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TEOLÓGICO DA ASSEMBLÉIA DE DEUS

DISCIPLINA: INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO

ANDRÉ LUIZ ANDRADE SILVA

PERÍODO INTERTESTAMENTÁRIO:
Um breve panorama sobre as Seitas, a Sinagoga e o Templo.

Feira de Santana
2023
1 OS FARISEUS

O termo fariseus, que significa “separados”, foi usado por um grupo que conservava
dentre outras coisas, a tradição oral (interpretativa) para auxiliar no cumprimento da Lei e
também acreditavam na provisão divina nos assuntos inerentes ao cotidiano do homem,
tiveram sua origem através dos Hasidim, que eram contrários à helenização da cultura judaica.
A origem desse grupo com suas doutrinas peculiares ainda permanecem na incerteza,
porém estima-se que esses começaram a fazer parte das páginas da história acerca do século
VI a.C, período em que viveram Esdras e Neemias (BRITO, 2001). Com isso, observa-se que
os fariseus foi um grupo originado desde os tempos do cativeiro Persa e não durante o período
intertestamentário.
Os fariseus eram em sua maioria, pessoas de classe média leiga e dentre as seitas,
possuíam maior número de adeptos. De acordo com Gungdry (1998), os fariseus e essênios
tiveram sua origem durante a dinastia hasmoneana (142 – 37 a.C). As lutas internas motivadas
pelo poder, sobre tudo político, impôs forte alienação aos Hasidim de inclinações religiosas
(GRUNDRY, 1998).
A narrativa exposta nas Escrituras Sagradas, sobre o comportamento dos fariseus,
demonstra notável radicalismo no que diz respeito á lei. Sua base ética era formada pela lei
mosaica e pelas interpretações rabínicas. Entretanto Jesus Cristo denunciava a demagogia de
suas interpretações em detrimento aos seus próprios comportamentos. Sobre isso, Grundry
apresenta alguns exemplos de suas doutrinas:

Observavam escrupulosamente, tanto as leis rabínicas quanto as mosaicas.


Um fariseu não podia comer na casa de um "pecador" (alguém que não
praticasse o farisaísmo), embora pudesse acolher um pecador em sua própria
casa. Todavia, tinha de prover-lhe as vestes, para que as roupas do próprio
pecador não fossem ritualmente impuras. A observância do sábado era
similarmente escrupulosa. Alguns rabinos fariseus proibiam que se cuspisse
no chão desnudo, em dia de sábado, a fim de que a perturbação da poeira não
viesse a constituir aragem, e, portanto, quebra do sábado por meio desse
trabalho. As mulheres não deveriam olhar para um espelho em dia de
sábado, a fim de que, se vissem algum cabelo branco, não fossem tentadas a
arrancá-lo, cedendo à tentação, e, portanto, trabalhassem em dia de sábado
(GRUNDRY, 1998).

Nesse sentido, entende-se que apesar de os fariseus terem o ímpeto para conservar a
tradição e o cumprimento da lei, seus exageros levavam um entendimento puramente objetivo
no que diz respeito á adoração a Deus. Além disso, os mesmos defensores dessa doutrina
impunham ao povo o “fardo” de seus ensinamentos, condenando a não observância daquilo
que eles mesmos não praticavam.

2 OS SADUCEUS

Para este grupo, duas explicações se contrapõem sobre a origem do nome. A primeira
se refere aos “membros do concílio supremo” ou “justo” conforme suas próprias apreensões, a
segunda é colocada por outros teólogos como originada do nome Zadoque (Sadoc), que foi
um sacerdote do templo no tempo de Davi e de Salomão. Entretanto, pode-se entender que, os
Saduceus além de ser um grupo religioso ligado ao sacerdócio hasmoneano, era também um
partido político composto por aristocratas leigos. Eles eram abastados e considerados a elite
entre os israelitas, e apesar de ser um grupo pequeno, possuía grande influencia
principalmente na política em Jerusalém (SCHUACH, 2007; GRUNDRY, 1998; BRITO,
2001).
Quanto à origem dos Saduceus, assim como a dos fariseus, o mesmo problema se faz
presente, entretanto supõe-se que sua origem se deu na época pré-helenística, no tempo em
que se configurou as conquistas de Alexandre o Grande por volta do século IV a.C.
Diferente da doutrina professada pelos fariseus, os saduceus não criam na
interferência de Deus nos assuntos humanos, além disso, tinha somente a Tora como fonte de
revelação divina ao homem. Entre essas coisas, Grundry acrescenta que,

Os saduceus negavam a doutrina da ressurreição, e, por isso mesmo,


encarceraram aos apóstolos, por estarem estes proclamando a ressurreição de
Jesus como fato já realizado e como garantia da ressurreição de outras
pessoas (GRUNDRY, 1998).

No Templo tinha função sacerdotal, e no Sinédrio também estavam presentes


exercendo suas atividades juntamente como os Fariseus, mas as divergências ideológicas,
sociais e políticas existentes entre eles podem ter sido fatores que corroboraram para a ruptura
entre esses dois grupos durante o reinado de João Hircano (BRITO, 2001).
Embora a seita dos Fariseus tivessem continuado após a destruição de Jerusalém por
volta de 70 d.C, “tendo-se tornado no alicerce do judaísmo ortodoxo de séculos posteriores”.
(GRUNDRY, 1998). Os Saduceus, com a destruição do templo, perderam sua influencia e
poder, pois seu caráter nacionalista e liberal os impediam de aceitar as inovações exigidas
pelas transformações sociais da época. A miséria na qual os israelitas estavam mergulhados e
o aspecto burguês dos Saduceus foi incompatível à sua continuidade, e dessa forma não
subsistiram em meio a essas transformações (SCHUBERT, 1979, p. 55).

3 OS ESCRIBAS

Os Escribas estavam espalhados em todo Israel, entretanto registros apontam seu


surgimento no exílio babilônico como resposta à manutenção do legado da Lei, impulsionado
pelo zelo e suas raízes religiosas. Dedicaram á transcrição, á interpretação e ao ensinamento
da Torah, sendo considerados os doutores da Lei que formaram base para os alicerces do
Talmud, da Misnah e dos Textos Aggádicos (TOGNINI, 1987, p. 130-131).
As restritas evidências escritas disponíveis sobre os Escribas hebreus impossibilita
conhecer mais a fundo sobre essa classe que desempenhou um papel preponderante tanto na
cultura quanto no desenvolvimento religioso do povo hebreu, pois os livros da Bíblia
Hebraica, não teriam sido gerados na cultura oral israelita sem a atuação desse grupo de
profissionais. Sobre isso, Toorn afirma que “a Bíblia Hebraica formou-se através da agência
dos Escribas, a mensagem foi proclamada pela boca dos Escribas e preservada para as
gerações tardias através da habilidade e diligência dos escribas” (TOORN, 2009, p. 51).
Diante disso, vemos que os Escribas não foram importantes somente para os hebreus em sua
época, mas também responsáveis pelos registros que mais tarde serviriam de base para que o
homem pudesse conhecer a Deus e entender seus propósitos para toda humanidade.
Nos registro Bíblicos, na época de Jesus, observa-se algumas peculiaridades sobre os
Escribas, de forma completamente oposta às características dos Fariseus e Saduceus, eles não
estavam ligados diretamente a uma seita religiosa e nem a um partido político, e apesar de a
maioria deles fazerem parte da seita dos Fariseus nos tempo de Jesus, porém atuavam mais
como professores ensinando a lei ou como profissionais que a interpretavam, além disso,
muitas vezes aplicavam decisões judiciais quando lhes eram solicitado. Tognini em seu livro
O período interbiblíco de 1987, descreve três funções desempenhada pelos Escribas, estes
preservavam a Lei cuidando para que a tradição fosse mantida, principalmente através dos
escritos; também eram os mestres da Lei, atuando no estudo, interpretação e ensino aos seus
discípulos; e por último, eram os doutores da Lei, atuando muitas vezes como juízes nos
Sinédrios (TOGNINI, 1987, p. 131).
4 O TEMPLO

5 AS SINAGOGAS

As sinagogas foram espaços comunitários criados para abrigar reuniões e as práticas


religiosas dos judeus. Construídas acerca de dois mil e duzentos anos como provável produto
da diáspora iniciada no período exílico, ainda permanece nos dias de hoje como história viva
mantendo a tradição dos judeus (WIDOGER, 1992, p.29; LEONE, 2019). Tognini (1987, p.
131) afirma que “os Escribas que deram origem à sinagoga”. E por causa da fidelidade e do
seu amor pela Lei do Senhor as criaram para reunir os judeus em questões espirituais,
guardando o estudo da Lei, alimentando a esperança no Messias e preservando da influência
dos costume e da religião pagã.
O termo sinagoga originou-se da expressão grega synagein, que significa “reunir-se”,
no hebraico chama-se Bet-ha Keneset, traduzido como “Casa da Assembléia”, os termo
empregados estão relacionados intimamente com seus objetivos, pois a sinagoga possuía três
propósitos básicos, era tida com casa onde se fazia preces e orações, também era um local
designado para o estudo da Torah e do Talmud, que eram, respectivamente a Lei escrita e oral
do judaísmo, e por fim, era um local de debates onde se discutia aspectos organizacionais e os
demais assuntos inerentes à comunidade ou congregação (EKERMAN, 2007).
REFERÊNCIAS

BRITO, Jacil Rodrigues de. Midraxe e história. Estudos Bíblicos, v. 19, n. 71, p. 53-61, 2001.

DO JUDAÍSMO, Seminário da História. Em busca da História do Judaísmo: a memória dos


escribas hebreus. Disponível em: <file:///C:/Users/User/Downloads/Em_busca_da_Historia_do_
Judaismo_A_memor.pdf>. Acesso em: 19 maio 2023.

EKERMAN, S. Sinagogas e o processo de renovação da arquitetura ligada ao judaísmo.


Vitruvius, ano 08, jun. 2007. Disponível em: <http://vitruvius.com.br/revistas/read/
arquitextos/08.085/236>. Acesso em: 18 jul. 2018.

GUNDRY, Robert Horton. Panorama do Novo Testamento. São Paulo: Sociedade Religiosa
Edições Vida Nova, 1998.

LEONE, Alexandre. A sinagoga como espaço religioso e comunitário. Revista de Estudos da


Religião (REVER), v. 19, n. 1, p. 119-131, 2019. Disponível em: < https://dialnet.unirioja.es/
servlet/articulo?codigo=7887132>. Acesso em: 19 maio 2023.

SCHUBERT, Kurt. Os partidos religiosos hebraicos da época neotestamentária. São Paulo:


Paulinas, 1979.

SCHACH, Vanderlei Alberto et al. Fariseus e Jesus: teologia e espiritualidade em relação


ao sábado a partir de Mc 3: 1-6: características e avaliação crítica, 2007. Dissertação
(Mestrado em Teologia) – Escola Superior de Teologia. Instituto Ecumênico de Pós-Graduação. São
Leopoldo.

TOGNINI, Enéias. O período Interbíblico. 6 ed. São Paulo: Louvores de Coração, 1987.

TOORN, K. V. Scribal Culture and the Making of the Hebrew Bible. Massachusetts: Harvard
University Press. 2009

WIDOGER, Geoffrey. The Story of the Synagogue. Tel Aviv: Harper&Row, 1992

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