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Eduarda Teixeira Moreira1, Julia Christine Kuhn2, Maria Eduarda de Luca3, Maria Fernanda
de Souza Lara4, Maria Luiza Pereira5
RESUMO
O presente estudo aborda as intercorrências associadas ao uso da toxina botulínica (TB), indicada
principalmente para rugas dinâmicas. O objetivo é apresentar técnicas, considerar variáveis e discutir
intercorrências para garantir a execução segura. A pesquisa é uma revisão integrativa sobre
intercorrências na estética relacionada a toxina botulínica, utilizando como pergunta norteadora:
"Principais intercorrências na aplicação da toxina botulínica?". A mesma, envolveu a análise de vários
artigos, sendo aplicados critérios específicos como a aplicação das palavras chaves: Toxinas
Botulínicas; Clostridium botulinum; Estética e Efeitos Adversos, na seleção dos resultados relevantes a
partir das bases de dados SCIELO, GOOGLE SCHOLAR, MEDLINE e LILACS, resultando em 35
conteúdos. Após um processo de exclusão com critérios como textos incompletos ou não disponíveis e
falta de alinhamento com a temática, cinco artigos foram identificados como pertinentes para o
desenvolvimento da pesquisa. Diante da necessidade de assegurar uma prática com baixas chances de
intercorrências, busca-se garantir que o procedimento seja executado com máxima segurança,
promovendo uma prática estética responsável e eficiente na utilização da toxina botulínica.
ABSTRACT
The present study addresses complications associated with the use of botulinum toxin (BT), primarily
indicated for dynamic wrinkles. The objective is to present techniques, consider variables, and discuss
complications to ensure safe execution. The research is an integrative review on complications in
aesthetics related to botulinum toxin, using the guiding question: "Major complications in the
application of botulinum toxin?" It involved the analysis of various articles, applying specific criteria
such as the keywords Botulinum Toxins, Clostridium botulinum, Aesthetics, and Adverse Effects in
selecting relevant results from the SCIELO, GOOGLE SCHOLAR, MEDLINE, and LILACS
databases, resulting in 35 contents. After an exclusion process with criteria such as incomplete or
unavailable texts and lack of alignment with the theme, five articles were identified as relevant for the
research. In light of the need to ensure a practice with low chances of complications, efforts are made
to ensure that the procedure is carried out with maximum safety, promoting a responsible and efficient
aesthetic practice in the use of botulinum toxin.
1. INTRODUÇÃO
A busca pela beleza e pela juventude eterna é uma aspiração presente na humanidade
ao longo dos séculos. No entanto, nos últimos anos, os avanços na medicina estética
proporcionaram maneiras revolucionárias de atingir esses objetivos de forma segura e eficaz.
Nesse contexto, a toxina botulínica surgiu como uma protagonista no campo da biomedicina
estética facial (Gouveia; Pontes; Sobrinho, 2020).
De acordo com Testoni e Lino (2022 apud Gouveia; Ferreira Pontes; Rocha Sobrinho,
2022), a Toxina Botulínica é uma neurotoxina medicamentosa, proveniente do Clostridium
botulinum, responsável pelo botulismo. Possui 7 sorotipos diferentes, variando com o tamanho
molecular e mecanismos celulares. Porém, somente os sorotipos A e B estão disponíveis para
uso clínico, sendo a toxina botulínica tipo A, a mais utilizada.
O botulismo é uma doença causada pelas neurotoxinas da bactéria Clostridium
botulinum, transmitida por alimentos, água contaminada ou toque de superfícies contaminadas.
Embora a toxina botulínica seja produzida pela mesma bactéria, seu uso estético é seguro, pois
é purificada e aplicada em doses controladas. O risco de botulismo associado ao botox é raro,
dependendo da quantidade aplicada e da experiencia do profissional (Pérez; Rubio; Pozuelo;
Revert; Hardisson, 2013)
Em 1989, a Federal Drug Administration (FDA), órgão que controla o registro de
medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, liberou o uso da toxina botulínica para o
tratamento do estrabismo (Oliveira, 2019 apud Sposito, 2009). Em 2001, a substância foi
aprovada para o tratamento da hiperidrose no Reino Unido. E em 2002, a FDA autorizou o uso
da toxina botulínica para melhorar a aparência das rugas de expressão. Em 2010, por meio da
biomédica Ana Carolina Puga, no Brasil, os biomédicos obtiveram autorização para atuar na
área da estética em procedimentos invasivos como carboxiterapia, intradermoterapia e
laserterapia através da Resolução Nº 200, de 01 de julho de 2011. Mas somente em 2012, com
a Resolução Nº. 214, de 10 de abril de 2012 do CRMB, foram autorizados a trabalhar com
preenchedores de ácido hialurônico e toxina botulínica (CRBM, 2011). Atualmente, somam-
se quase 7 milhões de injeções por ano, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica, sendo a toxina botulínica, o procedimento estético mais realizado do mundo. (Veja,
2023)
A principal indicação desse procedimento estético é a aplicação em rugas dinâmicas,
linhas que se formam pela contração muscular. Aparecem ao realizarmos os movimentos de
expressão como sorrir, chorar ou se assustar. Como consequência destas contrações, surgem
3
rugas em locais como: testa, entre as sobrancelhas e os pés de galinha. Com a repetição da
contração muscular no decorrer do tempo e com a consequente dobra da pele sempre no mesmo
lugar, as rugas dinâmicas acabam se tornando permanentes e ficam sempre aparentes. Para
evitar esse efeito, a toxina botulínica pode ser aplicada a fim de relaxar o músculo e paralisar
a sua contração, retardando o surgimento das rugas (Stellin, 2023).
O tratamento realizado com a toxina botulínica é considerado seguro e eficaz. Porém,
mesmo se tratando de um procedimento minimamente invasivo, demanda cuidados para que
não ocorra nenhuma intercorrência. O objetivo deste trabalho é apresentar técnicas de aplicação
e manuseio da toxina botulínica, variáveis condicionantes, possíveis intercorrências e
complicações para que o procedimento seja executado com segurança (Gouveia; Pontes;
Sobrinho, 2020).
2. OBJETIVO
3. JUSTIFICATIVA
de preveni-las, para não gerar nenhum efeito indesejado. Segundo estudos realizados em 2008
pela Universidade de São Paulo (USP), entre 1003 pacientes que realizaram tratamento com
toxina botulínica, 182 tiveram efeitos adversos, totalizando um percentual de 18,14%, sendo a
maioria das complicações a ptose palpebral (Zagui; Matayoshi; Moura, 2008).
Dessa forma, cabe ao profissional conhecer e tratar as intercorrências, além de oferecer
formas de preveni-las e aliviá-las. Elas podem ser geradas por erros na execução da técnica ou
por alguma razão desconhecida do paciente, como uma reação alérgica, por exemplo. (Teixeira;
Antunes; Gomes, 2023)
Nesse sentido, não se pode deixar de citar as intercorrências que vão além da execução
técnica, assim como alergias causadas geralmente pela albumina, proteína presente na
composição da toxina botulínica, hipersensibilidade ao produto e os cuidados do paciente nos
pós procedimento, levando em consideração as recomendações feitas pelo profissional.
(Teixeira; Antunes; Gomes, 2023)
Dessa forma, é importante que o profissional conscientize o paciente desde a primeira
avaliação, para que este esteja bem-informado sobre o procedimento e suas possíveis
intercorrências, minimizando assim, o risco de reações adversas. (Mady; et al, 2021)
4. MÉTODOS
línguas português, inglês ou espanhol nos últimos 15 anos. Como critérios de exclusão, foram
utilizadas as seguintes referências: textos incompletos, não disponíveis na íntegra, que não
estejam de acordo com a temática, em nenhuma das línguas delimitadas.
5. RESULTADOS
6. DISCUSSÃO
Quadro 1. Artigos levantados nas bases de dados SCIELO, GOOGLE SCHOLAR, LILACS e MEDLINE sobre Intercorrências relacionadas a toxina
Botulínica tipo A.
Gouveia, B. N. Ferreira, L. de L. P. ., Esta revisão bibliográfica objetivou descrever as principais aplicações da TBA em procedimentos
& Rocha Sobrinho, H. M estéticos ressaltando os seus benefícios.
ZaguiI, R.M.B.; MatayoshiII, S.Moura Verificar a ocorrência dos efeitos adversos relacionados ao uso da toxina botulínica na face, por
III, F.C. meio de revisão sistemática, usando meta-análise.
SANTOS, Caroline Silva; MATTOS, Neste trabalho de revisão bibliográfica foram apresentadas as complicações do uso inadequado
Rômulo Medina de; FULCO, Tatiana da TB no tratamento de rugas faciais dinâmicas, resultantes de expressões faciais repetitivas e
de Oliveira. padrões musculares.
Fonte: Elaborado pelas autoras
conhecida como incobotulínica A, fabricada na Alemanha pela Merz (Chaves; Paula, 2018).
A toxina botulínica tipo A (TBA) representa uma escolha amplamente exigida por
indivíduos que desejam atenuar linhas de expressão e rugas de maneira não invasiva. É
frequentemente empregado por adultos que buscam aprimorar sua aparência facial, com
notável eficácia nas áreas perioculares, onde suaviza as rugas de expressão e elimina os
chamados "pés de galinha", além da região frontal, onde reduz as linhas acentuadas. Para além
de suas aplicações estéticas, o TBA também possui utilidades terapêuticas significativas. Em
casos de distúrbios neurológicos que provocam espasmos musculares excessivos, como o
blefaroespasmo (espasmo das lesões) e a distonia cervical (espasmos no pescoço), a TBA
demonstra ser uma solução eficaz, proporcionando alívio aos pacientes. Além disso, é
empregado no tratamento do estrabismo, uma condição ocular que afeta o alinhamento dos
olhos (Chaves; Paula, 2018).
Por outro lado, surgem complicações inevitáveis, como alergia aos excipientes
presentes no frasco de toxina botulínica tipo A (TBA), resultando na produção de anticorpos
contra a substância. Essa ocorrência pode ser atenuada quando o profissional opta por um
produto com menor concentração de componentes alérgicos, utiliza volumes reduzidos,
aumenta o intervalo entre as aplicações e evita o uso de marcas diferentes no mesmo paciente.
Em casos de pacientes propensos a alergias, é recomendado evitar completamente o uso de
TBA (Chaves; Paula, 2018).
Gestantes, pacientes que transitam pelo período de lactação, indivíduos
imunocomprometidos, com instabilidade psicológica, histórico de surgimento de cicatrizes
queloideanas e que apresentam expectativas irrealistas quanto aos efeitos do tratamento são
contraindicações à aplicação da toxina botulínica. (Tassinary, 2021).
6.3 Intercorrências relacionadas ao uso da toxina botulínica para fins estéticos na área
facial
Fonte: Madeira; Anatomia Facial com Fundamentos de Anatomia Sistêmica Geral, Sarvier, 2ª
edição, cap 6, pg 84 apud Silva.
Figura 2: Músculos da expressão facial em ação. É possível observar através da mímica facial, a
movimentação e função de alguns músculos citados na figura 1.
Essas complicações podem ser evitadas com a aplicação concentrada nos pontos marcados,
respeitando a distância de segurança de 1cm da borda orbital durante a aplicação (Santos, 2013
apud Santos; Mattos; Fulco, 2015).
Figura 5: Demonstração de Lagoftalmo
durante o sorriso. Essa complicação também pode causar prejuízo das funções da boca como
mordedura involuntária da língua e a fala, além de parestesia dos lábios, perda do desenho do
filtro, dificuldade de movimentação da saliva na boca e perda de saliva durante a oratória
(Maio, 2011, apud Santos; Mattos; Fulco, 2015).
Figura 7: Superdosagem no mento e depressores
6.4 Estratégias que podem ser utilizadas diante das intercorrências relacionadas ao uso
da toxina botulínica
Para começar a aplicação da toxina botulínica, a pele do paciente deve ser esterilizada
e preparada antes da realização da técnica e o mesmo deve ser acomodado fazendo com que
sua cabeça fique abaixo do nível do aplicador (Silva, 2009 apud Santos; Mattos; Fulco, 2015).
Complicações como a ptose palpebral, o edema e muitas outras, derivam de erros
ligados ao produto ou à técnica de injeção. Estas complicações vêm a sua probabilidade
reduzida com o cumprimento correto dos protocolos, com a realização meticulosa de todos os
procedimentos, com a experiência de técnicos especializados e com a honestidade médica,
sendo estes aspectos cruciais para que todo o processo culmine num resultado positivo (Santos;
Mattos; Fulco, 2015).
No caso de resultados indesejados, nos primeiros 15 dias pode ser indicado prednisona,
caso o paciente não tenha contraindicação. Depois de 15 dias a reversão se torna mais lenta. É
indicado laser infravermelho, sessões de ozonioterapia e radiofrequência. Outra boa alternativa,
são as aplicações de DMAE (dimetilaminoetanol) nos pontos aplicados à toxina. Caso prefira
a reversão de maneira natural, a toxina começa a perder o efeito com 3 meses, com reversão
final entre 4 e 6 meses (Lima, 2023).
Em relação às reações alérgicas à toxina botulínica, estas variam entre incomum e muito
raras devido aos cuidados antes da aplicação. Em geral, o profissional deve fazer uma série de
perguntas para investigar se o paciente que deseja se submeter a aplicação da toxina botulínica
possui alguma predisposição a desenvolver alergia a um dos componentes da fórmula. Essa
análise clínica procura saber do histórico do paciente, predisposição genética, entre outros
fatores que possam comprometer o tratamento. Se for necessário, para maior segurança, são
feitos testes de compatibilidade do paciente com a substância por meio de aplicações de doses
muito pequenas, assim mesmo em caso de alguma reação alérgica, não há comprometimento
da saúde (Toma, 2021).
Nos casos em que ocorre uma reação alérgica simples, o uso de antialérgico já resolve
a situação. Caso seja algo mais grave, é importante procurar ajuda médica com urgência. Em
casos de infecção do paciente, o tratamento se dá a partir do uso de antibiótico em ambiente
hospitalar ou ambulatorial (Toma, 2021).
Na possibilidade de superdose por via injetável, pode ser considerada a administração
de antitoxina botulínica, no mesmo local, assim que possível, e no máximo até de 21 horas,
para reduzir ou bloquear o efeito da TBA (Sposito, 2004).
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7. CONCLUSÃO
8. REFERÊNCIAS
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