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Stomatos

ISSN: 1519-4442
ppgpediatria@ulbra.br
Universidade Luterana do Brasil
Brasil

Borin, Graziele; Fontoura de Melo, Tiago André; Niederauer Becker, Alex; Motcy de Oliveira, Elias
Pandonor; Pinto de Queiróz, Mário Luiz
Análise da concentração e do pH de diferentes soluções de hipoclorito de sódio encontradas no
mercado
Stomatos, vol. 12, núm. 23, julho-dezembro, 2006, pp. 29-34
Universidade Luterana do Brasil
Río Grande do Sul, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=85002306

Como citar este artigo


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Graziele Borin
Tiago André Fontoura de Melo
Alex Niederauer Becker
Elias Pandonor Motcy de Oliveira
Mário Luiz Pinto de Queiróz

Análise da concentração e do pH de
diferentes soluções de hipoclorito de
sódio encontradas no mercado
Analysis of the concentration and pH of different solutions of sodium
hypochlorite found in the market

RESUMO
Verificou-se o teor de cloro ativo e o pH de 11 soluções de hipoclorito de sódio de diferentes marcas e
concentrações existentes no mercado. Nove destas soluções foram adquiridas em casas dentárias da cidade
de Porto Alegre/RS e duas na Farmácia Escola da ULBRA – campus Canoas/RS. O teor de cloro ativo foi
verificado através da titulação iodométrica, e o pH, através de um aparelho denominado peagâmetro. Os
valores encontrados foram anotados e comparados aos valores existentes nos rótulos dos produtos e tam-
bém com valores considerados ideais pela literatura consultada. Pode-se verificar que das 11 soluções de
hipoclorito de sódio analisadas, apenas 5 apresentaram valores da concentração quimicamente aceitáveis
para uso; os valores do pH mostraram-se adequados para todas as soluções analisadas.
Palavras-chave: hipoclorito de sódio, endodontia, cloro livre.

ABSTRACT
One verified the active chlorine content and pH of 11 solutions of sodium hypochlorite of different
marks and concentrations existing in the market. Nine of these solutions had been acquired in dental

______
Graziele Borin é Mestre em Endodontia pela Universidade Luterana do Brasil
Tiago André Fontoura de Melo é aluno do Curso de Mestrado em Endodontia da Universidade Luterana do Brasil
Alex Niederauer Becker é aluno do Curso de Mestrado em Endodontia da Universidade Luterana do Brasil
Elias Pandonor Motcy de Oliveira é professor de Endodontia do Curso de Odontologia da Universidade Luterana do
Brasil
Mário Luiz Pinto de Queiróz é professor de Endodontia do Curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil
______
Endereço para correspondência: Graziele Borin
Av. Brasil Leste, 915/203 – Passo Fundo/RS. CEP 99050-000. Fone: (51) 8438.4524. E-mail: graziborin@yahoo.com.br

Stomatos
Stomatos v.12, n.23,
Canoasjul./dez.v.12
2006 n.23 jul./dez. 2006 p.29-34 29
houses of the city of Porto Alegre/RS and two in the Pharmacy School of the ULBRA – Canoas/RS. The
active chlorine content was verified through the titrimetry and pH through a called device pH-metro.
The found values had been written and compared with the values existing in the labels of the products
and with values also considered ideal for consulted literature. It can be verified that of the 11 solutions
of sodium hypochlorite analyzed, only 5 had presented acceptable values of the concentration for use;
the values of pH had revealed adequate for all the analyzed solutions.
Key words: sodium hypochlorite, endodontics, free available chlorine.

INTRODUÇÃO No entanto, por ser uma solução clorada,


ela apresenta acentuada instabilidade. Estudos
Na busca pelo sucesso do tratamento realizados sobre a estabilidade química de solu-
endodôntico é de relevada importância a remo- ções de hipoclorito de sódio verificaram que os
ção de materiais orgânicos e microrganismos que fatores que interferem são: temperatura, presen-
podem estar presentes no interior do sistema de ça de luz, pH, presença de íons metálicos, presen-
canais radiculares. ça de matéria orgânica, concentração, tempo de
No entanto, apesar de toda a evolução armazenamento e contato com o ar (PÉCORA et
tecnológica pela qual a Endodontia vem passan- al., 1987; PISKIN, TURKUN, 1995; JOHNSON,
do, com o surgimento de novos materiais e siste- REMEIKIS, 1993; NICOLETTI et al., 1997; SÓ
mas mecanizados, sabe-se que ainda não existe et al., 2002; SIQUEIRA et al., 2002; ESTRELA
nenhuma técnica de preparo que promova a ade- et al., 2002).
quada sanificação do sistema de canais radiculares A instabilidade natural dos compostos
sem que haja a imprescindível interação com uma clorados associada à negligência na sua fabrica-
substância química auxiliar. Isso se deve a com- ção (uso de água imprópria, armazenamento ina-
plexidade anatômica imposta pela maioria dos dequado) pode levar à diminuição do teor de clo-
canais radiculares, na qual os instrumentos ro livre acarretando a decomposição precoce do
endodônticos, por mais flexíveis que sejam, não produto e conseqüentemente, a perda do poder
conseguem atuar em áreas de difícil acesso, como, bactericida (NICOLETTI, MAGALHÃES, 1996).
por exemplo, istmos e reentrâncias. A solução de hipoclorito de sódio com pH
Contudo, para que a substância química elevado, em torno de 11 é mais estável e a libera-
auxiliar a ser utilizada desempenhe adequadamente ção de cloro é mais lenta. À medida que se reduz o
suas funções, ela deve estar dentro dos padrões pH da solução, quer por meio do ácido bórico ou
quimicamente aceitáveis. Segundo a British do bicarbonato de sódio, a solução torna-se mui-
Pharmacopoeia (1993), a diminuição dos princí- to instável e conseqüentemente a perda de cloro é
pios ativos de uma solução preparada não deve mais rápida, isso significa que o tempo de vida útil
exceder 10% ou 15% para assim manter a sua da solução é pequeno (ESTRELA, 2004).
estabilidade química. Diante disso, vários estudos têm sido reali-
A solução de hipoclorito de sódio, nas suas zados para verificar a qualidade das soluções de
diferentes concentrações, constitui a primeira es- hipoclorito de sódio que os profissionais encon-
colha mundial como substância irrigante de ca- tram à venda no mercado.
nais radiculares (JOHNSON, REMEIKIS, 1993; Pécora et al. (1988) verificaram o teor de
ESTRELA, 2004). cloro ativo em 16 diferentes fabricantes de solu-
Mas sabe-se que para exercer efetivamente as ção de hipoclorito de sódio a 0,5% (líquido de
suas características, a solução de hipoclorito de sódio Dakin) encontrados no mercado. E verificou que
depende de sua concentração, ou seja, do teor de destes apenas 6 encontravam-se com teor de clo-
cloro ativo. Quanto maior o teor de cloro, maior e ro aceitável para utilização e 4 apresentavam pH
mais rápida será a ação do hipoclorito de sódio so- próximo ao neutro.
bre os microrganismos. Na Endodontia a solução de Vargas (2000) em seu trabalho de mestrado
hipoclorito de sódio é utilizada nas mais diversas con- analisou 14 soluções de hipoclorito de sódio, entre
centrações que variam entre 0,5% e 5,25%. estas, sete soluções a 0,5% (líquidos de Dakin),

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cinco a 1% (solução de Milton) e duas a 5,25% 5 amostras encontravam-se com teor de cloro
(soda clorada). Destas 14 soluções, 11 foram en- dentro da especificação. Quanto ao pH destas
contradas no mercado e 3 preparadas no labora- mesmas substâncias, todas se apresentaram alca-
tório da FORP-USP. Os valores encontrados fo- linas ou fracamente alcalinas.
ram comparados àqueles descritos pelos fabrican- Tendo em vista os estudos já realizados, a
tes no rótulo da embalagem e a intervalos de va- proposta deste trabalho é verificar a concentra-
lores considerados ideais pela literatura. O autor ção e o pH de diferentes soluções de hipoclorito
concluiu que das 14 soluções testadas 6 estavam de sódio encontradas à venda nas casas dentárias
com teor de cloro abaixo do esperado. da cidade de Porto Alegre/RS, bem como, solu-
Ventura et al. (2002) avaliaram 4 marcas de ções produzidas na Farmácia Escola da Univer-
líquido de Dakin disponíveis no mercado e cons- sidade Luterana do Brasil (ULBRA) – campus
tataram que em apenas uma das formulações exa- Canoas/RS.
minadas o teor de cloro ativo estava entre 0,43%
e 0,5%. As outras três apresentaram teor de cloro
livre inferior a 0,3%, sendo inativas contra Cân- MATERIAL E MÉTODOS
dida Albicans e Streptococcus Faecalis.
Estrela et al. (2002) analisaram o pH e o Para a execução deste estudo, foram adqui-
teor de cloro em sete soluções de hipoclorito de ridas 9 soluções de hipoclorito de sódio de dife-
sódio nas concentrações de 0,5%, 1% e 2,5%. As rentes concentrações encontradas à venda em
soluções comerciais apresentaram pH acima de casas dentárias da cidade de Porto Alegre/RS e 2
11 e o teor de cloro foi mantido em 4 das sete provenientes da Farmácia Escola da ULBRA –
soluções testadas. campus Canoas/RS, totalizando 11 amostras.
Medeiros (2005) analisou 22 amostras de Todas as soluções analisadas estavam acon-
solução de hipoclorito de sódio nas concentrações dicionadas em embalagens plásticas e armazena-
de 0,5%, 1%, 2,5% e 5% sendo que dessas apenas das em armários abertos.

Quadro 1 – Quadro representativo das amostras de hipoclorito de sódio analisadas.

AMOSTRA FABRICANTE CONCENTRAÇÃO FRASCO LOTE FABRICAÇÃO VALIDADE


1 Odontopharma 0,5% Branco 162 12/2005 12/2006
2 Biodinâmica 0,5% Branco 523/06 06/2006 06/2007
3 Odontopharma 1,0% Branco 174 09/2006 09/2007
4 Iodontec 1,0% Azul 230 12/2005 12/2007
5 Iodontosul 1,0% Branco 015 09/2006 09/2007
6 Biodinâmica 1,0% Branco 571/06 07/2006 07/2007
7 Farmácia
Escola da ULBRA 1,0% Âmbar 05609 16/09/2006 16/03/2007
8 Farmácia
Escola da ULBRA 2,5% Âmbar 05577 18/09/2006 18/03/2007
9 Asfer 2,5% Branco 163225 09/2006 09/2007
10 Odontopharma 5,0% Branco 192 12/2005 12/2006
11 Macroquímica 5,0% Branco 0A32 10/07/2005 10/07/2007

A fase experimental foi desenvolvida nos A avaliação do teor de cloro presente nas
Laboratórios do Curso de Química da ULBRA – soluções foi feita através do método de titulometria
campus Canoas/RS. As análises do teor de cloro e de oxi-redução ou iodometria, descrito por
pH foram realizadas no mesmo dia da aquisição Siqueira et al. (2002).
das amostras. Para uma maior confiabilidade dos resulta-

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dos as análises foram feitas em triplicatas e o re- Após estes procedimentos, procede-se o cál-
sultado final foi a média aritmética simples dos culo da porcentagem de cloro ativo na amostra:
três valores expressos em porcentagem de cloro
remanescente das soluções de hipoclorito de sódio Teor de Cloro = V x Fc x 3,546 x 100
analisadas. 50
Com o auxílio de uma pipeta automática Onde,
toma-se 20 mL da amostra da solução de
hipoclorito de sódio a ser analisada, transferindo- V= Volume de tiossulfato de sódio utilizado
se para um balão volumétrico de 100 mL, a se- na titulação
guir, dilui-se em água destilada e deionizada até Fc= Fator de correção do tiossulfato de sódio
completar os 100 mL. Troca-se a ponteira da (1,068)
pipeta automática e transfere-se 20 mL desta nova 3,546= miliequivalente do cloro
solução para um erlenmeyer de 250 mL e adicio- Para avaliar o pH das soluções foi utilizado
na-se a isso 50 mL da solução de iodeto de potás- o aparelho peagâmetro da marca Schott modelo
sio e 15 mL da solução de ácido acético. Após CG840 (procedência: Alemanha).
isso, inicia-se a titulação com tiossulfato de sódio
0,1N sob agitação constante utilizando-se para
isso o agitador magnético, até que a substância RESULTADOS
resultante adquira uma cor amarelo-clara. Adi-
ciona-se 3 mL do indicador amido, onde a solu- Após verificação do teor de cloro e pH de
ção adquira uma coloração azul-violácea. cada uma das soluções analisadas foi possível ob-
Retorna-se a adição de tiossulfato de sódio até servar os seguintes resultados:
que a solução torne-se transparente.
AMOSTRA CONCENTRAÇÃO CONCENTRAÇÃO PORCENTAGEM
NA EMBALAGEM ENCONTRADA DE PERDA
1 0,5% 0,25% 50%
2 0,5% 0,45% 10%
3 1,0% 0,47% 53%
4 1,0% 0,92% 8%
5 1,0% 0,74% 26%
6 1,0% 0,64% 36%
7 1,0% 1,10% 0%
8 2,5% 2,62% 0%
9 2,5% 2,74% 0%
10 5,0% 0,27% 94,6%
11 5,0% 0,30% 94%
Quadro 2 – Resultado do teor de cloro ativo encontrado nas soluções de hipoclorito de sódio analisadas.

100%
90%
80%
70%
60%
Perda total do
50%
teor de cloro
40%
30%
20%
10%
0%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Amostras
Gráfico 1 – Representação gráfica da perda total do teor de cloro em porcentagem em cada solução analisada.

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AMOSTRA pH (Gráfico 1). As demais apresentaram-se com teor de
1 10,55 cloro abaixo do ideal, sendo que as amostras 10 e
2 9,21 11 que deveriam possuir 5,0% de cloro ativo apre-
3 11,51 sentaram-se respectivamente com 0,27% e 0,30%
4 12,15
(Quadro 2), o que demonstra uma perda acima de
5 11,97
90% da concentração. Uma solução irrigante fora
das especificações pode comprometer toda a tera-
6 9,13
pêutica endodôntica, podendo levar ao insucesso do
7 10,66
tratamento.
8 11,15
Alguns fabricantes produzem a solução de
9 11,84
hipoclorito de sódio com teor de cloro acima do
10 11,26
especificado para assegurar a potencialidade do
11 11,25
produto por mais tempo (PAIVA et al., 1989). Isto
Quadro 3 – Resultado do pH encontrado nas soluções de
hipoclorito de sódio analisadas.
pode ser verificado nas soluções analisadas corres-
pondentes às amostras 7, 8, 9 que apresentaram a
concentração acima da esperada. No entanto este
aumento, que não foi significativo, não compro-
DISCUSSÃO meteria o tratamento endodôntico, pelo contrário,
garantiria a efetividade da solução química.
Para o sucesso da terapêutica endodôntica Das 11 soluções analisadas neste estudo, to-
faz-se necessário a adequada realização da lim- das apresentaram pH acima de 9 (Quadro 3),
peza e desinfecção do sistema de canais concordando com os trabalhos de Carvalho Jr. et
radiculares. A solução de hipoclorito de sódio é al. (2000), Piskin, Turkun (1995) e Byström,
utilizada para este fim desde o início do século pas- Sundqvist (1985) que sugerem que o pH da solu-
sado, com os experimentos de Dakin (1915). ção de hipoclorito de sódio deva ser maior que 9
No entanto, a efetividade do hipoclorito de para que se tenha uma solução mais estável e com
sódio como substância química auxiliar depende do manutenção de suas propriedades.
teor de cloro presente. Segundo Paiva et al. (1989), Segundo Pécora et al. (1987) é muito im-
diversos fármacos de uso na endodontia são instá- portante que a data de fabricação do produto seja
veis devendo ser empregados unicamente quando colocada na embalagem. Carvalho Jr. et al. (2000)
apresentarem 90% de sua potencialidade normal, verificaram que as soluções aviadas pela
sob pena de comprometer a ação deles esperada. Biodinâmica não possuíam a data de fabricação
Desde 1915, Dakin já alertava para o fato de na embalagem. Em nosso estudo pode-se verifi-
que a solução de hipoclorito de sódio a 0,5% apre- car através do quadro 1, que todas as 11 soluções
senta um shelf-life muito pequeno devendo ser ar- analisadas apresentaram este dado, inclusive a
mazenada em vidro âmbar, em ambiente fresco e amostra 2 e 6 correspondentes à marca
isento de luz. A British Pharmacopoeia (1993) acon- Biodinâmica.
selha armazenar a solução de hipoclorito de sódio Como este estudo foi realizado em outubro
em frascos bem fechados, protegidos da luz e em de 2006, verifica-se que todas as marcas analisa-
temperatura que não exceda 20°. das estavam dentro do prazo de validade estipu-
A embalagem mais utilizada pelos fabricantes lados pelo fabricante (Quadro 1). Apesar disso, a
foi o frasco de plástico e a cor mais empregada foi amostra 3 que havia sido recentemente fabricada
o branco, seguido pelo âmbar e azul (Quadro 1). (1 mês) apresentava-se imprópria para uso, ou
Durante a aquisição das amostras verificou-se que seja com mais de 50% de perda do teor de cloro,
todas estavam armazenadas em armários abertos, o mesmo acontecendo com as amostras 5 e 6.
onde ficavam expostas à luz e ao calor. Neste caso a forma de armazenamento pode ter
Das 11 soluções analisadas, apenas 5 apre- sido o principal fator que contribuiu para a perda
sentaram teor de cloro ativo dentro dos limites do teor de cloro das soluções ou o fabricante não
aceitáveis segundo a British Pharmacopoeia produziu a solução com a concentração anuncia-
(1993), correspondentes às amostras 2, 4, 7, 8, 9 da no rótulo do produto.

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As amostras 1 e 10 que também apresenta- CARVALHO JR, J. R. et al. Análise do teor de cloro ativo, pH
ram perda do teor de cloro acima de 10% já esta- e tensão superficial de diferentes marcas de soluções de
hipoclorito de sódio encontradas no mercado. Rev Odont
vam próximas do prazo de vencimento, no en- Univ Ribeirão Preto, v.3, n.2, p.53-59, 2000.
tanto, a amostra 11 que apresentou 94% de per- DAKIN, H. D. In the use of certain antiseptic substances in the
da do teor de cloro ainda possuía 10 meses de treatment of infected wound. Brit Med J, v.2, p.318-320,
prazo para ser utilizada segundo o fabricante, pois 1915.
ESTRELA, C. et al. Mechanism of action of sodium
o prazo de validade do produto era de dois anos.
hypochlorite. Braz Dent J, v.3, n.2, p.113-117, 2002.
O prazo de validade mais encontrado nas ESTRELA, C. Hipoclorito de sódio. In: Ciência Endodôntica.
amostras analisadas foi de 1 ano (8 amostras), São Paulo: Artes Médicas, 2004, p.415-455.
seguido por 2 anos (1 amostra) e por 6 meses (2 JOHNSON, B. R.; REMEIKIS, N. A. Effective shelf-life of
amostras). Verifica-se na literatura uma grande prepared sodium hypochlorite solutions. J Endod, v.19,
n.1, p.40-43, 1993.
divergência com relação ao prazo de validade para MEDEIROS, G. H. F. Avaliação química dos parâmetros físi-
as soluções de hipoclorito de sódio, contudo, a co-químicos de diferentes substâncias empregadas duran-
maioria dos estudos sugere a estocagem por até 3 te a terapia endodôntica. Dissertação (Mestrado em Odon-
meses (BERBERT et al., 1980). Sendo assim, tologia), Universidade Luterana do Brasil, Canoas, 2005.
NICOLETTI, M. A. et al. Hipoclorito de sódio: análise de
deveria haver um maior controle de qualidade das
fontes promotoras de instabilidade química. Rev Inst Ciênc
soluções de hipoclorito de sódio encontradas no Saúde, v.15, n.1, p.23-27, 1997.
mercado, principalmente em relação ao prazo de NICOLETTI, M. A.; MAGALHÃES, J. F. Influencia del envase
validade e às condições de armazenamento. y de factores ambientales en la estabilidad de la solución
de hipoclorito sódico. Bol. Ofic. Panam, v.121, n.4, p.301-
309, 1996.
PAIVA, J. G. et al. Determinação do teor de cloro livre nas
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n.1, p.10-16, 1989.
Levando-se em consideração os resultados PÉCORA, J. D. et al. Estudo sobre o shelf-life da solução de
Dakin. Rev Odontol USP, v.1, n.1, p.3-7, 1987.
obtidos, conclui-se que: PÉCORA, J. D. et al. Verificação do teor de cloro ativo de
• Das 11 soluções de hipoclorito de sódio diferentes marcas de líquido de Dakin encontrados no
analisadas, apenas 5 apresentaram valores da con- mercado. Rev Odontol Univ São Paulo, v.2, n.1, p.10-13,
centração quimicamente aceitáveis para uso. 1988.
PISKIN, B.; TURKUN, M. Stability of various sodium
• Os valores do pH mostraram-se adequa-
hypochlorite solutions. J Endod, v.21, n.5, p.253-255,
dos para todas as soluções analisadas. 1995.
• Sugere-se um melhor controle de quali- SIQUEIRA, E. L. et al. Influência do pH sobre a estabilidade
dade das soluções de hipoclorito de sódio encon- química da solução de hipoclorito de sódio a 0,5%. RPG,
tradas no mercado, principalmente no que diz res- v.9, n.3, p.207-211, 2002.
SÓ, M. V. R. et al. Efeito da temperatura, luminosidade e
peito ao prazo de validade e às condições de forma de armazenamento na estabilidade da solução de
armazenamento. hipoclorito de sódio a 1,0%. Rev Fac Odontol P Alegre,
v.43, n.2, p.14-17, 2002.
VARGAS, M. C. Verificação do teor de cloro ativo em soluções
comerciais de hipoclorito de sódio. Dissertação de Mestrado.
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Pernambuco, Camaragibe, PE, 2000.
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