A importância da água grau reagente no laboratório clínico
SIGNIFICADO DA ÁGUA GRAU REAGENTE NO LABORATÓRIO
A água de grau reagente (AGR) é aquela adequada para o uso em um
procedimento especificado no laboratório clínico, de modo a não interferir na especificidade, na exatidão e na precisão do método. Os seus contaminantes podem alterar os resultados dos exames laboratoriais, produzindo eventuais erros e até mesmo falhas no desempenho de equipamentos analíticos. Nos sistemas de qualidade de laboratórios de excelência, exige-se o monitoramento regular dos parâmetros de qualidade da água mais relevantes e recomenda-se a opção por soluções de purificação de água que possam ser validadas e qualificadas.
APLICAÇÕES DO USO DA ÁGUA GRAU REAGENTE
Gerais: reconstituição de reagentes e de controles liofilizados, diluições de reações, soluções brancas ou padrões, preparação de padrões, preparação de soluções de enxágue e de tampões, confecção de meios de cultura, titulometria, alimentação de analisadores automatizados, lavagem, sanitização e recuperação de utensílios; Colorações e preparo de corantes: a AGR é um fator crítico de sucesso, seja na produção de corantes, seja nas colorações em geral do laboratório; Microbiologia: sua utilização ocorre na confecção de meios de cultura, na coloração de lâminas para a bacterioscopia, na espectrometria de massas (tipo MALDI-TOF MS – matrix-assisted laser desorption ionization time-of-flight mass spectrometry) e no processo de autoclavação. O nível de bactérias deve ser reduzido o máximo possível, já que as bactérias podem ser uma fonte de interação em vários ensaios, incluindo-se dosagens de ácido fólico, ensaio de cálcio e imunoensaios; Eletrodo íon seletivos: as análises cujas metodologias baseiam-se nos eletrodos íon seletivos, por exemplo, para cálcio iônico, sódio, potássio, cloretos e lítio, requerem o uso de AGR com baixas concentrações eletrolíticas; portanto, são de baixa condutividade e alta resistividade; Medidas de atividades enzimáticas: para esses processos, a especificação é utilizar água com baixa contagem de bactérias, alta resistividade e baixo nível de carbono orgânico total; • Imunoensaios: os imunoensaios enzimáticos são particularmente sensíveis à qualidade da água. Ficou demonstrado que a água purificada com ultrafiltração para remover a fosfatase alcalina; portanto, é a escolha preferida para executar imunoensaios em condições ideais; Espectrometria de absorção atômica: a concentração de metais pesados em doenças ocupacionais, bem como os níveis de metais utilizados no tratamento do câncer, por exemplo, é monitorada usando-se espectrofotometria de absorção atômica e instrumentos inductively coupled plasma mass spectrometry (ICP-MS). A análise de metais no nível do traço requer o uso de água de alta pureza, livre de íons; Biologia molecular: nos testes de biologia molecular, a água precisa estar livre de endotoxinas e proteínas (p. ex., RNases, DNases e proteases), porque essas enzimas catalisam a hidrólise de moléculas de RNA e DNA tornando-as instáveis. A ultrafiltração é o melhor método de remoção de RNases e endotoxinas; Automação laboratorial: os materiais particulados devem ser removidos para evitar o entupimento das agulhas e de tubulações de analisadores automatizados. Embora a qualidade da água seja importante nos ensaios, a distribuição de água para os analisadores automatizados e em outras aplicações nos laboratórios deve ser considerada também.
TIPOS DA ÁGUA GRAU REAGENTE
A Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) (RDC 302/2005) preconiza que o laboratório clínico, em sua fase analítica, deve 108 definir o grau de pureza da AGR utilizada em suas análises, a forma de obtenção e o controle da qualidade. Há várias organizações que especificam normas sobre a AGR, a fim de minimizar sua interferência nos ensaios laboratoriais, como American Society for Testing and Materials (ASTM), ISO 3696 e Clinical and Laboratory Standards (CLSI), pelo documento GP 40-A4-AMD – Preparation and testing of reagente water in the clinical laboratory (a classificação mais empregada em nosso país). Os tipos são clinical laboratory reagent water (CLRW), special reagent water (SRW) e instrumental feed water (IFW). Relembrando as classificações adicionais: água para autoclave e lavagem, água fornecida pelo fabricante do método e água purificada fornecida envasada comercialmente – o usuário deve tomar cuidado com a degradação da água quando estocada e deve validar os parâmetros da CLRW ao longo do tempo de utilização dessa água. Nos testes de diagnósticos in vitro (IVD), a água é utilizada no preparo dos reagentes, mas também na realização dos ensaios, interferindo nos resultados e, consequentemente, nas decisões médicas, mostrando a importância de definir o tipo adequado para cada uso dentro do laboratório clínico. No geral, a qualidade da água deve ser a seguinte: • Alta resistividade, garantindo a ausência de íons; • Valores baixos de compostos orgânicos totais (TOC), garantindo baixa concentração de compostos orgânicos; • Sem partículas e sem bactérias; • Água pura ou ultrapura é fornecida com um filtro final de tela de 0,22 mcm.
RISCOS DE CONTAMINAÇÃO PELA AGR INADEQUADAMENTE
CONTROLADA
Nas dosagens espectrofotométricas
Nas técnicas moleculares Next generation sequencing (NGS) à base de fluorescência Na espectrometria de massas e cromatografia Na espectrometria de massas tipo MALDI-TOF Na microbiologia Na parasitologia