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N os últimos tempos temos visto muitas manifestações

sobre política no nosso meio. Mas você já parou para pensar


em como era a política nos tempos de Jesus, em sua região?

Necessário é compreender ao menos o básico da situação


política ao redor do Mar Mediterrâneo, e também sobre
cada um grupo político da época na região e o que podemos
equiparar aos dias atuais.

Há de se lembrar e considerar, que neste tempo não existia


a divisão moderna de Estado-nação, como hoje. Isso só
veio a ocorrer no século XVII, após a Paz de Westfália.
Tratado feito após a Guerra dos Trinta Anos (1618–1648) e
considerado um marco na nova ordem internacional.

Na época, o império Romano dominava politicamente a


região do mar mediterrâneo. Havia a divisão da Palestina
entre reino do norte (Israel) e reino do sul (Judá). Este fato
ocorreu após a morte de Salomão. Esta região estava
enfraquecida politicamente e socialmente, levando a queda
de Samaria (capital do reino do Norte). Judá sustentou-se
independente até a conquista de Babilônia, onde de 586 a.C.
a 539 a.C., os judeus foram escravos.

Posteriormente, quando os persas dominaram os babilônios,


com ajuda dos judeus, estes como gratificação receberam a
oportunidade de seguir com os cultos e tradições,
posteriormente puderam voltar a Judá. Após este
acontecimento, a região de Judá passou a ser chamada de
Judeia.

Infelizmente para os judeus, os gregos sob o comando de


Alexandre (O grande) venceram os persas e formaram um
grande império macedônico, incluindo a região da Palestina
em seus domínios. Após a morte de Alexandre, o império foi
dividido entre seus generais e surgiram quatro novos
impérios, sendo os mais importantes Egito e Síria. Após a
posse de Selêucida Antíoco III, a Síria domina toda a região.
Em seguida, a Judeia cai sob este domínio. Seu herdeiro,
Antíoco Epífanes, ao subir ao trono envolve-se em uma
guerra contra o Egito. Esta guerra foi provocada por
principalmente os lideres religiosos, sacerdotes e escribas
apoiarem sempre os egípcios. Na Judeia, a religião e a
política sempre se envolveram. O sumo sacerdote presidia
tantos os sacerdotes no grande templo, quanto os anciões no
Sinédrio.
O rei Antíoco perseguiu os judeus, profanou o templo, onde
os judeus se organizaram a fim de batalhar e retomar
Jerusalém, onde conseguiram o êxito.
Posteriormente os sírios organizaram um forte exército,
onde derrotou os judeus e novamente estabeleceram-se no
poder. Internamente, com divergências entre saduceus e
fariseus, houveram guerras civis, onde ora um ou outro
entravam no poder.
A guerra teve fim com a entrada de Pompeu e a tomada de
Jerusalém por Roma. Os judeus tornaram-se súditos dos
romanos.
Pompeu, buscando fazer alianças internas, indicou
Antípatro como procurador da Judeia, tendo como seu
sucessor Herodes I. Jesus nasceu durante o reinado de
Herodes I.

Após a morte de Herodes I, o reino foi dividido entre seus


três filhos: Arquelau, Filipe e Herodes Antipas.

Arquelau, rei da Judeia e Samaria, por motivos políticos foi


exilado e substituído por procuradores romanos, onde
Pôncio Pilatos era o 5°, sob cujo mandato Jesus Cristo foi
crucificado. Mas o sumo sacerdote do templo de Jerusalém,
Caifás, tinha grande influência no governo. Apoiava-se no
Sinédrio. Herodes Antipas, aquele que condenou Jesus, foi
destituído do poder. Filipe morreu sem herdeiros.

Entendendo o contexto histórico da região, à luz teológica, e


considerando pesquisas e estudos do protestantismo e
catolicismo, podemos entender as condições e posições de
cada agrupamento político na época. Temos a seguinte
divisão de classes políticas: Dominante e Oposição.

A Dominante era composta por: Os saduceus,


especialmente na Judeia, e herodianos, na Galileia.

A Oposição por: Os fariseus, zelotes, e essênios.


Os saduceus eram a aristocracia sacerdotal. Pessoas com
grandes fortunas e senhores do Sinédrio. Eram os
conservadores daquela época e contexto. Conservavam a
ordem estabelecida.

Não podemos confundir com o conservadorismo usado nos


termos políticos dos dias atuais. Chegaremos lá.

Estes rejeitavam os ensinamentos de Jesus (ressurreição dos


mortos e imortalidade do espírito — Mt 22.23). Eles só
admitiam o Pentateuco.

Os herodianos eram do partido do Rei Herodes e talvez,


altos funcionários de sua casa. Eram conservadores e
favoráveis à presença dos romanos. Quando Herodes
Antipas construiu a capital, para bajular o imperador
romano Tibério, chamou a cidade de Tiberíades.

Eram opositores fortes dos zelotes e perseguiam “agitadores


políticos” na Galileia. Foram os responsáveis pelo
assassinato de João Batista. Uniram-se aos fariseus e
escribas para combater Jesus. (Mt 22, 16; Mc 6, 16–20; 3, 6;
12, 13).

Os fariseus eram membros de grupos de religiosos


judaicos e grupos de leigos. Eram estudiosos e mestres da
lei. Os fariseus formavam o partido do povo, tendo grande
influência junto a ele. Era composto de trabalhadores rurais,
artesãos e pequenos comerciantes. Gostavam do dinheiro
embora afirmassem que a parte espiritual era mais
importante. Nas sinagogas gostavam de ocupar os primeiros
lugares e quando alguém não concordava com a doutrina
deles, o expulsavam. Foram os fariseus e os Doutores da Lei
(escribas) que começaram a organizar o povo depois que
voltaram do cativeiro da Babilônia. O templo tinha sido
destruído e o grupo que voltava do cativeiro estava muito
empobrecido. Quando chegaram a Palestina encontraram
novas idéias e costumes trazidos pelos gregos e romanos
(exemplo: moços casavam com moças de outra nação).
Combateram esses costumes como forma de unir o povo, em
torno da observância mais rigorosa da Lei de Moisés. Com o
tempo viraram fanáticos. Insistiam muito em coisas
exteriores, visíveis (exemplo: a observância do Sábado, do
jejum, da esmola, circuncisão, etc.). Faziam tudo isso para
mostrar que eram judeus observantes da lei de Moisés e de
outras prescrições impostas pela tradição. Eram rígidos em
suas posições. Oprimiam a quem não seguisse seu
fanatismo. Prendiam-se às exterioridades(observância do
sábado, jejum, circuncisão e etc.), mas deixavam dominar-se
pela injustiça. Jesus os comparou à sepulcros caiados.
Sustentaram a luta armada de Judas Macabeu. Eram
nacionalistas, inimigos dos conquistadores estrangeiros.
Achavam que o Messias viria como guerreiro, para expulsar
os romanos. Gostavam de dinheiro, embora diziam que se
preocupavam com o espiritual. (Mt 23).

Os Zelotes eram revolucionários e seu partido teve início


no século I, sob a influência de Judas de Gamala, o Galileu.
Representavam a ala mais radical dos fariseus. Os dirigentes
conservavam todo o entusiasmo dos movimentos de
libertação anteriores, o mesmo fanatismo pela lei escrita e a
tradição oral mais rigorosa. Eram excluídos radicalmente
desse movimento os que colaborassem com o Império
Romano. Eram os nacionalistas mais radicais entre os
judeus. Aspiravam pela instauração do Reino de Deus, que
para eles se resumia numa libertação da dominação
estrangeira. O Messias seria um Rei Ungido por Deus, que
instauraria seu reino definitivo. Acreditavam que suas
instituições (monarquias, templo, sacerdócio e sinagoga)
eram válidas e permanentes. Era preciso apenas purificá-las.
Sonhavam com a reorganização da propriedade segundo a
vontade de Deus, como redistribuição dos latifúndios,
libertação dos escravos e supressão de dívidas. Para eles, a
vinda do reino dependia da ação revolucionária. Não
aceitavam a passividade. Eram os que se organizavam
clandestinamente em regiões montanhosas e se preparavam
para a luta armada contra os romanos. Não pagavam
impostos a Roma. Eram contrários ao recenseamento.
Mobilizaram o povo com promessas de libertação.
Conseguiram adesões de muitos rabinos, sacerdotes e da
massa popular. Recrutavam militares entre os jovens
camponeses empobrecidos pelos romanos. Praticavam os
assassinatos, sequestros de personagens importantes,
roubavam os ricos. Eram chamados: zelotes, ladrões ou
bandidos (criminosos políticos), sicários (terroristas),
galileus (por atuarem na Galileia). Entre os discípulos de
Jesus havia zelotes, Simão, o zelote (Mc 3, 18).
Os Essênios tiveram sua origem no século II antes de
Cristo. Estes separaram-se dos fariseus. Este grupo não é
citado nos evangelhos. Foram citados por Flávio Josefo em
suas obras, mas em 1947, foi reafirmada a sua existência,
através da descobertas dos livros e dos pergaminhos do
Antigo Testamento, nas cavernas de Qumram. Os essênios
conservaram vários escritos extra-bíblicos. Assemelhavam-
se a uma comunidade de monges com disciplina rígida.
Tinham os seus bens em comum, não usavam armas.
Praticavam a pobreza, o celibato e a obediência a um
superior. Estudavam as Escrituras. Eram fiéis à Lei de
Moisés. Não frequentavam o Templo. Fervorosos, separam-
se dos “maus”, dos impuros e dos pagãos. Sua
espiritualidade era apocalíptica. Esperavam a intervenção
dos “exércitos celestes” para a volta da teocracia (governo de
acordo com a ordem religiosa). Deixaram Jerusalém e foram
morar em grutas. Eram camponeses e viviam do produto de
seu trabalho. Tinham pouca influência sobre o povo. Foram
destruídos pelos romanos no ano de 68 depois de Cristo.

Jesus não pertenceu a nenhum partido: nem da classe


dominante, nem da oposição. A proposta de Jesus é o Reino
de Deus. O poder que ele deseja é o poder não para
dominar, sim para servir.

Além dos tais considerados grupos políticos da época,


haviam também grupos de pessoas que merecem destaque.
Estes são os Escribas, os Publicanos, os Sacerdotes e
o Sinédrio.
Os Escribas eram estudiosos, tido como os doutores e
mestres da lei e da torá. Estes tinham respeito e notoriedade
pelo povo. (Mt 22,35; Lc 5,17).
Os Publicanos eram cobradores de impostos para o
Império Romano. Estes eram odiados entre os demais
judeus. Considerados corruptos (cobrando mais do que
deveria) e “judeus cobradores de impostos a judeus para
dominadores”. Quando indagaram a João Batista como eles
deveriam proceder, foram orientados a não cobrar mais do
que deveriam (Lc 3:12–13).
Os Sacerdotes são autoridades religiosas. Resume-se
assim, mas há de se considerar que entre inúmeras religiões
há uma concepção quanto a quem é e como atua o sacerdote.
O Sinédrio eram agrupamentos de juízes atuantes no
antigo Israel. Atuavam tanto no legislativo como na corte.

Como pode-se ver, não há tanto a equiparar diretamente aos


dias atuais, ainda que algumas semelhanças. Mas
precisamos pontuar sobre o conservadorismo. O que
representava para àqueles dias e para hoje.

O conservadorismo, no literal ato de conservar algo,


entende-se nos tempos de Jesus como a conservação do
status quo político e religioso, como citado sobre os
saduceus e herodianos.
Jesus veio e houve o renovo.

Nos dias atuais, o conservadorismo é a conservação


exatamente de culturas e costumes milenares estabelecidos
no ocidente, advindos da moral judaica e cristã. Inclusive
com o renovo através de Jesus cristo.
O que chamam de “progressismo” (que de progresso não
tem nada), é exatamente um enfrentamento a estes
costumes e morais estabelecidas. Este é uma desconstrução
da tradição cristã e a luta para estabelecer uma cultura
revolucionária e subversiva, a fim de destruição desta
sociedade organizada baseada na bíblia. Não há nenhuma
ligação com o renovo trazido por Jesus, pois esta subversão
obviamente vai contra a bíblia e a fé cristã. Este
progressismo é o marxismo cultural, onde muitos cristãos
deixam envolver a causas cristãs, e acabam apoiando uma
ideologia que vai diretamente para a destruição do
cristianismo.

É necessário muito cuidado com o jogo de palavras, onde


usam de repetições estratégicas para atribuir uma conotação
negativa conforme o interesse do interlocutor. Progressismo
não é progresso. Conservadorismo não é algo ultrapassado e
falido. Na política hoje, a Direita é quem conserva a
tradição, a Esquerda é quem vem para fazer a revolução
cultural e subverter a sociedade.

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