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A SEGUNDA

APOSTILA
DE
RAIVOSOS
ANÔNIMOS.

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1. TUDO SOBRE A RAIVA PÁG. 3

2. CRÍTICA E RECLAMAÇÃO PÁG.29


3.A MÁGOA TÓXICA
4. O VÍCIO DA FOFOCA PÁG. 47

5. VINGANÇA X PERDÃO PÁG. 56


6.EGO, O PAI DA ADICÇÃO PÁG. 74

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TUDO SOBRE A RAIVA

A Síndrome do Imperador:

Liliana foi uma criança criada com demasiados mimos, e sem


limites. Seu pai, uma pessoa furiosa, vivia demitindo as suas babás, a
cada reclamação sua, de maneira humilhante e agressiva. A criança,
sentia-se defendida e protegida, e assim, aprendeu a admirar o poder de
seu pai perante os outros. Ela entendeu que para defender seus direitos,
deveria impor-se através da raiva, elevação de voz, ofensas e
humilhação, a fim de amedrontar quem a peitasse. Aprendeu a
desigualar-se das pessoas, pois idealizava o próprio pai como alguém
superior, pelo seu jeito imponente e agressivo, aliado ao seu status
financeiro. Ao se tornar adulta, Liliana tornou-se igual ao seu pai,
desrespeitando a todos que fossem contra suas vontades. Como uma
Imperatriz, sua vontade virou lei, e ao se olhar no espelho, percebia-se
realmente poderosa, em seu ego descabido.

Liliana acreditava ter o "sangue azul", e encarava as pessoas com


um olhar penetrante e imponente, esperando que todos se curvassem
aos seus desejos mais soberbos. Porem, não entendia o repúdio que isso
causava. Um dia, conheceu um rapaz por quem se apaixonou. Mas num
surto de raiva, gritou-lhe impulsivamente: "Ponha-se daqui para fora,
seu cretino!” E ele nunca mais voltou! Pouco depois, seu pai faleceu e
começou a sentir-se cada vez mais sozinha e incompreendida, pois não
conseguia conviver com pessoas saudáveis e muito menos, com alguém
igual a ela.

Um dia, decidiu ir a uma egrégora espiritual e pediu ajuda a um


mentor. Contou-lhe sobre o mar escuro e gélido que havia se tornado
sua vida. Disse o mestre: "Não há dinheiro nesta vida que consiga
comprar o coração humano. Além disso, nenhum súdito ama o rei que o
humilha. Quanto menos você se sentir importante, mais será
importante!” Assim, ela compreendeu que sua felicidade seria
proporcional à humildade que conseguisse desenvolver. Nada mais
libertador do que sentir- se apenas mais uma na multidão. O paradoxo

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era incrível! Para ser amada, deveria entregar a sua coroa nas mãos das
pessoas mais simples. Enfim, entendeu que a solidão é a única súdita de
um falso imperador.

Winston Churchil, ex primeiro ministro britânico, certa vez disse


que poderia julgar o tamanho de uma pessoa pelas coisas que as
enfurecem. Quanto menor a pessoa, maior o número de baboseiras que
a irritam. E quanto mais elevada, menores serão as situações que a
perturbam.

Mitos e realidades sobre o vício da raiva:

Muitas vezes, acreditamos em mitos sobre a maneira certa de


lidarmos com a raiva. Grandes psicólogos afirmam ser saudável
externá-la sempre que a sentirmos. Expor nossos sentimentos no
exato momento da ira, dar socos em travesseiros, são algumas
das velhas táticas sugeridas para nos acalmar. Quem de nós nunca
ouviu falar que guardar raiva pode dar câncer? Mas será que isso
é mesmo verdade?

Mito 1: “A agressão é a catarse instintiva feita através da raiva.”


Realidade: A agressão é um hábito catártico adquirido, uma reação
aprendida e praticada por pessoas que pensam poder fugir do desconforto,
através deste comportamento.

Mito 2:" Ao expressar nossa raiva, conseguiremos nos esvaziar de toda a


toxidade interna, e ficaremos libertos de todo o mal - ou ao menos,
ficaremos menos irritados.”
Realidade: uma série de estudos indica que expressar abertamente a raiva
poderá aumentá-la ainda mais. Antes de a externarmos, deveremos sempre
“rodar nosso filme para trás”, e nos lembrar da nossa última briga
devastadora. Somente assim, teremos condições para avaliar se será
prudente continuarmos enraivecidos ou não.

Mito 3: “As birras e outras raivas infantis são expressões saudáveis de raiva
que impedem as neuroses.”
Realidade: As emoções estão sujeitas a leis de aprendizagem, como
qualquer outro comportamento". Os picos de raiva que aparecem aos dois

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e três anos de idade, começam a diminuir aos quatro anos, a menos que a
criança aprenda a controlar os outros através desse comportamento.

Os quatro tipos de temperamento

É mais que comum, as pessoas se irritarem com as outras de vez


em quando. Quem nunca provocou raiva ou críticas negativas, parece
não ter construído nada importante na vida, ou seja, nada que seja digno
de ser notável pelos outros. Porém, o que difere os temperamentos
saudáveis dos tóxicos, é exatamente a freqüência e intensidade em que
se dão os desentendimentos nas relações interpessoais. Podemos
considerar 4 tipos de temperamentos:

1. Dificilmente irritável e facilmente apaziguável - temperamento ideal

2. Facilmente irritável e facilmente apaziguável - sua desvantagem é


anulada pela sua virtude.

3. Dificilmente irritável e dificilmente apaziguável- sua vantagem


(virtude) é anulada pela sua desvantagem.

4. Facilmente irritável e dificilmente apaziguável- temperamento muito


doentio.

1. Pessoas dificilmente irritáveis e facilmente apaziguáveis - este


é o temperamento ideal, que devemos nos esforçar para ter.
Costumamos dizer que pessoas que se irritam com dificuldade e
esquecem o ocorrido com facilidade, possuem um temperamento
abençoado, pois conseguem andar pela vida com facilidade. Costumam
não exagerar na mágoa, mesmo quando alguém realmente as agride.
Não se estendem na raiva, pois não suportam viver em baixa freqüência
de espiritualidade. Prezam pelo seu bem estar acima de qualquer coisa,
e a obrigação de revidar está em ultimo lugar no seu rol de prioridades.
Geralmente, convivem bem com a família, possuem empregos estáveis
por muitos anos, e cultivam as mesmas amizades.

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2. Pessoas facilmente irritáveis e facilmente apaziguáveis – este
tipo de temperamento não é de longe o ideal, mas ainda é considerado
aceitável, pois apesar da irritabilidade, essas pessoas possuem a virtude
de perdoar as outras com facilidade. Pode ser considerável um
temperamento aceitável, caso a irritabilidade não cause desarmonia na
vida de seus familiares.

3. Pessoas dificilmente irritáveis e dificilmente apaziguáveis- este


não é um temperamento considerado saudável, pois apesar da pessoa
não sofrer da cólera, ou seja, não se deixar irritar rápido demais, não
possui a capacidade de perdoar, e os efeitos negativos do ressentimento
anulam o seu lado bom. Mesmo raro de acontecer, quando provocada a
sua ira, será muito difícil de apaziguar-se.

4. Pessoas facilmente irritáveis e dificilmente apaziguáveis – este


é o temperamento destrutivo mais comprometedor. Não há chances de
levarmos uma vida estável se não possuirmos uma mente saudável, a
não ser que nos conscientizemos da importância de nos recuperar.
Pessoas que se encolerizam com facilidade e não possuem o atributo do
perdão, sofrem por uma vida inteira, insistindo cegamente, em cometer
sempre os mesmos erros. Costumam conquistar muito menos na vida
do que se esperava na juventude.

A raiva compulsiva

Quando a necessidade de externar a raiva se torna uma constante


em nossas vidas e começamos a ter severas perdas, pode ser que
tenhamos nos tornado viciados na sua expressão. Com o tempo, parece
que vamos sentindo algum tipo de prazer mórbido em destruir nossas
relações em nome da justiça e poderemos estar perseguindo um
caminho sem volta.

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Quais são os sinais de que a raiva se transformou em um vício?

Os sinais do vício são:

1. autoestimulação
2. compulsão
3. obsessão
4. negação
5. síndrome de abstinência
6. comportamento imprevisível.

A raiva compulsiva satisfaz muitos critérios desses critérios. Vamos


analisa-los?

1) Autoestimulação - Para nós “adictos à raiva”, expressar nossa


ira é autoestimulante. Ficamos eufóricos e nos sentimos vivos, justiçados e
empoderados, Isso desencadeia nossa compulsão por ainda mais raiva.
Tentar expressá-la para eliminar nosso problema, é tão eficaz quanto um
alcóolico tentar “maneirar” a quantidade de ingestão de álcool.
2) Adiccão- Quanto mais os alcoólatras bebem, mais querem
beber. Quanto mais raiva expressamos, mais queremos senti-la. Uma
maneira de definir o alcoolismo é que quando o alcoólico ingere a primeira
dose, desencadeia-se um sistema autoestimulante que o faz ansiar por mais
álcool. Funciona da mesma maneira conosco. Este vício representa a busca
compulsiva por uma mudança de humor. Sentimos verdadeiro prazer
durante as explosões de fúria, apesar das conseqüências prejudiciais.
Adictos à raiva são indivíduos que continuam a atuar na sua expressão por
toda uma vida, sem levar em conta as conseqüências negativas.

3) Compulsão - depois que o raivoso compulsivo começa a brigar,


encontra extrema dificuldade de interromper seus comportamentos. Isso
sinaliza o vício. Há uma perda de controle que gera a incapacidade de parar
de expressar raiva uma vez liberada. Exemplo: Conta-se que a praga do
sapo que tomou conta do Egito, começou com um único sapo. Apenas
quando os egípcios batiam em um sapo é que este se transformava dois
sapos. E ao bater sem parar, perceberam que eles se duplicavam. Mas a
pergunta é: se eles perceberam a multiplicação, por que não pararam de
bater nos sapos? Porque mesmo sabendo, simplesmente não
conseguiam parar de bater, por estarem fora de controle. Não

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conseguiam mais se conter, mesmo sabendo que teriam um preço
altíssimo a pagar.

4) Obsessão – Quando não podemos mais controlar o grau de


nossa raiva, cruzamos a linha da normalidade dessa emoção para o vício.
Breves períodos de abstinência de fúria podem ocorrer, devido a culpa ou
preocupação com a perda de um companheiro ou emprego. Mas apesar
das melhores tentativas de nos controlar, quando provocados, entramos
em uma obsessão tão grande por justiça, que expressar a nossa revolta
torna-se algo irresistível.
5) Negação- a negação mantém os viciados em raiva presos
à doença. É o processo mental pelo qual concluímos que o vício não é o
maior problema, mas a ignorância a seu respeito e a incapacidade
emocional de enxerga-lo.
Por isso, entendemos que o melhor tratamento da raiva compulsiva
é novamente o programa de 12 passos, especifico para este assunto.
Raivosos Anônimos é uma irmandade de homens e mulheres que tem por
objetivo, ajudar as pessoas a se recuperarem da raiva compulsiva. É no
depoimento de outros raivosos que elas conseguirão enxergar nitidamente
seus comportamentos destrutivos e suas consequências.

6) Síndrome de abstinência- Como em qualquer vício, a raiva


tem seu período de desintoxicação. Este é um momento vulnerável, onde
será comum o surgimento de sentimentos de depressão. Mas se
conseguirmos enfrentar essa fase, ficaremos surpresos com os resultados:
passaremos a não pensar mais em termos profanos ou depreciativos. Não
suportaremos mais conviver com pessoas raivosas que não estejam
procurando ajuda. Nossos relacionamentos começarão a fluir e nossos
empregos serão estáveis. Não seremos mais os antigos soldados inquietos
esperando "uma guerra justificada."

A Síndrome do Incrível Hulk

Durante uma explosão de raiva compulsiva, muitas vezes, sentimos


“sair fora do corpo”. Neste momento, parecemos perder totalmente o
crivo, e a sensação é de estarmos completamente drogados, a ponto de não
sermos mais responsáveis por qualquer palavra dita ou violência física que
possamos cometer. Podemos ficar por horas nesses estado. Mas quando
essa espécie de surto acaba, ficamos impressionados com o tamanho do

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estrago feito. A sensação é de que fomos possuídos por algo, mas não há
outra pessoa que possa se responsabilizar por toda essa dor, que não nós
mesmos.
A verdade é que nossos pensamentos tornaram-se dominados pelo
vício e inconscientemente, procuramos oportunidades para satisfaze-lo. A
raiva, a vingança e agressividade assumiram a muito, o comando de nossas
vidas, e é duro admitir que nos tornamos infelizes, sozinhos e isolados da
sociedade em consequência de todos esses anos de destruição. É
insuportável a dor de perder aqueles que mais amamos devido a 5 minutos
de descontrole. A culpa parece ser a madeira que construirá o nosso próprio
caixão. Certa vez, um raivoso compulsivo comentou: "Eu costumava ter
problemas para dormir à noite, porque levava de duas a três horas me
imaginando respondendo à altura, a todos aqueles que um dia me irritaram
ou me fizeram mal. Muitas vezes, eu já não os via a mais de uma década! "
Os viciados em raiva encontram-se frequentemente preocupados
com ressentimentos e fantasias de vingança, sem conseguir visualizar a sua
parte nos desentendimentos. Esses pensamentos, muitas vezes, levantam-
se poderosamente, e não os permitem mudar de sintonia. Por mais que
tentem detê-los, predominam as idéias fixas de indignação e vingança.

O Ciclo da Raiva Compulsiva e o padrão de Humilhação

Quando acordamos do transe da explosão de raiva, já


magoamos quem não merecia, e normalmente, sentimos grande
arrependimento, e começamos a pedir desculpas. Porem, alguns
viciados em raiva, após a briga, atuam no padrão de autohumilhação, ou
seja, começam a implorar compulsivamente por perdão. Não
conseguem respeitar o direito do ofendido de se afastar, mesmo que
momentaneamente, para acalmar-se. Percebe-se neste comportamento,
um ciclo vicioso de raiva, tristeza, e humilhação para que no fundo,
consiga-se o "alívio" de ser perdoado e salvar novamente, a relação. A
sensação de conseguir o perdão equivale ao prazer da droga química,
um tipo de êxtase típico do vício. Assim, entendemos que se toda doença
da adicção ( alcoolismo, drogas, comida, compras, ciúmes, etc) é
formada por angústia e prazer, a angústia seria aqui o processo de
arrependimento após a explosão da raiva, e o prazer seria conseguir, por
meio da autohumilhação, o perdão da outra pessoa. Este processo libera

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os hormônios adrenalina na fase da angústia, e serotonina, na obtenção
do perdão, configurando o mesmo processo do vício.

EXPLOSÃO DE RAIVA

1. PERDÃO

2. ARREPENDIMENTO

3. AUTO-HUMILHAÇÃO

Possíveis causas:

• Exposição à violência na infância ou adolescência

• Exposição a comportamentos explosivos em casa (por exemplo,


explosões de raiva de pais ou irmãos)

• trauma físico

• trauma emocional

• História do abuso de substâncias

• Certas condições médicas

Como a raiva se manifesta?

• Ficar fora de controle, emocionalmente e às vezes, fisicamente.

• Sentimentos de com ódio e desgosto.

• Pensar e agir violentamente.

• Ficar com tanta raiva a ponto de não conseguir lidar com isso.

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• Sentir-se controlado pela raiva, e não o contrário.

• Sentir a garganta apertar, o rosto ficar vermelho e quente, o


pescoço e ombros endurecerem, e as mãos suarem ou tremerem.

• Começar a chorar, gritar e atacar.

• Ter pensamentos assassinos contra o alvo da raiva.

• Tendência a agir impulsivamente, onde coloquemos nossa saúde


em risco, ou nos tornemos potencialmente perigosos para os
outros.

• Sentir tanta frustração a ponto de desejar "fugir" no meio da


discussão.

• Sentir que continuar a brigar é fútil , inútil e ainda assim, não


conseguir sair.

• Tornar-se completamente irracional.

• Tendência a agir mal e acabar sentindo-se culpado e / ou


envergonhado depois.

• Mostrar o lado "escuro" da personalidade.

• Tornar-se um escandaloso e assustador.

• Sentir-se temporariamente louco.

Quais são os resultados da raiva em nossa vida?

• Culpa angustiante.

• Depressão

• Isolamento, anorexia social e emocional.

• Abandono e solidão.

• Perda do respeito dos outros.

• Imensa vergonha

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• Pedidos intermináveis de perdão

• reputação de ser "louco."

• Sensação de estar "fora do corpo.”

Nossos ataques de raiva estão baseados em:

• O modelo que recebemos de nossos pais. A forma como a raiva foi


mostrada na família de origem ou pelos educadores e tutores.

• Abuso físico e verbal

• Tentativa de chamar a atenção das pessoas.

• Tentativa de controlar uma situação para conseguir a realização


da vontade própria.

• Necessidade de "ficar bem" quando estamos com raiva.

• Personalidade explosiva.

• Negação da intensidade da raiva não resolvida.

• Insegurança e falta de autoconfiança.

• Hiper sensibilidade às ações e comentários dos outros.

• Ressentimento e mágoa doentios.

O que dizem sobre nossos ataques de raiva e como se referem a nós?

• desagradável

• você fica fora de controle

• precisa trabalhar sua raiva

• precisa tomar remédios

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• está ficando louco

• explosivo

• infernal

• ultrajante

• você é uma pessoa muito irada

• violento

• assassino

• ofensivo

• ditatorial

• repugnante

• horrível

• furioso

• precisamos conversar, assim não dá mais!

Costumamos ter um ataque de raiva quando…

• Nossos direitos são ignorados ou não respondidos.

• A desigualdade de uma situação parece esmagadora.

• A futilidade de uma situação parece injusta.

• Sentimos que estamos sendo ignorados e queremos que as


pessoas nos escutem.

• Perdemos o controle e explodimos de tanta amargura.

• Algo é dito ou feito de tal maneira, que nos remete a um


sentimento de raiva do passado.

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• Toleramos a dor por muito tempo.

• Mantemos o silêncio por muito tempo e finalmente explodimos.

• Temos sofrido silenciosamente, esperando que as coisas mudem.

• Sentimos mágoa, quando alguém que nos é importante nos trata


mal.

Nossos ataques de raiva resultam de que pensamentos


irracionais?

• Há apenas uma maneira das pessoas me ouvirem, que é quando


eu explodo de raiva.

• É melhor explodir do que sofrer silenciosamente.

• Não reclamar é um sinal de ter uma personalidade frágil.

• Farei qualquer coisa para conseguir meus objetivos.

• Os outros só me respeitarão se eu me impuser de maneira


imperativa.

• Matar ou morrer.

• A melhor defesa é um bom ataque.

• Eu teria uma úlcera se não desabafasse minha raiva.

• Quem são vocês para falar comigo neste tom? Como ousam?

• Ninguém se importa com o que eu me sinto.

• Ninguém compreende o meu problema.

• Todos me ignoram.

• Ninguém tirará vantagem de me novamente. Tenho que estar


constantemente alerta para me defender deles.

• Você nunca sabe o minuto ou a hora em que você será ferido.

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• Ninguém nunca me ouve a menos que eu grite.

OS TIPOS DE RAIVA DESTRUTIVA

A raiva é uma emoção completamente natural que todos nós


experimentamos. Porém, como vimos, enquanto algumas formas de raiva
são perfeitamente saudáveis , pois sempre são imbuídas de assertividade e
respeito ao próximo, outras representam mais de um problema sério.
Compreender os diferentes tipos de raiva, poderá nos ajudar a
compreender as nossas reações e a dos outros.

1. Raiva crônica – a raiva crônica descreve constantes explosões de raiva,


muitas vezes, de curta duração, mas recorrentes ao longo do dia. Pode ser
causada por um ressentimento generalizado da vida e de outras pessoas,
em especial, familiares. Também pode ser causada dirigida ao eu (self).
Essa raiva prolongada é altamente doentia, e produz stress para a própria
pessoa e a todos que estão a sua volta, podendo afetar ambos sistemas
imunológicos. Está intimamente ligada à depressão e outros transtornos de
humor. A raiva crônica é problemática, pois produz sentimentos de raiva
que são desproporcionais aos estímulos, ou acontece mesmo em sua
ausência. Causa comportamentos auto -destrutivos ou violência, e
comportamentos destrutivos e desgastantes nos relacionamentos. Tem
como características a presença de mau humor constante, irritabilidade,
intolerância em alto grau e impaciência. A lembrança de certos
acontecimentos e incidentes passados, ou pessoas importantes, faz com
que experimentemos esta raiva intensa. Este pode ser um ponto vago, mas
pode incluir qualquer incidente passado ou pessoas em nossas vidas. Às
vezes, um incidente ou evento que a maioria das pessoas vê como trivial,
pode fazer o raivoso crônico reviver o passado e evocar fortes sentimentos
de raiva.

2. Raiva Volátil – a raiva volátil tem a característica de “vem e vai”, e pode


ser explosiva e intensa quando emerge. É causada pelo ressentimento, pois
a pessoa sente e ressente a raiva e mágoa, e costuma reviver e relembrar a

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raiva, toda vez, que passa por situação parecida. Exemplo de pessoas
assim, são aquelas que costumam jogar na cara dos outros, tudo o que eles
já lhe fizeram de mau. Muitas vezes, é desencadeada por um erro
percebido, ou um aborrecimento pessoal, e é uma das formas mais
perigosas de raiva, levando a explosões físicas ou verbais. Aqueles que a
experimentam com frequência, devem aprender a identificar os sinais e
sintomas, e evitar reviver o passado, seja ele qual for. Boa solução é a
controlar a respiração , e retirar-se da situação. (evites da raiva).

3. Raiva de julgamento - Esta é raiva causada por julgamentos


desfavoráveis feitos sobre outros indivíduos ou situações, e é novamente
uma forma de ressentimento ou aversão. Pode ser expressa em forma de
críticas destrutivas ou compulsivas, ou comentários prejudiciais.

4. Raiva moral – este é um tipo de raiva que encontra grande justificativa


para agredir os outros, quando estes agem de maneira contrária ao que a
pessoa considere normas de conduta, honestidade e bons costumes. Em
defesa da moral, a pessoa raivosa acaba por perder a razão, ao acusar,
humilhar e corrigir, sentindo-se liberada a agredir seu próximo, em nome
da proteção que encontra nos próprios conceitos morais.

5.Raiva Passiva - Pessoas que sentem a raiva passiva nem sequer percebem
que estão com raiva. Quando experimentamos a raiva passiva, nossas
emoções podem ser indicadas como sarcasmo, apatia ou mesquinharia.
Podemos ter comportamentos autodestrutivos, como ignorar a escola ou o
trabalho, nos afastarmos de amigos e da família, ou nos comportarmos mal
em situações profissionais ou sociais. Para que está de fora, parecerá que
estamos nos auto sabotando, embora não percebamos nossas ações e nem
sejamos capazes de explicá-las. A raiva passiva pode ser reprimida, sendo
difícil de reconhecer, portanto, é preciso trabalhar na identificação das
emoções por trás de nossas ações, trazendo o objeto de nossa raiva à luz,
para que possamos lidar com ele. Está habilmente escondida pelo
indivíduo, e é expressa em formas não óbvias. Em alguns casos, o indivíduo
pode até mesmo não se dar conta de que está expressando uma forma
reprimida de raiva. Isso pode torná-lo um dos tipos mais difíceis de raiva
para controlar ou mesmo identificar. Por exemplo, um empregado
insatisfeito, pode começar a trabalhar de forma menos produtiva como

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uma forma de "se vingar " de seu empregador, e poderá não perceber sua
atitude, até chegar ao ponto de ser confrontado.

6. Raiva opressiva - A raiva opressiva é causada por demandas de vida que


beiram o insuportável, quando as circunstâncias se tornam grandes e
pesadas demais para um indivíduo lidar. Esta raiva está intimamente
relacionada com a frustração, e é uma resposta alternativa à reação de
desamparo, onde o indivíduo simplesmente desiste de uma situação. Pode
ser causada por uma situação, como por exemplo, ter um prazo apertado e
um monte de coisas importantes para fazer, ou pela vida em geral, por
exemplo, encontrar um trabalho muito exigente ou lutar com doenças, ou
para criar os filhos sozinhos.

7. Raiva Agressiva

Indivíduos que experimentam raiva agressiva geralmente estão cientes de


suas emoções, embora nem sempre compreendam as raízes verdadeiras de
sua ira. Em alguns casos, eles redirecionam explosões violentas de raiva
para bodes expiatórios, porque é muito difícil lidar com os problemas reais.
A raiva agressiva manifesta-se com frequência, como a raiva crônica, volátil
ou retaliatória, e pode resultar em danos físicos a pertences e outras
pessoas. Pode levar a surtos furiosos sobre incidentes triviais, que não
causariam tal reação na maioria das outras pessoas. Aprender a reconhecer
os gatilhos e gerenciar os sintomas da raiva é essencial para lidar
positivamente com essa forma de raiva.

8. Raiva Retaliatória - Esta é a raiva que é dirigida a um indivíduo ou


organização, a fim de se vingar de algum prejuízo. Por exemplo, este tipo
de raiva pode ser causada por um insulto, ou por uma empresa que tenha
se recusado a reembolsar defeitos em produtos ou serviços. Este é um dos
mais perigosos tipos de raiva, e é essencialmente caracterizado por ações
de vingança.

9. Ira auto-infligida- Esta é a raiva que é dirigida para a própria pessoa, por
falhar em uma tarefa, por exemplo, ou por considerar-se, geralmente
"fraca" ou "incompetente" aos próprios olhos. Isso pode resultar em auto-
flagelação e manifestar-se mais sutilmente em um transtornos
alimentares, auto-depreciação, ou auto-sabotagem.

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10. Raiva Construtiva - distinta dos outros tipos de raiva, pode realmente
ser uma coisa positiva. A raiva construtiva descreve a motivação por uma
reforma positiva, uma ação ou protesto.

Por que não enxergamos nossa raiva como um sério problema?

Muitos de nós vivemos todos esses anos sem entender porque


tivemos envolvidos em tantos desentendimentos. Sempre tínhamos
justificações para nossas reações, pois se não tivessem agido
erradamente conosco , não teríamos, de forma alguma, que nos defender
daquela maneira. O máximo que conseguíamos confessar, era um certo
exagero em nossas palavras ou atitudes.

Eis aqui então, alguns motivos importantes:

1. Desconhecíamos que tínhamos um antigo problema em


relação á raiva. - Nada nem ninguém é capaz de criar em nós
um novo sentimento. Se uma pessoa for generosa, de maneira
equilibrada, ninguém poderá torná-la avarenta, pois esta é sua
natureza. Buddha, certa vez, estava sentado meditando de
olhos fechados, quando um homem aproximou-se e o agrediu
fisicamente. Ao abrir os olhos, assustado, olhou para o homem
e disse: “gostaria que viesse mais vezes ao meu encontro, pois
vi que não senti raiva com sua atitude, e isto é sinal de que
meus esforços estão me dando bons resultados.”

2. Desconhecíamos os efeitos da raiva em nossa qualidade de


vida – se quiséssemos viver bem, precisávamos nos livrar da
raiva. já não importa mais se estamos certos ou errados. Muitos
de nós chegamos à conclusão de que nossa raiva só nos trouxe
infelicidade. Decidimos deixar a razão para os outros e
ficarmos com a paz, prosperidade e felicidade. Do que adianta
um homem com o pé na cova ter alguma razão? Do que adianta
um enfartado pela raiva fazer questão de impor seus pontos de
vista? Tudo que ele precisa é cuidar de sua saúde e não se
exaltar mais. Mortos não sentem raiva, e quem possui a raiva
destrutiva, vai acabar mal de saúde, de dinheiro, sem falar no

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amor e família. Poucos são, os que conseguem ter uma vida
longa e saudável, explodindo-se de raiva, liberando
quantidades enormes de hormônios de corticóide e adrenalina
no sangue. Não há coração e pressão que agüentem.

3. Desconhecíamos a indignação e revolta que nossa ira


gerou nos outros – durante nossa vida, vimos diversas
pessoas se afastarem, ou decidimos encerrar o relacionamento
com elas. Mas nunca entendemos o porquê de tantas relações
terminadas bruscamente, muitas vezes, tendo pouca
durabilidade. Arriscávamos o palpite de que não sabíamos
escolher as pessoas certas para nos relacionar,
responsabilizando-os por nosso sofrimento. Porém, após
várias tentativas fracassadas de convivência, resolvemos fazer
uma lista, escrevendo todos os nomes de pessoas que
lembramos ter nos desentendido durante nossa vida até aqui.
Ao lado desses nomes, colocamos o motivo e nossas reações,
enumerando o grau de nossa raiva de 1 a 10. O importante
neste exercício foi verificar se havia proporcionalidade entre
nossas ações e o motivo do desentendimento. E descobrimos
que algo em nós realmente precisava ser modificado.

4. Percebemos que em nosso íntimo, considerávamos a raiva


uma característica de nossa personalidade. Mas a verdade
é que uma emoção doentia jamais pode ser confundida como
um atributo da personalidade. Assim, nos perguntamos porque
tínhamos nos permitido ser pessoas raivosas e descobrimos
que a raiva nos trazia a falsa sensação de poder. Mas como seria
viver sem ela? Teríamos medo de ser vistos como pessoas
fracas? Sim, tentamos impor respeito e poder através de nossa
agressividade, até que esta se tornou incontrolável.

5. Pensávamos que tínhamos outros problemas de


convivência - após muitas terapias, criticas de amigos, e
outras formas de ajuda, muitos de nós chegamos a nos
inventariar, e até admitimos que tínhamos dificuldade de nos
tornar íntimos, de conviver e aceitar as pessoas como eram.
Porém, foi preciso muito tempo para compreender que

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realmente tínhamos um crônico problema com nossa ira, e que
nossos impulsos eram irresistíveis, quando éramos ofendidos
ou irritados. Anotar nossas emoções em um diário nos ajudou
a ver a doença da raiva nua e crua. Era ela que tinha sido a
nossa verdadeira inimiga durante todo esse tempo. Ela nos
impossibilitou de amar, de compreender, de respeitar, de
compartilhar! Precisávamos agora, conhecer nossa inimiga
invisível, tão bem quanto ela nos conhecia! Uma outra grande
tática foi pegarmos folha e papel, e perguntarmos às 5 pessoas
mais próximas a nós, quais eram os nossos maiores defeitos.
Deixando nosso ego de lado por algumas horas, escutamos, de
mente aberta e com boa vontade, tudo o que eles tinham a nos
dizer. Impressionante foi, que os 5, mesmo em momentos
separados, nos apontaram a mesma coisa: raiva,
ressentimento, orgulho, mágoa desproporcional e
irritabilidade. Outras vezes, nos confessaram que nos achavam
ciumentos e invejosos. Foi duro para nosso ego, e libertador
para nossa alma.

6. Culpamos os outros pelo nosso comportamento agressivo


– passamos toda a nossa vida agindo como cegos espirituais,
pois culpamos incessantemente, as outras pessoas por nossos
comportamentos. Sempre tínhamos uma justificativa para
nossas atitudes, e se agredíamos verbalmente alguém, é
porque tinha feito por merecer. Como juízes e carrascos,
vínhamos com um código moral escrito e discutido apenas por
nós mesmos, e agíamos com uma raiva moral, em nome dos
bons costumes e respeito ao próximo. Sentíamos cronicamente
desrespeitados, e concluímos que a maioria dos seres
humanos era muito defeituosa, sem educação e caráter.
Chegamos a nos sentir seres diferentes e especiais. Como
pudemos nos enxergar tão pouco? Éramos raivosos, e as
pessoas e suas atitudes eram apenas um bom pretexto para
tomarmos mais uma dose de nossa raiva. A verdade é que nós,
e não os outros, estávamos sempre metidos em alguma
confusão.

20
7. Achávamos que nossa raiva impunha respeito aos outros.-
por anos nos enganamos, achando que nosso jeito furioso faria
as pessoas pensarem duas vezes antes de nos desrespeitarem,
e que se assim não agíssemos, eles jamais mudariam ou
corrigiriam seus defeitos. Ansiávamos por controlá-las, e não
percebemos que nossa raiva acabou por nos controlar.
Literalmente, o feitiço virou-se contra o feiticeiro.

EVITES DA RAIVA COMPULSIVA

A raiva é sempre extremamente prejudicial a todos, e deve-se


tomar todo o tipo de medida para evitá-la. Sobre isso, há uma boa
sugestão a ser dada: quando um bambu cresce muito torto para o lado
esquerdo, não adianta empurrá-lo para o centro, pois ele se envergará
novamente para o mesmo lado. A solução ideal é empurrá-lo totalmente
para a direita e amarrá-lo assim durante um bom tempo, suficiente para
que quando ele seja solto, volte apenas para o centro. Assim, pessoas
que possuem o problema da raiva explosiva, é fazer não atuar na raiva,
durante um bom período de tempo. E quando nos ofenderem?
Engoliremos um urubu com pena e tudo, pois qualquer medida é
benéfica para nos livrarmos do defeito da fúria.

Uma vez que a compulsão é desencadeada, todo e qualquer esforço


de controla-la falhará. Por isso, é tão importante nos comprometermos
com uma quarentena de abstinência, praticando os EVITES DA RAIVA
COMPULSIVA com total honestidade, mente aberta e boa vontade. Muitos
de nós, decidimos inclusive, nos comprometer a passar este período dos 40
dias sem sequer aumentar o tom de nossas vozes, almejando alcançar
assim, uma total mudança interna, a verdadeira transformação da
personalidade.

21
Para evitar entrar em um ataque de raiva, precisamos:

• PARAR DE FALAR toda vez que sentirmos a raiva emergir.

• FUGIR DE QUALQUER LUGAR ONDE AS PESSOAS ESTEJAM


IRRITADAS.

• IR EMBORA. Devemos pegar o carro ou ir para o quarto, quando


sentirmos que iremos explodir com as pessoas que estão nos
irritando..

• EVITAR O PRIMEIRO GRITO. Ao elevar nossa voz, também


elevaremos nossa ira, proporcionalmente,

• NÃO OPINAR QUANDO NÃO NOS PERGUNTAREM. Não opinar


também sobre as coisas que nos irritam e sobre as quais não
temos controle.

• DEIXAR A RAIVA ESFRIAR ANTES DE FALARMOS. Nossa raiva


deve esfriar um pouco, longe de

• DAR PERMISSÃO PARA AS PESSOAS SE AFASTAREM, quando


estivermos prestes a ter um ataque de ira.

• PRATICAR EXERCÍCIOS FÍSICOS todos os dias, que exijam gasto


de energia.

• MUDAR DE ASSUNTO, toda vez que sentirmos que iremos nos


irritar.

• DURMA COM SUA RAIVA - Se não conseguimos abafar a nossa


raiva, vale tentarmos evitar expressa-la imediatamente. Certa vez
um homem ensinou isso ao filho. Um dia, este filho cresceu, casou-
se viajou a trabalho. Voltou muitos anos depois e quando chegou
em casa, viu sua esposa abraçando um homem. Com ódio,
lembrou-se de seu pai e foi dormir. No dia seguinte, viu como foi
importante não ter agredido ninguém. Aquele homem era seu
filho, que já havia crescido . Devemos nos acalmar primeiro, para
termos certeza de quem está falando. Nós ou nossa raiva.

22
• TENTE ENCONTRAR JUSTIFICATIVAS PARA A ATITUDE DOS
OUTROS - Começar a tentar formular desculpas para as pessoas
que o ofenderam será dificil. Contudo, se persistir, isto irá se
tornar cada vez mais fácil. Daremos alguns exemplos:

1. Você não foi convidado para um casamento.

a) Talvez uma pessoa tenha recebido poucos convites.

b)Talvez o convite tenha sido extraviado no correio.

c)Talvez como famílias não possam se dar ao luxo de convidar


muita gente.

2. Você está em pé no ponto de ônibus,com diversas sacolas


pesadas, quando um vizinho seu passa com o carro vazio, o vê e
não oferece carona.

a) Talvez estivesse indo para um local bem próximo dali.

b) Talvez esteja comprometido com outras pessoas.

c)Talvez um problema e sua mente está distraída de tal maneira


que não conseguia pensar em nada mais.

3. Você esperava que uma pessoa o convidasse para sua casa,


porém ela não o convidou.

a) Talvez alguém na família esteja doente.

b) Talvez estivesse planejando viajar.

c) Talvez não tenha comida suficiente em casa.

• ESCREVER UMA CARTA DE DESABAFO ao invés de explodir de


raiva.

• DORMIR - uma boa noite de sono é absolutamente necessário


para um bom controle da raiva.

• IDENTIFICAR O PENSAMENTO IRRACIONAL que está na raiz de


nossa raiva e substituí-lo por alternativas racionais apropriadas.

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• ANOTAR OS RESULTADOS DE SEUS ATAQUES DE RAIVA, e leia-
os pelo menos uma vez por semana.

• Identifique os gatilhos que sempre despertam a raiva. de uma


coisa temos certeza: são sempre os mesmos.

• COMPRE UMA BRIGA E GANHE A CULPA COM GARANTIA


ESTENDIDA DE SEIS MESES A UMA ANO!

AFIRMAÇÕES DIÁRIAS PARA SE PROTEGER DA RAIVA:

Um adicto à raiva é uma pessoa que é viciada na expressão da ira.


Enquanto muitas pessoas sentem-se melhores ao "colocarem a raiva para
fora" ,um adicto à raiva deve abster-se total e completamente de expressar
sua ira. Se a raiva é um problema para você ou alguém que você ama, as
seguintes afirmações irão ajudá-lo a encaminhar sua vida em uma direção
mais positiva. Leia esta lista todas as manhãs antes de começar o seu dia:

1. HOJE, irei praticar a auto-restrição como uma prioridade máxima em


minha vida. (Observe que a oração não diz: "Vou praticar a raiva apenas
quando estiver certo.")

2. HOJE, eu agirei da maneira oposta a como me sinto, quando estiver


sentindo raiva. (Observe que a oração não diz: "Irei ao menos, compartilhar
como eu realmente me sinto.")

3. HOJE, quando sentir que minha raiva está prestes a entrar em erupção,
irei silenciosamente deixar pra lá a situação. (Observe que a oração não
diz: "Irei refletir sobre este pensamento e processar meus sentimentos.")

4. HOJE, encontrarei a verdade em todas as críticas dirigidas a mim,


especialmente as de meu parceiro. (Observe que a oração não diz: "Vou
apenas explicar meu ponto de vista").

5. HOJE, direi: "Você está certo", de uma maneira sincera e significativa


quando for criticado. (Observe que a oração não diz: "Você está certo, mas
... ")

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6. HOJE, darei um exemplo de como a pessoa que me criticou está certa
(Observe que a oração não diz:" Vou apontar apenas uma exceção à sua
observação. ")

7. HOJE, irei repetir a seguinte frase:" É melhor “me enganar”, porque


quando estou certo, sou perigoso. "(Observe que a oração não diz:" Preciso
parar de me defender quando eu tiver razão. A explicação disso é muito
simples: sabemos que perdemos o direito de estar certos. A razão é mortal
para nós. Acabamos por destruir todas as nossas relações“ em nome da
justiça”. Então deixemos a razão para os outros e fiquemos com a paz,
saúde e felicidade.)

8. HOJE, evitarei justificar minhas atitudes, dizendo:" Eu não tenho idéia do


porquê de minha atitude ... isso também não faz sentido para mim.
"(Observe que a oração não diz:" Preciso ter certeza de que esta pessoa
entende o meu ponto de vista. "A vida pode continuar sem que você seja
compreendido e isto evitará um novo episódio de raiva. Justificar-se pode
dar início a um debate ou discussão. .

9. HOJE, irei ouvir com simpatia o meu parceiro, quando ele me falar sobre
o seu dia. Isto significa que manterei contato visual e desligarei a televisão
... Não colocarei apenas no modo mudo.)

10. HOJE, não darei conselhos não solicitados para ninguém,


especialmente para minha esposa ou filhos (Isso também significa não fazer
perguntas como: "Você sabe o que você deve fazer? "Ou" Você quer saber
por que isso aconteceu? ")

11. HOJE, evitarei culpar as pessoas próximas a mim por qualquer motivo,
especialmente se a culpa for deles. Em vez disso, direi palavras
confortadoras.

12. HOJE, evitarei tentar fazer com que as pessoas compreendam qual a
melhor atitude a ser tomada. (Poderemos descobrir que eles não desejam
entender o que julgamos ser o melhor a fazer.

13. HOJE, manterei o tom de minha voz baixa, e treinarei o hábito de falar
calmamente com as pessoas. Assim, expulsarei a ira e deixarei que o
atributo da humildade entre em meu coração.

25
14. HOJE, desenvolverei o habito do elogio.

15. HOJE, manterei o compromisso de remover meus comportamentos


raivosos, e deixarei minha contribuição para um mundo mais pacífico. Sei
que há suficiente raiva e tristeza no mundo, e opto por incentivar a paz no
mundo.

TESTE DE AUTO-AVALIAÇÃO DE RAIVA. (RESPONDA SIM OU NÃO):

1.Eu tive problemas no trabalho por causa do meu temperamento? (Sim) (


Não)

2.As pessoas dizem que me irrito facilmente? (Sim) (Não)

3. Não mostro sempre a minha raiva, mas quando eu faço, fico


descontrolado, sou estupido e não paro quando quero? ( Sim) ( Não)

4.Ainda fico com raiva quando penso nas coisas ruins que as pessoas
fizeram comigo no passado?( Sim) (Não)

5.Odeio filas, multidões, órgãos públicos e perco rapidamente minha


paciência?( Sim) (Não)

6. Muitas vezes, encontro-me envolvido em discussões acaloradas com as


pessoas que me são importantes, arriscando por um fim em um
relacionamento antigo?(Sim) ( Não)

7.Às vezes, me sinto irado o suficiente para ter vontade de matar alguém,
mesmo que eu não o faça? (Sim)(Não)

8.Quando alguém diz ou faz algo que me perturba, ou reclamo


grosseiramente, ou não digo nada no momento, mas depois gasto muito
tempo pensando nas respostas que eu poderia e deveria ter
dito?(Sim)(Não)

9. Considero muito difícil perdoar alguém que me fez mal?( Sim)( Não)

10. Fico com raiva de mim mesmo quando perco o controle de minhas
emoções? Se ficar realmente chateado com alguma coisa, tenho uma

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tendência a me sentir doente depois? Freqüentemente me sinto fraco, com
dores de cabeça, dor de estômago ou diarréia? ( Sim)( Não)

10. Quando as coisas não saem do meu jeito, sinto muita raiva? ( Sim)( Não)

11. Sou capaz de ficar tão frustrado a ponto de não conseguir mudar de
pensamentos? ( Sim)( Não)

12. Fico com tanta raiva, às vezes, que não consigo me lembrar do que eu
disse ou fiz? ( Sim)( Não)

13. Às vezes, me sinto tão magoado e sozinho, que eu penso em me matar


ou que seria melhor que estivesse morto?( Sim)( Não)

14. Depois de discutir com alguém, me sinto muito culpado e desprezível?


Minhas atitudes de ira baixam minha auto-estima? ( Sim)( Não)

15. Quando irado, digo coisas que mais tarde, me arrependerei


amargamente de ter dito? ( Sim)( Não)

16. Algumas pessoas têm medo do meu mau humor? ( Sim)( Não)

17. Quando fico com raiva, frustrado ou magoado, percebo-me comendo,


usando álcool ou outras drogas?

( Sim)( Não)

18. Quando alguém me machuca, sinto vontade de me vingar? ( Sim)( Não)

19. Já fiquei tão furioso a ponto de agredir alguém fisicamente, ou quebrei


coisas? ( Sim)( Não)

20. Às vezes, fico acordado à noite pensando nas coisas que me aborrecem
durante o dia? ( Sim)( Não)

21. há em minha história de vida, muitas pessoas em quem confiei, mas me


decepcionaram, deixando-me com raiva ou sentimentos de traição? ( Sim)(
Não)

22. Sou uma pessoa constantemente zangada? Vivo me aborrecendo, pelo


menos uma vez por mês ou mais com as atitudes dos outros? Julgo-os sem
caráter ou irresponsáveis com freqüência? ( Sim)( Não).

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23. Meu temperamento já causou muitos problemas, e preciso de ajuda
para mudá-lo? ( Sim)( Não)

24. Penso que seria muito mais feliz e que teria muito melhor qualidade de
vida, se não tivesse o problema da raiva?

Se você respondeu SIM a mais de 5 perguntas acima, é possível que


tenha adicção por Raiva. Pratique os “Evites e Só Por Hoje da Raiva”, todas
as manhãs, antes de se dirigir ao primeiro ser humano. Precisamos ser
humildes para reconhecer nossa impotência perante a raiva, e entender
que não é uma opção para nós, levantarmo-nos para mais um dia de vida,
esperando que será diferente, se não nos conectarmos com nossa antiga
verdade e nosso novo propósito de evitar os comportamentos raivosos, um
dia de cada vez.

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A CRÍTICA E RECLAMAÇÃO

"Reclamar é um negócio perigoso. Pode destruir seu relacionamento com Deus, com o
outro e até

mesmo com você.” (Joyce Meyer).

Todos desejam se livrar daquele que enxerga problemas em tudo na vida. Mas o grato
é amado por todos. O primeiro acostuma-se a perder relacionamentos valiosos. O
segundo não sabe o que é viver sem receber amor.

Reclamar é a maior fonte de infelicidade.


Reclamar é um hábito negativo que realiza tudo o que se propõe a fazer.

Reclamar é a saída fácil para tentar tornar-se correto e justificado.

❖ Criticar - apontar defeitos; dizer mal de; depreciar; censurar. ❖ Reclamar- opor-se
por meio de palavras; queixar-se.

Há pessoas que levam a vida a se queixar. Se experimentassem contar o número de


vezes que reclamam de alguma coisa ou de alguém por dia, talvez tentassem justificar
tal soma, como uma resposta reacional a sua discordância sobre certos acontecimentos
ou ações alheias.

Mas será que há um prazer em agir assim? Podemos dizer que ao iniciarmos uma
conversa com uma observação negativa, muitos de nós sabemos que isso nos dará uma
resposta muito mais prazerosa do que algo positivo daria". As queixas, muitas vezes,
têm uma certa função social, pois aproximam as pessoas, como nos casos de grupos
que se juntam em posições políticas, ou para uma mudança necessária no trabalho.
Por outro lado, reclamar nos permite aliviar a frustração e a raiva, de uma maneira
segura e socialmente aceitável. Concordamos que desabafar pode até ser saudável
para algumas pessoas, em vez de sufocarem seus sentimentos. Porém, para os
compulsivos em reclamar, tal atitude tornar-se muito habitual, a ponto de se tornar
um poderoso vício emocional, capaz de destruir toda uma qualidade de vida.

Exemplos:

"Eu não quero beber nem usar drogas, mas é muito difícil ficar limpo em um mundo
tão caótico e desonesto."

"Eu quero perder peso, mas não consigo fazer dieta com tantos problemas a minha
volta. A comida me acalma".

"Eu quero parar de fumar, mas estou sob muito estresse para parar no momento".

Muitas pessoas reclamam, por saber que sempre encontrarão alguém que concorde
com elas e as conforte. Porém, a reclamação pode vir a se tornar um hábito tão
arraigado, que ao longo do tempo, elas receberão retornos espirituais realmente
decrescentes em suas vidas. Existem certas coisas que estão além do nosso controle,
como o clima, o tráfego e as escolhas das outras pessoas. Nossa decisão de reclamar
até o fim de nossas vidas para tentar consertar o mundo, certamente não será das mais

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sábias. Se não acordarmos a tempo, iremos desperdiçar toda a nossa existência,
esperando por algo que nunca virá, pois jamais poderemos mudar as pessoas, a menos
que as demos o nosso exemplo, oferecendo-as a melhor versão de nós mesmos.

De onde viemos?

Sabemos que, onde há raiva, há dor nos bastidores da alma. Não podemos mais viver
de maneira inconsciente a ponto de culpar as ações e comportamentos dos outros, por
toda a nossa dor interna, pois esta parece vir de outro lugar bem diferente: de nossa
relação com Deus e conosco, e com nosso passado. E é nisso que precisamos trabalhar.

Se, em nossa infância, os outros nos chamaram a atenção através de queixa, então ela
pode ter se tornado um vício para nós.

Se, em nossa infância, percebemos que através da queixa conseguíamos o que


desejávamos, então ela pode ter se tornado um vício para nós.

Se, em nossa infância ou adolescência, percebemos que éramos socialmente aceitos


ao nos queixar, criticar os outros e principalmente, concordar com a crítica dos outros,
então isto pode ter se tornado um vício para nós.

Se, em nossa infância ou adolescência, ao nos queixarmos ou criticarmos, sentimos


que nosso estado de irritação aliviava-se, então isto pode ter se tornado um vício para
nós.

Se, em nossa infância ou adolescência, começamos a nos sentir justiçados e


justificados, ao atuar com a raiva moral, isto pode ter se tornado um vício para nós.

Como identificarmos o vício da reclamação e da crítica?

Quando nos queixamos demais, é muito provável que nossos amigos e familiares já nos
tenham chamado a atenção sobre isso. Mas se ainda estivermos em dúvida se tal
comportamento é realmente um vício, aqui estão algumas pistas:

Quase nada nos parece bom o suficiente.

• Temos a sensação de que as pessoas tendem a ser desonestas em sua maioria.


• Estragamos muitos de nossos dias chateados pelas coisas não acontecerem a
nossa maneira.
• Consideramo-nos quase sempre certos, e somos muito convictos de nossas
razões.
• Esperamos quase sempre o pior dos outros; esperamos desilusão.
• Estranhamos os comportamentos das pessoas que pensam de maneira otimista
na maior parte do tempo.
• Achamos que a vida se saiu muito diferente em relação as nossas expectativas
da infância e adolescência.
• Irritamo-nos recorrentemente com as imperfeições dos outros.

As três evoluções da crítica:

1. Aqueixaeficaztemporária

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Uma queixa eficaz temporária é dirigida a um evento, situação ou
serviço específico que não atende as nossas expectativas. Queixosos
insatisfeitos, fazemos uma reclamação ao responsável pelo evento ou serviço.
Um "queixoso eficaz" é aquele que possui uma certa razão, e se impõe com
maestria e assertividade no falar, a fim de criticar para conseguir ou corrigir
algo. Porém, depois de algum tempo, as pessoas começam a perceber que ele
vive a repetir o padrão crítico, e acabam não valorizando mais suas palavras, e
mais tarde, se afastando.

2. Aqueixa“aliviante”

Neste estágio mais avançado do vício, o queixoso já sente constantemente,


uma forte necessidade de aliviar a pressão que suas emoções destrutivas o
causam. Ele pensa que ao colocar para fora suas queixas, pode diminuir seus
sentimentos angustiantes de frustração e irritação e geralmente, sabe
exatamente com quem desabafar: com outra pessoa que também se alimente
de reclamações, numa tentativa de preencher mais uma vez, o vazio espiritual
e o estilo de vida de baixa qualidade, criado por seus próprios comportamentos,
ao longo dos anos.

Porém, para o viciado em reclamação, uma simples queixa transforma-se em


uma lamentação sem limites, pois dela se alimenta como o viciado o faz com a droga
química.

3. A queixa crônica (oudescontrolada)

A queixa crônica ou queixa descontrolada representa a total instalação do vício. Isto


quer dizer que os antigos hábitos nocivos de criticar há muito se solidificaram, e
transformaram-se em acontecimentos repetitivos e obrigatórios. Neste quadro, a
reclamação e o falatório maligno, já causam terríveis consequências à pessoa, pela sua
frequência compulsiva. As perdas irreparáveis nos relacionamentos, acabam por
manter o queixoso compulsivo em total isolamento do mundo. A esta altura, poucos o
admiram, e por mais que nada falem, preferem mantê-lo à distância. É visível o seu
descontrole emocional e a necessidade de criticar os outros por motivos torpes e
banais, e não há ninguém que escape aos seus comentários negativos. Vale aqui o
ditado “quando Pedro nos fala de Paulo, mais ficamos sabendo sobre Pedro, do que de
Paulo.

O queixoso crônico parece possuir uma falsa gratidão pela vida, pois ela o foge
às mãos na primeira oportunidade de reclamar. Ainda que lhe reste algum nível de
consciência do prejuízo causado por suas ações, simplesmente não consegue se conter,
quando assaltado pela necessidade de criticar ou reclamar. Possui uma baixíssima
tolerância às dificuldades do cotidiano, e sente-se derrotado pela impossibilidade
emocional de conviver harmoniosamente com as outras pessoas. Novos empregos
sempre o assustam, pois em seu íntimo, sente que vai estragar tudo a qualquer
momento. Se a vida representa uma sucessão de acontecimentos inevitáveis, o
queixoso compulsivo não os aceita de bom grado, pois possui a falsa sensação de obter
algum respeito, controle e domínio sobre situações e pessoas.

Geralmente, o que mais o perturba é o desapontamento relativo as suas altas


expectativas. Por exemplo, um ator que tem lutado para conseguir um upgrade
profissional, pode se queixar sobre os testes para filmes e novelas, dizendo que estes
nunca são justos.

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A auto- sabotagem

O queixoso compulsivo, ao fazer uma queixa específica, coloca-se em uma


posição onde suas necessidades jamais conseguirão ser atendidas. Desprovido de uma
saudável consciência, acredita que ao final de cada relacionamento, se frustrará.
Então, sem perceber, usa táticas de auto-sabotagem, fazendo com que as pessoas
realmente se coloquem na defensiva. Por exemplo, ele pode comportar-se de maneira
infantil, ao apresentar uma queixa; pode também fazer demandas irrealistas ou
escolher um momento menos apropriados para se queixar. Quando não consegue o que
quer, a convicção de que nunca poderá obter satisfação é ainda mais reforçada.

Ex: Andressa queria um aumento salarial. Encontrava-se ansiosa pois, achava que seu
chefe iria negar-lhe o pedido. Assim, acabou metendo os pés pelas mãos, pois agiu de
uma maneira muito infantil: Ao invés de detalhar as razões pelas quais ela merecia um
salário mais alto, argumentou da seguinte maneira ao seu chefe: "Todo mundo sabe
que você tem dinheiro. Assim, só não me dará aumento se não quiser.” Ela não
conseguiu o aumento, mas uma demissão imediata.

Como a reclamação afeta a vida do queixoso?

• Diminuição do prazer de viver - Para o queixoso crônico, cada situação torna-


se uma oportunidade para encontrar uma falha nos outros ou em alguma
situação. Consequentemente, isso drena o prazer de viver.
• Afeta o humor- A queixa crônica também afeta o humor, ao produzir um estado
de negatividade constante. Sem perceber, ele acumula negatividades, cada vez
que se conecta com a frequência espiritual da crítica. Esta é baixa e muito
negativa, separando-o cada vez mais da Luz, um dia de cada vez.

Ciclo vicioso- O queixoso crônico é envolto num ciclo vicioso e perpétuo de encontrar
falhas, aponta-las e sentir-se vazio, angustiado e negativo, sentindo-se cada vez mais
enfraquecido de enfrentar as situações com uma mente aberta. A capacidade de sentir
alegria vai tornando-se cada vez mais comprometida e reduzida e a depressão instala-
se em seu lugar.

O queixoso crônico tem uma grande deficiência em sua inteligência emocional,


pois não consegue entender que o motivo pelo qual deve abster-se desses
comportamentos, não é por ter ou não razão em determinado evento, mas por
reaprender a ser alguém mais grato do que insatisfeito, mais benéfico aos outros do
que tóxico, mais atraente do que repelente, mais feliz e bem sucedido do que alguém
que passará pela humanidade sem deixar feitos realmente construtivos.

Destruição dos relacionamentos -Nossas relações pessoais são verdadeiramente


aniquiladas pela constante extração da energia alheia causada por nossas queixas.
Funcionamos como verdadeiros vampiros espirituais, impedindo as pessoas de nossa
convivência, de terem uma vida leve e iluminada, pois a negatividade de nossas
reclamações fecha todas as portas de bênçãos não só para nós, mas também para quem
as escuta.

Falta de prosperidade- Nossa carreira profissional torna-se prejudicada e


insatisfatória, pois acabamos nos indispondo com as pessoas, ou constantemente
repelindo-as de nossas vidas, deixando muitas vezes, de sermos convidados para novos
projetos.

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Perda de saúde- Nossa saúde mental, espiritual, emocional e física torna-se cada vez
mais prejudicadas, pois a reclamação nos impede de “adultecermos”, ou seja,
deixamos de tecer o adulto que há em nós, vez que focamo-nos no papel de vítimas.

Pergunte a si mesmo:

1. Qual é a primeira coisa que corre em minha mente quando acordo? Gratidão ou
preocupação? Imagino com frequência o que pode dar errado? Numa escala de
zero a 10, o quanto me queixo das pessoas em minha vida?
2. Reclamo sempre das mesmas coisas?
3. Sou uma pessoa mais julgadora do que pacificadora?
4. Minhas reclamações são sempre as mesmas? Será que constituem uma maneira
de obter empatia ou uma maneira indireta de pedir ajuda?
5. Prejudico meus relacionamentos com minhas queixas e reclamações?
6. Já fui chamado de fofoqueiro?
7. As pessoas me evitam?
8. Participo constantemente de brigas, discórdias e discussões?
9. Alguém já se afastou de mim devido a meu hábito de criticar os outros?
10. Já fui chamado de pessimista?
11. Sinto que reclamo da vida e critico os outros mais do que deveria, e mesmo
assim, não cheguei a lugar algum?
12. Sou viciado em me sentir ofendido, pois percebo que me magoo com facilidade?

13. Sou viciado em ficar chateado toda vez que alguém me diz algo difícil de
aceitar?

14. Sou viciado em reclamar e criticar o mundo ao meu redor?

15. Vejo-me como uma vítima de todas as pessoas e situações horríveis que me
dificultam levar uma vida pacífica?
16. Em meu íntimo, sinto vontade de que o mundo inteiro se modifique para que
eu me sinta feliz?
17. Desejo que todos mudem para que eu me sinta bem comigo mesmo?
18. Desejo que o mundo inteiro pense, fale e aja exatamente como considero o
correto?
19. Sinto uma raiva moral em relação ao comportamento dos outros?
20. Eu realmente acredito que isso seja uma forma de pensar saudável?

Certa vez, nossa personagem Andressa foi a uma lanchonete e pediu água sem gás.
Ao ver a garçonete se aproximar com a garrafinha, notou que ela a abriu rapidamente.
Depois, serviu-a em um copo. Andressa olhou desconfiada e disse: “Hum, esta água
não está suficientemente gelada, e provavelmente deve ser da torneira, pois só isso
justifica o fato de você ter aberto a garrafinha tão rapidamente, enquanto ainda
caminhava em minha direção. Há também uma mancha na borda do copo, o que
significa que o vidro não foi limpo corretamente. Provavelmente acabarei contraindo
algum tipo de vírus nesta lanchonete e a culpa será sua.” Quando escutou poucas e
boas da garçonete, Andressa saiu do local chorando, a pensar:” Por que essas coisas
sempre acontecem comigo?!”

Compreendendo a mentalidade do queixoso crônico

Os queixosos crônicos geralmente não se veem como pessoas negativas. Em vez


disso, percebem-se como vítimas. Portanto, enxergam a vida de maneira errônea,
como se ela fosse extremamente perigosa e difícil de lidar. Consideram-se pessoas que

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estão apenas respondendo adequadamente às circunstâncias irritantes, agravantes ou
infelizes do cotidiano. Acreditam verdadeiramente que a má sorte justifica sua
insatisfação.

O que o queixoso crônico deseja?

R: Validação- sente enorme prazer quando encontra alguém que valide seus
sentimentos e pontos de vista.

O que o queixoso crônico não deseja?

R: Conselhos- A maioria dos queixosos crônicos realmente vê a própria vida repleta de
dificuldades e desafios. Suas percepções deturpadas estão profundamente
incorporadas em suas personalidades. Portanto, embora desabafem constantemente
sobre seus problemas, não estão realmente procurando conselhos ou soluções. Mesmo
que um conselho realmente seja eficiente, os queixosos crônicos não gostam de ouvi-
lo: Qualquer coisa que tire algum reconhecimento de suas "dificuldades" será
experimentada como ameaçadora a sua identidade. Portanto, relutam ou ficam
chateados pelo fato da pessoa que os aconselhou, não ter entendido a profundidade
de sua questão.

Mudando os padrões de pensamento:

Sugestões para ajudar a quebrar o ciclo de reclamações crônicas e treinar o cérebro:

1. Evite por um dia(24h), fazer qualquer crítica ou reclamação, por mais forte que
lhe pareça a sua necessidade. Prossiga assim por 40 dias, zerando a contagem
caso haja recaídas comportamentais. Dica: O segredo consiste em evitar a
primeira crítica ou reclamação. Conseguindo nos abster da primeira, não
faremos a segunda.
2. Liste o que está funcionando em sua vida. Pense em sua casa, família, amigos,
relacionamentos românticos, trabalho, lojas criativas, saúde, espiritualidade,
comunidade e sobriedade.
3. Evite conviver com pessoas críticas que não estejam em um real propósito de
se modificar. Cerque-se de pessoas positivas que não tenham o hábito da
reclamação, crítica ou fofoca. As atitudes são contagiosas, e pessoas críticas
irão fomentar a nossa vontade de atuar em nossos padrões destrutivos. Com
elas, nos sentiremos em casa para fazê-lo. Já as pessoas positivas não terão o
mesmo interesse em se alimentar destes defeitos de caráter. Poderemos
escolher entre ser felizes e levar uma vida leve e iluminada, ou nos conectar
com o que o Universo possa devolver de pior. Ele, é apenas um reflexo de nossas
ações. Pessoas viciadas em reclamação, críticas e fofocas, raramente são
felizes ou bem sucedidas. Enganam-se se contentando com muito menos do que
poderiam receber da vida.
4. Transforme uma queixa um elogio: quando nos flagrarmos iniciando ou
escutando de bom grado uma reclamação, devemos substituí-la por um elogio.
Não devemos ceder ao nosso vício, por termos um propósito a longo prazo de
felicidade e harmonia.
5. Interrompa a crítica ou reclamação alheia. Quando nos flagrarmos escutando
de bom grado uma reclamação ou crítica, deveremos interrompê-la, mudando
de assunto ou valorizando um outro ponto de vista, sem entrar em contradição.

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Não deveremos ficar preocupados em magoar quem está nos contando uma
possível fofoca (crítica sobre outrem) ou reclamação. Devemos colocar o nosso
propósito em primeiro lugar.

Pare e faça-se três perguntas antes de reclamar:

1. Isso irá ajudar realmente a situação?

2. Se eu desabafar sobre este problema agora, isto resolverá para sempre minha
angústia, ou me dará mais vontade de desabafar sempre que me sentir oprimido?

3. O que posso fazer para tornar esta situação melhor, ou, obter uma perspectiva mais
profunda em torno disso?

Se lemos este texto até aqui, talvez seja porque estivemos sofrendo por nossas
atitudes de reclamar e criticar. Para promover uma verdadeira mudança em nossas
vidas, deveremos tomar uma decisão completa de desistir de reclamar.

INSIGHT: Se encontramos tempo para reclamar sobre alguma coisa, isto é sinal de que
também temos tempo para fazer algo sobre isso.

4 razões pelas quais as pessoas são viciadas em negatividade

A negatividade é um vício intrínseco da queixa, sendo realmente aditiva aos


nossos pensamentos! É um comportamento repetitivo que pode ajudar as pessoas a
evitarem a dor a curto prazo, ao mesmo tempo que oferece prazer a curto prazo, assim
como qualquer substância aditiva.

Aqui estão alguns dos motivos pelos quais as pessoas são viciadas em negatividade:

1. É o que é familiar:

Muitos de nós foram criados para ser um pouco negativos. À medida que crescemos,
passamos anos e anos nos queixando e focando no medo e no negativo.

2. Aceitação social:

Quando nos queixamos, muitas vezes recebemos mais aprovação e atenção social do
que com positividade, e isso é bom a curto prazo! Por esse motivo, ser negativo pode
ser gratificante, assim como qualquer droga ou substância viciante.

3. Assumir a responsabilidade é doloroso para o ego:

Quando nos queixamos e apontamos o dedo, evitamos tirar a "culpa" das circunstâncias
negativas de nossas próprias vidas e isso protege nosso ego. Ser negativo nos permite
sentir-nos vítimas de circunstâncias, em vez de sermos mestres de nosso próprio
destino, quando as coisas ruins nos acontecem.

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Agora, enquanto assumir a responsabilidade é realmente uma experiência
muito empolgante e libertadora, muitas pessoas não sabem nada sobre isso. Portanto,
alguém que desconhece o poder de assumir a responsabilidade, muitas vezes, usa
negatividade para evitar a dor percebida de ser culpado.

4. A negatividade é reforçada pela da Lei da Atração:

Segundo a Lei da Atração, conseguimos aquilo em que focamos. Assim, quando


nos queixamos, acabamos conseguindo mais do que objeto da reclamação. Através
dessa atração constante de eventos e circunstâncias negativas, muitas pessoas sentem-
se validadas quando as acontece algo realmente negativo. Na vida de uma pessoa
negativa há literalmente sempre mais para se sentir negativo!

Assim, como uma pessoa encontra eventos negativos, eles se apoiam no


comportamento negativo para lidar com a dor da responsabilidade e obter aprovação
e atenção social. Então, seu foco no negativo cria mais eventos e circunstâncias
negativas e, portanto, mais oportunidades para evitar a dor e obter aprovação e
atenção social. Torna-se um ciclo vicioso e habitual, e para muitas pessoas é um ciclo
que dura toda a vida.

Como você pode ver, as pessoas que são viciadas em negatividade não são
necessariamente pessoas "ruins". Em vez disso, elas estão simplesmente presas em um
hábito que é consistentemente reforçado através da aprovação e atenção social e as
ajuda a evitar a dor de responsabilidade.

Quando escolhemos nos focar no positivo, a vida torna-se mais fácil e agradável,
e os benefícios a curto prazo da negatividade tornam-se muito menos atraentes.
Quando somos desmamados da negatividade, conseguimos enxergar claramente que as
recompensas da positividade são muito maiores! Perdemos literalmente, a atração
pelo caos.

Reclamar é reavivar o drama da situação. É ressentir. É manter-nos presos em


um padrão destrutivo de necessitar despejar nossas angústias e emoções negativas no
ouvido de outras pessoas. Não há nada saudável ou positivo no padrão de queixa. A
queixa crônica nunca torna nada melhor, pois não sacia a nossa energia ou a dos que
estão ao nosso redor, e isso faz com que amigos e familiares não retornem nossas
ligações ou mesmo atravessem a rua quando nos vejam.

Em vez de reclamar, podemos escolher a resiliência. Podemos orar, respirar,


caminhar ou meditar se passarmos por uma situação difícil. Podemos ir à academia ou
correr no parque, escrever nossos desabafos em uma carta e depois jogá-la fora, ou
mesmo chorar para expurgarmos a nossa dor. Em vez de reclamar, podemos escolher
pensamentos e palavras que nos guiarão para uma solução. Podemos escolher
aumentar a energia no ambiente e não drená-la. Em vez de reclamar, podemos
escolher lembrar e valorizar todas as bênçãos que temos. Podemos aprender a
habilidade de ser feliz.

Há um conto sobre uma moça que vivia a reclamar. Reclamava desde a hora em
que abria os olhos, até a hora em que os cerrava. Nada estava a seu gosto e vivia
deprimida e irritada, achando que o Dono do Mundo havia sido injusto ou relapso com
ela. Reclamava das pessoas à sua volta, de sua aparência física, de seus ingratos filhos,

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de seu emprego, e até mesmo da pobre condição financeira de seu marido, que tanto
a amava e se esforçava para agrada-la.

Certo manhã, ela estava arrumando a casa, deprimida por não ter dinheiro para
contratar uma faxineira, quando uma senhora bateu à porta. Irritada, ela perguntou o
que queria. A velhinha pediu comida, ao que ela respondeu: "Infelizmente, não tenho
quase nada a lhe dar, pois meu marido e eu ganhamos muito mal, o que faz minha vida
ser este inferno que é. Agora, dê-me licença, pois irei continuar esta faxina miserável,
pois mal posso pagar uma droga de uma faxineira para limpar esta casa velha." Assim,
ela deu um pão velho para a senhora, e fechou a porta. Em seguida, a campainha tocou
novamente. Ela mal podia acreditar que a velhinha insistia em incomoda-la.

- O que quer de mim? Infernizar-me ainda mais?

- Não, eu quero ensinar-lhe a dar valor a sua vida. Durante este dia, tudo aquilo que
reclamar, irá perder.

- Ora, saia para lá, sua velha charlatona!

Bateu a porta, e exclamou em voz alta: “que destino, meu Deus! Alem de ter
que limpar toda essa casa imunda, ainda tenho que aturar uma velha louca bater em
minha porta, blasfemando e pedindo comida?” Mal acabara de dizer tais palavras, e
escutou um grande barulho. A porta havia caído para trás, e sua casa ficou exposta às
pessoas que passavam na rua. Imediatamente, surgiram vários mendigos implorando
por pão. Assustada, deu toda a comida que havia na cozinha, enquanto ligava para um
marceneiro.

Ao livrar-se dos pedintes, exclamou: mas que maravilha, agora não tenho nada
para comer. Se ao menos eu tivesse um emprego decente, poderia comprar tudo de
novo. No mesmo instante, seu chefe ligou do escritório, dizendo que infelizmente,
teria que demiti-la, para diminuir os gastos da empresa. Assustada, ligou para o
marido, e ao contar-lhe da demissão, reclamou que não estaria passando por isso, se
ele não ganhasse tão pouco.

O marido sentiu-se mal do coração, e foi levado a um hospital, ficando entre a


vida e a morte. Desesperada, pegou o carro para ir ao hospital, e no caminho, xingou
e criticou todos os outros motoristas, quando presenciou uma pane total do
automóvel.Enlouquecida, gritou com Deus “ E agora, como farei para chegar no
hospital, se meu mísero dinheiro não dá nem para pagar um taxi? Terei que pegar um
ônibus e chegar sabe-se lá que horas?”

Neste momento, um ladrão ao ve-la distraída, deu-lhe um bote e levou sua bolsa.
Sem um tostão furado, a moça jogou-se inconsolável na calçada, e se pôs a chorar.
“por favor, senhor, salva meu marido que tanto amo! Minha vida está completamente
destruída e tudo o que mais quero é ela de volta!Não quero riquezas, nem outra vida,
e nem outra casa. Salva meu marido e permite que eu o consiga levar vivo para a nossa
casa, e com ele viver feliz outra vez. Meu Deus, como pude reclamar do castro de
bençãos que o Senhor um dia me concedeu?? Aos prantos, percebeu que uma mercedes
preta parou em sua frente. Quer ajuda, minha filha? Quando ela levantou a cabeça,
avistou uma senhora muito chique e distinta, mas de aparência familiar.

• - Quem é a senhora? Posso jurar já te-la visto antes.


• - Sou a mesma idosa que pediu comida hoje cedo em sua casa.

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• - Mas o que fazes neste carro de luxo com este motorista?
• - O carro é meu e ele é meu querido funcionário.
• - Não entendo bem o que esta acontecendo, mas não importa. Meu marido esta
morrendo em um hospital, e nem sei como chegarei la a tempo de me despedir.
• - Seu marido já esta em casa, e vou leva-la para lá. Sua mezinha e seus filhos
também a esperam, e disseram para se apressar, pois precisam jantar.
• - Não compreendo, meu marido esta morrendo e meus filhos foram morar com
minha mãe a tempos, por não me aguentarem.
• - Você parou de reclamar. Pediu a Deus que lhe desse mais uma chance para
valorizar a vida maravilhosa que tinha. E Ele a concedeu mais uma chance, e
como é bom, resolveu trazer sua mãezinha e seus filhos de volta. Agora vamos
que eles estão com fome e eu também. Convidaram-me para comer um belo
assado. A moça mal podia acreditar no que estava acontecendo. sentia-se a
pessoa mais feliz do mundo, como se tivesse ganho sozinha na mega-cena. Na
verdade, havia ganho sua vida de volta, o que valia muito mais do que qualquer
loteria. Confessou a sua mãe, mais tarde, que não entendera muito bem que
era a tal velhinha. Uma feiticeira? Um anjo? Não importa, disse a mãe. Deus
realmente escreve certo em linhas bem tortas!

Ah, sobre bruxas e feiticeiras, não acreditamos nelas. “Pelo que las ai,
las ai! “

A MÁGOA TÓXICA (PESSOAS FACILMENTE "OFENDÍVEIS")

Às vezes, ficamos tão magoados com alguém, que temos uma reação de raiva
ou afastamento, realmente desproporcionais ao que foi dito, feito ou não feito. Após
alguns dias, sentimos remorso por nossas reações ou ficamos sem entender porque
demos tanta importância àquele episódio. Vários são os casais que se desfazem por
causa de uma briga. Vários sócios desfazem seus negócios. Pais e filhos deixam de se
falar. Mas o que realmente acontece? O que é a briga? Existe algo que a anteceda? Será
a raiva e o descontentamento? Deveríamos então aprender a controlar nossos impulsos
raivosos e tudo estaria solucionado? Tal solução seria duradoura? Como controlá-los,
se um fortíssimo sentimento nos provocar novamente? Como poderá ser a raiva a
causadora de tantas perdas, se ainda há algo malévolo que a antecede e produz?
Pensamos que a mágoa quase sempre antecede a raiva. Ela é sua real mola propulsora.
Não adianta querermos curar o efeito, mas tratarmos a causa.

O objetivo deste texto é a compreensão do que é a mágoa, de onde vem, e


quais suas conseqüências.

AFIRMAÇÃO: AS PESSOAS NÃO SE MAGOAM PELAS ADVERSIDADES EM SI, MAS PELOS SEUS

PONTOS DE VISTA RÍGIDOS E EXTREMISTAS SOBRE ELAS.

Mas o que significa esta afirmação? Quando enfrentamos adversidades na vida,


é normal e saudável sentirmos emoções negativas sobre elas. Ex: João foi assaltado e
ficou sem o seu salário, que iria pagar entre outras coisas, seu aluguel e tratamento
de saúde. É natural e saudável que João sinta raiva e tristeza, pelo menos naquele
momento. Estranho seria, se nada sentisse. Porém, qual reação seria saudável? Chamar
a polícia, ou correr atrás do ladrão e lhe enfiar uma faca no peito?

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Parece haver uma importante diferença entre as emoções que sejam negativas
na causa (raiva por ter sido assaltado) e saudáveis no efeito ( chamar a polícia), e as
emoções que sejam negativas na causa (raiva por ter sido assaltado) e negativas no
efeito (matar o ladrão). Chamaremos aqui a primeira opção de emoções saudáveis e a
segunda opção, de emoções tóxicas.

A mágoa, a nosso ver, pode ser considerada uma emoção tóxica, quando
agirmos de maneira destrutiva, ou uma emoção saudável, quando agirmos de maneira
equilibrada. Iremos nos focar agora, no estudo da mágoa tóxica, onde um conjunto de
pensamentos e sentimentos destrutivos impedem que tenhamos atitudes saudáveis.
Reunimos 5 principais componentes da mágoa tóxica, e iremos esmiuçá- los, um a um,
para uma maior compreensão.

OS 5 COMPONENTTES DA RAIVA COMPULSIVA:

I. Pessoas que nos são importantes e suas atitudes em relação a nós.

Temos a tendência de nos sentir magoados com pessoas que , de alguma maneira,
sejam importantes para nós. Temos expectativas de que elas ajam (ou não ajam) de
certa maneira, mas o interessante é que nossa mágoa não surge exatamente devido
aos erros que elas cometem, mas pelas nossas expectativas não satisfeitas.

Ex: Eu esperava que meu novo namorado fosse ser sempre gentil e delicado comigo,
mas um dia ele ficou nervoso e me tratou de forma rude.

II. Inferências:

Se imaginarmos a mágoa tóxica como uma casca de ovo, ao abri-la, encontraríamos


alguns componentes destrutivos, dentre eles, as inferências. Inferência é um palpite,
que pode ser real ou irreal, preciso ou impreciso. Tendemos a fazer inferências sobre
as atitudes (ou falta delas) dos outros em relação a nós mesmos. Para que possamos
nos sentir magoados, faz-se mister que interpretemos esses palpites como verdadeiros.
Interessante é notar, que quase sempre, não tiramos a prova dos nove antes de nos
sentirmos magoados. Raras são as pessoas que se dispõem a ouvir a outra parte, sem
fazer um julgamento precipitado. Julgamos as pessoas baseando-nos em nossas
inferências, quase sempre, desacompanhadas de provas reais. Mostraremos abaixo,
algumas causas mais comuns de mágoa relacionada à inferência.

Ex: Eu esperava que meu namorado fosse sempre gentil comigo, mas ele me tratou de
forma rude, porque no fundo, já deve estar desgostando de mim.

a)Quando julgamos ser criticados injustamente: o que realmente nos magoa não é a
crítica em si, ainda que falsa ou verdadeira, mas a sensação de injustiça. Sentimos o
ataque sobre nossa pessoa, e não sobre nossos comportamentos, como se nossas almas
estivessem sendo julgadas de maneira negativa. Ficamos ainda mais magoados, quando
trata-se de uma (ou mais pessoas) próxima a nós, para a qual demos intimidade e que
portanto,nos conhece bem. Inferimos que ela aproveitou o fato de conhecer nossas

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fraquezas para nos atacar. Ex: Ana tinha problemas de auto estima em relação a sua
beleza física. Não se sentia bonita nos últimos tempos. Ficou extremamente magoada
com seu marido, quando ele a criticou dizendo que ela havia engordado. Ela ficou
magoada pelo fato de ele saber que ela não estava se sentindo bonita, e viu sua crítica
como um pretexto para fazê-la se sentir ainda pior.

b) Quando nos sentimos rejeitados: quando nos sentimos rejeitados, nossa mágoa vem
da idéia de uma rejeição desmerecida, ou seja, fomos corretos, amigos, fizemos nossa
parte, e ainda assim, houve uma traição a nossa lealdade. Ex: Felipe era namorado de
Amanda e ficou ao seu lado, quando ela estava estudando para concurso. Ela sofria,
não se cuidava, não podia viajar, reclamava que não tinha dinheiro para nada, e ele
inclusive a ajudou a pagar seus cursos e livros. Quando Amanda passou no concurso,
tiveram uma discussão, e cansada dos defeitos dele, decidiu se separar. Felipe ficou
extremamente magoado.

c) Quando nos sentimos desaprovados: a desaprovação é similar à rejeição, pois ambos


envolvem um julgamento negativo em relação à pessoa. A diferença aqui, é que não
houve a separação. Quem reprova não pediu ainda para que a pessoa vá embora. Assim
como na rejeição, sentimos mágoa de quem nos desaprova, quando esta pessoa nos é
importante, e quando achamos que não merecemos tal atitude. Ex: Samara criou seus
filhos com muito zelo e dedicação e se orgulhava por ser uma boa mãe. Porém, um
dia, sua filha Sofia, quando fez 20 anos, acusou- a de ter sido uma mãe opressora, que
não lhe permitiu ser ela mesma, e que por isso, hoje ela tinha grandes dificuldades de
ser feliz e madura. Samara ficou arrasada, e extremamente magoada, ao inferir que
uma pessoa tão importante para ela como a própria filha, agiu com tamanha injustiça.

d) Quando nos sentimos traídos: esta é uma das principais inferências causadoras da
mágoa. Ex: Verônica contou a Sheila um segredo e a pediu sigilo completo. Sheila tinha
uma outra amiga, para quem resolveu contar o tal segredo. Verônica sentiu-se traída
e muito magoada com a Sheila, e nunca mais lhe dirigiu a palavra.

e) Quando nos sentimos usados: quando temos um relacionamento com alguém, e


percebemos em algum instante, que tal pessoa estava ali por algum interesse próprio,
que não apenas se relacionar, ficamos magoados. Fernanda só se aproximava de
Fabíola quando ficava solteira, pois sabia que a amiga era muito bem relacionada.
Quando arranjava alguém, imediatamente, cortava Fabíola de sua vida. Fabíola sentiu-
se extremamente magoada, por se sentir usada por ela.

III. Crenças Irracionais:

As crenças irracionais são o mais importante componente da mágoa. Podemos afirmar


de antemão, que mesmo que façamos inferências reais ou irreais sobre as atitudes das
pessoas, que vêm a nos causar a mágoa, SE TIVESSEMOS CRENÇAS RACIONAIS SOBRE
TAIS ATITUDES, NÃO IRIAMOS SENTIR MÁGOA. SÓ SENTIMOS A MÁGOA, POR TER
CRENÇAS IRRACIONAIS SOBRE UM ACONTECIMENTO OU UMA INFERÊNCIA.

1. 1) Crenças rígidas – padrões de pensamentos ortodoxos, rígidos e enraizados.


Ex: Ele jamais poderá me trair, pois eu nunca o faria este mal.
2. 2) Crenças aterrorizantes- padrões baseados em sensações de pânico.Ex: Ele
jamais poderá me trair, pois se o fizer, será terrível.
3. 3) Baixa tolerância à frustração. Ex: Seria insuportável se ele me traísse. Acho
que seria o fim do mundo pra mim.

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4. 4) Crenças de depreciação. Ex: se ele me trair, é porque não presta e eu não
tenho valor algum como ser humano.

Muitos de nós, já ouvimos falar que a mágoa é filha do ego. Sem ego, sem mágoa.
Mas a verdade, é que cada um de nós o possui, em maior ou menor grau, e o
crescimento espiritual é justamente, o movimento de sairmos de nosso egocentrismo
e olharmos para o próximo, dando-lhe a mesma importância. Quanto menos ego, mais
liberdade do espírito. Verdade é, que duas pessoas podem escutar a mesma frase da
boca de outrem, e as reações serem contrárias. Uma poderá achar a frase engraçada
e a outra, se ofender.

A mágoa tóxica contém dois grandes tipos de ego: O ego ferido e a auto- piedade.
O primeiro acontece, quando ao enfrentarmos uma adversidade relacionada a alguém
que nos é importante, nos sentimos diminuídos ou prejudicados como pessoas.
Sentimos uma auto- depreciação, pois costumamos levar para o pessoal, a ação que
esta pessoa teria com qualquer outra, pelo simples fato de possuir esta exata forma
de agir. Já na auto- piedade, sentimo-nos vítimas, ficamos com pena de nós mesmos,
por termos sido tão injustiçados.

1. Ego ferido e as crenças irracionais: este tipo de mágoa é sustentado por duas
principais crenças irracionais: as crenças rígidas e as de depreciação. Não permitimos
em nosso íntimo, a possibilidade de sermos rejeitados, por exemplo. Não podemos ser
traídos. Há neste tipo de crença, uma auto- idolatria, como se fossemos intocáveis, e
jamais pudéssemos ser contrariados ou substituídos em nosso grau de importância. EX:
Eu o proíbo de me rejeitar! Esta é uma crença, acima de tudo, desconectada da
realidade. Tudo é passível de acontecer a qualquer um de nós, enquanto estivermos
vivos. Além de sofrermos desta rigidez, também nos auto- depreciamos ao nos sentir
magoados. Ex: “Você me rejeita porque não sou muito interessante como homem!”

Quando a raiva destrutiva é uma característica da mágoa, além de pensarmos


assim, utilizamo- nos ainda da agressão. “Você me rejeita porque não vale nada, pois
só se interessa por pessoas bonitas e cultas, e eu não sou assim.”

2. A auto –piedade e as crenças irracionais: este tipo de ego engloba todos os tipos de
crenças irracionais. Vamos aos exemplos:

1. Crençasrígidas:Vocênuncapoderámetrair.
2. Crenças aterrorizantes: Você não poderia ter me traído. Pobre de mim, eu não
merecia algo tão terrível de você e da vida.
3. Baixa tolerância à frustração: Não estou conseguindo suportar o fato de ser
traído. Sinto vontade de morrer.
4. Depreciaçãodavida:Avidaéumaporcaria.Olhasóoqueaconteceucomigo!
5. Depreciação do outro: Você é uma pessoa podre por ter me traído. (isto
acontece quando a raiva destrutiva é uma característica da mágoa).

IV. Pensamentos criados pelas crenças irracionais: se as crenças irracionais são a causa,
os pensamentos criados por elas são o efeito, e logicamente, serão um produto
totalmente destrutivo. Interpretando inferências como provas reais, nossos
pensamentos subseqüentes tenderão a estar completamente fora da realidade.

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Algumas maneiras distorcidas de pensar, baseadas nas crenças irracionais:

1. a) Tendência a exagerar em relação à injustiça causada: quando possuímos


crenças irracionais sobre alguma injustiça que alguém que nos é importante
tenha feito a nós, temos a tendência a lembrar e relembrar todas as coisas que
fizemos de bom para esta pessoa, e nos sentimos cada vez mais injustiçados.
Esta atitude faz com que apaguemos de nossas mentes, tudo que esta pessoa
também nos fez de bom. Acabamos por fomentar nosso sentimento de injustiça,
e ficamos cada vez mais focados na mágoa.
2. b) Tendência a enxergar a outra pessoa como alguém que demonstra
indiferença por nós ou falta de cuidado: quando carregamos crenças irracionais
em relação à mágoa, temos a tendência de concluir que determinada pessoa
importante para nós, nos feriu porque era indiferente a nós ou simplesmente,
não tinha zelo algum. Esta forma de pensar, oriunda dessas crenças irreais,
acaba por nos fazer intensificar nossa mágoa e nossa dor. Focaremos apenas na
indiferença ou falta de cuidado que julgamos ter o outro.
3. c) Tendência a nos enxergar como solitários, incompreendidos ou
abandonados: quando possuímos crenças irracionais em relação à magoa, temos
a tendência a nos sentir sem sentido, depois de sermos magoados por alguém
que nos é importante. Temos a impressão de estarmos sozinhos no mundo, ou
seja, uma sensação forte de incompreensão e abandono. Nosso ego nos dirá
mais uma vez, que este mundo não presta e que as pessoas não valem a pena.
Mais uma vez, sentiremos muita pena de nós mesmos.
4. d) Tendência a relembrar mágoas passadas: temos a tendência também, a
relembrar momentos passados em que também fomos magoados, por esta
mesma pessoa que agora nos magoou, e até por outras. Este tipo de
pensamento serve unicamente para intensificar em muito a nossa mágoa.
5. e) Tendência a pensar que a outra pessoa deve fazer todo o movimento para
restabelecer a paz: quando possuímos crenças irracionais e irrealistas em
relação á magoa, entendemos que a pessoa que nos magoou é quem deve fazer
o primeiro movimento para se redimir, ou para restaurar a paz entre nós. Assim,
raramente tomamos uma atitude apaziguadora, e ficamos esperando que ela
coloque toda a ação. Se ela não tomar qualquer atitude, isto nos colocará ainda
mais no papel de vítimas incompreendidas e abandonadas. Nosso orgulho
simplesmente, não nos permite dar o primeiro passo, para fazer com que as
coisas fiquem bem com quem nos é importante.

V. Ações criadas pelas crenças irracionais: quando nossas crenças nos permitem sentir
mágoa, temos a tendência a nos comportar de uma maneira tão destrutiva, que
acabamos por aprofundar-nos ainda mais nesta emoção . Iremos agora, listar algumas
dessas ações, para facilitar nossa compreensão:

a) Culpar outras pessoas por nos sentirmos assim: nós apenas nos sentimos magoados,
quando nos permitimos interpretar as situações da pior forma, com o pior olhar.
Sabemos em nosso íntimo, que se fossemos realmente senhores de nosso equilíbrio
emocional , ninguém conseguiria nos atingir, mesmo que nos causassem qualquer
prejuízo. Se pensarmos por um lado espiritual, as pessoas são apenas fantoches dos
pequenos e grandes testes da vida. Buda estava a meditar, quando um homem veio e
bateu-lhe. Ele abriu os olhos, agradeceu ao homem, e o pediu para voltar mais vezes,
pois apesar do ocorrido, Buda sentiu-se feliz por não ter sentido raiva. Ele passou no
teste da raiva, e viu que seus estudos estavam funcionando. Isto nada tinha a ver com
o homem e sua agressividade. Ele representava apenas uma oportunidade para que
Buda examinasse se sua raiva continuava ou não ali. Assim, quando sentimos a mágoa
destrutiva, temos a tendência a culpar as pessoas pelo que estamos sentindo e não

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fazemos o trabalho espiritual de compreender que ninguém é capaz de nos criar
qualquer sentimento, mas apenas de despertar o que já estava ali.

b) Cortar a comunicação - quando ficamos magoados, por conta de nossas crenças


irracionais, tendemos a nos afastar e cortar o canal de comunicação com aqueles que
tiveram uma atitude negativa em relação a nós. Geralmente, temos a tendência a
evitar uma conversa assertiva com quem nos ofendeu, explicando –lhes os nossos
sentimentos. Ao contrário disso, nosso ego nos impele a colocar uma grande barreira
no relacionamento. Tentamos fazer com que eles saibam como estamos nos sentindo,
de maneiras indiretas. Uma ótima maneira de lhes chamar a atenção, é demonstrando
estarmos extremamente chateados, através de nosso mau humor. Tal tática parece ser
um tanto quanto infantil, porem, se funcionar uma vez, e conseguirmos com que a
pessoa se redima, repetiremos o processo por toda a nossa vida. Não haveria sérios
problemas em continuar assim, se não fosse o fato de acabarmos incorporando o mau
humor e em nossas vidas, o que fomenta séria tristeza e sentimento de infelicidade,
além da progressividade da mágoa destrutiva.

c) Necessidade de poder: quando nos sentimos magoados, é provável que nos sintamos
também desvalorizados. Assim, cortamos relações com a pessoa que nos fez mal ( pelo
menos em nossa maneira de enxergar), e deixamos bem claro, através desta atitude,
que as pazes apenas serão feitas, se elas nos pedirem perdão. Em muitos casos, quando
a raiva doentia é uma característica da mágoa , ela terá que nos implorar por este
perdão. Muitos de nós, sentimos uma raiva e mágoa tão acentuados, que apenas
conseguiremos dar nosso perdão após dias de tentativas da outra parte. Muitas vezes,
os outros aceitam humilhar-se para conseguirem a reaproximação, o que nos gera um
falso sentimento de poder sobre eles. O grande problema envolto nesta atitude, é que
ela parece ser viciante. Começamos a exigir cada vez mais, que se humilhem em troca
de nosso perdão, e passamos a ter extrema dificuldade em conviver com as pessoas,e
desenvolver com elas uma intimidade saudável, pois a única relação que “funcionará”,
será a desequilibrada, onde de um lado esteja o dominador, e de outro, o dominado
codependente. Enquanto buscarmos por poder em nossas relações, jamais
conheceremos o significado da paz e felicidade.

d)Necessidade de afeto: muitas vezes, só conseguirmos dar o perdão ao outro, por


sucessivas e incansáveis demonstrações de afeto por parte dele.

e) Afastamento para se proteger da dor: quando temos a tendência a nos sentir


magoados, é comum termos relacionamentos de curta duração, pois ao menor sinal de
que iremos nos ferir, nos afastamos, para não sofrermos o caos do passado. isto acaba
por nos gerar uma anorexia social. Passamos a ter pouquíssimos amigos, senão nenhum,
nos afastamos da família e muitas vezes, apenas trabalhamos como autônomos, como
chefes, ou nos casos mais graves, não trabalhamos. Aqui, o foco é a solidão, o
isolamento e afastamento do convívio com as pessoas, por não aceitarmos seu jeito de
ser.

A mágoa saudável

A mágoa saudável pode ser a grande alternativa para a mágoa tóxica. Não
pretendemos remover uma emoção humana de nossas vidas, pois isto seria outra
atitude desalinhada com a realidade. Porém, podemos entender como as pessoas
pensam e agem, quando sentem a mágoa saudável. De uma coisa temos certeza: suas
vidas possuem um outro padrão de qualidade!

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As pessoas que sentem a mágoa saudável, também se ofendem com as atitudes
de outras pessoas importantes para elas, e também fazem inferências, ou seja,
costumam ter palpites sobre tal acontecimento. O que difere a mágoa saudável da
tóxica, certamente é o sistema de crenças intrínseco a elas. Na mágoa saudável, as
crenças são racionais, flexíveis e realistas.

Aqui, no lugar das exigências rígidas e imposição de regras ( minha amiga nunca
poderá me rejeitar), há as crenças de preferência. Ex: eu não gostaria que minha amiga
me rejeitasse, mas não há uma lei do universo que a impeça disso, se ela quiser fazê-
lo.

No lugar das crenças aterrorizantes (seria terrível se minha amiga me


rejeitasse), há as crenças não aterrorizantes, as quais são flexíveis, e passam uma idéia
de vulnerabilidade. ( eu não gostaria que minha amiga me rejeitasse, mas caso isto
aconteça, não será o fim do mundo para mim).

Ao contrário das crenças de baixa tolerância à frustração (não irei suportar se


minha irmã contar meus segredos para a família), as pessoas que sentem a mágoa
saudável, tendem a ter crenças de alta tolerância à frustração. Ex: eu não gostaria
que minha irmã revelasse meus segredos, mas se ela o fizer, conseguirei lidar com este
fato.

Para encerrar, a mágoa tóxica é também causada pelas crenças de depreciação.


Aqui, nossos auto-valores não se alteram, quando nos sentimos magoados. Também
não concluímos que quem nos feriu é uma pessoa de má índole, mas um ser humano
falho que agiu de uma maneira que desaprovamos.

Teceremos então, uma comparação em relação aos comportamentos entre os


dois tipos de mágoa.

1. Como pensam e agem as pessoas saudáveis, que possuem crenças racionais, quando
se sentem magoadas e injustiçadas:

• Ao invés de apenas pensarem em tudo que fizeram de bom para a pessoa que
as magoou, avaliam também o que esta pessoa lhe fez de bom, antes de causar
dor.

Ao invés de pensarem que quem lhes feriu não se importa ou é indiferente a


elas, pensam que esta pessoa ainda se importa, mas por algum outro motivo,
acabou tomando tal atitude.

• Ao invés de se sentirem sentimentos de abandono e solidão, por terem sido mau


tratadas, apenas pensam que houve um acontecimento ruim, mas continuam
tendo um senso de pertencimento, de união e gratidão pela vida.
• Ao invés de relembrar de todas as ocasiões em que foram mal tratadas,
melancolicamente, concentram-se apenas nesta ocasião, e não fomentam o
drama.

Ao invés de levarem a má atitude do outro para o lado pessoal, entendem que a


pessoa agiu assim, porque não compreendeu um jeito melhor e mais espiritual de

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proceder. Teriam agido desta maneira com qualquer outra pessoa com a qual tivesse
o mesmo grau de intimidade.

Ao invés de sentirem e ressentirem, obsessivamente, o ocorrido, seguem em frente e


descartam completamente a idéia de perder um dia de sua vida imersos no drama, vez
que ele acaba fazendo parte do cotidiano de quem o permite entrar.

• Ao invés de responderem à má atitude da outra pessoa com raiva, grosserias e


vingança, continuam tratando-a com educação, delicadeza e equilíbrio, visto
que tais atitudes fazem parte de seu estilo de vida, e não são variáveis de
acordo com as situações. Elas não estão educadas, delicadas e equilibradas.
Elas são assim, pois decidiram por completo, viver desta maneira, e emanar e
receber a energia proporcional a ela.
• Ao invés de surtarem e perderem a razão devido à raiva descontrolada, não
permitem o “estado de surto” em suas vidas.

Ao invés de sentirem-se infelizes e concluírem que a vida lhes coloca pessoas


más ou insensíveis em seu caminho, entendem que a ofensa dos outros nunca
os fazem más pessoas, pois o enxergam como uma simples marionete do mundo
espiritual. Precisamos passar por tudo que passamos, para superarmos nossas
dificuldades de relacionamento, e alcançarmos o crescimento e libertação
espiritual. Ninguém é capaz de fabricar em nós, um sentimento novo. As
pessoas são apenas uma oportunidade que recebemos para vermos que nossos
defeitos ainda estão dentro de nós, prontos para estragar nossa felicidade.

• Ao invés de responsabilizar os outros por todo o seu sofrimento, os


responsabilizam por ter-lhes causado dor, mas nunca por seus sentimentos e
reações.
• Ao invés de demonstrarem mau humor e tristeza, continuam mantendo uma
comunicação com a pessoa que lhes ofendeu, e optam por conversar e expor
seus sentimentos. Esta comunicação direta e saudável lhes dá senso de poder.

COMO PODEMOS NOS LIBERTAR DA MÁGOA TÓXICA:

Tudo o que precisamos fazer para reduzir ou até nos libertar por
completo da mágoa tóxica, é praticar algumas restrições em nossos
comportamentos. Sim, iremos sentir a mágoa novamente, com toda a sua
potencia, mas não poderemos “atuar” nela! Sabemos, por exemplo, que se
começarmos a responder, querer discutir, não conseguiremos mais parar.
Outros, não poderão se afastar no momento em que são ofendidos, pois sabem
que terão grande tendência a sumir de vez. Precisamos evitar o impulso de
exigir que os outros implorem por nosso perdão. Não somos grandes
imperadores insultados por um reles súdito. Estamos sujeitos a passar por tudo
que qualquer pessoa comum passa, por um motivo muito simples: somos
comuns! E esta é nossa força que emana toda saúde física, mental e espiritual.
Feliz é aquele que se sente mais um na multidão, pois o atributo da humildade
consegue atingir seu coração, e então, todos perceberam que ele é um ser
especial. Enumeramos abaixo, algumas sugestões de restrições ( de nossos
impulsos), que nos ajudaram a alcançar a libertação do grande mal que faz a
mágoa tóxica. Sugerimos ainda que estes evites sejam praticados por um
período de 40 dias, para fins de desintoxicação destes comportamentos

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destrutivos. No início, pode ser difícil a sua prática, mas lembre-se: é possível
e fundamental!

Evites da mágoa tóxica: ( para não fomentarmos a auto piedade e a raiva)

1. Evite responder imediatamente. Passe os 10 primeiros minutos em silencio.


2. Evite a primeira agressão. Procure fazer orações para a raiva e mágoa.
3. Evite concluir o porquê de terem te maltratado. Procure mudar o foco, e
conversar em outro momento.
4. Evite julgar as pessoas, de boas ou más, honestas ou desonestas, ou
diagnosticá-las. Procure se lembrar de 5 boas ações que elas lhe fizeram.
5. Evite a auto-piedade. Ligue para alguém que goste de conversar com você.
6. Evite relembrar o passado, ressentindo todas as vezes em que foi magoado
desta forma, seja por esta ou qualquer pessoa. Procure viver o dia de hoje.
7. Evite se sentir desrespeitado. Procure não levar a ofensa para o lado pessoal e
entender que a pessoa agiria assim com qualquer outra pessoa.
8. Evite generalizar. Procure entender que o erro foi desta pessoa apenas, e que
o mundo está cheio de pessoas delicadas e assertivas.
9. Evite se lamentar com alguém, contando tudo de ruim que esta pessoa lhe fez.
Ao contar, procure tentar vê-la da melhor maneira possível.
10. Evite se afastar da pessoa, se ela for realmente importante para você. Perdoe
mais, e magoe-se menos!

Para encerrar, tente escrever uma lista de suas próprias crenças irracionais que
podem estar levando-lhe a episódios de mágoa tóxica. Ao lado de cada crença, escreva
porque elas estão erradas e como deveriam ser, para que você se torne mais saudável.

Exemplo:

Mariana ficou muito magoada com Júlia, pois havia contado um grande segredo
à amiga, que ao ficar bêbada numa festa, acabou fofocando para algumas pessoas.
Assim, pensou: Júlia jamais poderia ter espalhado meu segredo para alguém nesta
vida! Não interessa se ela estava caindo de bêbada. Ela deveria ter sido responsável.
Nunca mais falarei com ela, pois fofoca é traição e isto é intolerável para mim! Estou
em pânico, passando mal só de pensar que todos sabem que fiquei bêbada no carnaval
e beijei uma mulher. Sou heterossexual e nunca mais irei casar por causa disso!
Ninguém vai querer casar comigo, pois já estava difícil alguém se interessar por mim,
mesmo sem duvidar de minha sexualidade.

Praticando este exercício, Mariana percebeu que possuía 4 crenças irracionais:


crenças rígidas, de baixa tolerância à frustração, pânico e depreciativas. Pontuou o
que estava destrutivo, e qual seria a opção para cada item. Decidiu então, reescrever
sua história:

Se eu bebi e fiz algo que não faria sóbria, como poderei cobrar uma postura
diferente da minha amiga? Não é seu padrão fazer fofocas por ai. Não posso concluir
que ela é irresponsável por apenas um erro. Irei conversar com minha amiga ainda
hoje, para dizê-la o quanto fiquei chateada e pedir que tenha mais cuidado. Apesar de
eu ter beijado uma mulher, também decido não me levar tão a sério e não ser
preconceituosa, pois isto não é saudável para ninguém. Quem tiver que gostar de mim,
irá gostar de qualquer maneira, pois sou um ser humano imperfeito como todos os

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outros, mas possuo grandes qualidades e bons valores. Sei quem sou e quem for igual
a mim, me reconhecerá!

O VÍCIO DA FOFOCA

Deus encontra-se em todos os lugares: nos guetos, nos presídios, nos prostíbulos. Mas
nunca onde está a fofoca. Deixemos Deus entrar..

Por volta do ano 2000 antes de Cristo, um mercador grego, rico, queria dar um
banquete com comidas especiais. Chamou seu escravo e ordenou-lhe que fosse ao
mercado comprar a melhor iguaria.

-Traga-me o melhor pedaço de carne que lá encontrar...

E para atender fielmente o pedido do seu senhor escolheu o melhor pedaço. O escravo
voltou com belo prato, coberto com um fino pano. O mercador removeu o pano e
assustou-se com o que viu.

- Língua? Este é o prato mais delicioso?


O escravo sem levantar a cabeça, respondeu:

- A língua é o prato mais delicioso, sim senhor. É com a língua que você pede água, diz
“mamãe”, faz amizades, conhece pessoas, distribui seus bens, perdoa. Com a língua,
você conquista, reúne as pessoas, se comunica, diz “meu Deus”, ora, canta, conta
histórias, guarda a memória do passado, faz negócios, diz “eu te amo”.

O nobre senhor mandou que as criadas preparassem aquela língua, e assim se


deliciou com o estranho, mas delicioso pedaço de carne. O mercador, não muito
convencido, quis testar a sabedoria do seu escravo e dias depois o enviou novamente
ao mercado, ordenando-lhe que trouxesse o pior dos alimentos. O criado mais que
depressa e no caminho pensou...pensou... E chegou à conclusão que levaria mais um
pedaço de língua. Voltou o escravo com um lindo prato, coberto por fino tecido, que
o mercador retirou, ansioso, para conhecer o alimento mais repugnante.

- Tomado de admiração! Diz o mercador, espantado.

“O que significa isso? Língua de novo? Pedi o melhor pedaço e me trouxeste língua.
Então lhe pedi o pior pedaço e me trouxeste língua novamente??”

“- Sim, língua”, disse o escravo, agora mais altivo. “E não pense que me enganei, meu
senhor. Pois é isso mesmo, a língua é ao mesmo tempo tudo que há de melhor; e tudo
o que há de pior no mundo. Pode causar os melhores bens na boca de uma pessoa boa,
e pode causar os maiores males na de uma pessoa má. É a língua que condena, separa,
provoca intrigas e ciúmes. É com ela que blasfemamos e mandamos os outros para o
inferno. A língua expulsa, isola, trai o irmão e xinga os pais. Declara guerra e pronuncia
sentenças de morte. Não há nada pior que a língua, não há nada melhor que a língua.”

Esse pequenino pedaço de carne chamado língua, de aparência inocente, é,


como narrou a história acima, o início de todas as guerras. Se tivéssemos mais
consciência e mais freios antes de falar, certamente nossas vidas seriam muito mais

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felizes, saudáveis e pacíficas. A língua pode proferir palavras de paz, fé e esperança,
acalentando os corações humanos. Pode fazer sorrir um bebê, e conquistar o amor do
mais feroz animal. Pode dar um beijo que transmita paixão, fazendo despertar o desejo
sexual, o grande multiplicador de vidas. Porém, se de um lado, é uma imensa geradora
de luz, pode ser igualmente, fonte de toda a discórdia e morte. Ela é o músculo através
do qual conseguimos expressar nossos sentimentos e emoções. O problema começa
quando o que sentimos está longe do que podemos considerar saúde mental. Emoções
tóxicas geram comportamentos tóxicos. Se as emoções doentias são a base dos
fracassados, a maledicência é um dos maiores portais para a derrota total. Como
poderemos atrair saúde, amor e prosperidade para nossas vidas, deixando escapar
palavras que só poderão nos conectar com as mais baixas energias espirituais? Se
houver alguma mensagem que um próspero possa dar a um maledicente, esta traduzir-
se-á em: “enquanto ficas ai sentado a falar mal de mim, dê-me licença, que estou
passando!!”

Este texto versa sobre o poder das palavras, e aqui iremos discutir e decidir
juntos, qual o destino que gostaríamos de dar para este poder. Por qual caminho
gostaríamos de andar? De luz, ou o da escuridão? O que queremos para nossas vidas?
Paz, bênçãos, saúde, felicidade e prosperidade, ou derrota, tristeza e caos? Podemos
de imediato afirmar, que através do mal uso das palavras, não conseguiremos avistar
nem de longe, uma vida plena. Da verdadeira felicidade, nada conheceremos, se
optarmos por gastar toda a energia que recebemos pelas manhãs em pequeninos
momentos de prazer, ao diminuir o nosso próximo. Aprenderemos aqui, como combater
tais impulsos e a canalizar tais energia para nossas próprias vidas, trocando o vazio e
a frustração pelo progresso espiritual, físico e mental.

A primeira pergunta que nos vem a mente, depois de termos feito uma fofoca,
é: será que sou uma pessoa má? Será que meu caráter é fraco? Por que fiz isso com
quem nunca me feriu? Por que contei o segredo do meu melhor amigo? Quem sou eu,
na realidade?

Muitas pessoas sofrem realmente, por não conseguir se segurar ao guardar um


segredo ou criticar negativamente uma outra pessoa. Imperceptível, poderosa e
traiçoeira, é a vontade de fofocar. Assim como um viciado em drogas, se vê usando-as
novamente, mesmo depois de ter prometido a si mesmo que nunca mais o faria,
inúmeras vezes, quando percebemos, lá estamos nós: quebrando novamente o nosso
contrato de fidelidade para conosco, de não nos envolvermos mais em maledicências.
Seria falta de força de vontade? O que nos está realmente acontecendo?

Neste estudo, iremos entender porque muitas vezes, fazemos fofocas, intrigas,
traímos quem nos confiou um segredo, falamos mal dos outros, que quase sempre não
estão ali para se defender.

O vício

Falar com os outros, e não dos outros, certamente, seria uma maneira de viver
mais leve, feliz e útil. Porém, falar dos outros e não com os outros denota vazio
espiritual, insatisfação e frustração com a própria vida, e uma enorme necessidade de
preencher este vazio através do curto prazer imediato, que somente as drogas podem
nos dar. Droga esta que nos retira da realidade de nossos fracassos, defeitos e
dificuldades, ao nos comprazer em destroçar a imagem alheia. O desejo de fofocar é
sempre exigente, pois de uma forma útil, nos obriga a repetir aquilo que um dia já nos
causou enorme prejuízo, pois ninguém confia num fofoqueiro. Este, além de perder
amigos, perde também a confiança que um dia lhe foi depositada. Mas, ao menor

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descuido, arrisca-se mais uma vez, em nome de grande prazer de se elevar ou de se
vingar, aliviando-se assim, da raiva.

Repete incansavelmente, tal atitude, enganando-se que desta vez, seu ouvinte
irá guardar seu segredo, mesmo sabendo que quem gosta de receber a fofoca, vibra
na mesma frequência espiritual, e tem as mesmas necessidades de passa-la a diante.
Repetir os mesmos erros, esperando resultados diferentes, já dizia Albert Einstein, é
sinônimo de insanidade. E não seria o vício sinônimo de insanidade? Por que o viciado
em drogas, que vê tanta destruição a sua volta, causada por sua doença, ainda o faz?
Seria ele dependente da destruição, ou apenas da droga? Obviamente, estamos falando
aqui da compulsão, alergia física e emocional que o impele a usar cada vez mais,
mesmo indo contra a tudo que sempre considerou saudável para sua vida. Porém, não
apenas as drogas químicas matam o homem, mas também, as drogas emocionais. A
fofoca gera prazer e sensação de plenitude, mesmo que a curto prazo, e a dopamina
liberada no cérebro do fofoqueiro, o faz repeti-la, até ver sua vida e a das pessoas que
convive arruinadas. A compulsão, ou seja, a obrigatoriedade de repetir as más
atitudes, mesmo contra a própria consciência, é a maior característica da
dependência.

Quando somos viciados em fofocas, até mesmo as mais inofensivas podem ser
um declive escorregadio. Por várias vezes, muitos de nós ao desligar o telefone, após
uma conversa que envolveu “disse-me –disses”, nos sentimos perdidos, vazios e
carregados negativamente, como se tivéssemos sido sugados em nossa energia e
tempo. Outros de nós, sentem-se deprimidos após um almoço com um amigo,
percebendo ter gasto todo o seu tempo em assuntos malévolos e inúteis – a sensação
é de ter perdido uma oportunidade de nos conectar de uma forma mais saudável e
construtiva com os outros. Há pior sensação do que passar mais de uma hora falando
mal de um amigo, e depois ter que abraça-lo no próximo encontro que a vida promover?
O que seria tudo isso, senão um vício em potencial?

A autora LÍGIA GUERRA, em seu livro “O Segredo dos Invejáveis”, faz uma
distinção entre três drogas comportamentais (emocionais): fofoca, maledicência e
calúnia.

“O fofoqueiro é aquele que bisbilhota, mexerica, busca saber informações sobre a


vida alheia para repassá-las adiante.

O maledicente é aquele que, além de fofoqueiro, ainda acrescenta algum tipo de


comentário maldoso à notícia.

O caluniador é aquele que inventa, cria mentiras, faz acusações falsas sobre alguém.”

De todos os três, é o fofoqueiro o mais prejudicial, pois o maledicente acaba


tendo sua maldade percebida. O caluniador acaba sendo pego em suas mentiras. Mas
o fofoqueiro é o mais sutil dos três, pois sempre repassa as histórias com um tom
melancólico, dramático. Ele diz: “Você soube que a mulher de João o traiu? Coitado,
ele não merecia passar por isso..” Ele age como o amigo fiel, que apenas faz a fofoca
com a intenção de ajudar.

Obviamente, a maneira de nos libertar do vício da fofoca é a mesma de todos


os outros vícios, mas iremos discorrer sobre isso, um pouco mais adiante.

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Ex: Maria, viciada em fofocas, e com a vida já prejudicada por sua baixa
espiritualidade, ligou para sua amiga Antonieta, e falou mal de Janete, outra amiga
em comum. Quase que com a boca cheia d’água, de tanto prazer, contou que Janete
traiu seu marido com um amigo de faculdade, e que o pobre coitado mal podia
desconfiar de sua baixeza. Desabafou estar muito decepcionada, mas que no fundo,
sempre intuiu que ela não valesse nada. Que sua beleza certamente, fora lhe dada
pelo adversário de Deus, pois ajudava a conquistar suas maldades. Antonieta, sentiu
imensa satisfação com tudo que ouviu, e ao desligar, contou ao seu marido Pedro, que
também se deliciou com a má notícia, ao exclamar: “bem feito pro marido de Janete,
aquele riquinho metido que se acha uma grande personalidade, só por ser presidente
de uma grande empresa. Não sei como conseguiu chegar até o topo, sendo desprovido
de qualquer inteligência”. A fofoca foi se espalhando, até chegar aos ouvidos do marido
de Janete. Porém, saudável que era, decidiu não acreditar em nada, pois conhecia o
caráter e amor de sua mulher, que na verdade, jamais pensou em traí-lo algum dia.
Maria tinha concluído a traição, por mal interpretar a conversa de Janete.

Agora, analisemos a conduta de Maria, a fofoqueira, Antonieta, a ouvinte da


fofoca, e de seu marido Pedro, também ouvinte e “comentarista” da fofoca. Eram eles
maus, invejosos, viciados em fofoca, ou reuniam todos esses atributos negativos?

Maria era uma pessoa, que teve uma infância muito disfuncional. Seu pai,
apesar de uma pessoa boa e honesta, era muito violento quando ficava com raiva, o
que acontecia com frequência. Também era extremamente e controlador. Apesar de
tudo, queria o melhor para Maria, e a colocou num colégio de elite, sem perceber que
ela era uma das poucas pessoas de classe média, num ambiente de milionários. Sua
mãe era muito bondosa, e mais liberal e compreensiva, e se preocupava mais que o
pai em fazer a filha feliz. Porém, era submissa ao marido, o que invalidava seus
atributos admiráveis de mãe, no que diz respeito à autoridade como tal. Assim, Maria
cresceu sem ser ouvida em suas necessidades, pois seus sonhos eram anulados pelos
sonhos que seu pai tinha para ela. O que sentia, o que pensava não era importante e
muitas vezes, era invalidado. Queria ser atriz, mas se formou em odontologia. Mas foi
na época do colégio, que começou a se sentir diminuída por se sentir um peixe fora
d’água entre os milionários, e acabou juntando-se com meninas de sua classe média
que também possuíam o mesmo sentimento de inferioridade. Assim, no recreio, elas
sentavam-se juntas e degustavam não apenas de seus lanches, mas das fofocas e
críticas negativas que teciam contra as meninas ricas. As chamavam de metidas,
horrorosas, “sem sal”, e não deixavam escapar os meninos, os quais eram classificados
de afeminados ou brutamontes. Todos tinham defeitos, menos elas. E punham-se a rir,
sem saber que estavam em plena “lua de mel” com o vício maldito da fofoca,
verdadeiro homicídio por meio das palavras. Em pouco tempo, já começavam os
desentendimentos entre elas, pois já falavam “umas das outras para todas as outras”.
Certa vez, Maria espalhou o boato que uma das meninas ricas havia sido estuprada pelo
próprio pai, que por ser um tarado, também havia se insinuado para a fofoqueira, no
aniversário da filha. Quando chegou aos ouvidos da pobre rica menina, esta não
aguentou, e tentou tirar a própria vida, o que por pouco não aconteceu. Maria, apesar
de todo remorso, teve que enfrentar o desprezo de todos os alunos, que nunca mais a
cumprimentaram ou sequer convidaram para qualquer evento. As amigas fofoqueiras
também se afastaram, para não serem prejudicadas como ela. Acabou saindo do
colégio e perdendo o ano letivo, primeiro grande fracasso de sua vida.

Antonieta - dotada de pouca beleza, com formas matronas, era uma pessoa sedentária,
que cuidava da casa e dos filhos. Sonhara em ser advogada, mas seu marido não a
permitia, pois os filhos não poderiam ficar desprotegidos, enquanto ele trabalhava.
Poderia ter lutado pelo seu sonho, mas cedeu e acabou se acomodando em casa,

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levando uma vida sedentária. Comia um bolo por dia, e comprazia-se a falar mal dos
outros o dia inteiro no telefone, alternando esses momentos com programas inúteis de
televisão. Aceitava esses momentos curtos de prazer imediato e irreal, ao invés de
lutar pelo corpo que tanto invejava nas outras mulheres, que optavam por focar sua
energia no zelo com sua saúde, e na luta para alcançar seus sonhos. Antonieta havia
se tornado uma pessoa frustrada, cujo único propósito na vida era cuidar de filhos,
além de invejosa, pois não tinha ambição para correr atrás de seus ideais e
necessidade, e aceitava uma posição inferior, ao se comparar a menor com as outras
mulheres. Contentava-se com as migalhas da vida que só a fofoca e a frustração podem
dar, ao invés de virar o foco para si mesma e se declarar a pessoa mais importante de
sua vida.

Pedro, marido de Antonieta - Pedro, era oriundo de família codependente, onde a mãe
era alcoólatra, e o pai nunca assumira os 3 filhos, por ter outra família. Desde pequeno,
Pedro teve que tomar as responsabilidades da mãe para si, trocando de posição com
ela, onde ela era a filha e ele, o pai. Assim, virou um homem muito controlador,
raivoso, rancoroso e crítico por demais. Apenas o que pensava era o certo. Como um
Deus, pensava ser autossuficiente, e nunca pedia ajuda ou opinião de outro ser
humano. Isso fez com que não crescesse muito profissionalmente, pois além de sua
arrogância atrapalhá-lo na convivência com os outros, tinha a necessidade de criticar
a todos, e acabava usando da fofoca como forma de desabafo, quando se irritava com
o incompetente “da vez”. Isto fez com que fosse demitido de vários empregos, e para
sustentar sua família, trabalhava em um subemprego, que lhe dava um quinto do que
sua profissão formação poderia ter lhe dado, se não fosse sua incapacidade de se
relacionar e se humildar. Assim, não podia aguentar quando via pessoas que
considerava inferiores a ele, intelectualmente, avançarem na vida e se comprazia ao
vê-las prejudicadas de alguma forma.

As 3 vítimas da fofoca:

“A fofoca mata três pessoas: aquela que fala, aquela que escuta e o assunto da
fofoca.”

1. O alvo – pessoa sobre quem se fala mal, calunia ou difama. É aquele que nunca
está presente para se defender da maledicência, atitude covarde sempre feita
por trás.
2. O fofoqueiro- o alvo da fofoca pode ter sua reputação destruída, mas não é a
única a ser atingida de maneira negativa por ela. Atinge também, a reputação
de quem conta, pois todos menos ele, percebem que não fala mal porque a
situação assim exige, mas porque é um fofoqueiro, e ninguém deseja construir
qualquer relação, seja de amizade ou profissional, com um maledicente. Assim,
podemos dizer que o fofoqueiro se auto- pune, porque as mesmas aquelas
pessoas que o escutaram, irão abandoná-lo por medo de um dia se tornarem
seu alvo. Isto faz com que ele entre em isolamento, ou seja, uma solidão
crônica, transformando-se numa verdadeira Lepra Espiritual (Morte em Vida).
Desta forma, as armas que ele usa para aproximá-lo das pessoas, são as mesmas
que o separam. “Quando Pedro fala-nos sobre Paulo, aprendemos mais sobre
Pedro do que sobre Paulo.”
3. Aquele que escuta a fofoca- esta pessoa sempre perde a oportunidade de
investir seu tempo e energia espiritual em si, nunca satisfazendo-se com sua
própria importância. Permite que alguém preencha o espaço vazio do seu
coração com negatividade. A fofoca gera uma energia espiritual extremamente
nociva e maligna, não só para quem é alvo, mas, sobretudo para quem as
executa e dá vazão, pois lhe causa grande ressaca moral, atraso espiritual, e

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baixa auto- estima, por não se sentir merecedor dos bons presentes da vida.
Portanto, quem participa da agressão também é vítima.

A FOFOCA E SUAS CARACTERÍSTICAS:

1. Exacerbação do ego às custas de outrem

A fofoca é o "vício feio" que nos rebaixa a um status de vampiros educados que
escandalizam vidas privadas para uma vil satisfação pessoal. Não queremos ser
lembrados por nossas inseguranças, fracassos e vazios. Ao nos envolver em fofocas,
não só desviamos nossas mentes da introspecção, como também criamos uma ilusão
de superioridade, que nos fará sentir melhores e mais seguros, pelo menos, por cinco
ou dez minutos. Em outras palavras, fazemos os outros descerem através de nossa
língua ferina, para conseguirmos subir. Mas uma pergunta não quer se calar: subir
aonde?

2. Fofoca,a vingança fácil

A fofoca é a vingança dos covardes. Uma coisa podemos afirmar: nem todo
raivoso é fofoqueiro, mas todo fofoqueiro é raivoso. Nada mais rápido, prático e
covarde do que nos vingarmos dos outros através da maledicência. Se formos feridos,
contaremos ao mundo; se fomos contrariados, criticaremos os que não aceitaram fazer
a nossa vontade. Se formos traídos, alertaremos até quem não conhecermos; e se acaso
sentirmos inveja, avacalharemos com a imagem de quem tanto nos incomoda. A raiva
é um veneno que tomamos para matar os outros, que certamente, irão em nosso
enterro, se aceitarmos continuar doentes, pois pessoas saudáveis emocionalmente,
certamente não agem assim.

3. A fofoca como desabafo

Quantas vezes criticamos os outros usando a desculpa de que precisávamos


desabafar? Se isso fosse mesmo verdade, sentiríamos compaixão quando alguém
também sentisse a necessidade de desabafar sobre nós. Mas o que os outros sentem
nunca conta quando se trata de ouvir nosso nome na boca do lobo. Se analisarmos
melhor, não precisamos realmente desabafar com os outros, se isso ousar denegrir a
imagem alheia. O que sentimos na verdade, é uma necessidade de racionalizar o vício
de fofoca, e legitima-lo, referindo-se a ele como uma fonte de "informação".

As Consequências:

Uma outra história muito interessante, Em uma cidade pequena, um homem,


com inveja de um outro que estava prestes a abrir um novo negócio, resolveu fazer
uma fofoca a seu respeito, sujando-lhe a reputação. Dias depois, bateu-lhe um grande
remorso, e atordoado, foi à procura de um sábio, e perguntou-lhe o que poderia fazer
para reparar tal situação. O sábio, em resposta, o pediu que voltasse no dia seguinte,
com dois travesseiros de pena. Assim, no outro dia, pela manhã, os dois se
encontraram, caminharam e subiram até o topo de uma montanha. Lá, o sábio disse

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ao fofoqueiro: agora rasgue esses travesseiros e solte suas penas daqui de cima. O
fofoqueiro obedeceu, e observou as penas voarem longe.

- Apenas isso? Já estou liberado de minha má ação? perguntou ele, feliz.


-Não, disse o sábio. Agora tente juntar novamente todas as penas.
-Impossível, elas espalharam-se ao longe.
-Assim como sua fofoca, pois será igualmente impossível contê-la novamente, disse o
sábio.

Esta lição é bem simples. Uma vez proferidas, as palavras não poderão ser
recuperadas, e talvez seja impossível sanar o mal que causaram.

A função social da fofoca:

As quatro funções diferentes da fofoca em nossas vidas

1. Defesa: A fofoca pode atuar como um mecanismo de defesa para que não nos
sintamos tão incompletos. Como dissemos anteriormente, ela serve para 'provar' que
o outro ser humano em questão, é muito inferior a nós. Esse sentimento cria uma
amnésia temporária e parcial de nossas próprias deficiências e inseguranças. Em vez
de lidar com nossas próprias dificuldades e marasmos, criamos quadros ainda mais feios
dos outros, para que possamos nos sentir melhor. Ela é a narrativa do fracassado, que
precisa convencer a si mesmo de que está obtendo algum êxito na vida.

2. Relaxante emocional: As pessoas que nos contam alguma fofoca, tornam-se


momentaneamente, nossos calmantes emocionais. É muito comum, quando estamos
chateados ou angustiados com qualquer situação, nos flagrarmos falando de alguém
sem necessidade, apenas para desviar o foco do problema. Porém, sabemos que nossa
qualidade de vida agradeceria, se arranjássemos um outro método, como oração ou
meditação, para conseguirmos alguma quietude para nos concentrar na solução.

3. Fonte de assunto: A fofoca une seus viciados. Ela é uma fonte de conversa, e
portanto, de aproximação. Porém, a fofoca conseguirá aproximar apenas os iguais,
pois não atrai quem não é atacado por este mal. É importante lembrar também, que
qualquer vínculo construído sobre fofocas é susceptível de ser destruído pelas mesmas.

4. Fofoca como um vício: Se quisermos saber se somos ou não, viciados em fofocas,


poderemos tentar contar quantas vezes por semana, nos envolvemos em assuntos ou
questões que versem sobre uma terceira pessoa. Quantas vezes por semana criticamos
alguém, ou ouvimos críticas sobre ele? Poderemos até sentir que temos controle sobre
o que falamos, mas “estranhamente” nunca nos sentimos motivados a parar de falar.
Apesar de sucessivas promessas e decisões de parar de falar mal dos outros, ou de
participar de fofocas, nos vemos ali, novamente, mesmo depois de perdas de amizades
importantes, de empregos, e de credibilidade. O vício da fofoca funciona como “um
uma cobertura de chocolate para nossos fracassos e nossa falta de beleza interior.”

Interessante é pensar que aqueles que fofocam e ouvem fofocas não se vêem
como pessoas importantes, mas apenas conseguem perceber a importância alheia.

Assim, mesmo as assim chamadas "fofocas inofensivas" podem arruinar


reputações - não apenas a da vítima da fofoca, mas também a reputação do próprio

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fofoqueiro, este vício faz com que simplesmente não nos sintamos satisfeitos... quando
menos percebermos, estaremos novamente ansiosos para falar mal de um novo
alguém.

Fofoca ou ajuda?

A fofoca tem três importantes funções sociais.

1. Facilita o intercâmbio informal de informações. Há quem diga que a linguagem


evoluiu porque os primeiros humanos precisavam conversar um sobre o outro
para sobreviver como grupos sociais. É uma forma de monitoramento social,
uma maneira da sociedade manter seus membros na linha. Se uma pessoa ou
instituição se comporta erroneamente ou de maneira anti- ética, as pessoas
começarão a falar sobre isso. Os psicólogos evolucionistas a descrevem como a
necessidade social de controlar "cavaleiros livres" - isto é, aqueles que
contribuem dando menos à sociedade do que eles recebem. A idéia é de que o
medo de sair da linha consiga impedir as pessoas de abusar das outras.
2. Ajuda a conhecermos sobre nossa própria espécie. Há um provérbio judaico que
diz: “Deus ama histórias. Assim, a fofoca e nos ajudaria a entender as nuances
do drama humano.
3. Influencia o espírito de investigação – quando sabemos sobre um fato, muitas
vezes, isto nos instiga a ir atrás de sua veracidade.

Dito isso, muitos de nós poderemos entrar em uma certa confusão mental. Como
sabermos então, quando falar ou não de alguém? Até aqui ficou claro que quando
alguém tenta contar-nos alguma informação desnecessária, sem que esta traga
benefícios, deveremos nos recusar educadamente a ouvir. Uma boa saída é sempre
mudarmos de assunto ou irmos embora.

Devemos evitar falar sobre qualquer indiscrição ou falha do próximo, mas


deveremos sempre notificar uma pessoa se soubermos que está correndo algum perigo.
Por exemplo, deveremos informar aos pais, se o filho deles estiver andando com uma
turma não recomendável.

PASSOS PARA PARAR DE FOFOCAR:

1. Escolha uma pessoa para ser seu confidente em assuntos que te incomode, mas nem
para ele fale mal dos outros. Quando tiver que contar algum problema, tente contar
também alguma qualidade da pessoa que lhe trás o incomodo.

2. Flagre-se. Aprenda a notar quando você está prestes a fazer uma observação
sarcástica, e pare de falar. Torne-se consciente do que sente depois de fofocas

3. Mude de assunto ou saia correndo- quando um amigo tentar contar uma fofoca,
tente puxar um novo assunto. Simplesmente, fale sobre outra coisa. Se ele insistir,
faça-lhe três perguntas:

• Tem certeza de que o que me dirá é verdadeiro?


• Por que deseja me contar isso?

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• O que me disser irá trazer algum benefício na minha vida ou na sua? Pois a
pessoa, sobre quem você deseja falar não está presente para se defender.

4. Não se apresse em julgar os outros. Verifique sempre a fonte.

5. Não acredite em fofocas, a menos que você tenha provas claras – e o fato de
várias pessoas dizerem a mesma coisa não constitui prova concreta.

6. Tente não fofocar por um dia. Decida que durante um dia inteiro não irá
falar sobre outras pessoas. Então, observe o nível de dificuldade de fazer esta
abstenção. Quanto mais difícil for de fazer este “evite”, mais entranhado está
o vício. Interessante será observar quais sentimentos o levam a compartilhar
notícias sobre alguém ou repetir algo que ouviu. O seu desejo de fofoca vem
de um sentimento de vazio ou tédio? Ele vem de um desejo de intimidade com
a pessoa com quem você está falando? O que acontece dentro de você quando
nega este desejo? Se conseguir passar um dia sem falar de alguém, enfrentando
uma conversa inteira sem fazer qualquer crítica, relate em uma folha de papel
como se sentiu e o nível de dificuldade que teve

7. Usem bem o seu tempo. Nossa vida é curta, muito curta para ser
desperdiçada diante da televisão, nos jogos de computador e nos e-mails
desnecessários; muito curta para ser desperdiçada com fofocas ou invejando o
que é dos outros; muito fugaz para sentimentos como raiva ou indignação;
muito curta para perder tempo criticando nosso próximo. “Ensina-nos a contar
os nossos dias”, diz o Salmista, “para que tenhamos um coração de sabedoria”.
Um dia em que fazemos algo de bom a outrem não é um dia desperdiçado.

8. “Ninguém pode fazê-lo sentir-se inferior sem que você o permita”. A vida
nos oferecerá muitos motivos para nos aborrecermos. As pessoas podem ser
negligentes, cruéis, desatenciosas, ofensivas, arrogantes, duras, destrutivas,
insensíveis e rudes. Mas o problema é delas, não nosso. Nosso desafio é não
reagirmos a elas.

9. Não reajam. Não respondam. Não se enraiveçam. Mas, se o fizerem, dêem


um tempo até que a raiva se dissipe Não dêem aos outros a vitória sobre o seu
próprio estado emocional. Perdoem – ou, se não conseguirem, ignorem.

10. Sempre se lembrem de que vocês criam o ambiente que os cerca.


Se quiserem que os outros sorriam, vocês devem sorrir. Se quiserem que os
outros dêem, vocês devem dar. Se quiserem que os outros os respeitem, vocês
devem mostrar respeito por eles. A maneira como o mundo nos trata é um
espelho de como tratamos o mundo.

11. Não deixe que contem nada sobre você- haja o que houver, se alguém quiser
contar o que disseram sobre você, não escute. Lembre-se: o verdadeiro inimigo
não é quem faz a fofoca, mas quem nos tenta nos trazer o mal estar. Devemos
entender que a fofoca funciona como um telefone sem fio, pois nunca traz a
verdade nua e crua. Sempre há uma deturpação do que foi realmente dito. Para
nos ajudar a resistir, podemos imaginar como nossa vida continuará em paz, se
não soubermos desta fofoca e como nos intoxicaremos, se permitirmos que nos
perturbem com “disse-me disse” inúteis.

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12. Experimente ficar um dia de cada vez sem falar mal dos outros,
completando um ciclo de 90 dias, e não dê atenção ao que as pessoas comentam
de mal sobre os outros. Você perceberá a imensa limpeza interior que isto lhe
trará e não sentirá mais falta alguma dos mexericos, nem sentirá nada, caso
seja vítima deles.

Uma antiga lenda conta a história de um demônio, que tentava tirar o sossego
dos habitantes de uma cidade. Mas apesar de sempre tentar prejudica-los, nunca
conseguia. Foi quando um dia, conheceu uma lavadeira de má índole. Conversando, o
demônio desabafou sobre seus planos fracassados de levar a infelicidade ao local.
Imediatamente, a malévola lavadeira teve uma ideia e fez-lhe uma irresistível
proposta: ela o ajudaria a aniquilar a , a paz local, em troca de muito dinheiro, joias
e diamantes, o que ele logo aceitou. Começou então, a amarga mulher, a espalhar um
boato de que sua vizinha estava sendo traída pelo marido.

Contou a uma amiga, que fofocou para outra, que exclamou com o marido, que
desabafou com o colega de trabalho, que alertou a namorada, melhor amiga da
“suposta mulher traída”, a quem acabou repassando a informação para “melhor
protege-la.” No dia seguinte, a cidade inteira sabia da “noticia.” Inconformada, a
pobre mulher procurou a lavadeira, que confirmou o fato. Quando o marido chegou em
casa, sua mulher, irada que estava, tentou matá-lo com uma faca. Em legítima defesa,
ele acabou matando-a. Desesperado e sem saber o que estava acontecendo, foi
procurar a família dela, para avisar da tragédia. Porém, a família já estava sabendo
que ele a havia traído, e agora ainda mais irada e inconformada, acabou matando-o
impunimente.

A destruição foi imensurável, pois tratava-se de um casal que sentia grande


amor, um pelo outro. As famílias odiaram-se para sempre. O demônio, feliz,
enriqueceu a lavadeira, que ficou muito contente com sua nova vida. Assim, ele passou
a usar a intriga como sua maior arma, pois percebeu que o que mil perversidades
conseguiam em 20 dias, a fofoca, maledicência e a calúnia conseguiam em apenas 12
horas. E para quem quiser mais informações sobre a lavadeira, foi mesmo uma pena
ela não ter tido mais conhecimentos sobre que significa fazer um pacto com o dito
cujo, pois fora obrigada a vender sua alma a ele e acabou sendo assassinada, vítima
de uma nova calúnia que alguém fizera sobre ela.

5. O VÍCIO DE VINGANÇA X PERDÃO

Entre os anos de 1915 a 1917, houve uma guerra entre os turcos otomanos e os
armênios, por questões raciais. Foram assassinados 1 milhão e 500 mil armênios.
Conta-se que, em certa ocasião, um guerrilheiro turco invadiu uma casa humilde,
situada em uma aldeia habitada por armênios. Esta casa havia um casal e suas duas
filhas adolescentes. Ao adentrar na casa, o guerrilheiro matou os pais imediatamente,
arrastando a filha mais nova para o estupro coletivo de turcos, de forma pública. A
mais velha, foi levada à sua casa de prostituição que escravizada outras meninas
armênias. Durante dois anos, foi obrigada a servir homens como escrava sexual.

Um dia, esta moça conseguiu fugir, e foi para bem longe dali. Conseguiu
também estudar enfermagem, e muitos anos mais tarde, viajou para a Turquia, lá se
tornando uma enfermeira formidável em um hospital em Istambul. Passados mais
alguns anos, na ala de emergência do hospital, apareceu um paciente terminal, o qual

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ninguém se permitia aceitar tratá-lo. Ele havia contraído uma doença que fazia a
própria pele apodrecer e cair, lembrando o odor de carne morta.

Apesar de ser esta uma dificílima missão, o coração desta moça parecia ainda
maior, e não hesitou em oferecer seus serviços para socorrê-lo, aceitando cuidá-lo,
inclusive em um quarto escuro e afastado do hospital, longe de todos. Passou meses
dedicando-se a ele, dia e noite. Tempos depois, devido ao esforço da excelente
enfermeira, o paciente conseguiu sobreviver, e ao abandonar o hospital, foi agradecer
ao diretor. Este, disse-lhe que na verdade deveria agradecer a tal enfermeira, pois se
não fosse ela, certamente, ele teria morrido.

Ao aproximar-se da enfermeira, notou que ela possuía um sotaque armênio, e


ao perguntar-lhe, ela o confirmou ter nascido na Armênia. Ele achou engraçada a
coincidência, e contou-lhe que quando moço, serviu ao exército da Turquia, na guerra
contra a Armênia. Ela disse que já sabia, pois teve a oportunidade de conhecer-lhe
quando ainda morava em seu pais. Impressionado, ele lhe perguntou “como?”, ao que
ela respondeu: o senhor matou meus pais e estuprou e matou minha irmã em praça
pública. Não contente, me raptou e fez de mim uma escrava sexual, para ganhar
dinheiro às custas da morte de minha alma.”

Assombrado, ele conseguiu reconhecê-la, e perguntou se ela o tinha


reconhecido desde o primeiro dia, ao que ela respondeu que sim, pois a vítima sempre
é capaz de reconhecer o algoz. Depois, ele lhe questionou por que motivos ela aceitou
tratá-lo, ao invés de matar-lhe, da maneira mais cruel possível. Ela respondeu: Porque
eu sou cristã! Porque eu acredito no Deus de meus pais, mesmo Deus dos pais de meus
pais. E Ele , que me guiou e protegeu até aqui, também me ensinou a perdoar!

Essa história pode ser muito bonita e emocionante, mas a primeira pergunta
que nos vem à cabeça é: Como conseguir alcançar sequer um pouco do sentimento
desta moça? Muitos de nós temos a nítida sensação de estarmos a anos luz desta pureza
de espírito, como se ela fosse um ser mais elevado do que a grande das pessoas que
conhecemos, incluindo aquelas que vemos nos espelhos de nossas casas, todas as
manhãs. Outros de nós, a chamariam de tola, pois o certo seria matá-lo da pior forma
possível, como ele mesmo sugeriu. Seria utopia alcançar este nível de perdão? Ou esta
moça sabia algo que desconhecemos?

Tudo na vida pode ser aprendido, pois cada ação saudável carrega consigo uma
enorme mala de sabedoria espiritual. Sabemos por hora, que o perdão gera imensa
libertação de nossa alma, e que se o alcançássemos com mais facilidade, teríamos
outra qualidade de vida, longe das amarras do ódio, mágoa e ressentimento.

Bom, estamos aqui apenas para perguntar a esta moça, tudo o que ela realmente
conseguiu entender sobre “A Verdade sobre o Perdão”! “Agora vai e estuda!”

Uma definição de perdão: remissão de pena ou de ofensa ou de dívida; desculpa,


indulto.

Agora iremos explicar porque esta definição, assim como outras, não têm sido
muito eficazes para muitos de nós. Temos uma idéia de que perdoar é relevar e até
esquecer o que o outro nos fez. A maioria das religiões diz que o esquecimento faz
parte do perdão. Mas como esta moça poderia remover de sua memória, uma história
violentíssima como essa? Algo aqui parece nos soar irreal. O perdão é um sentimento,
e esquecimento é um fenômeno fisiológico da memória, que grava todas as cenas de
nossas vidas, especialmente, as mais marcantes. Isto quer dizer que algumas memórias

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serão esquecidas, como ser ofendido levemente por um trocador de ônibus em 1980,
ao reclamarmos pelo troco dado a menor. Outra coisa, seria apagar da mente o
assassinato de uma família inteira, estupro e escravidão sexual.

Assim, podemos começar afirmando que o perdão é sinônimo de tomar a decisão


de não reagir à ofensa no mesmo grau em que ela nos foi dirigida. Nosso esforço e
aprendizado em relação ao perdão é de não revidar com as próprias mãos, e
interromper imediatamente, os pensamentos de vingança aos nossos ofensores, haja o
que houver. Sabemos que maior desgraça não há, do que ser doentiamente maldoso,
durante uma vida inteira, mas ainda assim, aprenderemos neste texto o porquê de que
nem sequer deveremos desejar uma justiça divina a nossos ofensores.

ENTENDENDO O QUE É VINGANÇA?

Todas as pessoas esforçam- se, em algum nível, para sentirem-se bem. Assim,
quando sentimos que não fomos reconhecidos por algum motivo, quando somos
agredidos de alguma forma, ou, socialmente humilhados ou prejudicados, é comum
que nos sintamos desamparados. Esses sentimentos de desamparo podem resultar em
baixa auto-estima, tristeza, e até mesmo numa crise de identidade. Sob a pressão
dessas emoções, imperceptivelmente poderosas, podemos em nosso íntimo, encontrar
grande satisfação na vingança. A vingança pode ser feita através de palavras ofensivas,
ou atitudes que variam de calunias, fofocas a agressões físicas, podendo chegar à
prática de homicídio.

Qual a finalidade da vingança?

Para removermos a dor da ofensa, temos dois caminhos: a vingança ou o perdão.


Porém, em relação ao perdão, há apenas dois tipos de pessoas: as que parecem ter
nascido com uma mente abençoada, e conseguem faz-lo com a maior facilidade e as
que terão que aprender significativa sabedoria espiritual para concedê-lo, o que
parece ser o caso da maioria das pessoas, variando, é claro com seu nível de orgulho,
e outras doenças mentais, como veremos mais adiante. O que estamos querendo dizer,
é que conceder o perdão não é para a maioria de nós, uma tarefa fácil. Ao contrário,
é batalha árdua, mas compensadora, pois a trilha mais longa é sempre a que traz mais
benefícios de saúde, felicidade e paz.

Portanto, o caminho mais rápido e conhecido para nos livrarmos da dor, da


humilhação, do ressentimento, é sempre a vingança, ainda que apenas representada
pelo aguardar da justiça divina, que “tarda, mas não falha!!” Mas que alívio esta frase
nos transmite, mesmo não dispondo de longa duração! Perecível que é, não nos traz
uma paz contínua, que no fundo desejamos. Assim, a vingança é apenas uma tentativa
de desligarmos da carga da dor, marcada pela nossa falta de capacidade de processar
e transformá-la.

O Vicio Pela Vingança:

Há uma relação entre a dopamina, hormônio responsável pelo prazer, o


sentimento de vingança e o centro de recompensas do cérebro. De fato, as regiões de
recompensa demonstram forte ativação, quando surge uma oportunidade de vingança,
ou punição. Estudos comprovam que o sistema de dopamina pode ser ativado de
maneira intensa, não só por drogas e álcool, mas por uma ampla gama de experiências
agradáveis, como comer, fazer sexo, jogar, ganhar dinheiro, assistir pornografia, ou
até mesmo, se vingar. É claro que o sistema de dopamina responde de forma robusta
a drogas viciantes, incluindo álcool e cocaína, mas não é verdade que essas drogas

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possam evocar uma ativação muito forte do que as recompensas naturais , pois ambas
podem chegar a níveis extremos de dependência, de forma a destruir a vida de uma
pessoa.

Os vícios psicológicos são inclusive, mais insidiosos do que os químicos, porque


a dopamina é provocada por emoções, memórias, pensamentos, fantasias, ideologias,
retórica, decepções e outros intangíveis, e esta combinação pode vir a ser muito
destrutiva, pela repetição de pensamentos obsessivos, que muitas vezes, apenas serão
aliviados através de comportamentos impulsivos e doentios .

Há dois tipos de necessidades humanas:

1. as necessidades de fisiológicas, que consistem em respiração, beber água, se


alimentar, eliminação de excrementos e necessidade sexual.
2. necessidades psicológicas , que consistem nos instintos de segurança e instinto
social. A dopamina pode induzir estes instintos a virarem vícios, e então
deturpados, poderão se transformar em obsessões por necessidades de
aceitação, aprovação, e amor, glória, status e poder. É apenas uma questão de
tempo, até que estes vícios induzidos pela dopamina, sejam estendidos a todas
as necessidades de uma pessoa, tornando sua vida um tormento para todos.

Nossa sociedade parece ignorar por completo, os vícios psicológicos, que trazem
tantas doenças espirituais, psíquicas e físicas, onde as atitudes produzidas pelas
expectativas induzidas pela dopamina, passam modificar a personalidade, a
moralidade, o caráter e obviamente, a própria sanidade da pessoa. Quanto mais
poderosos forem os vícios, maior o auto-engano e negação, menos vontade livre.

Para manter a dopamina fluindo, os viciados em heroína usam, os viciados em


segurança, dependem dos outros, viciados em poder, subornam e fazem qualquer coisa
por dinheiro, e os viciados em vingança, clamam por justiça a qualquer preço.

Por que a vingança é tão prazerosa? Por que sentimos a necessidade de sair a cantar
nas ruas, depois da morte de um homem odiado? A resposta nos retorna ao cérebro, o
qual mostra ativação adicional em áreas relacionadas com a recompensa, como o
striatum ventral e o núcleo accumbens. Estes são elementos essenciais do caminho de
recompensa de dopamina, essa mesma estrada de nervos que também fica estimulada
pelo sexo, drogas e rock n 'roll. Aparentemente, somos projetados para obter prazer
de punir aqueles que merecem ser punidos. Sim, sentimos imensa satisfação de ver a
justiça ser aplicada, mesmo que o instrumento de punição seja olho por olho, dente
por dente.

Então, fica muito claro o impedimento entre querer e conseguir sentir o perdão.
Há entre esses dois verbos um empecilho: o vício de vingança. Enquanto não cortarmos
o elo entre nossas emoções e nossa droga, não conseguiremos abrir nossos corações
para o atributo do perdão, que por sua vez, nos trará os sentimentos de humildade,
paz e felicidade contínuos, e todo o bem estar que merecemos vivenciar.

Assim como os alcoólicos que entram em recuperação evitam o primeiro gole,


lugares de bebedeira, amigos de bar, etc, nós precisamos também adquirir o mesmo
método, para enfrentarmos a abstinência de nossos pensamentos de vingança e seus
conseqüentes comportamentos viciantes. Daremos aqui, algumas sugestões de ‘evites
da vingança” a seguir:

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1. Evite o primeiro pensamento sobre justiça divina: Esperar pela justiça de Deus
só poderá nos fazer fomentar ainda mais nossos sentimentos vingativos.
2. Evite o estado de vítima: pergunte a si mesmo qual sua participação no
ocorrido. Se você tivesse agido de maneira mais amorosa ou assertiva, o
resultado teria sido o mesmo?
3. Evite a primeira fofoca vingativa. Evite contar a história com o objetivo de se
vingar.Adquira o hábito de contar o ocorrido, tentando entender o lado do
ofensor.
4. Evite o primeiro ato de vingança: se conseguirmos impedir o primeiro ato de
vingança, não conseguiremos dar o segundo passo rumo a destruição dos outros,
e é claro, da nossa.
5. Evite andar com amigos de seu ofensor, até a raiva e mágoa diminuírem:
quando somos ofendidos, o melhor que temos a fazer é retirar nosso time de
campo, pois estar no meio de pessoas que nos lembrem nossos ofensores, não
nos removerá a crise. Ninguém para de se afogar sem sair da correnteza. Outras
pessoas, outras histórias, outros cenários, certamente, nos facilitarão em
muito, virar a página e continuar nossa vida em crescimento espiritual, sempre
para cima e avante. Os ofensores, derrotados natos, que continuem a se afogar
se quiserem. Em nosso caminho, só temos espaço para Luz.
6. Evite se vangloriar de ter dito verdades, humilhado, dado uma ordem,
agredido, mesmo que em legítima defesa, pois tais atitudes elevam nosso
sentimento de superioridade, fazendo-nos sentir novamente, prazer em
vingança e justiça.
7. Evite o primeiro gasto de energia e tempo com raiva, rancor e vingança –
desconfie da oportunidade de sofrer, pois o sofrimento muitas vezes, também
se torna um ciclo vicioso. Pessoas comprometidas com a felicidade não se
permitem gastar energia ou tempo com sentimentos tóxicos.
8. Evite escutar conversas, histórias de vingança e justiça por 40 dias, um dia de
cada vez. Permita que seu cérebro descanse deste vicio. Só assim, poderemos
ter uma oportunidade na vida de saber o que é viver sem raiva e sentimentos
de vingança, por mais sério que possa ser o ataque alheio.

Maria se desentendeu com sua colega de sala de aula da faculdade, Adriana. A


partir deste dia, Adriana começou a fazer festas incríveis em sua casa, chamando todos
os colegas da classe, menos Maria. Ela entendeu que isto era uma atitude violenta de
exclusão, e que por mais que Adriana gostasse de fazer festas em sua casa, a estava
fazendo um mal desproporcional a qualquer coisa que ela pudesse ter dito na
discussão.

Muito provavelmente, Adriana apesar de ser uma pessoa festeira, tinha também a
intenção fazê- la sofrer, mesmo com o pretexto de não ser obrigada a convidar para
dentro de sua casa alguém que não gostava mais. Sim, existia o componente da
vingança. Adriana se comprazia no íntimo, de saber que Maria estava sendo excluída,
o que fez Maria desejar vingança, nem que fosse na qualidade de “justiça divina”.
Pensava consigo mesma: em algum momento, ela irá receber o troco da vida, e eu
saborearei cada segundo de seu sofrimento. Um dia, Adriana desmarcou uma festa,
por sentir fortes dores de cabeça, e teve que iniciar uma batalha de exames. Isto era
pouco para Maria. Ela queria que Adriana morresse, preferencialmente, de um tumor
no cérebro, sem considerar que havia uma família por trás que amava sua inimiga.

Nada a fazia parar de desejar que as dores de cabeça representassem uma doença
séria e fatal. Pensava até em fazer uma grande festa e enviar um convite para ela,
que infelizmente, talvez não pudesse ir. Para o desgosto de Maria, as dores da inimiga

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resolveram-se com um simples tratamento alimentar, o que foi comemorado com outra
enorme festa de réveillon, a qual Maria novamente, não foi convidada.

Após sua tentativa falida de se sentir vingada, seu ódio e desconforto triplicaram
em sua força, e começou a falar mal da inimiga, a cada oportunidade que encontrava.
Sim, vocês devem estar pensando que ela poderia apenas dar outra festa e não
convidar Adriana, mas algo em Maria tinha limites: ela realmente sabia que era uma
maldade atroz, rejeitar alguém assim. Ficava apenas a esperar a justiça divina, como
se Deus também não fosse um pai amoroso de sua inimiga.

Agora analisaremos o que Maria sentiu, e os efeitos e resultados de seu sentimento


de vingança:

I.Sentimentos de Maria:

1. 1) Ódio –sentimento tóxico, misto de angústia , ira, ansiedade, descontrole


2. 2) Mágoa – sentimento tóxico gerador de depressão, apatia e angústia
3. 3) Vergonha- sentimento tóxico de orgulho ferido
4. 4) Tristeza - sentimento tóxico, gerador de depressão, apatia e desespero
5. 5) vingança - sentimento tóxico, misto de raiva , rancor, ira e angústia
6. 6) desejo de justiça divina – sentimento gerador de ansiedade
7. 7) Vontade de ver a adversária morta, doente, ou muito triste - sentimento
tóxico e destrutivo, inversão dos conceitos de paz, felicidade, e utilidade.

II. efeitos do sentimento de vingança:

1. 1) satisfação temporária - a vingança e seus sentimentos derivados podem dar


à vítima um apoio psicológico, mas tende a desaparecer no decorrer do tempo.
A vítima encontra-se novamente em estado de conflito emocional.
2. 2) Sérios danos à saúde física - Há um provérbio chinês que diz: se você está
planejando vingança, é melhor cavar dois túmulos: o de seu inimigo e o seu.
3. 3) Desgaste de energia e canalização errada – é impossível para muitos de nós,
conseguirmos computar a quantidade de tempo perdido, de dias inteiros gastos,
por causa da mágoa, raiva, e sentimentos de vingança. Alguns apostam que se
tivessem investido toda a energia gasta em sentimentos de vingança e raiva em
seu maior sonho, teriam conquistado-o com imensa facilidade e rapidez, ainda
que pretendessem ser um astro do rock ou um ator reconhecido. Não podemos
computar o que realmente ganhamos com nossos sentimentos de orgulho,
rancor e revanche, mas certamente, podemos computar o tempo perdido em
torno disso. É inestimável e irreversível. O que podemos fazer agora?
Interromper este processo, priorizando esta decisão em nossas vidas. O inimigo
nunca é o outro, mas o sentimento tóxico, que parece desejar que percamos
tempo, saúde, e bons momentos.

4. GuerraSemFim-quanto mais lutarmos por vingança, mais os ânimos de ódio se


exaltarão, e se perpetuarão um ciclo odioso, sem fim.
5. Desenvolvimento de tenden ̂ cia masoquista de sofrer- devemos desconfiar das
oportunidades de sofrer. Quando alguém nos ofende ou prejudica, é nossa
opção virar imediatamente a página, entendendo que não temos tempo ou
saúde física e mental a perder, ou remoer mais uma vez toda essa toxicidade.

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A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. Sugerimos que haja uma
decisão interior e um compromisso de não se estender na dor.
6. Fomento ao ódio, mágoa e angustia- Quando enfrentamos o inimigo,
recordamos. Lembrar do ocorrido é um fenômeno biológico, porém, não
devemos ficar lamentamos o que não fizemos, o que não revidamos. Precisamos
considerar que o outro é doente, portador de um transtorno emocional. É
profundamente infeliz e compraz por tomar medidas para melhorar sua
situação deplorável, e ver os demais também infelizes.

Para falar dos resultados do sentimento de vingança ou de sua atuação, focaremos


nossas respostas em nosso corpo.

COMO O CORPO É AFETADO? OS EFEITOS NOCIVOS DA FALTA DE PERDÃO

A falta de perdão, que muitas vezes ocorre como resultado de termos sido
feridos, humilhados, irritados, ou ter sofrido perdas, pode vir a causar sérios danos
ainda maiores sobre o funcionamento do nosso corpo.

Primeiramente, ao não conseguimos perdoar, entramos em um estado de


estresse. Músculos contraem-se, causando dores no pescoço, costas e membros. O
fluxo sangüíneo que vai para articulações torna-se restrito, dificultando o sangue
remover os resíduos dos tecidos. Assim, o fornecimento de oxigênio e nutrientes para
as células é também reduzido. Processos normais de reparação e recuperação de lesões
ou artrite são prejudicados. O fechamento das mandíbulas contribui para problemas
dentários e juntas. Dores de cabeça podem se tornar um problema. A dor crônica pode
piorar. O fluxo sanguíneo para o coração também é restringido. A digestão é
prejudicada. A respiração pode se tornar mais difícil. A raiva pode prejudicar
gravemente o sistema imunológico, aumentando o risco de infecções e doenças. Ela
pode afetar o sistema cardiovascular, aumentando o nível geral de estresse de uma
pessoa. Há estudos que indicam, que os pacientes que sofreram ataques cardíacos,
foram capazes de melhorar sua saúde física, praticando o perdão e trabalhando para
se sentir mais tolerantes e menos irritados.

Quando o corpo libera certas enzimas durante a raiva e o estresse, o colesterol


e os níveis de pressão arterial sobem consideravelmente. Perdoar faz baixar a pressão
arterial, naturalmente. Podemos comer saudável e cuidar de nós mesmos em um nível
físico, mas se os nossos corações estiverem cheios de raiva, nossos corpos não
conseguirão ter uma ótima saúde.

A vingança e a conseqüente falta de perdão parecem ter ainda uma relação


mais íntima. Quem seriamos nós para não conceder o perdão, caso alguém se
arrependa? Nossa negativa não seria também um ato de vingança? A verdade é que
tudo isso pode causar alteração na química de nosso corpo. Esta toxidade de
sentimentos malignos também perturba a harmonia das ondas cerebrais, tornando-nos
menos capazes de pensarmos com clareza e tomarmos boas decisões.

E embora a falta de perdão não seja a única causa de todos esses sintomas,
aumenta a nossa vulnerabilidade, inclusive, impedindo de nos recuperar de problemas
de saúde. Os efeitos também podem incluir depressão, baixa auto-estima, auto-
privação das boas oportunidades que a vida nos oferece, auto-punição através de
atividades ou relacionamentos que nos prejudiquem emocionalmente, vícios e assim
por diante. A falta de perdão apenas aumenta a amargura e o ressentimento. As
pessoas que se recusam a perdoar vivem machucadas, amarguradas e ressentidas,
rasgando dias bons que não voltarão mais. Não conseguem dormir, contraem úlceras

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no estômago. Vêem o lado negativo em cada situação, porque suas vidas estão
infestadas de sentimentos de ressentimento e raiva. As pessoas que não estão dispostas
a perdoar podem sentir que estão punindo a outra pessoa, mas são as únicas que estão
a sofrer. Parecem tomar um veneno para matar o outro. Anseiam por vingança, e
esperam a justiça divina por anos, sem se darem conta de que seus inimigos também
são filhos de Deus

OS BENEFÍCIOS DO PERDÃO:

Os benefícios do perdão foram recentemente descobertos pela ciência, e têm


sido ensinados por organizações religiosas. Os benefícios cientificamente validados do
perdão incluem a diminuição ou até o fim da dor crônica, de problemas
cardiovasculares,baixa da pressão arterial, redução do comportamento violento,
aumento da esperança e diminuição dos níveis de depressão e ansiedade.
Especificaremos abaixo tais benefícios, para que fique claro o que verdadeiramente
está em jogo e possui real valor:

1. Redução dos níveis de stress - um dos grandes benefícios do perdão é menor


quantidade de cortisol liberada em nosso corpo.

2. coração saudável - O perdão é bom para o coração. Um estudo sugere que as pessoas
que se apegam a rancores tendem a ter taxas cardíacas mais altas, enquanto aqueles
que são mais empáticos e capazes de perdoar tendem a ter taxas cardíacas mais
baixas.

3. Diminuição da dor crônica - Ter um coração indulgente pode diminuir a dor


emocional e física, de acordo com um estudo feito por Duke University Medical Center
pesquisadores. Dos 61 indivíduos que sofriam de dor crônica nas costas, aqueles que
eram mais propensos a perdoar relataram menores níveis de dor, levando
pesquisadores a acreditar que "parece existir uma relação entre o perdão e aspectos
importantes de viver com dor persistente".

4. Redução da pressão arterial - Deixar ir a raiva pode diminuir a pressão arterial.


Estudos mostram que o perdão está ligado à pressão arterial mais baixa.

5. longevidade - nossos rancores podem arrancar-nos décadas de nossa vida. De acordo


com um estudo, depois de testar idosos e determinar sua capacidade de perdoar,
aqueles que eram mais indulgentes na natureza tendiam a ter mais saúde e viver mais
tempo.

O PERDÃO E A ESPIRITUALIDADE

Certa tarde, um líder religioso caminhava com seus discípulos por uma floresta,
quando avistaram um homem dormindo na grama, certamente, descansando de uma
viagem, com seu cavalo ao lado. quando se deram conta, uma cobra se aproximou do
homem para atacá-lo, mas acabou sendo devorada por outra cobra, que sentindo-se
alimentada, foi ir embora dali, satisfeita.

O religioso e seus discípulos ficaram impressionados com a sorte do sujeito, que


continuava a dormir, sem saber o perigo que correra. Minutos depois, o dorminhoco

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resolveu virar-se, quase caindo em um penhasco, mas novamente foi salvo por uma
pedra, na qual resolveu se abraçar, novamente, sem saber de nada.

O religioso não resistiu e foi acordá-lo, para saber o que ele fazia para em
menos de 10 minutos, ser tão protegido por dois grandes milagres. Ele acordou
assustado, e ao ver que se tratava de um homem bom, respondeu: não faço nada
demais, apenas não me deixo pegar no sono à noite, antes de perdoar todos aqueles
que me fizeram mal durante aquele dia.

Nossa conclusão é simples: o objetivo do perdão a nível físico e mental, é


certamente, diminuir os efeitos danosos em nós, mas ainda mais importante, é a visão
espiritual sobre o tema . O perdão envolve o entendimento de não reduzirmos ou
agredirmos a nossa espiritualidade para nos nivelar às baixas camadas espirituais em
que os agressores vivem. O que está em questão aqui, é o comprometimento que
devemos ter com o nosso bem estar e desenvolvimento espiritual, que deve sempre
avançar, e nunca retroceder desordenadamente. Ao perdoarmos os outros, não
interrompemos o fluxo do bem que o Universo nos emana.

Ao emitir o perdão, envolvemo-nos com a mais pura energia espiritual, que só


pode nos encher de bênçãos. Quando sentimos que as bênçãos não estão vindo, não é
porque Deus decidiu parar de nos enviá-las. Nós é que interrompemos com nossas
cortinas escuras e pesadas de negatividade. Os opostos não se atraem, e o negativo
não atrai o positivo. O positivo, por sua vez nunca atrai o negativo. É comum,
percebermos, que após um tempo sem emprego, quando aparece uma chance, aparece
logo outra, e até achamos que isto vem para nos confundir. Esse e outros exemplos
podem ser explicados pelo fluxo do bem. Este, precisa estar livre e desimpedido, e
não há nada que o freie mais do que a vingança, o ódio, ressentimento, ou seja, do
que a falta de perdão.

Assim, o perdão não é e nunca foi para o outro. não se trata e nunca se tratou
do outro. É sobre nós. É sobre nossos sonhos, nossas realizações, nossos amores, nossas
relações, e principalmente, sobre nossa saúde física, que nada mais é do que o
resultado de nossa saúde espiritual aliada a emocional.

Nada como o tempo para amenizar a dor de nossas memórias, mas se quisermos
ter vidas saudáveis, física, mental e espiritualmente, precisamos chegar ao ponto de
tomarmos horror ao fato de nos permitirmos, , cair novamente nas garras do
ressentimento, mágoa e desejos de retaliação. São estes os nossos verdadeiros
inimigos. Devemos correr deles, como o” Inimigo foge da Cruz”, pois parecem nos
obrigar a tomar um veneno forte, letal e cruel, que nos destrói de maneira traiçoeira.

É natural que sempre sintamos alguma coisa quando avistarmos nossos


ofensores, de acordo com o nível da ofensa. Tudo o que nos cabe fazer é não
cultivarmos o nosso ódio, não alimentarmos nossas mágoas, evitando falar,
relembrar,reviver, ou responder a qualquer tipo de perguntas sobre o ocorrido, além
do tempo necessário para fazê-lo. Sim, precisamos colocar nossos sentimentos para
fora, por via de tratamentos psicológicos, desabafos, ou por outras maneiras, porém,
até isso deve ter um limite. Sentiremos mágoa, mas não muito. Sentiremos a
adrenalina da ira. Mas não muito. Deveremos nos entristecer, mas não muito! A idéia
é que evitemos criar o nosso monstro “Franqueinstein”, cujos braços representem o
ressentimento, as pernas, nossa revolta, o tronco nossa amargura, e a cabeça, nosso
forte sentimento de vingança. Devemos dizer ao mundo o quanto doeu, “mas não
muito”!

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Perdoar, portanto, é não atuar nos sentimentos de vingança, tolerar e aceitar
o que já foi feito. Evidentemente, podemos sempre clamar por justiça legal, e para
isso existem os tribunais, mas intimamente, precisamos deixar o passado ir para seu
lugar, e mesmo nos recordando do acontecido, tomar a decisão de seguirmos sempre
em frente, visualizando as mãos de Deus a nos guiar. Confiança no Divino, que sabe de
todas as coisas entre passado, presente e futuro, é a estrada em que devemos sempre
caminhar. Novamente, devemos lembrar que nosso trabalho aqui não tem cunho
religioso, mas espiritual, e acreditamos que para perdoar alguém, não é preciso
acreditar m Deus. Mas confessemos: com Deus tudo fica muito mais fácil!

A VIDA É TREM BALA

A experiência de alguém ter nos machucado, apesar de ainda doer, no momento


do agora não é nada mais que um pensamento ou sentimento que carregamos ao redor.
Esses pensamentos de ressentimento, raiva e ódio representam energias lentas e
debilitantes que nos impedem ocuparmos nossas cabeças com idéias construtivas e
evolutivas. Poderíamos nos imaginar em um trem, em velocidade. Dentro do trem,
vemos várias árvores passando, uma atrás da outra. De repente, vemos uma árvore de
flores azuis se aproximar, e em questões de segundos, ela já passou.

Agora estamos vendo ao longe, uma árvore de flores todas amarelas, lindas, e
tentamos focar nelas o máximo que pudermos, mas o trem está tão rápido, que ela
passa rapidamente, sem que vejamos os seus detalhes. Mas o que seria a falta de
liberação de perdão? Seria parar o trem e ficar uma vida inteira apenas olhando uma
árvore. O trem não anda. As árvores antigas não passam mais, e outras novas não
chegam. Qual seria a graça? Qual o resultado prático de ficarmos estáticos em um
pensamento, em uma pessoa, em um ressentimento, questionando por que nos fizeram
isto, e quando será que conseguiremos nos vingar, e vê-los sofrerem como sofremos?

Acontece que mesmo que decidamos parar o nosso trem, para não viver mais
nada, a vida está passando da mesma maneira, e para nós, muito mais rápido do que
para os outros, que decidira, envelhecer proporcionalmente às suas conquistas e
realizações. É como se algumas pessoas conseguissem passar a vida colhendo frutos ,
enquanto nós, decidimos nos sentar no meio da colheita a observá-los. A vida e suas
bênçãos era para todos, mas nós, que decidimos não perdoar, não esquecer, abrimos
mão de nossos lugares, de nosso direito à felicidade, prosperidade, amor, glória, saúde
e plenitude. Uns acordaram felizes, mas nós, infelizes.

Uns se alimentaram de comidas saudáveis em seu café da manha, mas nós nem
lembramos do que comemos, se é que conseguimos comer. Uns foram rezar e meditar,
para começar seu dia, as vezes em suas varandas floridas com incensos, as vezes La no
meio da natureza. Mas nós não conseguimos sequer nos levantar de nossas camas.
Depois, eles foram fazer exercícios físicos para cuidar de seu bem estar, seja correndo
no parque ou na praia, fazendo uma dança ou yoga. Nós, fomos ao médico fazer mais
exames, para ver se nossas dores físicas diminuíam.

A seguir, eles foram trabalhar e dedicar seus tempos em realizações de projetos


animados, talvez cercados por pessoas saudáveis, fruto de uma escolha saudável, pois
apesar de terem perdoados seus antigos ofensores, talvez tenham feito a opção de não
mais conviverem com eles. Nós, sequer tínhamos espaço em nossos cérebros, força
mental, ânimo ou um mínimo de energia para focarmos em nossos sonhos ou
prioridades. Ao sair do trabalho, talvez fossem assistir a alguma peça de teatro, ou
visitar alguns amigos. Outros, voltavam para casa, para jantar com a família, felizes
por estarem sadios e reunidos.

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Nós, simplesmente não tínhamos mais ninguém. Se havia alguém em casa,
certamente estaria intoxicado com nossa presença, pensando minimamente, se não
haveria uma possibilidade de fazer um desligamento emocional, quando não físico, de
nossas vidas.

Então a pergunta é: por que não mudarmos de tática? Liguemos novamente a


manivela deste trem, e deixemos que tudo e qualquer coisa, em qualquer nível, que
nos façam, passe a ser uma daquelas árvores. Não importa a sua cor, tamanho, ou
força, pois as deixaremos passar e olharemos para frente, para as próximas árvores,
positivas e negativas, mas sempre para a frente. Sim, os mau feitores merecem ser
processados na justiça, e não devemos ser conivente com crimes, apenas para fugir da
dor, desde que isto não comprometa a velocidade de nosso trem. Não iremos mais
parar a velocidade de nossa vida em nome do outro. não deixaremos que as atitudes
alheias nos trem. Temos muito a fazer, muito a conquistar e muito amor a compartilhar
com quem vale a pena. Os doentes espirituais, deixamos serem cuidados por Deus, pois
ele é seu Pai, são de Sua responsabilidade e não nossa. Não somos deuses, mas apenas
passageiros naquele trem.

O PARADOXO DA VINGANÇA E AGRESSÃO

De um lado o agressor. Do outro, a vítima, que planeja dar-lhe o troco. Mas o


que será que eles tem em comum?

Entendendo o agressor:

1) Para muitos de nós, livre arbítrio não significa fazer o que bem quiser, mas escolher
entre um caminho de luz ou de escuridão. Porém, esta escolha não é dada a muitas
pessoas, pois nascem com uma enfermidade psíquica e espiritual tão séria, que torna-
se muito difícil a sua cura, ou até seu tratamento.

1. O psicopata–o castigo de não poder amar

Como pudemos perceber, as práticas terrificantes do algoz de nossa moça


armênia, eram sem dúvida nenhuma, correlacionadas à psicopatia. Ele era um
psicopata sexual. Não é novidade para ninguém, que a doença da psicopatia não possui
cura, sequer tratamento. Um psicopata é uma pessoa que sofre um distúrbio psíquico,
que afeta a sua forma de interação social, comportando-se de forma irregular e anti-
social. Em sentido mais amplo, uma psicopatia é uma doença causada por uma
anomalia orgânica no cérebro. Em sentido restrito, é um sinônimo de psicose (doença
mental de origem neurológica ou psicológica).Um psicopata possui como maiores
características, o desvio de caráter, , ausência de sentimentos, frieza, insensibilidade
aos sentimentos alheios, manipulação, narcisismo, egocentrismo, falta de remorso e
de culpa para atos cruéis, e inflexibilidade com castigos e punições.

2. O Narcisista perverso - O castigo de nascer mau

Para compreendermos a doença do narcisista perverso, precisamos entender


como pensa uma pessoa perversa - Uma pessoa perversa é perseguida cronicamente,
por pensamentos obsessivos e destrutivos ao considerar que as atitudes humanas não
são sinceras. Evidentemente, é uma condição anormal da personalidade, onde o
narcisista desenvolve sentimentos de destruição em relação a seus semelhantes.

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Sempre tentam prejudicar, humilhar e maltratar as outras pessoas. Há um desejo por
destruição Quando a vítima do perverso é submetida e humilhada, este experimenta
sensações de triunfo, dominação e superioridade. Necessita, definitivamente, sentir-
se vingador, e não vítima.

Um perverso desenvolve uma conduta em certa medida psicopática, que se manifesta


desde a infância até a idade adulta, tanto em âmbito familiar, quanto no profissional,
etc. Apresentam traços de agressividade e egoísmo, com uma escassa ou nula
comunicação com seu entorno. Manifestam-se como não-adaptados e impulsivos, ao
mesmo tempo que buscam perfeição em todos os seus propósitos.

3. O corrupto –o castigo de jamais se contentar

Acreditamos ser a corrupção é uma doença incurável, um transtorno de


personalidade, com três tipos de classificação e sintomas claros. Características: “São
pessoas inteligentes, com facilidade de comunicação”, constata João Augusto Figueiro,
psiquiatra do Hospital das Clínicas.
Para a psiquiatria, só pode ser considerada uma pessoa normal aquela que não mata,
não estupra e não comete atos ilícitos como a corrupção. Sendo assim, em princípio,
todo corrupto sofreria de um transtorno de personalidade.
“Tem alguma coisa no desenvolvimento mental que não foi adequado. Ele é um doente
mental”, atesta o psiquiatra.
“Tem três transtornos de personalidade, nas quais o indivíduo corrupto
freqüentemente se encaixa: transtorno de personalidade anti-social, transtorno
narcísico e o transtorno borderline de personalidade”, explica o psiquiatra João
Augusto. O corrupto anti-social é aquele que transgride a lei ,sem se importar com o
prejuízo que está causando ao outro, e sem nenhuma culpa por isso. Quer levar
vantagem em tudo. “É o indivíduo que fura fila, pára em fila dupla, que suborna e
aceita suborno. O corrupto borderline é impulsivo e facilmente se descontrola.
Instável, passa do amor ao ódio em segundos. “São as pessoas, por exemplo, que tem
relações como se diz por aí, entre tapas e beijos”, explica o médico.
O corrupto narcísico tem mania de grandeza e uma enorme necessidade de ser
admirado o tempo todo. É facilmente encontrado na política e na religião. Diz que tem
uma missão salvadora.”

4. O Egoísta - o castigo de não compartilhar

Há dois tipos de egoísmo que vale a pena ressaltarmos:

a) Egoísmo Adaptativo - Se a escolha foi entre deixar alguém morrer ou se arriscar um


pouco, o egoísta adaptativo optará por não se arriscar. Há nele uma tendência a nunca
se arriscar para tentar salvar ou ajudar alguém. Salvar uma pessoa que estivesse se
afogando, por exemplo, poderia arriscá-lo a se afogar, mesmo sabendo nadar. “Para
quê me meter nesta confusão?”, ele pensaria. Costuma ter um foco em si mesmo
continuamente. Na vida pessoal, ao lidar com suas próprias necessidades, não pensa
sequer por um instante a contribuir para um mundo melhor. Evita opinar, mesmo
quando sabe que as pessoas estão caminhando para um lugar errado. Prefere sempre
ser imparcial, a se estressar e arranjar mais problemas do que os seus próprios já lhe
causam, sem perceberem que sua maneira de ser é que lhes causa toda sua
infelicidade. Assim como a cena do filme Titanic, onde o ator coadjuvante pula no
barco de resgate para se salvar, no lugar de mulheres, idosos e crianças, se houvesse
apenas um espaço em um barco salva-vidas entre ele e uma criança , ele a deixaria
para trás, com certeza absoluta.

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b) Egoísta patológico - O portador desta doença, que já não é mais considerada um
defeito de caráter, opta por cuidar de si mesmo, ainda que para isto, custe a vida de
um ente querido. É o caso de pessoas que se casam por dinheiro, matam os pais pela
herança, corruptos que dormem em paz, em camas luxuosas de seus grandes iates,
mesmo sabendo que atyé a fronha de travesseiro foi comprada pelo desvio de dinheiro
público para hospitais, remédios, e educação. Costumam andar pela vida cortando
caminhos através do sofrimento alheio, por abuso, manipulação, traições, etc.
Parecem ter uma inteligência dirigida ao mal, por serem incapazes de alcançar a
vitória pelo esforço e lealdade. Geralmente, sentem horror a tais expressões, as
considerando lições de moral entediantes. Dispensam e trocam pessoas com a mesma
facilidade de trocar de roupa. Muitos são considerados sociopatas e psicopatas, e o
narcisismo está presente em cada aspecto de suas vidas.

5. O adúltero: o castigo de jamais se completar - O adultério transmite a dor de um


tiro na alma. Pois apesar de nossos corpos continuarem vivos, temos a sensação de não
vida, vez que nossas almas começam a vagar pelo mundo, sem conseguir confiar em
mais ninguém. Como poderia alguém de coração puro,conseguir trair o parceiro de
vida que dorme em sua cama inocente? Como mentir e abraçar ao mesmo tempo? Que
nível de egoísmo patológico seria este? Mas vejamos a situação inteira. Na posição de
traídos, acabamos por ficar muito bem, pois quem traiu, não o fez por ter encontrado
outro ser superior a nos, mas por estar aberto á possibilidade de traição. Sim, ele
consegue mentir, consegue enganar com facilidade, consegue pensar muito mais em si
do que em seu próximo. Seu nível de espiritualidade ainda está muito subdesenvolvido.
Aquele que foi o elegido a ficar em nosso lugar, logo dá-se conta que não caiu em boas
mãos, e que não era a situação ideal. Após certa convivência, percebe que ganhou um
premio defeituoso, pois as pessoas podem mudar de amores, de gostos e até de
endereço, mas continuam as mesmas, pois não mudam seus valores. O eleito recebe
todos os defeitos que a vitima se livrou. E esta, após passar pela vergonha moral, terá
entar a chance e a proteção divina de encontrar alguém que lhe honre e a faça feliz.
Desta forma, o traidor é visto por nós como um indivíduo atormentado, que perdeu o
endereço de si mesmo. Carece, infelizmente, de conceitos éticos, prisioneiro de seus
vícios, pois onde quer que ele vá, seus vícios irão com ele.

Precisamos enxergar o tormento de nossos inimigos. Seus dias de glória passarão


e o perdão para nós, representa não revidarmos, entregar a Deus a justiça, e tentarmos
sentir compaixão pelos que nos ofendem, pois pode ser que eles não tenham a nossa
resistência, ou nossa luz espiritual. Precisamos também, sempre nos perguntar se
temos alguma parcela de responsabilidade no ato injusto do outro. e também nos
perguntarmos: se alguém me pedir perdão, com o coração arrependido, por que não
perdoar? Eu gostaria de ter o perdão de Deus negado, se eu precisasse a Ele pedir?
Quando alguém se arrepende e precisa do nosso perdão para receber alivio na alma,
não seremos considerados perversos, se não os ajudarmos? Como nos sentiríamos se
uma pessoa recusasse o nosso perdão e nos tirasse o direito de voltar a dormir em paz?

Entendendo o ofendido:

Não é nossa intenção minimizar a seriedade da ofensa, mas deixarmos claro que apenas
nos ofenderemos em qualquer circunstancia, se assim permitirmos. Quanto maior a
falta de percepção de que a ofensa nunca é pessoal, por fazer parte do hall de atitudes
pertencentes ao modo de vida do ofensor, maior será a propensão em se sentir
ofendido, e obter desejos de justiça, vingança, ou retaliação. Se pegarmos um
exemplo drástico, um traficante mata um filho pelo único motivo de ser traficante.
Não é nada pessoal. O marido ciumento agride a mulher por ser propenso a violência
e a ciúmes, quem sabe a nível patológico. É evidente que existem casos sérios de

68
provocacã
̧ o que podem nos fazer perder a cabeça, mas precisamos desenvolver a
conscientização que o sentimento de ofensa é opcional, e que a concessão o perdão
sempre estará prejudicada enquanto houver sentimentos de vingança.

Os Tipos de pessoa que tem mais propensão a se ofender são os que mais procuram
vingança

1. Viciados em poder - Enquanto a maioria da pessoas pode sentir vontade de se


vingar em algum momento de suas vidas, há algumas que são mais propensas a
procurar a retaliação. Verificou-se que aqueles que são motivados a buscar
poder, autoridade ou status são mais vingativos. A última coisa que um viciado
em poder pode querer sentir, é o desamparo, a humilhação, e é por isso que
ele poderá responder agressivamente aqueles que o façam sentir impotente,
desvalorizado ou desimportante.
2. Os narcisistas-Os narcisistas estão entre as pessoas mais vingativas, pela
importânci aexagerada que dão a si próprios. Ninguém poderá fazê-los perceber
sua pequenez, assim como pequenos erros alheios são por eles, considerados
pecados mortais. Acontecimentos diários são geralmente mal interpretados, e
podem tentar se vingar mesmo que aqueles não gerem qualquer dano a eles.
Por se considerarem mais importantes do que os outros, transformam atos
minúsculos ou erros alheios em algo inesquecível e imperdoável. Possuem egos
frágeis, que quando são invalidados, e costumam sentir-se muito ofendidos.
Irritam-se com extrema facilidade, o que os leva a buscar vingança.
3. Os traidores -estes sempre se aproveitarão da chance de terem sido ofendidos,
para exercerem suas reais intenções e vontades de traição. Exemplo bom seria
o de um homem que se sente meramente lesado pelo sócio, e decide então se
vingar, desviando grande verba para si, ou ainda o marido, que ao receber a
recusa sexual da mulher magoada,sente-se “rejeitado”, e aproveita para ser
infiel.
4. Egoístas – aqui vale a mesma definição já descrita no subtítulo dos agressores
5. O orgulhoso patológico - há pessoas que possuem um orgulho fora dos padrões
de normalidade. Tudo o que fazem é em nome do ego, e este confunde-se em
muito com atitudes amorosas, pois os orgulhosos patológicos fazem de tudo
para se destacar por seus méritos. São quase sempre causadores de discussões,
que seriam facilmente evitáveis por outras pessoas, sua falsa bondade
transforma-se repentinamente, em ódio, caso alguém ouse julgá-los, desprezá-
los ou atrapalhar seus objetivos. Seu orgulho irá influenciar cada ação sua, que
nunca será pura de intenções. Sempre procurando desesperadamente poder e
controle, são muito fracos em relação à tolerância, e paciência. Ao sentirem-
se desprezados ou desrespeitados, são tomados de um sentimento de ofensa
pessoal descabido, tornando-se verdadeiros inimigos sedentos por vingança e
retaliação. São incansáveis em suas provocações, e simplesmente, não
conseguem ter paz, ao ver seus algozes, que quase sempre, nada fizeram de
mal. São incapazes de conceder o perdão, sofrendo todos os horrores que esta
falta de humildade pode gerar no coração humano. "Ignore seu inimigo" Peter
Lorre diz a Bogart: "Você me despreza, não é?" E Bogart responde: "Eu o faria,
se eu me incomodasse em pensar em você". Esta cena do filme Casa Blanca,
representa a imagem que os orgulhosos tentam passar aos seus inimigos, mas
na verdade, não conseguem esquecê-los por um instante sequer.

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ALGUÉM NOS MACHUCOU DE VERDADE. E AGORA? Como perdoar o imperdoável?

Daremos 8 sugestões para perdoar casos graves.

“A base: a mente do ser humano deve dominar seu coração. Nossas emoções funcionam
de acordo com as idéias que o cérebro envia. Se não alimentarmos as emoções
negativas, iremos perceber que é possível a mudança. Poderemos dissipar a raiva,
como a luz dissipa a escuridão. A luz apenas existe. Basta acender o fósforo. Então
nosso cérebro precisa ter pensamentos positivos. Eles precisam apenas existir.” (rabino
Dudu Levinzon)

1. O que ganhamos odiando ou não? Absolutamente nada, além de alguma


vingança satisfeita, que

como já dissemos, tem curto prazo de validade, ou seja, faz parte do hall de
prazeres imediatos, curto circuitos que levam ao vazio espiritual e emocional.
Nosso passado não precisa ser perfeito. Ele é repleto de dores e amores,
momentos felizes e infelizes. Tomamos então a liberdade de incluir no passado
a nova ofensa, e caminharmos sem olhar para traz. Remoer a ofensa apenas faz
com que ela vire um novo trauma a carregar, arriscando estragar nosso futuro.

2. O que perdemos? Apenas perda de saúde, serenidade e tempo. E para quem


ainda não perdeu a saúde, podemos dizer: Quem menos perdeu com o ódio,
perdeu tempo! Isso todos concordamos. O ódio é um veneno que tomamos para
matar o outro. Matematicamente, estaremos investindo muito mal nosso tempo
e energia. Como dissemos anteriormente, é comprovado que a maioria dos
problemas de saúde que temos tem a ver com stress. Estaríamos nos vingando
de nós mesmos, por estar jogando fora a nossa saúde.
3. Mal entendido: As pessoas se expressam de maneiras diferentes, passam por
situações e criações diferentes. Assim, a maioria das brigas e desentendimentos
acontecem por mal compreensão do que o outro queria dizer. Não conseguimos
sentir pelo outro e este é o ponto. Devemos sempre tentar nos colocar em seu
lugar e tentarmos imaginar o que os levou a agir assim.
4. O espelho: não há absolutamente nada que nos irrite no outro, que não seja
reflexo do que temos, em maior ou menor escala. Uma pessoa egóica
geralmente odeia outra que também possua o mesmo defeito, chegando à falta
de senso de apontar seus defeitos para os outros. Daí a expressão “dois bicudos
não se beijam”. A raiva do outro é uma pista do tipo de ego que ainda há em
nós.
5. Ver o lado positivo das pessoas- geralmente, nos ofendemos com pessoas que
nos são importantes. Há uma grande diferença de um estranho no trânsito, nos
chamar de burros e incompetente , porque achou que fizemos alguma
barbeiragem, do que sermos chamados assim por quem amamos. Assim, para
conseguir atingir o perdão, poderemos nos valer da boa tática de tentarmos nos
lembrar de tudo que o ofensor nos fez de bom. Se gostamos dele um dia, é

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porque ele tem qualidades, e provavelmente, já nos fez algo de bom.
Tentaremos exaltar sua parte boa, afinal, ninguém é inteiramente mal ou bom.
Apenas estamos bem longe da perfeição, e desta vez, fora ele quem errou.
6. Não julgue uma pessoa até que esteja realmente em seu lugar. Às vezes, somos
influenciados por milhões de coisas. Na hora da agressão, o agressor
normalmente é o prejudicado, pois sua maneira de agir expressa uma fraqueza
e inferioridade emocional , psíquica, e espiritual, em nível avançado. Pessoas
que possuem o padrão de humilhar as outras, por exemplo, tem geralmente,
sérios problemas psicológicos. Traumas de infância, famílias disfuncionais e
agressivas, influenciam cada pensamento, cada atitude de uma pessoa.
Precisamos evitar deixar de observar apenas o evento específico, e tentar
enxergar todo o contexto.
7. Quando conseguimos perdoar o próximo, Deus modifica qualquer decreto
negativo futuro! É muito difícil perdoar, porque é difícil superar o coração
ferido. Mas há uma máxima que diz: “se você conseguir mudar sua natureza
intrínseca , algo que estava escrito de determinada maneira, será modificado.
Quem somos nós para não conceder perdão ao outro e deixá-lo, muitas vezes,
angustiado? Se conseguirmos dar um passo em direção ao amadurecimento
espiritual, o que sabemos ser extremamente difícil, por termos hábitos e
emoções profundamente enraizados, conseguiremos também mudar a resposta
do Universo para nossas vidas.

Ex: um casal não conseguia engravidar. Tentou de tudo, e nada. Um dia estava
cantando na sinagoga, e as pessoas começaram a zombar dele. Ele pensou em
sair e desistir daquele emprego, mas se lembrou do ensinamento, e falou com
deus: deus, está todo mundo aqui perdoado, mas por favor me manda um
filho!se eu conseguir minhas emoções, Deus conseguirá transformará qualquer
coisa em minha vida.

8. Existe um propósito em tudo que nos acontece – se pudéssemos resumir todo


este texto sobre o perdão em uma única frase, diríamos certamente: tudo que
nos acontece, de bom ou de ruim, é sempre para o nosso bem! Daremos um
exemplo bíblico que comprova com perfeição esta afirmação: lembremos da
história bíblica de José. José, ainda criança, filho muito amado por Jacob,
despertava o ciúmes e inveja de seus dez irmãos, que não suportando mais o
amor preterido do pai, decidiram matá-lo. Mas, pelo apelo arrependido de um
dos irmão, acabaram vendendo -o como escravo para um egípcio chamado
Potifar.

José sentiu a dor imensa da traição de seus irmãos, e uma enorme tristeza por ter
sido afastado de seu pai. Porém, ao invés de optar pelo sentimento destrutivo da
auto piedade, pensou: Oras, já que agora sou um escravo, vou tentar ser o melhor
que puder.dedicou-se a Potifar, , que acabou por torná-lo , chefe de todos os
escravos. Bonito que era , acabou despertando os olhares da esposa de Potifar, que
tentou seduzi-lo, sendo surpreendida com sua recusa, pois José era íntegro,
honesto e fiel ao seu dono.

Sentindo-se rejeitada,decidiu se vingar, e contou ao marido que José teria


tentado seduzi-la. Novamente, José levou outro grande golpe da vida, pois seu
dono mandou-o para a prisão. Como não se sentir traído e injustiçado pela vida?
Como não se sentir abandonado por Deus? Bem, José parecia decidido a não perder
tempo com autocomiserações e jamais perdia sua fé em Deus. Decidiu então, já
que estava no cárcere, tentar ser um bom preso, e ser agradável e útil com seus

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parceiros de cela. Acabou sendo um interpretador de sonhos de todos que viviam
e trabalhavam ali.

Um dia, Faraó teve um sonho profético em que 7 vacas magras engoliam 7 vacas
gordas, e procurou por alguém que desvendasse o significado. Contaram-lhe que
havia um preso que era muito bom em desvendar sonhos complicados como
aquele.o Faraó mandou chamá- lo imediatamente. Jóse explicou-lhe que as sete
vacas magras seriam 7 anos de seca e comida escassa, mas que o Faraó teria a
chance de colher e armazenar muita comida nos próximos 7 anos que se seguiriam,
os quais representavam as sete vacas gordas. Assim aconteceu exatamente, e José
salvou o Egito inteiro e e a todos que vinham buscar comida ali. Acabou por tornar-
se o braço direito do Faraó, o primeiro ministro. Se o Faraó era o homem mais
importante do mundo, José acabara de se tornar o segundo. Um dia , José
reconheceu seus irmãos, que foram ao Egito buscar alimentos. Mandou chamá-los,
e quando se apresentou para eles, ficaram apavorados, pois acharam que ele fosse
se vingar de tamanha atrocidade, ao que ele respondeu: “Não foram vocês que me
jogaram na terra do Egito, mas Deus.

Ele sabia que iria haver fome na terra de Israel, e me fez virar o primeiro
ministro do Egito, para poder alimentar o nosso povo. Eu os perdôo, pois foram
apenas um canal para que eu cumprisse meu destino. Agora vão pra casa e tragam
meu pai, que pensa que estou morto. Tragam nossos familiares, para vivermos em
paz.” José teve sucesso na vida, pois conseguiu enxergar algo muito simples,
chamado Providencia Divina.

Tudo que acontece na em nossa vida, é porque Deus queria que acontecesse.
Mesmo quando o outro erra, tudo é apenas parte de um projeto maior, onde ele
não passa de uma marionete. A verdade é que só há uma realidade. Não existe
acaso, pois pensar assim, só poderá trazer doenças espirituais como vicio de
tristeza e depressão. Se nosso destino fosse outro, não seriamos quem somos. A
única realidade existente é que vivemos. Dispomos sempre de duas formas de
escolher como olhar para o que nos acontece: Pessimista e otimista.

O pessimista leva uma vida de martírio por opção própria, porque sabe que no
fundo, precisa de sabedoria espiritual proporcional ao seu nível de pessimismo. O
pessimista faz pacto com a derrota. Já José foi otimista. Pensava ele: Se a
realidade é esta, já está aceita e farei o melhor para me adaptar. Obviamente, se
formos vítimas de um crime, teremos que correr atrás do julgamento, mas
precisamos deixá-lo ir.

9.Fazer as pazes ajuda a perdoar. Ao tentarmos fazer as pazes, parece que toda a
confusão causada por anos, esvai-se em um só minuto. Sentimos imediatamente, o
quanto sofremos e amargamos à toa. Não precisamos conviver novamente com quem
nos fez mal, mas fazer as pazes é uma ótima técnica para conceder o perdão mais
facilmente.

A CARGA REMOVIDA

O perdão é o antídoto de Deus para a raiva. Mas o que isto quer nos dizer? Todas
as pessoas que, de uma maneira ou de outra, vivenciam o perdão, relatam ter removido
um peso imenso das costas. Anos de brigas, esbarrando-se nas ruas sem se
cumprimentar, evitando lugares e pessoas para não saber e não ouvir falar, repetições
de filmes mentais atordoantes, orgulhos inimagináveis, chegam ao fim. Como teria
sido mais fácil perdoar antes, elas dizem. Quanta energia gasta. Sim , é indescritível

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o alívio gerado pelo perdão. Lembraremos sempre do exemplo de Nelson Mandela, que
após ter ficado 30 anos preso, dentre eles, 12 em uma solitária, quando liberto, virou
o presidente de seu país, e em sua posse, convidou os seus dois carcereiros para
sentarem-se ao seu lado. Ora, mas o mundo inteiro gostaria de ter tido aquele
privilégio e então por que justo os dois carcereiros? Ele tinha uma proposta de amor
consigo mesmo e com seu país. Não tinha tempo a perder com sentimentos ruins, ainda
que tivesse agora, todo o poder para se vingar. Mas ele entendeu que tudo o que passou
foi importante para se tornar Nelson Mandela.

ORAÇÃO E MEDITAÇÃO

Achamos que a oração e meditação podem realmente nos ajudar a conceder o


perdão. Há quem diga que a oração é nossa petição a Deus, e a meditação é a Sua
resposta. Entre perguntas e respostas, de uma coisa sabemos: Ele nos escuta e nos
atende quando pedimos para crescer. Talvez, ainda sintamos que não estamos prontos
para perdoar. Assim, poderemos pensar em como nos sentiríamos se quiséssemos pedir
perdão a Deus, e Ele se recusasse . Todas as vezes em que pedimos perdão a Deus,
sempre saímos aliviados, por achar que Ele sempre nos é benevolente e misericordioso.
Mas então, por que não podemos tentar ser misericordiosos também com nosso
próximo, que muitas vezes encontra-se ainda em cegueira espiritual? "Como posso
perdoar? Eu não posso perdoar.

A esta altura, não deveríamos estar realmente preocupados com isso.


Adquirimos sabedoria espiritual em relação ao perdão, e então, andamos até a metade
do caminho para a nossa libertação. Mas e agora? Um ato de perdão não é natural, mas
sobrenatural, e é por isso que muitos dizem: agora que você sabe que o perdão é em
seu beneficio, seja um pouco egoísta: ore, e peça a Deus, para que lhe remova por
completo, suas emoções destrutivas, viciantes , incluindo sua propensão a se ofender.
À medida que orarmos pelo nosso ofensor, começaremos a sentir a compaixão, e a
libertação como resultado. Vejamos como podemos fazer isto melhor:

Faça uma lista das pessoas se já se imagina perdoando. Faça uma oração sobre
o perdão ao acordar, até que um dia acorde sem um pingo de dor em relação a cada
uma delas.

Agora, faça uma segunda lista de pessoas que você jamais perdoaria. Faça uma
oração sobre o perdão ao acordar, e outra oração antes de dormir. Assuma um
compromisso com você, depois que encerrar esta leitura: nunca mais durma sem
perdoar alguém, e entregue o resultado do seu esforço para Deus. Esta parte já não é
mais problema seu! Um dia quem sabe, não mais precisará perdoar ninguém, por não
mais conseguir enxergar nada como ofensa!

...E a moça armênia sorriu e disse: É claro que eu o perdoaria. Fui agraciada
pela vida, com a imensa vontade de resgatar quem ele maltrata, de limpar quem ele
suja, de levantar quem ele derruba. A música que eu escuto não é a mesma que a dele,
pois sua alma atormentada apenas se alinha com os sons do horror. O vale que avisto,
não tem as mesmas cores que o dele, pois ele só percebe a escuridão. Não é sua culpa,
parece já ter nascido assim. Compadeço-me de seu espírito, por ainda precisar de
tanta ajuda. Por mais que eu me esforce, jamais conseguiria entender o que ele sente.
E por mais que ele se esforce, jamais entenderia o que sou capaz de sentir. Sei que
não compreendeu o meu perdão. Sei que não compreendeu a minha dedicação. E
também sei que jamais entenderia que eu faria tudo de novo! Como posso sentir raiva

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de alguém tão triste? Perdoem-me se pareço arrogante, mas é este estado de perdão
que me faz sentir tão bem.

6. EGO- O PAI DOS VÍCIOS O ego e a barra de concreto.

O segundo passo nos diz que “ Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós
mesmos poderia ser capaz de nos devolver à sanidade:

1a observação: a expressão "Viemos acreditar" significa que essa foi a nossa melhor
conclusão: acabamos percebendo que não "nós mesmos", mas Um Poder Superior é
quem nos devolveria ao mundo da saúde mental.

2a observação - O terceiro passo já cita a palavra Deus, demonstrando que para a


grande maioria, que Deus é este Poder Superior. Decidimos entregar nossa vontade e
nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos.

3a observação: Somente um ato da providencia divina poderia nos remover tamanha


obsessão. Somente Ele, e mais ninguém.

Assim, O Poder Superior é quem irá nos conduzir na nossa recuperação. Se


podemos então considera-lo como o Criador, Ele é fonte de todas as bençãos, luz, paz,
amor, serenidade, saúde, abundância. Mas então porque sofrer se Deus deseja me dar
tudo de bom e Dele não poderá vir caos, tristeza e escuridão?

1. Crescimento espiritual- pode comportar a dor, jamais o sofrimento, pois


sofrimento é quando colocamos o nosso dedo.
2. Ego- quando tentamos impor a nossa vontade ao destino que está a nossa
frente, estabelecemos uma barra de concreto entre as bênçãos concedidas por
Deus e nossas vidas, impedindo que Sua Luz entre em nossas vidas.

O que não é EGO; (Seja feita a Sua vontade e não a minha.)

1. A voz de nossa alma.


2. Nossa consciência. Nem sempre devemos nos colocar sempre em primeiro
lugar. Quando falamos

"primeiro eu, segundo eu, terceiro eu", pode parecer correto e até engraçado,
mas não está. Esta expressão quer dizer: "Primeiro minha recuperação,
segundo a minha recuperação, etc." Muitas vezes, teremos que colocar os
outros em primeiro lugar. ex: conceito de sororidade: amor à próxima. Maneira
incorreta de pensar: “ Serei amante de um homem casado pois minha felicidade
vem em primeiro lugar." Maneira espiritual de pensar: Antes de fazer prevalecer

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a nossa vontade de ser feliz, precisamos entender que já existe uma esposa,
uma família, e a verdadeira humildade está em abrirmos mão de um desejo
quando ele prejudica os outros, a natureza e o Universo, como um todo.

O que é o ego?

1. É a voz que habita em nós, mas que não é a de Deus.

2. É a voz que habita em nós, que não é a de nossa consciência, pois suas soluções
nunca trazem o melhor.

3. Algumas vertentes religiosas dizem que o ego é alguém ou algum mecanismo


espiritual, enviado por Deus, para testar-nos e ajudarmos a crescer espiritualmente.
Verdade é, que sempre seremos testados em um mesmo assunto, até que decidamos
não fazer nossa vontade doentia e contrária a do Poder Superior.

4. O ego faz com que nossa vontade se torne destrutiva. Esta passa a enxergar apenas
a pequena figura, e nunca o todo. Ex: quero este homem para mim de qualquer jeito,
Vou esperá-lo ainda que ele se case com outra. A Igreja disse que jamais deveríamos
nos separar, então mesmo sabendo que ele não me ama mais e já está com outra
pessoa, irei esperá-lo eternamente, pois esta é a vontade de Deus. Ele me bate, mas
estou tentando faze-lo entender que isto é abuso. Sinto que ele vai parar.

5. O ego nos faz não querer mudar, não quer crescer, e por isso, não aceita criticas,
não aceita ser ensinado, não aceita repartir, e por isso sente-se sempre ofendido e
melindrado com os outros.
Não nos permite adultere, ou seja, tecer o adulto que há em nós.

6. É algo que nos separa de Deus e de todas as bençãos que Ele deseja nos enviar. A
primeira coisa que ele nos retira é a saúde emocional. A segunda, as bençãos que
teríamos, se a tivéssemos. Assim, acostumamo-nos cada vez mais com o caos, e
consideramos a tristeza como um estio de vida. A terceira coisa que nos causa é a
perda da saúde física. A quarta, a morte.

7. Impede-nos de ser disponíveis emocionalmente para o amor, pois aglomeramos


tristezas, raiva, ódio, inveja e sua compulsiva comparação, insatisfação, cegueira
espiritual, etc. E se somos indisponíveis emocionalmente, porque estamos reclamando
de atrair pessoas indisponíveis para a nossa vida, se esta é a única razão pela qual as
desejamos? Os opostos nunca se atraem.

As extensões do ego:

1. Raiva- Precisamos nos perguntar de onde está vindo a ânsia de falar: do ego ou da
alma; da raiva ou do amor. Em um momento de explosão, uma pessoa pode perder de

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uma vez, anos e anos de educação espiritual. Se o que falarmos para alguém vier da
raiva, do Ego, virá de um lugar de destruição, e não ajudará ninguém. Esta ajuda seria
eficaz se nossas palavras viessem de um lugar de amor. Sentimentos como “eu não
aguento mais”vêm do egoísmo, ou seja, do desejo de receber apenas para si mesmo.
assim, fica a dica: quando estivermos com raiva, deveremos evitar a todo custo,
externarmos nossos pensamentos.

Se pensamos que externar o que sentimos de qualquer maneira irá nos aliviar,
precisamos saber que tal alívio tem curta duração, e será seguido de uma angustia
ainda maior, pois virá acrescido de culpa e arrependimento. Assim como qualquer
droga, a raiva nos gera o prazer imediato, ao nos dar um alívio tão curto, e em poucos
instantes, precisaremos brigar novamente, gerando um falatório violento e compulsivo,
até que destrua as nossas melhor relações.

A raiva vem do desejo insatisfeito, ou seja, da vontade não atendida. É uma


forma de idolatria, pois a vontade que deveria ser feita seria a de Deus, e nunca a nossa.
Então, quando brigamos por não vermos a nossa vontade atendida, agimos como se
fôssemos Deus. Caso as coisas não saiam como planejamos, ou não realizemos
nossos sonhos exatamente como desejávamos, precisamos compreender que
devemos tentar alcançar nossos sonhos com desapego. Não há nada de errado em
perseverar, desde que o façamos de modo saudável, isto é, com limites saudáveis.
Faremos a nossa parte, e se der certo, é porque estava em nosso destino, mas se não
der, poderemos mudar o nosso caminhar. Devemos confiar no desconhecido, e
entender que se não conseguimos compreender o porquê de certas coisas, ainda
assim está tudo bem, pois tudo acabará bem.

É imprescindível saírmos do sistema de merecimento. Ao acharmos que


merecemos isto ou aquilo, sempre estaremos insatisfeitos com tudo que tivermos, pois
o ego sempre concentra-se na falta, e a Luz, na gratidão pelo que já temos.

A reclamação também é uma forma de expressar a raiva, pois que o faz deixa
clara a sua insatisfação com alguns aspectos da vida, ou mesmo, com toda ela. A
pessoa que vive a se queixar concentra-se na falta, e não na gratidão, e o que não vem
do amor, como sabemos, do ego vem.

A personalidade raivosa- droga-se da raiva moral. Todos sentem medo dela. É


uma forma negativa de receber validação e respeito. Pode haver misandria.

2. Orgulho

O orgulho é o sentimento de prazer que sentimos por nossas próprias


qualidades. porem, se demasiado, torna-se uma das grandes extensões do ego, pois
denota egoísmo, excesso de amor próprio, arrogância e soberba. Como um polvo,
possui vários tentáculos:
a) A timidez- Pode também o orgulho, manifestar-se de maneira invertida, como por
exemplo, a timidez. O tímido considera-se muito importante a ponto de não desejar
interagir, por concluir que conseguirá perturbar a todos com suas atitudes ou palavras,
temendo ter o imenso poder de a todos chamar grande atenção. Além disso, crítico
que é, teme ser julgado da mesma maneira em que julga.

b) orgulho ferido-Também o orgulho pode demonstrar-se ferido, confundindo-se


muitas vezes com o amor, mas ao ser abandonado, o orgulhoso não sofre dores de

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amor ao próximo, mas dores de amor por si mesmo, pois não consegue entender
porque fora abandonado, apesar de possuir inúmeras qualidades. Pensa ele, que
jamais conseguirá superar tamanha paixão, sem saber que tal intensidade sempre foi
correspondida por ele mesmo...a si próprio!

c) Prestígio- Trata-se o prestígio de uma grande vício comportamental. Pessoas que se


desenvolveram em famílias opressoras, acabam necessitando de aprovação para tudo
que fazem, pois acostumaram-se com a falta de liberdade de expressão e escolha, o
que as impossibilitou desenvolver uma boa auto- estima. Assim, vive o viciado em
prestígio, da validação dos outros, através de elogios, honrarias e poder. Este último,
por sua vez, se expressará através da fama, dinheiro, ou títulos acadêmicos ou
intelectuais.

Pode alguém se doar e ter um ego enorme? Ex: Uma madrinha de 12 passos
pode ter um ego enorme? Sim, se ela esperar qualquer coisa em troca, como elogios,
agradecimentos, em público, inclusive, devoção, méritos, se sentir mais importante
dentro o grupo, como se fosse pessoa sábia, por ser a companheira antiga,
considerando-se uma velha mentora a ser respeitada, etc.

Como o ego define felicidade? Felicidade se dá quando as coisas acontecem como eu


quero, como julgo o certo.

PIADA: Uma afilhada disse a sua madrinha que estava cansada de sempre orar para
Deus, pois Ele nunca ouvia suas preces. A madrinha pois-se a rir e disse: "Ele já
respondeu a tempos. Disse NÃO!"

d) Melindre- Sentir-se ofendido o tempo todo e cismar com tudo. Aqui, o orgulhoso em
sua versão mais dantesca, ofende-se inclusive nas discordâncias, isto é, mal suporta
que alguém discorde de suas opiniões. Tudo carrega para si e ou considera contra si.
Seu ego está tão inflamado, que interpreta as contrariedades como cenas propositais,
direcionadas a sua pessoa. Centrado em si mesmo e conferindo- se a maior das
importâncias, vive a cortar pessoas de sua vida para que não mais o façam mal, ainda
que mal percebam a sua existência.

A personalidade melindrada- com tudo se ofende e tudo pera para si. Considera-se
delicada e sensível, mas seu ego tomou tamanha proporção, que mal consegue
perceber porque tem problemas com as companheiras e também, em seus
relacionamentos, pois costuma-e ofender com o que a maioria das pessoas não se
ofenderia. Este tipo de ego que se revela na forma do orgulho, é o contrário do conceito
de humildade. Dr Bob dizia que humildade é nunca se ofender com algo que alguém
diz ou faz contra mim, mas entender que nada dito ou feito contra mim. As pessoas
fazem porque fazem, não porque sou especial.

e) O dono da razão- Este tipo de orgulho traduz-se no ego da sabedoria ilusória. Aqui,
mais se fala do que escuta. Mais se ensina do que se aprende. Mais palestra-se do que
humilda-se. O falador compulsivo, mal consegue conter seus impulsos de ensinar. Sem
aceitar qualquer opinião diversa a sua, costuma aumentar o tom de sua voz com o fito
de combater as contrariedades. Esconde seu orgulho na forma de simpatia e julga ter
mais conhecimento do que todos ao seu redor, justificativa em que realmente acredita,
para interromper a fala alheia, e interpor a sua.

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f) Aquele que recusa-se a pedir ou aceitar ajuda- o ato de pedirmos ajuda denota um
mínimo de humildade, pois sem isso, impossível se torna a caminhada espiritual.
Devemos compreender a importância do todo, onde o elo que une a individualidade é
a ajuda ao próximo. Mas que espécie de saúde espiritual teremos se só ajudarmos e
nunca aceitarmos ajuda? Ou mesmo, nunca ajudarmos e nunca pedirmos ajuda? Qual
a troca entre humanos que haverá aqui? Assim, um ego muito destrutivo em forma de
orgulho, é mesmo o de não pedirmos e não aceitarmos ajuda. Sozinhos, não
conseguiremos caminhar até longe.

Há muitos outros tipos de ego ligados ao orgulho. Beleza, caridade, riqueza, poder,
inteligência e humildade podem ser grandes máscaras, e o que irá revelar a veracidade
de cada estado desses, é a intenção escondida de detrás.

3.Julgamento:(fofoca,crítica)
Há quem diga que pessoas espiritualizadas nunca julgam, porém há momentos em u
precisamos julgar. Decisões vêm de julgamentos. Precisamos julgar se os amigos de
nossos filhos são pessoas adequadas para a sua convivência, precisamos julgar quem
colocamos em nossas vidas, precisamos escolher um funcionário, muitas vezes,
fazendo uma seleção entre vários trabalhadores.

Apenas o julgamento afeto pelo ego é tóxico. assim, a pessoa torna-se


excessivamente crítica. Se a percepção dos erros alheios virar um padrão, poderemos
estar doentes do ego. Julgamos a sua aparência, inteligência, comportamento,
trabalho, etc. este tipo de julgamento nos separa das pessoas, por nos colocar em um
pedestal falso de superioridade. Não somos e nunca seremos superiores.

4. Controle

O controle vem da dificuldade em "delegar funções aos outros". Pensamos ter


que fazer a maior parte das coisas, por achamos que ninguém fará tão bem assim. Ou
que devemos dar conselhos e indicar a direção certa para a vida de nossos entes
queridos, pois com seus pobres cérebros, jamais conseguirão enxergar o caminho
certo.

Há pessoas que não conseguem trabalhar em equipe, pois possuem um ego de


liderança, ou melhor, de controle. O que ocorre é que duas pessoas poderão estar
certas, ao possuirem apenas pontos de vistas diversos. Assim, ninguém está certo e
nem errado, apenas tem sua própria maneira de pensar e de sentir a vida.

Ex: Uma empresa possui dois setores: o de marketing, que visa gastar, e o financeiro,
que visa economizar. Eles não estão errados em exercer suas funções, apesar de
opostas. Aprendem sim, a conviver, harmoniosamente. Cabe ao diretor, manter um
equilíbrio da empresa.

Controlamos compulsivamente quando sentimos medo de sermos remetidos à


sensação de insegurança gerada em nossa infância. Não queremos mais passar
desapercebidos. Não queremos mais que nossos pais bebam desbragadamente. Não
queremos ser abandonados novamente. Nosso controle é ativado no exato momento
em que sentimos novamente em perigo. O controlador compulsivo atuará em seus
padrões enquanto sua velha e destrutiva infância o controlar. É preciso parar de
procurar pessoas e situações que nos façam revive-la, pois não é assim que

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fecharemos todas as feridas infantis. Piada: Quando saberei que estarei diante da
minha verdadeira alma gêmea? Quando ela for completamente diferente de meus pais.

O primeiro passo para vencer o ego é aceitar que tenho um EU limitado, e que
posso estar enganada, ou seja, posso ter informações ou uma interpretação errada
desta pessoa. A Luz do Poder Superior sempre está disponível, mas meu ego me
convence de que só com esta pessoa haverá luz e amor, e que não devo abandona-la,
pois não chegará um próximo amor.

Uma grande ferramenta para vencer o ego é confiar no desconhecido. No


momento em que injeto essa certeza, sei que há luz por detrás. O ego quer falsa
segurança, quer respostas imediata, quer zona de conforto. Do que adianta querer
alguém para me proteger, se este alguém será a causa de minhas doenças? Do que
adiantará um homem levar a mulher para a quimioterapia, se ele for a causa do câncer?

O ego é a maior barreira para se conectar com a luz, a calma, paz, serenidade,
que só o Poder Superior pode nos dar.

5.Inveja- A SINDROME DA COMPARAÇÃO COMPULSIVA

Queremos o que os outros tem o tempo inteiro. Ms não analisamos o esforço


que fizeram para ter tudo aquilo. Quando eu invejar alguém, devo invejar toda a vida
dela, sem excluir nada. Mas será que desejo todo o pacote de ganhos e perdas dela?

O ego me faz acreditar que não há justiça no mundo, mas se invejo é apenas
porque no fundo sei que o Universo poderá me dar. Ele tenta me dizer que posso ter
tudo aquilo, mas que terei que trabalhar ainda mais para consegui-lo. Se ainda não
tenho, é porque não fiz o trabalho espiritual e nem o esforço material suficiente para
tal.

6. Sentimento de rejeição- o ego pode nos fazer acreditar que estamos sendo
rejeitados ou descartados por alguém, mas se mantivermos nossa conexão espiritual
alta, perceberemos que nossas bençãos não vem das pessoas, mas sim de um lugar
maior. Não precisamos do amor de quem não tem para dar, pois já nos sentimos
amados por Deus, e/ou ou por nós mesmos. Se soubermos quem somos, e valorizamos
todos os nossos valores espirituais, como honestidade, lealdade, retidão, compaixão,
amor, etc, não sentiremos o nosso auto-valor diminuir, a cada despedida humana.
Choraremos pelos que nos abandonaram contra a sua vontade, pela morte ou outro
motivo qualquer, mas nunca por quem o fez por livre e espontânea vontade. A essas
pessoas desejamos sorte e felicidade, e compreenderemos que não vieram para ficar.
Precisavam mesmo ir. Era o destino. Nada havia de pessoal. Iremos valorizar quem nos
valoriza, pois os opostos nunca se atraem, apenas os semelhantes. E estes é que irão
amar os nossos valores, e fazer questão de permanecer ao nosso lado, para
compartilhar do que temos de melhor para oferecer. Assim pensa o amor. O resto, é
apenas o ego tentando nos definhar novamente.

7. Mágoa e vitimismo- O vitimismo é a mágoa alimentada. Ele impede o crescimento,


pois ficamos impossibilitados de nos responsabilizar em algum grau, e nos tornamos
magoados, por nos sentir injustiçados. A mágoa retroalimenta o vitimismo, e os dois
tornam-se um ciclo vicioso, poderosamente destrutivo.

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Para toda e qualquer ação que consideramos ser feita contra nós, deveremos sempre
nos perguntar qual a nossa parte na desavença. O ato de se vitimar funciona como um
mecanismo de fuga das críticas, pois pensa a vítima nunca fazer nada de errado para
merecer a injustiça. No íntimo, o que deseja é afeto, carinho e compreensão de seu
estado atual de sofrimento, ainda que nada faça para modificar sua situação. Há um
sentimento de impotência em relação à determinada pessoa ou situação, e uma mágoa
expressa em revolta, por alguém que não nos protegeu ou nos livrou do sofrimento,
ainda que este alguém seja Deus.

É verdade que poderemos realmente, ser vítimas de alguém ou de uma situação, ou


mesmo nos magoar. Mas este estado deve ser passageiro e o motivo, relevante. Assim,
a mágoa e a posição de vítima serão pautados na realidade. Mas quando os
prolongamos, nada há de saudável, pois sua fonte geradora é novamente, o ego.

A mágoa doentia e duradoura vem do ego. Ele é quem se ofende e nunca, nossa alma.
Assim, quando dominados por ele, temos a tendência de nos ressentir facilmente com
os outros, e nos sentir vítimas de suas más ações. Acabamos por criticá-las e afastá-
las, por acreditar erroneamente que possuímos razão, mesmo sem enxergar
claramente os nossos erros que contribuíram para a desavença. Quem vive no ego,
vive cego!

Se realmente quisermos encontrar a paz, deveremos nos livrar da mágoa alimentada,


e abandonar o estado de vítima. Se nos ofenderem, poderemos pensar: mas que boa
oportunidade de reduzir o ego! Como dissemos, quem se ofende é sempre o ego, e
nunca a alma. Então, que bom que ele foi ofendido, pois quanto mais o for, menor se
tornará, e mais liberta do sofrimento nossa alma ficará. Livres, poderemos nos
desenvolver espiritualmente, e quem sabe um dia, nem considerarmos ofensa, a
mesma situação que vivenciamos agora.

8. Carência- O ego pode manifestar-se em nós, também em forma de carência, e nos


causar sérios distúrbios na área sexo- afetiva. Quando entramos em estado de
carência, conectamo-nos com a falta o vazio, a solidão. Não há sentimentos de
plenitude e muito menos, conexão com um Poder Superior. Concentramo-nos naquilo
que não temos. A ânsia por amar e ser correspondido afetivamente, é quem escolhe
por nós, um novo par, ou insiste em manter relacionamentos destrutivos com pessoas
tóxicas, que podem ser parceiros, amigos ou até mesmo familiares. A verdade é que
não selecionamos as pessoas que entrarão ou permanecerão em nossas vidas. Uma
cegueira espiritual nos convence de que qualquer coisa é melhor do que ficarmos sós.
Não sentimos confortáveis em nossa própria companhia, e não há em nós, paciência e
fé para sentirmos a energia de novos parceiros, e averiguar se há semelhanças,
afinidades e principalmente, amor. Este não manda aqui. Não há tempo para esperá-
lo. Nossa impaciência nos força a corromper nossos valores, sonhos, e dignidade. Para
não encararmos o vazio de nossas almas, aceitamos nos relacionar com quem nos
ofende, agride, desvaloriza ou simplesmente, nada tem a acrescentar.

O amor romântico e familiar, é um dos tipos de amor que existe. Encontramos além
deles, o amor fraternal e o incondicional. Este último, sem dúvida, é o mais intenso,
pois sequer precisamos conhecer as pessoas para amá-las. Quando uma criança ama
animais, ela pode até amar mais o seu pet de estimação, mas ela afirma amar todos os
gatinhos, cachorros, passarinhos e até mesmo, os animais selvagens que vê no Jardim
zoológico. Uma mulher, que afirma amar acima de tudo as crianças, ama mais do que
todas os seus filhos, mas também sente enorme afeição por todas as crianças que

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encontra na pracinha, onde leva todos os dias, os seus pequenos para brincar. Assim,
podemos agir com os seres humanos.

Ao invés de escutarmos a voz torturante do ego, em forma de carência a nos pedir para
lutarmos contra a solidão ilusória, poderemos nos oferecer para servir a outros seres
humanos, em trabalhos voluntários. Amor forte é aquele sentido e retribuído pelos que
cuidam de crianças órfãs, ou que contam historias para idosos em asilos. Quem se
dispõe a passar um dia lendo ou lecionando para cegos? Mas essas pessoas que
aprendem a se doar, recebem muito mais do que qualquer prisioneiro do ego pode
imaginar.

Não estamos falando em reino do Céu, mas de felicidade, e solitude, um misto de


solidão e plenitude.Raras são as vezes que se sentem sós. Raras são as vezes que as
ouvimos reclamar. Vivem em completa paz e abundância, e sentem compaixão pelos
auto-piedosos.
Ex: Áurea era uma mulher de 22 anos com algumas peculiaridades. Era órfã duas vezes.
Adotada por pais que muito a amaram, infelizmente, os enterrou mais cedo do que
imaginava, devido a um acidente. Hermafrodita, e portanto, estéril, não possuía mais
ninguém nesta vida, quando conheceu seu vizinho, na piscina do prédio em que
morava. O rapaz era charmosos e sedutor, e a convidou para sair naquela noite.

No dia seguinte, Áurea mal conseguia conter sua felicidade. Havia encontrado o amor,
e torcia mais do que nunca para a relação vingar, julgando assim, nunca mais ser
obrigada a se deparar com aquela solidão avassaladora. Se ele a amasse de verdade,
não se importaria com sua condição e adotaria uma criança para formarem uma linda
família.

Porém, as coisas não andaram nos trilhos previstos pela moça. Em pouco tempo, seu
vizinho telefonava apenas quando queria, e as vezes em que combinavam de sair,
sempre alegava estar sem dinheiro, o que ela acabava relevando, e pagando
restaurantes, lanches, cinemas, etc. Ainda assim, o rapaz não demonstrava interesse
em se comprometer. Mas a carência exacerbada pelo ego de Áurea, que insistia em
convencê-la em lutar contra a solidão, a fez cegar para todas as claras pistas de que o
vizinho não correspondia aos seus sentimentos.

Ele sumia e só aparecia quando queria. Assim, ela começou a sentir-se cada vez mais
rejeitada. Mas a rejeição, para os prisioneiros do ego, é o gatilho que inicia a obsessão.
Em pouquíssimo tempo, e moça não conseguia mais concentrar-se no trabalho e nem
falar de outro assunto. Suas amigas ouviam impacientemente, suas lamentações ou
felicidades eufóricas, quando ele resolvia aparecer. Nos finais de semana, ainda mais
obcecada por ele, descia as escadas até a garagem, mais de 20 vezes por dia, para
ver se o carro dele estava ali, ou se havia saído, talvez, com outra mulher.

Desesperada, acabou pagando-lhe uma viagem para o exterior, ainda a fim de


conquistá-lo, e lá, ele apenas bebia e flertava com outras mulheres, na sua frente.
Quando retornou à casa, felizmente, percebeu que estava muito doente e que precisava
de ajuda. Foi então que procurou um centro espírita, onde a ofereceram alguns
trabalhos sociais. Aos sábados, ela poderia cuidar de bebês e crianças órfãs, e às
segundas, poderia distribuir quentinhas para mendigos, na condução do centro. Áurea
nem desejou escolher entre os serviços. Inscreveu-se em ambos. Todas as manhãs de

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sábados, recebia os beijos e abraços apertados dos pequenos, que cada vez,
mostravam-se ainda mais apaixonados por elas. Em uma onda fortíssima de amor,
deixava-se contagiar pela aquela luz enviada por sua própria capacidade de se doar.

Lá, fez verdadeiras amizades com as outras voluntárias, pois havia uma conexão entre
elas, já que possuíam o mesmo amor e respeito ao próximo. Chamava os mendigos
pelo nome, pois fez questão de decorar cada um, para que se sentissem amados. Eles
era loucos por ela, e com sua ajuda, muitos entraram em programas contra alcoolismo
e de ressocialização.

Seu peito fora invadido pelo amor altruísta e incondicional. Não havia mais espaço para
se dedicar aos que não queriam seu verdadeiro bem estar. Havia encontrado a
verdadeira reciprocidade e jamais sentia-se sozinha. Passou então a dar palestra aos
solteiros do centro, para que se dedicassem mais aos outros, pois isto os faria
aumentar seu amor próprio. Explicou a importância de se sentir inteiro, antes de
procurar um relacionamento.

Esta história, apesar de parecer exagerada, é verídica em seus mínimos detalhes, e


apenas o nome desta moça que tanto nos ensinou com sua luta contra o ego, foi
modificado para fins de preservação.

9. Posse exagerada ( ciúmes)

O ciúmes patológico é o resultado da deturpação do amor causada pelo ego, que entra
em ação para nos convencer de que as pessoas não possuem direito à individualidade,
pois ao aceitarem se relacionar conosco, virarão objetos de nossa posse. Também
expressa-se o ego em forma de medo de nos sentirmos inferior a qualquer pessoa, que
consideremos razoavelmente apresentável. Mas a grande questão do ciumento é o ego
de não ser passado para traz, fazendo-o entrar em pânico com a possibilidade de ser
feito de palhaço. Consterna-se obsessivamente, em tempo quase que integral, com o
fato de ser ridicularizado e diminuído em sua importância. Frases como “o que os
outros irão pensar”ou “eles estão tendo um caso enquanto sofro, e devem rir de mim
pelas costas”, são típicas do ciumento.
Obviamente, como o próprio nome diz, trata-se de uma patologia, e deve ser tratada
principalmente, em grupos de mútuo ajuda especializados no tema, como Ciumentos
Anônimos, por tratar-se de uma doença de adicção (vício).

10. Medo deturpado ( hipocondria, etc. )

Sentir medo é natural e faz parte de um sistema de alerta do próprio corpo.


Porém, quando toma grandes proporções, podemos afirmar que nosso ego está
novamente envolvido em nossos pensamentos, com sua voz sutil, contagiosa e
traiçoeira. Um dos maiores exemplos onde o ego pode manifestar-se em forma de
medo, é por exemplo, na hipocondria. Numa total concentração no próprio corpo, o
hipocondríaco em nada mais consegue pensar, do que em si mesmo e seu pânico por
doenças. Novamente, é importante a consciência de que a hipocondria é uma doença,
e deve se tratada. Além de diversas terapias, encontramos grupos de mútuo ajuda
como Hipocondríacos Anônimos, que trabalham com grande eficácia o problema.
Sabemos que não basta para o controle desta doença, a informação de que a base é
o ego. Mas de fato, o é.

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Também nos é familiar o medo da pobreza. Para aplacá-lo, muitas pessoas
esquecem de que o importante na vida é ser e não, ter, e com medo deturpado do
futuro, concentram-se em juntar quantias capazes de protege-las do futuro, que trará
a velhice e a doença, esquecendo-se da importância de realizar seus sonhos. Mas isto
não seria deixar de viver, com medo de morrer? O que deixarão pelo mundo todos
aqueles que pensam assim? Ah, sim, a sua herança...

11. Vício de aprovação

A necessidade de aprovação constituí um dos maiores vícios da humanidade. Se a


maneira pela qual nos enxergarmos depender do que dizem os outros, seremos menos
que o nada. Deixaremos de receber luz espiritual para receber validação. Como
dissemos anteriormente, as bênçãos vêm da luz de um Poder superior, jamais da
opinião alheia e de sua comprovação de que somos mesmos bons.

Vivemos em um mundo em que precisamos nos vestir "roboticamente" iguais,


e praticamente, nos vender como cópias em série. Se uma mulher nasce com pouco
busto, logo se apressa em comprar um, pois não consegue tolerar-se como uma
pessoa diferente da maioria, que possui busto. Sua auto estima entoa, deve ser
comprada, adquirida, o quanto antes, pois senão, não será ninguém. Mal consegue
perceber que a grande tragédia não está não está em ter nascido despeitada, mas
totalmente desprovida de auto-estima. A esse tipo de mulher, desejamos boas
compras, e quando a velhice chegar, boa sorte!

Uma vida deve ser sustentada no auto- amor e no auto-valor, incapazes de


serem diminuídos com a idade, situação financeira ou social. Ambos requerem uma
conexão com a espiritualidade, onde o canal entre nós e a Luz deve estar limpo. Com
a mesma fragilidade que algumas pessoas entram em nossas vidas, poderão da
mesma maneira ir embora, e o que ficará? Nós, a Luz, e nossa relação com ela. Nada
mais. E esta união, representada pelo nosso amor altruísta, apreciação pela vida e
respeito ao próximo é quem forma todo o tecido, o bordado e a agulha, com os quais
iremos tecer cada vez mais, a nossa auto- aprovação. E a quem não fizer muita questão
em nos aceitar, compreenderemos, pois nem tudo estarão aptos a perceber. Além
disso, também não estaremos interessados em quem não desejar em grandes
quantidades, o nosso bem estar.

A Agradadora - Esta pessoa precisa ser amada por todos, ainda que passe por cima
de seus valores.Tenta ser legal e agradar a todos, e corrompe seus princípios para isso.
É viciada em aprovação, isto é, sua droga é a aprovação externa.

Ego causa e ego efeito:

1. RAIVA - MORAL, RETALIATÓRIA, AGRESSIVA, PASSIVA


2. MÁGOA- SER SENSÍVEL AO QUE OS OUTROS FALAM. ENTRISTECER-SE
3. NECESSIDADE DE APROVAÇÃO- PERSONALIDADE AGRADADORA, NAO SABER DIZER NÃO,
SÍNDROME DA BOAZINHA.
4. ISOLAMENTO DE PESSOAS- SENTIR-SE DESCONFORTÁVEL EM PÚBLICO, SENSAÇÃO DE NAO
PERTENCER.
5. MEDO- SINDROME DA MALA PRONTA E DA TRAGÉDIA EMINENTE.
6.POSSE EXAGERADA- CIÚMES
7.CARENCIA

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8.ORGULHO- MELINDRE, COMPLEXO DE SUPERIORIDADE, SENTIR-SE SEMPRE DESRESPEITADO
E OFENDIDO. CORTAR RELAÇÕES FACILMENTE.

9. JULGAMENTO- FOFOCA, CRÍTICAS.


10. CONTROLE- NAO SABER VIVER E DEIXAR VIVER. DAR OPINIÃO SEM SER PEDIDA.
11. SENTIMENTO DE REJEIÇÃO- MEDO ESPECÍFICO DE ABANDONO.
12.VITIMISMO
13. NEGAÇÃO- ACHAR QUE A CULPA É DO OUTRO. DIFICULDADE DE VER A SI MESMO.
14. EGOÍSMO- QUERER MAIS RECEBER DO QUE SE DOAR. MAIS RECLAMAR DO QUE RECEBER.
CONCENTRAR-SE MAIS NA FALTA DO QUE NA PLENITUDE.
15. COMODISMO- RECLAMAR DE TUDO E NAO RESOLVER NADA
16. INVEJA- COMPARAR-SE SEMPRE A MENOR E NÃO ESFORÇAR-SE PARA ALCANÇAR
OBJETIVOS. 17. DEPRESSÃO- RAIVA CONGELADA POR NAO SER FEITA A MINHA VONTADE.
DESCONTENTAMENTO CRÔNICO.
18. INSENSIBILIDADE, DESCASO .

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