação da sentença, atenta contra o direito fundamental
constitucionalmente consagrado, nomeadamente, o direito a defesa, (vide artigo 62.ͦ
CRM), pois, impossibilitou os requerentes de primeiro conhecerem do conteúdo da
sentença, e segundo, recorrerem da mesma, em caso de se não conformarem.

15.º
A sentença é manifestamente injusta e ilegal, pois, os requerentes foram condenados em
sentença transitada em julgado, sem antes se observarem todos os circunstancialismos
processuais.

16.º
O recurso extraordinário é apresentado a V. Excia. porquanto já não há outra via para
fazer face à sentença acima referenciada, por se terem esgotado todos os meios
processuais ordinários para o efeito;

17.º
E porque a lei, admite, que havendo situações de flagrante e manifesta ilegalidade ou
de injustiça, pode socorrer-se do recurso extraordinário, que é promovido, única e
exclusivamente pela Procuradoria-Geral da República, junto do Tribunal Supremo,
razão do presente recurso.

106
Nestes termos e nos mais de direito ao caso aplicável, requer-
se a V.Excia a interposição do presente recurso por se reputar
ilegal e injusta.

Local, data, mês, ano

Mandatário
___________________
Nome/ assinatura do mandatário
CP nº

8.2. Modelo de Recurso de apelação

Venerandos Juízes Desembargadores do Tribunal Superior de


Recurso

Proc. Nº 234/16 – Autos de Querela – Secção Criminal do Tribunal Judicial da Cidade


de Maputo
Recorrente: Aldalberto Pinto
Recorrido: Tribunal Judicial da Província de Manica

Vem o recorrente Aldalberto Pinto, apresentar alegações do recurso da douta sentença


condenatória, nos autos em epígrafe que lhe moveu o digno Magistrado do Mº Pº, o que
faz nos termos e com seguintes fundamentos:

A – QUESTÕES PRÉVIAS

107
1.º
Salvo melhor entendimento, não pode o agravante conformar-se com a douta sentença
ora recorrida que o condenou pelo cometimento dos tipos legais de crime de falsificação
e de desvio de fundos do Estado, previsto e punido pelo do artigo 1º da Lei nº 1/79, de 11
de Janeiro, com atenção as alterações introduzidas pelas Lei nºs 1/89, de 23 de Março e
Lei nº 5 /99, de 2 de Fevereiro, na qualidade de cúmplice.

2.º
Entende o agravante que deve ser declarada nula e de nenhum efeito a sentença recorrida,
por comprovada a violação da lei, falta de despacho de pronúncia no processo e ausência
total de prova (falta e insuficiência do corpo de delito), para a sustentação da mesma.

B – A NULIDADE DO PROCESSO
3.º
Dispõe o § único do artigo 98.º do CPP que:”São nulidades em processo penal:

1.º A insuficiência ou falta de corpo de delito e a omissão de diligência que devem
reputar-se essências para o descobrimento da verdade;

5.º A falta de notificação do despacho de pronúncia, ou equivalente, ao réu e seu


defensor se provar que alguma das falsidades foi cometida por mera
inconsideração, negligência ou inobservância do respectivo regimento, a pena será
em todo os casos a de prisão”

4.º
A douta sentença condenatória foi proferida num processo de querela.
Esta forma de processo (querela) é constituída essencialmente por seguintes fases:
1. Instrução preparatória;
2. Acusação;
3. Eventualmente a instrução contraditória;
4. Despacho de pronúncia;
5. Julgamento...
Sucede, que,
5.º

108
Nos presentes autos não houve o despacho de pronúncia, nos termos do estabelecido no
artigo 365.º e ss do CPP.

6.º
Na verdade, depois de deduzida a acusação pelo digno magistrado do Mº Pº, foi
notificado o apelante para os efeitos do artigo 352.º do CPP e, seguidamente sem mais
formalidade, foi logo designada a data para o julgamento.

7.º
Dispõe o artigo 24 do Decreto-Lei nº 35007, de 13 de Outubro de 1945 que: “… É
provisória a acusação a que se segue a instrução contraditória.”
Ao contrário senso, será definitiva toda a acusação que não seja precedida de instrução
contraditório.

8.º
No caso sub Júdice, porque não houve qualquer requerimento neste sentido e nem um
pronunciamento do tribunal, não se abriu a instrução contraditória nos presentes autos.

9.º
Desta forma, a acusação deduzida pelo digno Magistrado do Mº Pº, por não se ter aberta
a instrução preparatória, tornou-se definitiva. Por conseguinte, impunha-se ao tribunal a
quo o dever de lançar mão ao despacho, nos termos do que dispõe o artigo 365.º do CPP.

10.º
Como se pode depreender, para além de uma omissão legal, porque não houve nos autos
despacho de pronúncia, por maioria de razão o réu, ora agravante não poderia dele ser
notificado.

11.º
Por conseguinte, deve o processo ser declarado nulo, ao abrigo do disposto no artigo 98.º
nº 5º do CPP, pois que, não tendo havido o despacho de pronúncia, a fortiori o agravante
nunca foi notificado do referido despacho.

12.º

109
Ademais, deve o mesmo processo ser declarado nulo por comprovada a violação da
formalidade legal, pois não foi proferido o despacho de pronúncia.

C – INSUFICIÊNCIA DO CORPO DELITO

13.º
Da acusação e da sentença recorrida consta que R, ora agravante, na companhia dos co-
arguidos nos autos, urdiu, no dia 2 de Agosto de 2009, entre 8:57h e 9:10h, nas
instalações da Direcção X, com o seu apoio técnico (por se tratar de um técnico de
informática) e através do co-réu Macabeca, permitiu que no sector de trabalho deste fosse
feita a aplicação de wideStep Keylogger numa máquina que opera na instituição em causa
(vide artigo 2º da acusação).

14.º
Na óptica do digno Magistrado do Mº Pº e do tribunal a quo, interessava ao R, ora
agravante instalar a citada aplicação, porque com base nele poderia capturar os NUIT’s e
pass words dos senhores XXXXXXX para além de imagens no monitor e armazena-las em
logs para posterior consultas, com a finalidade de processar e transferir para sua conta o
valor de 300.000,00Mts (trezentos mil meticais).

15.º
Como se referiu retro, tal posicionamento e tendo em conta a prova produzida durante a
instrução preparatória e na audiência de discussão e julgamento, não passa de simples
alegações que carecem, in totum, de provas, cuja finalidade é a demonstração da realidade
que se alega!
Ou seja,

16.º
Não constam dos autos provas, quer documentais, testemunhais, por declarações,
confissão, ou ainda por outra forma permitida por lei, como erradamente pretende fazer
crer o digno Magistrado do Mº Pº .

17.º

110
Na verdade, a acusação e a sentença recorrida se basearam em simples presunções. Não
obstante, em nosso entender, ao se acusar o R, ora agravante e condena-lo, impunha-se ao
digno magistrado do Mº Pº e ao tribunal a quo, o dever de demonstrar COMO, ONDE e
QUANDO teria o R, ora agravante urdido o que se alega.

18.º
Na senda do nosso entendimento, com base em documentos e depoimentos que foram
indicados na acusação, o digno magistrado do Mº Pº foi presumindo o que entendeu que
efectivamente sucedera e relatou como se de factos provados se tratasse.

19.º
A prova tem por finalidade demonstrar a realidade dos factos (vide artigo 341.º do C.
Civil), ficando aquele que alega com o ónus de provar o facto constitutivo do direito que
pretende, neste sentido o artigo 342 nº 1 do C. Civil.
20.º
Ora, pretendendo o digno Magistrado do Mº Pº que o R, ora agravante fosse condenado
pelos factos que lhe acusou, impunha-se-lhe o ónus de fazer a prova, no sentido de
demonstrar que o R na companhia de qualquer dos co-réus, teria planeado, executado,
instruído ou de qualquer forma participado na instalação do wideStep Keylogger numa das
máquinas da Direcção X.

21.º
Contudo, dos autos não existe qualquer prova neste sentido, porem, com base nos
relatados factos, o tribunal a quo condenou o R, numa pena de 4 anos de prisão.
Portanto,
22.º
Ao ter acusado nos termos que consta da acusação e ao se ter condenado o R, ora
agravante nos mesmo termos e com base em presunções, se pôs em causa o princípio in
dúbio pro reo, que é um princípio geral do Direito Penal.

23.º

111
Na óptica do doutrinário Manuel Lopes Maia Gonçalves, na obra Código do Processo
Penal Anotado e Comentado, 5ª Edição Almedina, 1972, p.262, o princípio ora referido
constitui um princípio geral de prova, que vigora quando a lei não formula uma excepção.

24.º
No caso sub Júdice não há qualquer excepção para a produção da prova de modo a
demonstrar a alegada participação criminal do R no crime de que vem acusado.
25.º
Quando é assim, o mesmo doutrinário op. cit, ensina que nos ditames do princípio acima
referido, havendo incertezas na prova, deverá beneficiar-se o R, neste caso o agravante.

26.º
Por conseguinte, devia o agravante ser absolvido por não existirem provas e haver fortes
dúvidas de que o mesmo tenha urdido o plano.

27.º
Da leitura do relatório técnico constante de fls. 249 e ss dos autos, pode-se constatar que os
técnicos, nas suas conclusões apresentam duas possibilidades:
 Que o tempo da transferência foi muto curto, o que permite concluir que foi feita
por uma pessoa, o co-réu Cristo de Jesus; ou
 Que havia várias máquinas onde estavam instaladas wideStep Keylogger ou mini
key log.

28.º
Na senda das dúvidas, o primeiro ponto pode ser elidido, se tivermos em conta que, na
data em que a transferência foi realizada o log do co-réu Cristo se encontrava bloqueado,
como consta dos autos na resposta dada a pedido do digno Magistrado do Mº Pº.

29.º
Como se pode depreender, de facto, não há qualquer certeza de que a operação tenha
efectivamente sido realizada pelo co-réu Cristo de Jesus.

30.º
112
Deste modo, beneficia uma vez mais o R do princípio in dúbio pró réu, o que deverá
determinar a sua absolvição, o que desde já se espera.

31.º
O relatório técnico constante de fls. 249, nem se quer deve ser considerado como elemento
de prova, se tivermos em conta que o mesmo foi elaborado por uma entidade que também
tem interesse no processo.
32.º
No caso se impunha que a auditoria aos equipamentos informáticos fosse feita por técnicos
independentes.

33.º
Desde modo, o documento em causa não deve ser considerado como elemento probatório,
por não ter sido autorizado por entidade competente a auditoria e ter sido realizado por
uma entidade que é suspeita, por ter um interesse directo no processo.

34.º
Em razão disso, afastando o citado documento, deve se considerar o corpo delito
insuficiente e, em consequência, declarar-se nula a sentença e todo o processo, por se
basearem no citado documento.

D – DA PENA APLICADA
35.º
O agravante foi condenado na qualidade de cúmplice, por, na óptica do tribunal, ter
facilitado o crime. Nesta qualidade, nunca deveria ser condenado na mesma pena que o
autor, nos termos do artigo 129.º do CP, aprovado pela Lei nº 35//2014, de 31 de
Dezembro.

36.º
Tendo em conta a doutrina usada pelo tribunal a quo, para a determinação da medida da
pena, no caso de crime consumado, ao caso aplicar-se-ia um pena de prisão maior de 2 a
8 anos, nos termos das disposições conjugadas das al. c) e d) do artigo 270.º e al. c) do
artigo 274.º do CP, com atenção as alterações introduzidas pela Lei nº 8/2002, de 05 de
Fevereiro.
37.º

113
Ora, tendo em conta a regra da al. b) do artigo 130.º do CP, o máximo da pena deveria ser
reduzido a metade, para a fixação da moldura pena, o que significa o máximo seria de 4
anos.

38.º
Atendendo as circunstâncias atenuantes, justo seria aplicar contra o agravante uma pena
correccional.
E, por ser permitido nos termos da lei, poderia ser suspensa na sua execução. O que se
esperava, em alternativa, caso não se julgasse nos termos anteriormente dissertado.

EM CONCLUSÃO:
 Deve a sentença recorrida ser declarada nula e de nenhum efeito, por comprovada
insuficiência do corpo delito e a falta de notificação do despacho de pronúncia,
violando assim o disposto nos parágrafos 1 e 5 do artigo 99do CPP;
 Deve ser requalificada a pena aplicada contra o agravante, porque ao caso o mais
ajustado seria uma pena correccional nos termo do artigo 130.º do CP,
 Absolver-se o réu, por existência de dúvidas sobre o seu envolvimento no crime de
que foi condenado.

Local, data, mês, ano

O Mandatário

_______________
Assinatura do mandatário
CP nº

114
9. RECLAMAÇÃO POR RETENÇÃO DO RECURSO

Venerando Juiz Presidente do Tribunal Superior de Recurso de


Maputo

Proc. nº. 312/15 – Autos de Querela – Tribunal Judicial do Distrito da Machava


2ª Secção Criminal

Felizardo Alberto, com os demais sinais de identificação no processo a margem, neste


acto representado pelo seu mandatário judicial, conforme procuração anexa nos mesmos
autos, ofendido, que moveu o digno Magistrado do Mº Pº, contra A, B e C, vem, ao
abrigo das disposições conjugadas dos artigos 652.º do CPP e 688.º do CPC, este
aplicável ao processo penal por força do § Único do artigo 1.º do CPP, a presente
RECLAMAÇÃO POR RETENÇÃO DO RECURSO, o que faz nos termos e com
seguintes aditamentos de fundamentos:

1.º
No dia 30 de Janeiro do 2009, cerca das vinte e uma horas, a mando da arguida Aida
Matias de Deus Monteiro, o reclamante foi vítima de envenenamento, praticado pelo
arguido nos autos Samuel Vasco Jeque, que o fez na companhia do co-arguido Carlos
Francisco.

2.º
Por conseguinte foi instaurado um processo-crime contra os arguidos, no qual, sem que
fossem realizadas todas as diligências necessárias e importantes para a descoberta da
verdade material, o digno magistrado do Ministério Público absteve-se de acusar aos
arguidos Aida Matias de deus Monteiro e Carlos Francisco, tendo apenas acusado o
arguido Samuel Vasco Jeque, por cometimento em autoria material de um crime de
roubo.

3.º
Notificado o ofendido do despacho de abstenção, este deduziu acusação particular contra
todos os arguidos.

115
4.º
Por despacho de fls. 77 dos autos, foi indeferida a acusação deduzida pelo ofendido, ora
reclamante, com o fundamento de que se tratando de um crime público, não tinha esta
legitimidade para acusar.

5.º
Porque não se conformou com o despacho em alusão, o reclamante interpôs o competente
recurso, que foi admitido, conforme consta de fls. 84 dos mesmos autos.
6.º
Sete dias depois de ser notificado do despacho que admite o recurso, apresentou o
reclamante as suas alegações.

7.º
Contudo, volvidos mais de um ano, se tivermos em conta que as alegações foram
tempestivamente apresentadas em 17 de Agosto do ano de 2009, o recurso ainda não foi
expedido ao Tribunal Superior de Recurso de Maputo, para efeitos de julgamento.

8.º
Entende o reclamante que a não expedição do recurso ao Tribunal Superior de Recurso de
Maputo para efeitos de julgamento se subsume com a retenção do mesmo, sendo, no
entanto, esta forma (reclamação) a única que legalmente dispõe para que se possa ordenar
a remessa do recurso, para efeitos de julgamento, nos termos das disposições conjugadas
dos artigos 652.º do CPP e 688.º do CPC, este aplicável ao processo penal por força do §
Único do artigo 1 do CPP.
EM CONCLUSÃO:
A não remessa do recurso admitido e que reúne todas as condições para ser submetido ao
Tribunal ad quem por mais de um ano subsume-se na retenção do mesmo.

Termos em que, nos demais de direito ao caso aplicável e noutros que V.


Excia doutamente suprirá, requer se digne, recebida e autuada por
apenso ao processo acima indicado, ordene-se a remessa do recurso
admitido ao Tribunal ad quem, para que o mesmo possa ser julgado,
seguindo os autos os ulteriores e subsequentes termos até final.

Junta: Procuração forense e duplicados legais

116
Local, data, mês, ano

O mandatário
_______________
Nome/Assinatura do mandatário
CP nº

10. CARTAS/INTERPELAÇÕES EXTRAS JUDICIAIS

Exma Senhora
Rosa Pene

ASSUNTO: Cobrança Extra Judicial de Salários

Exma Senhora,
Sobre o assunto em epígrafe, tendo sido indicada defensora pública da senhora Rofina
João, sua trabalhadora, pela presente e na tentativa de uma solução extra judicial, insta-se
V. Excia, nos termos seguintes:
1. A trabalhadora acima referida, manteve um vínculo laboral com V.Excia por um
período 5 anos e dois meses como empregada doméstica.
2. A trabalhadora em causa prestava a sua actividade com zelo e dedicação mediante
remuneração de 3.700,00 Mzn (três mil setecentos meticais).
Acontece que,

117
3. No dia 13 de Fevereiro do ano corrente a trabalhadora começou a sentir se mal no
seu posto de trabalho enquanto prestava a sua actividade laboral, tendo sido por
essa razão verbalmente informada por V.Excia que estava despedida, sem
qualquer fundamento legal.
4. Porque a trabalhadora prestou serviços por um período de 5 anos cabe-lhe uma
indemnização correspondente a 10 dias de salário por cada ano de serviço
efectivo.
5. Desta forma V.Excia deve pagar a trabalhadora os seguintes valores:
Salário mensal = 3700,00Mzn: 30 dias = 123.33Mzn
Salário diário 123.33 Mzn
Tempo de serviço 5 anos X 10 dias de indemnização por cada ano de serviço efectivo.
Indemnização = 50 dias X 123.33 = 6.166.66 Mzn
Acrescido de 3700,00Mzn correspondente ao salário do mês de Fevereiro do ano corrente
que não foi pago.
Total: 9.866.00Mzn (Nove mil, oitocentos sessenta e seis meticais)
Face ao exposto e na tentativa de uma solução extra-judicial, insta-se V. Excia se digne,
no prazo de 10 (Dez dias), pagar a quantia de 9.866.00Mzn (Nove mil, oitocentos sessenta
e seis meticais), sob pena de se proceder judicialmente, correndo por sua conta todos os
encargos que resultarem do processo.
Sem outro assunto e na expectativa de que este merecerá de V. Excia melhor atenção,
endereçamos os melhores cumprimentos e subscrevemo-nos com estima e consideração.
Atentamente

O mandatário
______________
Nome e assinatura da mandatária
CP nº

118
À
EMPRESA MOVILINHA, SA

ASSUNTO: Interpelação Extra - Judicial

Exmos Senhores,

Devidamente mandatado pela Senhora Isilda Leão, ora vossa Locadora, vimos pela
presente, e na tentativa de obter uma solução extra judicial proceder a cobrança extra
judicial da dívida, resultante do Contrato de Arrendamento, nos termos seguintes:
1. A Locadora acima referida, mantêm com V.Excia um Contrato de Arrendamento
para instalação de uma base de telecomunicações de V.Excia, no Bairro de
Mulhava, Cidade da Beira, identificado pelo n.º 123.
2. O referido contrato foi celebrado por um período de 10 (dez) anos, a partir do mês
de Janeiro de 2013;
3. No referido contrato V.Excia ficou obrigado a pagar uma renda no valor mensal
líquido de 10.000,00Mzn (dez mil meticais) que deveria ser feito mediante
transferência bancária para conta indicada pela Locadora, sendo que o pagamento
deveria ser anual.
Sucede que,
4. V.Excia ainda não efectuou o pagamento da renda relativa ao ano 2017, o que cria
constrangimentos a locadora, pois, a mesma conta com o valor das rendas para
fazer face algumas despesas.
5. A Locadora tem cumprido com todas as obrigações decorrentes do contrato e da
ocupação das instalações, porém, V.Excia não tem cumprido com a obrigação
estabelecida no contrato, que é de efectuar o pagamento da renda, dentro do prazo
acordado, violando assim, o princípio da pacta sunt servanda;

119
6. Tendo em conta o espírito da resolução amigável, igualmente previsto no contrato,
vimos, instar a V. Excia a proceder ao pagamento das rendas relativas ao ano
2017, tendo em conta que a renda é anual.

Assim, solicitamos a V. Excia se digne, no prazo de 5 (cinco dias), pagar os valores da


renda anual, sob pena de se proceder a cobrança coerciva (por via de uma acção judicial),
onde serão acrescidos os juros de mora, custas processuais e outros encargos que
resultarem do processo.

Sem outro assunto e na expectativa de que este merecerá de V. Excia melhor atenção,
endereçamos os melhores cumprimentos e subscrevemo-nos com elevada estima e
consideração.

Atentamente

Local, data, mês e ano


O mandatário
_______________________
Nome e assinatura do mandatário

11. ACORDOS DE TRANSACÇÃO

120
ACORDO DE TRANSAÇÃO

ENTRE:

Ana Luísa, maior de nacionalidade moçambicana, natural de Chibuto, província de Gaza,


portadora do Bilhete de Identidade número 100801715817C, emitido em 05 de Outubro
de 2011 pelo Arquivo de Identificação de Maputo, residente no Município da Matola, no
Bairro do Fomento Sial, adiante designada por Primeira Contratante.
E
Helena Sofrimento, maior de nacionalidade moçambicana, natural de Quelimane,
província da Zambézia, portador do Bilhete de Identidade número 12398000B, emitido
em 12 de Maio de 2015, pelo Arquivo de Identificação Civil de Maputo, residente na
Cidade de Maputo, no Bairro do Zimpeto, doravante designado por Segundo Contratante;

CONSIDERANDO QUE:

a) Entre os Contratantes foi celebrado um Contrato Promessa de Compra e Venda de


uma viatura de marca Toyota Vitz, com a chapa de matricula ABR-123 MC, no valor de
185,000.00 Mzn (Cento Oitenta e Cinco Mil Meticais), valor integralmente pago à
primeira contratante.
c) Sucede que, a primeira contratante não se dignou a fazer a entrega da viatura
promitente ao segundo contratante, causando -lhe danos patrimoniais no valor acima
referenciado.

Assim sendo, é celebrado o presente ACORDO DE TRANSAÇÃO, para devolução do


valor em causa que se regerá pelos considerandos acima, pelas cláusulas seguintes e
demais legislação aplicável:
CLÁUSULA PRIMEIRA
(Montante da Dívida)
A Primeira Contratante obriga-se a pagar o montante de 185.000,00Mzn (Cento Oitenta e
Cinco Mil Meticais); referente ao contrato promessa da venda de viatura, a qual assume a
obrigação de pagar, sem necessidade de quaisquer formalidades, notificações,
interpelações ou exigências nas formas como se estabelece nas cláusulas seguintes.

CLÁUSULA SEGUNDA

121
(Prazo de Pagamento da Dívida)
1. O prazo de pagamento da dívida termina no dia 05 de Janeiro de 2018.
2. A referida dívida será amortizada nas datas e modalidades acordadas sem
necessidade de quaisquer formalidades, notificações, interpelações ou exigência

CLAUSULA TERCEIRA
(Modalidades de Pagamento)
1. A dívida acima referida será paga em 7 prestações mensais de capital em dívida,
nas seguintes modalidades:
a) A primeira prestação no valor de 26.428.57 Mzn (Vinte Seis Mil, Quatrocentos e
Vinte e Oito Meticais e Cinquenta e Sete Centavos), será paga no mês de assinatura do
presente acordo (Junho de 2017).
b) As seis prestações subsequentes serão iguais e sucessivas no valor de
26.428.57Mzn (Vinte Seis Mil, Quatrocentos e vinte e Oito Meticais e Cinquenta e Sete
Centavos), a serem pagas de 25 à 5 de cada mês, a que disser respeito, onde terá o seu
termo no dia 05 de Janeiro de 2018.
2. A Primeira Contratante poderá efectuar pagamentos antecipados das prestações
em dívida, devendo, nesse caso, proceder-se o devido reajustamento das prestações.

2. O pagamento da presente dívida não está sujeito a quaisquer acontecimentos


presentes ou futuros, nem a quaisquer condicionalismos, salvaguardando-se os
casos de força maior legalmente admitidos.
3. Os pagamentos referidos nas Cláusulas Segunda e Terceira deverão ser feitos por
tradition, depósito ou transferência bancária, na conta titulada pelo Segundo
Contratante, sob o número ……,NIB: – Banco …..

CLÁUSULA QUARTA
1. A Primeira Contratante compromete-se a realizar as prestações nos períodos
acordados.
2. As Partes comprometem-se, a manter sigilo profissional sobre todas as
informações em seu poder, bem como a não criar quaisquer constrangimentos prejudiciais
a uma e outra parte.

CLAUSULA QUINTA
(Incumprimento)

122
Em caso de incumprimento do disposto nas Cláusulas Segunda e Terceira precedentes,
dar-se-á o automático vencimento da dívida tornando-se a mesma, a todo o tempo,
exigível e exequível na totalidade, de acordo com o estabelecido no artigo 781.º do C.
Civil, podendo o Segundo Contratante, accionar todos os mecanismos legais, cíveis e
criminais, com vista a recuperação do valor que estiver em dívida.

CLAUSULA SEXTA
(Casos Omissos)
Em tudo o que for omisso, regerão as disposições legais aplicáveis ao caso concreto, em
vigor na República de Moçambique
Local, data, mês, ano
Primeiro Outorgante Segundo Outorgante
________________________ _____________________________

ACORDO DE TRANSAÇÃO

ENTRE:

PSMJ, Limitada uma Sociedade Unipessoal de direito moçambicano, com sede no Bairro
de Aeroporto, Av. de Angola, n.º 5 R/C, registada na Conservatória do Registo de
Entidades Legais de Maputo sob NUEL 100739895, neste acto representada pela senhora
Ana Luísa, na qualidade de sócia-gerente. adiante designada por Primeira Contratante.
E
João António, maior, de nacionalidade moçambicana, natural de Gaza, portador do
Bilhete de Identidade número 1101234876M, emitido em 3 de Maio de 2013, pelo
Arquivo de Identificação Civil de Maputo, residente na Cidade de Maputo, no Bairro do
Benfica, Q n◦ 4, casa n◦ 14, contactável pelo telemóvel n.º 84999999, doravante
designado por Segundo Contratante;

CONSIDERANDO QUE:
a) A primeira Contratante foi constituída devedora por sentença proferida nos autos
n◦ 71/2017/A, na qual deve pagar ao segundo contratante, um valor total de 75. 015,00
Mzn (Setenta e cinco mil e quinze meticais).

123
É celebrado o presente ACORDO DE TRANSAÇÃO, para pagamento do valor em causa
que se regerá pelos considerandos acima, pelas cláusulas seguintes e demais legislação
aplicável:

CLÁUSULA PRIMEIRA
(Montante da Dívida)

A Primeira Contratante obriga-se a pagar o montante de 75. 015,00 Mzn (Setenta e cinco
mil e quinze meticais), a qual assume a obrigação de pagar, sem necessidade de quaisquer
formalidades, notificações, interpelações ou exigências, nas formas como se estabelece
nas cláusulas seguintes.

CLÁUSULA SEGUNDA
(Prazo de Pagamento da Dívida)
1. O prazo de pagamento da dívida termina no dia 05 de Dezembro de 2019.
2. A referida dívida será amortizada nas datas e modalidades acordadas sem
necessidade de quaisquer formalidades, notificações, interpelações ou exigência

CLAUSULA TERCEIRA
(Modalidades de Pagamento)
1. A dívida acima referida será paga em 29 prestações mensais de capital em dívida,
nas seguintes modalidades:
a) A primeira prestação no valor de 5.015,00 Mzn (Cinco mil e quinze meticais) será
paga até ao dia 05 de Outubro de 2017.
b) As vinte e oito prestações subsequentes serão iguais e sucessivas no valor de
2.500,00 Mzn (Dois mil e quinhentos meticais), a serem pagas de 25 à 5 de cada mês, a
que disser respeito, onde terá o seu termo no dia 05 de Fevereiro de 2019.
2. A Primeira Contratante poderá efectuar pagamentos antecipados das prestações
em dívida, devendo, nesse caso, proceder-se o devido reajustamento das prestações.

124
3. O pagamento da presente dívida não está sujeito a quaisquer acontecimentos presentes
ou futuros, nem a quaisquer condicionalismos, salvaguardando-se os casos de força maior
legalmente admitidos.
4. Os pagamentos referidos nas Cláusulas Segunda e Terceira deverão ser feitos por
tradition, depósito ou transferência bancária, na conta titulada pelo Segundo Contratante,
a ser por este indicado.

CLÁUSULA QUARTA
A Primeira Contratante compromete-se a realizar as prestações nos períodos acordados.

CLAUSULA QUINTA
(Incumprimento)
Em caso de incumprimento do disposto nas Cláusulas Segunda e Terceira precedentes,
dar-se-á o automático vencimento da dívida tornando-se a mesma, a todo o tempo,
exigível e exequível na totalidade, de acordo com o estabelecido no artigo 781.º do
Código Civil, podendo o Segundo Contratante, accionar todos os mecanismos legais,
cíveis, com vista a recuperação do valor que estiver em dívida.

CLAUSULA SEXTA
(Casos Omissos)
Em tudo o que for omisso, regerão as disposições legais aplicáveis ao caso concreto, em
vigor na República de Moçambique

Local, data, mês e ano

Primeira Outorgante Segunda Outorgante


________________________ _____________________

11. REQUERIMENTO DA EXTINÇÃO DA INSTÂNCIA

Meritíssimo Doutor Juiz de Direito do Tribunal Judicial Ka


Mavota

125
Proc. n.º 34/17

João António, maior, de nacionalidade moçambicana, natural de Gaza, portador do


Bilhete de Identidade número 1101234876M, emitido em 3 de Maio de 2013, pelo
Arquivo de Identificação Civil de Maputo, residente na Cidade de Maputo, no Bairro do
Benfica, Q n◦ 4, casa n◦ 14, contactável pelo telemóvel n.º 84999999, representado pela
sua mandatária judicial, devidamente constituída nos autos, ora autora, vem, nos termos
da alínea d) do artigo 287.º do CPC, requerer a EXTINÇÃO DA INSTÂNCIA que
move Contra,

PSMJ, Limitada uma Sociedade Unipessoal de direito moçambicano, com sede no


Bairro de Aeroporto, Av. de Angola, n.º 5 R/C, registada na Conservatória do Registo de
Entidades Legais de Maputo sob NUEL 100739895, Ré no processo a margem.
Em virtude de as partes terem chegado a um Acordo de Transacção, como atesta o
documento em anexo, vem com a devida vénia requerer a devida homologação e
consequente extinção da instância.
Pede Deferimento

Local, data, mês, ano

O mandatário
_______________________
Nome e assinatura do mandatário
CP n.º

12. ACORDOS REVOGATÓRIOS

ACORDO DE REVOGAÇÃO DE CONTRATO DE TRABALHO

Entre

IPZ, Lda., sociedade por quotas de direito moçambicano, com sede na Avenida Emília
Dausse n.12, 5.º andar, cidade de Maputo, matriculada junto da Conservatória de Registo
das Entidades Legais, sob o número 10000897, titular do NUIT 40078690, neste acto

126
representada por João Corvo, na qualidade de Administrador Delegado, com poderes
bastantes para o acto, doravante designado por “Primeira Contraente”.
E
Mário Rafael, solteiro, maior, de nacionalidade moçambicana, natural de Maputo, titular
do B.I n.º10188999876B, emitido em 10 de Fevereiro de 2013, pela Direcção de
Identificação Civil de Maputo, residente na Av. Guerra Popular, n. ° 12, 1.º andar, Flat 1,
cidade de Maputo, doravante designado por “Segundo Contraente”

Quando em conjunto, os contraentes serão designados por Partes.


É livremente e de boa-fé firmado e reduzido a escrito, o presente acordo de cessação de
contrato de trabalho (Acordo Revogatório), nos termos do artigo 126.° da Lei n.º 23/2007
de 01 de Agosto (Lei do Trabalho).

Cláusula Primeira
A Primeira Contraente e o Segundo Contraente declaram revogar, por mútuo acordo, o
contrato de trabalho por tempo indeterminado, entre ambos celebrado em 10 de Junho de
2010, com efeitos a partir do dia 01 de Abril de 2017, data esta em que se considera para
todos os efeitos legais terem cessado todos e quaisquer direitos, deveres e garantias das
partes, emergentes do referido contrato.

Cláusula Segunda

1. O Segundo Contraente compromete-se a não fazer uso em nenhuma situação do


Software de gestão, das ferramentas associadas ao mesmo, do seu código-fonte e nem
partes do mesmo, por ser propriedade exclusiva da Primeira Contraente.

2. O Segundo Contraente compromete-se igualmente, a não fazer uso dos contactos de


negócio associado às receitas, planificação, execução e monitoria financeira e das
actividades, gestão processual, documentação e arquivo electrónico, bem como as
ferramentas de desenvolvimento, com a respectiva documentação.

3. O Segundo Contraente não contactará nenhum dos clientes com os quais esteve em
contacto, no momento em que desenvolveu os trabalhos na Primeira Contraente,
durante os próximos (5) anos.

4. As partes declaram que com a assinatura do presente acordo foram integralmente

127
resolvidos todos os direitos e liquidadas todas as obrigações entre elas.

5. A violação dos pressupostos referidos nos números anteriores da presente cláusula,


por qualquer das partes confere a outra parte o direito de recorrer ao Tribunal Arbitral
Laboral, nos termos da respectiva regulamentação.

Cláusula Terceira
O Segundo Contraente declara que é de livre vontade que procede a revogação do
contrato de trabalho ficando claro que não é devida qualquer outra compensação
pecuniária por parte da Primeira Contraente, não constituindo o presente acordo qualquer
renúncia dos direitos do Trabalhador.
O presente acordo é celebrado em duplicado e vai ser assinado por ambas as partes, que
ratificam na totalidade o seu conteúdo, por ser a expressão fiel da sua vontade, ficando um
exemplar em poder do Segundo Contraente e outro em poder da Primeira Contraente.

Feito e assinado em Maputo, aos 15 de Março de 2017.

Pela Primeira Outorgante

___________________________
Assinatura do responsável da empresa

Pelo Segundo Outorgante


_____________________________
Nome/assinatura do trabalhador
____________________________

128
ACORDO DE REVOGAÇÃO DE CONTRATO DE TRABALHO

Entre

GL, LDA, com sede em Maputo, AV Joaquim Chissano nº 275/277, neste acto
representada pela Sra. Maria Antunes, na qualidade de Sócia Gerente com poderes
bastantes para o efeito, doravante designada por “Primeiro Outorgante”.
E
ANTÓNIA MARIA, de nacionalidade moçambicana, natural de Maputo, portadora do
bilhete de identidade nº 101990009876V, doravante designada por “Segundo
Outorgante”.

E quando em conjunto, os contraentes serão designados por Partes.

É livremente e de boa-fé firmado e reduzido a escrito, o presente acordo de cessação de


contrato de trabalho (Acordo Revogatório), nos termos do artigo 126.° da Lei n.º 23/2007
de 01 de Agosto (Lei do Trabalho).

Cláusula Primeira
A Primeira e o Segundo Outorgantes declaram revogar, por mútuo acordo, o contrato de
trabalho por tempo indeterminado, entre ambos celebrado em 01 de Junho de 2016, com
efeitos a partir do dia 01 de Maio de 2017, data em que se considera para todos os efeitos
legais terem cessado todos e quaisquer direitos, deveres e garantias da partes, emergentes
do referido contrato.

129
Cláusula Segunda
1. Como compensação pela presente cessação de contrato por mútuo acordo, a Segunda
Outorgante recebe da Primeira Outorgante, em parcela única, a quantia de 12.371.14 Mzn
(Doze mil trezentos e setenta e um meticais e catorze centavos) correspondente aos
montantes abaixo discriminados:

 Uma indemnização, por rescisão do contrato de trabalho, no valor de 6.185,57 Mzn


(seis mil cento oitenta e cinco meticais e cinquenta e sete centavos);
 Um mês de salário, correspondente á férias não gozadas, no montante de 6.185,57
Mzn (seis mil cento oitenta e cinco meticais e cinquenta e sete centavos)
1. Os valores acima descritos serão pagos no momento da assinatura do presente
acordo.
2. As partes declaram que com a assinatura do presente acordo foram integralmente
resolvidos todos os direitos e liquidadas todas as obrigações entre elas.
3. Após o pagamento do valor acima referido, a Segunda Outorgante declara que
foram pagas todas as importâncias que lhe eram devidas, emergentes do contrato
de trabalho que, pelo presente acordo cessa, e nada lhe e devido pela Primeira
Contraente, seja a que título for.

O presente acordo é celebrado em duplicado e vai ser assinado por ambas as partes, que
ratificam na totalidade do seu conteúdo, por ser a expressão fiel da sua vontade, ficando
um exemplar em poder da Segunda Contraente e outro em poder da Primeira Contraente.

Local, data, mês e ano

_________________________
GL, Lda.

_________________________
Antónia Maria

130
13. MODELOS DE RESPOSTAS À NOTA DE CULPA

Exmo Senhor
Instrutor do Processo Disciplinar

José António, arguido no presente processo disciplinar nº 12º/17, que lhe move sua
entidade empregadora, “k-Publicidade”, vem nos termos do al.b) do nº2 do artigo 67 da
Lei do Trabalho deduzir sua resposta a nota de culpa, louvando-se dos factos, o que faz
nos termos e fundamentos seguintes:

1.º
O presente processo disciplinar deve ser considerado inválido pela falta de observância
dos requisitos da nota de culpa, nomeadamente: falta da descrição detalhada dos factos,
circunstância de tempo e modo de cometimento da infracção que é imputada ao
trabalhador.

2.º
Da falta de clareza dos factos que consubstanciam a infracção disciplinar e que
impossibilitam a defesa do arguido
É de Lei que a Nota de Culpa deve conter a descrição detalhada dos factos que
consubstanciam infracção disciplinar, com pormenores de tempo e modo do cometimento
da infracção imputada ao trabalhador (al. a), n.º 2, art.º 67.º in fine, da Lei do Trabalho,
elementos estes que na nota de culpa do presente processo ficaram omissos.

3.˚
Se tais requisitos não forem observados, a Nota de Culpa torna-se ininteligível, podendo
por essa via, entender-se que não se está a conferir a possibilidade do arguido organizar
devidamente a sua defesa em função dos factos não claros, podendo, em tais situações, ter
a cominação do n.º 4 do art.º 68.º da LT – Nulidade insuprível do processo.
4.º
O ponto 5 da nota de culpa faz a descrição das responsabilidades que eram assumidas pelo
arguido e no ponto 6 da mesma nota conclui-se dizendo que o arguido não cumpriu
escrupulosamente com aqueles deveres e responsabilidades referidas por lei. A questão
que se coloca é saber se todos os deveres acima mencionados foram violados pelo
trabalhador arguido uma vez que a arguente na sua nota de culpa não específica.

131
Da caducidade da infracção
5.˚
Os factos de que o trabalhador arguido vêm acusado aconteceram no mês de Janeiro do
ano 2017e o arguido veio a ser notificado da nota de culpa no dia 24 do mês de Maio de
2017, isto e 3 meses depois da verificação dos factos.
6.˚
A arguente ao notificar o arguido da nota de culpa na data acima viola o preceituado na
al.a) do nº2 do artigo 67 da Lei do Trabalho.

7.º
O trabalhador arguido vem acusado de ter abusado da sua posição de direcção e chefia e
sem anuência prévia da direcção máxima da empresa, admitiu e prometeu emprego a três
cidadãos, alguns deles mediante pagamento de valores monetários que variam de 3 mil a 5
mil meticais e outros por afinidades, transformando a empresa em um campo sem regras.
No entanto,
8.º
Percebe-se claramente que a aludida nota de culpa foi feita porque existia essa vontade
razão pela qual não faz a prova dos factos aqui alegados, nomeadamente quanto, onde e
em que circunstâncias teria o arguido recebido esses valores.
9.º
Em relação a tais outros que foram contratados por afinidades a nota de culpa não
menciona quem são e como afere a tal afinidade, elementos estes que seriam importantes
trazer a nota de culpa para o arguido deduzir melhor a sua defesa.
10.˚
Mais ainda, no ponto 9 da nota de culpa a arguente afirma que tais situações chegaram ao
conhecimento da direcção da empresa quando sem conta viu-se surpreendida de uma
avalanche de notificações da direcção do trabalho Mediação de conflitos laborais onde os
trabalhadores exigem salários dos meses que alegam ter trabalhado devendo ser acrescido
da restituição dos valores pagos em troca do emprego.
11.˚
Ora, mais uma vez a arguente não faz referência da data em que a direcção máxima da
empresa tomou conhecimento dos factos aludidos na nota de culpa que no seu ponto de
vista consubstanciam infracções disciplinar.
12.º

132
Pelos factos acima mencionados deve o processo disciplinar ser declarado inválido, à luz
da al. c) n.º 1 do artigo 68.º do diploma legal já citado.

Por Impugnação
13.º
Não constitui verdade o que está vertido no ponto 7 da douta Nota de Culpa,
nomeadamente, que o trabalhador arguido teria abusado da sua posição de direcção e
chefia, admitindo sem anuência prévia da direcção máxima da empresa e prometendo
emprego a três cidadãos, alguns deles mediante pagamento de valores monetários que
variam de 3 a 5 mil meticais e outros por afinidade, transformando a empresa em um
campo sem regras.
O que aconteceu é o seguinte,
14.˚
No âmbito das suas responsabilidades de supervisionar e decidir sobre as actividades no
sector dos recursos humanos, nomeadamente: os processos de recrutamento, admissão e
retenção de talentos, entre outros, comunicou a direcção máxima da entidade
empregadora, na pessoa de José Freitas da necessidade de se contratar mais trabalhadores,
tendo sido autorizado e orientado a informar direcção da igreja ZT local onde esta afecto,
uma vez que esta passaria a pagar as facturas.
15.˚
A orientação acima foi recebida e cumprida pelo arguido, tendo este solicitado a anuência
do Bispo em exercício o senhor Américo Alexandre, o qual consentiu, autorizando a
contratação.

16.˚
Depois de recrutados os trabalhadores os contratos foram redigidos a escrito pelo senhor
Nelson Felizardo representante dos Recursos Humanos, porem, nunca chegaram a ser
assinados, estando neste momento na posse do novo Bispo o senhor João António e nem
pagos os respectivos salários.
17.˚
Vendo o arguido que a falta de pagamento dos salários desgastava os trabalhadores ora
contratados, falou com a direcção da empresa, na pessoa do José Freitas, administrador da
mesma, que aconselhou-o a suspender os contratos dos trabalhadores, dada a dificuldade
no pagamento dos salários, o que foi feito pelo arguido.

133
18.˚
Em resumo estes factos foram sempre do conhecimento da empresa, tanto que em vários
encontros frisava-se a necessidade de contratação do pessoal.
19.º
O arguido é acusado da prática de infracções, que igualmente subsume o tipo legal de
crime de corrupção.

20.º
Atendendo a gravidade das imputações e ao facto de estas matérias serem igualmente de
índole criminal, obedecendo as normas e princípios vigentes neste ramo de direito e
enxertadas no direito laboral, importa apreciar-se cada um dos elementos constitutivos dos
crimes em alusão, a luz do direito penal, de modo que depois se ajuíze se podem ser
imputadas ao arguido.
21.º
Desta forma em virtude do princípio nullum crimenn sine lege, deve o arguido ser
absolvido porque o seu comportamento não se configura com o crime e muito menos a
infracção de que é acusado.

22.º
Não há nos autos, como na nota de culpa provas demonstrativas e nem factos detalhados
de existência de qualquer infracção cometida pelo arguido, devendo por isso ser absolvido
das aludidas acusações.
Da necessidade de realização de diligências de prova:

29.º
Nos termos do n. 2 do artigo 67 da Lei do Trabalho, requer a título de diligência de
provas:
1. A junção ao processo disciplinar do seu registo biográfico de modo a apurar o
comportamento anterior do arguido;
2. Acarreação com os senhores José Freitas administrador da empresa, Nelson Feliz
chefe dos recursos humanos, Américo Alexandre, bispo da igreja e João António
também bispo de modo a apurar se os mesmo tinham ou não conhecimento da
existência ou não de novos contratos;

134
Face ao exposto, e nos mais de direito ao caso aplicável e realizadas as diligências de
prova requeridas, devendo o processo ser julgado inválido, pela violação dos
procedimentos legais e em consequência sejam o processo arquivado.
Mais, requer a V.Excia que em face do bom comportamento anterior do trabalhador
arguido, este seja absolvido ou se assim não se entender, que não lhe seja aplicada
nenhuma medida disciplinar grave.

Local, data, mês, ano


O trabalhador-arguido

___________________
Nome e assinatura do arguido

Exmo Senhor
Instrutor do Processo Disciplinar

135
Assunto: Resposta a nota da acusação

Loureço António, Auxiliar Administrativo e Condutor de Veículos e em exercício no


Conselho Constitucional, vem nos termos do disposto no artigo 118º do Estatuto Geral
dos Funcionários e Agentes do Estado, adiante designado EGFAE, aprovado pela Lei
n.º10/2017, de 01 de Agosto, dizer o seguinte:
Das questões prévias - Da falta dos requisitos da nota de acusação

Como se pode depreender da douta acusação, V.Excias se limitam a afirmar que o arguido
terá no 4 de Outubro de 2013 acidentado a viatura protocolar que conduzia, quando o
mesmo se encontrava no Bairro 25 de Junho, na Cidade de Maputo onde fora deixar o
ADC que consigo estava a trabalhar, mas em nenhum momento indicam de forma clara e
inequívoca, as circunstância em que ocorreu o acidente e o dano causado, elementos
essenciais que devem conter a nota de culpa conforme dispõe o nº5 do artigo 118º do
EGFAE.


Na referida nota de culpa, consta uma circunstância agravante, que é o facto de o mesmo
não ser arguido primário. Porem, esquece-se de que para se tomar conhecimento do
acidente, foi porque o próprio arguido reportou e sendo o mesmo que se encontrava na
direcção efectiva do veículo, isto corresponde a confissão espontânea, a qual é uma
circunstância atenuante, conforme dispõe a al. a) do nº1 do artigo 102º EGFAE.

Não tendo em nenhum momento constado na ideia do arguido o cometimento do acidente
que causou o dano na viatura, não é igualmente razoável ignorar-se este aspecto, pois se
não há intenção dolosa no cometimento de uma infracção, não deve o arguido da mesma
ser sancionado a título de dolo e, a falta de dolo, enquanto elemento volutivo do agente da
infracção, é tida também como uma circunstância atenuante, vide al.d) do mesmo número
e artigo.


Ainda assim, se estamos perante uma infracção da qual se tem um dano material, este tem
uma natureza reparável e como tal, e acrescido ao facto da fadiga física e psicológica
causada pela carga laboral sofrida, é nos termos da al. h) do nº1 do artigo 102º do
EGFAE, uma circunstância atenuante.

136

Ora, se aqui se tem circunstâncias atenuantes em número de 3 e uma agravante, não se
percebe porque razão aquelas são ignoradas e fazendo somente vincar a que agrava a
situação do arguido, violando-se deste modo o disposto no nº.2 do artigo 118º do EGFAE.

À cautela, impugnando

Não constitui verdade que o arguido não terá imediatamente reportado o sucedido, na
medida em que se o sinistro se deu na 6ª feira, dia 4 de Outubro de 2013, num momento
em que ninguém se encontrava no seu local de trabalho, este, por meio de um documento,
fê-lo logo que se fez ao trabalho na 2ª feira, dia 7 de Outubro do mesmo ano.


Mais ainda, o arrolamento de testemunhas não é feito sem que tal seja solicitado ou
questionado relativamente a sua existência a data e hora dos factos, das testemunhas que
se pretendem. Aliás, se assim for, o legislador não deixou de lado a possibilidade de
V.Excias se fundarem no disposto no nº.5 do artigo 111º do EGFAE, para o apuramento
da verdade.

Refere-se a douta acusação que o arguido terá violado o seu dever prescrito na al. h) do
n.°1 do artigo 43.º EGFAE, o qual diz respeito ao zelo pela conservação e manutenção
dos bens do Estado que lhe são confiados.

No entanto, se a infracção que se imputa ao arguido é a que consta da al. h), n.º 1 do
artigo 43.º do EGFAE, não faz sentido, é inconcebível que a pena seja a prevista no n. º1
do artigo 99.º do EGFAE, isto porque;

10º
Nos termos da al.a) do n.º 2 do artigo 99.º do EGFAE, aplica-se esta pena ao funcionário
que reiteradamente não cumpra exacta, pronta e lealmente as ordens e instruções dos
seus superiores hierárquicos relativas aos serviços,
11º
Ora, se a nota de acusação imputa ao arguido a infracção ou violação do dever prescrito
na al. h) don.º1 do artigo 43.º do EGFAE, que é a falta de zelo pela conservação e
manutenção dos bens do Estado que lhe são confiados, conforme o articulado 17º da

137
mesma acusação, a pena aplicável a essa infracção é a que se encontra prevista no n.º1 do
artigo 97.º do EGFAE, que é a pena de multa.

12º
E mais, para evitar equívocos sobre a aplicação da pena de multa, o EGFAE estabelece na
norma acima que a mesma recai sobre o funcionário que actue com negligência ou falta
de zelo no cumprimento dos seus deveres. E se a conduta do arguido se traduziu na falta
de zelo ou na negligência do arguido, somente a pena de multa lhe é aplicável e não outra.
13º
Portanto, se pelo cometimento da infracção prevista na al. h) don.º1 do artigo 43.º do
EGFAE, cabe ao arguido a aplicação da pena de multa conforme dispõe a al.a) do n.º2 do
artigo 97.ºdo EGFAE, então é ilegal a suspensão do arguido, na medida em que a
suspensão, tem lugar quando a pena aplicável à infracção é de demissão ou expulsão, vide
artigo 113.ºdo EGFAE.
14º
Outrossim, no contexto dos deveres do funcionário do Estado, não deve haver
chamamento para efeitos de instauração de processos disciplinares em caso da sua
violação, outros instrumentos normativos, pois somente são deveres do funcionário do
Estado para efeito de aplicação de sanções, os constantes do EGFAE e seu regulamento,
dai que não faça sentido o chamamento de uma legislação para além destes dois diplomas,
como sucede quando se faz a conjugação com dispositivos legais constantes do Decreto
n.º2/83, de 29 de Julho, que define normas aplicáveis a sanções de transgressão de normas

Nestes termos, vem o arguido requerer a V.Excia que, em face da


inexistência de infracção punível com as penas de demissão e expulsão,
deve a suspensão ora aplicada ser levantada e em consequência
reintegrado na sua actividade, recebendo os seus ordenados mensais sob
pena de ilegalidade.
Mais ainda, requer-se a título de diligências de prova que sejam ouvidos
em audição os senhores Carlos Pinto e José Maria, para explicarem as
circunstâncias em que o sinistro ocorreu.
Local, data, mês e ano
O arguido
___________________________
António Lourenço

138
14. RECURSO GRACIOSO DA DECISÃO DO PROCESSO
DISCIPLINAR

À
Comissão Executiva do Banco

Assunto: Recurso da Decisão Tomada em Sede do Processo Disciplinar

Exmos Senhores,

Aldalberto Mateus, colaborador do GZ, exercendo a função de Subgerente, representado


neste acto pelo seu mandatário, com procuração em anexo, não se conformando com a
decisão tomada no processo disciplinar de que foi alvo, vem pela presente, expor e
reclamar da mesma, nos termos seguintes:
1.º
O signatário foi alvo de um processo disciplinar, tendo sido notificado da nota de culpa no
dia 29 de Dezembro de 2017, vide doc. 1.

2.º
Tempestivamente, submeteu a sua resposta a nota de culpa. Uma vez o último dia ter
coincidido no sábado, dia 13 de Janeiro, deu entrada da sua resposta a nota de culpa na
segunda-feira, dia 15 de Janeiro do ano em curso, vide doc. 2.
3.º
Em sede de resposta e como forma de exercer o seu direito do contraditório, e de modo a
obter uma decisão justa, solicitou diligências de prova, onde foi informado que uma delas
(verificação de câmaras) não seria realizada, visto que as gravações permaneciam apenas
por um período de 30 dias, facto que foi compreendido pelo trabalhador, ora signatário,
vide doc. 3.

DA COMUNICAÇÃO EXTEMPORÂNEA DA DECISÃO

4.º

139
Transcorridos os dias legalmente estabelecidos para a comunicação da decisão, veio, o
signatário a ser notificado da decisão tomada pela sua entidade empregadora no dia 1 de
Março de 2018.

5.º
Ora, a atitude da entidade empregadora ao proferir a sua decisão na data acima referida
viola o estatuído nas alíneas b) e c) do artigo 67.º da Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto (Lei
do Trabalho).

6.º
Dispõe, a alínea b) do artigo acima citado que, após a resposta a nota de culpa por parte
do trabalhador arguido o processo é remetido ao órgão sindical para no prazo de 5 dias
emitir o seu parecer, e a alínea c) do mesmo artigo estabelece que a entidade empregadora
DEVE, no prazo de 30 dias, a contar da data limite para apresentação do parecer do órgão
sindical, comunicar por escrito ao trabalhador e ao órgão sindical da decisão proferida.
7.º
Portanto, a decisão proferida pela entidade empregadora foi tomada fora do prazo
legalmente estabelecido, pois, ora vejamos: o trabalhador deu entrada a sua resposta a
nota de culpa no dia 15 de Janeiro do ano em curso, tendo desta forma iniciado o período
de contagem do prazo do órgão sindical para apresentar o seu parecer, o que deveria ser
feito até dia 20 de Janeiro, e uma vez que coincidiu com o sábado, o último dia passou
para o primeiro dia útil, isto é, dia 22 de Janeiro de 2018.

8.º
A partir da data limite legalmente concedida ao órgão sindical (22 de Janeiro) começou a
contagem dos 30 dias para a entidade empregadora proferir a sua decisão fundamentada,
pelo que tinha até dia 21 de Fevereiro de 2018 para a tomada de decisão.

9.º
Acontece que, a entidade empregadora veio comunicar ao trabalhador da decisão tomada
no dia 01 de Março do ano em curso, isto é, volvidos 8 (oito) dias após a data limite para
o efeito, vide. doc.4.
10.º
Donde resulta que a entidade empregadora perdeu o seu poder disciplinar ao deixar correr
o prazo dentro do qual deve comunicar do despacho.

140
DA FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO E IRRAZOABILIDADE DA DECISÃO

11.º
É de lei que a entidade empregadora deve na mesma decisão relatar as diligências de
prova produzidas e indicar de forma fundamentada, os factos contidos na nota de culpa
que foram dados como provados, o que não se vislumbra na decisão em causa.

12.º
Para além de que foi tomada uma decisão excessiva e prejudicial ao trabalhador,
nomeadamente o facto de ser despromovido por um período de seis meses, o que
naturalmente afecta e viola os seus direitos como colaborador, quando tal não foi provado
em sede do processo disciplinar.
13.º
A decisão em causa foi proferida pelo Director dos Recursos Humanos, o que inquieta o
trabalhador, pois, estabelece o n.º 2 do artigo 62.º da Lei do trabalho que “o poder
disciplinar pode ser exercido directamente pelo empregador ou pelo superior hierárquico
do trabalhador nos termos por aquele estabelecidos” o que equivale dizer que o poder
disciplinar tanto pode ser exercido pelo empregador, como pelos superiores hierárquicos
do trabalhador, nos termos em que aquele estabelecer, ou seja, através de competência
expressamente delegada para o efeito, o que no caso concreto deveria dar-se a conhecer
ao trabalhador ora signatário.

Pelo acima exposto, o signatário requer que a decisão seja revogada e


consequentemente, que o processo seja arquivado porque:
 Tomada fora do prazo legalmente estabelecido;
 Tomada por quem não tem poder para o efeito, de forma desproporcional e sem
qualquer fundamento e prova bastante;

Local, data, mês e ano

____________________________
Nome/Assinatura

Junta: Procuração forense, documentos de prova e duplicados legais


141
À
SUA EXCELÊNCIA MINISTRO DO INTERIOR
Maputo

Assunto- Recurso Hierárquico

José António, solteiro, maior, natural de Maputo e residente no Bairro de Albasine,


Quarteirão n.1, casa n.777, no Município da Cidade de Maputo, Guarda Estagiário da
Polícia e afecto ao Comando da Força de Intervenção Rápida, vem mui respeitosamente
interpor a V.Excia, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 126.º do Estatuto Geral dos
Funcionários e Agentes do Estado, o presente RECURSO HIERÁRQUICO, do
DESPACHO DO EXMO SENHOR COMANDANTE GERAL DA PRM, de 1 de
Agosto de 2013, louvando-se dos termos e fundamentos seguintes:


Que no dia 30 de Maio de 2013, cerca das 09h:30 min, no seu local de trabalho, tomou
conhecimento, depois de ter sido perguntado por um colega de nome Inácio, guarda e
afecto a secção porque razão o reclamante não estava na formatura que naquele instante,
sabendo que a mesma era dirigida a todos os membros escalados para seguir viagem em
serviço a Vunduzi, no Distrito de Gorongosa.


Respondeu o reclamante que não sabia do que se tratava, em virtude de nunca lhe ter sido
informado que este se encontrava incorporado naquela missão, embora já estivesse há

142
sensivelmente 1 (um) mês a acompanhar que tal missão existiria, mas sem mais elementos
e, nem tão pouco, saber que o mesmo nela estava enquadrado.


Acto contínuo, depois de ter tido aquela informação e, sabendo que nesse Comando
existem outros elementos que ostentam o apelido Cuinica, tratou este de se aproximar ao
local onde decorria a formatura e, aqui confrontando-se com as listas referentes ao pessoal
que efectivamente seguirá a viagem, constatou que na verdade, o seu nome constava.
4.º
Perante esse facto, o reclamante para além de ficar indignado com a situação que naquele
momento estava a viver, questionou porque razão, tratando-se de uma missão já há muito
tempo concebida e sabendo-se que havia a necessidade de comunicar aos visados, tal
comunicação não lhe foi extensiva.

Para sua surpresa, no dia 19 de Julho de 2013 o reclamante recebeu uma nota de acusação
indicando que o mesmo teria violado deveres especiais constantes do Regulamento
Disciplinar da Polícia e do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado, adiante
a designar por EGFAE.

O reclamante tempestivamente respondeu a nota de acusação.


Em face do processo disciplinar ora instaurado foi aplicado ao reclamante a medida
disciplinar de exoneração.


Ora, sobre a pena que foi aplicada ao reclamante, é no todo estranha ao ordenamento
jurídico moçambicano, isto é, não encontra a sua previsão legal enquanto sanção
disciplinar, pois, o que se tem na lei, nada mais é senão uma enumeração taxativa das
sanções aplicáveis aos Funcionário se Agentes do Estado, tal como dispõe o n.º 1 do
artigo 93.º do EGFAE, a advertência, a repreensão pública, a multa, a despromoção, a
demissão, a expulsão.

143

Mais ainda, o nº2 do artigo supra, estabelece que não é lícito aplicar quaisquer outras
sanções disciplinares que não sejam as previstas no nº1, dai que não sendo lícito, é por
outras palavras, ilegal a pena de exoneração aplicada ao reclamante.

10º
A pena de exoneração aplicada ao reclamante, na fundamentação da entidade recorrida, a
mesma baseou-se no disposto nos nºs 1, 2 e 4 do artigo 5 do Regulamento do Estatuto
Geral dos Funcionários e Agentes do Estado - REGFAE.
11º
Da apreciação destas disposições, constata-se que a exoneração é a negação da nomeação
definitiva de um funcionário, por manifestação em contrário de uma das partes ao longo
do período da nomeação provisória, nos termos do nº1 do artigo 5º REGFAE.

12º
Ora, a manifestação em contrária referida no nº1 do artigo 5.º REGFAE, deve nos termos
do nº2 deste artigo, constar de documento escrito e devidamente fundamentado, o que no
caso do despacho recorrido não se vislumbra. E,
13º
Finalmente, em relação ao nº 4 do artigo 5 do REGFAE usado para a fundamentação do
despacho recorrido, estabelece as situações em que um funcionário é exonerado, isto é,
não é definitivamente nomeado em virtude de o mesmo ter obtido, na avaliação de
desempenho, a classificação inferior a regular, ex vi nº3 do mesmo artigo, e sem que haja
processo disciplinar, o que no caso do reclamante não se aplica, pois, em nenhum
momento o mesmo foi objecto de qualquer avaliação de desempenho.

Nestes termos e nos mais de direito ao caso aplicável, sendo o recurso


hierárquico uma garantia do particular com vista a obter uma apreciação por um
órgão superior quanto a legalidade de um acto administrativo praticado por um
órgão inferior, vem o reclamante requerer a V.Excia que se digne revogar o
despacho nº1603/GCG/028.4/2013, de 1 de Agosto, pelas razões seguintes:
É ilegal, porque não consta das sanções disciplinares previstas no nº1 do artigo
93.º EGFAE.

144
Junta: Procuração forense, Despacho n°1603/GCG/028.4/2013, de 1 de Agosto, Resposta
a nota de acusação e Nota de acusação

Local, data, mês e ano

O Recorrente
_________________________

145
©IPAJ

146

Você também pode gostar