1 ANÁLISE DE CONJUNTURA ECONÔMICA

2 (Semana de 01 a 07 de janeiro de 2024)

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4 Lá vem 2024: a esperança pode se renovar
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6 Lucas Milanez de Lima Almeida1
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8 Caro leitor, 2024 chegou e já começo o texto desejando feliz ano novo! No ano
9 passado tivemos muitas dificuldades, mas também avanços. Tivemos até que sair do
10 negativo e retornar à estaca zero, tendo em vista alguns retrocessos trazidos pelos
11 governos anteriores. Tivemos também os projetos que afrontaram muitos eleitores de
12 Lula, bem como aqueles que mantiveram os privilégios de classe. Dito isto, vale a pena
13 mencionar três coisas que precisaremos enfrentar este ano.
14 Para começar, teremos eleições municipais. Pode não parecer, mas os prefeitos
15 de cada uma das milhares de cidades brasileiras têm sua importância no cenário
16 nacional. Para iniciar o raciocínio, pensemos naquilo que chamamos no Brasil de
17 “curral eleitoral”. Essas “localidades” são lideradas por um ou outro grupo de
18 indivíduos que conduzem a cena política. Por isso mesmo, eles têm uma conexão
19 estreita (pelo menos de 2 em 2 anos) com os políticos que atuam em Brasília. Assim, de
20 forma indireta, o pleito deste ano será um termômetro e um fiel da balança para o
21 governo Lula.
22 A eleição de certos prefeitos e vereadores, mais alinhados ao campo
23 progressista, pode servir para aliviar a pressão que as propostas do governo atual
24 enfrentam no Congresso Nacional. Isto porque, ao compor a base eleitoral dos políticos
25 de Brasília, os políticos locais podem atuar como correia de transmissão entre
26 municípios e a capital do país. Assim, a cobrança feita pela população pode ser mais
27 influente, bem como a prestação de contas. Um deputado federal já pensa duas vezes
28 antes de aprovar um projeto que afete negativamente seus eleitores, sobretudo aqueles
29 mais ligados às redes sociais. Pior será se em sua cidade ou região ganharem políticos
30 que não se alinham a ele.
31 Um segundo problema que tem atuado para frear os projetos federais, em
32 especial os da área econômica, é o Banco Central, liderado por Roberto Campos Neto.
33 Como se sabe, atualmente o BC goza de autonomia na gestão da política monetária e
34 tem sabotado fortemente a política econômica, ao manter os juros excessivamente
35 elevados. A dita autonomia também inclui a independência dos mandatos do presidente
36 do banco e do presidente do país. Cada um deles passa 4 anos no cargo, mas de forma
37 não sincronizada. Campos Neto começou seu mandato em 2021 e pode sair do cargo em
38 dezembro de 2024. Caberá à Lula retirá-lo, ou não.
39 A preço de hoje, a saída de Campos Neto é tida como certa. Porém, sabemos que
40 Lula é o mestre da negociação e da conciliação. Ou seja, não me surpreenderia se
41 Campos Neto fosse reconduzido, desde que tivesse mais flexibilidade. Entretanto, a
42 motivação não estaria na figura do atual presidente do BC em si, mas nos acordos que
43 Lula pode firmar com a fração bancária/financeira da burguesia. Seria algo como a
44 “pacificação” dos militares neste começo de 2024, quando Lula retirou da pauta alguns
45 debates que desagradam os milicos. A diferença é que com os militares o governo não
46 ganhou nada, mas com os bancos, talvez.

1 1 Professor do DRI/UFPB, do PPGCPRI/UFPB e do PPGRI/UEPB; Coordenador do PROGEB.

2 (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; @almeidalmilanez; lucasmilanez@hotmail.com).
3 Colaboraram: Guilherme de Paula, Valentine de Moura, Helen Tomaz, Gustavo Figueiredo, Letícia
4 Rocha e Paola Arruda.
47 O último problema abordado aqui é a fase do ciclo econômico mundial, que está
48 em “pouso suave”. Segundo estudos da ONU, a economia mundial deve desacelerar seu
49 crescimento em 2024, quando comparado com 2023. Apesar das expectativas
50 apontarem para uma Europa menos ruim no ano que se inicia, estudos indicam
51 desaceleração nos EUA e na China. Nesse caso, não temos o que fazer no curto prazo.
52 O possível é preparar a estrutura produtiva para quando a economia mundial voltar a
53 crescer com vigor. E isto só acontecerá se forem adotadas as políticas econômicas
54 adequadas, que têm na “neoindustrialização” um grande norte.
55 O que 2024 já mostra é que agora devemos enfrentar os problemas mais
56 imediatos e remediar os que não têm jeito. Enfim, o ano que se inicia não muda muito
57 em relação aos anteriores, com a diferença de que não temos mais um fascistóide
58 energúmeno na presidência. O problema é que restaram os fascistóides não tão
59 energúmenos andando por aí como se fossem “cidadãos de bem”. Contra estes é que
60 deve ser nossa luta.
61 Falando nisso, sabe aquele seu amigo, vizinho ou patrão que vai se candidatar a
62 vereador? Antes de mais nada, procure saber qual o partido ou coligação do qual ele faz
63 parte. Se for do centrão, que tal repensar o voto? Além disso, também está no rol de
64 ações possíveis a tradicional campanha de boca a boca, “tal como faziam os fenícios...”.