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Determinação do material de um cilindro regular por meio do estudo de sua densidade

Danilo Maciel, Emanuel Figueira, Felipe Santos, Pedro Dias


Física Experimental I, IFI0326, 6M23, Turma A

RESUMO
Nesse relatório reporta-se as medias e suas incertezas das medidas da densidade, altura,
circunferência e diâmetro de cada objeto estudado. Essa medida fornece informações valiosas
sobre a composição e as propriedades físicas dos materiais. Essa abordagem não apenas destaca
a importância da densidade na caracterização de materiais, mas também demonstra a aplicação
prática desse conceito em situações experimentais, como em laboratórios de física, química e
ciência dos materiais.

INTRODUÇÃO

A densidade de sólidos regulares, como o cilindro, é uma propriedade física


fundamental que descreve a quantidade de massa contida em uma unidade de volume específica.
Esses sólidos possuem formas geométricas bem definidas, o que simplifica o cálculo da
densidade. O seu cálculo é dado por:
m
ρ=
V
onde m é a massa do sólido e V é seu volume (para condições fixadas de temperatura, pressão,
umidade do ar etc.). A unidade de medida do Sistema Internacional (S.I) é kg/m³, sendo a massa
em quilogramas e o volume em metros cúbicos.
A densidade de sólidos irregulares, ao contrário dos sólidos regulares com formas
geométricas definidas, apresenta desafios adicionais no cálculo direto devido às suas formas
complexas e variadas. Para determinar a densidade de um sólido irregular, métodos alternativos
tornam-se necessários. Um dos métodos comuns é a utilização do princípio de Arquimedes, que
envolve a imersão do sólido em um fluido e a medição da quantidade de fluido deslocado,
fornecendo assim uma estimativa da densidade. Outra abordagem frequentemente empregada é
a pesagem do sólido no ar e em seguida submerso em um líquido de densidade conhecida,
permitindo o cálculo da densidade do sólido a partir da diferença de pesos.
Essas técnicas são essenciais em diversas áreas, desde a caracterização de materiais
arqueológicos até a análise de amostras geológicas, destacando a importância de métodos
adaptáveis para lidar com a diversidade de formas encontradas em sólidos irregulares.
MATERIAIS E MÉTODOS

(a) (b) (c) (d)

(e) (f)

Figura 1. Materiais utilizados na realização do experimento: (a) balança digital, (b) cilindro metálico, (c) béquer, (d)
fita métrica, (e) paquímetro, (f) disco metálico.

A princípio, determinaram-se as massas dos objetos utilizando a balança digital.


Repetiu-se as medições algumas vezes e conferiu-se que as flutuações dos valores de m são
menores que a resolução da balança. Isto é, verificou-se que a classificação de incertezas [1]
para m é do Tipo B [2]. Repetiram-se também algumas vezes as medições das dimensões do
disco e do cilindro com a fita métrica e o paquímetro e, mais uma vez, verificou-se que para tais
grandezas a avaliação de incerteza é do Tipo B [2]. No caso da aferição do volume com o copo
béquer, não é possível repetir a medição, portanto, a avaliação de incerteza será necessariamente
de Tipo B.

Determinação/Método 1: Mediu-se primeiramente a massa m do cilindro metálico


(Figura 1b) utilizando uma balança digital de resolução Δrba = 1 g (Figura 1a) e calculou-se a
∆rba
incerteza com base na equação σm = . Utilizou-se o béquer (Figura 1c) de resolução
√3
3
Δ𝑟𝑏𝑒 = 5 𝑚𝑙 em cm parcialmente preenchido com água e mergulhou-se nele o cilindro para
determinar diretamente o volume do sólido V e calculou-se as incertezas com base na equação
∆rbe ∆rbe
σvf = , σvi = e σv = √(σvf )2 + (σvi )2 , como σ2vf e σ2vi são iguais, tem-se que
√3 √3
σv = σvi ∗ √2 . Utilizou-se o modelo de medição para determinação indireta da densidade (𝜌1 )
que envolva as quantidades medidas diretamente (m e V), neste caso, a própria definição da
densidade:
m
ρ1 (m, V) =
V
e calculou-se a incerteza com base na equação:
1 2 2 2 2
2 + (− 𝑚 ) 𝜎 2 = 𝜌 ∗ √(𝜎𝑚 ) + (𝜎𝑣 )
𝜎𝜌1 = √(𝑉) 𝜎𝑚 𝑉2 𝑣 1 𝑚 𝑉

para se obter o resultado final ρ1 = (ρ1 ± σρ1 ) g/ml para a densidade do cilindro metálico.

Determinação/Método 2: Mediu-se primeiramente a massa m do disco metálico


(Figura 1f) utilizando uma balança digital de resolução Δ𝑟𝑏𝑎 = 1 𝑔 (Figura 1a) e calculou-se a
Δ𝑟𝑏𝑎
incerteza com base na equação 𝜎𝑚 = . Mediu-se suas dimensões (altura e circunferência, h
√3
e c) com uma fita métrica (Figura 1d) de resolução Δ𝑟𝑓 = 1 𝑚𝑚 em mm e calculou-se as
Δ𝑟𝑓 Δ𝑟𝑓
incertezas com base nas equações 𝜎𝑐 = e 𝜎ℎ = . Aqui, medem-se a altura h e a
√3 √3
c2 h
circunferência c da base do disco, portanto, pode-se escrever V = . A partir disso, explicitou-

se o modelo de medição para ρ2, ou seja, expressou-se a densidade como função das grandezas
4πm
medidas diretamente, ou seja: ρ2 (m, c, h) = e a incerteza como:
c2 h

∂ρ 2 ∂ρ 2 ∂ρ 2 4m 2 σ 2 σ 2
σρ2 = √( 2 ) σ2m + ( 2 ) σ2c + ( 2 ) σ2h = 2
√(σm ) + (2 c ) + ( h )
∂m ∂c ∂h πc h m c h

para se obter o resultado final ρ2 = (ρ2 ± σρ2 ) g/ml para a densidade do disco metálico.

Determinação/Método 3: Mediu-se as dimensões do cilindro metálico (Figura 1b)


(altura e diâmetro, h e d) com um paquímetro de resolução Δrpa = 0.05 mm (Figura 1e) e
Δrpa Δrpa
calculou-se as incertezas com base nas equações σh = e σd = e utilizou-se o valor
√3 √3
da massa m precedentemente aferido na Determinação 1. Aqui, medem-se a altura h e o
πd2 h
diâmetro d da base do cilindro, portanto, pode-se escrever V = 4
. A partir disso, explicitou-
se o modelo de medição, ou seja, expressou-se a densidade como função das grandezas medidas
4m
diretamente: ρ3 (m, d, h) = πhd2 e a incerteza como:

𝜕𝜌3 2 2 𝜕𝜌3 2 2 𝜕𝜌3 2 2 4𝑚 𝜎𝑚 2 𝜎𝑑 2 𝜎ℎ 2


𝜎𝜌3 = √( ) 𝜎𝑚 + ( ) 𝜎ℎ + ( ) 𝜎𝑑 = √ ( ) + (2 ) + ( )
𝜕𝑚 𝜕ℎ 𝜕𝑑 𝜋ℎ𝑑 2 𝑚 𝑑 ℎ

para se obter o resultado final ρ3 = (ρ3 ± σρ3 ) g/ml para a densidade do cilindro metálico.

RESULTADOS

Para análise dos resultados das medidas de massa, altura, diâmetro e circunferência, o
método utilizado foi a Incerteza do Tipo B. Fundamentada nos valores especificados pelo
fabricante para determinar a resolução dos aparelhos utilizados.

Os valores das grandezas do cilindro metálico na determinação/método 1 e 3 e as


resoluções dos modelos de medição em cada caso foram calculados de acordo com que foi
abordado e os resultados obtidos dessa análise são mostrados, respectivamente, na Tabela 1 e 2.
A partir dos valores na determinação/método 1 obteve-se os seguintes resultados de
medição: m = (69,00 ± 0,58) g e V = (26,0 ± 4,1) ml. A fim de descobrir o valor experimental
da densidade do cilindro metálico foi utilizado o método da Incerteza do Tipo C [2]:

ρ1 = (2,60 ± 0,42) g/cm3


Já os valores na determinação/método 3 obteve-se os seguintes resultados de medição:
h = (50,000 ± 0,030) mm e d = (20,600 ± 0,030) mm. Da mesma forma que foi feito na
determinação/método 1, para descobrir o valor experimental da densidade do cilindro metálico
foi utilizado o método da Incerteza do Tipo C:

ρ3 = (4,200 ± 0,030) g/cm3


Os valores das grandezas do disco metálico (Determinação/Método 2) e as resoluções
dos modelos de medição em cada caso foram calculados de acordo com que foi abordado e os
resultados obtidos dessa análise são mostrados na Tabela 3.

A partir dos valores na determinação/método 2 obteve-se os seguintes resultados de


medição: m = (50,00 ± 0,58) g, h = (6,00 ± 0,58) mm e c = (107,00 ± 0,58) mm. A fim de
descobrir o valor experimental da densidade do cilindro metálico foi utilizado o método da
Incerteza do Tipo C:

ρ2 = (9,000 ± 0,090) g/cm3

DISCUSSÃO

Por meio dos valores e incertezas obtidas nos experimentos, é possível inferir que as
medições da densidade do cilindro e do disco foram insuficientes para descobrir o exato
material do qual são compostos. Já que na tabela de densidades [2], existem diversos materiais
diferentes dentro do intervalo de incerteza para a determinação 1, e no caso das determinações 2
e 3, as densidades não correspondem a nenhum valor da tabela.
A grande disparidade entre os valores, comprovada com o teste de compatibilidade [3]
|𝜌 ̅3 |
̅1 −𝜌
= 3.8 > 2.5, mostra que possivelmente houve a ocorrência de erros humanos nas
√𝜎𝜌1 2 +𝜎𝜌3 2

medições do cilindro.
Além da densidade, a cor é a principal característica física dos materiais que podia ser
identificada com os equipamentos dados. Com ela e com o valor da densidade obtido na
determinação 1, pode-se dizer que o cilindro provavelmente é composto por algum tipo de
alumínio que não pode ser especificado, a determinação 3 não foi utilizada pois não há nenhum
metal em seu intervalo de incerteza. Já o material que compõe o disco não pôde ser identificado
usando somente essa característica e sua densidade.
Além disso, as incertezas também nos mostram que o método de aferição de volume
que utiliza o paquímetro possui os resultados mais precisos, pois o paquímetro possui a menor
resolução entre os equipamentos de medida de comprimento utilizados (0,05 mm), e
consequentemente uma menor incerteza. Já o método que utiliza a régua possui uma precisão
menor, pois ela possui uma resolução maior que a do paquímetro (1 mm), e por consequência,
uma maior incerteza. O método de imersão, que utiliza o princípio de Arquimedes, apesar de ser
uma medição direta do volume, possui os resultados menos precisos, devido a altíssima
resolução do béquer utilizado (5 ml), dessa forma, também possui a maior incerteza. A
resolução da balança não foi considerada nesse parágrafo pois todos os métodos utilizam a
mesma balança com resolução de 1g.

CONCLUSÃO

O aparato experimental proposto para a identificação do material que compõe o cilindro


e o disco mostrou-se inadequado para a tarefa, já que os resultados das medidas foram
inconclusivos, algo que também pode ser atribuído a erros humanos. Além disso, é possível
concluir que o método de determinação do volume que utilizou o paquímetro obteve os
resultados com menor incerteza, e apesar de não ter obtido resultados conclusivos, é o método
mais confiável dentre os utilizados. A utilização de ferramentas mais precisas constitui uma
forma de redução das incertezas, o que poderia tornar a identificação dos materiais possível.

[1] JCGM/Grupo de trabalho para tradução luso-brasileiro. Vocabulário Internacional de


Metrologia: Conceitos fundamentais e gerais e termos associados. INMETRO, Duque de
Caxias (2012).
[2] G. Piacente. Física experimental: notas introdutórias. UFG, Goiânia (2014).
[3] JCGM/Grupo de trabalho para tradução do GUM. Avaliação de dados de medição: Guia
para a expressão de incerteza de medição. INMETRO, Duque de Caxias (2012).

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