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As Seitas do Judaísmo O Judaísmo não constitui qualquer exceção à inclinação humana

para o sectarismo religioso, não obstante conservar maior solidariedade do que as outras
religiões do mundo romano. que todas as suas seitas mantivessem lealdade para com a
lei, as suas características iam do liberalismo ao racionalismo, e do misticismo ao
oportunismo político. Os Fariseus A seita maior e de maior influência nos dias do Nôvo
Testamento era a dos Fariseus. O seu nome deriva do verbo parash, Eram os separatistas
ou Puritanos do Judaísmo que se afastavam de tôdas as más associações e que
procuravam prestar completa obediência a todos os preceitos da lei oral ou escrita.

Esta seita formou-se pouco depois do tempo dos Macabeus e aí A sua teologia
fundamentava-se no cânon completo do Antigo Testamento que compreendia a lei de
Moisés, ou Torah, os Profetas e as Escrituras. para poderem dispor de elasticidade
bastante na aplicação dos princípios da lei a novas questões que pudessem ser
levantadas. Ligavam muita importância à lei oral ou tradição que observavam
Acreditavam na existência de anjos e de espíritos, na imortalidade da alma e na
ressurreição do corpo. Eram muito estritos na guarda do sábado, não permitindo sequer
a cura dos crentes, nem a ceifa de trigo para comer na jornada (Mt 12:1, 2).

Kohler dá sete tipos de Fariseus extremistas (n ): 1. O Fariseu “ombro”, que fazia


ostentação das suas boas obras diante dos homens com uma insígnia no ombro. 2. O
Fariseu “espere-um-pouco”, que pedia a qualquer pessoa que esperasse por êle enquanto
realizava uma boa 3.

O Fariseu “cego”, que se feria a si próprio de encontro a uma parede, porque fechava os
olhos para evitar ver 4. O Fariseu “pilão”, que andava com a cabeça pendente para não
ver tentações sedutoras. 5. O Fariseu “eterno-contador”, que andava sempre a contar 6.

O Fariseu “temente-a-Deus”, que, como Jó, era verdadeiramente justo. 7. O Fariseu


“amante-de-Deus”, como Abraão. Posto que muitos dos fariseus fôssem tão
introspectivamente objetivos na obediência à lei que muitas vêzes se tornassem
ruidosamente homens de justiça própria, havia muitos outros entre êles que eram
verdadeiramente homens virtuosos e bons.

Nem todos êles eram hipócritas. Nicodemos, que procurou Cristo tão zelosamente
durante o Seu ministério terreno, e que, por fim, partilhou com José de Arimatéia à
responsabilidade do sepultamento do corpo de Jesus, era um fariseu. Saulo de Tarso,
que por muito veemente perseguidor da igreja que fôsse, confessava que era fariseu e
filho de fariseu (At 23:6) e que “quanto à justiça que há na lei era Os padrões morais e
espirituais do Farisaísmo podem ter tido tendência para a justiça própria e,
conseqüentemente, para a hipocrisia, mas eram, no entanto, elevados padrões, em
comparação com a média daquele tempo. De tôdas as seitas do Judaísmo, só o
Farisaísmo sobreviveu.

Tornou-se o fundamento do Judaísmo ortodoxo moderno, que segue Os Saduceus,


segundo a tradição, derivam o seu nome dos filhos de Zadok, que foi sumo-sacerdote
nos dias de Davi e de Salomão. Os filhos de Zadok eram a hierarquia sacerdotal no
tempo de cativeiro (2 de Cr 31:10; Ez 40:46; 44:15; 48:11) e, claramente, persiste o
nome como título do partido sacerdotal nos dias de Cristo. Menos numerosos do que os
Fariseus, tinham poder político e cons- 140 O Novo Testamento — Sua Origem e
Análise tituíam o grupo dominante na direção da vida civil do Judaísmo, sob o domínio
dos Herodes. Como seita judaica, os Saduceus seguiam estritamente a interpretação
literal do Torah, que declaravam ser o único canônico, tendo maior autoridade do que os
Profetas Não havia, conseqüentemente, qualquer lugar para a tradição oral no seu
pensamento, ao passo que os Fariseus estudavam a tradição com deleite.

Como racionalistas e anti-supernaturalistas, negavam a existência de anjos e espíritos


(At 23:8) e não A sua religião era friamente ética e literal e era muito mais aberta às
influências helenísticas do que o Farisaísmo. Politicamente, os Saduceus eram
oportunistas e estavam sempre prontos a aliar-se com o poder dominante, desde que, por
esse meio, pudessem manter o seu prestígio e influência. Ao contrário dos Fariseus, não
sobreviveram à destruição de A cessação do sacerdócio, a que pertenciam muitos
saduceus, e a hostilidade com Roma, que tinha primeiramente protegido a casta
saduceana, terminaram a existência da seita. Pouco se sabe desta seita que Josefo
descreveu em pormenor no seu livro “Guerras dos Judeus” (“).

A significação do seu nome é incerta, mas há quem pretenda ligá-lo à palavra grega
hosios, que Os Essênios, diferentemente dos Fariseus e dos Saduceus, constituíam uma
fraternidade ascética para a qual só podiam entrar aquêles que se submetessem aos
regulamentos do grupo e às cerimônias de iniciações. Abstinham-se do casamento e
mantinham as suas fileiras por adoção ou pela recepção de neófitos. As suas
comunidades mantinham em comum as suas propriedades, de sorte que por meio do
trabalho manual. vestiam-se habitualmente de branco, quando não estavam a trabalhar.

Os Essênios eram sábios e restritos em conduta, não dando lugar à ira, nem usando
juramentos. Observavam o sábado com o (12) Josefo, Guerras dos Judeus, II, viii, 2-13.
Judaísmo 141 Judaísmo 141 desvio das regras da sua ordem era punido com a expulsão
da comunidade. Teologicamente, os Essênios eram semelhantes aos Fariseus na sua
observância estrita da lei e no seu supematuralismo.

que a alma do homem é intangível e imortal, encerrada num corpo Na morte, o bom
passa para uma região de sol brilhante e frescas brisas, enquanto que os réprobos são
relegados para um As tendências ascéticas dos Essênios são comparáveis de muitas
maneiras ao monasticismo que desabrochou na Idade Média. Algumas das suas
doutrinas parecem ter brotado do contato com o pensamento gentílico, pois
assemelham-se aos Estóicos nas suas atitudes. É realmente curioso o fato de não serem
mencionados nos Evangelhos. Alguns escritores aventavam a opinião de que João
Batista e Jesus fôssem Essênios, sendo, então, o Cristianismo um desenvolvimento do
Essenismo.

A despeito de algumas semelhanças superficiais, o legalismo estrito do Essenismo, em


contraste com a saliência da graça no Cristianismo, torna tal ligação extremamente
improvável. Para haver ligação entre os Essênios e a seita cuja “Disciplina” aparece
entre os Manuscritos do Mar Morto, recentemente descobertos, não temos ainda prova
cabal dessa ligação mas as evidências Os Zelotes não eram uma seita religiosa da
mesma categoria dos Fariseus ou dos Essênios. fanáticos que advogavam a violência
como meio de libertarem-se de No tempo do cêrco de Jerusalém, sob o reinado de Tito,
constituíam uma das facções dentro da cidade e a dissensão causada por eles contribuiu
grandemente para a queda da cidade. talvez ligados com os “Sicários” mencionados em
At 21:38.
discípulo de Jesus, pertenceu a eles, como o indica o seu nome Sea Habakkuk M idrash”
, Bulletin of the Society of Oriental Research CXXVI (Abril, 1952, 10-12, e Ralph M
arcus, “Philo, Josephus, and the D ead Sea Embora a Palestina fôsse a terra de
naturalidade da raça judaica, durante o império romano, viviam os judeus em número
muitíssimo maior fora das fronteiras da Terra Santa. Dá-se o nome de Diáspora, ou
Dispersão, ao conjunto dos judeus que viviam em quase tôdas as grandes cidades, desde
a Babilônia, até Roma e também em muitas povoações menores, onde o comércio e a
colonização A dispersão do povo judaico começou com o cativeiro do Reino do Norte
em 721 a . C . , quando Sargão da Assíria deportou os habitantes de Israel para a
Assíria, onde constituiu com êles novas colônias.

Babilônia em 597 a . C . , e muitas das classes mais cultas foram levadas para a
Babilônia. A seguir vieram a segunda e terceira deportação, deixando sem ser
molestados, apenas os que constituíam as classes mais pobres da terra.

Embora tivessem voltado do cativeiro muitos milhares sob a direção de Esdras e


Neemias, um grande número preferiu ficar na terra do seu cativeiro, onde se tinham O
domínio do Próximo-Oriente por um grande poder militar.

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