Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
O tromboembolismo é um evento multifatorial
Muitos pacientes que necessitam de intervenção odon- e o risco é composto por fatores genéticos e/ou ad-
tológica, atualmente, são usuários de terapia medica- quiridos. O principal fator de risco para trombo-
mentosa antitrombótica. Essa condição se mostra pre- se arterial é a arteriosclerose. A trombose venosa
valente, considerando que problemas cardiovasculares acontece em decorrência de imobilização, cirurgia,
afetam grande parte da população. Objetivo: construir medicamentos, obesidade e condições genéticas. O
um protocolo clínico para o Serviço de Odontologia evento tromboembólico resulta de um desequilíbrio
e Estomatologia do Hospital das Clínicas de Ribeirão entre o estímulo trombogênico e os mecanismos de
Preto da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
proteção1,2.
Universidade de São Paulo, a partir de evidências cien-
tíficas. Revisão de literatura: foi realizada uma pesquisa A fim de prevenir, primária ou secundariamen-
bibliográfica nas bases de dados eletrônicas Scientific te, eventos tromboembólicos, são utilizadas tera-
Eletronic Library Online (SciELO) e Public MedLine pias com anticoagulantes e/ou antiagregantes pla-
(PubMed), nos idiomas português e inglês, do período quetários. A terapia antitrombótica está indicada
entre 2013 e 2017. Após obtenção dos periódicos, fo- na prevenção de trombose venosa profunda, embo-
ram selecionados os que se tratavam de estudos clí- lia pulmonar, trombose e embolização em pacientes
nicos e seguiu-se com tradução, leitura e análise dos com fibrilação atrial e trombose de válvulas cardía-
artigos. Com base nas evidências científicas, optou-se cas. É aplicada também em pacientes com prótese
por construir o protocolo a partir da classe de medica-
cardíaca, para síndromes coronarianas agudas,
mento utilizada pelos usuários de terapia antitrombó-
tica (antiagregantes plaquetários, anticoagulantes orais para pacientes que fazem uso de stents coronaria-
e novos anticoagulantes orais) e orientações (pré, intra nas, pós-acidentes vasculares isquêmicos cerebrais
e pós-operatórias) para cada procedimento odontológi- e cardíacos3-5.
co. Considerações finais: o protocolo clínico estabele- Os antiagregantes plaquetários, além de apre-
ceu parâmetros para condutas clínicas e cirúrgicas em sentarem a propriedade de inibir a formação do
atendimento ambulatorial e hospitalar, possibilitando o trombo induzido predominantemente por plaquetas
cuidado integral aos usuários de terapia antitrombótica. sem interferir de forma significativa nos demais
Futuros estudos clínicos são necessários para validação segmentos da coagulação, são usados devido a evi-
e adequação para seu uso em diferentes serviços.
dências experimentais em que a adesão e agregação
Palavras-chave: Agregação de plaquetas. Anticoagulan- plaquetária ao endotélio vascular é o evento primá-
tes. Fibrinolíticos. Inibidores. Odontologia. Protocolos rio no desenvolvimento de trombose, tromboembo-
clínicos. lismo arterial, vasoespasmo coronariano e, possi-
velmente, no desenvolvimento de lesões ateroscle-
róticas. Os antiagregantes plaquetários mais comu-
mente utilizados são ácido acetilsalicílico (AAS®),
clopidogrel e ticlopidina6,7.
http://dx.doi.org/10.5335/rfo.v23i2.8777
*
Residente do Programa de Atenção Integral à Saúde da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
**
Chefe da Divisão de Odontologia e Estomatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
***
Docente da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
****
Cirurgiã-dentista contratada do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Exame TP no máximo
24 horas antes do pro-
Raspagem cedimento: Profilaxia antibiótica*
subgengival Solicitar ao médico
INR ≤ 3: seguir reco- suspensão da medi-
mendações intra e pós cação 24 horas antes
operatórias e 24 horas após o
procedimento
Biopulpectomia/ INR > 3: não realizar
pulpotomia procedimento e soli-
citar ao médico ajuste Sutura oclusiva 48h - Alimentação
da medicação Compressão de com fria (líquida/pastosa)
Biópsia
gaze + antifibrinolíti- 7 dias - Evitar esforço
co por 20 minutos físico e exposição ao
Extrair no máximo 3 sol e não fazer bo-
elementos por sessão checho e não cuspir
Esponja de fibrina
no alvéolo
Extração simples
Sutura oclusiva
Compressão de com
gaze + antifibrinolíti-
co –20 minutos
Extrair 1 elementos
por sessão
Esponja de fibrina
Extrações complexas no alvéolo
e inclusos Sutura oclusiva
Compressão de com
gaze + antifibrinolíti-
co –20 minutos
* Realizar a profilaxia antibiótica para os casos em que há risco de endocardite infecciosa, segundo critérios de American Heart Association (AHA).
Fonte: autores.
Quadro 2 – Considerações protocolo clínico
* Condições cardíacas consideradas de alto risco para a endocardite infecciosa, nas quais a profilaxia antibiótica é recomendada
previamente aos procedimentos odontológicos
• Valvas cardíacas protéticas ou material protético usado para reparo de válvulas cardíacas;
• História prévia de endocardite infecciosa;
• Doenças cardíacas congênitas (DCC):
- DCC cianótica não reparada, incluindo casos com shunts e condutos paliativos;
- defeito cardíaco congênito completamente reparado com material ou dispositivo protético, se colocado por cirurgia ou intervenção
com cateteres, durante os primeiros 6 meses após o procedimento;
- DCC reparada com defeitos residuais no sítio ou adjacente a ele de um curativo ou dispositivo protético (inibem a endotelização);
• Pacientes que receberam transplante cardíaco e desenvolveram valvulopatia cardíaca.
Terapêutica
A profilaxia antibiótica deve ser realizada com 2 g de amoxicilina 1 hora antes do procedimento ou, para alérgicos à penicilina, 600 mg de
clindamicina 1 hora antes do procedimento.
Hemostasia local
Deve-se realizar introdução de esponja de fibrina no interior do alvéolo, sutura oclusiva e compressão com gaze embebida com 5 mL de
ácido aminocaproico 200 mg/mL ou com 5 ml de ácido tranexâmico 50 mg/mL durante 20 minutos.
Anestésico local
Utilizar prilocaína 3% felipressina 0,03UI ou, no máximo, 2 tubetes de lidocaína 2% epinefrina 1:100 000.
Fonte: autores.