REMOÇÃO DE COMPOSTOS FENÓLICOS UTILIZANDO
SÍLICA MODIFICADA COM LÍQUIDO IÔNICO
BIS(TRIFLUOROMETILSULFONIL)AMIDA DE 1-
PROPIL-3-METILIMIDAZÓLIO ([MIM][NTF2-]) COMO
ADSORVENTE
Marília Rafaele Oliveira Santos
Universidade Tiradentes
marilia-oliveiras@hotmail.com
Aiála Santos Carvalho
Universidade Tiradentes
aialasc@hotmail.com
Matheus Moura Oliveira
Universidade Tiradentes
oliveira.m.m@outlook.com
Juliana Faccin de Conto
Universidade Tiradentes
jfconto@gmail.com
Silvia Maria Egues Dariva
Universidade Tiradentes
egues@ibest.com.br
1. INTRODUÇÃO
Fenóis são considerados poluentes
prioritários, devido a serem prejudiciais aos
organismos mesmo em baixas concentrações,
devido a possibilidade de acúmulo no meio
ambiente, além de muitos deles serem
classificados como perigosos por
apresentarem potencial de perigo à saúde
humana[7][5]. Águas residuais contendo
compostos fenólicos apresentam vários
problemas de descarte, pois eles possuem
baixa biodegrabilidade e alta toxicidade[2].
Diversos processos industriais têm compostos
fenólicos como efluente, pois tais compostos
são utilizados pelas indústrias de plástico,
papel, refinaria de óleo, petroquímica,
cerâmica, desinfetante, farmacêutica e aço[1].
Resumo expandido – IX Congresso de Engenharia, Ciência e Tecnologia – CONECTE 2015
RESUMO: Fenóis são considerados poluentes prioritários, devido
a serem prejudiciais aos organismos mesmo em baixas
concentrações, devido a possibilidade de acúmulo no meio
ambiente, além de muitos deles serem classificados como
perigosos por apresentarem potencial de perigo à saúde humana. A
geração de alta quantidade de água residual contaminada com
compostos fenólicos é uma problemática a ser solucionada. Os
compostos fenólicos além de serem um problema nos efluentes
industriais, têm sido um problema na produção do bio-óleo, que é
um biocombustível produzido através do processo de pirólise e que
apresenta diversos compostos fenólicos em sua composição.
Assim, técnicas de separação que utilizam matrizes sólidas têm se
mostrado potencialmente poderosas para a remoção desses
compostos, devido à possibilidade de projetar e conhecer a
composição química da superfície desses materiais tornando-os
mais seletivos. Desta forma, a proposta desse trabalho foi estudar a
adsorção de fenol utilizando sílica modificada com líquido iônico
bis(trifluorometilsulfonil)amida de 1-propil-3-metilimidazólio
[MIM][NTf2-] como adsorvente.
PALAVRAS-CHAVE: fenol; sílica funcionalizada; adsorção.
A geração de alta quantidade de água
residual contaminada com compostos
fenólicos é uma problemática a ser
solucionada, pois caso ocorra a utilização de
água contaminada com esses compostos o
corpo humano pode sofrer alguns danos como
degeneração de proteína, erosão de tecido,
paralisia no sistema nervoso central e também
alterações nos rins, fígado e pâncreas[9].
Os compostos fenólicos além de serem
um problema nos efluentes industriais, têm
sido um problema na produção do bio-óleo,
que é um biocombustível produzido através
do processo de pirólise e que apresenta
diversos compostos fenólicos em sua
composição. Os compostos fenólicos
presentes no bio-óleo são responsáveis pela
sua alta viscosidade, instabilidade e
28 e 29 de Maio, Maceió/AL
envelhecimento precoce (oxidação)
impedindo a utilização direta do bio-óleo
como combustível[11]. No entanto, os fenóis
são de alto interesse para a indústria química,
pois são amplamente utilizados na indústria
têxtil, de adesivo, farmacêutica, entre outras.
Desta forma é de grande importância estudos
sobre a remoção dos compostos fenólicos
desta matriz.
Sendo assim, técnicas de separação de
fenol que utilizam matrizes sólidas vêm sendo
estudadas, devido à possibilidade de projetar e
conhecer a composição química da superfície
desses materiais tornando-os mais seletivos
aos fenóis. Uma gama de materiais sólidos
podem ser utilizados nos processos de
adsorção, troca iônica e extração em fase
sólida, dentre outros. Em processos de
separação utilizando matrizes sólidas para
compostos fenólicos, vários materiais já
foram testados como, por exemplo, carvão
ativado[4], solo[10], zeólita [13]
, bio-
adsorventes e resinas poliméricas[3]. Além
[6]
da utilização de todos esses adsorventes
citados acima, materiais modificados com
grupos orgânicos, mais especificamente
líquidos iônicos (LI), podem ser aplicados na
remoção de compostos fenólicos[7][8][14].
Os LI’s vêm sendo aplicados em
processos de separação devido à sua
extraordinária seletividade de natureza dupla,
ou seja, pode ser utilizado para separação de
compostos polares assumindo uma
característica de fase estacionária polar ou na
separação de compostos apolares, assumindo
assim a característica de fase estacionária
apolar[12].
Dentro deste contexto, o objetivo deste
trabalho foi utilizar uma sílica modificada
com líquido iônico como adsorvente na
remoção do fenol como composto modelo.
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2. METODOLOGIA
2.1. Determinação e validação da
metodologia de análise dos compostos
fenólicos.
Primeiramente foi feita um espectro de
varredura utilizando um espectrofotômetro de
UV-Vis modelo UV-2600 da marca
Shimadzu, entre 185 e 800 nm, para
determinar o comprimento de onda em que o
fenol absorve com maior intensidade. Em
seguida, foram feitas as curvas de calibração
para o fenol nas concentrações de 10 a 110
mg/L. As soluções padrão de fenol (Sigma-
Aldrich) foram preparadas utilizando três
solventes: isopropanol, água e água
acidificada com HCl (pH 4).
2.2. Processo de Adsorção
Os experimentos de adsorção foram
feitos utilizando o solvente isopropanol. O
adsorvente empregado nos experimentos foi
uma sílica modificada com líquido iônico
bis(trifluoro-metilsulfonil)amida de 1-
metilimidazólio, denominada SiNTf2-. Os
experimentos de adsorção de fenol na
concentração de 550 mg L-1 em isopropanol,
foram realizados nas temperaturas de 25 ºC e
40 ºC, com massa de adsorvente 0,1 g e nos
tempos de 0,25 a 36 h.
Todos os ensaios foram realizados em
regime de batelada, utilizando soluções de 10
mL. Os frascos contendo as amostras foram
mergulhados em um tanque agitador com
controle de temperatura. Cada condição
experimental foi realizada em frasco
individual, evitando perturbar o equilíbrio da
adsorção com a retirada de amostras.
O percentual de remoção dos corantes
(%R) foi determinado pela Equação 1:
( ) (1)
28 e 29 de Maio, Maceió/AL
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1. Espectro de varredura e curva de
calibração do compostos fenólico
A Figura 1 apresenta o espectro de
varredura do composto fenólico obtido através
da análise UV-vis.
Figura 1 - Espectro de varredura do fenol por
espectrofotometria no UV-vis.
Analisando a Figura 1, pode-se observar
que o comprimento de onda em que o fenol
absorve é de 273 nm para o solvente
isopropanol.
Após determinado o comprimento de
onda do fenol através do espectro de
varredura, foi feita a curva de calibração. A
Figura 2 apresenta a curva de calibração do
fenol utilizando o solvente isopropanol para
concentrações entre 10 e 110 mg L-1,
atendendo a Lei de Beer-Lambert.
Figura 2 - Curva de calibração do fenol em
isopropanol.
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A obtenção da curva de calibração,
absorbância versus concentração do fenol, é
necessária para posterior quantificação deste
composto após adsorção, isto porque, a curva
analítica é a ferramenta de quantificação mais
utilizada e consiste na determinação da
resposta de determinado instrumento a várias
concentrações do composto que será
estudado.
Observa-se na curva de calibração que o
valor de correlação linear obtido está acima de
0,99, além disso, a curva de calibração, segue
uma tendência linear nas concentrações de 10
a 110 mg L-1. A absortividade molar () do
fenol foi estimada no valor de 0,0166 L mg-
1
cm-1.
3.2. Experimentos de Adsorção
Foi realizado o experimento de adsorção
na concentração de 550 mg L-1 utilizando
como solvente o isopropanol, nas
temperaturas de 25 ºC e 40 ºC durante 36
horas, como mostra a Figura 3.
Figura 3 - Cinética de adsorção do fenol em
isopropanol a 25 ºC e 40 ºC na concentração de 550 mg
L-1.
Observa-se na Figura 3 que após 36 h
do processo de adsorção do fenol na
temperatura de 25 oC foi possível adsorver
aproximadamente 16 % da concentração de
fenol presente na solução. Quando a
temperatura utilizada no processo de adsorção
foi aumentada para 40 oC, o percentual de
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adsorção do fenol na sílica modificada com cyclohexane. Journal of Colloid and
líquido iônico SiNTf2- foi de 14 %. Sendo Interface Science, 316, p. 10–18, 2007.
assim, pode-se afirmar que o processo de [4] JIA, Q.; LUA, A.C., Effects of
adsorção realizado na temperatura de 25 oC pyrolysis conditions on the physical
foi mais eficiente na remoção de fenol e que characteristics of oil-palm-shell
não é necessário utilizar temperaturas mais activated carbons used in aqueous
altas no processo de adsorção utilizando o phase phenol adsorption. J. Anal.
adsorvente SiNTf2-. Appl. Pyrolysis, 83, 175–179, 2008.
[5] LIN , S.; JUANG R., Adsorption of
phenol and its derivatives from water
4. CONCLUSÕES using synthetic resins and low-cost
Através do espectro de varredura no natural adsorbents: A review. Journal
UV-Vis, obteve-se o comprimento de onda do of Environmental Management, 90, p.
fenol, sendo este de 273 nm. 1336–1349, 2009.
Foi possível obter uma boa linearidade [6] NADAVALA, S.K. et. al. Biosorption
entre a concentração e absorbância do fenol of phenol and o-chlorophenol from
entre 10 e 110 mgL-1, atendendo a Lei de aqueous solutions on to chitosan–
Beer-Lambert. A absortividade molar () do calcium alginate blended beads.
fenol foi estimada em 0,0166 Lmg-1cm-1. Journal of Hazardous Materials, 162(1),
Nos experimentos de adsorção p. 482–489, 2009.
verificou-se que o percentual de adsorção foi [7] NG, Y.S. et. al. Behavior of
de 16% e 14% para as temperaturas de 25 e hydrophobic ionic liquids as liquid
40 oC, respectivamente. membranes on phenol removal:
Experimental study and optimization.
Desalination, 278, p.250–258, 2011.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [8] NOSRATI, S. et. al. Performance
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from oil refinery wastewater, Journal 1283–1290, 2011.
of Hazardous Materials, 163, p. 711– [9] SENTURK H. B. et. al. Removal of
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[2] BALASUBRAMANIAN A.; adsorption onto organomodified
VENKATESAN S. Removal of Tirebolu bentonite: Equilibrium,
phenolic compounds from aqueous kinetic and thermodynamic study.
solutions by emulsion liquid Journal of Hazardous Materials, 172, p.
membrane containing Ionic Liquid 353–362, 2009.
[BMIM]+[PF6]− in Tributyl [10] SUBRAMANYAM, B.; DAS, A. Study
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2012. soils based on kinetic and isotherm
[3] HUANG, J. et. al. Adsorption modeling analyses. Desalination,
behavior, thermodynamics, and 249(3), p. 914-921, 2009.
mechanism of phenol on polymeric [11] TANG, Z. et. al. One Step Bio-Oil
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[12] WANG, Y. et. al. Application of Ionic
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Int. J. Mol. Sci., 10, p. 2591-2610, 2009.
[13] YOUSEF, R.I. et. al. Adsorption
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from aqueous solutions: Kinetics,
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[14] ZHU, L. et. al. Adsorption of phenol
from water by N-butylimidazolium
functionalized strongly basic anion
exchange resin. Journal of Colloid and
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