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RELATÓRIO

DE

QUÍMICA ANALÍTICA

DOCENTE: PROF. MSC. THIAGO FELIPE SILVA


DISCENTE: FERNANDA DE PAULA
CURSO: FARMÁCIA

ITUMBIARA – GO
2020
1. INFLUÊNCIA DE PH EM FÁRMACOS:

ARTIGO 1: Potencial hidrogeniônico de soluções de antibióticos submetidas a


condições ambientais: ensaio preliminar
Cintia Monteiro1 , Renata Maria Coelho Crepaldi2 , Ariane Ferreira Machado Avelar3
, Maria Angélica Sorgini Peterlini4 , Mavilde Da Luz Gonçalves Pedreira5.

Os principais fatores que podem influenciar a razão da decomposição do fármaco são os


diferentes potenciais hidrogeniônicos (pH) da solução, a temperatura a que o
medicamento é exposto, a concentração do fármaco na solução e a exposição à luz.
O pH é definido como concentração de íons hidrogênio presentes em uma solução, sendo
que quando igual ao logaritmo negativo (10−7) é classificado como neutro, pois permite
que os íons hidrogênio sejam neutralizados pelos íons hidroxila.
Muitos fármacos são suficientemente estáveis na escala de pH entre 4 e 8 para serem
administrados em período de tempo conveniente, sendo menos lesivos ao endotélio
vascular, mesmo de veias periféricas de diminuto calibre. Aqueles formulados em valores
de pH mais ácidos, abaixo de 4, possuem maior tempo de validade da apresentação
farmacológica e tal característica é identificada em vários antibióticos, o que acarreta o
risco para o desenvolvimento de complicações locais da terapia intravenosa. Vale
destacar que a associação de fármacos com valores de pH distintos podem conduzir à
alteração de um dos componentes da mistura na solução, gerando instabilidade
medicamentosa e aumentando o risco para a ocorrência da incompatibilidade.
Considerando que as substâncias mais utilizadas como diluentes para infusão
intravenosa de fármacos e eletrólitos são o cloreto de sódio a 0,9% em água (SF) que
apresenta valor médio de pH de 6,33 e a glicose a 5% em água (SG), com pH médio de
6,24, valores estes aferidos durante a realização desta pesquisa, seria interessante
investigar o comportamento ácido-básico de fármacos diluídos nestas soluções, pois é
importante que soluções administradas por via IV não apresentem valores extremos de
pH, para evitar complicações da terapia intravenosa, como flebite e infiltração.
A flebite pode ser classificada em química, mecânica ou infecciosa. A osmolaridade
elevada e os extremos de pH da solução são os principais fatores para o desenvolvimento
de flebite química, desencadeando assim, processo inflamatório na túnica íntima da veia.
A infiltração é definida como a administração acidental de soluções ou fármacos não
vesicantes no espaço extravascular, podendo ser secundária à ocorrência de flebite. A
composição e a dosagem do medicamento, a reconstituição e a diluição inadequadas, a
mistura de fármacos incompatíveis e a infusão rápida, além de outros fatores, podem
resultar em flebite e infiltração.
Este estudo objetiva analisar os valores de pH, em momentos distintos da infusão de
cinco antibióticos frequentemente utilizados em uma unidade de cirurgia pediátrica não
climatizada de um hospital universitário da cidade de São Paulo, e tem como hipótese que
os fatores diluição e tempo de exposição a condições ambientais resultam em pH de
antibióticos de administração IV diferente do identificado em situação ambiental
controlada, a fim de obter subsídios que evidenciem questões de relevância clínica para a
enfermagem na realização da terapia IV.
Os resultados obtidos revelam a necessidade de repensar a prática clínica e desenvolver
estudos colaborativos entre a enfermagem e a farmacologia com vistas a promover
práticas de enfermagem baseadas em evidências. Despertam à reflexão do enfermeiro, ao
utilizar um medicamento em sua prática clínica, quanto à necessidade de realizar análise
crítica do respaldo fornecido pela indústria para a administração segura de medicamentos
por via IV. Também demonstram que, mesmo após a aplicação de protocolo de diluição
rotineiramente utilizado para infusão de antimicrobianos em crianças, o pH permanece
próximo ao obtido na apresentação farmacológica, mantendo o risco para o
desenvolvimento das complicações da terapia intravenosa que se pretende prevenir com
a diluição, a flebite e a infiltração, sendo este fato identificado em todas as medidas,
independentemente do diluente empregado.

ARTIGO 2: ESTABILIDAD DE MEDICAMENTOS: ESTADO DEL ARTE.


Lyghia Maria Araújo Meirelles1

Antes de comercializar um novo fármaco ou medicamento a indústria deve realizar uma


série de ensaios para avaliar sua conformidade com as especificações físico-químicas e
microbiológicas sob condições compatíveis com a zona climática da região geográfica
onde o produto será distribuído. A fim de regulamentar a variabilidade dos parâmetros de
condução deste estudo algumas mudanças ocorreram ao longo do tempo.
Estabilidade é a extensão na qual um produto mantém, dentro dos limites especificados
e por todo o seu prazo de validade, as mesmas características que possuía no momento de
sua fabricação.
Preparações farmacêuticas sujeitas à hidrólise devem ter a água reduzida ou eliminada
do sistema. O uso de revestimento em formas farmacêuticas sólidas protege o
medicamento da luminosidade e umidade ambiental e o acondicionamento em recipiente
hermeticamente fechado minimiza a oxidação. Em formulações líquidas a água pode ser
reduzida ou substituída por outros solventes, o fármaco hidrolisável poderá ser suspenso
em veículo não aquoso ou utilizado extemporaneamente. A refrigeração e a manutenção
do pH dentre de uma faixa ótima geralmente garantem uma melhor estabilidade do
produto.
A oxidação de princípios ativos ou adjuvantes geralmente é acompanhada de alteração
na cor do produto, ou ainda em precipitação e mudança do odor. O processo oxidativo
pode ser evitado através do uso de antioxidantes, os quais fornecerão elétrons ou prótons
lábeis captados por radicais livres promotores de instabilidade. Para tanto, é preciso que
o adjuvante seja mais prontamente oxidado que o fármaco. São mais suscetíveis à
oxidação moléculas que contenham fenóis, aminas aromáticas, aldeídos, éteres e
compostos alifáticos não saturados. Diversos antioxidantes estão disponíveis no mercado,
por exemplo, o metabissulfito de sódio, ácido hipofosfórico, ácido ascórbico e alfa-
tocoferol.
A oxidação e, em certo grau, a hidrólise são muitas vezes catalisadas pela luz, que pode
ter efeitos sobre o fármaco, bem como o produto final ou material de embalagem.
Geralmente a radiação ultravioleta, seja de fonte natural ou artificial, causa
fotodegradação de fármacos, tais como riboflavina, nifedipino e fenotiazinas. Embora
muitos fármacos sejam fotossensíveis, as consequências práticas podem não ser
necessariamente as mesmas para todos os compostos. Ou seja, precauções distintas serão
exigidas no manuseio desses produtos, como o uso de uma embalagem opaca ou âmbar,
revestimentos ou embalagens secundárias.
Além dos adjuvantes convencionais, técnicas de produção e embalagens diferenciadas
têm sido ferramentas úteis para assegurar a estabilidade de medicamentos. Os carreadores
empregados em sistemas de liberação e complexos de inclusão conferem maior
estabilidade a fármacos com propriedades limitantes. As ciclodextrinas (CDs), por
exemplo, têm importância na otimização de formulações de fármacos pouco solúveis em
água, tanto pelo efeito solubilizante, quanto estabilizante, que está diretamente
relacionado com a inclusão da molécula na cavidade da CD e, consequentemente, dos
grupos químicos suscetíveis a reagir. Da mesma forma, polímeros produzem um sistema
matricial para liberação modificada de fármacos. Sistemas de revestimento entérico
permitem que fármacos ácido-lábeis atinjam o intestino de forma inalterada. Materiais
poliméricos biocompatíveis como podem ser utilizados como membranas ou matrizes nas
quais o ingrediente ativo é disperso ou dissolvido, por exemplo derivados da celulose,
argilas e carbômeros.
A estabilidade é um tema relativamente recente no âmbito da indústria farmacêutica e
as agências regulamentadoras tendem a aumentar as exigências, de modo que os
processos e especificações tornem-se mais definidos e condizentes com as tecnologias
adotadas pelo setor regulado. Apenas com um maior rigor técnico será possível detectar
e solucionar problemas farmacotécnicos e analíticos até então desconhecidos. Cabe,
então, uma maior colaboração para caracterização e síntese de produtos de degradação,
fornecimento de um número mais significativo de seus padrões de referência,
desenvolvimento de métodos analíticos indicativos de estabilidade, além de maior
esclarecimento quanto à condução destes estudos e sua interpretação. Desta forma, o
medicamento terá garantia de alcançar o paciente em condições adequadas de uso,
obtendo a ação terapêutica esperada durante o período previsto.

2. CONSTANTE DE EQUILÍBRIO DA ÁGUA, BASE E ÁCIDOS:

As siglas que podem ser utilizadas para representar a constante de ionização de ácidos
e bases são:
• Ki = sigla que pode ser utilizada para um ácido ou uma base em equilíbrio;
• Ka = sigla utilizada quando um ácido estiver sendo utilizado no equilíbrio;
• Kb = sigla utilizada quando uma base estiver sendo utilizada no equilíbrio;
• Kd = sigla que pode ser utilizada para um ácido ou uma base em equilíbrio;

Constante de ionização de ácidos:


Quando um ácido (HX) é adicionado à água, sofre o chamado fenômeno da ionização,
no qual o ácido forma um cátion hidrônio (H+ ou H3O+) e um ânion qualquer (X-, que
deve ser diferente de OH-), como observado na equação a seguir: 𝐻𝑋 + 𝐾2 𝑂 ↔ 𝑋 −

Para montar a constante de ionização desse equilíbrio, basta multiplicar as


concentrações molares dos íons do produto e dividir pela concentração molar do ácido,
como na expressão a seguir:
Ki= [H+].[X-]
[HX]

OBS.: a água não participa da expressão do Ki porque, para que a ionização aconteça,
ela deve estar presente, ou seja, é uma constante.

Exemplo: constante de ionização do ácido sulfúrico (H2SO4).

Ki= [H3O+]2.[SO4-2]
[H2SO4]
OBS.: a concentração do H3O+ está elevada ao quadrado porque na equação temos 2
mol desse cátion.

Constante de ionização de bases:


Quando uma base (YOH) é adicionada à água, sofre o chamado fenômeno da
dissociação, liberando um cátion qualquer (Y+, diferente de H+ ou H3O+) e um ânion
hidróxido (OH-), como observado na equação abaixo: 𝑌𝑂𝐻 + 𝐻2 𝑂 ↔ 𝑌 + + 𝑂𝐻 −

Para montar a constante de dissociação desse equilíbrio, basta multiplicar as


concentrações molares dos íons do produto e dividir pela concentração molar da base,
como na expressão abaixo:
Ki= [Y+].[OH-]
[YOH]

OBS.: a água não participa da expressão de Ki porque para que, a dissociação aconteça,
ela deve estar presente, ou seja, é uma constante.
Exemplo: constante de ionização do hidróxido de alumínio [Al(OH) 3].

Ki= [Al3+].[OH-]3
[Al(OH)3]

OBS.: a concentração do OH- está elevada ao cubo porque na equação temos 3 mol
desse ânion.

Interpretação do valor da constante de ionização de ácidos e bases


A partir do valor da constante de ionização de ácidos ou bases, podemos ter uma noção
se foram produzidos ou liberados muitos íons em um meio. Para isso, a Química adota
10-5 como valor referencial para a constante de ionização de ácidos e bases.
• Ácido que produz muitos íons é denominado de ácido forte (Ki >10 -5). Já o ácido
que produz poucos íons é denominado de ácido fraco (Ki <10-5);
• Base que libera muitos íons é denominada de base forte (Ki >10-5). Já a base que
libera poucos íons é denominada de fraca (Ki <10-5).

A sigla que pode ser utilizadas para representar a constante de ionização da água é:
• Kw

+ −
A água pura se ioniza muito fracamente da seguinte forma: 𝐻2 𝑂(𝑙) ↔ 𝐻(𝑎𝑞) + 𝑂𝐻(𝑎𝑞)

+ −
[𝐻(𝑎𝑞) ].[𝑂(𝑎𝑞) ]
A constante de equilíbrio KC é dada pela expressão: Kc = 𝐻2 𝑂(𝑙)

Como a água está no estado líquido, a sua concentração mantém-se constante, então não
participa da fórmula e podemos mulitiplicá-la pelo KC, obtendo uma nova constante.
Neste caso, a KW, ou seja, o produto iônico da água.

A KW é a constante de equilíbrio iônico da água. A letra w vem da palavra


inglesa water que significa água. Esta constante depende da temperatura. A 25°C a
constante de equilíbrio iônico da água vale: Kw: 1.10−14
Tipos de soluções aquosas
As soluções aquosas das substâncias químicas podem ser classificadas em três tipos:
-solução ácida
- solução básica
- solução neutra

Solução ácida
É a solução que contém a concentração do íon H+ maior do que a concentração do íon
OH-.
+ −
[𝐻(𝑎𝑞) ] > [𝑂𝐻(𝑎𝑞) ]

Solução básica
É a solução que contém a concentração do íon OH- maior do que a concentração do íon
H+.
+ −
[𝐻(𝑎𝑞) ] < [𝑂𝐻(𝑎𝑞) ]

Solução neutra
É a solução que contém a concentração do íon OH- igual à concentração do íon H+.
+ −
[𝐻(𝑎𝑞) ] = [𝑂𝐻(𝑎𝑞) ]

Produto hidrogeniônico (pH)


Sendo KW = [H+] . [OH-] e KW =1.10-14, calcule o valor da concentração de íons H+ e
de íons OH-:
+ −
𝐻2 𝑂(𝑙) ↔ 𝐻(𝑎𝑞) + 𝑂𝐻(𝑎𝑞)
+ −
[𝐻(𝑎𝑞) ] = [𝑂𝐻(𝑎𝑞) ]
+ −
Kw = [𝐻(𝑎𝑞) ]. [𝑂𝐻(𝑎𝑞) ]
−14
Kw = 1.10
[𝐻+ ]. [𝐻+ ] = 1. 10−14
[𝐻+ ]2 = 1. 10−14
[𝐻+ ] = √1. 10−14 = 1. 10−7𝑚𝑜𝑙/𝑙

Então se 1.10-7 é a solução neutra, se houver maior quantidade de íons H+, a solução será
ácida. Se houver maior quantidade de íons OH-, a solução será básica.
Os químicos inventaram uma maneira mais simplificada para expressar esses valores. Foi
utilizado o conceito de pH para calcular a quantidade de íons nestas soluções aquosas.
pH é o produto hidrogeniônico da água e é uma escala criada para medir a acidez de
soluções aquosas. pOH mede a quantidade de íon OH- nas soluções aquosas.

pH = - log[𝐻+ ]
pH + pOH = 14
pOH = - log[𝑂𝐻 − ]

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