Você está na página 1de 59

Disciplina

Filosofia Jurídica
Profa. Msc.
Caroline Mendes Dias
AXIOLOGIA JURÍDICA - O DIREITO COMO VALOR
teoria dos valores jurídicos, deontologia jurídica,
estimativa jurídica, etc.

Se o direito é essencialmente uma ciência


“normativa” e a estrutura lógica de toda proposição
jurídica é um dever-ser, coloca-se naturalmente a
pergunta: qual a direção ou o ideal visado pela
norma? Qual o valor fundamental que orienta esse
dever-ser?

Del Vecchio: “a noção de justo é a pedra angular


de todo o edifício jurídico”.
Além disso, a noção de
“princípios gerais do
Basicamente, a direito”- a que devem, a
sentença deve ser cada momento, recorrer
“justa”, a lei deve ser o juiz e os demais
“justa” a obrigação e a aplicadores da lei-
indenização devem ser corresponde
“justas”, o salário e o Our
fundamentalmente aos
princípios de “justiça”.
preço devem ser
“justos”.
Mas,
Quais
Mission
que é
as
justiça?
suas
características, sua
natureza, suas espécies,
seu fundamento? E os
demais valores jurídicos
- a segurança, o
interesse social, a
ordem, o bem comum?
Os princípios gerais são as
Princípios gerais do direito regras que, embora não
estejam escritas, servem
como mandamentos que
informam e dão apoio ao
direito, utiliza- dos como
base para a criação e
integração das normas
jurídicas, respalda- dos pelo
ideal de justiça.
Exemplos:
legalidade,
igualdade,
boa-fé,
segurança jurídica,
razoabilidade,
proporcionalidade,
moralidade,
publicidade,
eficiência
São princípios Gerais do
Princípios gerais do direito Direito:
"dar a cada um o que é seu",

"respeitar a dignidade
pessoal do homem",

"manter a vida social",

"contribuição de todos para


o bem comum"

e muitos outros decorrentes


do conceito do valor ‘justiça’.
Noções de Valor

•qualidade de •qualidade
quem tem pela qual •importância de •apreços
força, determinada determinada morais –
coragem, pessoa ou coisa; valores
audácia; (o coisa é intrínsecos –
valor dos estimável em juízo que se
bandeirantes maior ou •o equivalente faz de uma
que menor grau; justo em
coisa, pessoa
desbravavam (fulano é dinheiro,
ou evento.
mercadoria,
nossas terras...) profissional de
etc.; (preço)
alto valor)
Há uma dicotomia entre o saber e o fazer.

Os valores são fundamentais para a vida humana e


social. São anteriores a qualquer observação, são
intuitivos e evidentes.

Faz-se necessária uma distinção entre leis, princípios e


valores. Ambos intrinsecamente ligados à natureza
humana e racional.
Juízo é o ato mental pelo
Os Valores e o Direito qual atribuímos, com caráter
de necessidade, certa
qualidade a um ente. Liga-se
o sujeito a um predicado.
Esta ligação pode ser
imperativa (é) ou indicativa
(deve ser).

Fazemos juízos de realidade


e juízos de valor sobre tudo e
sobre todos que nos cercam
e que, para cada um de nós,
tem algum interesse, ou seja,
todas as coisas e pessoas
frente às quais não nos
mantemos indiferentes.
Juízo é o ato mental pelo
Os Valores e o Direito qual atribuímos, com caráter
de necessidade, certa
qualidade a um ente. Liga-se
o sujeito a um predicado.
Esta ligação pode ser
imperativa (é) ou indicativa
(deve ser).

Fazemos juízos de realidade


e juízos de valor sobre tudo e
sobre todos que nos cercam
e que, para cada um de nós,
tem algum interesse, ou seja,
todas as coisas e pessoas
frente às quais não nos
mantemos indiferentes.
Esses processos mentais são naturais da raça humana e
automáticos em nossas mentes e podem expressar:

uma realidade (“Esta caneta existe. Ela é azul”; “o fogo


queima”; “a água é líquida”; “a advocacia é uma
profissão”; “existem regras para a conduta profissional”;

ou um valor (“esta moça é linda”; “dias chuvosos são


ótimos para se ficar na cama”; “você agiu mal ao negar
ajuda àquela senhora”; “este vestido é muito curto”;
“aquele advogado é honesto”.

No juízo de realidade o Sujeito é o predicado; No juízo


de valor o Sujeito deve ser o predicado.
O juízo de realidade é aquele que se faz
sobre a natureza real da coisa (a prata é
um metal). Já o juízo de valor é o processo
pelo qual imprimimos mentalmente ao
objeto adjetivos e apreços relativos ao
nosso estado de atração ou de repulsa (este
colar de prata é maravilhoso), sob
parâmetros positivos ou negativos de
utilidade/inutilidade, bondade/maldade,
beleza/fealdade, justiça/injustiça, etc.
Mas o que são
valores?

algo possui valor quando não permite que


permaneçamos indiferentes.

Valores são, num primeiro momento,


herdados por nós
Mas o que são
valores?
O “VALOR” é o elemento Moral do Direito,
toda obra humana é impregnada de sentido
ou valor. O Direito protege e procura
realizar valores ou bens fundamentais da
vida social, notadamente a Vida, a
Integridade, a Solidariedade, a Liberdade, a
Honra, a Dignidade, a Ordem, a Segurança,
a Paz, a Justiça.
Então vamos
relembrar:

Axiologia – vem do grego axiós que significa


apreciação estimativa. É a parte da filosofia
que se ocupa dos valores tais como: o bem,
o belo, o verdadeiro, o justo. Também
conhecida como Teoria dos Valores.
Axiologia Jurídica, então, é o estudo dos
valores jurídicos, que têm na base a JUSTIÇA.
Então vamos
relembrar:

Axiologia – vem do grego axiós que significa


apreciação estimativa. É a parte da filosofia
que se ocupa dos valores tais como: o bem,
o belo, o verdadeiro, o justo. Também
conhecida como Teoria dos Valores.
Axiologia Jurídica, então, é o estudo dos
valores jurídicos, que têm na base a JUSTIÇA.
Teoria Tridimensional de Miguel Reale:

O Direito se inicia com um fato, vive da


valoração do mesmo (fatos sociais), com
base no que é valioso ao ser humano, de
onde nascem os princípios jurídicos e, por
fim, é criada a norma jurídica, que tem por
finalidade resolver os fatos que ocorrem na
sociedade.
O Direito e a Moral - MUNDO ÉTICO
Designa ‘modos de agir
determinados pelo uso’. É um
conjunto de valores gerais
adotados, aceitos pela
sociedade.

A moral, como arcabouço de


valores, cria as normas no
plano da consciência
individual, para
posteriormente, pelo uso e
contaminação dos demais
indivíduos da coletividade,
passar a reger toda a
sociedade, limitando e
ditando as condutas
moralmente aceitas.
O Direito e a Moral - MUNDO ÉTICO

Fica a pergunta: se o Direito


e a Moral têm como ponto
comum a ação humana, quais
são os limites que separam
essas duas forças
normativas?
FILOSOFIA DO DIREITO NO PENSAMENTO
CLÁSSICO

NOÇÕES INICIAIS A filosofia tem sua história


iniciada na Grécia antiga, os
primeiros filósofos tinham como
preocupação central a
compreensão do mundo natural,
o que eles denominavam como
physis, daí a razão pela qual se
diz que os primeiros filósofos
eram, na verdade,filósofos
físicos, porque pretendiam
compreender o funcionamento
da natureza.
Para realizar essa empreitada, esses filósofos
desenvolveram algumas categorias de pensamento, são
elas: physis, arque, causalidade, cosmo, logos e caráter
crítico.
Essas seis categorias de pensamento constituíram a forma
de organização da filosofia nascente, chamada de pré-
socrática. Como eu destaquei acima, trata-se de uma
forma de pen- samento que tem a pretensão de explicar
o mundo natural, porque se volta contra uma forma de
pensamento dominante na época, o pensamento mítico-
religioso.

É nesse sentido que se pode falar que a filosofia nascente


representa uma ruptura com o pensamento mítico.
É óbvio que o pensamento mítico-religioso não
desapareceu, muito pelo contrário, mantém-se vivo até
hoje. Você mesmo já deve ter usado de algum ritual
mítico-religioso em sua vida, porque essa forma de
pensamento permanece viva na cultura como um todo.

No entanto, o que importa observar nessa primeira


filosofia que se constituiu foi a tentativa de se explicar os
fenômenos naturais sem se recorrer ao sobrenatural e foi,
na verdade, o início da constituição de um pensamento
filosófico-científico.

Essa primeira filosofia chegou até nós apenas por


fragmentos, daí a razão pela qual o processo de
conhecimento desse pensamento tenha se dado por uma
reconstrução de historiadores da filosofia.
FILOSOFIA ANTROPOLÓGICA: SÓCRATES (469-399
A.C.) E OS SOFISTAS

A filosofia que se desenvolveu a partir de Sócrates


(469-399 a.C.) é também chamada de antropológica,
isso porque temo homem como elemento central da
reflexão. Daí os temas que surgem na reflexão
filosófica são: virtude, equidade, justiça, entre outros.

Mas como se dava essa filosofia? Como


esses filósofos realizavam suas reflexões?
SÓCRATES: “SÓ SEI QUE NADA SEI”

A ideia da filosofia é a de que o


conhecimento se constrói com a reflexão, com
a dúvida, com o questionamento. Quando se
tem dúvida, quando se questiona, então
estaremos em busca do conhecimento, ao
contrário, quando temos certeza das coisas,
não queremos saber, não nos importamos em
saber, porque temos a convicção de que já
sabemos, de que já conhecemos.
SÓCRATES: “SÓ SEI QUE NADA SEI”

A postura filosófica, por sua vez, é a de


reconhecimento da nossa ignorância frente a alguma
coisa, objeto, situação, ou mesmo a realidade
comoum todo. Por esse motivo,afirmar que “só sei
quenada sei” é a atitudemais corajosa do ponto de
vista filosófico, porque é o reconhecimento da nossa
ignorância e, ao mesmo tempo, representa o desejo
de conhecer.
SÓCRATES: “SÓ SEI QUE NADA SEI”
Foi com essa postura que Sócrates conquistou
seguidores, provocou a ira dos políticos da época e
despertou na juventude o desejo de conhecer, de
romper com as amarras das obviedades.

A partir da filosofia de Sócrates identificamos


questões que podem ser tidas como típicas de uma
filosofia do direito, ainda que não tenha sido projeto
de seu pensamento a construção dessa disciplina.
Vamos, então, verificar algumas das suas ideias e o
contraponto com os principais adversários da época,
os sofistas.
SÓCRATES: “SÓ SEI QUE NADA SEI”
A postura “só sei que nada sei” indica a busca de se
conhecer a essência do objeto em análise. Quando se
pergunta, por exemplo, o que é justiça? A resposta à
questão deve indicar um conceito que se estenda
para além do tempo e do espaço,porque se pretende
atingir a essência, o imutável, para ele, a verdade
das coisas.
SÓCRATES: “SÓ SEI QUE NADA SEI”
Ao mesmo tempo em que questionava, Sócrates não
dava a resposta, o que causava certo desconforto aos
seus interlocutores, porque todos esperavam que ele
respondesse à pergunta. Ainda, aqueles que se
atreviam a responder seus questionamentos,
acabavam por apresentar exemplos ou situações
referentes ao tema objeto da pergunta.

Então, ao invés de se responder, por exemplo, o que é


justiça?Apenas se referiam a situações que diziam
respeito à justiça, mas não ao conceito em si.
SÓCRATES: “SÓ SEI QUE NADA SEI”
O que Sócrates queria? Queria que as pessoas, ao
perceberem a própria ignorância, fossem em buscado
conhecimento. Mas qual conhecimento? Para ele, o
conhecimento verdadeiro, a essência das coisas, a
realidade em sua dimensão mais ampla. Ele não dava
a resposta, porque não é o papel do filósofo, a
resposta às questões deve ser encontrada pelo
próprio indivíduo, ao filósofo cabe o papel de
despertar no indivíduo o desejo de conhecer.
SÓCRATES: “SÓ SEI QUE NADA SEI”
É por esse motivo que até hoje gostamos de dizer, ao
nos referirmos aos filósofos, que eles gostam de
questionar. E isso é verdade, não raro essas questões
filosóficas nos deixam inquietos, seja por não termos
as respostas, seja por termos receio de uma provável
resposta errada. Mas o fato é que a filosofia nos leva
indubitavelmente à dúvida, ao questionamento.
SÓCRATES: “SÓ SEI QUE NADA SEI”
A postura de Sócrates irá colocá-lo em
oposição à outra filosofia da época, os
sofistas.

OS Para os sofistas, a verdade é relativa, a


justiça resultarão somente de
SOFISTAS convenções humanas, não se tem, desse
modo, um direito imutável. Ainda, não se
pode atingir a essência do conceito de
Our
justiça, simplesmente porque não existe,
ou porque o que se mostra é apenas
Mission
uma realidade resultante de mera
construção histórica.

Temos assim, de um lado a natureza, a


physis, essa sim imutável, do outro, as
convenções humanas que são marcadas
pela cultura, pela história, pela política
e, portanto, relativas à cada momento.
COMPARAÇÃO ENTRE AS FILOSOFIAS
SOCRÁTICA E SOFÍSTICA

FILOSOFIA SOCRÁTICA FILOSOFIA SOFÍSTICA


•Essencialista; •Relativista;
•Compromisso com a •Argumentação
verdade; retórica;
•O filósofo deve ajudar •O filósofo deve ajudar
as pessoas a as pessoas a construir
alcançar a verdade argumentos
das coisas; convincentes;
Justiça é uma virtude. . Justiça é uma
convenção humana.
A postura sofística é fortemente criticada por Sócrates,
porque entende que desvirtua o real papel da filosofia e,
ao mesmo,tempo subverte a juventude. A filosofia deve
buscar a verdade, “só sei que nada sei” é consciência de
quem precisa buscar o conhecimento, de quem deseja sair
do estágio de ignorância para o estado do
conhecimento.
O papel do filósofo é conduzir os indivíduos a fim de que
esses consigam atingiro conhecimento, o filósofonão diz o
que é a verdade,mas deve provocaras pessoas a buscar a
verdade. É nessa linhade raciocínio que se extrai,do seu
pensamento, a noção de justo como resultante do correto
uso da razão,da virtude comocritério e da verdade
comoobjetivo a ser alcançado.Essa postura levará,na
concepção socrática, a se compreender a justiça no
âmbito da polis, porque ligada ao corpo político do qual
se extrai o bem comum.
Mas Sócrates não limita a conduta justa à uma
perspectiva legal, porque se a lei, por um lado, é um
primado para o bem comum coletivo,por outro, ela não
consegue prevê todas as situações.

Daí a razão pela qual o homem justo é aquele que tem a


virtude de agir corretamente diante da imposição da lei,
mas também quando esta não se mostra presente, por isso
mesmo se diz que, para Sócrates, o cumprimento do dever
é, antes de tudo, uma postura moral.
DIREITO E JUSTIÇA NO PENSAMENTO DE
PLATÃO (427-347)
É conhecida a famosa distinção que Platão estabelece
entre o mundo das ideias (ou das formas) e o mundo
sensível. Em A República há uma alegoria chamada de o
“mito da linha dividida” (Livro VI,509c-511d) no qual se
estabelece mais claramente essa distinção.

Na prática o que Platão está estabelecendo é a sua


postura filosófica diante das possibilidades do
conhecimento, ou seja, filia-se ao racionalismo
O racionalismo é uma grande corrente filosófica que
concebe a ideia de que o conhecimento verdadeiro
advém da razão e não da experiência. Platão leva essa
compreensão às últimas consequências, porque entende
que os nossos sentidos não nos fornecem segurança
quanto ao conhecimento que eventualmente possamos
adquirir, isso ocorre porque eles nos fornecem apenas a
aparência dos objetos, mas não alcançamos a sua
essência.
Somente por meio da razão,
do nosso intelecto é que
seremos capazes de atingir
o conhecimento verdadeiro,
ou seja, somente através da
razão alcançamos o mundo
das ideias. Essa distinção
entre esses dois mundos é
mais conhecida na alegoria
da caverna (Livro VII, 514a-
517d), o filósofo é aquele
que contribui para que as
pessoas se livrem dos
grilhões da ignorância e
busquem a luz do
conhecimento.
A alegoria da caverna, é uma alegoria de intenção filósofo-pedagógica, de
Platão, que pretende exemplificar como o ser humano pode se libertar da
condição de escuridão, que o aprisiona, por meio da luz da verdade, em que o
filósofo discute sobre teoria do conhecimento, linguagem, educação e sobre um
estado hipotético.
Para se alcançar o conhecimento
verdadeiro sobre a noção de justiça,
não se pode ficar preso ao mundo
material, uma vez que teremos aí
Justiça e Platão

apenas as percepções oriundas das


nossas crenças, convicções, ou mera
opinião.
Tudo gira em torno da polis, por esse
motivo não há que se falar em
justiça, direito ou virtude
desvinculados da polis.

De uma forma simples, não é possível


que alguém se julgue justo numa
sociedade corrompida pelo simples
fato de a justiça se ligar à polis e
não ao indivíduo.
É por esse motivo, por exemplo,que
Platão critica a ideia de justiça
como o “dar a cada um o que é seu”,
Justiça e Platão

concepção presente na cultura


antiga.

A crítica de Platão à essa


concepção está focada na ausência
de imparcialidade, uma vez que
tenderia a privilegiar amigos em
detrimento dos não amigos.
.
Então se as leis são injustas,
justifica-se a sua inobservância, logo
esse indivíduo estaria sendo justo,
certo? Para Platão isso não seria
Justiça e Platão

possível, lembre-se, tudo se liga à


polis.

Portanto, a existência de leis injustas


já significa uma sociedade
corrompida e não se resolve a
corrupção com a simples
desobediência, é preciso refazer as
leis.

.
JUSTIÇA, VIRTUDE E EQUIDADE
NO PENSAMENTO DE ARISTÓTELES
(384-322 A.C.)

A Filosofia Clássica tem em Aristóteles o


pensador de maior relevo, o que
conseguimos extrair de mais importante
de uma filosofia do direito dessa
produção antiga é, sem sombras de
dúvidas, do seu pensamento.

Incrível como um pensamento distante


há mais de dois mil anos ainda
permanece vivo e capaz de influenciar
não apenas a filosofia, mas a prática
governamental e a produção de algumas
leis.
A obra de maior relevo para a filosofia
do direito de Aristóteles se chama Ética
a Nicomaco. Dela extraímos as principais
ideias relacionadas à justiça, virtude e
equidade exploradas por sua filosofia.

Aristóteles é reconhecido como o aluno


mais brilhante de Platão e por quem
nutriu grande amizade. Logo, não é de se
estranhar que tenha sofrido influências
daquele pensamento filosófico. Mas é
também original, afasta-se do seu mestre
quanto a concepção dualistado mundo, a
ideia de que se deve conceber duas
realidades, uma sensível e outra das
formas.
Para Aristóteles, o processo de conhecimento se dá de
forma linear e não por rupturas, como pensava Platão.
Pode-se dizer que o processo ocorre por acumulação e
começa desde as sensações iniciais.
Distinção de Aristóteles sobre os saberes
No modelo aristotélico, a Justiça faz parte do
conhecimento prático, porque está no âmbito da ética.

A justiça é uma virtude, ou seja, é fazer a coisa certa


mesmo quando da ausência da lei, ou quando a lei
não fornece elementos adequados à realização da
justiça. Por isso se entende que justiça é uma virtude.
Mas como se desenvolve a virtude? Os homens e
mulheres são naturalmente virtuosos ou essa postura
perante o mundo se desenvolve por meio da prática
humana? O que você pensa a respeito?

Para Aristóteles, a virtude se desenvolve por meio da


conduta ética, é prática reiterada que se “cola” ao
comportamento do indivíduo. E o que é a ética?É o
campo do saber que nos fornece os elementos
necessários à realização da conduta correta, que nos
ajuda a nos afastarmos do erro.
Logo, por esse raciocínio, a justiça é uma conduta ética.
Deixando nos levar pela razão seremos capazes de observar
adequadamente qual conduta melhor se coaduna à retidão.

Ao mesmo tempo, no esquema aristotélico, observar-se-á que


essa conduta ética estará vinculada à polis.

Esse é o mesmo raciocínio de Platão, aqui se percebe uma


nota que se repete no pensamento clássico, qual seja, a de se
ter a polis como centralidade da conduta cidadã. Nesse
sentido, a justiça se realiza na polis!

A justiça como virtude é uma concepção que está presente no


pensamento clássico, Sócrates, Platão e Aristóteles defendem
essa tese.

Isso significa que a justiça se encontra no campo da ética, do


dever de fazer a coisa certa quando da observância da lei,
ou mesmo quando a lei é omissa.
ÉTICA A NICÔMACO
(RESUMO)
por: Rebeca Fuks

Considerada uma obra fundamental do filósofo


Aristóteles e um dos livros principais para se
compreender a cultura ocidental. Ética a Nicômaco é
uma obra chave que debate assuntos referentes à moral
e ao caráter.

O que chamamos de Ética a Nicômaco é uma coletânea


que reúne dez livros e versa sobre os mais variados
assuntos, enfocando especialmente na questão da
felicidade e nos meios para se alcançá-la.
ÉTICA A NICÔMACO
Resumo (RESUMO)

Aristóteles tinha como mestre Platão e, dando


continuidade a cultura do ensino e da reflexão, passou
a lecionar também para seu filho, Nicômaco.

É a partir das anotações de Nicômaco que Aristóteles


levanta e discute as ideias centrais para a filosofia
ocidental, principalmente as debatidas em a República,
de Platão.

De acordo com os ensinamentos inseridos em Ética a


Nicômaco, a ética não é um conceito abstrato e
distante, encerrado no ambiente de ensino, mas é
percebido como algo prático e palpável, um exercício
que permite o florescer da felicidade humana.
ÉTICA A NICÔMACO
(RESUMO)
Um dos temas centrais para o livro, por sinal, é a
felicidade, alvo de atenção sobretudo nos livros I e X da
produção.

Aristóteles assume um papel de pedagogo porque se


preocupa com a educação e com o futuro do seu
próprio filho.

Segundo o filósofo, a felicidade é a finalidade última do


ser humano, um bem supremo para onde todo homem se
inclina, "a mais nobre e a mais aprazível coisa do
mundo".
ÉTICA A NICÔMACO
(RESUMO)

Ainda de acordo o filósofo discípulo de Platão,

"o bem soberano é a felicidade, para onde todas as


coisas tendem" (...)
"é em busca da felicidade que se justifica a boa ação
humana"

A obra começa com um apanhado bastante geral, uma


reflexão sobre o bom e o bem. Aristóteles diferencia o
ser humano do animal, porque o homem, ao contrário
dos bichos, almeja e galga a felicidade suprema.
ÉTICA A NICÔMACO
(RESUMO)

Independentemente de ser um homem comum ou um


grande intelectual, todos nós desejamos ser felizes, e,
para tanto, exercemos nossas virtudes tendo em vista o
melhor. O conceito de virtude utilizado, embora
ligeiramente modificado, é herdado dos seus
antecessores Sócrates e Platão.

Fica claro que Aristóteles percebe que o conceito de


felicidade varia de indivíduo para indivíduo, mas o
filósofo procura elaborar uma teoria que contemple a
todos.
ÉTICA A NICÔMACO
(RESUMO)

De acordo com o filósofo, existem três tipos de vidas


possíveis:
aquela dos prazeres, onde o ser humano se torna um
refém daquilo que deseja;
aquela política, que busca a honra pelo
convencimento;
aquela contemplativa, a única que detém, de fato, a
essência da felicidade.
ÉTICA A NICÔMACO
(RESUMO)

A vida contemplativa é guiada pelo pensamento e tem


como origem a nossa alma, o segredo para alcançá-la
é buscar os elementos dentro de si, e não almejar algo
que esteja do lado de fora.

Dessa forma, para Aristóteles, o maior bem possível de


se alcançar é o prazer intelectual, intrinsecamente
ligado à vida contemplativa.

Você também pode gostar