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I SEMINÁRIO E&P DE MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO DE

BR PETROBRAS EQUIPAMENTOS

Planejamento e Execução de Testes de Carga em


Guindastes
Hamilton Pontes Prado UN-BC/ST/EMI

Este trabalho foi preparado para apresentação no I SEMINÁRIO E&P DE MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS, realizado pela
PETROBRÁS - Petróleo Brasileiro S.A., de 20 a 22 de março de 2002, em Salvador, sob a coordenação da UNIVERSIDADE CORPORATIVA /
NÚCLEO BAHIA, do E&P-CORP/ENGP e do UN-BA. Seu conteúdo está sujeito a correções pelo(s) autor(es) a qualquer tempo. Os conceitos
apresentados e as análises e opiniões emitidas não refletem necessariamente o pensamento da comissão organizadora do evento, sendo de
responsabilidade exclusiva do(s) autor(es). É permitida a cópia de um resumo de, no máximo, 300 palavras. As ilustrações não podem ser
copiadas ou reproduzidas sem autorização prévia.

1) Resumo da norma N-1930. No entanto, paralelamente


procurou obter a especialização necessária,
O presente trabalho visa esclarecer sobre a através de treinamento multidisciplinar e interação
filosofia e os procedimentos técnicos que vêm com fabricantes e subfornecedores.
sendo adotados, no âmbito da UNBC, para o Posteriormente, melhor preparada e com
planejamento e execução de testes de carga em conhecimentos operacionais ampliados, pode
guindastes offshore. O texto informa sobre as então elaborar os primeiros procedimentos de
várias etapas que devem compor o teste, teste. Nos anos que se seguiram, as máquinas
justificando-as, e chama a atenção para os riscos instaladas na Bacia de Campos alcançaram
associados e precauções necessárias. Aborda gradualmente determinados estágios operacionais,
também questões que dizem respeito às causas enquadrando-as nas ditas situações relevantes,
geradoras de situações conflitantes envolvendo o previstas em norma e que justificavam a realização
órgão responsável pela execução dos testes de testes de carga.
(Inspeção) e o próprio órgão solicitante (Unidade
Offshore) que, em casos de adiamentos por Devido à dispersão, diversidade de modelos e
quaisquer motivos, não vê atendida a sua diferentes capacidades dos guindastes existentes
expectativa de conclusão dos testes, tendo então na RPSE (Região de Produção do Sudeste), a
que arcar com os ônus decorrentes. obtenção de módulos de cargas sólidos,
necessários à composição das cargas de teste,
As explanações apresentadas estão apoiadas na tornou-se um problema de difícil solução. Somente
experiência e em fatos diversos ocorridos em com a aquisição de bolsas de teste (Figura 1)
dezenas de testes realizados ao longo de vários específicas para carregamento gradual com água,
anos, onde foram detectadas, em sua grande os testes puderam ser viabilizados continuamente.
maioria, as mesmas causas geradoras. Como
exemplo ilustrativo, serão feitas considerações e
associações a um determinado teste de carga
realizado na plataforma P-20 (UN-BC) com a
intenção de recertificação de um guindaste, com
capacidade de 50 ton, pela DNV (Classificadora
Det Norske Veritas).

2) Introdução
Com a emissão , em 1984, da norma Petrobras
N-1930 (Inspeção em Serviço de Guindastes
Offshore), além da regulamentação formal da
atividade de inspeção do equipamento em
questão, ficou também estabelecida a
obrigatoriedade de realização periódica, em
situações relevantes, de testes de carga nos
guindastes instalados nas unidades offshore da
empresa. No ano anterior, 1983, já havia iniciado
suas atividades um grupo, criado dentro do Setor
de Inspeção de Equipamentos da RPSE
(RPSE/SEIEQ), direcionado prioritariamente para o
desenvolvimento da atividade de inspeção de
guindastes offshore. Por se tratar de uma atividade
inédita na empresa, a atividade não teve outra
alternativa, se não a de buscar a criação da sua
própria experiência pelo cumprimento do contexto
O primeiro teste realizado pelo RPSE/SEIEQ
2 I Seminário E&P de Manutenção e Inspeção de Equipamentos

ocorreu efetivamente em janeiro/1995, na com mais eficácia aqueles componentes


plataforma de PNA-1, em um guindaste American considerados como críticos, muitas vezes não
5750, recém instalado, após ter tido o seu projeto contemplados ou contemplados superficialmente
original alterado pelo fabricante. pelas rotinas de manutenção efetivamente
utilizadas.
Figura 1 - Bolsa de teste (2 unidades)
A tabela à seguir exemplifica alguns dos casos em
3) Histórico que os testes de carga solicitados foram
inviabilizados, no momento da solicitação, pelo fato
A divulgação deste novo produto, "Teste de carga de as informações repassadas pela Unidade
em guindastes", despertou o interesse simultâneo quanto às condições operacionais, não terem sido
de várias Unidades offshore que, tão logo realmente comprovadas pelo Setor de Inspeção
informadas, iniciaram a emissão de solicitações de antes da aplicação do teste de carga.
teste sob as mais diversas alegações de urgência.
Com todas essas requisições simultâneas, o Setor
de Inspeção foi incapaz de atendê-las de acordo
Data da Data da
com as expectativas, devido à limitada quantidade
Unidade solicitação do realização do
de mão de obra e equipamento de teste
teste de carga teste de carga
disponíveis. Enfim, ultrapassado o primeiro
momento, as solicitações foram atendidas, e, com P-20 (BB) Outubro - 2000 Abril - 2001
a realização dos primeiros testes, algumas vezes
executados sob pressões gerenciais, certos PNA-2 (MOD11) Outubro - 1996 Junho - 1997
aspectos indesejáveis logo se mostraram e PPG-1 (A) Julho - 2000 Outubro - 2000
puderam ser percebidos pelo Setor de Inspeção:
P-14 (BE) Março - 2000 Maio - 2000
1. Parte dessas solicitações eram emitidas com o
intuito de obter como resultado do teste, Resumindo, os fatos retratam a seguinte realidade:
segurança operacional e respaldo técnico para
um equipamento submetido a condições de Em 100% dos casos houve adiamento dos testes
manutenção e/ou operação questionáveis. pelo motivos expostos anteriormente.
Evidenciavam uma cultura, equivocada devido
à inexperiência e desconhecimento, que 4) Fundamentos Teóricos e Definições
aceitava que a pura aplicação de um teste de O termo "Teste de carga" pode ser entendido como
carga pudesse garantir a continuidade sendo um conjunto de operações destinadas a
operacional segura. submeter determinado equipamento à condições
2. Outras tantas asseguravam que determinada de trabalho pré-estabelecidas, visando-se obter a
máquina encontrava-se pronta para teste após comprovação da sua capacidade em desempenhar
a conclusão de intervenções significativas. adequadamente as funções para as quais foi
Naquelas ocasiões, que antecediam os testes, projetado. Sua concretização, em condições de
havia enorme dificuldade de comprovação, por segurança, é o resultado do cumprimento de várias
parte da empresa executante da intervenção, etapas estabelecidas de modo coerente segundo
tanto da adoção de procedimentos de reparo critérios filosóficos, técnicos e operacionais. É
tecnicamente corretos quanto da procedência imperativo a observância de tais etapas pois, a
confiável de componentes críticos experiência nos mostra que, quando bem
substituídos. planejadas, conduzem sempre aos resultados
desejados.
Em ambos os casos, se atendidas sem quaisquer
questionamentos, tais solicitações poderiam Solicitar em teste o melhor desempenho de um
conduzir à ocorrência de acidentes resultantes de equipamento que possui, muitas vezes, um longo
falhas em componentes críticos não confiáveis, tempo de operação, sem que isto represente um
transformando o teste em um indesejado evento risco para os profissionais envolvidos e para a
destrutivo. Este cenário gerou inúmeros conflitos própria Unidade offshore requer, no mínimo, a
pois, a expectativa da Unidade quanto à execução certeza da existência de condições seguras de
imediata do teste não se concretizava tendo ela, operação. É inaceitável assumir riscos sem
então, que arcar com as consequências. qualquer respaldo técnico. Após vários anos
participando de testes de carga em guindastes dos
Diante dos fatos, as posturas do Setor de Inspeção mais diversos tipos na Bacia de Campos, a equipe
necessitaram de ajuste, de maneira a procurar tem hoje uma visão bastante prática da realidade
atender a expectativa da Unidade quanto à que envolve esta atividade, que permite a ela, com
disponibilidade do equipamento, sem que a própria argumentos adequados, assumir posturas firmes e
execução do teste pudesse significar um ato de planejar tendo a atenção voltada para a eficácia e
risco. Para isso, passou-se a alertar as Unidades para a contingência.
sobre a necessidade de um envolvimento mais
acentuado por parte do Setor de Inspeção durante 4.1) Planejamento
os processos de reparos e revisões, aos quais,
depois de concluídos, estava sempre associada a O planejamento global deve seguir as seguintes
execução de testes de carga. Com esta nova etapas:
diretriz, o aperfeiçoamento dos procedimentos a
serem utilizados antes e durante os testes se fez  Avaliação da real necessidade de aplicação do
necessário, visando-se apurar os critérios até teste solicitado
então estabelecidos em norma e também atingir  Elaboração do procedimento de teste
Planejamento e Execução de Testes de Carga 3

 Comprovação da existência de condições matemáticos simples, desenvolvidos pela própria


normais de operação do equipamento equipe de inspeção executante dos testes de carga
(ST/EMI - Suporte Técnico/Engenharia de
 Planejamento logístico e de contingência Manutenção e Inspeção). A utilização de tais
 Execução do teste modelos tem-se mostrado bastante útil não
somente em relação à elaboração dos
 Verificação posterior dos pontos julgados procedimentos de testes, mas também como
críticos ferramenta complementar na análise de
componentes e sistemas, auxiliando na emissão
 Emissão de relatório de prognósticos de desempenho dos mesmos,
otimizando, assim, os alvos da inspeção. Na
4.2) Detalhamento do Planejamento prática, sua utilização já nos permitiu, por várias
vezes, identificar a existência de sistemas ou
4.2.1) Avaliação da real necessidade de aplicação componentes subdimensionados em relação às
do teste características estabelecidas em especificações
técnicas. Permitiu também auxiliar a avaliação de
Um questionamento a respeito dessa necessidade
componentes submetidos a sobrecargas eventuais
sempre deve ser feito para que se evite testes
e até ultrapassar com segurança, quando
desnecessários e se possa otimizar a mão de obra
necessário, certos limites de carregamento
qualificada disponível para a execução. Algumas
estabelecidos pelo fabricante.
vezes as solicitações de teste visam atingir
determinados componentes, desconsiderando
alternativas tecnicamente adequadas de avaliá-los 4.2.3) Comprovação da existência de condições
e muito menos complicadas. Cabe então ao órgão normais de operação do equipamento
de inspeção executante, sensibilizar e convencer Esta etapa requer o conhecimento efetivo do
ao solicitante a optar pela adoção dessas histórico de manutenção e inspeção dos
alternativas. A necessidade de aplicação de um componentes considerados críticos, bem como de
teste de carga deve estar sempre apoiada em suas condições físicas do momento. A efetiva
justificativas técnicas, e não emocionais. realização do teste deverá decorrer da indicação
conjunta, dos órgãos de inspeção e manutenção,
4.2.2) Elaboração do procedimento de teste após ambos concordarem com a existência das
condições mínimas requeridas.
O texto do procedimento de teste deve estabelecer
claramente questões como: Na UNBC, os casos que mais têm gerado conflitos
entre os órgãos solicitante e executante dos testes,
 O seu objetivo resultando sempre no adiamento dos mesmos, são
 A necessidade eventual de aplicação de aqueles em que, após intervenções significativas
sobrecarga no equipamento, torna-se necessária a execução
de um teste de carga pelo órgão de inspeção, sem
 As situações normais e/ou extraordinárias em que o mesmo tenha participado do processo
que o teste seja aplicável anterior. Nestas ocasiões, têm-se constatado
freqüentemente a ausência de rastreabilidade de
 A obrigatoriedade da existência de condições componentes críticos e também que o escopo de
operacionais seguras e adequadas à serviços tem excluído ou omitido do processo de
realização do teste intervenção, alguns desses mesmos componentes.
 0 detalhamento técnico das fases a serem Tais situações contra-indicam categoricamente a
seguidas deve definir etapas que reproduzam execução do teste de carga e não devem ser
seqüências operacionais reais, com definição admitidas sob pena de transformar, como já dito
dos valores das cargas necessárias à anteriormente, o teste em destrutivo.
solicitação dos diversos sistemas, bem como Assim sendo, para reduzir as dificuldades
valores referenciais de velocidades, mencionadas acima, nada mais coerente do que o
temperaturas, ângulos de lança e pressões órgão solicitante estabelecer, juntamente com o
hidráulicas e pneumáticas. órgão de inspeção responsável pela execução do
Um procedimento de teste completo deve prever futuro teste, um conjunto de requisitos
verificações em todos os sistemas do guindaste, indispensáveis à conclusão dos serviços de
ou seja, sistemas de giro, movimentação de lança, intervenção, evitando assim os referidos
elevação de carga principal e auxiliar, adiamentos.
acionamentos, estrutura, dispositivos de segurança Os testes de carga não devem ser realizados sob
- incluindo-se aí as funções de emergência - e condições duvidosas. O questionamento quanto a
dispositivos de controle. As cargas de teste devem existência de condições adequadas à sua
ser selecionadas de modo a criar nos diversos realização é, além de uma exigência normativa,
sistemas, as solicitações máximas admissíveis uma prática de profissionalismo e bom senso. Em
para cada caso, maximizando a eficácia do teste. seu texto, a norma N-1930, determina a execução
A velocidade do carregamento deve ser baixa, de de inspeção do tipo "anual" e a eliminação de todas
modo a se obter, gradualmente, confiança no as pendências consideradas impeditivas, antes da
sistema atuante até que se atinja a carga máxima realização do teste de carga.
estabelecida para o mesmo.
Atualmente, na UNBC, para identificação dessas 4.2.4) Planejamento logístico e de contingência
solicitações máximas, são utilizados modelos
Quanto aos itens necessários à execução física do
4 I Seminário E&P de Manutenção e Inspeção de Equipamentos

teste, podemos relacionar alguns daqueles Figura 2 - Execução do teste de carga


considerados indispensáveis:
O teste de carga deve ser coordenado por
 Eslingas de içamento com capacidade profissional de inspeção com conhecimento técnico
adequada e geometricamente significativo do equipamento e do plano de
compatíveis com o gancho do contingência elaborado. Deve também possuir
dispositivo de elevação do guindaste. capacidade para atuar rapidamente frente a
acontecimentos inesperados, minimizando
 Bolsa de teste para enchimento gradual eventuais conseqüências destrutivas.
com água.
A opção pela adoção de cargas de teste líquidas,
 Conjunto de monitoração da carga de ou seja, bolsa para enchimento com água,
teste composto de sensor de carga apresenta algumas vantagens em relação às
(transmissor) e console indicador de cargas sólidas. Cargas líquidas não oferecem risco
carga (receptor). às linhas submarinas e podem , se mergulhadas,
 Mangueiras com comprimento aliviar de totalmente o carregamento do guindaste
suficiente a serem conectadas em em condições de comportamento não previsto. As
pontos previamente selecionados. bolsas de teste são transportadas vazias e,
portanto, com maior facilidade. Podem também
Nesta etapa, também deve ser prevista a ser armazenadas a bordo sem que haja
seqüência de operações de movimentação das necessidade de preocupação com a capacidade de
cargas de teste pelo guindaste, visando otimizar o carga do piso utilizado. Enfim, a utilização de
uso das mesmas, uma vez que o conjunto cargas líquidas aumenta a segurança das
"standard" da bolsa de teste não permite a redução operações e reduz os eventuais efeitos destrutivos
da carga suspensa, somente o seu acréscimo. nos casos de acidentes. A ocupação de um maior
Deve também ser previsto um plano de volume e a necessidade de manutenção e
contingência destinado a minimizar conseqüências cuidados no manuseio podem ser vistas como
provenientes de um comportamento inesperado do desvantagens na utilização de cargas líquidas
guindaste, principalmente durante as fases mais porém, perfeitamente compensadas pelas
críticas do carregamento. Devido ao espaço vantagens anteriores.
restrito normalmente disponível para o teste, o
plano de movimentação das cargas deve evitar 4.2.6) Verificação posterior dos pontos julgados
que as mesmas transitem sobre tubulações críticos
pressurizadas, equipamentos, embarcações salva-
vidas e alojamentos habitados. A área disponível A verificação posterior de componentes tem a
para o teste deve ser interdita ao transito de finalidade de comprovar que o teste em si não
pessoas não envolvidas diretamente com o teste. provocou danos indesejáveis em qualquer
elemento crítico do guindaste. A seleção de tais
4.2.5) Execução do teste (Figura 2) pontos deve ser feita com bom senso, sem a
necessidade de desmontagens complicadas. Em
Após obedecidas todas as etapas anteriores, o determinadas situações específicas, a utilização de
teste poderá ser iniciado se ainda, alguns ensaios não destrutivos pode também ser indicada.
requisitos adicionais também forem atendidos. As
condições de mar e de vento, por exemplo, são 4.2.7) Emissão de relatório
também capazes de inviabilizar temporariamente
um teste de carga, não só devido à ação do vento O relatório de teste deve conter, além dos valores
na grande área vélica da bolsa de teste mas, obtidos dos parâmetros monitorados e do parecer
também pelo fato do guindaste encontrar-se, final, uma descrição resumida de todas as
eventualmente, instalado em uma unidade irregularidades funcionais e operacionais ocorridas,
flutuante (plataforma ou navio). Nestes casos as informando inclusive sobre as medidas adotadas
oscilações provocadas pela condições para a eliminação das mesmas. As limitações
mencionadas podem ser tão severas que decorrentes da impossibilidade de eliminação de
justifiquem a paralização completa das atividades quaisquer irregularidades também precisam estar
de movimentação de cargas na Unidade. Para indicadas.
limitações exclusivas devido ao vento, velocidades
acima de 20 nós inviabilizam as operações de Teste de carga do guindaste de BB da P-20
teste.
O texto a seguir resume os fatos ocorridos durante
o processo de obtenção da certificação, pela DNV
(Classificadora Det Norske Veritas), do guindaste
de 50 Ton (Figura 3) instalado a bombordo da P-20
(Bacia de Campos).
Planejamento e Execução de Testes de Carga 5

carga instalado na ancoragem do cabo da lança,


de modo a intervir no sistema quando necessário.
Após todo este trabalho, que durou em torno de
oito meses, considerando-se o período entre a
data da primeira solicitação e o seu efetivo
atendimento, o teste pode, então, ser concluído
com êxito total, sendo então obtida a certificação
final pela DNV.

Conclusão
A observância dos pontos aqui expostos, aliados à
competência técnica e ao bom senso dos
profissionais responsáveis pela manutenção do
equipamento e pelo planejamento/execução dos
testes de carga em guindastes, permitirão
minimizar os riscos operacionais em quaisquer
situações e obter, de forma natural, os resultados
desejados. O sucesso final de eventos dessa
natureza é alcançado pelo somatório de pequenos
outros sucessos obtidos com competência e
profissionalismo.
O órgão de inspeção (responsável pelo teste de
carga) tem a sua atuação direcionada para o apoio
logístico da Unidade, porém, tem também o dever
de atuar buscando a segurança operacional que
Figura 3-Guindaste Liebherr BOS 50/1800 da P-20 também garanta o bom desempenho da Unidade.
Este teste se constitui uma referência para a Por isso, é inadmissível que assuma posturas
UNBC por se tratar do primeiro a utilizar um passivas diante de atitudes decorrentes de
conjunto de duas bolsas de teste para compor a desconhecimento técnico, negligência ou omissão.
carga necessária de 55 Ton . O seu planejamento A engenharia da atividade deve se manter em
e execução procurou observar todos os conceitos constante desenvolvimento, buscando sempre
aqui preconizados, e pode-se com isso, mais uma novos recursos que permitam avaliações cada vez
vez, comprovar a sua coerência. mais precisas, de modo a poder fornecer suporte
Durante as primeiras tentativas de realização do técnico convincente aos órgãos operacionais.
teste de carga, o guindaste em questão, após ter
sido submetido a um longo conjunto de
intervenções destinadas a capacitá-lo ao evento,
apresentou um comportamento inesperado. Os
problemas concentraram-se na sua incapacidade
em içar a lança com cargas menores que a
máxima admissível para aquele determinado
ângulo de lança. Nesta condição de carregamento,
a pressão do sistema hidráulico, inexplicavelmente,
ultrapassava a pressão nominal de operação
estabelecida nos manuais. Com a realização de
testes complementares e a verificação mais
detalhada da documentação original do guindaste
(gerada 20 anos antes), concluiu-se que a
capacidade retratada pela tabela de carga adotada
no momento, encontrava-se acima da capacidade
nominal do equipamento.
O estudo para o estabelecimento da tabela de
carga adequada ao guindaste foi realizado em
conjunto pelas equipes do ST/EMI e da Unidade P-
20. Para isso foram avaliados, através de modelos
matemáticos desenvolvidos pela equipe do
ST/EMI, os esforços atuantes na sustentação da
lança em todos os pontos da tabela de carga. Para
a calibração das funções de segurança do
guindaste (sistema PAT de monitoração de
cargas), que intervêm nas operações quando
ultrapassados certos limites de carregamento, foi
mais uma vez necessária a utilização dos modelos
matemáticos para identificação dos valores
referenciais de esforços a serem inseridos no
sistema de monitoração. Tais valores seriam
comparados com os valores lidos pelo sensor de

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