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Marcos 14:30
A expressão “canto do galo” que é o assunto da reposta encontramos, com ligeiras variações, nos quatro
Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João). A partir destes textos buscaremos o significado e a natureza de tal
expressão “canto do galo”. Comecemos com os relatos dos Evangelhos:
Evangelho de Mateus 26:34:
“Jesus declarou: Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante, me negarás três vezes!
Evangelho de Marcos 14:30
“Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, esta noite, antes que o galo cante duas vezes, me
negarás três vezes”
Evangelho de Lucas 22:34
“Mas ele disse: Pedro eu te digo, (o) galo não cantará hoje sem que por três vezes tenhas negado
conhecer-me. ”
Evangelho de João 13:38
“Jesus lhe responde: Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: o galo não cantará
sem que me renegues três vezes.
O segredo todo está na forma em que os romanos dividiam a noite. Esta era dividida em quatro vigílias de
aproximadamente 3 horas cada uma:
a) Prima vigília: do pôr do sol até às 9 horas, também chamado de vigília do entardecer.
b) Secunda vigília: das 9 horas à meia-noite, chamada de vigília da meia-noite.
c) Tertia vigília: de zero hora às 3 horas, também conhecida como vigília do canto do galo.
d) Quarta vigília: das três até a aurora, chamada de vigília do amanhecer.
Essas quatros vigílias determinavam o período das três horas do serviço da guarda romana. Os judeus
inicialmente dividiam a noite em três vigílias: a primeira, “princípios das vigílias” (Lamentações 2:19), ia desde
o sol posto até às 10 horas da noite; a segunda, a vigília média” ou da meia-noite (Juízes 7:19) principiava às 10
horas da noite e prolongava-se até às duas horas da madrugada; e, a terceira, a “vigília da manhã” (1 Samuel
11:11), desde as duas horas da até ao nascer do sol. No entanto, em tempos posteriores, na época do império
romano a noite passou a ser dividida, segundo o costume dos romanos, em quatro vigílias (desde as 6 horas da
tarde às 6 horas da manhã), de três horas cada uma (Mateus 14.25 e Lucas 12.38). Em (Marcos 13:35), as
quatro vigílias são designadas pelo nome especial de cada uma. Veja texto:
Marcos 13:35-37. Vigiai. Pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao
cantar do galo, se pela manhã; para que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dormindo. O que, porém, vos
digo, digo a todos: vigiai!
Os judeus com frequência usavam uma forma abreviada quando se referiam a essas vigílias da noite. “Tarde”
era uma expressão com a qual se referiam ao fim da vigília, ou seja, 21h00min. “Meia-noite” indicava o fim da
segunda vigília. Você observou? “Cantar do galo” era o termo usado por eles para o fim da terceira vigília, ou
seja, três horas da madrugada. E “pela manhã” o modo como se referiam ao fim da quarta vigília, ou seja, às
seis horas da manhã.
Jesus pode voltar em qualquer das quatros vigílias romanas, que terminavam respectivamente, às 21 horas, 24
horas, 3 horas e 6 horas da manhã.
O que isso tudo tem a ver com a história de Pedro? É que o “canto do galo” era a expressão usada naquela
época no império romano para se referir ao toque do trombeta tocada pelo soldado romano avisando a todos o
final da terceira vigília da noite, ou seja, três horas da manhã. No primeiro século, assim em Jerusalém como
em todas as cidades importantes denominadas pelo império romano, esse toque da trombeta era conhecido
como “canto do galo”.
O final de cada vigília e o início da próxima era assinalado por um toque de trombeta. Assim, da mesma forma
como nas vigílias anteriores, ao final da terceira vigília um sinal era dado pelos guardas romanos e ocorria a
troca da guarda. Esse soar da trombeta às três horas da manhã era chamado em latim “gallicinium” e de
“alektorophonia” em grego e ambos significavam em português “o canto do galo”. Essa expressão romana
adveio do fato de que os galos normalmente cantam de madrugada, embora não haja horário previsto para as
aves o fazerem.