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RELACIONAR-SE: O CUIDADO DE UNS COM OS OUTROS

Instruções unificadas: Min de Ensino e Min de Proclamação da Promessa Central


de Cascavel
"Depois Jesus subiu a um monte e chamou os que ele mesmo quis; e estes foram até ele.
Então designou doze para que estivessem com ele, e os enviasse a pregar, e para que
tivessem autoridade para expulsar demônios." Marcos 3.13-15. O primeiro elemento do
Relacionamento Discipulador é "Relacionar-se", isto é, conviver, passar tempo juntos.
Doravante, vamos ver a importância do relacionamento como a base do discipulado e
como podemos superar o desafio da falta de tempo em dias de agendas tão saturadas de
compromissos e atividades.
AJUSTANDO NOSSA AGENDA
Nossa agenda determina aquilo que valorizamos. Entender a importância do
relacionamento na formação de discípulos, ou seja, no cumprimento da grande
comissão, implica adequar a nossa agenda à agenda de Jesus Cristo.
Como conciliar relacionamento com a agenda de nossas atividades?

 Precisamos reconhecer biblicamente que o Senhor não nos criou para a


exaustão ministerial. O ministério da igreja não deve produzir desgaste
emocional. Pelo contrário, a missão de fazer discípulos exige esforço, mas
produz alegria.
 Precisamos reconhecer que nossa missão primária no reino de Deus é fazer
discípulos.

 Precisamos investigar, com muita dependência de Deus, o que temos feito

que esteja além daquilo que Deus quer que façamos e que não esteja produzindo
discípulos.

 Precisamos ajustar a nossa agenda à agenda de Jesus Cristo.

Vamos conferir juntos como era a agenda de Jesus assumindo o compromisso de nos
moldarmos a ela?

A Agenda de Jesus
Um das perguntas que mais me fazem quando falo sobre discipulado é:
"Qual o material que você está usando?” É claro que aplicaremos alguns materiais que
apoiarão a nossa caminhada discipular, mas a base fundamental é compreender que o
que Jesus experimentou com os discípulos foi um Relacionamento Discipulador, não a
aplicação de um algum material.
Jesus investiu a maior parte do tempo de ministério no relacionamento com os
discípulos. Quando observamos a caminhada de Jesus de forma geral, percebemos que a
maior parte dos seus feitos e ensinos tiveram aplicações diretas na vida daqueles que
foram chamados para andar junto com Ele. Não negamos que Jesus tenha investido
tempo em seu ministério com as multidões, mas a maior parte de seu tempo foi
investida intencionalmente na vida dos discípulos.
O milagre inaugural do ministério de Jesus nas Bodas de Caná da Galileia, por exemplo,
traz muitos ensinamentos para nós em diversas áreas. Quando analisamos o texto com
detalhes, percebemos que o milagre de Jesus teve uma implicação direta na vida de seus
discípulos. "Com este, deu Jesus principio a seus sinais em Caná da Galileia, manifestou
a sua glória, e os seus discípulos creram nele" (Jo 2.11). Os atos de Jesus estavam
repletos de intencionalidade para a formação de seus discípulos.
No Evangelho de Marcos, 3.13 a 15, encontramos a descrição do RD ( relacionamento
discipular) de Jesus: "Depois Jesus subiu a um monte e chamou os que ele mesmo quis;
e estes foram até ele. Então designou doze para que estivessem com ele, e os enviasse a
pregar, e para que tivessem autoridade para expulsar demônio."
Jesus chamou seus discípulos para que estivessem com Ele. A primeira vocação - ou
seja, o primeiro chamado - do discípulo é estar com Jesus. Fomos chamados
primeiramente para estar com Ele. É a relação que temos com Jesus que nos habilita a
representá-lo. É a relação que promovemos no discipulado que produzirá homens e
mulheres testemunhas de Cristo em nossa nação.
Jesus discipulou enquanto caminhava. Seus discípulos foram formados não apenas
numa classe (como podemos chamar os lugares fechados em que Jesus ensinou), mas
também e principalmente em meio às circunstâncias do dia a dia.
Foi por meio de uma vida de oração que Jesus transmitiu a importância de um
ministério eficaz de oração, a ponto de seus discípulos pedirem que Ele os ensinasse a
orar (Lc 11.1,2). Cada discipulador precisa transmitir a sua vida de oração aos seus
discípulos. Cada encontro discipular precisa ser uma oportunidade de oração. Uma
oportunidade de transmissão de ensinos sobre oração. Não deixe de investir tempo em
oração junto com seu discípulo.
Foi no banquete na casa de seu novo discípulo Levi que Jesus corrigiu os fariseus e
mostrou que sua missão estava voltada para os doentes e pecadores, e não para os sãos e
justos (Lc 5.27-32). O relacionamento discipulador também é desenvolvido em
momentos de refeições, quando, sentados à mesa, discípulo e discipulador
compartilham as situações do cotidiano e a postura cristã para cada uma delas. A mesa
de nossa casa tem sido um ambiente propício para a formação do caráter de nossos
discípulos.
Foi enquanto buscava um lugar deserto para descansar que Jesus transmitiu o princípio
da compaixão, levando seus discípulos a atenderem a multidão faminta (Mc 6.30-44).
Muitas vezes somente vendo a abnegação do discipulador, em abrir mão de um tempo
de descanso, é que os discípulos entenderão o valor que eles têm e poderão dedicar-se a
outros também. Jesus abriu mão do descanso para atender uma necessidade pontual da
multidão. Em alguns casos, discipulador precisará abrir mão de um descanso para
socorrer os seus discípulos. Devemos nos comprometer a atendê-las em qualquer
situação. Essas pessoas são nossos discípulos.
Foi durante uma travessia de 10 quilômetros de barco no lago da Galileia, saindo de
Cafarnaum e indo para Gadara, que Jesus ensinou sobre fé aos seus discípulos que
estavam com medo da tempestade (Lc 8.22-25). Cada momento juntos é oportuno para
a transmissão de vida na vida. O discipulador deve aproveitar passeios, caminhadas,
retiros da igreja, viagens missionárias e outras atividades para estar com seus discípulos
e influenciá-los.
Foi andando pelas searas que Jesus transmitiu muitos dos ensinamentos por meio das
parábolas. O discipulador que se relaciona constantemente com seus discípulos
transmite-lhes os valores bíblicos de forma natural. Isso não se resume a um encontro
semanal. Quanto mais contato, mais valores são compartilhados.
Foi sentado próximo à caixa das ofertas que Jesus chamou seus discípulos e os advertiu
quanto à vaidade (Mc 12.41-44). O discipulador precisa chamar os discípulos para
perceberem algumas lições do reino de Deus. Cabe ao discipulador ter intencionalidade
em ensinar aos seus discípulos os valores fundamentais do evangelho, compartilhando a
Palavra de Deus e, se necessário, confrontando os valores equivocados da cultura
vigente.
Foi lavando os pés de seus discípulos que Jesus ensinou que, no reino de Deus, a
liderança é conquistada pelo serviço. Ele afirmou: "Porque eu vos dei o exemplo, para
que, como eu vos fiz, façais vós também" (Jo 13.15). O discipulador precisa ensinar o
que é o evangelho, servindo.
O RD não se resume a um encontro semanal de uma hora com o discípulo. Não se
resume a um estudo bíblico semanal. O RD significa a transmissão de vida na vida.
Significa uma caminhada ao longo de uma vida. Se olharmos para o ministério
discipular de Jesus, notaremos que Ele caminhou com seus discípulos por cerca de três
anos. Sua caminhada discipular não estava restrita a algumas horas do dia, não! Os
discípulos conviveram com Jesus 24 horas por dia. Isso significa que, nos três anos de
ministério, Jesus investiu em torno de 26.280 horas com seus discípulos. Se
acreditarmos que um encontro semanal de uma hora é suficiente para formar um
discípulo, levaremos cerca de 500 anos para investir o mesmo tempo que Jesus investiu
com os seus.
O relacionar-se no discipulado é a prática intencional de formar discípulos por meio de
um convívio pessoal. Acredito que o discipulado seja vida na vida e deva ser
desenvolvido através de encontros e contatos por meios tecnológicos. Quando Paulo não
conseguia estar com seus discípulos, ele enviava cartas. Quando Jesus subiu ao céu, Ele
nos deixou o Consolador. Devemos usar todos os recursos existentes para a transmissão
dos valores do reino de Deus.
O RD acontece quando o discípulo e o discipulador interagem durante os cultos da
igreja; acontece por meio da interação nas reuniões de oração; acontece em encontros
para assistir a algum filme no cinema; acontece numa caminhada num parque. Contudo,
além de todos esses contatos intencionais durante a semana, temos que parar um dia
para ter o encontro discipular propriamente dito. Como disciplina regular para o nosso
contexto atual, tenho considerado um encontro semanal específico para o contato direto
como satisfatório para o cumprimento dessa proposta. É nesse encontro que o discípulo
compartilhará de sua vida e, juntos, discípulo e discipulador, refletirão à luz da Palavra
de Deus sobre a formação do caráter de Cristo na vida do discípulo.
As Dimensões do Relacionamento Discipulador
Uma vez que já compreendemos a importância de ajustarmos a nossa agenda e nos
comprometermos intencionalmente a fazer discípulos, precisamos determinar o que é
um discípulo e o que é um Relacionamento Discipulador, e quais as suas dimensões.
Para isso, vamos nos valer da definição, segundo o qual discípulo é "toda pessoa que,
crendo por meio da fé em Jesus Cristo, passa a segui-lo como seu Senhor". Mas não é
só isso. Logo em seguida à obediência do chamado para a salvação, todo discípulo
recebe dele a missão. Jesus nos chama para segui-lo, e esse chamado implica fazer
discípulos. Somente os discípulos de Cristo podem fazer discípulos. Por isso, cada um
de nós deve reconhecer a ordem expressa de Jesus: "fazei discípulos" (Mt 28.19).
Também, o Relacionamento Discipulador é definido como "o relacionamento
intencional de um discípulo com uma pessoa visando torná-la outro discípulo". Esse
relacionamento denota três dimensões: chamar, acolher e aperfeiçoar discípulos. Vamos
relembrar juntos cada uma delas.
1. CHAMAR DISCÍPULOS
A primeira dimensão do RD é Chamar Discípulos. Marcos descreve: "Depois Jesus
subiu a um monte e chamou os que ele mesmo quis e estes foram até ele" (Mc 3.13).
Chamar discípulos diz respeito à nossa intencionalidade em tornar uma pessoa ainda
não convertida em discípulo de Jesus Cristo. Isso significa que o RD pode começar
quando um discípulo de Jesus inicia intencionalmente um relacionamento com um não
crente visando torná-lo um discípulo.
Dentro dessa visão, cada um de nós é motivado a ter o nosso Cartão Alvo de Oração,
por meio do qual nos comprometeremos a orar por 5 pessoas com o objetivo de que se
tornem discípulas de Jesus. Devemos buscar orientação do Senhor para preencher o
cartão. Não devemos escrever nomes de pessoas que moram distante, pois teremos a
intencionalidade de fazer contatos pessoais com elas. A utilização desse cartão deve
seguir os seguintes passos:
1° Passo: Escreva o nome das pessoas no cartão e ore por elas.
2° Passo: Assim que começar a orar, diga a cada uma delas que você está orando por
ela.
3° Passo: Depois de alguns dias orando, pergunte se ela tem algum pedido de oração.
Ore com ela.
4° Passo: Convide essa pessoa para um momento de comunhão e aproveite para
compartilhar o evangelho.
5° Passo: Convide essas pessoas para o Pequeno Grupo Multiplicador, ou para o culto
em sua igreja.
6° Passo: Se a pessoa mostrar desinteresse, desistir ou simplesmente recusar o convite,
não desista. Continue orando e buscando oportunidades para evangelizá-la.
Assim como Jesus chamou discípulos, nós precisamos chamar novos discípulos. Isso
não é apenas missão para o pastor, missionária, ou irmãos do ministério de
proclamação: cada discípulo tem a missão de obedecer a Jesus chamando novos
discípulos.
Não precisamos informar às pessoas do nosso Cartão Alvo sobre o nosso objetivo de
torná-las discípulas de Jesus. O mais importante nessa dimensão do RD é apresentar
Jesus Cristo por meio de nossa vida e testemunho.

2. ACOLHER DISCÍPULOS
Além de chamar discípulos, cabe ao discipulador investir na segunda dimensão do RD:
Acolher Discípulos. O próprio Jesus se responsabilizou por integrar os seus discípulos.
Sobre a chamada de Jesus aos seus discípulos, Marcos continua descrevendo: "Então
designou doze para que estivessem com ele" (Mc 3.14a). Acolher o discípulo implica
chamá-lo para junto, fazer com que ele se sinta parte.
Essa dimensão diz respeito à nossa intencionalidade em integrar pessoas à vida na
igreja. É o conjunto das atitudes intencionais de levar nosso alvo de oração (aquele com
quem estamos buscando promover o RD) a se envolver na vida comunitária da igreja.
Isso pode acontecer por meio dos PGs, das classes da Escola Bíblica, dos passeios da
igreja, dos acampamentos e/ou diretamente nos cultos regulares da igreja. Os PGs
facilitam e potencializam a integração dos nossos RDs à igreja.

3. APERFEIÇOAR DISCÍPULOS
A terceira dimensão do RD é Aperfeiçoar Discípulos. Jesus não só chamou seus
discípulos e os acolheu, como também desenvolveu-os. Marcos diz: "Então designou
doze para que estivessem com ele, e os enviasse a pregar, e para que tivessem
autoridade para expulsar demônios" (Mc 3.14b,15). A caminhada discipular de Jesus
incluía o aperfeiçoamento do discípulo. Por meio do ensinamento bíblico, das
experiências na caminhada e do encorajamento, Jesus desafiava seus discípulos a
alcançar novos degraus na vida cristã. Essa dimensão visa conduzir o discípulo ao
contínuo crescimento espiritual. Nenhum discípulo deve se considerar conhecedor
suficiente do evangelho a ponto de não se preocupar em se desenvolver ainda mais.

Essas três dimensões podem ser visualizadas nesta figura:


Evangelização = Comunicação do evangelho
Chamar. Acolher (conv e envio. Aperfeiçoar (batismo)

Cuidado por meio dos Relacionamentos


Implantar o RD na cultura da igreja exigirá paciência e trabalho, pois a maioria dos
membros nunca foi cuidada pessoalmente e precisa aprender é cuidar de outros, na
prática, sendo cuidada. Nosso desejo não é multiplicar atividades, mas sim multiplicar
discípulos. Para desenvolver uma rede de cuidado na igreja, precisamos estar cientes de
algumas verdades.
Em primeiro lugar, a maior parte dos membros sente-se incapaz de conduzir outras
pessoas à maturidade. Acreditam, porque foram ensinados assim, que esse papel é do
pastor, dos professores da EB e da liderança da igreja em geral. Como líderes,
precisamos ensinar aos discípulos que a capacidade para fazer discípulos vem da
autoridade que nos foi dada por Jesus Cristo (Mt 28.18-20). Para isso, podemos mostrar-
lhes os exemplos bíblicos de como Deus usou pessoas iletradas para demonstrar o poder
dele (Exemplo: At 4.13). Como discípulos, devemos acreditar que, para cumprirmos
essa missão que foi dada por Jesus Cristo, carecemos da capacitação do Espírito Santo
(At 1.8).
Outra questão a ser considerada é que alguns membros da igreja não compreenderão
inicialmente a necessidade de serem discipulados. Precisamos mostrar que a vida cristã
não se resume ao dia de nossa conversão e que Jesus espera de nós o aperfeiçoamento
(Ef 4.12). Precisamos ensinar que o discipulado visa conduzir o discípulo à maturidade
e à interdependência, e não à dependencia. Um discipulado que conduz à dependência
não está cumprindo o seu verdadeiro papel.
Aplicações Práticas
1. Sendo cuidado - Procure alguém que possa cuidar de você por meio do RD.
2. Envolvendo-se na igreja - Procure envolver-se em algum PGM de sua igreja.
3. Cartão Alvo de Oração - Busque ter o seu Cartão e comece a orar por cinco pessoas
não crentes que você deseja fazê-las discípulos de Jesus Cristo.
4. Meta- Coloque uma meta pessoal para iniciar os passos anteriores.
5. Fazendo discípulos - Comprometa-se a chamar discípulos, acolhê-los na vida da
igreja e transmitir-lhes os valores do reino de Deus, conduzindo-os ao aperfeiçoamento
cristão.
6. Multiplicando Discípulos - Desafie seus discípulos a também fazerem discípulos.

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