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INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS À TOXINA BOTULÍNICA NA


BIOMEDICINA ESTÉTICA

Eduarda Teixeira Moreira1, Julia Christine Kuhn2, Maria Eduarda de Luca3, Maria Fernanda
de Souza Lara4, Maria Luiza Pereira5

RESUMO

O presente estudo aborda as intercorrências associadas ao uso da toxina botulínica (TB), indicada
principalmente para rugas dinâmicas. O objetivo é apresentar técnicas, considerar variáveis e discutir
intercorrências para garantir a execução segura. A pesquisa é uma revisão integrativa sobre
intercorrências na estética relacionada a toxina botulínica, utilizando como pergunta norteadora:
"Principais intercorrências na aplicação da toxina botulínica?". A mesma, envolveu a análise de vários
artigos, sendo aplicados critérios específicos como a aplicação das palavras chaves: Toxinas
Botulínicas; Clostridium botulinum; Estética e Efeitos Adversos, na seleção dos resultados relevantes a
partir das bases de dados SCIELO, GOOGLE SCHOLAR, MEDLINE e LILACS, resultando em 35
conteúdos. Após um processo de exclusão com critérios como textos incompletos ou não disponíveis e
falta de alinhamento com a temática, cinco artigos foram identificados como pertinentes para o
desenvolvimento da pesquisa. Diante da necessidade de assegurar uma prática com baixas chances de
intercorrências, busca-se garantir que o procedimento seja executado com máxima segurança,
promovendo uma prática estética responsável e eficiente na utilização da toxina botulínica.

Palavras-chave: Toxinas Botulínicas; Clostridium botulinum; Estética, Efeitos Adversos.

ABSTRACT

The present study addresses complications associated with the use of botulinum toxin (BT), primarily
indicated for dynamic wrinkles. The objective is to present techniques, consider variables, and discuss
complications to ensure safe execution. The research is an integrative review on complications in
aesthetics related to botulinum toxin, using the guiding question: "Major complications in the
application of botulinum toxin?" It involved the analysis of various articles, applying specific criteria
such as the keywords Botulinum Toxins, Clostridium botulinum, Aesthetics, and Adverse Effects in
selecting relevant results from the SCIELO, GOOGLE SCHOLAR, MEDLINE, and LILACS
databases, resulting in 35 contents. After an exclusion process with criteria such as incomplete or
unavailable texts and lack of alignment with the theme, five articles were identified as relevant for the
research. In light of the need to ensure a practice with low chances of complications, efforts are made
to ensure that the procedure is carried out with maximum safety, promoting a responsible and efficient
aesthetic practice in the use of botulinum toxin.

Key-words: Botulinum Toxins; Clostridium botulinum, Esthetics, Adverse Effects.

1 Graduanda de Biomedicina - Centro Universitário SOCIESC de Blumenau - e-mail: eduardatm.moreira@gmail.com


2 Graduanda de Biomedicina - Centro Universitário SOCIESC de Blumenau - e-mail: kuhn_julia@hotmail.com
3 Graduanda de Biomedicina - Centro Universitário SOCIESC de Blumenau - e-mail: duds.luca@gmail.com
4 Graduanda de Biomedicina - Centro Universitário SOCIESC de Blumenau - e-mail: mariasouzadl@hotmail.com
5 Graduanda de Biomedicina - Centro Universitário SOCIESC de Blumenau - e-mail: marialpereira07@gmail.com
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1. INTRODUÇÃO

A busca pela beleza e pela juventude eterna é uma aspiração presente na humanidade
ao longo dos séculos. No entanto, nos últimos anos, os avanços na medicina estética
proporcionaram maneiras revolucionárias de atingir esses objetivos de forma segura e eficaz.
Nesse contexto, a toxina botulínica surgiu como uma protagonista no campo da biomedicina
estética facial (Gouveia; Pontes; Sobrinho, 2020).
De acordo com Testoni e Lino (2022 apud Gouveia; Ferreira Pontes; Rocha Sobrinho,
2022), a Toxina Botulínica é uma neurotoxina medicamentosa, proveniente do Clostridium
botulinum, responsável pelo botulismo. Possui 7 sorotipos diferentes, variando com o tamanho
molecular e mecanismos celulares. Porém, somente os sorotipos A e B estão disponíveis para
uso clínico, sendo a toxina botulínica tipo A, a mais utilizada.
O botulismo é uma doença causada pelas neurotoxinas da bactéria Clostridium
botulinum, transmitida por alimentos, água contaminada ou toque de superfícies contaminadas.
Embora a toxina botulínica seja produzida pela mesma bactéria, seu uso estético é seguro, pois
é purificada e aplicada em doses controladas. O risco de botulismo associado ao botox é raro,
dependendo da quantidade aplicada e da experiencia do profissional (Pérez; Rubio; Pozuelo;
Revert; Hardisson, 2013)
Em 1989, a Federal Drug Administration (FDA), órgão que controla o registro de
medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, liberou o uso da toxina botulínica para o
tratamento do estrabismo (Oliveira, 2019 apud Sposito, 2009). Em 2001, a substância foi
aprovada para o tratamento da hiperidrose no Reino Unido. E em 2002, a FDA autorizou o uso
da toxina botulínica para melhorar a aparência das rugas de expressão. Em 2010, por meio da
biomédica Ana Carolina Puga, no Brasil, os biomédicos obtiveram autorização para atuar na
área da estética em procedimentos invasivos como carboxiterapia, intradermoterapia e
laserterapia através da Resolução Nº 200, de 01 de julho de 2011. Mas somente em 2012, com
a Resolução Nº. 214, de 10 de abril de 2012 do CRMB, foram autorizados a trabalhar com
preenchedores de ácido hialurônico e toxina botulínica (CRBM, 2011). Atualmente, somam-
se quase 7 milhões de injeções por ano, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica, sendo a toxina botulínica, o procedimento estético mais realizado do mundo. (Veja,
2023)
A principal indicação desse procedimento estético é a aplicação em rugas dinâmicas,
linhas que se formam pela contração muscular. Aparecem ao realizarmos os movimentos de
expressão como sorrir, chorar ou se assustar. Como consequência destas contrações, surgem
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rugas em locais como: testa, entre as sobrancelhas e os pés de galinha. Com a repetição da
contração muscular no decorrer do tempo e com a consequente dobra da pele sempre no mesmo
lugar, as rugas dinâmicas acabam se tornando permanentes e ficam sempre aparentes. Para
evitar esse efeito, a toxina botulínica pode ser aplicada a fim de relaxar o músculo e paralisar
a sua contração, retardando o surgimento das rugas (Stellin, 2023).
O tratamento realizado com a toxina botulínica é considerado seguro e eficaz. Porém,
mesmo se tratando de um procedimento minimamente invasivo, demanda cuidados para que
não ocorra nenhuma intercorrência. O objetivo deste trabalho é apresentar técnicas de aplicação
e manuseio da toxina botulínica, variáveis condicionantes, possíveis intercorrências e
complicações para que o procedimento seja executado com segurança (Gouveia; Pontes;
Sobrinho, 2020).

2. OBJETIVO

2.1 Objetivo Geral


Apresentar sobre a utilização da toxina botulínica e suas possíveis intercorrências na
biomedicina estética. Analisando fatores como avaliação do paciente, técnicas e doses
utilizadas e habilitação profissional, bem como fornece soluções para possíveis efeitos
adversos.

2.2 Objetivos Específicos

 Identificar recomendações da toxina botulínica (indicações e contraindicações) no


âmbito da biomedicina estética;
 Discutir intercorrências relacionadas ao uso da toxina botulínica;
 Analisar estratégias podem ser utilizadas diante das intercorrências relacionadas ao uso
da toxina botulínica no âmbito da biomedicina estética.

3. JUSTIFICATIVA

Quando se decide trabalhar com injetáveis como a toxina botulínica é importante


conhecer principalmente a anatomia humana, para realizar corretamente a anamnese e a
aplicação com base em cada paciente, e consequentemente, as possíveis intercorrências a fim
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de preveni-las, para não gerar nenhum efeito indesejado. Segundo estudos realizados em 2008
pela Universidade de São Paulo (USP), entre 1003 pacientes que realizaram tratamento com
toxina botulínica, 182 tiveram efeitos adversos, totalizando um percentual de 18,14%, sendo a
maioria das complicações a ptose palpebral (Zagui; Matayoshi; Moura, 2008).
Dessa forma, cabe ao profissional conhecer e tratar as intercorrências, além de oferecer
formas de preveni-las e aliviá-las. Elas podem ser geradas por erros na execução da técnica ou
por alguma razão desconhecida do paciente, como uma reação alérgica, por exemplo. (Teixeira;
Antunes; Gomes, 2023)
Nesse sentido, não se pode deixar de citar as intercorrências que vão além da execução
técnica, assim como alergias causadas geralmente pela albumina, proteína presente na
composição da toxina botulínica, hipersensibilidade ao produto e os cuidados do paciente nos
pós procedimento, levando em consideração as recomendações feitas pelo profissional.
(Teixeira; Antunes; Gomes, 2023)
Dessa forma, é importante que o profissional conscientize o paciente desde a primeira
avaliação, para que este esteja bem-informado sobre o procedimento e suas possíveis
intercorrências, minimizando assim, o risco de reações adversas. (Mady; et al, 2021)

4. MÉTODOS

Esta pesquisa se trata de uma revisão integrativa da literatura sobre as intercorrências


ocasionadas pelo uso da toxina botulínica na estética, levando em consideração o que pode ser
feito para prevenir tais intercorrências. A revisão integrativa é um método que proporciona a
síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos
significativos na prática (Souza; Silvia; Carvalho, 2010).
A fim de aprimorar a organização da busca pelos artigos, utilizamos como ponto de
partida a seguinte pergunta norteadora: “Quais as principais intercorrências que podem ocorrer
quanto à aplicação da toxina botulínica?”.
A pesquisa foi realizada por meio de análise de artigos consultados nas seguintes bases
de dados: SCIELO, GOOGLE SCHOLAR, MEDLINE e LILACS, a fim de reunir as
informações necessárias com maior abrangência. A partir destes, foram utilizadas as seguintes
palavras-chave: Toxinas Botulínicas; Clostridium botulinum; Estética; Efeitos Adversos.
Como critérios de inclusão, foram utilizados o seguinte padrão: artigos científicos de
acordo com a temática proposta, que abordassem as principais intercorrências do uso da toxina
botulínica e os principais motivos para que isso ocorra, textos completos, publicados nas
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línguas português, inglês ou espanhol nos últimos 15 anos. Como critérios de exclusão, foram
utilizadas as seguintes referências: textos incompletos, não disponíveis na íntegra, que não
estejam de acordo com a temática, em nenhuma das línguas delimitadas.

5. RESULTADOS

O presente trabalho contribui para enriquecer os conhecimentos científicos sobre o


tema, direcionando, colaborando e ampliando os debates cruciais sobre a importância do
conhecimento e das técnicas na aplicação da toxina botulínica. É essencial que a comunidade
científica continue a aprofundar pesquisas nessa área, para que esse entendimento seja
divulgado entre a população, promovendo a compreensão da necessidade desse conhecimento.
Durante a busca de materiais para esta pesquisa, foram analisados diversos artigos,
embora a maioria não seja diretamente relacionada à proposta temática. Para lidar com isso,
foram aplicados critérios específicos para selecionar os resultados que foram relevantes para o
desenvolvimento deste estudo. As bases de dados utilizadas para orientar a investigação foram:
SCIELO, GOOGLE SCHOLAR, MEDLINE e LILACS. A partir da busca utilizando-se as
palavras-chave, foram obtidos 35 conteúdos. Diante deste resultado, foi iniciado o processo de
exclusão, que teve como critérios textos incompletos, não disponíveis, que não estejam de
acordo com a temática, em nenhuma das línguas delimitadas. Foram analisados os artigos para
identificar os que estavam alinhados com o propósito desta pesquisa. Ao final, após a aplicação
dos critérios de exclusão, foram obtidos cinco artigos.

6. DISCUSSÃO

Os dados fornecidos na tabela oferecem uma maneira eficiente de identificar os


principais autores envolvidos nesta revisão de literatura. A compilação dessas informações
resultou de uma pesquisa bibliográfica dedicada a desenvolver os pontos essenciais deste
trabalho. Durante essa exploração da literatura, foi possível estabelecer conexões entre os
temas abordados em publicações de diferentes anos.
Ao longo de períodos distintos desde a introdução da Toxina Botulínica no cenário
estético, vários autores adotaram uma abordagem semelhante. Todos compartilham um
objetivo comum: promover maior segurança para os pacientes. Para uma representação mais
clara dos conteúdos encontrados nas bases de pesquisa, os artigos selecionados foram
apresentados de forma organizada no quadro subsequente.
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Quadro 1. Artigos levantados nas bases de dados SCIELO, GOOGLE SCHOLAR, LILACS e MEDLINE sobre Intercorrências relacionadas a toxina
Botulínica tipo A.

Autores Considerações/ Temática


de Albuquerque, E. C. A. Martins, P. Os objetivos vinculados ao estudo são: compreender os efeitos adversos associados à aplicação
B. de S., & de Alcântara, G. A de Toxina Botulínica tipo A no terço superior face; identificar as tipologias da Toxina Botulínica,
destacando o uso da toxina tipo A para fins estéticos;
Chaves, C.T.M.; de Paula, F.R Este estudo possuiu como objetivo principal evidenciar as informações atualizadas sobre a toxina
botulínica do tipo A no rejuvenescimento facial, com ênfase na área de estética.

Gouveia, B. N. Ferreira, L. de L. P. ., Esta revisão bibliográfica objetivou descrever as principais aplicações da TBA em procedimentos
& Rocha Sobrinho, H. M estéticos ressaltando os seus benefícios.
ZaguiI, R.M.B.; MatayoshiII, S.Moura Verificar a ocorrência dos efeitos adversos relacionados ao uso da toxina botulínica na face, por
III, F.C. meio de revisão sistemática, usando meta-análise.
SANTOS, Caroline Silva; MATTOS, Neste trabalho de revisão bibliográfica foram apresentadas as complicações do uso inadequado
Rômulo Medina de; FULCO, Tatiana da TB no tratamento de rugas faciais dinâmicas, resultantes de expressões faciais repetitivas e
de Oliveira. padrões musculares.
Fonte: Elaborado pelas autoras

6.1 Toxina Botulínica Tipo A

A toxina botulínica é uma proteína derivada da bactéria Clostridium botulinum, capaz


de produzir sete tipos de toxinas (A, B, C, D, E, F, G). Na estética, a toxina botulínica do tipo
A é amplamente utilizada devido à sua potência e efeito prolongado (Testoni; Lino, 2022 apud
Gouveia; Pontes; Sobrinho, 2020). Com o passar dos anos, a pele perde sua elasticidade devido
à diminuição da produção de colágeno e elastina. Durante a contração os músculos se encurtam,
e devido à essa perda de elasticidade a pele é dobrada, formando assim as rugas dinâmicas,
aquelas que dependem do movimento, também chamadas de linhas de expressão (Ribeiro;
Saldanha, 2021).
No rejuvenescimento, a Toxina Botulínica atua inibindo a liberação da acetilcolina
(ACh) – neurotransmissor distribuído no sistema nervoso autônomo, bloqueando dessa forma
a condução neuromuscular, paralisando músculos e diminuindo rugas de forma reversível em
áreas específicas do rosto, como músculo frontal, corrugador do supercílio, orbicular do olho,
prócero, músculo nasal, levantador do lábio superior e da asa do nariz, levantador do lábio,
zigomático menor, zigomático maior, levantador do ângulo da boca, bucinador, risório,
orbicular dos lábios, depressor do ângulo da boca, depressor do lábio inferior e músculo
mentoniano (Gouveia; Pontes; Sobrinho, 2020).
Hoje, existem várias marcas comerciais de toxina botulínica tipo A (TBA), mas apenas
três são aprovadas pela ANVISA e FDA para uso em medicina terapêutica e estética. A marca
mais conhecida e amplamente utilizada é o Botox®, também chamado de onabotulínica A
(ONA), produzido pelo laboratório Allergan nos Estados Unidos. Outras marcas incluem
Dysport®, ou abobotulínica A (ABO), fabricada pela Biopharm no Reino Unido, e Xeomin®,
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conhecida como incobotulínica A, fabricada na Alemanha pela Merz (Chaves; Paula, 2018).

6.2 Indicação e contraindicação

A toxina botulínica tipo A (TBA) representa uma escolha amplamente exigida por
indivíduos que desejam atenuar linhas de expressão e rugas de maneira não invasiva. É
frequentemente empregado por adultos que buscam aprimorar sua aparência facial, com
notável eficácia nas áreas perioculares, onde suaviza as rugas de expressão e elimina os
chamados "pés de galinha", além da região frontal, onde reduz as linhas acentuadas. Para além
de suas aplicações estéticas, o TBA também possui utilidades terapêuticas significativas. Em
casos de distúrbios neurológicos que provocam espasmos musculares excessivos, como o
blefaroespasmo (espasmo das lesões) e a distonia cervical (espasmos no pescoço), a TBA
demonstra ser uma solução eficaz, proporcionando alívio aos pacientes. Além disso, é
empregado no tratamento do estrabismo, uma condição ocular que afeta o alinhamento dos
olhos (Chaves; Paula, 2018).
Por outro lado, surgem complicações inevitáveis, como alergia aos excipientes
presentes no frasco de toxina botulínica tipo A (TBA), resultando na produção de anticorpos
contra a substância. Essa ocorrência pode ser atenuada quando o profissional opta por um
produto com menor concentração de componentes alérgicos, utiliza volumes reduzidos,
aumenta o intervalo entre as aplicações e evita o uso de marcas diferentes no mesmo paciente.
Em casos de pacientes propensos a alergias, é recomendado evitar completamente o uso de
TBA (Chaves; Paula, 2018).
Gestantes, pacientes que transitam pelo período de lactação, indivíduos
imunocomprometidos, com instabilidade psicológica, histórico de surgimento de cicatrizes
queloideanas e que apresentam expectativas irrealistas quanto aos efeitos do tratamento são
contraindicações à aplicação da toxina botulínica. (Tassinary, 2021).

6.3 Intercorrências relacionadas ao uso da toxina botulínica para fins estéticos na área
facial

Intercorrências relacionadas ao uso da toxina botulínica referem-se a complicações ou


eventos adversos que podem ocorrer durante ou após o procedimento de aplicação da
substância. Essas intercorrências podem incluir reações alérgicas, hematomas, inchaço, dor no
local da aplicação, perda muscular, assimetria facial, entre outras possíveis reações (Pereira;
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Andrade; Braga, 2023).


As principais intercorrências geradas pela falta de preparo do profissional ocorrem em
sua maioria devido a erros na dosagem/diluição e pela falta de conhecimento anatômico do
profissional, em especial, da região facial. Sabe-se que cada face é única e o profissional
responsável deve prosseguir com uma avaliação individual. Sendo assim, a anatomia facial
pode não ser uniforme, mas é vital considerá-la durante um procedimento estético. Tendo em
vista que a toxina botulínica é aplicada em camada intramuscular (I.M), é de extrema
importância o conhecimento do profissional sobre a musculatura da face e suas funções, para
que dessa forma, possa realizar as aplicações nas áreas corretas (Erlacher, 2021).
Figura 1: Músculos de Expressão Facial

Fonte: Madeira; Anatomia Facial com Fundamentos de Anatomia Sistêmica Geral, Sarvier, 2ª
edição, cap 6, pg 84 apud Silva.

Figura 2: Músculos da expressão facial em ação. É possível observar através da mímica facial, a
movimentação e função de alguns músculos citados na figura 1.

Fonte: MOORE, 2022 apud Sanarmed, 2023.


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A ptose da pálpebra ou da sobrancelha é uma das complicações mais comuns e temidas


na aplicação de toxina botulínica e caracteriza-se por um abaixamento anormal de 1 a 2 mm da
sobrancelha ou da pálpebra. Pode surgir entre 2 dias e 2 semanas desde o momento da
aplicação. Além do efeito estético indesejado, o paciente pode ter parte de seu campo visual
obstruído. Essa reação adversa acontece tanto por difusão da toxina botulínica através do septo
orbital afetando o músculo elevador da pálpebra causado principalmente por hiperdiluição
quanto por aplicação incorreta do profissional pela má localização da injeção, estando essa
muito próxima da borda orbital (Lima, 2023).
Figura 3: Demonstração da Ptose palpebral.

Fonte: Sadick 2001, apud Santos; Matos; Fulco, 2015.


Outro efeito adverso bastante comum, é a elevação excessiva da cauda do supercílio,
onde ocorre principalmente por variações anatômicas, musculatura frontal potente ou
supercílios desarmônicos. É um efeito indesejável que ocorre por uma ação compensatória da
porção lateral do músculo frontal quando toda a região central da testa e glabela estiver
paralisada (Santos; Mattos; Fulco, 2015).
Figura 4: Elevação excessiva da cauda do supercílio

Fonte: Maio 2011, apud Santos; Matos; Fulco, 2015.


A dificuldade de oclusão das pálpebras (lagoftalmo) em tratamentos de rugas
periorbitárias é causada quando se aplica doses muito altas sobre o músculo orbicular do olho,
levando a uma difusão da TB. Outras alterações oculares também são relatadas como a
diplopia, que se deve à paralisia dos músculos retos laterais caracterizando-se por visão dupla,
síndrome do olho seco como consequente lagoftalmo e ação direta da TB na glândula lacrimal.
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Essas complicações podem ser evitadas com a aplicação concentrada nos pontos marcados,
respeitando a distância de segurança de 1cm da borda orbital durante a aplicação (Santos, 2013
apud Santos; Mattos; Fulco, 2015).
Figura 5: Demonstração de Lagoftalmo

Fonte: Alencar et al., 2022.


Também pode-se citar a ptose labial, que ocorre devido ao relaxamento dos músculos
responsáveis por levantar o lábio, incluindo o levantador do lábio superior, levantador do
ângulo da boca, zigomático maior e zigomático menor, bem como o músculo orbicular da boca
quando a aplicação da toxina botulínica é realizada muito próxima ao lábio, ou afeta o músculo
mentoniano. Esse relaxamento dos músculos levantadores do lábio pode ser causado por uma
aplicação excessivamente profunda da TB, seja abaixo da margem superior do arco zigomático
ou ao longo das paredes laterais do nariz. A ptose labial resulta em um sorriso assimétrico e/ou
dificuldade em fechar os lábios adequadamente, levando a problemas como excesso de saliva,
dificuldades na fala, bem como na alimentação e na ingestão de líquidos. É importante notar
que não há tratamento corretivo para essa complicação, e a função labial será gradualmente
restaurada à medida que os efeitos da TB diminuírem (Puccinelli, 2023).
Figura 6: Ptose Labial

Fonte: Broll Filho et al., 2022.


A superdosagem no mento e nos depressores do ângulo da boca também podem
ocasionar dificuldade na movimentação do lábio inferior, além das alterações labiais inestéticas
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durante o sorriso. Essa complicação também pode causar prejuízo das funções da boca como
mordedura involuntária da língua e a fala, além de parestesia dos lábios, perda do desenho do
filtro, dificuldade de movimentação da saliva na boca e perda de saliva durante a oratória
(Maio, 2011, apud Santos; Mattos; Fulco, 2015).
Figura 7: Superdosagem no mento e depressores

Fonte: Broll Filho et al., 2022.


A infecção trata-se de uma intercorrência rara, geralmente associada a assepsia do local
de aplicação, podendo causar eritema, calor, inchaço, drenagem purulenta e dor. Para evitar
que a infecção ocorra é preciso se atentar quanto à assepsia da pele, a qual deve utilizar produtos
corretos. Ademais, no que se refere a aplicação da TBA em si, esta deve ser realizada com a
utilização de materiais estéreis e em ambiente adequado, com a observância do uso de EPIs.
(Faria; Suguihara; Muknicka, 2023)
A fim de evitar qualquer possível reação alérgica, pacientes com intolerância à lactose
podem utilizar toxinas que não possuem em sua composição a lactose, como por exemplo a de
nome comercial Botox. No entanto, a de nome comercial Dysport, não pode ser utilizada, já
que possui em sua composição a lactose, podendo causar manchas roxas na pele do paciente.
Porém, a marca Dysport, pode ser utilizada para quem tem alergia a ovo, já que não possui
albumina na composição (Toma, 2021)
Dentre as reações comuns, o procedimento pode apresentar alguns efeitos colaterais na
maioria dos pacientes e ocorrem principalmente pelo trauma gerado entre pele e agulha. Os
mais comuns são: Eritema, equimose, dor e ardência no local de aplicação e cefaléia. Sintomas
que costumam ser leves e desaparecem em questão de horas pós procedimento (Testoni; Lino,
2022).
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6.4 Estratégias que podem ser utilizadas diante das intercorrências relacionadas ao uso
da toxina botulínica

Para começar a aplicação da toxina botulínica, a pele do paciente deve ser esterilizada
e preparada antes da realização da técnica e o mesmo deve ser acomodado fazendo com que
sua cabeça fique abaixo do nível do aplicador (Silva, 2009 apud Santos; Mattos; Fulco, 2015).
Complicações como a ptose palpebral, o edema e muitas outras, derivam de erros
ligados ao produto ou à técnica de injeção. Estas complicações vêm a sua probabilidade
reduzida com o cumprimento correto dos protocolos, com a realização meticulosa de todos os
procedimentos, com a experiência de técnicos especializados e com a honestidade médica,
sendo estes aspectos cruciais para que todo o processo culmine num resultado positivo (Santos;
Mattos; Fulco, 2015).
No caso de resultados indesejados, nos primeiros 15 dias pode ser indicado prednisona,
caso o paciente não tenha contraindicação. Depois de 15 dias a reversão se torna mais lenta. É
indicado laser infravermelho, sessões de ozonioterapia e radiofrequência. Outra boa alternativa,
são as aplicações de DMAE (dimetilaminoetanol) nos pontos aplicados à toxina. Caso prefira
a reversão de maneira natural, a toxina começa a perder o efeito com 3 meses, com reversão
final entre 4 e 6 meses (Lima, 2023).
Em relação às reações alérgicas à toxina botulínica, estas variam entre incomum e muito
raras devido aos cuidados antes da aplicação. Em geral, o profissional deve fazer uma série de
perguntas para investigar se o paciente que deseja se submeter a aplicação da toxina botulínica
possui alguma predisposição a desenvolver alergia a um dos componentes da fórmula. Essa
análise clínica procura saber do histórico do paciente, predisposição genética, entre outros
fatores que possam comprometer o tratamento. Se for necessário, para maior segurança, são
feitos testes de compatibilidade do paciente com a substância por meio de aplicações de doses
muito pequenas, assim mesmo em caso de alguma reação alérgica, não há comprometimento
da saúde (Toma, 2021).
Nos casos em que ocorre uma reação alérgica simples, o uso de antialérgico já resolve
a situação. Caso seja algo mais grave, é importante procurar ajuda médica com urgência. Em
casos de infecção do paciente, o tratamento se dá a partir do uso de antibiótico em ambiente
hospitalar ou ambulatorial (Toma, 2021).
Na possibilidade de superdose por via injetável, pode ser considerada a administração
de antitoxina botulínica, no mesmo local, assim que possível, e no máximo até de 21 horas,
para reduzir ou bloquear o efeito da TBA (Sposito, 2004).
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As intercorrências estéticas resultantes do uso da toxina botulínica, embora geralmente


não sejam graves, podem ser desagradáveis. Para evitar complicações e efeitos adversos, é
crucial que os profissionais tenham amplo conhecimento anatômico, fisiológico e
farmacológico, estejam capacitados e atualizados nas técnicas de aplicação. Orientar a
população sobre os potenciais efeitos adversos da TB é essencial, incentivando a busca por
profissionais qualificados. Em caso de qualquer intercorrência, é recomendado que os pacientes
procurem imediatamente atendimento médico para mitigar os efeitos indesejados (SILVA;
PEREIRA; COSTA; BODNAR, 2023).

7. CONCLUSÃO

Em conclusão, a incessante busca pela beleza e juventude ao longo dos séculos


encontrou expressão contemporânea nos avanços revolucionários da medicina estética. A
toxina botulínica destaca-se como uma protagonista nesse cenário, oferecendo formas seguras
e eficazes de alcançar objetivos estéticos desejados. A evolução regulatória, exemplificada pela
aprovação da Federal Drug Administration (FDA) e pela expansão das autorizações para
profissionais biomédicos no Brasil, evidencia o reconhecimento crescente da importância dessa
substância na prática estética.
O propósito deste trabalho é contribuir para a disseminação do conhecimento sobre as
técnicas de aplicação da toxina botulínica, considerando variáveis condicionantes, riscos
potenciais e possíveis complicações. A segurança e eficácia do tratamento são reconhecidas,
mas é crucial enfatizar a necessidade de cuidados meticulosos, mesmo em procedimentos
minimamente invasivos, para prevenir intercorrências. Ao fornecer orientações detalhadas,
busca-se garantir que o procedimento seja executado com máxima segurança, promovendo
uma prática estética responsável e eficiente na utilização da toxina botulínica.
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8. REFERÊNCIAS

ALENCAR, Victor Marques de et al. Lagoftalmo: o que é, causas e tratamento. 2022.


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