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A ,

GEN~:RO LITERARIO
atitude do escritor diante do mundo faz com que ele
busque uma forma que seja adequada ao texto que
constrói. Essas formas podem ser ciassificadas em três
grandes grupos, denominados gêneros iterários, de acordo
com a melhor tradição dos estudos crfticos:
- o gênero lírico (forma em que o escr':or e ais subjetivo e
que ocorre quando resulta de u a re a ãn itiva ou in-
teriorizada do escritor com o mundo
• •
- o gênero narrativo (forma pe'a qua '""r a uma lm-
pressão de objetividade e que s~ ·~a dinâmica
temporal, com uma sucessão e a e trans-
formação dos fatos contados ;
- o gênero dramático (forma ~a =l --
trás da representação e da fa -
criou).
Há textos que podem se
ficuldades, num gênero espec :-
possam se situar p edo · a -
nero, não são faci me !:SS --
aluno se aperceber •- - =ser o
da predom i râ,...,c'a as-
bre as àos o -r-- - e
s
Prazeres, e -
estabelece -
entre o mar e -a

Aí estaya o rr1ar. ...


manas. E ali estava a m ~-"'
vivos. Como o ser hun1an -
2
mesmo , tornara-se o mai
sangue. Ela e o mar. (8. ed. Ri

As correspondências mulher a e
subjetivo do narrador. Por outro ladow esse ~
também apresenta dramatizações {o q e -
própr[as do gênero dramático), quando a
senvolve através da fala das próprias pe so a

'
1. Quem está de pé é -~r ,
8e;sonagem centra : ~
2. Refere-se ao autoco:-- ec eflto do homem, _. - ·s':afi-
tenc1a tnconsctente e na ra .
A • • •

-

\

. - A noite de ~oje está me parecendo um sonho . 3

- Mas não é . E que a realidade é inacreditável. ·


- Que
,.
badalar de sino é esse?
- E do relógio da Glória que marca de quinze em quinze mi-
nutos com badaladas que deixam as pombas assustadíssimas. (Op.
ci t., p. 161 ) '

O badalar dos sinos da igreja da Glória, no Rio de Janeiro,


é referido pelas personagens e não pelo narrador. O narrador,
nessas situações, cria a ilusão, para o leitor, de que não in-
terfere na narrativa. As reflexões apresentadas, ao contrário do
que se verificou no exemplo anterior, seriam d a personagem e
não de sua autoria.
Os gêneros apresentam subgêneros, isto é, fo rmas lite-
rárias que se mantêm dentro das características do gênero a
que pertencem. Exemplos de subgêneros:
- gênero lírico (soneto, canção , elegia, ode, etc.);
- gênero narrativo (romance, nov ela, conto, crônica, etc. );
- gênero dramático (drama, t ragédia, coméd ia, auto, farsa,
etc.).
Cabem algumas observações em relação ao gênero nar-
rativo, objeto de est udo neste livro: a epopéia é uma narrativa
em versos, praticada no passado, em especial na época do
Renascimento, como Os lusíadas, de Luís de Camões. Mo-
dernamente, as histórias épicas aparecem em prosa. O crítico
húngaro Georg Lukács afirmou que o romance é a epopéia da
burguesia, isto é, um texto em prosa cuja forma se identifica
com os valores dessa classe social. Sempre houve formas
narrativas, e estas aparecem adaptadas ao contexto psicoló-
gico, histórico e social de cada época.

,
TEXTO CRITICO
,
e a


nca,

3. Esta r; ....... c -a a .::; :!e ._::{, e .a ~C';'"' o seu a é .: _ sses.


4. Em i S-a g ...... ~- r de Cc ,... ceitos i .:. ........ e...,tais de pae~ r:a c de Janeiro,
Tem ;:: n 3 ""as :::. o "'972.
5. Narra: vos.

13

épica ou dramática, não só por não apresentar apenas característi-


cas d e um único gênero, mas também p orque essas características
não se projetam , na constituição da linguagem, sempre da m~sma
maneira. (SOARES, Angélica. Gêneros literários. São Paulo, Atica,
1989. pp. 18-19)

Comentário: Embora as noções de li r~smo, narratividade


e dramaticidade continuem v áli das,. e · ante para o aluno
observar a dinâmica que existe ert :. s generos. Eles consti-
tuem categorias importantes para ...s: á lite rário, mas o
aluno deve observar inic i a l me n ~e -~ .. a ser ana lisado para
depois fazer as suas deduções. ento contrário (a
- partir da aprese ntação em ve s :s • • o do t exto) pode
levar a enganos. Dev e ser Ire e qu e o s autores
românticos rom p eram com _ !"'P"' -::ss"' oos dos gêneros
-

literários e que o s mo\i c- : ... :: - E"" a levaram essa


ruptura aind a ma is o ng e -- - r.,.s isar no texto
cada u m dos gêneros

-
PROSA DEF

Pe
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serva, exi ste ~, ·Q,- .. ;::- ·..-
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bém na língua ora l e as


romance, a novela e
prosa de ficção.

ORO CEEANOVEL

O roma nce é, na prosa de f icçã o, a f


longa. Em razão desse fato, as cat egor"as
gênero (co m o personagem, espaço, temo a . .
cem co m interco nexões bastante ela ra as
mente ness a extensão (de que res ulta ai ores
o fator que v ai levar o romance a se s g ·r --
conto e da crôn"ca. N ão poderíamos te a a'II"'W""!
curta, inclusive cor.tos, co m tais intercc nex ões? E
com muitas na rrativas cu rtas que ap rese ta gr-
ração nas categ,o rias do gênero. Crif cos impo
vêem diferença ent r e romance e novera. a g (ate
e na Espanha, po r exemplo, o romance é a ad

1A
-

,
TEXTO CRITICO
'
Nos séculos XII e XIII, chamava-se romança o poema em língua
6
românica que narrava feitos heróicos e aventuras galantes, em
oposição ao poema em latim. A· palavra novela, emprestada do ita-
liano no século XIV, substituiu em espanhol e inglês o termo ro-
mance. Em português, novela passou a designar narrativa menos
extensa e menos complexa que o romance. Nas origens, novela
salientou a inclinação da narrativa romanesca para o novo, original,
7
contrária ao poema épico, cultor de grandezas antigas .
Já se vê que a literatura produzida em latim e a que ia surgindo
em língua popular não se distinguiam só nos idiomas. O romance
retratou, desde o começo, conflitos individuais e vida cotidiana,
opondo-se a noções medievais latinas, que privilegiavam qualidades
fixas, persistentes ainda em epopéias nacionais como a Chanson de
8 9
Roland e o Poema de Mio Cid , obras em que não se admite con-
taminação de lealdade e traição, amplamente praticada pelo ro-
mance10. -
Os leitores de romance, ao se libertarem da oralidade me- 11
dieval, adquiriram novos hábitos. O romance criou núcleos não
sujeitos ao púlpito, veículo privilegiado de idéias e centro de coe-
12
são social . A leitura, restrita a um reduzido número de clérigos
letrados, conquistou novos espaços. Lido isoladamente, o romance
abalou a vida em comunidade, exigida pelas outras artes (pintura,
13
teatro, canto, arquitetura, oratória) . Dirigindo-se ao indivíduo
fora da sociedade, o romance favoreceu o tratamento de pro-
blemas reservados, de conflitos interiores. O romance nos leva ao
individualismo que amadurece em fins do século XVIII. Muitas
razões conduziram o leitor ao romance. O mundo imaginário'
oferece espaço para repousar das agressões cotidianas. O enredo
apresenta coerências que os fatos recusam. O discurso ficcional,
14
disseminando palavras, elide o silêncio e o medo da morte.
Neutralizada a aspereza da vida no tempo da leitura, o leitor se
reaparelha para enfrentá-la com renovado vigor.

6. Língua derivada do af . Sãc ~:::r.--as ...


o francês, o italia o c ga ::r.....,._. -
romeno o sardo e c ,.._......, ....,.,
7. O poema eo cc. e
gló ·as e .......
8. A t .. ·a ""es·.......-t-~. ,..,...~~s.-,..n.r+·
9. Au iG .. a ESC'"':CJtr
1O. No c- ~ - e .."""'"'.a :: ~ ---- ~;::s OC"rlições ser /Jieal" ou
• •
1/tra·""'
. "-'----
d a .. l onas .
11 . Na rr.-.4·
o '.. - .,_
- -=- -
- :...M,_. : : :
...:::% ......

~=-
....- - --'--·-

12. Nas ._.~-e ~~ ::....,-sE -:: .. ~e: · socia.: e.. a_. histórias de
, .
pro\ e .,_. .e c: o:t""' - ::- '"':: ~ partar:el"':~s et1cos ou re-
ligiosCEi
13. Nessas ,..,.-:-_a :cr;:s.~,_-D da arte e .. a e m .ocal público.
14. Elimi""'a.

15
15
O Dom Quixote, de Cervantes , foi o primeiro romance de
envergadura, aparecendo numa época em que os ideais cavaleires-
cos se tornaram inviáveis. A realidade concreta recusou os sonhos da
cavalaria andante. A exigência de homens práticos como Sancho
repelia Dom Quixote com seus sonhos.
( ... )
Na década de 50 [do século XX], tornaran1-~e intensos os ru-
mores da rnorte do romance, quando um grupo de ficcionistas
franceses (Alain Robbe-Grillet, Michel Butor, Nathalie Sarraute)
afrontam preceitos consagrados da arte romanesca tais como tem-
po, espaço, ação. Sartre, ao cha1nar de anti-romances essas produ-
ções, declara que destroem o romance sob nossos olhos. Enrique-
ceram, na verdade, a arte de narrar com recursos reservados à ci-
nenlatografia.
No momento em que o romance parecia ter esgotado todas as
possibilidades de inovar, estoura o romance latino-americano, e al-
cançam notoriedade mundial Julio Cortázar, García Márquez; Var-
gas Llosa, Miguel Angel Asturias, Alejo Carpentier, Carlos Fuentes,
Cabrera Infante, Guimarães Rosa.
16
Nos últimos anos, quando o realismo mágico já não causa o
impacto do princípio, mencionam-se com respeito prosadores de
Portugal, um país adormecido para a prosa desde Eça de Queirós e
considerado feudo de líricos. De fato, nomes como Virgílio Ferreira,
José Saramago, Augustina Bessa Luís e Lobo Antunes conferem a
Portugal lugar de destaque no elenco dos ficcionistas contemporâ-
neos. Em breve não teremos mais o direito de ignorar os ro-
17
n1ancistas d as novas repúblicas africanas . (SCHÜLER, Donaldo. /

Teotin do ro1nance. São Paulo, Atica. 1989 )

,
ar ..•

e e a do mance :'J.,.reso~nde
ao de-
so l' f a C
e o --· 'd o pode
- -- - - - .,, ...,..,
a a'*"· as
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?" e e con:rar
- - - e encontrar no e
- ... ~ a ... oerenc·a entre os fatos
- corre na vida desse leitor. En-
-
- ance pode servir, por outro lado, de
c'alização desse leitor, permitindo a ele
e - o nos fatos que vivencia na vida prática.
Essa :a-ão implica uma tensão entre sonho e
'

15. M iguel ae-- -;::2 edra (1547-1616. escritor espanhol.


16. Tendência - c é3 ~arece em autores mencionados no parágrafo
anterior. '
17. Entre esses r .... . __.. ,_. .- e :Je mencionar: José Luandino Vieira e Pepetela,
de Angola.

16
-
realidade, tensão equivalente à que Donaldo Schüler localiza
11
no primeiro romance de envergadura", Dom Quixote. No
romance, há a possibilidade de o leitor, ao se divertir com a
história contada, conhecer um pouco mais de si e da realidade
que o rodeia. Além disso, ele pode ainda sonhar com um

11
mundo menos áspero", sem as carências e necessidades que
ele encontra em seu cotidiano.

O CONTO •

A característica principal do conto, por ser uma narrativa


curta, é a condensação das categorias da narrativa. Isso não
significa que ele seja uma forma narrativa sempre mais sim-
ples que os romances: há contos literários bastante com-
plexos. Entretanto, o que caracteriza o conto é a sua brevidade,
o que leva o escritor a hierarquizar os fatos a serem narrados
de forma a provocar no leitor um efeito marcante.

,
TEXTO CRITICO
O conto é uma forma breve. Esta afirmação, que aparece toda
vez em que se tenta definir o conto, nos leva a um conhecido ditado:
"No conto não deve sobrar nada, assim como no romance não
deve faltar nada''.
( ... )
18
No entanto, mesmo em Poe , a questão não era propriamente
e tão simplesmente a do tamanho. E também para Norman Fried-
man, em "What makes a short story short?" (1958), a brevidade,
considerada como fator diferencial, baseia-se apenas nos sintomas e
19
não nas causas . A questão não é: ''ser ou não ser breve''. A questão
é: ''provocar ou não maior impacto no leitor''.
Neste caso, o conto pode ter até uma forma mais desen,·olvida
de ação, isto é, um enredo formado de dois ou mais epi ódio-. ~­
assim for, suas ações, no entanto, são independentes. en
no romance dependem intrinsecarnente d e
O conto é, pois, conto. qu.and -
modo diferente das ap ~· ~
·e..;;P-r."' ...

ineren te11J.enle c_t ,.,..,.,n ,.,,_T·


panes. J\. has
conde..1-.:;)d.
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20. Isto e, m _ .ns ~ .J-: e his""""....,.•

17
.---~--------------- -

-

Daí a conclusão a que chega Norman Friedman:

um conto é curto porque, mesmo tendo uma ação longa a mostrar, sua
ação é melhor mostrada numa forma contraída. ou numa escala de
proporção contraída ( p. 134) .

Para tanto, mobiliza alguns recursos narrativos favoráveis a este


intento de seleção, mediante omissão, expansão, contração e pontos de
vista.
O que não se pode afirmar é que uma estória é curta porque
tem um certo número de palavras ou porque tem mais unidade ou
porque enfoca mais o clímax que o desenvolvimento da ação.
O que podemos considerar, afirma Norman Friedman, é como
e por que tais recursos acontecem e os modos vários de responder a
estas questões, de acordo com as possíveis combinações de tais ele-
m entos narrativos. Ou seja: de como aparecem tais combinações em
cada conto.
., (GOTLIB, Nádia Battella. Teoria do conto. 2. ed. São
Paulo, Atica, 1985. p p . 63-65)

Comentário: A f orma curta do conto provém de um mo-



. -e c à sua construção - o contista deve concentrar
T'

:-e·,. ..u.s a a ocasionar um determinado impacto no leitor. Toda


_ a arrativa direciona-se para propiciar esse
ao contrá rio , o narrador apresenta uma
_ "U --~,,,ro:!e não deve llfaltar nada".
,,

,,. :pact o" no leitor/ o contista


e e s- .,. - - a ~·::...,ar o qu e é impo rtante para
a con s:- - - =;:~c. e, po·s de ac ordo com
.
Nádi a B a~E: ::: = .. -
-
l o.
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E_ - : esse c1 a para esse
impacto e11.'lr." ados com
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.. ~ _s ele-
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vanc1a; e aprese a
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- - -
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