No que tange o rastreio de câncer, o caso de SLR, apresenta elementos dignos

de atenção.
No Brasil, atualmente, estamos passando por uma transformação no perfil
epidemiológico das doenças mais prevalentes e nas que mais impactam na vida dos
pacientes. Com as melhorias das condições sanitárias, de higiene e na assistência
médico-hospitalar, observamos uma diminuição na prevalência de doenças infecto
parasitárias com um aumento expressivo de doenças crônicas. Além dessa mudança
epidemiológica, estamos vendo um aumento da expectativa de vida, o que faz com que
a população mais idosa acumule mais mutações celulares, aumentando o risco de
desenvolver um câncer.
Nesse contexto, a medicina preventiva na geriatria desempenha um papel
crucial no rastreio de neoplasias e doenças crônicas em estágios iniciais, representando
uma vantagem diagnóstica significativa e melhorando a expectativa de vida do
paciente, uma vez que possibilita tratamento mais eficaz ou desaceleração da evolução
natural da doença. Isso se torna de extrema importância pelo fato de que muitas
doenças são assintomáticas em estágios iniciais e só se manifestam quando estão
avançadas, tornando o tratamento ou a cura mais difíceis.
Em relação à paciente em questão, por estar com 61 anos encontra-se na faixa
etária em que o rastreio de câncer se torna relevante. Muitos tipos de câncer têm uma
incidência significativamente maior em indivíduos mais velhos, como câncer colorretal,
e é essencial que pessoas nessa faixa etária se submetam regularmente a exames de
rastreio, como a colonoscopia. No momento da anamnese inicial para a montagem
desse portfólio não foi perguntado se ela era acompanhada por ginecologista ou se já
estava sendo acompanhada por geriatra. Então não tenho como saber se ela fazia
rastreio para câncer de colo de útero e câncer de mama como preconizado e se já
realizou a colonoscopia que já deveria ter realizada.
Um outro aspecto a considerar é seu histórico médico. Por ser portadora de
hipertensão, Diabetes e ser obesa a paciente possui fatores de risco adicionais para
diversos tipos de câncer. A cirurgia bariátrica pode ser considerada um fator protetor
para algumas neoplasias por diminuir o IMC do paciente.
Portanto, diante de um paciente como SLR, os profissionais de saúde devem
considerar cuidadosamente os fatores de risco, a faixa etária e o histórico médico para
determinar o plano de rastreio de câncer mais adequado. O objetivo é identificar
precocemente qualquer sinal de câncer e iniciar o tratamento o mais cedo possível,
além de incentivar a prática de exercício físico, o qual é um agente extremamente
importante na prevenção de cânceres. Com uma abordagem holística e
multiprofissional podemos fazer a diferença no prognóstico do paciente e na sua
qualidade de vida, possibilitando maior funcionalidade e autonomia do idoso.