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BANCA AVALIADORA

Profa. Dra. Thais Nívia de Lima e Fonseca (Orientadora) - UFMG


Prof. Dr. Antonio Cesar de Almeida Santos - UFPR
Prof. Dr. Cláudio Luiz DeNipoti – UEL
Profa. Dra Ana Maria Galvão - UFMG
Prof. Dr. Antônio Wilson Silva de Souza – UEFS
Prof. Dr. Marcus Aurélio Taborda de Oliveira - UFMG
Em meados do século XVIII, a Europa estava
envolvida na Guerra dos Sete Anos (1756-
1763). Como desdobramento dos conflitos,
tropas franco-espanholas invadiram o território
português. Nesse momento, tornou-se urgente
a modernização da organização militar
portuguesa. Assim, iniciou-se uma ampla
reforma capitaneada pelo oficial anglo-
germânico Conde Wilhelm, de Schaumburg-
Lippe. Para a realização das diretrizes propostas
por Lippe foram utilizados escritos militares
de sua autoria, que tinham como base a
“disciplina militar”.
Práticas educativas e suas
instrumentalidades centradas na
disciplina militar, analisadas a partir
dos escritos militares elaborados
pelo oficial anglo-germânico Conde
de Lippe

Fonte: The Royal Art Collection, Londres. RCIN 405893. Pintor: Sir Joshua Reynolds (1723-
1792). Nota: Oléo sobre tela. Estilo: Romantismo. Tamanho: 245,4 × 206,7 cm. 1767.
Diante desse cenário, esta dissertação procurou
responder a seguinte pergunta: como se
construíram as dimensões e as propostas
de instrumentalização dessa “disciplina
militar”, que direcionaram as práticas
educativas militares em Portugal e na
América Portuguesa, na segunda metade
do século XVIII?
Como hipótese propõe-se que a disciplina militar, inserida nos
escritos de Lippe, se construiu tendo como base uma cultura
militar diferente dos costumes militares portugueses,
especialmente em sua dimensão educativa. Ela representou uma
proposta de mudança às práticas militares portuguesas, e também
um avanço em relação ao pensamento militar prussiano clássico.
Esses direcionamentos se refletiram em diversos pontos:
estruturação da Justiça Militar; critérios para alistamento e
promoção dos oficiais; valorização da educação e da instrução
militares; desenvolvimento dos pressupostos da “Arte Militar
Defensiva” e incorporação de dimensões da disciplina militar por
administradores e comandantes militares na América portuguesa.
Objetivo geral:
- descrever as dimensões e as propostas operativas da “disciplina militar”
provenientes dos escritos do Conde de Lippe.
Objetivos específicos:
Capítulo 2
O PENSAMENTO DO CONDE
- interpretar o processo de construção da “disciplina militar” e suas DE LIPPE E O ENSINO
dimensões a partir da trajetória pessoal de Lippe e seu contexto sócio- MILITAR

cultural, marcados por suas redes familiares e de sociabilidades, seus Capítulo 3


processsos de escolarização, suas experiências como militar, ESCRITOS MILITARES E AS
DIMENSÕES DA DISCIPLINA
governante e criador de uma Academia Militar; MILITAR

- identificar nos escritos de Lippe as ações e os saberes escolhidos para


Capítulo 4
serem transmitidos, os materiais e métodos utilizados no processso de PRÁTICAS EDUCATIVAS E A
ensino-aprendizagem, os sujeitos envolvidos nas práticas educativas e “UTILIDADE” DOS CORPOS
MILITARES DA AMÉRICA
os tempos e espaços a elas destinados; PORTUGUESA

- analisar como os saberes contidos nos escritos de Lippe e/ou Capítulo 5


FRAGMENTOS DO
decorrentes do seu pensamento foram utilizados pelos PENSAMENTO DE LIPPE NA
CULTURA MILITAR
administradores e comandantes militares na América portuguesa.
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização, objeto, problema, hipótese e objetivos
1.2 Percursos conceituais e metodológicos
1.3 Tipologia, especificidades e possibilidades das fontes militares
1.4 Organização e apresentação dos capítulos da dissertação

2 O PENSAMENTO DO CONDE DE LIPPE E O ENSINO MILITAR


2.1 Trajetórias, experiências e influências
2.2 O pensamento ilustrado de Lippe e concepções da educação em Portugal
2.3 Academia Militar de Wilhelmstein e as práticas educativas
Primeira Parte 3 ESCRITOS MILITARES E AS DIMENSÕES DA DISCIPLINA MILITAR
3.1 Escritos para a educação militar: a base para “ensinar-vigiar-punir”
3.2 A dimensão educativa: representações do “bom, e fiel vassalo” militar
3.3 Instrução militar: Sciencia da Guerra e a utilidade do soldado
3.4 Justiça Militar: Conselhos de Guerra, o devido processo legal e as penas
3.5 A “Arte Militar de Curar”, o cuidado com o soldado e a vigilância médica

4 PRÁTICAS EDUCATIVAS E A “UTILIDADE” DOS CORPOS MILITARES DA AMÉRICA PORTUGUESA


4.1 O Cabeça da América e o Inspetor Geral das Tropas e da Disciplina Militar
4.2 Reorganização dos auxiliares em 1766 e a “Arte Militar Defensiva” de Lippe
4.3 Mudanças e permanências militares no Coração da América portuguesa
4.4 Paradoxos da disciplina militar e os soldados de Minas
Segunda Parte
4.5 Outros escritos: saberes militares “práticos e úteis”

5 FRAGMENTOS DO PENSAMENTO DE LIPPE NA CULTURA MILITAR


5.1 Leituras de elementos materiais da cultura militar à luz dos escritos de Lippe
5.2 Legados dos escritos do Conde de Lippe para a cultura militar
Em termos teórico-metodológicos utilizou-se dos “jogos
de escalas de análises”. Os escritos, bem como os
militares foram percebidos como “mediadores
culturais” inseridos nas “culturas do escrito”, numa
dinâmica de circulação de saberes e de pessoas.

As variações da escala de observação permitiram passar


de uma história a outra, sem perder as singularidades, as
negociações, as intencionalidades e as subjetividades dos
atores. Aspectos que podem ser observados por meio das
culturas visual-oral-escrita, e dos elementos materiais da
cultura militar.
Biografia e História Mediadores Culturais
Giovanni Levi (4 citações) • Serge Gruzinski, Carmen
Sabina Loriga (15 citações) Bernand (11 citações)

Jogos de escalas de análise


(macro e micro)
• Jacquel Revel (9 citações)
Práticas Educativas
Culturas do Escrito
Thais Nívia Fonseca (46 citações)
Ana Galvão (18 citações)
Antonio César Santos (26 citações)
Claudio DeNipoti (22 citações)

Educação dos sentidos


e das sensibilidades
Marcus Taborda (7 citações)
208 Disciplina Militar

81 Práticas Educativas

55 Vigiar

39 Ensinar

36 Punir
Da interpretação das fontes (“escritos militares”, correspondências e
iconografias) percebeu-se que a disciplina militar direcionou as práticas
educativas e estaria sustentada no tripé ensinar-vigiar-punir.
Inicialmente era necessário ensinar as leis e regulamentos, proporcionando os
conhecimentos que estavam relacionados à utilidade e à conduta do militar. Na
sequência, era preciso vigiar os comportamentos, por meio de uma teia de
olhares pluridirecionais, que envolviam hierarquicamente superiores, pares e
subordinados. Por fim, era necessário punir os transgressores contrários às
condutas esperadas do “bom e leal vassalo” militar.

As dimensões da disciplina militar, baseadas nos princípios


propostos pelo Conde de Lippe, teriam eco na América portuguesa, sendo
possível identificá-las em práticas educativas e em elementos materiais da
cultura militar, tais como iconografia (desenhos, plantas, mapas) e livros.
Instrução Educação
Militar Militar

Conhecimentos Condutas e Na
técnicos comportamentos Nos Na Academia Administração
regimentos Militar Militar luso-
americana

Técnica Artigos de
Tática Guerra e Justiça Propostas operativas da Disciplina Militar
Militar (Instrumentalização)
Estratégia
Sob a égide do
despotismo esclarecido do
futuro Marquês de Pombal
e por indicação da
Inglaterra, aportou em
Portugal, em 1762, o
oficial militar alemão
Wilhelm Zu Schaumburg-
Lippe. Ele assumiu o
Wilhelm zu Schaumburg-Lippe.
comando do exército e
Fonte: Joshua Reynolds., Öl auf Leinwand, 1767 realizou uma ampla
reforma militar.
Lippe chegou a Portugal acompanhado por vários oficiais
alemães, entre os quais o príncipe Carlos Luiz Frederico
II, Duque de Mecklenburg, Tenente-general do Exército
Português, irmão da rainha de Inglaterra, futuro
Governador de Hannover e Marechal de campo do exército
inglês.

O oficial anglo-germânico assumiu o comando do exército


português com a patente de Mestre-de-Campo-General
para comandar as tropas portuguesas que, com ajuda de forças Wilhelm zu Schaumburg-Lippe, conde de Lippe.
Retratado por Anton Wilhelm Strack, a partir do
britânicas, se preparavam para defender o reino. original de Johann Georg Ziesenis. 1782.
Museu Gleimhaus Halberstadt, Saxónia-Anhalt.

Ao final da guerra com a Espanha e França a Coroa de Inglaterra promoveu-o a Marechal


pelos serviços prestados no comando das forças luso-inglesas.
Lippe realizou em Portugal uma reforma militar de matriz
alemã. Ela se fez sentir na disciplina, administração,
estratégia, tática e na tecnologia militar. Implementou em
Portugal o modelo militar mais atualizado da Europa.

Secretariado por dom Miguel de Arriaga, Lippe permaneceu


em Portugal de junho de 1762 até 20 de setembro de 1764,
quando regressou à Alemanha.

Novamente retornou a Portugal em 16 de setembro de


1767, e somente se retirou em 1º de março de 1768.
Todavia, mesmo à distância, sua assessoria prosseguiu por
meio de correspondências com o ministro Sebastião José de
Carvalho.
Conde de Lippe, por Johann Georg Ziesenis. 1770.
Palácio de Bückeburg
Reglement vor die Kgl. Preußische Infanterie, worinn enthalten die evolutions,
das manual und die chargirung, und wie der dienst im felde und in der garnison
geschehen soll, auch wornach die sämtliche officiers sich sonst zu verhalten
haben, desgleichen wie viel an Tractament bezahlet und darvon abgezogen
wird, auch wie die Mundirung gemachet werden soll… (Berlin, 1750).
Meyers konversations-lexikon",
vol. 7, leipzig, Alemanha, 1910

«Regulamento para a Real Infantaria Prussiana: no qual se contêm as evoluções, o manuseamento e o carregamento, e
como o serviço deve ser executado em campanha e na guarnição, bem como todos os oficiais se devem comportar, e
quanto deve ser pago em soldos, e quanto descontado, e como deve ser executado o fardamento… (Berlin, 1750).
Gravura do Conde Albert e o Condado de Bückeburg.

Na parte superior da gravura está uma frase em alemão: Herr Hilf


Ihm Er Hat Unsere Schule Erbaut [...], que significa, em tradução
livre, “Senhor, ajude-o a construir nossa Escola”. Ao centro, está o
busto do Conde Albert sobreposto à uma base oval. Ele usa
armadura, faixa e capa com a Estrela da Ordem da Águia Negra
Fonte: Museu Britânico. Localização Bb, 14,72. Autores: Martin Tyroff (gravador); Anton E. Grumbrecht (desenhista). Nuremberg. C. 1740.
Obs.: Dividiu-se a gravura, nesta dissertação, em duas partes para dar maior destaque ao Condado de Bückeburg. Suas dimensões originais são: 15 cm de altura por 8,9 cm de largura. A técnica utilizada
é gravação em papel. A Escola/estilo é alemão.
Wilhelm Friederich e Georg August. Década de 1740
Nas duas gravuras, a figura feminina que se
encontra sentada com o pé direito sobre um
globo traz em sua mão esquerda um
manuscrito em que se lê em alemão Fieles
ünd noch mehr, que traduzida para o
português quer dizer “Muito e muito mais”.
A figura feminina que está posicionada do
lado esquerdo de Wilhelm (e também na
representação de Georg), segura com a mão
esquerda o brasão de Schaumburg-Lippe.
Com a mão direita escreve a genealogia
masculina iniciando pelo nome do avô,
“Philip”[e] “Fri[e]d”[rich]. “Christ”[ian], na
sequência está seu pai, “Albert Wolf”[gang] e
inicia-se os nomes de “Wi”[lhelm] e
“Ge”[org].

Fonte: Biblioteca Nacional da Áustria. Imagens digitais. Números dos inventários: Wilhelm: Port_00065079_01. Georg: Port_00065077_01. Créditos das imagens: ÖNB. Autorias: Martin Tyroff
(gravador); Anton E. Grumbrecht (desenhista). C. 1740. Escola/estilo alemão.
Fonte: Gravura de Anton Wilhelm Strack. 1787.
Medalhão do retrato de dom José I e a
Os dois distintivos utilizados pelo Conde de Representações do Conde de Lippe. Século XVIII Estrela da Ordem da Águia Negra
Lippe possuem dimensões simbólicas que fazem
parte de sua trajetória como militar e que
impactaram seus escritos militares e sua pedagogia
militar. O medalhão, destaca-se pelo tamanho,
centralidade e pelo detalhamento da pintura da
face de dom José I. A Estrela da Ordem da Águia
Negra, a mais alta ordem da Cavalaria na Prússia, era
a concedida como forma de reconhecimento pela
valentia no combate e pela excelência na liderança
militar. Ela era colocada do lado esquerdo, e tinha ao
centro a inscrição em latin: Sum Cuique, que
significa “a cada um de acordo com seus méritos”.[1]
A ideia de que “todos podem receber o que lhes
é devido” parece ter sido uma máxima perseguida
Conde Wilhelm Friedrich Ernst de Schaumburg-
pelo Conde de Lippe no processo pedagógico Lippe. c. 1770. Dimensões: 71,7 x 87 cm.
ocorrido na Academia Militar de Wilhelmstein, em Autor: Johann Georg Ziesenis. Photo ©bpk – Photo
Agency/Gemäldegalerie, Staatliche Museen zu
termos de habilitades e capacidades dos cadetes. Berlin - Preubischer Kulturbesitz /Volker-H,
Schneider.
Fonte: Detalhes da pintuea Conde Wilhelm Friedrich Ernst de Schaumburg-Lippe. 1764.
Dimensões: 71,7 x 87 cm. Autor: Johann Georg Ziesenis. Photo ©bpk – Photo Agency/Gemäldegalerie,
b - Conde Wilhelm Friedrich Ernst de Schaumburg-
Staatliche Museen zu Berlin - Preubischer Kulturbesitz /Volker-H, Schneider Lippe. Feito após Johann Ziesenis. 1782.
Autor: Anton Wilhelm Strack.
[1] Ela foi concedida por Frederico, o Grande por ocasião de uma inspeção de tropa na Vestfália em 1751.
Lippe considerava a leitura fonte para formar-se “o
espírito militar e prover-se de ideias, por ela se
enriquecia com as luzes e com as experiências dos O acervo básico da biblioteca militar de cada
outros”. guarnição seria composta pelas obras:

Ele exortava aos oficiais que se dedicassem à leitura


em suas horas de descanso. Para tal, em cada Arte da Guerra, do Marechal de Puységur; Memórias
do Marquês de Feuquieres; Instruções d’El Rei da
regimento, sob a responsabilidade do comandante,
Prússia aos seus generais com um tratado de
haveria um número de livros militares. Em princípio, os cavalaria ligeira; Arte da Guerra, do Conde de Turpim;
exemplares de cada livro estaria em sua língua Memórias de Montecuccoli; Reflexões Militares e
original, e quando possível as obras seriam traduzidas. Política, do Marquês de Santa Cruz; Arte da guerra
prática; A pequena guerra ou tratado do serviço da
Os empréstimos seriam feitos aos oficiais mediante tropa ligeira em campanha, de Grand Maison; Tratado
recibo. Após um mês, os livros seriam devolvidos à da pequena guerra, de La Croix; e Engenheiro de
biblioteca para serem emprestados a outros oficiais ou campanha, de Clairac
para realizar-se a renovação dos recibos.

LIPPE, Conde de. Memória sobre os exercícios de meditação militar, § IV e V, VI e VII.


Sabina Loriga (1991), ao estudar o Exército Piemontês no século XVIII,
destaca que as reformas militares de 1775 e de 1786 tiveram participação
efetiva do Marquês Manuel da Silva, português que passou aos
serviços da Corte piemontesa. Manuel da Silva criou unidades
operacionais superiores ao regimento. Organizou as tropas em divisões
independentes compostas de todas as armas, que agiriam separadamente.
Essa nova organização permitiu colocar em prática importantes iniciativas
da educação militar. Para auxiliar na formação dos jovens oficiais,
concebeu-se uma biblioteca militar. Preocupou-se ainda com aspectos
assistenciais por meio da criação do corpo dos inválidos, das pensões, e de
um estabelecimento escolar para os filhos dos militares. Por fim,
concebeu-se uma previdência diferente, composta por uma escola interna
para a tropa e uma caixa de assistência para os pobres.

LORIGA, Sabina. Soldats. Un laboratoire disciplinaire: L´armée Piémontaise au XVIII


siècle, p. 35-37
Em Portugal, a ideia da valorização do ensino militar e da importância dos livros teria
permanecido após a Reforma do Conde de Lippe. Em 1785 o tenente de cavalaria, José
Marques Cardoso, trouxe a lume os Elementos da arte militar. Sua obra tem como pontos
centrais a valorização dos livros, a história militar e a prática da arte da guerra centrada na
disciplina e na ordem. Sobre a importância dos “Livros Militares Permitidos”:

são a luz da verdade, presidentes da memória,


embaixadores da eternidade, cujos conselhos
são tão mais seguros quanto mais despidos de
afetos e respeitos humanos, eles são
testemunhos dos tempos, uma vida de
entendimento, mestres da vida, mensageiros
da antiguidade. Servem para instruir reis e
generais.

“O soldado deveria abster-se de murmurações, ajuntamentos e livros profanos.”

CARDOSO, José Marques. Elementos da arte militar, Liv. I § XIV.


Luiz Carlos Villalta (2001) identificou a biblioteca de José
Antônio Freire de Andrada, Capitão-General e Governador
interino das capitanias de Rio de Janeiro e Minas Gerais (1751-
1758) e pai do Tenente-Coronel Francisco de Paula Freire de
Andrada, comandante do Regimento Regular de Cavalaria de
Minas (1775). Sua biblioteca constava de doze títulos de
obras militares escritas em francês e espanhol.

VILLALTA, Luiz Carlos. Governadores, bibliotecas e práticas de leitura em Minas Gerais no século XVIII.
Nº 1º Uniforme do Terço Auxiliar da Cidade, de que é Mestre de Campo Marcos José Monteiro de Carvalho e Veiga Coelho. Nº 2º Dº do Bairro da Campina, que é Mestre de Campo Lourenço Furtado de
Vasconcellos. Aquarela. 1784. Imagem 31,0 x 18,0 cm em f. 34,5 x 24,0 cm. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Brasil. MAP.I,4,01 nº013A – Manuscritos.
Desenhista: José Joaquim Freire (1760-1847)
Nº 1º Uniforme do Terço Auxiliar da Cidade, de que é Mestre de Campo Marcos José Monteiro de Carvalho e Veiga Coelho.
Nº 2º Dito do Bairro da Campina, que é Mestre de Campo Lourenço Furtado de Vasconcellos. Aquarela. 1784. Imagem 31,0 x 18,0 cm em f. 34,5 x 24,0 cm
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Brasil. MAP.I,4,01 nº013A – Manuscritos.
Desenhista: José Joaquim Freire (1760-1847)
Planta de Vila Boa Capital da
Capitania geral de Goyas :
levantada no ano de 1782,
pelo Illmo. e Exmo. Snr. Luis
da Cunha Menezes,
Governador , e Capitão
General da mesma
Capitania.

Escala [ca. 1:5.000]. – 1


planta ms : color., desenho a
nanquim ; 45,7 x 51,6 cm em
folha 53,5 x 59,5 cm.
Biblioteca Nacional do Rio de
Janeiro. Brasil.

Catálogo da coleção
cartográfica e iconográfica
do Arquivo Histórico
Ultramarino. Projeto Resgate
Barão do Rio Branco.
ESTAMPA do regular uniforme dos cavalos do Regimento Pago de Vila Rica. dado e regulado no ano de 1775. Arquivo Histórico Ultramarino. Lisboa. COD. 1516.
José Joaquim da Rocha, filho do capitão Luís da Rocha e de dona
Maria do Planto, nasceu por volta de 1740, em São Miguel da Vila de
Souza, ao sul de Aveiro, no Bispado da Extremadura. Sobre sua vida
enquanto esteve em Portugal, pouco se sabe. Chegou às Minas
Gerais quando Luís Diogo Lobo da Silva era governador (1763-1768),
e aí ficou até morrer (1804), tendo permanecido solteiro. Sentou
praça como Cabo-de-Esquadra nas Companhias de Dragões e
posteriormente se integrou ao Regimento de Cavalaria (1775).
Quando da Inconfidência Mineira, residia em Vila Rica e declarou
nos Autos da Devassa que vivia de seus negócios. Após realizar
diversas produções cartográficas e a “Memória Histórica”, José
Joaquim recebeu a patente de Sargento Mor para atuar em corpos
auxiliares.

ROCHA, José Joaquim da. Geografia histórica da Capitania de Minas Gerais. Descrição geográfica, topográfica, histórica e política da Capitania de Minas
Gerais. Memória Histórica da Capitania de Minas Gerais. (Estudo crítico Maria Efigênia Lage de Resende; transcrição e colação de textos Maria Efigênia Lage de
Resende e Rita de Cássia Marques). Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1995
ROCHA, José Joaquim da. Mapa da Comarca do Sabará. 1778
Fundo Seção Colonial. Secretaria do Governo. SC. 005. Arquivo
Público Mineiro. Belo Horizonte. Minas Gerais
40 folhas: 22 desenhos técnicos, 6
plantas ms., 12 mapas ms., nanquim;
21,7 x 33,3 cm.
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro
De acordo com o Conde de Lippe (1766) os livros obrigatórios para a artilharia eram: Curso de matemática, de Bernard
Forest de Bélidor; Mecanismo de Artilharia, de Joseph Dulac; Ataque e defesa das praças, de Sébastien Le Preste de
Vauban; obras de Jean-Florent de La Vallière; Lormee; Surirey de Saint-Rémy e Joseph Dulac. Para a Engenharia:
Engenheiro de Campanha, de Clairac e as obras de Le Blond
A disciplina militar, presente nos nos escritos de Lippe, emergiu de uma
cultura militar diferente dos costumes praticados pelos portugueses nos
“domínios de Marte” ou de Mars Cariocecus (deus da guerra na mitologia
lusitana), especialmente quando analisada em sua dimensão educativa.
Percebe-se que suas propostas se alinhavam às obras de grandes
pensadores portugueses, como Ribeiro Sanches, Pina Proença e Verney que
destacavam a dimensão educativa do “exemplo” e a “utilidade” da
educação. Os escritos de Lippe também representavam um avanço em
relação ao pensamento militar prussiano clássico, especialmente pela
incorporação de premissas iluministas, que advogavam o “comando pelo
caráter” e a “obediência pela convicção”.
Oficiais e Praças como o Conde de Lippe, Böhn, Marquês do Lavradio,
Antonio de Noronha, José Joaquim Freire, José Joaquim da Rocha, Manuel
Ribeiro Guimarães e Joaquim Vieira da Silva podem ser vistos como
mediadores das culturas militares. Eles transitaram fisicamente, traziam e
levaram saberes e práticas de uma cultura para outra, em um processo de
influências múltiplas.

Os escritos de Lippe também foram percebidos como mediadores


culturais, pois levaram para Portugal saberes e práticas em uso no seu
pequeno condado ao norte da Alemanha, ao mesmo tempo que a realidade
portuguesa possibilitou a reelaboração de sua “Arte Militar Defensiva”.

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