Você está na página 1de 5

Resenha crítica de Culturas Populares 1

Isabela Lima de Oliveira Vieira

Isabela Lima de Oliveira Vieira


2023.2

Marginalização das Artes Populares

Resenha crítica apresentado ao Instituto


Federal do Rio de Janeiro apresentado na
disciplina de Culturas Populares 1
ministrada pelo Prof Fernanda Del Valhas
Piccolo

Instituto Federal do Rio De Janeiro - IFRJ Nilópolis


Sabe-se que os elementos artísticos brasileiros são essenciais para
preservação e valorização da identidade cultural da nação. Para que seja possível
discutir as problemáticas da arte popular, é necessário compreender os pontos de
convergência acerca do folclore e cultura popular.

O folclore, influenciado pelo movimento romântico enfatizou a oposição à


cultura de elite construído a partir de paradigmas tradicionais do conhecimento
popular. (CAVALCANTI, MARIA. 2002). A discussão dessa questão é amplamente
abordada por Carlos Rodrigues Brandão em que é possível retirar a essência
simbólica diante da citação:

“Na cabeça de alguns, folclore é tudo o que o homem do povo


faz e reproduz como tradição. Na de outros, é só uma pequena
parte das tradições populares. Na cabeça de uns, o domínio do
que é folclore é tão grande quanto o do que é cultura. Na de
outros, por isso mesmo folclore não existe e é melhor chamar
cultura, cultura popular o que alguns chamam folclore”.

Sendo, assim, a partir da afirmação, entende-se que o folclore está intrínseco


na cultura popular, e a cultura popular sob o mesmo efeito no folclore.

O folclore teve, como destaque, importantes pensadores e intelectuais que


impactaram a sociedade brasileira, como o Amadeu Amaral e, principalmente, Mário
de Andrade. Deste modo, A influência dos ideais originou a chamada “Sociedade de
Etnografia e Folclore”, juntamente com o Instituto de Patrimônio Artístico e Histórico
Nacional. Com isso, obteve-se grandes contribuições para o mundo das artes que
envolveu as artes plásticas, música e danças brasileiras. O folclore e a cultura
popular são frequentemente considerados parte do patrimônio imaterial, pois
representam aspectos culturais que são transmitidos oralmente e por meio de
práticas, não sendo objetos físicos. Considera-se que cultura popular e o folclore
abrangem o patrimônio imaterial, em razão da crença de representarem elementos
culturais transmitidos, majoritariamente, via oral. A interconexão entre os dois parte
do folclore ser uma inserção relevante da cultura popular. Contudo, ambos, por sua
vez, contribuem para o patrimônio material e imaterial de uma nação, transmitindo
conhecimento e valores ao longo de seu processo histórico (ROCHA, GILMAR.
2009).

No livro “Traçando fronteiras” de Florestan Fernandes e a marginalização do


folclore, o autor retrata que o folclore, na sociedade brasileira, é frequentemente
desvalorizado, da mesma forma em que as elites culturais valorizam mais a cultura
erudita. É argumentado por Fernandes que essa problemática é desencadeada pelo
reflexo das desigualdades sociais e a falta de valorização das culturas populares,
muitas vezes enquadradas como “primitivas”. A obra sinaliza que a não preservação
do folclore, prejudica a integridade da identidade brasileira, visto que é apresentado
como um alvo de análise para compreender a perspectiva brasileira e fatos
históricos. Na sua visão, a cultura popular, juntamente com o folclore, é considerado
uma forma de expressão cultural autêntica, a fim de promover um combate da
marginalização da cultura popular.

A partir da discussão da identidade do povo brasileira e as influências


políticas-ideológicas deram origem ao chamado “Centro Popular de Cultura”. O
chamado CPC, utilizava a arte como uma ferramenta de ação política. Através do
atrelamento entre a política e arte, os artistas transformaram o conceito da cultura
popular como um papel revolucionário (CATENACCI, 2001). Além disso, a arte
popular se transcreve como uma diversidade de formas de expressões artísticas que
refletem na história brasileira, como por exemplo o forró brasileiro, contos
populares, carnaval.

No brasil, há uma variedade de linguagens artísticas que sofreram com a


hierarquia cultural criada pela colonização, contudo contribuem para a parte vital da
diversidade brasileira. A poesia popular, como a literatura de cordel, consiste em
rimas e métricas focalizadas nas raízes do nordeste do Brasil. Essa arte popular foi
inferiorizada, por muitos anos, em razão da comparação e hierarquia comparada
com a literatura erudita. Assim como a música folclórica regional, tal como o
maracatu, frevo, forró, baião e demais estilos e gêneros musicais que foram
profundamente rebaixados em segundo plano em contraste à música comercial
“mainstrem”. Outros artes populares como o artesanato tradicional e a literatura oral
também foram continuamente descartadas da importância cultural.
Resulta na desintegração da identitária da país, na qual alavanca a perda de
tradições culturais essenciais para a nação. Ademais, é imprescindível a importância
dos artistas e artesãos brasileiros presentes no mercado, contudo, a desvalorização
das artes populares, em geral, permitem um menor reconhecimento de seus
trabalhos, além de afetar consideravelmente as condições econômicas dos
indivíduos. O conflito identitário prejudica a preservação e desigualdade cultural,
capaz de fragilizar os patrimônios imateriais nacionais.

Portanto, a discussão sobre o folclore e a cultura popular revela a complexa


interconexão entre esses elementos na construção da identidade cultural de uma
sociedade. O folclore desempenha um papel vital na preservação das tradições e na
expressão autêntica das comunidades, enquanto a cultura popular está em
constante evolução, influenciada por mudanças sociais e políticas. A marginalização
do folclore e das artes populares reflete desigualdades sociais e ameaça a
integridade da identidade nacional. É fundamental reconhecer e valorizar essas
expressões culturais, não apenas como patrimônio imaterial, mas também como
parte essencial da diversidade e riqueza cultural de uma nação.

Referências Bibliográficas
ROCHA, Gilmar. Cultura popular: do folclore ao patrimônio. Mediações • v. 14, n.1, p.
218-236, Jan/Jun. 2009.

CAVALCANTI, M. L. V. de Castro. Entendendo o folclore e a cultura popular. Rio de


Janeiro, março de 2002. Texto produzido especialmente para o Centro Nacional de Folclore e
Cultura Popular. Disponível em: http://www.cnfcp.gov.br/interna.php?ID_Secao=100

BRANDÃO, C.R. Folk-lore, folklore, folclore: existe? In:____. O que é folclore. São Paulo:
Brasiliense, 1982. p.22-48 Disponível em: https://docero.com.br/doc/e8xc8.

CAVALCANTI, M.L., VILHENA, L.R.P. Traçando fronteiras. Florestan Fernandes e a


marginalização do folclore. In: CAVALCANTI, M. L. (org) Reconhecimentos: Antropologia,
folclore e cultura popular. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2012. P. 102 a121 Disponível em:
http://www.cnfcp.gov.br/pdf/Maria_Laura/CNFCP_Tracando_Fronteiras_Maria_Laura_Caval
canti.pdf
CATENACCI, V. Cultura Popular: entre a tradição e a transformação. SÃO PAULO EM
PERSPECTIVA, 15(2) 2001 Disponível em <https://www.scielo.br/pdf/spp/v15n2/8574.pdf>

Você também pode gostar