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distinção entre símbolo c signo (tomado agora com o sentido de nidade linguística que o emprega, ele não é livre, é imposto. Com
signo linguistico): ele pensa, com efeito, que existem inconvenientes efeito, a língua aparece sempre como uma herança do século prece-
em admitir que se possa utilizar a palavra símbolo para designar o dente, como uma convenção admitida pelos membros de uma mesma
signo lingiiístico. O símbolo, ao contrário do signo, tem por caracte- comunidade lingiiística e transmitida aos membros da geração seguinte.
rística jamais ser arbitrário, isto é, existe um laço natural rudimentar Por outro lado, é comumente admitido, hoje, que a língua é um sis-
entre significante e significado. O símbolo de justiça, por exemplo, tema de comunicação que, como todos os sistemas de comunicação,
não poderia jamais ser substituído por um carro. Com F. D E SAUS- funciona por meio de um código baseado num sistema de signos
S U R E , o signo lingiiístico foi instaurado como unidade de língua. (entende-se por código ou sistema de signos, a natureza dos signos,
Passa a ser a unidade mínima da frase, susceptível de ser reconhecido seu nome, suas combinações, as regras que presidem estas combina-
como idêntico num contexto diferente, ou de ser substituído por uma ções). É evidente que, para que a comunicação possa estabelecer-se,
unidade diferente num contexto idêntico. graças a este sistema no seio de uma comunidade linguística, é neces-
sário que os signos do código sejam convencionais, isto é, comuns a
5. Os signos linguísticos, essencialmente psíquicos, não são abstra-
um grande número de emissores e de receptores, aceitos, compreen-
ções. O signo — ou unidade — lingiiístico é uma entidade dupla,
didos e mantidos por todos.
produto da aproximação de dois termos, ambos psíquicos e unidos pelo
laço da associação. Une, com efeito, não uma coisa a um nome, mas d) Mutabilidade do signo. Conforme F . DE SAUSSURE, O tempo, que
um conceito a uma imagem acústica. F . D E SAUSSURE precisa que a assegura a continuidade de língua, possui outro efeito, em aparência
imagem acústica não é o som material, mas a impressão psíquica deste contraditório: o de alterar mais ou menos os signos linguísticos. Os
som. E l a é a representação natural da palavra enquanto fato de lín- fatores de alteração são numerosos, mas sempre exteriores à língua.
gua virtual, fora de toda a realização da fala. F . D E SAUSSURE deno- As modificações podem ser fonéticas, morfológicas, sintáticas ou lexi-
mina o conceito de significado e a imagem acústica de significante. cais. Quando se trata do signo, elas se situam no nível fonético e
O signo lingiiístico é, portanto, o que F . D E SAUSSURE denomina uma semântico: com efeito, elas levam a um deslocamento da relação signi-
entidade psíquica de duas faces, a combinação indissolúvel, nó inte- ficado/significante. É assim que macula, que significava entre outras
rior do cérebro humano, do significado e do significante. São rea- coisas "mancha", deu, também, origem à mágoa, no português.
lidades que têm sua sede (seu "traço") no cérebro; elas são tangíveis, Outro problema a ser ventilado quando se fala do signo linguís-
e a escrita pode fixá-las em imagens convencionais. tico é o que diz respeito ao seu funcionamento. Essencialmente, desde
6. O signo lingiiístico, tal como o definiu F . D E SAUSSURE, apre- F. D E SAUSSURE, a lingiiística definiu a língua como um sistema de
senta certo número de características essenciais: signos, uma estrutura, de onde o nome de estruturalismo conferido,
no domínio das pesquisas lingiiísticas, ao estudo sistemático da lín-
a) Arbitrariedade do signo. O laço que une significante e signifi-
gua, baseado nas teorias de F . D E S A U S S U R E .
cado é arbitrário. A ideia de "mesa" não tem nenhuma relação com
a seqiiência de sons que lhe serve de base para o significante: / m / - 7. Conforme F . D E S A U S S U R E , no sistema que é a língua, não exis-
/ e / - / z / - / a / . Por outro lado, tal ideia pode ser representada por tem senão diferenças. U m sistema linguístico é uma série de "dife-
significantes diferentes, noutras línguas: table em francês, table em renças de sons", combinada com uma série de "diferenças de ideias".
inglês, etc. Nesta perspectiva, todo o mecanismo da língua repousa sobre relações
de dois tipos:
b) Carácter linear do significante. O significante, sendo de natu-
reza auditiva, se desenvolve na cadeia do tempo, de modo que os — relações sintagmáticas, ou relações entre si, dos elementos
signos se apresentam obrigatoriamente uns após os outros, formando, do enunciado efetivamente realizado, falado ou escrito. Estes ele-
assim, uma cadeia, a cadeia da fala, cuja estrutura linear, em virtude mentos, ou agrupamentos de elementos, da cadeia falada ou escrita,
disto, é analisável e quantificável. Este carácter é ainda mais evidente que encontram seu valor nas relações com os outros elementos do
quando examinamos a transcrição gráfica das formas vocais. sistema, são chamados de sintagmas*;
c) Imutabilidade do signo. Se, em relação à ideia que representa, — relações "associativas", ou relações dos elementos do enun-
o significante aparece como livremente escolhido, em relação à comu- ciado com outros elementos, ausentes do enunciado, suscitando cada
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