1. Apresente todas as etapas farmacotécnicas de produção de comprimidos por
via úmida.
Inicialmente, é feita a tamisação dos pós, seguida da pesagem e mistura
pulverea do princípio ativo com os adjuvantes. adiciona-se um aglutinante líquido para facilitar a adesão das partículas umas às outras, formando uma massa úmida semelhante a pasta. o aglutinante também é responsável por conferir dureza apropriada ao comprimido, não impedindo a sua liberação no organismo, além de manter a integridade do comprimido após a compressão. é feita a malaxagem, com a massa suficientemente úmida para ser moldada e não aderir às superfícies do equipamento. a massa úmida é passada por um tamis para preparar grânulos, que serão espalhados de maneira uniforme em bandejas até terem peso ou umidade semelhantes. a próxima etapa é a secagem dos grânulos, que podem ser secos em estufas controladas por termostato. após a secagem, é feita a calibração do tamanho de grânulos por tamisação, para se ter grânulos o mais próximo da uniformidade. por fim, adiciona-se o lubrificante para melhorar o fluxo, evitar a adesão e o atrito dos comprimidos nas máquinas durante a compressão.
2. Disserte acerca dos termos: “Biodisponibilidade e Bioequivalência”,
enfocando qual a aplicação destes conceitos nas formas farmacêuticas sólidas orais.
A Biodisponibilidade refere-se a velocidade e extensão com que uma
substância ativa (fármaco ou metabólito) atinge a circulação sistêmica a partir da forma farmacêutica. a biodisponibilidade determina se uma concentração terapêutica efetiva será alcançada no sítio de ação. um fármaco oral para aproximar-se de 100% de biodisponibilidade, deve: (a) ser completamente liberado da sua forma farmacêutica; (b) completamente dissolvido nos fluidos gastrintestinais; (c) ser estável nos fluidos; (d) não ser metabolizado durante a passagem da barreira gastrintestinal para a circulação mesentérica; (e) e passar através do fígado para a circulação sistêmica sem sofrer modificação química. e qualquer fator que prejudique esses componentes, influência na biodisponibilidade do fármaco. A Bioequivalência é um estudo comparativo das biodisponibilidade entre produtos farmacêuticos e consiste em um ensaio in vivo, que determina se formas farmacêuticas teste e padrão (terapeuticamente comprovada) com similaridade nos perfis de concentração-tempo no sangue/soro/plasma proporciona resultados iguais quanto à eficácia e segurança. ao comprovar a bioequivalência, pode ser feita a intercambialidade entre esses medicamentos. 3. Apresente o teste de Perfil de Dissolução de um fármaco em um comprimido de uso oral, correlacionando-o com sua classificação Biofarmacêutica.
O ensaio de perfil de dissolução é um teste físico-químico in vitro para
demonstrar o desempenho de formas farmacêuticas sólidas de administração por via oral que necessitam de dissolução para absorção e consequentemente, efeito terapêutico, ou seja, para o fármaco ser absorvido, ele precisa dissolver-se para atravessar a membrana. para a realização do teste, utiliza-se uma aparelhagem específica (dissolutor) e condições experimentais controladas (volume do meio, rotação, temperatura e tempo), em um banho de água com aquecimento, mimetizando as condições in vivo. a Farmacopeia Brasileira reconhece três métodos, com cestas, pás e cilindros alternantes. o método com pás é o mais utilizado. o tempo de dissolução e a taxa de liberação do princípio ativo dependem das propriedades físico-químicas do fármaco, como solubilidade e permeabilidade, segundo o Sistema de Classificação Biofarmacêutica. Assim, podem ser classificados em 4 classes: (1) alta solubilidade e alta permeabilidade; (2) alta solubilidade e baixa permeabilidade; (3) baixa solubilidade e alta permeabilidade; (4) baixa solubilidade e baixa permeabilidade. o perfil de dissolução é obtido através de várias coletas do meio de dissolução em tempos específicos, para determinação da porcentagem do fármaco dissolvida em cada tempo.
4. Disserte acerca da forma farmacêutica “comprimido”, enfocando:
generalidades, aplicações e contra indicações.
Os comprimidos são formas farmacêuticas sólidas derivadas da compressão
de mistura de pós, normalmente utilizados na administração oral. Consistem em fármaco(s) e adjuvantes, que são adicionados para facilitar a preparação, a aceitação do paciente e o funcionamento da forma farmacêutica como sistema de entrega, influenciando a taxa e extensão da absorção do fármaco. Alguns exemplos incluem: agentes desintegrantes (para quebrar o comprimido em partículas de pó, aumentando a superfície de contato do fármaco exposta aos fluidos gastrintestinais); diluentes (aumentam o volume de pós, permitindo a obtenção de uma forma farmacêutica de tamanho adequado); lubrificantes (para reduzir a fricção entre o pó e as superfícies metálicas durante o processo de produção); e surfactantes (contribui para melhor liberação/absorção do fármaco). São de fácil administração e mais estáveis comparados a outras formas farmacêuticas. Porém, têm como desvantagens, a produção industrial em grande escala, dificultando a produção de doses unitárias e específicas para atender as necessidades individuais de cada paciente, além de apresentar menor biodisponibilidade em relação às formas líquidas. 5. Descreve a farmacotécnica da forma farmacêutica colírio.
6. Apresente a forma farmacêutica COLÍRIO, enfocando aspectos
imprescindíveis relativos à sua farmacotécnica.
Colírio é uma forma farmacêutica líquida estéril e apirogênica, não invasiva,
tópica, utilizada para tratar condições superficiais ou intraoculares. As preparações devem obedecer requisitos como: (a) precisão da composição com maior rigor, por ser prescrições mínimas; (b) tonicidade semelhante à da lágrima, dando maior conforto ao paciente e reduzindo a eliminação do fármaco pelas lágrimas, uma vez que, soluções hipertônicas desidratam o epitélio córneo e soluções hipotônicas induzem edemas oculares. (c) as soluções oftálmicas devem ser límpidas, sem a presença de materiais particulados não dissolvidos; (d) devem possuir pH compatível com o da lágrima, aproximadamente 7,4, sendo levemente lipofílico e de baixo peso molecular; (e) deve apresentar isotonia semelhante ao da lágrima, isto é, 0,9%, uma vez que a osmolaridade é equivalente a de uma solução de cloreto de sódio; (f) devem ser estéreis, através de técnicas como, calor seco, em estufas, calor úmido, por autoclave ou filtração, por fluxo laminar; (g) além de corresponder parâmetros de estabilidade, serem compatíveis física e quimicamente com os demais componentes da formulação e com a embalagem, que deve ser frasco pequeno, com menos riscos de contaminação microbiológico do produto através da manipulação do medicamento pelo paciente.
7. Descreva a técnica de despirogenização da água.
A despirogenização da água pode ser feita por remoção ou inativação das
endotoxinas, por: (a) oxidação com permanganato de potássio, sendo este o agente oxidante que reage com o LPS da célula microbiana, e pode formar um compostos sólidos removido facilmente pela destilação fracionada; (b) destilação, com mudança de estado físico da água de líquido para vapor e vice-versa, em que as grandes e pesadas moléculas de LPS permanecem na fase líquida; (c) osmose reversa com mecanismo de bombeamento com elevada pressão capaz de forçar a água a atravessar uma membrana semipermeável (de acetato de celulose ou poliamida) com poros suficientemente pequenos que, contra o gradiente osmótico, impede a passagem de pirogênios, retendo-os. (d) ultrafiltração com retenção das moléculas na superfície da membrana de ultrafiltros. Após as técnicas, é necessário a realização do teste para pirogênios, a fim de, certificar-se sobre a ausência dos mesmos. 8. Discuta acerca das peculiaridades farmacotécnicas relativas às formas farmacêuticas parenterais.
As formas farmacêuticas parenterais devem ser preparações estéreis
utilizadas para administração por injeção, infusão ou implantação, devem ser estéreis, livre de qualquer forma de vida, e apirogênicas, livre de unidades de endotoxinas bacterianas capazes de gerar pirogênios, que causam resposta imunológica no paciente (febre). é uma via utilizada em casos de ação rápida do medicamento, quando o paciente está inconsciente, não coopera ou está impossibilitado tanto de aceitar, quanto de tolerar medicamentos por via oral ou o medicamento não é eficaz por outras via. É estritamente proibida a utilização de adjuvantes corantes nessas preparações, além da obrigatoriedade do controle microbiológico, com testes para pirogênios e testes de esterilidade. O acondicionamento dessa forma farmacêutica pode ser feito em recipientes de dose única ou dose múltipla, de modo hermético.
9. Apresente as técnicas de esterilização aplicáveis a medicamentos enfocando
o “mecanismo” esterilizante de cada técnica.
As técnicas de esterilização tem por objetivo tornar a preparação
farmacêutica isenta de qualquer forma de vida e para isso, existem cinco métodos por meios físicos e físico-químicos como: (a) esterilização por calor úmido, em autoclaves, em que o vapor coagula e destrói organismos vivos presentes, através da hidrólise de enzimas e ácidos nucleicos; (b) esterilização por calor seco, realizada em estufas específicas controladas por termostato, com temperaturas mais altas que a esterilização anterior e períodos mais longos de exposição capazes de desidratar a célula do microrganismos, seguida de processo oxidativo de enzimas e ácidos nucleicos; (c) esterilização por filtração, com remoção física do microrganismo por adsorção em um meio filtrante, ideal principalmente para produtos termosensíveis. porém, filtros bacterianos podem remover fármacos de baixa dose de uma solução; (d) esterilização por radiação ionizante, por meio de raios gama e X, que pode alterar substâncias essenciais aos microrganismos, formando novas moléculas prejudiciais que são capazes de destruir a célula ou através da desorientação ou destruição completa e irreversível das estruturas vitais da célula, como a nucleoproteína cromossômica. é uma técnica limitada pois necessita de equipamento altamente especializado.; (e) e por fim, esterilização por gás, com a exposição da preparação farmacêutica ao óxido de etileno, diluído com outro gás, como o dióxido de carbono, para minimizar seu efeito inflamável e assim, interfere no metabolismo das células bacterianas ao penetrá-la. todas as preparações farmacêuticas que necessitam ser estéreis devem passar por testes de esterilidade para confirmar a ausência de microrganismos. 10. Comente acerca dos pirogênios e os testes aplicáveis à sua investigação.
Os pirogênios são produtos metabólitos orgânicos decorrente da parede
externa de bactérias (gram-negativas), que possui lipopolissacarídeos (LPS) liberados durante o crescimento ou morte da célula bacteriana, por excreção ou desagregação, que podem causar febre como resposta imunológica em pacientes, além do risco de choque pirogênico. são termoestáveis e hidrossolúveis, permanecendo na água após as técnicas de esterilização por calor úmido e calor seco. Para os testes de pirogênios aplicáveis, há o teste in vivo e in vitro. o teste in vivo consiste na utilização de coelhos sob as mesmas condições, com injeção de quantidade padronizada do produto farmacêutico testado na veia marginal da orelha e com controle de tempo e temperatura retal, capaz de determinar qualitativamente a presença de pirogênios ou não, sendo analisado pela geração de resposta imunológica (febre) e consequente aumento de temperatura na presença de pirogênios. É uma técnica que está em desuso devido a fragilidade e interferências individuais do modelo experimental. Atualmente, utiliza-se o teste LAL, lisado de amebócito de Limulus, um teste in vitro que utiliza extrato obtido de células sanguíneas do crustáceo (Limulus polyphemus), que contém um sistema de proteínas e enzimas. a endotoxina da amostra em contato com os extratos de amebócitos, ativa uma cascata enzimática, coagulando e formando um gel, positivando para a presença de pirogênios. a partir do teste LAL, pode ser feito o ensaio turbidimétrico, para melhores resultados quantitativos, baseado na proporcionalidade do aumento de endotoxinas e consequentemente, aumento de turbidez, devido a precipitação de uma proteína presente no lisado, que deve estar diluído em proporções incapazes de formar coagulação.