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Resumo apresentado em 2022

2-Educação Étnico-Racial

Atividades culturais no processo formativo visando a educação das relações étnico-


raciais
Embora sancionada em 2003, a Lei 10.639 que estabelece a obrigatoriedade de inclusão
nos currículos nacionais da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", sua total
implementação ainda é um grande desafio nos cenários educacionais. O Brasil, embora
se configure como um Estado Democrático de Direito, na prática, porém, se apresenta
como uma sociedade recortada por desigualdades sociais. Forjada em uma matriz
patriarcal e colonialista, a sociedade brasileira se constitui como um sistema de relações
que legitimam a superioridade masculina, cria padrões e valores culturais, nos quais a
raça negra é inferiorizada e estigmatizada. Para tanto, no primeiro semestre de 2022,
algumas ações culturais foram desenvolvidas no horário de intervalo do período noturno
pelo Núcleo de Educação das Relações Étnico-raciais no campus Maria Auxiliadora a
fim de provocar e sensibilizar a comunidade acadêmica. Entre elas, a Roda de Conversa
“Quem somos e o que queremos nós?” realizada no dia 08 de março, Dia Internacional
das Mulheres, a fim de assinalar a interseccionalidade entre os marcadores sociais de
raça, classe e gênero, o reconhecimento de diferentes opressões, além dos desejos e
anseios de mulheres como grupo social. Outras intervenções aconteceram no decorrer
do mês de maio. Há tempos a data de 13 de maio vem sendo pontuada, sobretudo, pelos
Movimentos Negros, como uma data que demanda reflexão e não comemoração;
inclusive a data foi instituída como Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo. Nesta
oportunidade, em parceria com o Centro Cultural Candeeiro e a União de Negras e
Negros pela igualdade (UNEGRO) de Americana e Santa Bárbara d'Oeste e com apoio
da Pastoral Universitária (PDU) e Coordenação da Missão Institucional (CMI), foi
realizada uma apresentação de cantoria com tambores e coreografias de Jongo. A
intervenção proposta objetivou à afirmação de narrativas diversas e a cultura afro-
brasileira. Para tal, contou com a fala de Benedito Samuel Barbosa, liderança nos
referidos movimentos; as falas foram articuladas a músicas afro-brasileiras performadas
por outros três integrantes dos coletivos mencionados. Já em comemoração ao Dia
Internacional dos Museus que também acontece no mês de maio, o Núcleo trouxe a
exposição da artista jovem Lais Sabino “O Despertar do Imaginário”. A incursão
objetivou promover o contato com a arte, que pode contribuir para a provocação de
temas cotidianos como o racismo e a discriminação. Algumas das produções expostas
têm referência direta a outras obras de renome, como a ilustração Black Lives Matter e a
escultura em bronze de Flávio Cerqueira, Amnésia. A obra do referido artista plástico
faz referência ao branqueamento das populações negras no Brasil e compõe o acervo do
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP). As proposições culturais,
de modo geral, visaram tomadas de consciência e o engajamento na luta antirracista,
sobretudo a partir de uma educação crítica e transformadora.
Desigualdade Racial; Políticas Afirmativas; Direitos Culturais.
Resumo enviado em 2023
Equidade e Educação das Relações Étnico-raciais - Desafios e possibilidades para o
Desenvolvimento Sustentável
A história do Brasil é construída sob a desigualdade étnico racial, efeitos da longa colonização
e escravismo. Alguns dados apontam obstáculos para o desenvolvimento sustentável, entre
eles os números referentes ao racismo e ao machismo no Brasil, elencados nos Relatórios
Globais sobre Homicídio (ONU), Atlas da Violência (IPEA) e Anistia Internacional (2022),
apontam que 62% dos casos de feminicídio no país são cometidos contra mulheres negras.
Ainda nesta intercessão raça-classe-gênero, e além das violências cotidianas, a trajetória de
mulheres negras continua sendo invisibilizada em diversas áreas. Frente a isso, o Núcleo de
Educação das Relações Étnico Raciais, unidade de Americana, propôs, em outubro de 2022, a
intervenção A padroeira do Brasil é uma mulher negra, que, além da provocação do título,
trouxe um bate papo com membros da Pastoral da Universidade (PDU). Algumas imagens
que chamam a atenção para a contribuição das mulheres negras na formação da sociedade
brasileira, foram dispostas pelo campus, bem como foram discutidas as contradições
referentes ao papel de cuidado e abnegação, e também, estratégias ético-políticas de inclusão
das demandas da população negra, maioria no Brasil. Outra intervenção, realizada em 2022,
foi o convite à escritora e educadora Claudia Monteiro e o lançamento do livro Identidade e
Memória: Trajetória histórica dos negros em Americana – Um estudo de caso do engenho e
fazenda Salto Grande, a obra foi produzida a partir da aplicação de recursos da Lei Aldir Blanc
de fomento à cultura e seu processo de produção é originário das experiências de sala de aula
da autora e a dificuldade em conduzir um trabalho junto aos alunos em que a história do povo
negro na região fosse contada, assim como as histórias dos imigrantes europeus e asiáticos. Ao
pensar relações insustentáveis temos que, devido às políticas de branqueamento populacional
e sua a herança subjetiva, a beleza e estética negra foram ocultadas no cotidiano e pensando
na construção de uma educação antirracista, houve-se em maio de 2023 a intervenção Entre
tranças e turbantes que visava reafirmar a estética negra como ação e resistência a partir das
tranças e penteados afros, vestimentas e acessórios de origem africana. Frente aos dados
apresentados e em consonância com a proposta da Agenda 2030 (ONU) para um
desenvolvimento sustentável a partir da igualdade de oportunidades e da inclusão social, vê-se
a importância da manutenção de propostas que visem a equidade racial dentro dos espaços
educativos brasileiros.

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