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Semanal | 8.3.2024
STF VAI
LEGALIZAR A
MACONHA?
101
/ Capa
STF VAI LEGALIZAR A MACONHA?
3 | Descriminalização da maconha, por Ivan
Longo
/ Política
edição #101
/ Brasil
40 | Fim da “saidinha”, por Henrique Rodrigues
50 | Motoristas de aplicativo devem ganhar
mais que o dobro, por Ivan Longo
/ 8 de março
60 | Dia Internacional da Mulher, por Júlia
Motta
65 | No Dia Internacional da Mulher, o que
dizem as palestinas?, por Yuri Ferreira
74 / Expediente
Foto capa: montagem
Capa
DESCRIMINALIZAÇÃO DA
MACONHA
O que
está em
jogo no
STF
O
Supremo Tribunal Federal (STF)
retomou, na quarta-feira (6), o
julgamento sobre a descriminalização do
porte de drogas para consumo próprio.
O placar está em 5 a 3 a favor da
descriminalização — o que significa que basta
apenas mais um voto favorável para que o
porte de maconha para consumo próprio deixe
de ser criminalizado. Até o momento, votaram
a favor os ministros Gilmar Mendes, Edson
Fachin, Luís Roberto Barroso, Alexandre de
Moraes e a ministra recém-aposentada Rosa
Weber, enquanto Cristiano Zanin, Kassio Nunes
Marques e André Mendonça votaram contra. O
julgamento só será retomado em 90 dias, já que
o ministro Dias Toffoli pediu vistas.
Apesar de a análise tratar do porte de drogas
como um todo, os ministros que votaram a
favor da descriminalização o fizeram apenas
com relação à maconha. A votação do tema
foi iniciada pelo STF em 2015 a partir do
Foto Antonio Augusto/SCO/STF
STF vota descriminalização do porte de maconha para consumo próprio
Edson Fachin
O ministro seguiu Gilmar Mendes
e, ao votar pela descriminalização
do porte de maconha para
uso pessoal, disse que “o
consumo de drogas faz parte
da autodeterminação individual,
que corresponde a uma esfera de privacidade,
intimidade e liberdade imune à interferência do
Estado”.
Rosa Weber,
ex-ministra do STF
Antes de se aposentar, Rosa
Weber votou a favor da
descriminalização do porte de
maconha para uso pessoal.
“Penso que o STF pode ajudar
nessa solução, sem prejuízo na atuação do
Congresso. Quem despenalizou o usuário foi o
Congresso, em 2006. Se mantivesse apenas a
criminalização, o Supremo daria um passo no
sentido de descriminalizar quando se trata de
uso próprio.”
Cristiano Zanin
Primeiro a apresentar divergência,
o ministro Cristiano Zanin votou
contra a descriminalização sob o
argumento de que tal mudança
criaria “problemas jurídicos” que
agravariam o combate às drogas.
O magistrado, porém, propôs que seja fixada a
quantidade máxima de 25 gramas de maconha
ou seis plantas fêmeas por pessoa para que
seja considerada usuária, e não traficante.
“Não tenho dúvida de que os usuários
de drogas são vítimas do tráfico e das
organizações criminosas para exploração ilícita
dessas substâncias. A descriminalização, ainda
que parcial, das drogas poderá contribuir ainda
mais para esse problema de saúde pública.”
FILMES
Direção
Luiz Carlos Azenha
EP.3
Contragolpe
Foto Geraldo Magela/Agência Senado
Política
Nikolas na
Educação e Carol de
Toni na CCJ
Saiba quem são os eleitos para presidir as
comissões na Câmara
por Tulio Gonzaga
A
Câmara dos Deputados instalou 19 das
30 comissões permanentes na quarta-
feira (6), e elegeu seus respectivos
novos presidentes para o mandato de um ano.
As eleições para as presidências das demais
comissões devem ocorrer na próxima semana.
As comissões foram instaladas após uma
Foto Jane de Araújo/Agência Senado
Carol de Toni (PL-SC) vai presidir a CCJ
PT
Os partidos da base governista lideram seis
comissões, ou seja, 20% do total de colegiados
na Câmara. Além da Comissão de Saúde, a
legenda também presidirá as comissões de
Fiscalização e Controle, Direitos Humanos,
Cultura, Direitos das Mulheres, e Povos
Originários. Os colegiados acumulam uma reserva
de R$ 4,7 bilhões em emendas de comissão.
Foto Isac Nóbrega/PR
PL
A CCJ, a mais importante comissão da Casa,
ficará sob o comando do PL, que também estará
à frente dos seguintes colegiados: Educação,
Esporte, Segurança Pública e Previdência e
Família. A legenda terá R$ 832,2 milhões à sua
disposição em emendas de comissão.
O PL indicou os deputados Caroline de Toni e
Nikolas Ferreira, considerados de perfil radical e
combatente por membros da base do governo.
Com a mediação de Arthur Lira, a sigla cedeu a
primeira-vice-presidência para um parlamentar
do PT, ainda indefinido.
Fotos Reprodução
Outros nomes preocupam a base governista.
A Comissão de Segurança Pública será
presidida pelo líder da “bancada da bala”, o
deputado Alberto Fraga (PL-DF), e a Comissão
de Previdência e Família terá como líder o
Pastor Eurico (PL-PE), relator do projeto de lei
que impede o casamento homoafetivo.w
A
manobra de Rosangela Moro (União-
SP), que mudou o domicílio Eleitoral
para o Paraná após ser eleita por São
Paulo, pode selar um destino comum com o
marido, Sergio Moro (União-PR), que deve ter
o mandato de senador cassado pelo Tribunal
Regional Eleitoral do Paraná em 1º de abril, no
julgamento das ações que o acusam por abuso
de poder em 2022.
O casal Rosangela
e Sergio Moro
Foto Reprodução X
“Conja” de Moro, como definiu o próprio
ex-juiz, a deputada estaria realizando um
“estelionato eleitoral”, segundo nota do Grupo
Prerrogativas, ao retomar o domicílio no
Paraná para disputar as eleições ao Senado no
estado, que devem ser convocadas assim que
Moro for cassado.
Antes de tomar a decisão, advogados da
deputada se debruçaram sobre a legislação
para tentar evitar quaisquer penalizações. No
entanto, especialistas ouvidos pela Fórum
afirmam que há brechas para que Rosangela,
com a manobra, tenha seu mandato cassado
— assim como o marido.
Para advogados que fazem parte do Grupo
Prerrogativas, há uma série de infrações que
podem implicar Rosangela Moro no estelionato
eleitoral, como:
A esquerda não
morreu
“A coragem é a luz da adversidade”
Ditado popular português
por Valério Arcary
Foto Montagem
3
Esquerda e direita são conceitos da
nossa linguagem coloquial, mas são
aproximativos e, em geral, imprecisos.
São muito usados e, nessa medida, úteis. A
esquerda é múltipla e plural. Há várias correntes
na esquerda. Portanto, não é sinônimo ser de
esquerda e ser marxista. Tampouco é sinônimo
abraçar uma estratégia revolucionária. Aliás,
no Brasil e no mundo, a imensa maioria das
pessoas que simpatizam com a esquerda não é
marxista, nem apoia um projeto revolucionário.
Quem é marxista não deveria ser tão sectário
que não possa aceitar que é possível ser de
esquerda sem ser marxista ou revolucionário.
Portanto, é no mínimo ex abrupto afirmar que
a esquerda “morreu” se foi Lula, a principal
liderança de esquerda no Brasil há 40 anos,
quem derrotou Bolsonaro, e não a candidatura
liberal da “terceira via”. Lula é um moderado,
um reformista, um gradualista, mas é de
esquerda. Venceu por uma pequena diferença,
mas venceu. O PT é um dos maiores partidos
de esquerda do mundo. Se a esquerda tem
força, não morreu. Mas uma parcela da
esquerda radical, não somente nos meios
intelectuais, começou a flertar com a ideia de
que quem não é super-revolucionário, não é de
esquerda. Nessa chave, o PT não seria mais
um partido de classe trabalhadora, mas um
dos partidos burgueses. Não se trata somente
de um exagero, mas uma conclusão teórica e,
politicamente, errada. Sem uma frente única
com o PT e os movimentos em que tem grande
influência não é possível derrotar o neofascismo.
Foto Folhapress
Ser de esquerda não obriga ninguém
7 a ser oposição ao governo Lula. Tudo
o que o governo faz ou deixa de fazer
no que diz respeito aos interesses dos
trabalhadores merece e deve ser criticado.
Mas não é o bastante para legitimar uma tática
de oposição de esquerda ao governo Lula.
Não seria nem realista, nem inteligente, nem
responsável um posicionamento na oposição ao
governo Lula, porque, na atual relação social e
política de forças, esse espaço já está ocupado
pelo bolsonarismo. Os riscos colocados pelo
neofascismo permanecem enormes. A classe
dominante está dividida no Brasil. Uma fração
apoia, criticamente, o governo Lula, outra apoia
Bolsonaro. Não se pode lutar, ao mesmo
tempo, com igual intensidade com as duas. Há
que se explorar a divisão. A demonstração de
força de Bolsonaro no recente domingo 25 de
fevereiro confirma que o perigo é real e iminente.
A resposta à contraofensiva da extrema direita
terá que ser construída, nas redes, nas ruas,
na institucionalidade, em todos os terrenos,
em unidade com o PT. Mais, exigindo que seja
liderada por Lula, presencialmente, para que
possa ser o maior possível. Quem não estiver
construindo a mobilização nos próximos 8 de
março, 14 de março por Marielle e no sábado
23 de março pode bater no peito que é da
esquerda “verdadeira”. Mas perdeu a bússola
de classe.
8
É verdade que a natureza do governo
Lula tampouco justifica uma tática
de disputar o destino do governo por
dentro. Não porque não haja lutas políticas
importantes dentro do governo. É evidente
que elas existem e, na surdina, ouvem-se
os ecos dos debates. Mas porque essas
discussões estão aprisionadas pela decisão
estratégica de preservar a aliança da frente
ampla erguida para o segundo turno. O papel
da esquerda radical é uma presença incansável
na organização das lutas.
9
Entretanto, é verdade que, apesar de
tudo, toda a esquerda, mais moderada
ou mais radical, compartilha quatro premissas
ou escolhas comuns. Em primeiro lugar, ser
de esquerda é uma escolha moral. Ao ser de
esquerda abraçamos uma visão do mundo que
considera todas as formas de exploração e de
opressão indignas. Quem explora ou oprime
alguém não pode ser livre. Não é possível a
liberdade entre desiguais. Em segundo lugar,
ser de esquerda é uma escolha de classe.
Ao ser de esquerda abraçamos uma visão
do mundo que considera que o movimento
dos trabalhadores é a nossa referência de
esperança, e suas lutas são as nossas. Em
terceiro lugar, ser de esquerda é uma escolha
política. Ao ser de esquerda abraçamos
um projeto de luta pela transformação da
sociedade. Queremos mudar o mundo em
função da satisfação das necessidades da
maioria. Por último, ser de esquerda é uma
escolha ideológica. Ao ser de esquerda
abraçamos um projeto histórico, o socialismo
como programa, ou seja, defendemos uma
sociedade em que deveremos ser socialmente
iguais, humanamente diferentes, e totalmente
livres. O que nos une não é pouca coisa.w
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Foto Agência Brasil
Brasil
Fim da
“saidinha”
Às portas de ser aprovada em definitivo pela
Câmara, após aval do Senado, medida que
põe fim às saídas temporárias de detentos
tornou-se assunto central no país
por Henrique Rodrigues
O
Senado Federal aprovou há pouco mais
de duas semanas uma mudança na
Lei de Execução Penal que colocará
fim à chamada “saidinha” de presos no país,
uma forma de saída temporária, realizada em
datas comemorativas específicas, à qual uma
parte dos condenados brasileiros que estão nos
presídios tem direito. A matéria precisa passar
ainda por uma última votação na Câmara dos
Deputados, onde deve passar com facilidade,
para depois ir à sanção presidencial.
Numa sociedade em que cada vez mais os
assuntos de segurança pública têm peso nas
discussões cotidianas, o tema relacionado a
essa medida que beneficia alguns apenados
está no centro de um debate acalorado.
Os diversos episódios em que presos, uma
vez na rua porque foram agraciados com
o tal benefício, cometem crimes violentos
e bárbaros servem de munição para uma
significativa parcela da população que grita
pela mudança e pelo fim da “saidinha”. Do
outro lado, uma intensa discussão sobre a real
finalidade do sistema prisional, que deveria ser
a de ressocializar os indivíduos que cometem
crimes, também ganha intensidade.
A Fórum entrevistou uma acadêmica
especialista da área de segurança pública e de
questões prisionais para tentar compreender
os motivos pelos quais um assunto tão sério e
vital está sendo tratado com tanta
“emoção” e “comoção”, em vez
de abrir possibilidade para uma
discussão séria e racional.
Mayara Gomes, pesquisadora
do Grupo de Pesquisa em
Segurança, Violência e Justiça da Universidade
Federal do ABC (Seviju-UFABC), começa
explicando que tal benefício para alguns presos
nada mais é do que o cumprimento de uma
das premissas relacionadas à aplicação de
penas no país: a de que aquele indivíduo será
ressocializado para voltar ao convívio com o
restante das pessoas.
Brasil
Motoristas de
aplicativo devem
ganhar mais que
o dobro
Lula apresentou proposta de
regulamentação da categoria que mantém
os profissionais como autônomos, mas
protegidos por direitos trabalhistas
por Ivan Longo
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva
assinou, na segunda-feira (4), o Projeto
de Lei (PL) de Regulamentação do
Trabalho por Aplicativos de Transporte de
Pessoas, que já foi enviado para apreciação
do Congresso Nacional em regime de urgência
constitucional, ou seja, Câmara dos Deputados
e Senado Federal terão 45 dias, cada, para
analisar o projeto.
Trata-se de uma iniciativa histórica que
busca regulamentar e, assim, garantir direitos,
proteção e dignidade aos trabalhadores e
trabalhadoras que atuam com transporte de
passageiros em plataformas digitais, como
Uber e 99. O projeto foi elaborado após
dez meses de discussões de um grupo de
trabalho tripartite coordenado pelo Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE), liderado pelo
ministro Luiz Marinho, com representantes dos
trabalhadores, empresas e governo federal
— tudo acompanhado pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e Ministério
Público do Trabalho (MPT).
Atualmente, há no Brasil cerca de 1,5
milhão de motoristas prestando serviços para
as plataformas digitais e aplicativos, segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Entre os principais pontos do projeto estão
a criação de uma remuneração mínima por
hora trabalhada aos motoristas e a fixação de
uma jornada máxima de 12 horas diárias numa
mesma plataforma.
Além disso, a proposta prevê que os
trabalhadores e trabalhadoras terão direitos
previdenciários, possibilitando assim a
aposentadoria. Esses profissionais passarão
a ser enquadrados como contribuintes
individuais para fins previdenciários, sendo
que a contribuição dos motoristas será
de 7,5% do salário e a das empresas, de
20%. O recolhimento da contribuição será
responsabilidade das plataformas.
Apesar da instituição de direitos trabalhistas
aos moldes da Consolidação das Leis de
Trabalho (CLT), o projeto prevê que os
motoristas continuarão como autônomos —
isto é, seguirão podendo escolher seus horários
de trabalho, com flexibilidade, bem como para
quais plataformas desejam trabalhar, sem limite
de empresas.
Foto Reprodução
Leandro Medeiros,
presidente do
Sindicato de
Motoristas em
Aplicativo do
Estado de
São Paulo
Foto Ricardo Stuckert/PR
Os representantes da categoria
Na cerimônia de apresentação do projeto de
lei, o motorista Rogerio Isaías, de 49 anos, que
atua para a Uber desde 2017, avaliou que a
iniciativa do governo é “um marco em termos de
segurança e garantias”.
“Acho que o mais importante é o
reconhecimento da classe. A união e a
representação sindical são cruciais para garantir
segurança aos trabalhadores. Perdas de
motoristas de aplicativo impactam não apenas
suas famílias e esposas, mas seus filhos. A
regulamentação promete trazer mudanças
significativas”, considerou.
Fábio Martins, de 44 anos, que atua como
motorista de aplicativo há cinco meses, por
sua vez, disse que a lei será essencial para
garantir proteção em situações inesperadas,
como acidentes, citando um acidente recente
envolvendo um amigo da categoria.
“Esse incidente ilustra claramente a
necessidade de apoio financeiro em situações
difíceis. Nosso colega não tem segurança alguma.
Tem que trabalhar para ganhar”, declarou.
Leandro Medeiros, presidente do Sindicato
de Motoristas em Aplicativo do Estado de São
Paulo, também celebrou o projeto de lei para
regulamentar o trabalho da categoria.
“Daremos um novo passo de regulamentação
e respeito por essa classe que foi tão importante
na covid-19. Levou várias categorias a trabalhar,
não se cansou, assumiu um risco, alguns
perderam suas vidas, mas hoje estão sendo
reconhecidos pelo presidente Lula”, disse.w
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8 de março
Dia
internacional
da mulher
por Júlia Motta
Foto Reprodução
Celebrado mundialmente, o dia surgiu
por meio de diferentes lutas das mulheres
por conquistas de direitos
N
o dia 8 de março é celebrado o Dia
Internacional da Mulher em homenagem
à luta que diversas mulheres travaram
e travam ao redor do mundo para conquistar
seus direitos. Costuma-se divulgar que a data
surgiu após um incêndio em uma fábrica em
Nova York, em 1911, no qual 129 operárias
morreram carbonizadas.
Apesar de o episódio ter sua importância
para chamar atenção para as condições a
que as mulheres eram submetidas, e também
porque a versão que mais se sustenta é a de
que o incêndio teria sido provocado após uma
série de greves promovidas pelas mulheres, a
origem da data vai além desse acontecimento.
Fotos Reprodução
Zetkin
Duncker
Mulheres russas
em 8 de marco
de 1917
Foto Reprodução
março, no calendário ocidental, e as mulheres
marcharam pelas ruas de Petrogrado (hoje
São Petersburgo) reivindicando melhores
condições de trabalho, sob o lema “Pão e paz”,
e protestando contra o czar Nicolau II.
Percorrendo diversas fábricas, as mulheres
convocaram o operariado russo para um
levante contra a monarquia e a participação
da Rússia na Primeira Guerra Mundial. A
marcha se estendeu por vários dias e tomou
proporções tão grandes que a autocracia russa
foi eliminada, possibilitando a chegada dos
bolcheviques ao poder.
As mulheres russas revolucionárias que
ficaram mais conhecidas pelo movimento foram:
Aleksandra Kollontai, Nadiéjda Krúpskaia,
Inessa Armand, Anna Kalmánovitch, Maria
Pokróvskaia, Olga Chapír e Elena Kuvchínskaia.
Reconhecimento oficial
Em 1921, o dia 8 de março foi aceito
na Conferência Internacional das Mulheres
Comunistas em referência à luta das mulheres
russas. Já em 1975, a data foi reconhecida
oficialmente pela Organização das Nações
Unidas (ONU).
Hoje, ao redor do mundo, apesar dos avanços
e direitos conquistados por meio de muita luta,
as mulheres ainda precisam reivindicar condições
básicas de vida, trabalho e respeito.
A participação das mulheres na política,
por exemplo, ainda é um grande desafio a
ser enfrentado. Se antes a principal pauta
reivindicada era o direito ao voto, hoje a luta é
pela participação feminina nos espaços de poder.
No Brasil, as mulheres representam 51,8%
da população, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Porém, na política,
especificamente na Câmara dos Deputados, elas
são 17,7% das pessoas eleitas em 2022.w
No Dia Internacional
da Mulher, o que
dizem as palestinas?
Fórum conversou com duas ativistas
políticas palestinas no Brasil: Fatima Ali
e Rawa Alsagheer
por Yuri Ferreira
D
esde 7 de outubro de 2023, Israel matou
mais de 30 mil palestinos na Faixa
de Gaza. Pelo menos 8 mil mulheres.
Milhares de meninas hoje correm em busca
de pão órfãs de pai e mãe. Outras 60 estão
presas em cadeias israelenses, boa parte
sem acusação. Desde 1967, mais de 17 mil
palestinas foram presas pelo regime sionista.
E no Dia Internacional da Mulher, cinco
meses depois do início do conflito militar, Israel
segue sua operação genocida dentro da Faixa
de Gaza.
Fotos Reprodução
Fatima Ali e Rawa Alsagheer
Um genocídio feminista?
Não é incomum encontrar nas redes sociais
vídeos de soldadas israelenses dançando
uniformizadas com equipamentos militares de
alto nível. Israel se vende como “paraíso da
liberdade” no Oriente Médio, com uma suposta
cultura LGBT+ e feminista, mas a realidade é
um tanto diferente.
Desde fevereiro, a Organização das
Nações Unidas (ONU) tem denunciado que
diversas mulheres palestinas foram sujeitas a
diferentes formas de assédio sexual em prisões
israelenses por soldados das Forças de Defesa
de Israel (IDF, da sigla em inglês).
Pelo menos duas mulheres presas afirmam
ter sido estupradas e outras foram ameaçadas
com o estupro como arma de guerra. Segundo
o relatório, fotos de mulheres palestinas nuas
circulam entre os soldados de Israel.
Fotos Reprodução
A ativista Ahed Tamimi
“A maioria dos
movimentos
feministas
ocidentais não
entende muito
bem a luta das
mulheres árabes
em geral”
Foto Reprodução
Por um feminismo diverso
O debate sobre orientalismo se tornou cada
vez mais ávido nos círculos feministas nos
últimos anos. A caracterização das mulheres
islâmicas e do mundo árabe como vítimas de um
sistema opressor que deveria ser libertado pelo
modo de vida ocidental foi uma das tônicas de
um feminismo ocidental dos Estados Unidos e da
Europa durante o período da Guerra ao Terror.
E a realidade é diferente: “A participação
das mulheres no campo político é fundamental,
especialmente porque delas deriva a boa
formação cultural, a educação transformadora
tanto para o movimento nacional de libertação
da Palestina quanto para a construção de um
mundo melhor”, afirma Fatima.
Em contraponto, a Israel erguida sobre um
genocídio se vende como o paraíso para as
mulheres. A narrativa é clara e será replicada
inclusive no 8 de março.
Para Fatima e Rawa, é necessário combatê-
la, inclusive dentro do próprio movimento
feminista. “Não há como falarmos em luta pela
libertação das mulheres sem o engajamento
necessário à libertação do povo palestino e o
papel de destaque que cumprem as mulheres
palestinas na resistência e na história da luta
das mulheres”, diz Fatima.
Diretor de Redação
_ Renato Rovai
Editora executiva
_ Dri Delorenzo
Designer Revisão
_ Marcos Guinoza _ Laura Pequeno
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