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PROCESSO EMBRIOLÓGICO

CANINO
Maria Victoria de Sousa Machado
Sara Dias Tavares
FISIOLOGIA REPRODUTIVA
O estro nas cadelas tem distribuição mais homogênea ao longo do ano, com ligeira
concentração no segundo semestre no hemisfério sul.

O intervalo entre estros é aproximadamente seis meses, variando entre raças e indivíduos.

Cadelas desenvolvem um padrão individual de estro influenciado por fatores como idade.
A fase do pró-estro, que dura de 3 a 16 dias, inclui edema de vulva, mucosa vaginal congesta
e comportamento de fuga passiva.

A fase do estro, de 4 a 12 dias, apresenta edema de vulva persistente, mucosa vaginal clara,
corrimento amarelo palha e aceitação da cobertura.

O diestro, com 60 a 90 dias, mostra regressão do edema de vulva, mucosa pálida, e a fêmea
não atrai mais o macho.

O anestro é um período de inatividade ovariana de cerca de 125 dias, coincidindo com o


metaestro.

Fenômenos hormonais incluem aumento gradual do estrógeno no pró-estro e declínio no


estro, marcado pelo aumento da progesterona.
FERTILIZAÇÃO E INÍCIO DO DESENVOLVIMENTO
Ovulação ocorre 24-96 horas após o pico de LH, no segundo dia do estro.

Ovócitos liberados são imaturos, precisando de pelo menos 3 dias para maturação no oviduto.

Ovulação é gradual, permitindo maturação em períodos diferentes para fertilização por


espermatozoides de vários animais

Espermatozoides caninos sobrevivem no trato genital por 6-7 dias, necessitando de 7 horas
para capacitação.

Um único acasalamento pode resultar em concepção devido à longevidade dos


espermatozoides e tempo do óvulo no oviduto.
Fertilização ocorre 24-48 horas após a ovulação na secção média do oviduto, formando o
zigoto.

Inicia-se clivagens mitóticas e formação da mórula (192 horas após).

Gastrulação inicia diferenciação dos tecidos embrionários: ectoderma, mesoderma, e


endoderma.
A partir do 22º dia, morfogênese e histogênese começam, formando os esboços dos órgãos.

Ectoderma passa por neurulação, originando o tubo neural e a crista neural.

Mesoderma forma somitos, mesoderma intermediário e lateral, enquanto o endoderma origina


o revestimento intestinal.
SEMANA 1-3
SEMANA 4
SEMANA 5-6
SEMANA 7-8
4. DIFERENCIAÇÃO SEXUAL DO EMBRIÃO
Diferenciação sexual do embrião em três etapas: estabilização do cromossomo, desenvolvimento da gônada e fenótipo
sexual.

Sexo definido na fertilização com cromossomo XX (feminino) ou XY (masculino).


Desenvolvimento genital inicial independente do sexo até diferenciação das gônadas.

Ovário depende do cromossomo XX; testículo requer gene no cromossomo Y.


Experimento retirando gônadas resultou em fenótipo feminino, evidenciando influência do cromossomo Y.

Gene no braço menor do cromossomo Y determina desenvolvimento testicular em cães.

Testículos produzem testosterona e inibem fator de Müller, formador de órgãos femininos.

Testosterona/diidrotestosterona, mediadas por receptores de androgênio no cromossomo X, induzem morfogênese


masculina.

Sem cromossomo Y, embrião desenvolve fenótipo feminino, com ductos de Müller formando genitália feminina e regressão
do ducto de Wolff para vestíbulo, vulva e clítoris.
FORMAÇÃO DA PLACENTA
Blastocistos podem migrar livremente nos cornos uterinos, não necessariamente provenientes
do mesmo lado.

Número de corpos lúteos e embriões implantados não estão correlacionados devido à


migração transuterina.

Útero apresenta rica vascularização, mucosa espessada e alta atividade glandular devido à
progesterona.

Produção de substâncias nutritivas (heterótrofos) para alimentar o blastocisto ocorre no útero.

Implantação na cadela entre o 17º e 22º dia após fertilização, com inchaço uterino de 1 mm de
diâmetro, 20 dias após pico de LH.
Placenta canina possui placenta fetal (cório e alantoide) e placenta materna (endométrio)
intimamente correlacionadas.

Placenta do tipo endotélio corial com circulação materna e fetal separadas por quatro camadas
de células.

Placenta canina pode ser classificada como completa zona, com vilosidades em cinturão ao
redor do útero.

A transferência de imunoglobulinas do útero para filhotes em cães é de 5-10%, o restante é


passado através do colostro.

Placenta protege desenvolvimento fetal, transmite nutrientes, remove resíduos e sintetiza


substâncias necessárias para suporte da gestação.
HORMÔNIOS DA GESTAÇÃO
Gestação canina dura em média 63 dias (variação de 57 a 72 dias) influenciada por vários
fatores.

Número de corpos lúteos, idade da cadela e quantidade de filhotes impactam na duração da


gestação.

Progesterona mantém a gestação, mas sua concentração não indica gravidez.

Padrão de curva da progesterona durante a gestação: aumento, breve platô e decréscimo antes
do parto.

24-48 horas antes do parto, há uma queda abrupta dos níveis de progesterona devido à
regressão do corpo lúteo.
PGF secretada pela placenta canina promove regressão do corpo lúteo e inicia o trabalho de
parto.

Prolactina aumenta ao longo da gestação, atinge pico nas horas após o parto, reduz
drasticamente e aumenta novamente com sucção dos filhotes.

Relaxina, presente apenas na gestação, detectada no plasma a partir da 3ª ou 4ª semana, atinge


pico duas a três semanas antes do parto e se mantém constante durante a lactação. Fonte
provável é o útero e a glândula mamária.
REFERÊNCIAS

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