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Maria Eduarda Mendonça Bet – Genética de populações

as variações já existentes. A seleção natural é o conjunto


GENÉTICA DE de situações do meio que atuam sobre a populações,
visando o processo de adaptação da população.

POPULAÇÕES Um exemplo da ação da seleção natural é o


melanismo industrial. A diferente ação da seleção sobre as
INTRODUÇÃO mariposas, em ambientes rurais sem poluição do ar e
ambientes urbanos poluídos, altera a frequência dos alelos
A Genética de populações estuda os princípios
relacionados com a coloração das asas.
genéticos aplicados a populações inteiras de seres vivos.
Por meio de modelos matemáticos, ela analisa os fatores
FLUXO GÊNICO (MIGRAÇÕES)
associados às mudanças evolutivas que ocorrem nas
espécies ao longo do tempo. As migrações de indivíduos entre diferentes
populações provocam um fluxo gênico, que pode alterar a
As aplicações práticas da Genética de populações
frequência genotípica pela transferência de alelos entre as
incluem o aconselhamento genético de pacientes com
populações. A imigração pode aumentar o conjunto de
alterações hereditárias; a interpretação de levantamentos
alelos de uma população, enquanto a emigração pode
populacionais de portadores de genes de doenças como
reduzi-lo.
diabete, esquizofrenia e vários tipos de câncer; estudos
para aumentar o desempenho de plantas cultivadas e DERIVA GENÉTICA
animais domesticados; análise de genes e genomas de
espécies diferentes para estabelecer relações evolutivas. A deriva ou oscilação genética (genetic drift)
corresponde a alterações da frequência alélica em virtude
Para atingir seus objetivos, a Genética de populações de eventos casuais. A deriva ocorre em todas as
estuda o comportamento dos genes nas populações populações, mas seus efeitos são muito mais intensos em
naturais, investigando a ação dos mecanismos que alteram populações pequenas e isoladas, como aquelas que vivem
a composição genética das populações. Esses mecanismos em ilhas.
são denominados fatores evolutivos.
Em populações grandes, pode ocorrer a deriva
FATORES EVOLUTIVOS genética quando apenas um pequeno número de
indivíduos se reproduz a cada geração. A frequência alélica
O processo evolutivo decorre da descendência com desses indivíduos em conjunto pode ser diferente da
modificações que ocorre em todas as espécies, ao longo do população total, de modo que a frequência alélica na nova
tempo. As espécies transmitem seus genes de uma geração geração pode divergir da população inicial. Um exemplo é
para outra; as modificações evolutivas são decorrentes de o que ocorre com populações de elefantes-marinhos, nas
alterações nas frequências gênicas. quais um número muito reduzido de machos é responsável
pela fertilização de todas as fêmeas.
Os mecanismos que provocam mudanças na
frequência dos alelos de uma população são denominados
EQUILÍBRIO DE HARDY-WEINBERG
fatores evolutivos e incluem mutações, seleção natural,
fluxo gênico provocado por migrações e a deriva genética. Em 1908, o matemático inglês G. H. Hardy e o médico
alemão W. Weinberg publicaram trabalhos semelhantes
MUTAÇÕES de forma independente, que são considerados o início dos
As mutações são modificações espontâneas do estudos de genética de populações.
material genético, que podem alterar os genes e introduzir
Hardy e Weinberg propuseram que, na ausência de
novas variantes genéticas na população. A mutação é a
fatores evolutivos, a frequência de alelos e genótipos de
base primaria da variabilidade, ao aumentar o numero de
uma população que se reproduz sexualmente permanece
alelos disponíveis. Isso, associado à recombinação
em equilíbrio, ficando constante e invariável de uma
genética da meiose, possibilita um incremento da
geração para outra. As condições para estabelecer o
variabilidade.
equilíbrio são:

SELEÇÃO NATURAL  População grande;


 Cruzamentos ao acaso (panmixia); Comentado [MEB1]: Panmixia – grego Pan (tudo) + mixis
Enquanto mutação e recombinação são fontes de
 Sem a ocorrência de mutações, seleção, fluxo (mistura)
variação, a seleção natural é um mecanismo que age sobre
gênico ou deriva.
Maria Eduarda Mendonça Bet – Genética de populações
Uma população em equilíbrio de Hardy-Weinberg não F (AA) = p² F (Aa) = 2pq F (aa) = q²
altera suas frequências alélicas de uma geração para outra
e, assim, não está evoluindo. É claro que isso é uma Isso corresponde à expansão do binômio de Newton
situação teórica, que não ocorre na natureza. Entretanto, → (p + q = 1)² ou p² + 2pq + q² = 1.
a evolução é um processo muito lento, que ocorre ao longo
Examinando a população em relação aos alelos A e a
de milhares de anos.
estudados, a observação dos indivíduos dominantes não é
Podemos medir, por amostragem, a frequência alélica suficiente para determinar a frequência do alelo A; não
de uma população para determinada característica podemos distinguir o homozigoto AA do heterozigoto Aa,
hereditária e admitir que, no momento da coleta de daos, pois têm o mesmo fenótipo.
a população estava em equilíbrio. Se medidas posteriores
Mas a contagem dos indivíduos recessivos (aa) é útil,
da frequência alélica, coletadas do mesmo modo,
porque fornece o valor de q². o valor de q é √𝑞², e a partir
mostrarem dados diferentes da coleta inicial, podemos
dele determinamos o valor de p, pois p + q = 1.
admitir que essa população está sob a ação de fatores
evolutivos.

Desse modo, a análise do equilíbrio de Hardy-


Weinberg é uma ferramenta importante no estudo dos
mecanismos evolutivos.

CÁLCULO DA FREQUÊNCIA ALÉLICA

Considerando um par de alelos autossômicos A e a,


vamos estabelecer a frequência do alelo A como um valor
p e a frequência do alelo a como um valor q.

F(A) = P F(a) = q

A soma das frequências de A e a representa 100%


desses alelos na população. Assim, temos:

p+q=1

Mas esses dados não podem ser obtidos pelo estudo


direto da população, pois não podemos ver os alelos no
interior das células. Observamos os fenótipos (dominante
ou recessivo) e daí depreendemos os genótipos (A_ ou aa).
Assim, devemos calcular a frequência dos genótipos na
população.

CÁLCULO DA FREQUÊNCIA DE GENÓTIPOS

Vamos admitir uma população sexuada em equilíbrio,


na qual as frequências dos alelos A (p) e a (q) são iguais em
machos e em fêmeas. Considerando cruzamentos ao
acaso, a chance de um zigoto ser formado por um óvulo A
(p) e por um espermatozoide A (p) é igual a p X p = p². a
chance de ocorrer um encontro entre um óvulo a (q) e um
espermatozoide a (q) é igual a q X q = q². A chance de
formar um genótipo Aa depende de dois eventos
diferentes: o encontro de um óvulo A (p) com um
espermatozoide a (q), com p X q = pq, ou o encontro de um
óculo a (q) com um espermatozoide A (p), com p X q = pq.

Desse modo, temos o calculo da frequência de


genótipos assim estabelecido:

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