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UNIVERSIDADE AGOSTINHONETO

FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEI-BIOLOGIA

ETNOBOTÂNICA

Os Ovimbundos, os Kikongo e os Ngaguela-Tchiganji

Elaborado por:

• Afonso da Conceição Diogo


• Orlando de Oliveira Mesa André Francisco
• Pascoal Golo Miguel

LUANDA,2023
Índice
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................. 3
2. OS OVIMBUNDOS........................................................................................................................ 4
2.1. Origem ................................................................................................................................... 4
2.2. Ritos e costumes do Povo ovimbundu ....................................................................................... 4
2.1.1. Ritual ao local sagrado (Akokoto ou Etambo ...................................................................... 4
2.2.1. Ritual da chuva ................................................................................................................ 5
2.3. Costumes: A alimentação e a Dança.......................................................................................... 5
2.3.1. A alimentação .................................................................................................................. 5
2.3.3. A dança ............................................................................................................................... 5
2.4. Uso das plantas........................................................................................................................ 6
3. OS KIKONGO ............................................................................................................................... 7
3.3. ALIMENTAÇÃO A DE BASE PLANTAS............................................................................... 7
4. NGAGUELA-TCHIGANJI ............................................................................................................. 8
4.3. Rituais de iniciação.................................................................................................................. 8
4.3.3. Circuncisão ...................................................................................................................... 9
4.3.4. Proibições........................................................................................................................ 9
4.4. Religião .................................................................................................................................. 9
4.5. Actividades económicas e sociais ............................................................................................. 9
4.6. A alimentação, o álcool e o tabaco ............................................................................................ 9
5.6. Vestuário adornos e armas...................................................................................................... 10
5.7. A prática de cura pelas plantas (etnobotânica).......................................................................... 10
6. CONCLUSÃO.............................................................................................................................. 12
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 13
1. INTRODUÇÃO

Etnia é um conceito que se refere a um grupo de indivíduos que compartilham características


culturais, linguísticas, religiosas e/ou históricas específicas que os diferenciam de outros grupos. Essas
características podem incluir aspectos como tradições, costumes, crenças, valores, modo de vida e
aparência física.

A palavra "etnia" é derivada do grego ethnos, significando "povo" que tem o mesmo ethos,
costume, incluindo língua, religião etc.

Os grupos étnicos em Angola são dominados pelos Bantu, que estão divididos em vários
grupos etnolinguísticos. Os principais são os Ovimbundu, que constituíam cerca de 37% da população
em 2005, os Kimbundu, com 25% da população, e os Bakongo e Ovikongo com 13,372%. O mestiço
(misto europeu e africano nativo) representa cerca de 2% da populaçã

Os grupos étnicos em Angola são agrupados em nove grandes grupos, incluindo Tucokwe,
Ambundu, Bakongo, nganguela, ou Nganguela, Ovanyaneka-Nkhumbi, Ovahelelo, Ovambo,
Ovandonga e Ovimbundu.

Os Ovimbundu são um grupo étnico que vive no planalto central de Angola. Eles são o maior
grupo étnico em Angola e falam a língua Umbundu

Os Bakongo são um grupo étnico que vive principalmente no norte de Angola, bem como em
partes da República Democrática do Congo e da República do Congo. A língua kikongo é falada por
muitos Bakongo

Os Ganguela são um grupo étnico que vive no leste e sudeste do Planalto Central de Angola. As
principais línguas faladas são o Ganguela-Luchazi e a Mbunda .

1.1.Objectivos

Geral:

• Conhecer as etnias Ovimbundas, Nganguela tchinganji e Kikongo

Específicos:

• Reconhecer as principais tradições hábitos e costumes das respectivas etnias


• Verificar a utilidades das plantas para as etnias ovimbundo, nganguela e kikongo

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2. OS OVIMBUNDOS

Os Ovimbundu são uma etnia bantu de Angola considerados como um dos maiores grupos
étnico-linguístico de Angola pelo facto de o Umbundu ser a língua nacional mais falada em quase todo
o território angolano. Eles constituem 37% da população do país. Os seus subgrupos mais importantes
são os Mbalundu ("Bailundos"), os Wambo (Huambo), os Bieno, os Sele, os Ndulu, os Sambo e os
Kakonda (Caconda).

Os Ovimbundu ocupam hoje o planalto central de Angola e a faixa costeira adjacente, a uma região
que compreende as províncias do Huambo, Bié e Benguela.

2.1. Origem
A origem dos Ovimbundu é, de acordo com os historiadores, resultado dos processos
migratórios Bantu. As migrações, como é óbvio, tiveram várias causas entre as quais se podem apontar
às de carácter político (defesa e luta pela sobrevivência de um grupo face ao outro) e ás económicas
(ligadas às catástrofes naturais que faziam com que os Bantu procurassem terrenos mais férteis). Por
último, pode apontar-se o desentendimento dentro dos vários clãs (problemas ligados à sucessão ao
trono).

São um povo que, até à fixação dos portugueses em Benguela, vivia da agricultura de
subsistência, da caça e de alguma criação de gado bovino e de pequenos animais.

2.2. Ritos e costumes do Povo ovimbundu


O povo ovimbundu tem uma certa veneração pelos seus antepassados, daqueles que durante a
sua vida terrena praticaram o bem e com galardão, merecem juntar-se ao coro dos seus antepassados
(va sekulo).

É a estes a quem se devem recorrer nos momentos de alegria, de tristeza, de calamidades naturais
e de qualquer infortúnio na vida. Para tal recorrem alguns ritos,tais como:

• Ritual ao local sagrado (Akokoto ou Etambo)


• Ritual da chuva

2.1.1. Ritual ao local sagrado (Akokoto ou Etambo )

Para os Ovimbundu quando uma pessoa morre o seu espírito permanece como manifestações
efectivas de poder, personalidade e conhecimento dessa pessoa na sociedade, assim sendo os espíritos
têm uma influência poderosa sobre os vivos. Por isso deve-se cuidar bem dos seus túmulos. Para se
visitar estes locais os visitantes devem ungir os pulsos e só tornozelos com óleo de Palma e elimbui.
Esta acção é que dá acesso e permissão a entrada do local.

Devem ser acompanhados por um guia. Este é uma pessoa indicada pela Corte da Ombala,
geralmente é o soba que toma a dianteira. Mas para visitar um Etambo (local onde se encontram as
caveiras dos antepassados) o ritual é mais complicado deve-se seguir os seguintes passos:

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1. Repete-se o caso da junção dos pulsos e dos tornozelos com óleo de palma e elimbui;
2. Deposita-se uma quantia monetária no balaio;
3. Entrega-se a autoridade uma garrafa de aguardente e um galo; E só assim se tem acesso ao Etambo.

2.2.1. Ritual da chuva

Quando não chove na devida altura (nda Kuli ocitenya) os velhos da comunidade ficam
preocupados, porque as plantações secam, tais como o milho e o feijão principal dieta dos ovimbundos.
Assim os velhos (sa Sekulo) decidem ir ao túmulo dos antepassados aos Akokoto para a
realização do ritual.
O local é limpo para a ocasião a comida é preparada pela Nassoma (mulher do soba). A comida
é constituida por canjica de milho e são sacrificados alguns animais (cabras e galinhas);
as bebidas tradicionais como Kachipembe, chissangua(ocimbmbo);
A comida e a bebida são oferecidas aos espíritos, tocam os batuques e as pessoas comem e
bebem. Se os espíritos dos chefes receberem as oferendas, choverá no mesmo dia. Se não chover,
significa que os espíritos não estão satisfeitos com a cerimónia e tem d e ser feita outra vez segundo o
soba Kavinganji

2.3. Costumes: A alimentação e a Dança

2.3.1. A alimentação
A base de alimentação do povo ovimbundu é o pirão feito de farinha de milho e por vezes de
mandioca O pirão é acompanhado de diversos condimentos tais como:

Feijão frade, folhas de mandioqueira, folhas de abóbora, folhas de pepino, folhas de batata doce,
brejeiras, quiabos, peixe salgado, carne de caça, ratos e gafanhotos.

Normalmente este povo come logo de manha, um prato substancial de pirão, batata doce ou
canjica. A noite come um prato de pirão. No intervalo destas duas refeições come fruta e bebe
Quissangua.

2.3.3. A dança

O povo ovimbundu aprecia muito a música acompanhada de dança diversificada de acordo ás


circunstâncias dos rituais, pois através da música e da dança ele manifesta os seus sentimentos
afectivos que podem ser de alegria ou de tristeza.

O dançarino é uma figura pública dominadora da arte da dança e por isso tem um lugar de
referência na sociedade. Pode ser homem ou mulher. Ele/ela dançam em público em festas tradicionais
como a entronização, de iniciação a puberdade, na morte de um Rei entre outras

Há vários tipos de danças tradicionais na cultura umbundu, mas o destaque recai para o
olundongo, okatita, onyaca tendo cada uma delas o seu momento e importância.

Olundongo (A dança dos mais velhos) - Executa-se durante o dia. Os executantes vestem-se de panos
amarrados com cintos e usam o batuque. A dança olundongo é exibida nas grandes cerimónias das

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ombalas em diferentes reinos do Huambo, principalmente quando é empossado um novo rei ou quando
o soberano recebe uma visita de honra.

Onyaca - Modalidade da dança tradicional, executada pelas mulheres. Geralmente usa-se na


despedida de luto de quem em vida também usava tal dança

Okatita - Dança tradicional usada pelos ambos os sexos, em momentos de diversão.

2.4. Uso das plantas

Os ovimbundos encontram no mato as soluções para suas enfermidades e necessidades de


autocuidado. A prática da medicação e uso de remédios caseiros proporcionam benefícios para as
doenças e promovem o “saber” sobre a flora em que vivem.

Os Ovimbundu produzem bebidas fermentadas a partir de cereais e raízes vegetais, conhecidas


por Kachipembe e chissangua. A bebida fermentada é muito utilizada para momentos recreativos como
as festividades e rituais, mas também pode desempenhar um papel de caráter alimentício ao invés de
somente tóxico.

Ovimbndu também extraem das arvores o material para a produção de instrumentos musicais
(muito utilizado nas festais e rituais, como exemplo: o batuque) e para a construção de casas
tradicionais (cubatas).

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3. OS KIKONGO

Os Bakongos ou bacongos são um grupo étnico banto que vive numa larga faixa ao longo da
costa atlântica de África, desde o Sul do Gabão até às províncias angolanas do Zaire e do Uíge,
passando pela República do Congo, pelo enclave de Cabinda e pela República Democrática do Congo.

Vivem numa larga faixa ao longo da costa atlântica de África, desde o Sul do Gabo até s
províncias angolanas do Zaire e do Uíge, passando pela República do Congo, pelo enclave de Cabinda
e pela República Democrática do Congo.

Os Bakongo, cuja língua é o kikongo, ocupavam o vale do rio Congo em meados do século
XIII, e formaram o reino do Kongo, que, até à chegada dos portugueses, no fim do século XV, era um
reino forte e unificado, cuja capital era M’Banza Congo, ficava na actual província angolana do Zaire.
Durante a guerra colonial, muitos Bacongos fugiram para o então Zaire, levando a uma considerável
diminuição da presença dessa etnia em solo angolano.

No entanto, após a independência de Angola, muitos refugiados (ou seus filhos e netos)
retornaram a Angola. Mesmo assim, não se chegou mais a atingir os valores demográficos de 1960,
quando os Bakongos representavam 13,5% da população angolana, contra os actuais 8,5% (estimativa).

Actualmente os Bakongo de Angola encontram-se repartidos no Noroeste do país nas


Províncias, de Cabinda, Uíge e Zaire e, constituem terceiro maior grupo étnico

Entre os Bakongo, como para a maior parte dos Bantu, as práticas medicinais tradicionais se
fazem com base no recurso das raízes, folhas e plantas, minerais, ossos de animais selvagens usados
para o tratamento de doenças como infertilidade, impotência sexual, epilepsia, intoxicação por veneno,
entre outras.

3.3. ALIMENTAÇÃO A DE BASE PLANTAS

Normalmente, eles comem três refeições por dia. Para o pequeno almoço, uma família da aldeia
come uma bola de massa, feita de farinha de mandioca fufu).

Outra alimentação preferida são as sementes de gergelim (Wangila), adicionadas a pequenos


camarões secos. Sementes de abóbora (mbika), temperadas com muita pimenta e envoltas em folhas
de bananeira,

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4. NGAGUELA-TCHIGANJI

Cada povo tem a sua história. Este é elemento integrante da sua existência; todo povo necessita
de ter consciência e conhecimento das suas imagens. Elas são importantes, pois sem raízes não há vida.

A história do povo ngaguela tchinganji não se reduz em simples narração de acontecimentos do


passado, engloba toda a sua experiencia, cheios de factos reais, sonhos, vivencias, lendas, histórias
comunitárias, além disso engloba o mundo concreto dos nganguelas que, unicamente se mantêm
presente através das tradições que se comunica de geração a geração.

O grupo etnolinguístico Nganguela é o mais heterogéneo de Angola e alguns etnólogos,


chegam mesmo a admitir que estes sejam os “bantus” mais antigos de Angola.

Kativa (2011) explica que o termo "nganga" quer dizer conhecedor dos segredos da natureza e
o soba nganga ou soba sábio seria o antepassado máximo dos nganguelas, o Mwene Nganga.

O grupo nganguela, também denominado nganguela tchinganji, de língua nganguela tem maior
presença na província do Kuando Kubango, situada na região sudeste de Angola. O grupo nganguela
estende-se até à província do Moxico, onde está significativamente representada pelos subgrupos
lutchaze e mbunda, cujas línguas são consideradas como variantes do nganguela. Diversos mapas
etnolinguísticos de Angola dão conta de que o nganguela tem uma população de falantes no leste da
província do Bié e nordeste da Huíla

Quanto às variantes linguísticas, este grupo apresenta as seguintes: o lwena, o luvale, o lucaze,
o mbunda, o ambwela, o ambwela-mambumba, o kangala, o yahuma, o luyo, o nkoya e o kamashi, na
província do Moxico. O lucaze, o mbunda, o nganguela, o ambwela, o kamashi, o ndungo, o nyengo,
o nyemba e o aviko, na província do Kuando-Kubango. O lwimbe, o nganguela, o ambwela, o
engonjeiro, o ngonielo e o mande, na província do Bié. O lwimbe, na província de Malange. O
nganguela e o nyemba, na província da Huíla.

4.3. Rituais de iniciação

Tal como em todas as sociedades também encontramos nos Ngangela um sistema de educação
e onde os ritos de iniciação ou de passagem masculina e feminina representam o maior meio de
integração social dos jovens na vida adulta.

Os ritos de passagem masculina que são consagrados com uma curiosa série de mascaras do
tipo rodeado, antropomórfica ou zoomórfica, feitas à base de fibras vegetais, madeira e resina. Essa
instituição de socialização Ngangela transforma um jovem em adulto útil a sociedade capaz de
sustentar a família e de respeitar as regras da sociedade, porque é neste momento que ele toma
conhecimento dos segredos clãnicos e dos adultos pronto a enfrentar todos os desafios da vida.

Já nos ritos de passagem feminina, as raparigas são igualmente isoladas da comunidade quando
apresentam o primeiro fluxo menstrual e submetidas a rigorosas doutrinas por uma mestra idónea que
lhes ensina os segredos da vida sexual que lhe permitam cativar um homem, bem como outras
habilidades que elas precisam para ser boas esposas, donas de casa, mães e noras aceitáveis.

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4.3.3. Circuncisão

A circuncisão, tem, entre os Nganguela, o nome de Vamba ou Micunda. Micunda, quer dizer
mistério. A circuncisão realiza-se num ano de muita abundancia, porque durante muitos meses quase
ninguém trabalha e também durante este tempo gasta-se muito milho. Para este acontecimento é
necessário que aja um grupo numeroso de rapazes que ainda não tenham sido circuncidados.
Geralmente, por volta dos seis aos dez anos podendo ser mais velhos ou, mas novos, chegando á haver
homens entre eles. Reúnem-se os sobas e séculos (velhos com autoridade) das aldeias que lhes estão
sujeitas a fim de combinarem o dia da circuncisão

4.3.4. Proibições
Os tundadas (circuncidados) são proibidos de executar e participar nas actividades do kimbo.
Tais proibições são:

➢ Não podem olhar para as mulheres


➢ Não podem lavar-se
➢ Não podem tocar num machado, numa faca ou no fogo.
➢ Não podem comer ovos nem carne de determinados animais.
➢ Não podem beber de uma cabaça nem comer de um prato
➢ Não podem comer com talheres.

4.4. Religião
Os Ngangela para além das religiões universais cristãs (católica e evangélica) tomam
predomínio as crenças nos espíritos dos seus antepassados, denominados vakulu, ndumba ia muntu e
kazumbyei.

Os Ngangela crêem em um deus (calunga) que segundo a crença deste povo existem dois deuses
um nos céus que provoca a chuva, trovoada e outros fenómenos atmosféricos; outro no fundo da terra,
que faz cresceras plantas.

4.5. Actividades económicas e sociais

Das suas actividades económicas constam, para além da agricultura e da criação do gado, também
a pesca lacustre e a apicultura. A extracção do mel, a cera e a pesca lacustre e fluvial fazem igualmente
parte da sua economia. À pesca são empregues muitos instrumentos, tais como munsunsa, teha,
txintokotolo e algumas raízes maceradas, uma espécie de veneno para “embriagar” os peixes a fim de
facilitar a sua captura.

Do ponto de vista social predominam nos Nganguela os ritos de passagem masculinos, nas artes
praticam alguma escultura e também manufacturam uma curiosa série de máscaras.

4.6. A alimentação, o álcool e o tabaco

Dum modo geral, pode afirmar-se que é monótona e pouco variada a alimentação dos Nganguela
tchingange, é deficitária principalmente em relação às proteínas, donde resulta um certo grau de miséria
fisiológica do indígena. A base da- alimentação consiste numa espécie de pi rã o feito com farinha de
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milho, mandioca ou massango. A batata doce, a mandioca também entra em larga escala na sua
alimentação.

As bebidas de mais largo consumo são o hidromel (uàluampúca), o vinho obtido pela
fermentação do massango (uàluamassango) e o obtido da batata doce, também por fermentação.
(SARMENTO, Abril de 1933)

5.5.A habitação

O tipo de habitação de todos os povos desta região é a cubata, havendo a distinguir três tipos
principais: a cubata cónica, a circular e a rectangular. São todas constituídas por um esqueleto de
troncos de árvores. firmemente implantados no chão, sendo depois os espaços compreendidos entre
esses troncos preenchidos por adobe, barro, ou capim, e recobertas da mesma maneira.

5.6. Vestuário adornos e armas

É extremamente simples o vestuário. Os ganguela usa quase sempre urna casca de árvore preza à
cinta e que lhe desce até meio da coxa, à laia da tanga. À cinta traz sempre uma pequena faca de mato-
um cabo de madeira e a lâmina-, ou então urna espécie de punhal com cabo e bainha de madeira, a
maconda. O tamanho da muconda é muito variável, havendo algumas muito pequenas, outras enormes,
e por vezes muito bonitas.

5.7. A prática de cura pelas plantas (etnobotânica)

O conhecimento tradicional depende também da conservação da biodiversidade, pois que


socialmente as plantas contribuem significativamente para a satisfação de muitas necessidades, as
plantas são utilizadas na alimentação, cura de várias enfermidades e para a construção de diversos
utensílios pelo homem, desde os tempos mais antigos.

A história de Angola é essencialmente marcada pela tradição oral, daí que, os registos
etnobotânicos sejam escassos, porém, existem alguns estudos mais recentes que demonstram
claramente que a prática de utilização de plantas nativas, naturalizadas e exóticas na cura de doenças e
na alimentação é uma prática muito antiga entre estes povos.

As plantas fazem parte do dia-dia dos seres humanos, uma das plantas muito usada na etnia
nganguela tchiganji é a longipedunculata Fresen.

• Reino Plantae
• Filo Tracheophyta
• Classe Magnoliopsida
• Ordem Fabales
• Família Polygalaceae
• Género Securidaca L.
• Espécie Securidaca longipedunculata Fresen.

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Relevância etnofarmacológica da “Longipedunculata Fresen “

Securidaca longipedunculata Fresen (Polygalaceae) é uma planta multifuncional com uma


longa história de utilização na medicina tradicional africana para tratar várias infecções sexualmente
transmissíveis, hérnias, tosse, febre, ascaridíase, prisão de ventre, dores de cabeça, reumatismo, dor de
estômago, malária, tuberculose, dor, epilepsia, pneumonia, infecções de pele e também é usado como
afrodisíaco para homens

Nome científico Enfermidade Parte Modo de


Nome Local tratada Utilizada aplicação
Mutata (G) Securidaca Inflamações Raízes Maceração
longipedunculata Fresen Febres, Raízes Maceração
Omuipanganga reumatismo
(Nya) Doenças venéreas Casca da Maceração
Raiz
Lepra Raízes Maceração
Malária Raízes Misturas
Laxante Casca do Misturas
tronco,
folhas
Antirrábica Casca do Maceração
tronco
Mordeduras de Casca do Misturas
cobra tronco
(Meyer et al., 2008; kaala. B et al., 2014) ---------nya(nyaneca), g(ganguela

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6. CONCLUSÃO

Em Angola, existem muitos grupos étnicos cada um com sua própria língua, cultura e
tradições. As categorias étnicas em Angola é um assunto complexo e multifacetado. Os grupos étnicos
em Angola foram agrupados com base em critérios linguísticos. Sendo os Ovimbundu, o maior grupo
étnico constituindo cerca de 37% e, localizam-se no planalto central de Angola e na faixa costeira
adjacente, a uma região que compreende as províncias do Huambo, Bié e Benguela.

Os hábitos, costumes e tradições são preservados e passados de geração a geração.

As plantas contribuem significativamente para a satisfação de muitas necessidades, são utilizadas


na alimentação, cura de varias enfermidades e para a construção de diversos utensílios. Alguns estudos
mais recentes que demonstram claramente que a prática de utilização de plantas nativas, naturalizadas
e exóticas na cura de doenças e na alimentação é uma prática muito antiga entre estes povos.

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7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

https://www.monografias.com/pt/docs/Os-ovimbundo-PK883C7D7DLCF (Acessado aos


03/12/2023)
https://culturaangolanaetniaovimbundo.blogspot.com/p/artigos-informativos.html ((Acessado aos
03/12/2023))

Redinha, J. (1974). Distribuição Étnica de Angola (8• ed.). Centro de informação e turismo de Angola.
Kativa, B. (2011). A pérola etno-antropológica dos Ngangelas. Menongue.

Gabriel, M. (1977) Os antepassados e a fé cristã: uma questão africana

MEYER, J.J MARION, N. C. RAKUAMBO, AND A. A. HUSSEIN. "Novel xanthones from


Securidaca longepedunculata with activity against erectile dysfunction." Journal of
Ethnopharmacology119, no. 3 (2008): 599-603

KAALA B. MOOMBE, CORI H., JEANETTE CLARKE, STEVEN FRANZEL & PIERRE
ACKERMAN. “Consumer preferences for Uapaca kirkiana fruits in Zambia, Forests, Trees and
Livelihoods.”, 23:4, 248-260, DOI: 10.1080/14728028.2014.929981. (2014)

SARMENTO, A. ( Abril de 1933). GENTE DE MENONGUE.

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