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Alfa, S â o Paulo

28:43-62, 1984.

SEMÂNTICA G R A M A T I C A L : A SIGNIFICAÇÃO DOS


PRONOMES

Nildemir Ferreira de CARVALHO*

RESUMO: O estudo analisa a significação das partículas pronominais entre as quais se incluem os
determinantes, os pronomes substantivos e os advérbios pronominais. Para esta análise se adota o crité-
rio dos traços contrastivos (Chomsky, 2). Os resultados do trabalho mostram que as categorias semânti-
cas dos pronomes flato sensuV se associam, de uma forma ou de outra, às noções de DEFINIDADE e
PESSOA DO DISCURSO.

UNITERMOS: Significado; traço semântico; dêixis e anáfora; definido; pessoa do discurso.

1. CONCEITOS BÁSICOS nológica, e o numerador o significado, ex-


presso sumariamente por meio de uma de-
Todo estudo de semântica deve re- finição de dicionário.
correr necessariamente ao conceito de sig- Um signo pode ser simples ou com-
nificado, um dos elementos que consti- plexo. É simples ou mínimo quando com-
tuem o signo lingüístico ou palavra. Em porta um único significante e um único
linguagem técnica, signo é o resultado da significado, não se reduzindo portanto a
associação que o falante-ouvinte faz entre outros signos menores. O exemplo (2) aci-
um significante (sinal, suporte material ma ilustra esse caso. O signo é complexo,
seqüência fono-acústica ou representação se admite decompor-se em outros signos
fonológica) e um significado (conceito, mínimos, também chamados morfemas,
idéia ou representação mental de um obje- cada qual com seu significante e seu signi-
to (ente, ser)), real ou não. Se simbolizar- ficado. É o que ocorre com as formas
mos signo por S, significante por SE e sig- lobas, dotada de três signos mínimos
nificado por SO, poderemos exprimir a (lobo + a + s), e civilidade, que se anali-
estrutura do signo da seguinte maneira: sa em dois outros (civil + idade):
(1) S = SO (3) lobas = lobo + a + s
SE "animal carnívoro, selvagem''
A p l i c a n d o este esquema à p a l a v r a lobo, {lobo} =
/lobo/
teremos;
ts\Uf\
i ¿ ; luuu — "animal m a m í f e r o , carnivoro, selvagem..." ( S O )
— "feminino'
( S E )
{-s} .=
/a/
+
onde o denominador contém o significan- , , "plural" ou "mais de um"
te, indicado através de representação fo- i-s} = — —
/s/
* Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas - • Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas — U N É S P — 15.100
— São José do Rio Preto — S P .

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(4) civilidade = civil + idade através de uma definição de dicionário ou


{civil} = "relativo a cidadão" por meio de traços ou categorias semânti-
/sivíl/ cas (também chamados às vezes de
semas). Se focalizarmos o significado da
{-tdade} = "qualidade" palavra paletó, a sua definição assumirá a
/idade/ configuração que temos mostrado nos
O significado, definido linhas atrás exemplos anteriores (preenche o numera-
como "a representação mental de um ente dor, é expresso entre aspas):
qualquer (pessoa, animal, coisa, abstra-
ções), deve ser interpretado como uma
base semântica de cunho genérico, quan- (8)
do fora de contexto, mas passível de
especificar-se numa situação concreta de "peça do vestuário masculino
comunicação. Neste último caso se asso- que se sobrepõe à camisa"
ciam freqüentemente à base semântica ge- paletó
/paleta/
nérica vários matizes ou acepções, que pe-
lo uso podem lexicalizar-se, isto é,
tornarem-se previsíveis no léxico ou dicio-
nário. Cada matiz ou variante semântica A concepção do significado em tra-
específica que o significado adquire no ços semânticos implica categorias
contexto constitui, então, o que em lin- sintático-semânticas hierarquizadas, que
guagem técnica se denomina sentido (so). dão a estrutura desse significado. Tal es-
Sirva de exemplo a palavra pé, provida do trutura comporta vários níveis, dispostos
significado ou base semântica genérica verticalmente de cima para baixo a partir
que se indica abaixo: do significante, indicado entre barras (Cf.
Katz & Fodor, 5):
. "extremidade inferior de um ser", "base"
pe =
/pé/

Se levarmos em conta estas suas (9)


ocorrências contextuais,
(6) (i) Você machucou o pé.
(ii) Sua história não tem pé.
Nível I TRAÇO SINTÁTICO DE
(iii) Esse rio não dá pé.
CLASSE (INDICADOR SIN-
(iv) Os soldados acamparam ao pé TÁTICO)
do morro.
(v) Deu um pé-de-vento, que me assus-
tou. Nível II TRAÇOS SEMÂNTICOS
Verificaremos que apresenta, entre ou- G E R A I S DE C L A S S E
tros sentidos, os que vão esquematizados (CLASSIFICADORES SE-
a seguir: MÂNTICOS)
(7)
(i) "extremidade inferior do
corpo humano" Nível I I I TRAÇOS SEMÂNTICOS ES-
(ii) "base, fundamento"
pé = "extremidade inferior".^
(iii) "fundo da água" PECÍFICOS (DIFEREN-
/p£/ (iv) "base de uma elevação" CIADORES SEMÂNTICOS)
(V) "lufada"

Ainda alguns esclarecimentos se fa- Nível IV RESTRIÇÕES SELETIVAS


zem necessários sobre o modo de expres- (CONDIÇÕES DE EMPRE-
são do significado de um signo lingüísti- GO, CONTEXTOS PROIBI-
co. Podemos indicá-lo de duas formas: TIVOS)
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A inclusão do nivel I numa análise se- A indicação dos traços semânticos


mântica, dizer se a palavra é substantivo exposta acima obedece a dois critérios. O
ou nome (N), adjetivo (A) ou verbo (V), primeiro diz respeito à teoria dos traços
justifica-se pelo fato de que a classe de contrastivos, introduzida por Chomsky
uma palavra tende a condicionar o seu (2, p. 79 ss.) e que se inspira na teoria dos.
significado. Assim, os nomes geralmente traços fonológicos binários de Jakobson
designam "objetos", os adjetivos "pro- et a/ii (4). Consiste em marcar uma cate-
priedades" ou "qualidades" desses obje- goria semântica (v.g. COMUM) com os
tos, os verbos "ações" ou comportamen- sinais mais ( + ) ou menos (-), de acordo,
tos" dos mesmos objetos. O nível I I se re- com a presença ou ausência da referida
fere a traços semânticos que valem positi- propriedade semântica no significado da
va ou negativamente para todos os mem- palavra (no exemplo, + COMUM ou -
bros de uma classe de palavras, isto é, COMUM). O outro critério, proposto por
qualificam uma determinada palavra em Gruber (3, p. 233 ss), manda especificar
relação à sua classe. Para a classe dos no- apenas as categorias semânticas que a pa-
mes ou substantivos estes traços semânti- lavra efetivamente possuir, deixando-se
cos gerais poderão ser: COMUM, CON- de lado os valores negativos que contras-
TÁVEL, ABSTRATO, COLETIVO, tam. No caso do traço semântico CO-
ANIMADO, HUMANO, MACHO, entre MUM acima, ficará indicado simplesmen-
os mais importantes.* Quanto ao nível te COMUM, se a palavra for dele dotada
I I I , compreende traços semânticos que positivamente; ou nada se consignará, se
distinguem o significado de uma palavra for ausente.**
(ou de um grupo pequeno de palavras re- Esses esclarecimentos nos permitem agora
lacionadas) dos significados das demais analisar o significado da palavra paletó
palavras da classe a que ela pertence. Já o (8) em termos de categorias ou traços se-
nível IV manda assinalar os contextos que mânticos, com base nos dois critérios al-
o significado da palavra não pode inte- ternativos acima.
grar.
Estrutura do Significado de paletó
Traços Contrastivos Traços especificatórios

I /paletó/ /paleta/
+ N N

+ Comum Comum
+ Contável Contável
- Coletivo
- Animado

+ Vestuário Vestuário
+ De tecido De tecido
III + Sobreposto Sobreposto
+ Lavável Lavável
+ Para homens Para homens

RS, N ã o pode ser sujeito de verbos de c o m u n i c a ç ã o (como dizer, exclamaretc.)


IV
RS 2 N ã o pode ser sujeito de verbos que indicam vozes de animais (como latir,
urrar, etc.)

* Sobre a a p l i c a ç ã o dessas categorias s e m â n t i c a s à análise dos nomes, ver Carvalho (1).


* * N o trabalho mencionado em (*), t a m b é m adoto o critério de Gruber.

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Sobre a decisão de qual critério ado- os adjetivos (que indicam "qualidades"


tar, tudo vai depender da natureza dos da- desses objetos) e com os verbos (que tra-
dos em estudo. O 2.° critério, o dos traços duzem ações, processos, comportamentos
especificatórios, parece mais adequado desses mesmos objetos). Neste caso, a sig-
para a análise de dados semânticos. Por nificação se diz lexical. Assim, lexical
outro lado, exige que se tenha uma visão sempre se referirá ao conteúdo ligado ao
muito clara da hierarquia dos traços se- mundo bio-social ou externo.
mânticos descobertos pela análise. Além Outras palavras são dotadas de uma
disso, sua aplicação demandaria uma ex- significação que lembra, não os objetos
posição minuciosa sobre a complexa teo- em si, mas "funções" desses objetos no
ria que lhe serve de base (a teoria transfor- universo da comunicação ou mundo in-
macional tal como é vista por Gruber (3), tralingüístico (v.g. pessoa, tempo, espa-
o que se procurará evitar neste sucinto re- ço). Também podem se reportar a meca-
lato de uma pesquisa.* nismos de funcionamento da língua (gêne-
Termo que comumente se confunde ro, número, concordância, regência etc).
com os de significado e sentido é o de Assim ocorre aos artigos, pronomes e ad-
significação ("ato de significar")- A ri- vérbios de natureza pronominal (que indi-
gor, significação se refere ao processo que cam funções do discurso), às preposições
associa significante e significado. O signo e conjunções (que implicam relações
se constitui de tal forma, que o falante, ao sintático-semânticas básicas). A significa-
evocar um significado (uma representação ção neste último caso se denomina
mental) qualquer, lembra-se imediata- gramatical ou interna.
mente do significante que lhe correspon- Em muitas ocorrências, quando o
de. Em sentido inverso, quando o ouvinte signo é complexo, pode apresentar os dois
percebe que alguém pronuncia uma pala- tipos de significação (lexical e gramati-
vra (um significante), de pronto evoca o cal). No exemplo analisado em (3), vimos
significado relativo a essa pronúncia. Essa que lobas se decompõe em três signos
biunivocidade dinâmica do signo corres- mínimos ou morfemas (lobo + a + s),
ponde então ao que em linguagem mais cada um dotado de significante e signifi-
precisa se denomina significação. cado. O primeiro morfema, lobo, contém
Em termos mais práticos (entre o po- uma significação que se refere ao mundo
vo, os gramáticos e até entre os lingüis- bio-social ou extralingüístico, pois evoca
tas), muitas vezes se usa significação co- um animal existente no mundo real. O
mo sinônimo de significado ou de sentido. morfema em causa, dotado de significa-
Um emprego também não muito raro in- ção lexical, se dirá por isso morfema lexi-
terpreta significação com uma acepção cal ou, simplesmente, lexema. Já o 2."
mais abrangente, que domina as anterio- morfema, — a, assinala o gênero "femi-
res: "o modo como os signos signifi- nino" (cuja interpretação semântica é a
cam". Esta é a acepção que mais se en- de "fêmea"). Tal gênero desencadeará no
contrará aqui (v.g. "a significação dos contexto onde aparecer o fenômeno da
pronomes"). concordância de gênero (afetará os modi-
Há palavras cuja significação princi- ficadores de lobas). Por essa razão se afir-
pal evoca o universo real ou mundo bio- ma que o morfema — a comporta uma
social ou ainda mundo extralingüístico significação gramatical. Em outras pala-
(em oposição ao mundo intralingüístico vras: é um morfema gramatical (ou gra-
ou gramatical). Assim acontece com os mema). Finalmente, o terceiro morfema
nomes (que designam "objetos" real ou da forma lobas (s), traduz a noção de nú-
ficticiamente existentes no universo), com mero "plural", o que o caracteriza tam-

* Em Carvalho (1) aplica-se com m i n ú c i a a teoria de Gruber.

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bém como dotado de uma significação gada num fragmento de comunicação.


gramatical. Trata-se, pois, de um morfe- Como na língua o que importa é a comu-
ma gramatical, por se referir a um meca- nicação, este último sentido de referência
nismo de funcionamento da língua. As- prevalece sobre o outro.
sim, em resumo temos: Costuma-se distinguir entre referên-
(11)
lobas = lobo
\
ANIMAL FEMININO PLURAL
(morfema (morfema (morfema
lexical gramatical gramatical
ou lexema ou gramema) ou gramema

SIGNIFICAÇÃO SIGNIFICAÇÃO
LEXICAL GRAMATICAL

Termos que às vezes se confunde com o cia simbólica (ou nocional) e mostrativa
de significado é o de referência, que com- (ou indiciai). Certas palavras contêm uma
porta duas acepções principais. Na pri- referência (no primeiro sentido) que evoca
meira, referência diz respeito à relação objetos do mundo real (nomes), suas qua-
que existe entre um signo (palavra) e o ob- lidades (adjetivos) e suas ações ou com-
jeto real que ele representa (referente). portamentos (verbos). Então se diz que
Assim ocorre à palavra automóvel, que estas palavras têm uma referência simbó-
tem um significado ou representação lica ou nocional. Outras palavras apenas
mental ("veículo movido a motor...") e "indicam" funções desses objetos no uni-
um objeto ou referente a que ele corres- verso da comunicação. É o que acontece
ponde no plano real. Já o mesmo não se aos pronomes e advérbios pronominais,
pode dizer de saci, personagem do folclo- que são por isso dotados de uma referên-
re brasileiro. Esta palavra é provida de cia mostrativa: apontam objetos sem
significado, de uma representação mental conceituá-los:
("moleque de uma perna só, com carapu-
ça, sobre o qual se afirma ser responsável (10) (i) Eu sou esperto.
por travessuras, diabruras...") mas não
(ii) Istoé caro.
tem referência, porque não corresponde a
nada no plano real. (iii) Aquiè frio.
O outro sentido de referência a colo-
ca no plano da comunicação. De acordo O normal é cada referente ser expres-
com esta segunda acepção, referência é a so por um signo lingüístico. Assim, na
capacidade que o signo (a palavra) tem de frase abaixo, o referente " G A T O " é evo-
evocar um objeto no universo da comuni- cado pelo nome gato:
cação. Assim a palavra saci, que não tem (11) O gato entrou na sala doente.
referência no plano real, poderá obtê-la
desde que atualizada numa situação de Pode acontecer em outras circunstân-
comunicação qualquer (por exemplo, no cias que o mesmo referente seja evocado
livro de Monteiro Lobato — Caçadas de por dois ou mais signos no contexto (te-
Pedrinho). Também conforme esta segun- nha mais de uma referência). É o fenôme-
da acepção de referência, a palavra no que se denomina CO-REFERÊNCIA,
automóvel só ganha referência se empre- visto na frase ampliada abaixo:
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(12) O gato entrou doente na sala mas 2.1. Campos de significação das palavras
ninguém o socorreu.
As palavras da língua portuguesa se
onde o referente GATO vem expresso distribuem em três campos de significa-
duas vezes (pelo sintagma nominal o gato ção, de acordo com o tipo de referência
e pelo pronome o). que exprimem: simbólico ou nocional, re-
lacional e mostrativo.
Ainda sobre referência cabe um es- O campo simbólico compreende as
clarecimento. Com o intuito de unificar classes de palavras cuja significação diz
os conceitos de significado e referência, respeito ao mundo dos objetos, ao mundo
dada a sua semelhança (representação extra-lingüístico. Isto é, abrange classes
mental do objeto fora do contexto e den- de palavras de significação lexical: nomes
tro do contexto, respectivamente), há au- ou substantivos (que designam "objetos"
tores que chamam ao primeiro referência do mundo bio-social), adjetivos (que ex-
virtual e ao segundo referência atual (Cf. primem propriedades ou qualidades des-
Milner 6, p. 26). ses objetos do mundo bio-social), verbos
Finalmente, para encerrar esta série (que nomeiam ações, comportamentos
de conceitos, devemos recapitular o con- dos objetos do mundo bio-social) e advér-
ceito de semântica gramatical. Sua preo- bios nocionais (exprimem o "modo" co-
cupação básica se volta para a significa- mo os objetos agem: derivam de adjeti-
ção gramatical, apresentada linhas atrás. vos). Em suma, o primeiro campo de sig-
Assim estuda a significação de certas clas- nificação das palavras é constituído de re-
ses de palavras, cuja função precípua é a ferência simbólica ou nocional e se esque-
de situar conceitos sobre os objetos no matiza assim:
universo da comunicação (pronomes, pre-
posições, conjunções). Além disso, procu- (13) Campo simbólico ou nocional
ra fazer a interpretação semântica dos me-
canismos gramaticais (gênero, número, Nomes
modo, tempo) e dos fenômenos sintáticos Adjetivos
(concordância, colocação). Também per- Verbos
tence à sua esfera de interesse a análise Advérbios Nocionais
dos traços semânticos de classe (nível I I
da estrutura do significado, que aparece O campo relacional abarca as classes
em (9). de palavras cuja significação envolve "ca-
tegorias semânticas gerais" da língua (es-
paço, tempo e outras noções), sem víncu-
2. A NATUREZA SEMÂNTICA DOS lo direto com a comunicação, assim como
PRONOMES "relações semântico-sintáticas" e "argu-
mentos". As classes de palavras que o
Levando-se em conta a natureza de constituem são: as preposições (exprimem
sua significação, os pronomes podem categorias semânticas gerais e relações
considerar-se como signos de semântico-sintáticas) e as conjunções (in-
comunicação por excelência. Esse papel troduzem argumentos). Esquematizando
decorre do fato de que as partículas pro- esse campo, teremos:
nominais situam os conceitos materiais do
nome, adjetivo e verbo no universo da co- (14) Campo relacional
municação (numa situação de comunica-
ção). Nos itens subseqüentes desenvolve- Preposições
remos esse importante aspecto ligado à Conjunções
significação dos pronomes.
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O terceiro e último campo — o (16) Eu torci pela vitória do Brasil.


mostrativo — abrange classes de palavras
cujo papel semântico básico é o de situar porque indica numa situação concreta de
ou inserir os conceitos do primeiro campo comunicação o "falante" ou "emissor"
(simbólico) no universo da comunicação. a
( 1 . pessoa do discurso). Da mesma for-
Como as palavras deste campo apontam, ma, afirmamos que o determinante esse se
assinalam, indicam as PESSOAS DO analisa como dêitico nesta frase:
DISCURSO ou noções relacionadas com
elas, levam a designação de "mostrati- (17) Você matou essa cobra?
vas". Formam o campo mostrativo as se-
guintes classes de palavras: o artigo (que em virtude de apontar em certo discurso
exprime identificação de objetos em rela- um animal ("cobra") relacionado com o
ção às pessoas do discurso), o pronome "ouvinte" ou "receptor" (2. pessoa do a

pessoal (que indica as pessoas do discur- discurso). Igualmente, o advérbio prono-


so), o pronome não-pessoal (que exprime minal ali se interpreta como dêitico no
diversas noções em relação com as pes- contexto abaixo:
soas do discurso), o numeral (que traduz
quantificação precisa de objetos do uni- (18) A luta se travou ali.
verso da comunicação) e o advérbio pro-
nominal (que implica as noções de espaço por exprimir na conversa um ponto do es-
e tempo relativas às pessoas do discurso). paço distante dos interlocutores. Já o ad-
Como resumo, poderíamos representar o vérbio pronomial agora se define como
campo mostrativo pela configuração que dêitico neste exemplo:
se vê a seguir: (19) /Igorcr estou lendo o meu livro predi-
leto.
(15) Campo mostrativo porquanto indica um momento vinculado
ao falante (presente da enunciação).
Todas essas relações dêiticas podem
Artigo ser expressas através de um esquema em
Pronome pessoal forma de reta ou seta vertical, em que a
Pronome não-pessoal extremidade superior indica o referente, e
Numeral a inferior o signo pronominal dêitico:
Advérbio Pronominal
(20) (i) "falante" (ii) "objeto próximo
do ouvinte"
2.2. Dêixis e Anáfora
As partículas pronominais (os signos I t
que compõem o campo mostrativo acima) eu essa cobra
apresentam dois tipos de referência apa- (iii) "ponto tf v) "presente''
rentados: dêixis e anáfora.
distante dos ou "tempo do falante"
Entende-se por dêixis ("ato de apon-
interlocu- í
tar, mostrar", no grego) a relação entre
um signo de natureza pronominal e deter- tores" l
minada função do discurso (isto é, função
de uma situação de comunicação). As
principais funções do discurso giram em ali agora
torno da noção de PESSOA: interlocutor Diferentemente da dêixis, na anáfora
(falante/ouvinte), espaço do discurso e o signo pronominal se reporta a um refe-
tempo do discurso, entre outras funções. rente do discurso através de um sintagma
Assim, dizemos que o pronome pessoal eu pleno ou antedecedente pleno prê-
é dêitico mencionado no mesmo contexto lingüísti-
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co em que ele, signo pronominal, compa- (23) — Seu irmão é muito doente?
rece. Por sintagma pleno se entende um
constituinte complexo da frase que tem — Sim, ele oé (— Ele é isso)
"núcleo nocional" (nome, adjetivo ou onde o pronome demonstrativo anafórico
verbo). Na frase abaixo: o retoma o sintagma adjetivo pleno muito
doente. Esquematizando, ficará:
(21) O cão atacou a moça, mas ninguém a
socorreu.
(24)
a
o pronome pessoal de 3. pessoa a funcio- "qualidade doente"
na como anafórico, porque não indica di-
retamente o referente "moça", mas sim
através do sintagma nominal ou antece-
dente pleno a moça (que tem núcleo nomi-
nal). É a mesma coisa que dizer que o sig- (SINTAGMA ADJETIVO (PRONOME
no pronominal a retoma o sintagma no- PLENO) DEMONSTRATIVO
ANAFÓRICO)
minal pleno a moça e ambos exprimem o
mesmo referente "moça" em certa situa-
ção de discurso. Em outras ocorrências ainda poderá
acontecer que o antecedente pleno seja
Trata-se portanto de uma relação de uma oração (sintagma pleno de núcleo
co-referência, conceito já definido na pri- verbal). É o caso desta frase:
meira parte deste trabalho: consiste no fe-
nômeno semântico em que o mesmo refe- (25) O mundo nos observa, e isso você
rente (a mesma pessoa, o mesmo animal, não pode evitar.
o mesmo objeto do discurso) vem desig-
nado por dois ou mais signos (duas ou em que o pronome demonstrativo isso rei-
mais expressões lingüísticas). tera a oração "o mundo nos observa"
Assim, a anáfora se manifesta como mencionada anteriormente, evitando a
uma relação obrigatória de co-referência. sua repetição pura e simples na posição de
A sua formalização segue como modelo a objeto direto:
configuração proposta para o exemplo (26) O mundo nos observa, e você não po-
(21), em que se toma por base o esquema de evitar que o mundo nos observe.
da dêixis e onde se vê a ramificação deter-
minada pela co-referência:
A frase (25) assume a configuração anafó-
(22) rica seguinte:
"moça" (REFERENTE)

(27)
a moça** "^^^^""""^^^
"o fato 'o mundo nos observar"'

(SINTAGMA (SIGNO
NOMINAL PRONOMINAL
PLENO OU ANAFÓRICO)
ANTECEDENTE
PLENO)

(SINTAGMA ORACIONAL (PRONOME DEMONSTRA-


PLENO) TIVO ANAFÓRICO)
Outra possibilidade de anáfora é
aquela em que um pronome demonstrati-
vo anafórico se associa a um antecedente De modo geral, constata-se que os
pleno de natureza adjetiva (sintagma ad- pronomes pessoais de 1. e 2. pessoa a a

jetivo), como se observa no diálogo se- (que indicam os interlocutores do discur-


guinte so) são necessariamente dêiticos. Já os
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a
pronomes de 3. pessoa (que representam exemplo, ou então o pronome demonstra-
o assunto do discurso) assumem obrigato- tivo, etc). Em caso contrário, empregará
riamente valor anafórico. Quanto aos uma partícula indefinida (o artigo indefi-
pronomes demonstrativos e aos advérbios nido ou o pronome indefinido).
pronominais, têm valor ambíguo: são dêi- A noção de ESPAÇO não significa
ticos ou anafóricos, de acordo com o con- simplesmente qualquer espaço, mas aque-
texto. Mas prevalece para eles a função le vinculado ao discurso, isto é, aos inter-
dêitica. Por outro lado, certos pronomes locutores. Tanto pode referir-se às
(os indefinidos, por exemplo) aparecem posições (relações) de proximidade/dis-
como indiferentes à noção de dêixis ou de tância entre objetos e interlocutores,
anáfora. quanto a pontos ou locais do espaço ocu-
pados pelos interlocutores ou pelos obje-
2.3. Categorias semânticas dos pronomes tos em relação aos interlocutores. No pri-
A decomposição do significado das meiro caso, a noção espacial se especifica
partículas pronominais nos revela catego- como DEMONSTRATIVO e se manifesta
rias ou traços semânticos vinculados ao por meio das partículas pronominais ditas
processo de atualização. Este consiste em demostrativas. No 2.° caso, assume a es-
colocar os conceitos simbólicos ou nocio- pecificação LOCATIVO, que caracteriza
nais (do nome, adjetivo e verbo) sob a os chamados advérbios de lugar.
perspectiva do discurso (de uma situação O TEMPO pronominal (tempo do
concreta de comunicação). discurso) representa uma categoria se-
Essas categorias semânticas prono- mântica que se refere aos "momentos"
minais formam basicamente uma lista pe- em que um fato pode ocorrer, tomando-se
quena, que se poderia ordenar assim: como base o tempo da enunciação ou
tempo do falante (presente ou momento
(28) em que o falante enuncia a frase). Um fa-
TRAÇOS SEMÂNTICOS DAS to pode acontecer durante a enunciação
PARTÍCULAS PRONOMINAIS (presente), antes dela (passado ou pretéri-
(i) P E S S O A to) ou depois dela (futuro). Essas noções
(ii) D E F 1 N I D A D E
lüi) E S P A Ç O
temporais são, via de regra, indicadas pe-
(iv) T E M P O los advérbios de tempo: v.g. agora (pre-
Iv) Q U A N T I F I C A Ç Ã O
(vi) P E S S O A L I D A D E
sente), antes, outrora (passado) e depois
(futuro, posterioridade).
A categoria semântica PESSOA diz O traço semântico temporal também pode
respeito aos "interlocutores do discurso abranger a idéia de "ordem ou sucessão
a
(falante ou 1. pessoa/ouvinte ou 2. pes- a
no tempo" (anterioridade/posteriorida-
soa). Para contraste com eles, também de).
abrange o assunto do discurso" ou o(s) É o que ocorre com o advérbio depois nes-
objeto(s) sobre o(s) qual(is) os interlocu- te exemplo:
a
tores conversam (3. pessoa). Tem função
central, em virtude de condicionar os de- (29) Andei, andei, depoisparei.
mais traços semânticos, como se eviden- A propriedade semântica QUANTI-
ciará a seguir. FICAÇÃO diz respeito à distribuição dos
A característica semântica DEFINI- objetos do discurso em termos conjúnti-
DADE por sua vez implica a "identifica- cos (concepção dos interlocutores). Impli-
ção de objetos do discurso" por parte dos ca as subnoções de "elemento" (artigo in-
interlocutores. Se o falante pressupõe que definido), subconjunto com a idéia de
o ouvinte sabe(rá) identificar o objeto de "um-ou-mais de um" (pronome indefini-
que falam, ele usa(rá) uma partícula pro- do), subconjunto com a idéia de "mais-
nominal definida (o artigo definido, por de-um" (pronome indefinido) e conjunto
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(artigo definido/pronome indefinido). dos pronomes possessivos), REFLEXIVI-


Quando está em jogo a noção de "sub- DADE (atividade/passividade) e NEGA-
conjunto", a categoria genérica "quanti- ÇÃO (que se aplica a certas partículas
ficação" se especifica no traço PARTITI- pronominais, como ninguém, negativo de
VO (que é o indicador de subconjunto). alguém etc).
A categoria semântica PESSOALI- Também não se deve pôr de lado, na
D A D E ou PESSOAL n ã o deve caracterização semântica dos pronomes,
confundir-se com a de pessoa do discurso certos traços sintáticos que tendem a con-
(interlocutores) nem com as de "anima- dicionar o significado dessas partículas: a
do" e "humano". O traço "animado" é FUNÇÃO SINTÁTICA, (O GÊNERO),
próprio dos nomes e se refere aos seres O NÚMERO. Só para ilustrar a implica-
animados (pessoas e animais), em oposi- ção semântica das categorias sintáticas
ção aos inanimados (coisas). Os seres ani- acima, mencionamos o fato de que a no-
mados se dividem por sua vez em huma- ção "sujeito de" envolve a noção semân-
nos (pessoas) e não-humanos (animais). tica "agente de", a idéia de "plural" as-
Isto é o que exprime o esquema abaixo: socia o significado "mais de um".
(30) 3. ANÁLISE SEMÂNTICA DOS PRO-
ANIMADO _
NOMES
HUMANOI "coisas"

"pessdas"^^ "^nflo^pcJsoas"
Antes de proceder à caracterização
(humanos) (animais) semântica específica das partículas prono-
minais, tentaremos na primeira parte des-
O traço PESSOAL(IDADE) concebe ta seção justificar a sua distribuição em
diferentemente os seres do universo do subgrupos, de acordo com o papel sintag-
discurso. Pressupõe dois grupos em que, mático de cada uma. Ficará evidente, no
de um lado, se têm as pessoas (os seres hu- desenvolvimento do presente item, que a
manos ou aqueles concebidos como tais) incidência das categorias semânticas no
e, de outro, as não-pessoas (animais e coi- significado das partículas pronominais
sas). Obedece ao esquema que se vê adian- variará conforme o subgrupo sintagmáti-
te: co a que cada qual pertença.

(31) 3.1. As subclasses de pronomes (sob o


PESSOAL
ponto de vista sintagmático)

O papel sintagmático das partículas


(seres humanos
ou personificados)
(animais e
coisas)
pronominais permite dividi-las em três
subgrupos que precisamos conhecer: de-
O traço PESSOAL se mostra utilíssi- terminantes (Det), pronomes substantivos
mo, quando se trata de distinguir certas (Pron) e advérbios pronominais (APron).
parelhas pronominais, como alguém/ A função básica do determinante è
algo, quem/o que etc. modificar um nome ou substantivo (N),
"atualizando" o seu conceito (isto é, si-
Além dessas categorias semânticas tuando o seu conceito no universo da co-
que acabamos de introduzir (de caráter municação). Por isso o Det sempre acom-
mais genérico), outras existem de nature- panha o nome na cadeia sintagmática da
za específica ou de ocorrência eventual. frase, e o pressupõe mesmo quando o re-
Cão as que implicam INTERROGAÇÃO ferido nome vem implícito.
(própria dos pronomes interrogativos), A seqüência Det + N forma o cha-
POSSE (a relação possuidor/possuido mado sintagma nominal (SN), um consti-
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tuinte básico da frase. Exemplos de sin- (34) (i) A empregada devolveu o anel
tagmas nominais são os que vêm subli- para a patroa.
nhados abaixo:
(ii) A empregada lhe devolveu o
(32) (i) O vento assobia. anel.
(ii) Você percebe este vento!
(iii) Um vento balança as folhas. O pronome substantivo (pessoal) lhe da
(iv) Hoje deverá soprar algum frase transformada (ii) preenche a casa es-
vento. trutural do sintagma.preposicional übjeto
(v) Que vento agita as cortinas? indireto para a patroa, pertencente à frase
(vi) Seu vento virou furacão. inicial (i).
(vii) Dois ventos bastam por hoje. Por esta terceira ocorrência
(viii) A região cujos ventos refres-
cam fica bem ao sul. (35) (i) — Sua irmã parece muito
orgulhosa.
Do exemplos acima se infere que os i
determinantes abrangem as seguintes clas- (ii) — Minha irmã efetivamente o
ses de palavras da gramática normativa é.
usual: artigo, numeral e pronome adjetivo percebemos que o pronome substantivo
(demonstrativo, possessivo, indefinido, (demonstrativo) o assume na frase trans-
interrogativo e o relativo cujo). Advirta- formada (ii) o "espaço" destinado ao sin-
se que entre os determinantes não figuram tagma adjetivo predicativo muito
os adjetivos, palavras que podem modifi- orgulhosa da frase inicial (i). O mesmo fe-
car o substantivo mas não desprovidas da nômeno se dá no conjunto de frases que
"função atualizadora" típica de um Det segue:
(apenas o especificam semanticamente).
O pronome substantivo é uma (36) (i) Você me denunciou à polícia, e
partícula que ocupa a casa estrutural de eu não lhe perdôo você ter me
sintagmas inteiros, aparecendo sozinho denunciado à policia.
(sem substantivo) e assumindo a função I
sintática por eles exercida. Assim é que o (ii) Você me denunciou à polícia, e
pronome substantivo pode preencher o lu- isso eu não lhe oerdôo.
gar de um sintagma nominal (sujeito, ob- onde o pronome substantivo (demonstra-
jeto direto, predicativo etc), de um sin- tivo) isso, do subconjunto transformado
tagma nominal precedido de preposição (ii), ocupa a posição de objeto direto
ou sintagma preposicional (objeto indire- antes ocupada pela oração substantiva
to, adjunto adverbial etc), de um objetiva direta (sintagma oracional) você
sintagma adjetivo ou de um sintagma ter me denunciado à polícia, que aparece
oracional (oração). Na parelha de frases no subconjunto (i).
que se seguem: Os pronomes substantivos compreen-
de tradicionalmente dois grupos: pessoais
(33) (i) O canário canta bonito. e não-pessoais (demonstrativos, indefini-
dos, interrogativos e relativos).
i a
A 3. subclasse de partículas prono-
(ii) Ele canta bonito. minais — os advérbios pronominais —
o pronome substantivo (pessoal) ele toma corresponde a pronomes substantivos que
o lugar do sintagma nominal sujeito têm por função específica preencher a ca-
(SN| o canário da frase (i), assumindo co- sa estrutural de sintagmas preposicionais
mo este a função de sujeito na frase (ii). com o papel sintático de adjunto adver-
Neste outro exemplo: bial. É o que se infere das frases seguintes:
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(37) (i) Eu moro neste prédio. denotam a proximidade (a familiaridade)


I do objeto ou ente POETA com os interlo-
(ii) Eu moro aqui. cutores, aquele sugere distância. Por ou-
ocorrência em que o advérbio pronominal tro lado, na frase (iv), o indefinido algum
de lugar aqui assume o papel de sintagma (em algum poeta) agrava a falta de identi-
preposicional (adjunto adverbial de lugar) ficação do objeto com a noção ambígua
neste prédio da frase inicial. "um-ou-mais" (subconjunto não-
Entre os advérbios pronominais se identificado) de um conjunto maior não-
incluem os de "lugar", os de "tempo" e específicado.
os advérbios de "modo" assim e como. Na frase (v), os interrogativos
que/qual envolvem igualmente a não-
3.2. A significação dos determinantes identificação do objeto pelos interlocuto-
res. Na verdade, o determinante interro-
Para encontrar os traços semânticos gativo é equivalente do indefinido algum,
que caracterizam a significação dos deter- pois aceita desdobrar-se em QU + A L -
minantes, consideremos o conjunto de GUM. Assim traz em seu significado a
frases abaixo: idéia de subconjunto ambíguo ("um-ou-
mais"), e ainda a noção específica de IN-
(38) (i) O poeta redigiu a carta.
TERROGATIVO. Quanto ao determi-
(ii) Um poeta redigiu a carta. nante relativo cujo (em cuja carta), Da
(iii) Este (esse/aquele) poeta redi- frase (vi), observa-se que retoma um ante-
giu a carta. cedente já identificado (REI). Assim,
(iv) Algum poeta redigiu a carta. pressupõe o traço DEFINIDO e o traço
DEMONSTRATIVO (orientação espacial
(v) Que (qual) poeta redigiu a car- para o antecedente).
ta?
Com base nos dados levantados nes-
(vi) O rei cuja carta o poeta redigiu sa análise, torna-se possível apontar os
desapareceu para sempre. traços semânticos que caracterizam os de-
O conjunto acima envolve o uso con- terminantes:
trastivo de determinantes cujo alcance va-
mos analisar agora. Na frase (i), o artigo (39) (i) DEFINIDO ("identificação
definido o (em o poeta) indica tratar-se de dos objetos da comunicação
um POETA identificado pelos interlocu- pelos interlocutores")
tores. Implica ainda mais a idéia de ser (ii) DEMONSTRATIVO ("orien-
único, específico (conjunto unitário), na tação espacial" em relação, via
situação de comunicação em causa. Já na de regra, com as pessoas do
frase (ii), o artigo indefinido um (em um discurso)
poeta) sugere um ser não-identi ficado pe- (iii) PROXIMIDADE ("posição
los interlocutores (ou ao menos pelo ou- perto ou não dos interlocuto-
vinte). Indica também a noção de um ele- res")
mento qualquer de um conjunto numero- (iv) PARTITIVO (distribuição ou
so não-específicado (Isto, no singular). não dos objetos do discurso em
Na frase (iii), a série demonstrativa subconjuntos)
este/esse/aquele (em este (esse/aquele (v) TRAÇOS ESPECÍFICOS:
poeta) indica haver em jogo, além da
identificação do ente POETA pelos inter- ' INTERROGATIVO
locutores, certa orientação espacial (posi- RELATIVO
ções do espaço em relação às pessoas do • (E mais: POSSE, NEGATI-
discurso), o que se exprime pelo traço DE- VO, não incluídos na análise
MONSTRATIVO. Enquanto este e esse acima)
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Podemos agora construir as matrizes de (40) (i) [ + definido] -» [± demons


traços semânticos de cada série de deter- trativo]
minantes. Para esse fim adotaremos o cri- (ii) [ + demonstrativo] [± pró
tério de traços contrastivos mencionado ximo]
na primeira parte deste trabalho. Lembra- (iii) [- definido] -» [± partitivo]
mos que os traços semânticos supra são
hierarquizados, isto é, uns traços depen- onde se lê a seta como "especifica-se
dem de outros ou são especificações de em".
outros. É o que se exprime abaixo para os A seguir daremos as matrizes de tra-
traços que acabamos de indicar: ços semânticos. A elas adicionaremos os
traços sintáticos de gênero e número para
melhor caracterização dos determinantes.

SÉRIE DEFINIDA
(41)
0 este esse aquele

+ Det + Det + Det + Det


+ Def + Def + Def + Def
- Dem + Dem + Dem + Dem
± Mase + Próx. I + Próx. I I - Próx
± Plur ± Mase ± Mase ± Mase
± Plur ± Plur ± Plur

(42) SÉRIE INDEFINIDA


algum nenhum todo
um
+ Det + Det + Det + Det
- Def - Def - Def - Def
± Part + Part + Part - Part
± Mase •± Mase + Neg ± Mase
± Plur ± Plur ± Mase ± Plur
± Plur

(43) SÉRIE INTERROGATIVA (44) SÉRIE RELATIVA


CUJO
quer qual
~ Det" T Det -
Det
- Def - Def + Def
+ Part + Part + Dem
+ Inter - Próx
+ Inter
± Plur + Posse
+ Rei
Rei
± Mase
+ Plur

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Nada falamos do Det Possessivo e do sujeito (eu/nós, tu/vós, você/vocês,


Det Numeral, que praticamente só apre- ele/eles) e o dos pronomes do caso
sentam traços específicos. São indiferen- obliquo, que assumem a função de sintag-
tes ao traço DEFINIDO (combinam-se ma nominal objeto direto ou de sintagma
com as séries definida e indefinida). O preposicional objeto indireto / adjunto
possessivo é provido do traço POSSE (da adverbial (me/nos, te/vos, o/os,
a a a
1. , 2. ou 3. pessoas), o numeral do tra- lhe/lhes...).
ço ± partitivo (indica quantificação de- Dentro da série oblíqua temos ainda
terminada). uma subdivisão com base na tonicidade e
no contexto sintagmático: pronomes
3.3. A significação dos pronomes pes- oblíquos átonos (como me/nos/...), que
soais dependem do acento tônico do verbo e ex-
cluem a preposição; pronomes oblíquos
Os pronomes pessoais compreendem tônicos, que têm tonicidade própria e são
séries complexas que se organizam toman- precedidos de preposição (de mim/de nós
do como pontos de referência duas noções etc.) Ainda nessa linha de esclarecimento,
de diversa natureza: a categoria semântica observa-se que os pronomes do caso
a
PESSOA e a categoria não-semântica oblíquo átono de 2. pessoa (tratamento
FUNÇÃO SINTÁTICA. "você") coincidem em forma com os cor-
a
A noção primordial de pessoa divide- respondentes da 3. pessoa (tratamento
se em três séries: a série do falante ou 1. a
"ele"). Quando necessário, nós os distin-
a
pessoa (eu/nós/...), a do ouvinte ou 2. a
guiremos pelo índice sotoposto 2 (2. pes-
a
pessoa (tu/vós/... ou você/vocês...) e do soa) e 3 (3. pessoa).
assunto (ele/eles...). Em cada série dessas
a função sintática cria dois novos subgru- O quadro que se segue resume às con-
pos: o dos pronomes do caso reto, que siderações que acabamos de fazer sobre os
preenchem a função de sintagma nominal pronomes pessoais:
(45) P R O N O M E S PESSOAIS
(na N O R M A - P A D R Ã O )

Pessoa
1 II III
(falante) (ouvinte) (assunto)
Função
Sintática

+ Sujeito eu tu
você ele
( + SN,) nós vós

+ O b j . Direto
( + SN ) 2

- o

± O b j . Direto me te
se
± SN 2
nos vos

(...)mim (...)ti lhe


(...)si
- Obj. Direto (co)migo (con)tigo (con)sigo

(± SP,) (...)nós (...)vós


(...)você (...)ele
(co)nosco (con)vosco

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Além do traço semântico PESSOA, Implicam por essa razão o traço PES-
os pronomes pessoais são providos de SOAL positivo ( + Pessoal). Por outro,
a
duas outras categorias semânticas impor- os pronomes de 3. pessoa tanto se refe-
tantes: DEFINIDADE e PESSOALIDA- rem a humanos, quanto a não-humanos.
DE). Por princípio, como os pronomes Levarão, assim, o traço complexo ± Pes-
pessoais designam os próprios interlocu- soal.
tores (falante/ouvinte) ou os objetos dos Com base em tais ponderações, fare-
quais eles falam (assunto), admite-se que mos, a título de exemplo, as matrizes de
sejam todos dotados do traço definido (is- traços da série pronominal do falante. A
to é, refiram-se a seres identificados). Sob elas acrescentaremos os traços de FUN-
outro ângulo, os pronomes pessoais de ÇÃO SINTÁTICA e NÚMERO, que dão
a a
l . e 2. pessoas envolvem a função de forma acabada ao complexo de traços. A
"interlocutor", papel que só os seres hu- noção de pessoa é indicada por algarismos
manos ou personificados podem assumir. romanos:

(46) SÉRIE DO FALANTE

eu me (...)mim (co) migo


i
+ Pron f Pron + Pron + Pron
I I I I
+ Def + Def + Def + Def
- Dem - Dem - Dem - Dem
+ Pessoal + Pessoal + Pessoal + Pessoal
+ Suj - Suj - Suj - Suj
^_Plur [ ±OD - OD - OD
- Plur - Plur - Plur

3.4. Pronomes não-pessoais ticos importantes dos referidos determi-


nantes. Apenas diferem destes por encer-
Os pronomes substantivos não- rarem eles próprios conceitos substantivos
pessoais têm como característica o fato de atualizados, em lugar de situarem no dis-
indicarem, não as pessoas do discurso, curso o conceito do substantivo que os
mas objetos (entes) relacionados com acompanhe (como fazem os determinan-
elas. Assim acontece na frase seguinte: tes). Trazem a mais o traço semântico
PESSOAL e são indiferentes à noção de
a
(47) Você rasgou isso. (O falante aponta PESSOA (ficam genericamente numa 3.
um livro que está nas mãos do ouvin- pessoa neutra).
te).
em que o pronome substantivo demons- Levando em conta as quatro séries
trativo isso evoca, não o ouvinte, mas um que os pronomes não-pessoais abrangem
objeto próximo ou nas imediações dele. (demonstrativos, indefinidos, interrogati-
São pronomes que apresentam uma vos e relativos), podemos formar as suas
semelhança acentuada com os determi- matrizes de traços. Antes ressaltemos que
nantes analisados em 3.2. Implicam as só os pronomes relativos distinguem fun-
mesmas subclasses e alguns traços semân- ção sintática.

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1984.

(48) SÉRIE DEMONSTRATIVA

(i)
ISSO aquilo
^ 1l 1
+ Pron
' Pron + Pron
+ Def + Def + Def
+ Dem + Dem + Dem
+ Próx. I + Próx. I I - Próx.
- Pessoal - Pessoal - Pessoal
+ Mase + Mase + Mase
- Plur - Plur - Plur

SÉRIE INDEFINIDA
(ii) algo nada alguém ninguém tudo
~Pron + Pron T Pron -
T"Pron + Pron
- Def - Def - Def - Def - Def
+ Part + Part + Part + Part - Part
- Pessoal + Pessoal + Pssoal + Inter - Pessoal
+ Mase + Neg + Mase - Pessoal + Mase
- Plur + Mase - Plur + Mase - Plur
- Plur - Plur

(iii) SÉRIE INTERROGATIVA


(O) que? quem?
I
+ Pron
- Def
+ Part
+ Inter
- Pessoal
+ Mase
- Plur

(iv) SÉRIE RELATIVA


que (...) quem
1
"PPron "+~Pron
+ Def + Def
+ Dem + Dem
+ Rei + Rei
= Pessoal + Pessoal
- Suj - Suj
- OD

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1984.

3.5. Advérbios pronominais É inegável a semelhança entre os ad-


vérbios de lugar e os pronomes demons-
Como vimos na seção 3.1., os advér- trativos. Enquanto estes exprimem apenas
bios pronominais são pronomes substan- posições de proximidade com as pessoas
tivos que equivalem exclusivamente a sin- do discurso, os advérbios de lugar indi-
tagmas preposicionais (com a função de cam os próprios locais de proximidade ou
adjunto adverbial). Do ponto de vista se- distância com elas. Assim, os advérbios
mântico se assinalam pela presença em de lugar incluirão o traço LOCATIVO em
seu significado das categorias semânticas vez de DEMONSTRATIVO. O traço
específicas ESPAÇO (LUGAR), TEMPO PROXIMIDADE será indicado para am-
eMODO. bos:

(49) aqui aí lá

~+ Pron~" T Pron * + ProrT


+ Def + Def + Def
+ Loc + Loc + Loc
+ Próx.I + Próx. I I - Próx.
- Suj. - Suj. - Suj.
_- OD _ - OD OD_

Os advérbios de tempo trazem uma Assim a categoria TEMPO, para estes ad-
orientação para o discurso, que se mani- vérbios, se especificará no de PROXIMI-
a
festa de modo diferente. Podem indicar o DADE (com a l . pessoa). Se esta for ne-
tempo da falante (da enunciação) ou um gativa, deverá se desdobrar no traço de
momento afastado dele (antes ou depois). ANTERIORIDADE:
(50) agora ontem amanhã

"+ Pron + Pron "+ Pron
+ Def + Def • Def
+ Tempo + Tempo + Tempo
+ Próximo - Próximo - Próximo
- Suj + Anterior - Anterior
- OD - Suj - Suj
L- OD ^ OD _
Os advérbios de modo (assim/como) INDEFINIDO para o interrogativo
se individualizam pelo traço MODO, que como!
pode ser DEFINIDO no caso de assim e
(51) assim como?
-
"+ Pron" + Pron
+ Def - Def
+ Modo + Part
+
- Suj Modo
- OD - Suj
_ OD _

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CONCLUSÕES cutores do discurso vs. objetos do discur-


so), DEFINIDADE (identificação de ob-
(1) A semântica gramatical, campo onde jetos por parte dos interlocutores), ESPA-
se enquadra o estudo da significação dos ÇO (posições e pontos do espaço do dis-
pronomes, preocupa-se com o significado curso em relação com os interlocutores),
das palavras gramaticais (pronomes, pre- TEMPO (tempo da enunciação e momen-
posições, conjunções), com a interpreta- tos do ponto de vista do falante), QUAN-
ção semântica dos mecanismos gramati- TIFICAÇÃO (concepção dos objetos do
cais (gênero, número, modo, tempo) e dos discurso em termos de elemento, subcon-
fenômenos sintáticos. Também se volta junto e conjunto), PESSOALIDADE
para análise das categorias semânticas ge- (distinção entre pessoas, seres humanos, e
rais que compõem o significado das pala- não-pessoas).
vras lexicais. (5) As partículas pronominais se subdivi-
(2) A natureza semântica dos pronomes dem em três subclasses: determinantes,
os individualiza como palavras de pronomes substantivos e advérbios pro-
comunicação por excelência. Sua função nominais. Os determinantes atualizam
semântica básica é a de situar os conceitos nomes ou substantivos (colocam-nos sob
materiais (léxicos) no universo do discur- a perspectiva do discurso). Caracterizam-
so. se pela oposição entre DEFINIDO e I N -
DEFINIDO.
(3) Dois são os tipos de referência que os Os pronomes substantivos ocupam a
pronomes apresentam: dêixis e anáfora. casa estrutural de sintagmas (nominal,
Dêixis é a relação entre um signo prono- preposicional, adjetivo e oracional). Os
minal e a função que ele indica na situa- pronomes pessoais se assinalam pela no-
ção de comunicação. Anáfora consiste na ção de PESSOA (e FUNÇÃO SINTÁT1
relação de co-referência em que um pro- CA). Os pronomes não-pessoais, semanti
nome retoma um sintagma pleno mencio- camente, guardam semelhança com os de-
nado anteriormente no contexto, e ambos terminantes.
— sintagma pleno e sintagma pronominal Os advérbios pronominais são pro-
— evocam um referente no plano do dis- nomes substantivos com função específi-
curso. ca: equivalem a sintagmas preposicionais
(4) O significado de um pronome se ana- (com a função de adjunto adverbial). São
lisa em diversas categorias semânticas marcados pelos traços semânticos de LU-
atualizadoras, a saber: PESSOA (interlo- GAR (LOCATIVO), TEMPO e MODO.

C A R V A L H O , N . F . de — Grammatical semantics: the meaning of the pronouns. Alfa, S ã o Paulo,


28:43-62, 1984.

ABSTRACT: This study analizes the meaning of the pronominal particles including the determi-
ners, the pronouns and the pronominal adverbials. The critérium of the contrastive features is used for
this analysis (Chomsky, 2). The results of the work show that semantic categories of the pronouns (lato
sensuy are associated to the notions of DEFINITENESS and PERSONS OF SPEECH, in any way.
KEY- WORDS: Meaning; semantic feature; deixis and anaphora; definite; person of speech.

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C A R V A L H O , N . F . de — Semântica gramatical: a significação dos pronomes. Alfa, São Paulo, 28:43-62,
1984.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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