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LEI DE COMBATE À
INTIMIDAÇÃO
SISTEMÁTICA (BULLYING)
Lei nº 13.185
Focada no concurso para o CETET 2024

Prof.ª Roberta da Costa Santos


@prof.robertacosta
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Caro aluno, cara aluna, este material está focado no conteúdo presente em seu edital para
o concurso do CEFET-RJ. Bons Estudos!

Lei nº 13.185

No dia 6 de novembro de 2015, foi


promulgada a Lei nº 13.185, que instituiu o
Programa de Combate à Intimidação
Sistemática (Bullying). Essa lei obriga escolas,
clubes, agremiações e instituições
congêneres a adotarem medidas de combate
e prevenção ao bullying.

Consoante o disposto no art. 1º da lei,

Art. 1º Fica instituído o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo o


território nacional.

Trata-se de lei com importante fim social, qual seja, a garantia da dignidade do ser
humano e do seu pleno desenvolvimento, na medida em que tutela sua integridade física e
psíquica. É um passo relevante do Poder Legislativo no combate ao bullying, tendo em vista o
fato de esse problema contribuir significativamente para a elevação dos casos de evasão
escolar, do uso de substâncias entorpecentes ilícitas e dos índices de criminalidade.
O bullying é um termo em inglês, que não tem uma tradução específica para o português.
Em países como o Reino Unido e os Estados Unidos, alunos que intimidam outros alunos verbal
e / ou fisicamente são chamados de bullies (valentões). Apesar de ter sido cunhada em um
contexto escolar, a palavra bullying não se restringe a esse ambiente, e pode ser empregada
para designar outras formas de assédio, como o que ocorre no local de trabalho, na vizinhança,
em igrejas etc.
Assim, o sentido desse termo está ligado ao uso, por uma pessoa ou um grupo de pessoas,
de sua superioridade física ou intelectual para intimidar alguém, ou mais de uma pessoa, de
maneira repetitiva. Esse comportamento autoritário causa um sentimento de rejeição, abandono
e preconceito na vítima, podendo ocasionar, conforme mencionado anteriormente, graves
problemas emocionais em sua vida.
Para não ficar nenhuma dúvida, o parágrafo 1º do art. 1º da Lei 13.185/2015 apresenta o
conceito de bullying, a saber:
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Art. 1º (...)

§ 1º No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação sistemática (bullying) todo ato
de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente,
praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou
agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as
partes envolvidas.

Dessa forma, de acordo com o disposto no parágrafo, fica claro que a conduta em questão
pode provocar danos não apenas físicos, mas também psicológicos na vítima, visto que se opera
por intermédio de intimidação verbal, moral, sexual, social, psicológica, física, material ou
virtual, e é extremamente danosa não apenas para o agredido, mas para toda a sociedade, na
medida em que pode ter consequências graves, tanto que foi classificado como questão de
saúde pública.
Com efeito, vários são os casos de crianças e adolescentes que, após vivenciarem esse
tipo de violência física e / ou psicológica, relataram o desencadeamento de transtornos
emocionais, depressão, ansiedade, automutilação e até propensão ao suicídio.
Trata-se de assunto ainda pouco debatido na sociedade, porém merecedor de maior
atenção, na medida em que sua ocorrência vem crescendo, de forma desordenada e
assustadora, principalmente, no contexto escolar.
Consoante o disposto no parágrafo 2º do art. 1º,

§ 2º O Programa instituído no caput poderá fundamentar as ações do Ministério da Educação e


das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, bem como de outros órgãos, aos quais a
matéria diz respeito.

Nunca é demais ressaltar que embora todo bullying seja uma forma de agressão, nem toda
a agressão pode ser classificada como bullying. Com efeito, brigas e discussões pontuais não
são suficientes para caracterizar o bullying, pois normalmente estas decorrem de outros
motivos. Segundo Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professora da Faculdade
de Educação da Unicamp, a presença de um público espectador é imprescindível para se
caracterizar o bullying.
Normalmente há pessoas que assistem às agressões. Algumas riem da situação, pois não
a consideram danosa, encarando-a como apenas “uma brincadeira”; outras preferem ignorar a
agressão. Vale ressaltar que tanto o silêncio como as risadas dos que estão em volta reforçam,
ainda que sem intenção, ataques físicos ou verbais. Por fim há aquelas poucas pessoas que se
envolvem, “tomando as dores” da vítima. Todavia, na maior parte dos casos, a maioria das
pessoas que presencia a agressão não confronta o agressor. Provavelmente por receio de ser a
próxima vítima dele, o que é muito comum no ambiente escolar.
Por esse motivo, cada situação deve ser devidamente avaliada para se estabelecer se, de
fato, o que ocorreu em determinado caso foi bullying, a fim de que as providências adequadas
possam ser tomadas.
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Assim, é importante a leitura do art. 2º para entendermos o que caracteriza efetivamente


essa conduta ilícita.

Art. 2º Caracteriza-se a intimidação sistemática (bullying) quando há violência física ou


psicológica em atos de intimidação, humilhação ou discriminação e, ainda:

I - ataques físicos;
II - insultos pessoais;
III - comentários sistemáticos e apelidos pejorativos;
IV - ameaças por quaisquer meios;
V - grafites depreciativos;
VI - expressões preconceituosas;
VII - isolamento social consciente e premeditado;
VIII - pilhérias.

Atualmente, é muito comum que o bullying seja praticado pela internet. É o


chamado cyberbullying. O cyberbullying consiste em ataques realizados no mundo virtual, em
que os agressores utilizam os instrumentos da internet e de outros avanços tecnológicos na área
da informação e da comunicação para humilhar e maltratar a vítima.
Ocorre, por exemplo, quando são usadas redes sociais, e-mails, programas etc. para
depreciar alguém, incitar a violência, adulterar suas fotos e / ou dados pessoais com o intuito de
criar meios de constrangimento psicossocial.
É de conhecimento geral que, com o apoio dessas ferramentas tecnológicas, os riscos e
danos tomam uma proporção vultosa, tendo em vista seu maior potencial lesivo. De fato, deve-
se levar em conta que a situação vexatória, nesse caso, tem alcance global, além de exposição
24 horas por dia e sete dias por semana, fácil compartilhamento, praticamente proliferação
imediata, bem como difícil remoção do conteúdo na rede mundial de computadores.
O parágrafo único do art. 2º prescreve em que situações ocorre o cyberbullying:

Parágrafo único. Há intimidação sistemática na rede mundial de computadores (cyberbullying),


quando se usarem os instrumentos que lhe são próprios para depreciar, incitar a violência,
adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial.

Quando se fala nesse problema, a impressão que se tem é a de que há apenas um tipo de
bullying. Essa visão é totalmente errônea, na medida em que há diferentes tipos dessa forma de
agressão, cada qual com suas particularidades e consequências. De fato, a Lei nº 13.185/2015,
apresenta um rol de oito tipos. Eles podem ser diferenciados com base na forma como a conduta
ilícita é praticada, ou seja, nos comportamentos que podem provocar situações repetitivas de
agressão e intimidação contra uma ou mais vítimas.
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A fim de esclarecer quais são os tipos de bullying existentes e como cada um deles pode
ser devidamente identificado, a Lei nº 13.185/2015 estabelece a seguinte classificação:

Art. 3º A intimidação sistemática (bullying) pode ser classificada, conforme as ações praticadas,
como:

I - verbal: insultar, xingar e apelidar pejorativamente;

II - moral: difamar, caluniar, disseminar rumores;


III - sexual: assediar, induzir e/ou abusar;
IV - social: ignorar, isolar e excluir;
V - psicológica: perseguir, amedrontar, aterrorizar, intimidar, dominar, manipular,
chantagear e infernizar;
VI - físico: socar, chutar, bater;
VII - material: furtar, roubar, destruir pertences de outrem;
VIII - virtual: depreciar, enviar mensagens intrusivas da intimidade, enviar ou adulterar
fotos e dados pessoais que resultem em sofrimento ou com o intuito de criar meios de
constrangimento psicológico e social.

Esquematizando:

BULLYING

verbal moral sexual psicológico físico material virtual

Por sua vez, os nove objetivos primordiais do Programa de Combate ao Bullying estão
elencados no art. 4º da referida lei, e são os seguintes:

Art. 4º Constituem objetivos do Programa referido no caput do art. 1º:

I - prevenir e combater a prática da intimidação sistemática (bullying) em toda a sociedade;


II - capacitar docentes e equipes pedagógicas para a implementação das ações de
discussão, prevenção, orientação e solução do problema;
III - implementar e disseminar campanhas de educação, conscientização e informação;
IV - instituir práticas de conduta e orientação de pais, familiares e responsáveis diante da
identificação de vítimas e agressores;
V - dar assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos agressores;
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VI - integrar os meios de comunicação de massa com as escolas e a sociedade, como forma


de identificação e conscientização do problema e forma de preveni-lo e combatê-lo;
VII - promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito a terceiros, nos marcos de
uma cultura de paz e tolerância mútua;
VIII - evitar, tanto quanto possível, a punição dos agressores, privilegiando mecanismos e
instrumentos alternativos que promovam a efetiva responsabilização e a mudança de
comportamento hostil;
IX - promover medidas de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de
violência, com ênfase nas práticas recorrentes de intimidação sistemática (bullying), ou
constrangimento físico e psicológico, cometidas por alunos, professores e outros profissionais
integrantes de escola e de comunidade escolar.

Por sua vez, os arts. 5º, 6º e 7º tratam respectivamente da responsabilidade de


estabelecimentos tais como escolas, clubes e agremiações recreativas no combate efetivo ao
bullying (art. 5º); da necessidade de produção e publicação de relatórios bimestrais das
ocorrências dessas agressões no âmbito tanto dos Estados como dos Municípios, a fim de
permitir o planejamento de ações (art. 6º) e da possibilidade de os Entes da Federação de
firmarem convênios bem como de estabelecerem parcerias com vistas à implementação e
execução dos objetivos da Lei nº 13.185/2015.

Art. 5º É dever do estabelecimento de ensino, dos clubes e das agremiações recreativas


assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate à violência e à
intimidação sistemática (bullying).
Art. 6º Serão produzidos e publicados relatórios bimestrais das ocorrências de intimidação
sistemática (bullying) nos Estados e Municípios para planejamento das ações.
Art. 7º Os entes federados poderão firmar convênios e estabelecer parcerias para a
implementação e a correta execução dos objetivos e diretrizes do Programa instituído por esta
Lei.
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HORA DE PRATICAR

Veja como esse assunto foi cobrado em um concurso organizado pelo Instituto Selecon:

De acordo coma Lei nº 13.185/2015, que caracteriza os atos de intimidação sistemática


(bullying), é correto considerar como uma situação de intimidação psicológica intencional o fato
de um adolescente se deparar no ambiente escolar com atos repetitivos de:
A) comentários banais
B) ameaças explícitas
C) charges impessoais
D) apreciações construtivas

GABARITO

Letra B

E aqui, meu querido aluno / minha querida aluna do Focado no Edital chegamos ao fim dessa
etapa, com o encerramento da parte de Lei de Combate à Intimidação – bullying – Lei nº
13.185/2015, proposta para o material conforme o seu edital. Espero que tenha gostado da
abordagem realizada em nossas aulas e não se esqueça: estude que a vida muda!!!

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