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GUILHERME NEVES

INVESTIMENTOS
E ESTRAT GIAS NECESSÁRIAS

Da Renda-Fixa ao Stock Picking!1


Licenciado para - Alirio Leonardo Scanavacca dos Santos - 38799854805 - Protegido por Eduzz.com
INTRODU ÃO
Para quem não me conhece, eu me chamo Guilherme Neves.
Atualmente trabalho na área jurídica no ramo empresarial (Recuperação
Judicial, Falência e Execução de Títulos Empresariais) e há alguns anos
atuo no Mercado Financeiro nacional e internacional com a prestação de
serviços de consultoria financeira e gestão de patrimônio.
As informações contidas neste livro são provenientes da minha
experiência de aprendizado de vários anos de estudo. Por este motivo, em
nenhuma instância, irei me responsabilizar por erros cometidos caso
descumpra as premissas do material. Você poderá utilizar e ajustar as
informações deste livro de acordo com a sua situação e as suas
necessidades. Mas nunca ignorar os ensinamentos!
Este livro foi escrito em Maio de 2020. As visões das empresas e dos
demais ativos são reflexos desse período. Eles podem melhorarem ou
piorarem no futuro. Por este motivo, este livro não tem a pretensão de
indicar compra, venda ou manutenção de ativos financeiros aqui
citados. Os estudos aqui realizados são baseados no resultado passado.
Ainda, o conteúdo deste livro não tem a intenção de difamar,
desrespeitar, insultar, humilhar ou menosprezar você leitor ou qualquer
outra pessoa, cargo ou instituição. Caso qualquer escrito seja interpretado
dessa maneira, deixo claro que não houve intenção nenhuma de minha
parte em fazer isso.
Por fim, caso você acredite que alguma parte deste manual seja de
alguma forma desrespeitosa ou indevida e deva ser removida ou alterada,
você pode entrar em contato diretamente comigo através do e-mail
neves.guilhermeivt@gmail.com. No mais, boa leitura!

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SUMÁRIO

Capítulo 1 ........................................................................................11
1. Introdução .................................................................................................. 11
1.1 Porque investir ....................................................................................... 11
1.2 Disciplina ................................................................................................ 12
1.3 Tempo ..................................................................................................... 13
1.4 Dívidas .................................................................................................... 14
1.5 Reserva de Emergência ........................................................................ 16
1.6 Girar Patrimônio ................................................................................... 17
1.7 Vender no Fundo em Pânico .............................................................. 18
1.8 Viéses Comportamentais ..................................................................... 20
Capítulo 2 ....................................................................................... 23
2. Renda-Fixa, Variável e o Portifólio ........................................................ 23
2.1 O que é a Renda-Fixa? ......................................................................... 23
2.2 Títulos ..................................................................................................... 24
2.2.1 Poupança ............................................................................................. 25
2.2.2 CDB ..................................................................................................... 26
2.2.3 Públicos ............................................................................................... 26
2.2.4 CDB e LCI de Instituição Financeira Pequena ............................. 27
2.2.5 Debêntures .......................................................................................... 28
2.2.6 Conclusão ............................................................................................ 28
2.3 O que é Renda-Variável? ..................................................................... 32
2.3.1 Ações .................................................................................................... 33
2.3.2 Fundos de Investimentos Imobiliários (FII) ................................. 33
2.3.3 Exchange-T aded F nd (ETF ) ................................................... 34
2.3.4 Fundos Abertos .................................................................................. 34
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2.3.5 Conclusão ............................................................................................ 34
2.4 Formação de Portifólio ........................................................................ 35
2.5 Regra de Paretto .................................................................................... 37
2.6 Entidades ................................................................................................ 38
Capítulo 3 ....................................................................................... 40
3. S/A, Em e a e B n Hold ................................................................. 40
3.1 Sociedades Anônimas (S/A) ............................................................... 40
3.1.1 Constituição ........................................................................................ 41
3.1.2 Tipos de Ações ................................................................................... 42
3.1.3 Eventos Acionários ........................................................................... 44
3.1.4 IPO ....................................................................................................... 46
3.1.5 Follow-on ............................................................................................ 47
3.1.6 OPA ..................................................................................................... 48
3.1.7 Níveis de Governança ....................................................................... 50
3.1.8 Códigos de Negociação ..................................................................... 51
3.1.9 Como Ganhar Dinheiro com Ações............................................... 52
3.1.10 Empresas de Crescimento ou Dividendos .................................. 53
3.1.11 Tamanho ........................................................................................... 54
3.1.12 Setores................................................................................................ 55
3.1.13 Vantagens competitivas .................................................................. 60
3.1.14 Que Tipo de Empresas Selecionar? .............................................. 61
3.1.15 O e o B n Hold? .................................................................. 62
3.1.16 O que é Quality Investing? ............................................................. 63
3.1.17 Tipos de Análise ............................................................................... 63
Capítulo 4 ....................................................................................... 65
4.1 Avaliando Empresas ............................................................................... 65
4.1.1 Demonstrações Financeiras ............................................................. 65
4.1.2 Demonstração de Resultado de Exercício (DRE) ........................ 67
4.1.2.1 Indicadores Fundamentalistas da DRE ....................................... 71
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4.1.3 Balanço Patrimonial (BP) ................................................................. 72
4.1.3.1 Indicadores Fundamentalistas do Balanço Patrimonial ............ 73
4.1.3.2 Análise Prática de um Balanço Patrimonial ................................ 75
4.1.4 Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) ...................................... 76
4.1.4.1 Indicadores Fundamentalistas da DFC ....................................... 79
4.1.5 O Que São Múltiplus? ....................................................................... 81
4.1.5.1 Indicador P/L (preço/lucro) ........................................................ 82
4.1.5.2 Indicador EV/EBITDA ................................................................ 85
4.1.5.2 Indicador P/PVA ........................................................................... 87
4.1.5.3 Indicador Dividend Yield .............................................................. 89
4.1.6 Desconto de Fluxo de Caixa ............................................................ 91
4.1.7 Hipótese do Mercado Eficiente ....................................................... 93
4.1.8 Por Que as Empresas se Endividam? ............................................. 98
4.2.1 Analisando uma Empresa ............................................................... 101
4.2.1.1 Uma Regra Importante ................................................................ 103
4.2.1.2 Análise S.W.O.T............................................................................ 104
4.2.1.3 Vantagens Competitivas .............................................................. 106
4.2.1.3.1 Pouca Rivalidade entre os Concorrentes ............................... 106
4.2.1.3.2 Poder de Negociação com os Clientes ................................... 108
4.2.1.3.3 Poder de Negociação com os Fornecedores ......................... 109
4.2.1.3.4 Baixa Entrada de Concorrentes ............................................... 110
4.2.1.3.5 Ameaça de Produtos ou Serviços Substitutos ....................... 111
4.2.1.4 Conclusão ....................................................................................... 111
4.2.2 Empresas Frágeis e Anti-Frágeis ................................................... 112
4.2.2.1 Análise de Resultados ................................................................... 115
4.2.2.2 Governança Corporativa ............................................................. 116
4.2.2.2.1 Segmento de Listagem .............................................................. 116
4.2.2.2.1 Tag Along ................................................................................... 117
4.2.2.2.2 Free Float .................................................................................... 118
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4.2.2.2.3 Participação Governamental .................................................... 119
Capítulo 5 ......................................................................................120
5.1 Conceitos Gerais Importantes ............................................................ 120
5.1.1 Beta..................................................................................................... 120
5.1.2 Como Aportar Corretamente ......................................................... 124
5.1.2.1 Reserva de Oportunidade ............................................................ 124
5.1.4 Caixa ................................................................................................... 125
5.1.5 O Que Comprar ............................................................................... 125
5.1.6 Quando e Como Vender os Ativos .............................................. 129
Capítulo 6 ......................................................................................132
6.1 Classificação Geral das Empresas ....................................................... 132
6.1.1 Conceito ............................................................................................ 132
6.1.2 Em e a High Q ali ............................................................ 133
6.1.3 Em e a G ea B ine ........................................................... 134
6.1.4 Empresas em Situações Especiais ................................................. 135
6.1.5 Visão Geral das Empresas Listadas em Bolsa ............................. 139
Capítulo 7 ......................................................................................142
7.1 Fundos Imobiliários .............................................................................. 142
7.1.1 Fundos Fechados ............................................................................. 142
7.1.2 No que os Fundos Imobiliários Investem? ................................. 144
7.1.3 Modelo de Estruturação ................................................................. 146
7.1.4 Diferenças entre Fundos Imobiliários e Imóveis........................ 147
7.1.5 Imóveis Físicos ................................................................................. 149
7.1.6 A Legislação dos Fundos Imobiliários ......................................... 151
7.1.6 Por que Investir em Fundos Imobiliários .................................... 153
7.1.7 Segmentos de Atuação .................................................................... 156
7.1.7.1 Lajes Corporativas ........................................................................ 156
7.1.7.2 Galpões Logísticos/Industriais................................................... 156
7.1.7.3 Sho ing Cen e ......................................................................... 158
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7.1.7.4 Títulos e Valores Mobiliários (TVM) ........................................ 159
7.1.7.5 Híbridos .......................................................................................... 160
7.1.7.6 Agências Bancárias ....................................................................... 161
7.1.7.7 Hospitalares ................................................................................... 162
7.1.7.8 Mandato do Gestor ...................................................................... 163
7.8.1.9 Mandato de Finalidade ................................................................. 165
7.8.1.9.1 Desenvolvimento para Renda.................................................. 166
7.8.1.9.2 Desenvolvimento para Venda ................................................. 166
7.8.1.9.3 Renda ........................................................................................... 167
7.8.1.9.4 Título e Valores Mobiliários .................................................... 167
7.8.1.9.5 Híbridos ...................................................................................... 167
7.8.1.9.6 Informações ................................................................................ 168
7.8.1.9.7 Conhecendo o Investimento ................................................... 168
7.8.1.9.8 Documentos ............................................................................... 169
7.8.1.9.9 Vacância ...................................................................................... 171
7.8.1.9.10 Qualidade .................................................................................. 174
7.8.1.9.11 Inquilinos .................................................................................. 175
7.8.1.9.12 Gestores .................................................................................... 177
7.8.1.9.13 Taxa de Administração ........................................................... 177
7.8.1.9.14 Subscrição ................................................................................. 178
7.8.1.9.15.1 Valor Patrimonial da Cota .................................................. 181
7.8.1.9.15.2 Macroeconomia .................................................................... 182
7.8.1.9.16 Fundos Imobiliários para Estudo ......................................... 183
Capítulo 8 ......................................................................................185
8. Investimentos no Exterior ..................................................................... 185
8.1 Porque Investir no Exterior .............................................................. 185
8.2 Como Investir no Exterior ................................................................ 188
8.3 Remessa de Câmbio ............................................................................ 190
8.4 BDR .................................................................................................... 191
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8.5 S ock ................................................................................................... 193
8.6 REIT ................................................................................................... 197
8.6.1 Office ................................................................................................. 198
8.6.2 Industrial............................................................................................ 199
8.6.3 Retail .................................................................................................. 199
8.6.4 Lodging .............................................................................................. 199
8.6.5 Residencial ......................................................................................... 200
8.6.6 Timberland ........................................................................................ 200
8.6.7 Healthcare ......................................................................................... 201
8.6.8 Self Storage........................................................................................ 201
8.6.9 Infrastructure .................................................................................... 202
8.6.10 Data Center ..................................................................................... 202
8.6.11 Conclusão ........................................................................................ 203
8.7 ETF ..................................................................................................... 204
8.7.1 Di idend A i oc a (NOBL) ...................................................... 205
8.7.2 S&P 500 (VOO) ............................................................................... 206
8.7.3 Small-Cap 600 Value (IJS) .............................................................. 207
8.7.4 Vanguard Small-Cap Value ETF (VBR) ...................................... 208
8.7.5 Invesco QQQ Trust (QQQ) .......................................................... 209
8.7.6 MSCI World (URTH) ..................................................................... 210
8.7.7 China Large-Cap (FXI) ................................................................... 211
8.7.8 Invesco DBC (DBC) ....................................................................... 212
8.7.9 SPDR Gold Trust (GLD) ............................................................... 212
8.7.10 iShares Silver Trust (SLV) ............................................................ 213
8.7.11 Vanguard Real Estate (VNQ) ...................................................... 213
8.7.12 Vanguard Global Ex-U.S Real Estate ETF (VNQI) ............... 214
8.7.13 BlackSwan Growth & Treasury Core (SWAN) ........................ 215
8.7.14 Treasury Floating Rate Bond (TFLO) ........................................ 215
8.7.9 Conclusão .......................................................................................... 216
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8.8 Bond ................................................................................................... 216
8.8.1 Diferenças ......................................................................................... 217
8.8.1.1 O Q e S o Bond ? ...................................................................... 218
8.8.1.2 Tipos ............................................................................................... 221
8.8.1.3 Negociando .................................................................................... 224
8.8.1.4 Po Q e Com a Bond ? .......................................................... 225
8.8.1.5 Portifólio ........................................................................................ 226
8.9 Quando Começar a Investir no Exterior ........................................ 228
8.10 Composição de uma Carteira no Exterior .................................... 229
8.11 Análise de Ativos .............................................................................. 229
Capítulo 9 ......................................................................................231
9. Reserva de Valor ...................................................................................... 231
9.1 Introdução ............................................................................................ 231
9.3 Ouro ...................................................................................................... 232
9.3 Prata....................................................................................................... 237
9.4 Criptomoedas....................................................................................... 246
9.5 Dólar ..................................................................................................... 249
Capítulo 10.................................................................................... 252
10. Alocação de Ativos ............................................................................... 252
10.1 Criando um Portifólio sob a Ótica do Risco ................................ 252
10.2 Vantagens e Funcionamento ........................................................... 261
10.3 Direto ao Ponto! ............................................................................... 263
Capítulo 11 .................................................................................... 266
11. A Estratégia ............................................................................................ 266
11.1 Introdução .......................................................................................... 266
11.2 Mitos ................................................................................................... 266
11.2.1 Mais Liquidez = Mais Segurança! ................................................ 267
11.2.2 Renda-Fixa Não Varia! .................................................................. 268
11.2.3 Fundos São Mais Seguros Que Renda-Fixa e Ações! .............. 270
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11.3 Warren Buffet .................................................................................... 272
11.4 Daniel Kahneman ............................................................................. 281
11.5 Nassim Nicholas Taleb .................................................................... 286
11.6 Ray Dalio ............................................................................................ 301
11.7 O All Weather Portifolio ................................................................. 307
11.8 Ambientes de Extrema Depressão ................................................. 321
11.9 Medidor de Depressão da Bridgewater ......................................... 321
11.11 Como Criar um Portfólio All Weather ........................................ 325
11.12 Rebalanceando................................................................................. 330
11.13 O Resultado ..................................................................................... 331

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Capítulo 1

1. Introdução

1.1 Porque investir


Começo este livro de forma direta e sintética... Devemos investir
para conseguir renda passiva (renda que se ganha com os investimentos
sem gastarmos força de trabalho). Isso é algo novo para a visão tradicional
do Mercado Financeiro. A sociedade vê os investimentos como algo
transitório e não como uma forma permanente de acumular patrimônio.
As pessoas acham que terão que investir e depois retirar o resultado
conquistado. Geralmente, esse tipo de público possui como objetivo abrir
um negócio próprio, o que não é errado.
Entretanto, esse é um investimento com diversos riscos (p. ex.,
crises financeiras), possui baixa liquidez (é um dinheiro em que é muito
difícil de se resgatar no curto prazo), demanda tempo (muito pela
administração e a logística), tem que lidar com sócios (o que desgasta
relações) e demanda muito capital inicial (para se abrir uma franquia,
geralmente há a necessidade de se ter um montante considerável, p. ex.,
uma subsidiária do Mc Donald's não costuma sair por menos de
R$1.000.000,00).
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A visão moderna e mais adequada é diferente! Os investidores usam
os investimentos como fluxo de renda passiva. Foca-se em receber
dinheiro todos os meses advindo do patrimônio alocado. Ou seja, o foco
é acumular patrimônio suficiente para alcançar a independência
financeira.
Nessa vertente, são usados, geralmente, investimentos de baixo à
alto risco (pode-se diversificar em Renda-Fixa, caso deseje menos riscos,
ou ainda em Renda-Variável, caso deseje mais retorno), possuem alta
liquidez (possui-se facilidade no resgate no curto prazo, como o Tesouro
Selic que possui liquidez D+11), demandam pouco tempo (é necessário
pouco tempo de análise dos ativos, de modo que sobrará mais para focar
no trabalho e, consequentemente, na produção de mais renda), não
possuem sócios, há pouca necessidade de capital inicial (a partir de
R$10,00 é possível começar a investir de forma satisfatória), e são
investimentos para o longo prazo.
Dito isso, podemos dizer que devemos investir com foco em
acúmulo de patrimônio, com vistas à obtenção de renda-passiva! Até
aqui, nada de novo, se você já é um pouco habituado com o mercado
financeiro. Passemos então para o próximo passo...

1.2 Disciplina
Os juros compostos são a 8ª maravilha do mundo, como uma vez
disse Albert Einstein. Quem entende isso, recebe, e quem não entende,
paga! Se você não saabe, os juros compostos atuam sobre o montante
anterio , e n o ob e o mon an e inicial, o e i a ma e dadei a bola-
de-neve no longo a o. Por exemplo, aportes de R$1.000,00 durante
1
Significa que após o pedido de resgate, o dinheiro estará disponível na
conta da corretora em até 1 dia útil (ou seja, D+1).
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360 meses (10 anos) e sem juros teriam rendido R$120.000,00 ao
investidor. No entanto, com a incidência dos juros compostos (1% ao
mês), o valor quase dobraria, tendo totalizado o importe de R$230.038,69.
Assim, o investidor deve procurar por aportes maiores (investir cada
vez mais capital), realizar aplicações frequentes (investir de forma
recorrente) e ampliar os juros compostos (buscar maiores rentabilidades).
No último caso, há diversas formas de pontencializar esse fator. Elas
serão abordadas durante o livro. Fique tranquilo(a). Por ora, você precisa
apenar saber sobre alguns conceitos básicos sobre o mercado.

1.3 Tempo
Como leciona o mestre Warren Buffet (tido por muitos como o
maior investidor de todos os tempos), algumas coisas levam tempo. Não
existe como 1 (um) beber nascer, com 9 (nove) mulheres engravidando. É
como plantar sementes!
Warren Buffet, nasceu em Omaha (E.U.A) em 1930 e atualmente ele
é o 4º homem mais rico do mundo com uma fortuna de cerca de US$84
bilhões. Ele é o sócio majoritário da companhia Berkshire Hathaway (uma
holding2) e possui uma filosofia simples de investimentos visando o longo
prazo.
Ele também começou do 0 (zero). Trabalhou como entregador de
jornal, chegando a vender Coca-Cola e a trabalhar em clube de Jockey.
Aos 14 anos comprou um terreno em sua cidade, onde o arrendava para
um produtor de milho. Pouco tempo depois comprou a Berkshire
Hathaway junto com seu sócio. Esta, na época, era uma empresa de tecido,
porém ele a renovou e com a geração de caixa começou a comprar
2
Espécie de empresa que detém participações em outras empresas.
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participações em outras empresas (tornando-se uma holding desde então).
Em suma, basicamente, ele propõe que investir é algo que leva
tempo, e este é aliado do investidor de longo prazo. Assim, quanto mais
rápido se começar a investir, melhor. Também prega que se deve
concentrar no tamanho dos aportes e no trabalho (ou seja, concentrar-se
no que está sob controle).
Cabe dizer aqui, que geralmente, os primeiros 24-36 meses são os
mais dificeis para o investidor. Os dividendos3 são baixos e não vemos
resultados expre i o . E a a chamada Zona de Arrebentação . I o
é duro de saber, porém quem tem consciência e continua na jornada, tem
grandes chances de alcançar seus objetivos financeiros. Feitas essas
considerações iniciais, passaremos para um ponto crítico e de suma
importância... As Dívidas.

1.4 Dívidas
Se você não tem dívidas, parabéns! Nunca as faça e pule para o
próximo item, a Reserva de Emergência. Antes disso repito: nunca faça
dívidas! N o e o ma ! T do e em an e do ma men i a, e
tudo que vem depois é baboseira!
Se você têm dívidas não pode ir para nenhum dos próximos itens
(exceto a Reserva de Emergência). Somente podera pagar o que deve!
Pague os seus débitos antes de investir! Mantenha somente a Reserva
de Emergência. Todo o dinheiro ganho deve ser destinado para o
pagamento dos passivos! Investir com dividas é se enganar e terminar
com menos patrimônio! Pague tudo que puder e no caso de dívidas mais
longas compre tempo sempre que possível (ou seja, pagar antecipado as
3
Espécie de participação nos lucros que a empresa te dá por ser sócio dela.
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últimas prestações).
Mesmo o financiamento imobiliário, mesmo dívidas que tenham
taxas mais baixas, devem ser pagas antes de investir! O Governo pode
mudar a regra, a inflação pode disparar4, você pode perder o emprego,
muitas coisas erradas podem acontecer. Enquanto tiver dívidas, o risco
estará presente!
Quem tem dívidas não tem nada! Então pare de comprar, a não ser
o estritamente necessário! Sacrifícios terão de ser feitos por todos da
família ou nunca sairão dessa situação. Acima de tudo não faça novas
dívidas, nem mesmo para pagar as mais antigas. Somente renegociações
com os credores são viáveis. Diga a eles que irá pagar, mas dentro de
condições e taxas ag ei . Sente, negocie e consiga dívidas mais
baratas. Isso faz muita diferença! Quem empresta dinheiro, geralmente
têm margens para negociar.
Da mesma forma que o tempo é seu maior aliado nos investimentos,
ele é seu maior inimigo em relação as dívidas, portanto as mantenha no
menor prazo possível. Considere na renegociação os menores prazos
(desde que esteja dentro do seu orçamento). Nos pagamentos antecipados,
compre sempre tempo, pagando as últimas parcelas. Quanto mais tempo
durar a dívida mais juros e mais dinheiro você vai pagar pela mesma coisa
(e no fim, menor será seu patrimônio).
Venda tudo que puder vender! TUDO! Nada é seu de verdade
enquanto as tiver. Estas posses que não são suas serão bem mais úteis
diminuindo as dívidas. Se não pagá-las, você vai acabar perdendo de
qualquer forma. Portanto, venda tudo que puder, especialmente o carro se

4
Em março de 2020, com a crise do Coronavírus, o IGP-M (índice usado
para correção de empréstimos imobiliários) disparou, o que encareceu as
dívidas advindas dos financiamentos.
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possuir, que além de tudo traz enormes despesas. Depois que não tiver
mais nenhuma poderá comprar o que quiser, desde que tenha dinheiro
para pagar e manter.
No Mercado Financeiro, se você têm dívidas, não há sentido em
investir. Os investimentos rendem bem menos do que os juros dos
passivos. O juros do cheque especial, por exemplo, são de cerca de 8%
ao mês (o que dá algo em torno de 150% a.a juros compostos são juros
sobre juros). Um investimento de risco médio, dificilmente passará de
20% no mesmo período. Assim, temos que, este dinheiro investido rende
bem mais para você pagando os seus credores. Mantenha apenas
Reserva de Emergência em Poupança!
Pense que você está aportando na dívida que é o melhor
investimento que pode fazer se as têm. Não se engane com continhas, elas
não consideram o pior cenário e se esse ocorrer (e ele pode ocorrer)... Já
era!
Todo dinheiro que sobrar (p. ex., 13º salário e férias) use para quitar
as obrigações. Tente não tirar férias, trabalhe mais, arrume outro emprego,
outra fonte de renda e etc. Coloque todo mundo em casa para trabalhar
de alguma forma! Todo o foco deve estar em pagar as dívidas!

1.5 Reserva de Emergência


Como eu disse, outro ponto importante é a Reserva de Emergência!
Esse deve ser o primeiro investimento! Ela, basicamente, serve para
cobrir gastos emergenciais (p. ex., gastos com acidente de carro, quebra de
geladeira, desemprego, investimentos de curtíssimo prazo e etc.).
O ideal é acumular de 3 a 12 meses de gastos pessoais/familiares.
Porém, varia conforme a idade, a quantidade de filhos, se é casado ou
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solteiro, se mora com os pais e etc. Sendo que funcionários públicos
costumam reservarem mais do que celetistas, vez que aqueles têm mais
segurança no fluxo salarial. Assim, temos que, se você possui R$2 mil de
gastos fixo ao mês, o ideal seria que você investisse ao menos R$6 mil na
Reserva de Emergência.
Mas por que na Poupança? Pois ela tem liquidez imediata (você
consegue sacar o dinheiro a qualquer hora e a qualquer dia) segurança (a
cobertura do Fundo Garantidor de Crédito pode te dar até R$250.000,00
caso o banco quebre), não tem Imposto de Renda e ainda rende
aproximadamente 2,5% ao ano.
Há outros veículos onde você também pode deixar a Reserva de
Emergência, como a conta-corrente do Nubank que rende 100% do
CDI, contando com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito.
Alguns também preferem deixar a Reserva de Emergência em
Fundos DI (Renda-Fixa). Estes não contam com o Fundo Garantidor de
Crédito, porém são bem diversidificados por terem várias Rendas-Fixas
que os compõe, reduzindo muito o risco e sendo, praticamente, iguais aos
demais.
Porém, como você está começando, o interessante é simplificar,
então o ideal é alocar a quantia na Poupança.

1.6 Girar Patrimônio


Esse é um dos maiores erros dos investidores iniciantes... Ficar
comprando e vendendo ativos toda hora! Girar patrimônio é ruim, pois
paga-se intermediários e, por consequência, o patrimônio diminui. Por
exemplo, o Governo (através do Imposto de Renda, do ITBI e etc.), a
corretora (através das taxas de custódia e de corretagem) e etc. Siga sempre
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a máxima de que patrimônio não se gira, se acumula!
Também não se deve realizar lucros! Por exemplo, na venda de um
imóvel, 5% do valor recebido vai para o corretor, cerca de 2 a 15% vai
para o Governo e ainda 0,55% vai para o cartório. Tudo isso por conta
dos impostos e das taxas! A mesma coisa acontece com os ativos. Observe:
Ações: paga-se 20% a título de Imposto de Renda na hora da
venda, caso ela ultrapasse R$20 mil no mês com lucros (os impostos
incidem sobre os lucros);
Fundos Imobiliários: também se paga tributos a título de
Imposto de Renda na hora da venda, caso tenha lucros (é a mesma regra
das ações);
Renda-Fixa: paga-se imposto na hora da venda, caso tenha lucro
(o imposto é regressivo e ainda há incidência de IOF nos primeiros 30
dias).
Assim, devemos, ao máximo, evitar pagar os intermediários,
focando-se sempre em acumular patrimônio!

1.7 Vender no Fundo em Pânico


É também um dos maiores erros dos investidores iniciantes!
Durante mais de 200 anos tivemos várias crises e as bolsas de valores se
recuperaram. Por exemplo, a Grande Depressão em 1929, a Bolha das
Pontocom em 2000, a Crise do Subprime em 2008 e mais recentemente o
Coronavírus em 2020. É normal, nesses períodos, as cotações caírem mais
de 50% (as cotações, não a saúde da empresa). Portanto, o ideal é olhar as
Demonstrações de Resultado de Exercícios (espécie de balanço contábil
de um empresa - será abordada em momento oportuno), os planos de
expectativas futuras das empresas e etc., mas nunca as cotações!
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Às vezes, mesmo diversificando em países diferentes, as crises irão
atingir a carteira de investimentos. Em 2008/2009 com a Crise do
Subprime nos E.U.A, sem o Brasil ter nenhuma relação direta com o país,
o Dólar saiu de R$ 1,50 para R$ 2,50 e a bolsa brasileira caiu de 73 mil
pontos para apenas 31 mil. A crise é uma certeza! Na natureza, sistemas
dinâmicos e complexos tendem a orbitar uma média, e sempre voltarem a
ela. Para completar, a existência de bancos centrais vêm e enfiam uma dose
cavalar de anabolizantes5 nesse sistema potencializando os efeitos da crise.
Nesses momentos o irracional tende a tomar conta do racional. Há
incl i e ma eo ia a e ei o do a n o. Ela e chama Teo ia da
Pe ec i a e foi desenvolvida por Daniel Kahneman e Amos Tversky
em 1979 (ambos economistas comportamentais). Em suma, descreveram
o modo como as pessoas escolhem entre alternativas que envolvem riscos,
onde as probabilidades são incertas. Prega a referida teoria que achar
R$100,00 na carteira é bom. Entretanto, perder R$100,00 dela é péssimo
(o efeito na mente é mais intenso)! O ser-humano é averso a perda e o
cérebro é feito para cessar sofrimento.
É importante saber que quanto maior o tempo que levar o
investimento, menor será a variação das cotações. A maioria das
pessoas podem ter retornos extraordinários na bolsa de valores. No
entanto, é aconselhável que elas olhem as cotações 1 (uma) vez por ano,
ou quando forem trocar o óleo do carro, como menciona Peter Lynch. As
oscilações de curto prazo são normais, devendo acompanhá-las o mínimo
possível, enquanto que os fundamentos deve ser acompanhado o
máximo possível.
Se você não sabe o que são as cotações, teu te mostro! Elas são

5
Os Anabolizantes seriam a prática de diminuir os juros e imprimir mais
papel-moeda.
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aqueles gráficos onde mostra a variação do preço das ações (ou cotas, se
for fundos) ao longo do tempo. Vejamos a seguir o exemplo da empresa
Weg:

Essa é uma forma fácil de perceber como o preço das cotações varia
ao longo do tempo, mas sempre numa tendência ascendente. Por isso,
devemos focar na qualidade da ativo, pois como será visto mais a frente,
as cotações seguem os lucros que o ativo proporciona.

1.8 Viéses Comportamentais


Você já ouviu falar sobre a Teoria Econômica Clássica? Bom, ela
prega que os indivíduos são racionais e tomam decisões com base no que
que é melhor para eles. Por exemplo, entre A ou B , deve-se escolher
o que traz mais benefícios.

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Porém, ela não é a única. Há também a Teoria Comportamental que
defende que os indivíduos possuem erros/desvios mentais e tomam
decisões irracionais com base no medo e no subconsciente. Por exemplo,
entre A e B , o indivíduo escolhe o que ele mais quer, não o que é
necessariamente correto.
O mais aceito atualmente é que não é possível escapar de vieses
comportamentais, todavia é possível fazer decisões melhores, os
conhecendo. Dentre os mais comuns, temos:
Viés de sobrevivência: é a tendência de se concentrar nas
pessoas ou nas coisas que passaram por um processo de seleção e ignorar
as que não passaram. Por exemplo, achar que as companhias que
apresentaram o melhor retorno para o acionista no passado serão as
mesmas que apresentarão os melhores retornos no futuro, como
aconteceu com a Cielo;
Viés da heurística da disponibilidade: é a tendência das
pessoas em acharem que um evento irá acontecer, baseando-se no quão
fácil conseguem lembrar de um fato parecido. Po e em lo, a Ambe ai
falir porque a cerveja artesanal é m i o melho , a M. Dias Branco vai
apresentar prejuízos o e a e oa e o e alimen ando melho , ou
ainda a Coca-Cola vai falir porque as pessoas estão tomando menos
ef ige an e ;
Viés da ancoragem de preço: é a tendência de confiar demais
em uma referência do passado ou em uma parte da informação, na hora
de tomar decisões. Por exemplo, comprar ações de uma determinada
empresa porque elas caíram;
Viés da confirmação: é a tendência de o observador procurar ou
interpretar informações de forma que estas confirmem preconcepções
próprias. Investimento e paixão são coisas que não combinam! Por
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exemplo, se você apoia as ideias de uma empresa, haverá uma tendência
muito grande em pesquisar informações boas sobre ela. Temos que tomar
cuidado ao pensar que o investimento é bom, apenas para não ter que sair
e girar patrimônio. Se o ativo é ruim, deve-se vendê-lo;
Viés da aversão a perda: é a tendência de se sentir mais
prejudicado do que realmente foi e menos beneficiado do que realmente
foi. Por exemplo, achar R$100,00 é menos intenso do que perder.
Enfim, esses são comportamentos que levam a decisões ruins e
conhecê-los nos blinda contra vender no fundo em pânico ou a fazermos
escolhas péssimas financeiramente. Sempre os consulte!

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Capítulo 2

2. Renda-Fixa, Variável e o Portifólio

2.1 O que é a Renda-Fixa?


Aqui incia-se a base de um Portifólio de Investimentos... A Renda-
Fixa! Essa é todo investimento que você sabe, a priori, quanto será o seu
retorno no futuro (você sabe qual é o fluxo de recebimento). Toda Renda-
Fixa é um empréstimo (você empresta dinheiro para alguém). Nesses
empréstimos, usam-se indexadores para balizar o retorno. Assim, no
momento do investimento são definidos o valor (p. ex., R$1.000,00,
R$2.000,00 ou R$3.000,00), o prazo (p. ex., 1 ano, 10 anos ou 50 anos e a
rentabilidade (p. ex., juros de 5% ao ano, 10% ao ano, 100% do CDI, Selic
e etc).
O mais comum é os investimentos em Renda-Fixa estarem atrelados
a taxa Selic ou ao IPCA. A primeira é a taxa básica de juros definida pelo
Banco Central. Ou seja, é a taxa de juros que o Governo irá te pagar caso
você empreste dinheiro a ele. A maior parte dos investimentos presentes
no mercado oferecem a rentabilidade da taxa Selic. Assim podemos dizer
que é a taxa em que toda a economia se baseia para dar e tomar
empréstimos. Por exemplo, se a Selic estiver 5% ao ano, quer dizer que se
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você emprestar o seu dinheiro para o Governo ou outra instituição, como
os bancos, e eles te garantirem que o investimento renderá à taxa Selic,
você receberá de juros os 5% ao ano. Isso acontece com o Tesouro Selic,
onde você empresta dinheiro ao Governo, e ele te dá ao ano a
rentabilidade de 2,75%.
O segundo é o IPCA. Esse é o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo que é mensalmente medido pelo IBGE. Ele possui
como função medir a inflação (o aumento puro dos produtos sem
nenhuma demanda adicional).
Como o Brasil é um país com uma inflação relativamente alta, alguns
investimentos estão ligados a esse indicador, de modo que se você, por
exemplo, emprestar dinheiro para o Governo e ele te der 3% de juros + o
IPCA do período, quer dizer que ele renderá 3% + o que vier da inflação
(p. ex., 3%, 4%, 10% e etc.). É ótimo para proteger o dinheiro em um
momento onde a inflação está muito alta, como ocorreu no governo
Dilma, onde a inflação beirou os 15% ao ano.
Resumindo, são contratos de empréstimo que possuem regras de
rentabilidade definidas no momento da compra. Alguns podem ser
negociados antes do prazo (você pode vender antes do prazo final) e todos
te geram renda passiva através dos juros.

2.2 Títulos
A seguir você verá diversas formas de investir o seu capital, e qual
delas é mais vantajosa para o investidor de longo prazo, visto que várias
trazem desvantagens que não compensam os benefícios ofertados, como
é o caso das Debêntures.

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2.2.1 Poupança
A Poupança é formada por títulos (mais precisamente, créditos
bancários). Você empresta dinheiro para a instituição financeira e ela
investe em empreendimentos imobiliários. Ela costuma ter proteção FGC
(ou seja, do Fundo Garantidor de Crédito6) na maioria dos bancos. Se você
tiver qualquer investimento no banco, ele te pagará até R$250 mil se ele
falir.
Quanto a remuneração neste tipo de investimento, ela está expressa
no art. 12 da lei nº 8.117/1991. Temos que ela renderá:
0,5% ao mês: se a taxa Selic for maior que 8,5% ao ano;
70% da Selic: se a taxa Selic for menor que 8,5% ao ano. Por
exemplo, se a taxa Selic estiver em 5% ao ano, a poupança renderá 70%
dela.
Cabe salientar que a Poupança só te remunera no aniversário
mensal. Por exemplo, se você investiu em 1 de janeiro de 2019, você
receberá os juros mensais em 1 de fevereiro de 2019. No dia-a-dia o
rendimento não aparece.
Ela também possui liquidez imediata, ou seja, você consegue
resgatar o investimento feito na hora (até mesmo nos finais de semana).
Também não sofre cobrança do Imposto de Renda, ao contrário de
outros tipos de investimento, como o CDB. Assim, se você resgatar seu
investimento nos outros tipos:
Em até 180 dias: pagará 22,5% sobre o lucro conseguido;

6
Na prática, é uma falácia, pois o que o fundo tem não cobre uma crise
sistêmica geral no setor financeiro. Só o Patrimônio do Banco Itaú é muito
maior que a reserva do FGC.
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De 181 a 360 dias: pagará 20% sobre o lucro conseguido;
De 361 a 721 dias: pagará 17,5% sobre o lucro conseguido;
Mais de 721 dias: pagará 15% sobre o lucro conseguido.
Não existe isso na poupança!

2.2.2 CDB
Ele é chamado de Ce ificado de De i o Banc io . E e i o de
investimento rende uma porcentagem do CDI (Certificado de Depósito
Interbancário). Costuma ser a rentabilidade da taxa Selic.
Normalmente os bancos oferecem um investimento de CDB que
tem rentabilidade abaixo de 100% do CDI, como por exemplo, 70% do
CDI. Os outros 30% que sobram, ficam com o banco na forma de lucro
(a dife en a e chama spread bancário ). De a fo ma, em
praticamente a mesma rentabilidade da poupança, já que tem incidência
de Imposto de Renda também.

2.2.3 Públicos
Esses são títulos de dívidas do Governo. Aqui você empresta
dinheiro para ele e ele te devolve com juros. Você compra através do
Tesouro Direto (o canal do Tesouro Nacional, oferecido por uma
corretora de valores). Temos vários tipos:
Indexados ao IPCA: rendem X% + a taxa da inflação. Por
exemplo, 5% + 10% (se for a inflação do ano). Possuem prazo final.
Assim, quando chegar a data limite o título deixa de existir e todo o
investimento vai para a sua conta da corretora. Por exemplo, Tesouro

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IPCA+ 2024 . Em 2024 todo seu investimento é devolvido de forma
compulsória. É importante mencionar que se pode vender os títulos a
qualquer momento. Por fim, esse tipo de título não tem juros diários. Você
só recebe os juros no final do prazo, ou quando se resgata;
Indexados ao IPCA com juros semestrais: nesse tipo de título,
a cada semestre você recebe os juros ganhos. Também possui prazo final.
Caso se opte por pegar este título, é recomendade que se adquira o de
maior prazo, para não antecipar pagamento de impostos;
Pré-fixados: neste título, já se sabe exatamente qual é a
rentabilidade no vencimento dele. Um ponto importante a se destacar é
que ele não tem a proteção contra a inflação, o que pode ser benéfico ou
não, a depender da situação do país;
Indexados à taxa Selic: são os mais simples, pois rendem a taxa
Selic do período. Por exemplo, se a taxa Selic de 2020 estiver a 4% ao ano,
o Tesouro Selic renderá isso.
Esses títulos servem para formação de patrimônio e para gerar renda
passiva. Ainda é importante dizer que a precificação do ativo é muito boa,
já que o que se paga é o que as grandes instituições negociam. Assim
o em e e em a a da an ilidade a ca ei a de in e imen o.

2.2.4 CDB e LCI de Instituição Financeira Pequena


São muito arriscados (a empresa pode não te pagar), de forma que o
risco é muito grande para o retorno. Ainda, s o lock- , a im, a li ide
é pequena e muitas vezes você é obrigado a levar o título até o
vencimento (não se consegue sacar o dinheiro antes)!
Também, geralmente as corretoras compram os títulos dos bancos
e revendem, ganhando com o ead (dife en a en e o e o de com a
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e o de venda). Por exemplo, a corretora compra um CDB que rende 120%
do CDI, e vende para a pessoa física, com o título rendendo 100% do
CDI, ficando com os outros 20%.
Não são investimentos bons para o investidor de longo prazo!

2.2.5 Debêntures
A debênture é um valor mobiliário emitido por Sociedade de Ações,
representativo de dívida, que assegura a seus detentores o direito de
crédito contra a companhia emissora. Consiste em um instrumento de
captação de recursos no mercado de capitais, que as empresas utilizam
para financiar seus projetos.
Possuem um risco muito alto, já que as que chegam para o
investidor pessoa física são as piores do mercado. Também possuem baixa
liquidez e baixa remuneração se comparada ao risco. Também é arriscada
a compra de debêntures em razão do conflito de interesses, já que os
distribuidores também querem ganhar.
Como dito acima, também são péssimos investimentos para o
pequeno investidor.

2.2.6 Conclusão
O principal risco é o tomador do empréstimo não pagar. Ainda
quanto a ele, o risco do crédito é um balizador para o tamanho da taxa de
juros que você receberá. Quanto maior o valor, maior o prazo, e mais
arriscado o tomador, mais juros você tende a ganhar.
Há também o risco de liquidez. Às vezes é difícil resgatar o
investimento, tendo que esperar até o prazo final. Mas não há esse risco
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nos Títulos Públicos.
Quanto a estes últimos, deve-se evitar os Títulos Públicos pré-
fixados, pois o Brasil ainda é um país inflacionário. São também títulos
curtos, onde o vencimento é muito próximo, sofrendo, assim, com a
incidência do Imposto de Renda.
Também é importante dizer que quanto mais próximo do
vencimento, menos volatilidade o título tende a ter.
É importante saber que algumas agências financeiras fazem estudos
( ela io de a ing ) da alidade do CDB' , das LCI's e etc., e como
há conflito de interesses, já que foram descobertos bancos que pagavam
a a a ag ncia fa e em i a g o a a alidade im do investimentos
ofertados, deve-se tomar cuidado.
No Brasil, eu costumo manter o investimento em Renda-Fixa apenas
com patrimônio alocado à Títulos Públicos. Essa classe de Renda-Fixa é
tradicionalmente composta por ativos de baixo risco que possuem um
retorno atrelado a taxa de juros do País.
Eu, pessoalmente, gosto de focar nos principais ativos que
sintetizam as 3 classes de investimentos mencionadas acima. Vejamos:
1ª sub-classe: são os títulos indexados à taxa Selic (conhecidos
amb m como pós-fixados ). São títulos que se favorecem da subida da
taxa básica da economia, a taxa Selic. Ou seja, se a taxa Selic está em 10%
ao ano, o investidor ganhará 10% ao ano. Porém, se a taxa subir para 11%
ao ano, o investidor, ao invés de ganhar 10% ao ano, agora ganhará 11%
ao ano. Portanto, são títulos que sempre apresentarão retorno positivo, já
que a taxa de juros (em termos nominais) será sempre positiva. Esse é o
fator que faz desse tipo de ativo tão importante em uma carteira de
investimentos. Como não há risco de perdas (a não ser por moratória, o

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que é difícil ocorrer), é fundamental investir neste tipo de ativo para se
proteger de cenários ruins, como crises financeiras, em que diversos ativos
perdem valor. O ativo utilizado para sintetizar essa sub-classe de
investimentos é o Tesouro Selic. Ele representa um índice da Anbima
(Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de
Capitais) que engloba os Títulos Públicos indexados à taxa Selic (LFT).
2ª sub-classe: é formado pelos títulos prefixados. São títulos
que se favorecem da queda dos juros futuros. Diariamente, são negociados
na bolsa contratos futuros sobre a taxa de juros. Eles representam a
estimativa para a taxa Selic em um vencimento futuro. Logo, quanto estas
taxas caem, a taxa dos títulos públicos prefixados também caem e como a
relação entre taxa e preço destes títulos é inversa, o preço destes títulos
sobe. Portanto, são títulos que nem sempre apresentarão retornos
positivos, sendo mais arriscados do que os títulos indexados à taxa Selic,
embora seja rara uma queda prolongada neste tipo de título. Vale lembrar
que os títulos prefixados do Tesouro Direto oferecem um taxa prefixada
anual para o investidor que levar o título até o seu vencimento. Ou seja,
caso o investidor tenha comprado o título com uma taxa de 10% ao ano e
com vencimento em 2025 e ele não vender o título antes desse prazo,
receberá exatamente os 10% ao ano contratados. Porém, o preço desse
título, assim como sua taxa, varia diariamente no mercado. Essa flutuação
de preço é inversamente proporcional a taxa desse título. Quando uma cai
o outro tende a subir e vice-versa. Assim, caso você ache que as taxas de
juros do País cairão em um futuro próximo, esse título será muito bem-
vindo, vez que o preço dele aumentará (é assim que se ganha com a
marcação a mercado);
3ª subclasse: títulos indexados ao IPCA. São títulos cujaa
rentabilidade está atrelada a 2 (dois) fatores. O primeiro é a taxa de juros
futura. Da mesma forma que os títulos prefixados, quando ela sobe, o
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preço destes títulos tende a cair devido a relação inversa entre taxa e preço.
O segundo fator é a taxa de inflação futura. Assim como existe uma
expectativa dos investidores pela taxa de juros futura, também existe uma
expectativa para a taxa de inflação futura. Como os títulos indexados ao
IPCA tem seu retorno dado pela taxa de juros prefixada adicionada a taxa
futura da inflação, quando a taxa da inflação futura sobe, o rendimento
desse título melhora. Imagine que você comprou um título indexado ao
IPCA com taxa prefixada de 6% com vencimento daqui a 1 ano. Você não
sabe ainda qual será a inflação daqui a 1 ano, mas você terá como
rendimento os 6% + a inflação neste período. Supondo que a inflação foi
de 4% você terá um rendimento de 10% (6% + 4%). Esse exemplo facilita
o entendimento da rentabilidade de um título indexado ao IPCA, mas na
realidade o seu rendimento seria maior do que 10%, já que a conta correta
é (1 + 0,06) × (1 + 0,04) 1 = 10,24%. Portanto, são títulos que nem
sempre apresentarão retornos positivos e são mais arriscados do que os
títulos prefixados, já que embutem duas variáveis (juros e inflação) na
determinação do seu preço, o que aumenta a incerteza e,
consequentemente, o risco. Novamente, vale lembrar que o investidor cuja
intenção é levar o título até o vencimento receberá a taxa contratada no
momento da compra adicionada da inflação no período, independente da
flutuação da taxa de juros após a compra.
Você deve ter notado que existem diferentes tipos de Títulos
Públicos que se comportam de maneira única em diversos cenários. Logo,
separei abaixo os 3 (três) tipos de títulos e os principais cenários que
podem influenciar o preço e taxa destes títulos, categorizando se o efeito
do cenário futuro será positivo ou negativo para o tipo de título. Vejamos:

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A alta nos juros é positiva nos títulos indexados à taxa Selic porque
faz com que os juros oferecidos por esse título aumentem, conforme
mostramos no exemplo em que a taxa era de 10% e passou para 11%,
elevando ligeiramente a inclinação do valor do título ao longo do tempo.
Entretanto, no caso dos títulos prefixados e indexados ao IPCA, o
efeito é negativo, já que o aumento da taxa dos juros reflete um aumento
da taxa oferecida por esses títulos. Como a relação entre preço e taxa é
inversa, o preço destes títulos tende a cair. A analogia contrária pode ser
aplicada para a queda nos juros.
No caso da inflação, o efeito é diferente. Ele é negativo nos títulos
indexados à taxa Selic e prefixados porque uma maior inflação diminui a
taxa real (descontada a inflação) do investidor. Entretanto, nos títulos
indexados ao IPCA o efeito é positivo/neutro, já que a maior inflação se
reflete em um maior retorno do título e/ou não muda nada. A analogia
contrária pode ser aplicada para a queda da inflação.

2.3 O que é Renda-Variável?


Agora falaremos da parte mais interessante da carteira... A Renda-
Variável. Este é um tipo de investimento que possui fluxo inconstante e
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imprevisível no tempo. É todo investimen o e oc , a io i , n o
sabe o retorno futuro (os resultados não são fixos). Tem risco maior do
que a Renda-Fixa, porém com possibilidade de maiores retornos. Você
define o valor do investimento, mas não é definido prazo, e o fluxo de
recebimentos.
Assim, resumidamente, temos que possuem maiores
imprevisibilidades, maiores riscos, possibilidades de maiores retornos e
que diversificam o portifólio. Temos como exemplo de Renda-Variável as
A e , o ETF , o Fundos Imobiliários, os Fundos Abertos, o REIT
e etc.

2.3.1 Ações
É uma porcentagem de participação em uma empresa. Possuem
possibilidades de terem retornos altos. Oferecem por meio delas a
possibilidade de se tornar sócio das maiores empresas do mundo. Assim
pode-se receber proventos através dos dividendos, dos juros sobre capital
próprio, das bonificações, do crescimento das cotações, das recompras de
ações e etc.

2.3.2 Fundos de Investimentos Imobiliários (FII)


É uma participação em um fundo que investe em imóveis, onde se
pode receber renda passiva mensal através dos dividendos. Por lei, os
Fundos Imobiliários devem distribuir 95% dos aluguéis.
É possível assim, ter participação em imóveis de alto valor, através
de uma fácil análise dos ativos. Possuem como ponto positivo também,
terem 1/3 da volatilidade das ações.

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2.3.3 Exchange-Traded Fund’s (ETF’s)
Os Exchange-Traded Fund , o ETF , são fundos que
replicam índices. Possuem como ponto positivo a não necessidade de
ter de ficar acompanhando os resultados de cada ativo. Assim, os fundos
são de fácil análise. Em sua maioria, também, possuem baixas taxas de
administração, pois não possuem gestores fazendo gestão ativa dos
fundos. Muitas vezes é até um robô que faz o balanceamento da carteira.
Alguns dizem que o ponto negativo deles está na não distribuem
dividendos, já que o fundo reinveste nele próprio, aumentando o preço
das cotações (nos E.U.A eles distribuem).

2.3.4 Fundos Abertos


São os Fundos Multimercados (investem em vários produtos), de
Ações, de Renda-Fixa e etc. Possuem gestão profissional por trás do
fundo, já que há especialistas que fazem o gerenciamento dos ativos, o que
pode ser um ponto negativo, pois o investidor fica distante da análise. Por
conta dessa gestão ativa, as taxas de administração também são altas.
Alguns também possuem altas taxas de performance, o que quer
dizer que se o fundo ultrapassar determinada rentabilidade, você pagará
mais taxas.
Por fim, costumam terem retornos inferiores à média do mercado,
já que vários gestores não conseguem superar os índices (há, inclusive,
diversos estudos sobre isso).

2.3.5 Conclusão
O pior risco desses ativos é de as empresas/imóveis quebrarem. Isso
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pode acontecer por baixa geração de Caixa, perda de contratos
importantes (como o caso da Smiles, da Multiplus e da Wiz) ou ainda por
alto endividamento.
Também possuem o risco de mercado, ou seja, o risco de vender os
ativos com preço menor do que os comprou, já que a cotação varia (dentro
de uma tendência, claro).
Também há o risco de governo, já que o Estado pode intervir na
economia e no setor da empresa, seja na elevação das taxas de juros,
interferindo na regulação e desregulação dos setores, ou concedendo
isenções fiscais.
Assim, deve-se procurar empresas com resultados resilientes, evitar
setores/empresas com ingerência do Estado e saber que existe o referido
risco de mercado.

2.4 Formação de Portifólio


É importante dizer que quando se monta um portifólio de
investimento existem 2 (dois) tipos de gestão:
Ativa: nela há Ações, Fundos Imobiliários, Moedas, Bond
(Títulos Americanos) e etc. Escolhe-se os ativos individualmente, de
modo que a análise se torna mais difícil. Tenta-se obter ganhos maiores
que o mercado selecionando ativos de maior qualidade. Possui como
pontos positivos a possibilidade de retornos maiores e o recebimento de
renda passiva. Porém possuem como pontos negativos a demanda de
tempo para a análise individual de cada ativo e o esforço psicológico de
acreditar no está fazendo para o longo prazo. Funciona melhor para quem
quer se dedicar ao estudo do mercado fazendo dele, eventualmente a sua
profissão (caso queira);
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Passiva: geralmente é feita através de ETF's. Aqui não se escolhe
os ativos (apenas se expõe a média do mercado). Obtém-se ganhos com o
crescimento do mercado que acompanha os índices (na maioria das vezes).
Não demanda tempo de análise e nem esforço psicológico, gerando mais
tranquilidade. Porém, possuem como pontos negativos o retorno ser,
no malmen e, a m dia do me cado e o fa o de e no B a il, o ETF n o
distribuírem renda passiva (os dividendos são reaplicados no próprio
fundo aumentando a participação). Funciona melhor para quem quer se
dedicar 100% do tempo a profissão e não ao mercado, como os
empresários.
Pode-se utilizar dos 2 (dois) modos de investimento, tendo parte da
carteira em gestão ativa, e outra em gestão passiva, com os ETF's. Não
existe melhor ou pior, apenas diferença de perfil!
Agora quanto a porcentagem destinada a Renda-Fixa ou a Renda-
Variável, de forma sintética, não há regra. Você deve estar tranquilo com
seu patrimônio. De modo que, quanto mais avesso a riscos, menos Renda-
Variável deve se ter. Só invista em Renda-Variável o patrimônio que você
aguenta ver cair durante 10 anos (obs.: empresas boas se valorizam
mesmo nos momentos de baixa do mercado).
Entretanto, conforme envelhecemos, mais deve-se evitar riscos, pois
não temos tempo para ver o mercado reagir, menos geramos renda com
nosso trabalho e mais avessos a riscos ficamos. Assim podemos ter
diferentes estratégias de investimos!
Dito isso, podemos adotar uma estratégia da seguinte forma:
Conservadora: tendo apenas Renda-Fixa distribuída no Brasil e
nos E.U.A (a famo a Bond );
Mista: tendo tanto Renda-Fixa, como Renda-Variável no Brasil e

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nos E.U.A. Aqui é recomendável subtrair o nº 100 menos a idade, de
modo que quanto menor a idade, mais Renda-Variável na carteira é melhor
se ter.
Agressiva: só tendo apenas Renda-Variável aqui no Brasil e nos
E.U.A.
Porém, eu particularmente, oriento a manter a seguite divisão caso
esteja começando agora:
18-50 anos: 60% Renda-Variável e 40% Renda-Fixa.

Mais a frente veremos formas mais profissionais de se alocar um


patrimônio. Fique tranquilo!

2.5 Regra de Paretto


Esse tópico está ligado ao último visto. Para quem não sabe, esse é
um princípio que prega que 80% dos resultados são gerados por 20% das
causas. Por exemplo, se você treinar 20% do que um profissional treina,
em média você terá 80% dos resultados dele.
Assim, de modo semelhante, os seus 20% primeiros aportes
resultam em 80% do seu patrimônio. Os primeiros aportes são os que
mais rendem juros, pois ficam mais tempo na carteira. Por isso é
indicado ficar um tempo maior na Renda-Variável logo no começo do
processo de construção de patrimônio, uma vez que os juros provenientes
da Renda-Variável são históricamente maiores do que os proporcionados
pela Renda-Fixa.

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2.6 Entidades
Agora, mudando um pouco o assunto, falarei sobre as entidades
financeiras mais conhecidas no mercado financeiro. De modo resumido,
as entidades que necessitamos conhecer são:
Corretora: é um ambiente de negociação de ativos. Tem a função
de fornecer um local de negociação das Ações, dos Fundos Imobiliários,
do Tesouro Nacional e etc. entre os investidores. No Brasil, a única
empresa que faz esse serviço é a B3 - Bolsa, Brasil, Balcão. Ela realiza as
negociações em nome dos investidores;
CBLC: é a chamada C ma a B a ilei a de Li ida o de
C dia . m de a amen o e e i e den o da B3. o local onde a
Ações e os Títulos ficam custodiados (guardados) em nome dos
investidores e em seus CPF ;
Escrituradores: são os bancos responsáveis pela escrituração das
Ações das empresas listadas na bolsa. Possuem a função de ser o canal
entre os investidores e as empresas no que se refere as transações
financeiras;
Tesouro Direto: é o canal entre o investidor e o Tesouro
Nacional. É por meio desse canal que a corretora conecta o pequeno
investidor ao Tesouro Nacional.
Das entidades, a que possui mais relevância para o investidor é a
corretora de valores. Cabe salientar que ela é um meio para adquirir as
Ações, os Fundos Imobiliários, o ETF e etc. Quanto a esta, deve-se
escolher uma corretora sólida (ou seja, que tenha uma grande instituição
por trás), que possua um bom suporte aos clientes e um custo de
corretagem de menos de R$20,00 por ordem (devemos evitar as que
cobram corretagens altas e taxas extras variáveis).

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Para abrir conta é fácil e simples! Geralmente o processo é feito
pelo próprio site da correta (com envio de documentação) e em 2 dias
você já tem o acesso a plataforma. Posteriormente, você deve transferir o
dinheiro para aquela conta (lhe será fornecido login e senha, geralmente
por e-mail). Lá você poderá ter 2 (dois) tipos de ambientes para comprar
os ativos: o ambiente fracionário, onde se compra menos de 100 Ações
(no caso de empresas) ou Cotas (no caso de Fundos Imobiliários e ETF ),
e o ambiente integral, onde se compra o lote com mais de 100 ações (ex.:
sempre 100, 200, 300 e e c., oi a a e eb ada e o
automaticamente negociadas no mercado fracionário). Assim, caso o
indivíduo compre 100 ações, ele pagará 1 corretagem. Porém, caso ele
compre 150 ações, ele pagará uma do lote integral e outra do lote
fracionado.
Quando se quiser requerer a venda de Ações ou outros Títulos,
deve-se saber que os valores só saem da sua conta 3 dias depois (ou seja,
possuem liquidez de D+3, em regra, pois alguns investimentos possuem
liquidez imediata ou mais de 3 dias).
Por fim, deve-se saber que o horário de funcionamento da bolsa de
valores, no Brasil, é das 10h00min às 16h55min, devendo-se evitar dar
ordens na primeira e na última meia-hora do pregão por conta da falta de
liquidez.

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Capítulo 3

3. S/A, Empresas e Buy n’ Hold

3.1 Sociedades Anônimas (S/A)


As Sociedades Anônimas (empresas que possuem Ações) são
egida ela lei n 6404/1976, a chamada Lei da S/A . S o em e a
que possuem seu capital social divido por Ações (e não cotas).
Seus acionistas possuem responsabilidade limitada, ou seja, só
respondem pelos resultados da empresa (lucro ou prejuízo) na medida do
que investiram. Por exemplo, se a empresa está endividada e precisa pagar
os credores, o acionista não é chamado para resolver o problema com
seu próprio capital particular e sim com somente o que investiu. Esse
é um ponto que causa dúvidas em iniciantes. Assim, de forma sintética,
não existe a possibilidade de se perder mais do que investiu!
A empresa é financiada pelos acionistas. O acionista empresta capital
para que a empresa possa ter sucesso no objeto social que desempenha
suas atividades.
Cabe salientar também que os sócios não se confundem com a
equipe trabalhadora/gestora da empresa. Aqueles apenas compram parte

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da empresa emprestando capital. Enquanto que estes de fato exercem suas
forças trabalhistas para desenvolverem a atividade fim da empresa.
Ainda, as sociedades anônimas são dívidas em:
De capital fechado: não possuem Ações negociadas em bolsa de
valores.
De capital aberto: possuem ações negociadas em bolsa de
valores. Ex.: Vale, Itaú, Ambev, Lojas Renner, Localiza e etc.

Podem ainda possuírem sócios:


Pessoas físicas: são as pessoas naturais comuns. É o tipo de
sócio mais comum;
Pessoas jurídicas: o a o a em e a (ge almen e holding ,
como a Berkshire Hathaway).

3.1.1 Constituição
As sociedades anônimas são formadas por algumas instâncias de
deliberações (discussões). São elas:
Assembleia Geral: é a instância máxima onde os acionistas
deliberam sobre os rumos da empresa;
Conselho de Administração: é de instância inferior as
Assembleias e deliberam sobre as diretrizes da empresa. São membros
eleitos pelos acionistas;
Diretoria: é de instância inferior ao Conselho de Administração.
Tem função operacional e de enviar propostas aos conselhos.

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Todas também possuem um Estatuto Social (um documento geral).
Dentre as funções dele, destaca-se:
Definição do objeto social: define com o que a empresa
trabalhará (ex.: se é fabricação de cerveja, medicina diagnóstica, exploração
de petróleo, varejo de moda, e etc.);
Definição do capital social: define qual será o montante, entre
dinheiro investido e patrimônio, que fará parte da empresa;
Definição dos dividendos: define a política de distribuição dos
dividendos aos acionistas. Quando não definido será de 25% conforme
art. 202 da Lei das S/A.
Definição do trabalho dos órgãos: define como se dará o
trabalho dos órgãos das empresas que funcionam na sociedade anônima,
os poderes inerentes e etc. Os órgãos serão as Assembleias, os Conselhos
de Administração, as Diretorias e etc.

3.1.2 Tipos de Ações


De modo sintético, uma sociedade anônima de capital aberto pode
possuir 3 (três) tipos de ações. Observe:
Ordinárias (ON): são ações que possuem direito a voto em
Assembleia. Os acionistas votam e os conselheiros de administração ditam
os principais rumos da empresa. Por isso são as mesmas ações do
controlador. São negociadas com o nº 3 no final do nome (ex.: ITUB3,
ITSA3, LREN3, RENT3, MGLU3 e etc.). Por lei possuem Tag Along
(direito de venda conjunta com o acionista majoritário, em caso de venda
da companhia) de pelo menos 80%, o que traz mais segurança. Por fim,
possuem participação nos dividendos e são mais seguras para o sócio de
longo prazo (principalmente pelo Tag Along);
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Preferenciais (PN): são ações que não possuem direito a voto
em Assembleia. Por isso não são as ações dos controladores. São
negociadas com o nº 4 no final do nome (ex.: ITUB4, ITSA4, BIDI4 e
etc.). Podem ou não terem Tag Along. São ações mais arriscada para se ter
no longo prazo. Isso ocorre porque, geralmente, os controladores emitem
a e PN a a ca i ali a em recursos sem perder o controle da
companhia. É de se estranhar que uma empresa precise de tanto dinheiro
para financiar suas atividades, não é? Cabe destacar que elas ainda possuem
direito de preferência no recebimento de dividendos (mínimo de 25% do
Lucro Líquido), possuem possibilidade de serem remunerada com 10% a
mais de dividendos do que as ON's (na prática o mercado paga mais caro
nas PN's, o que não compensa o dividendo maior) e não podem
representar mais do que 50% das ações emitidas (art. 15 da lei das S/A),
pois um acionista com apenas 1 (uma) ação ON poderia controlar a
empresa, se as demais ações no mercado fossem apenas PN ;
UNIT: são blocos de ações formadas pela união das ON's com
as PN's. São negociadas com o nº 11 (ex.: BIDI11, SANB11 ADRE11,
SULA11 e etc.)
Para o longo prazo o ideal é ter ações ON com liquidez. São ações
que possuem direito a voto, praticamente recebem os mesmos dividendos
das demais, são as ações dos controladores, o que garante mais segurança
e que por lei possuem direito ao Tag Along de no mínimo 80%.
S o fa o de a em e a o i PN e/o Uni j de an ajo o,
pois transparece que a gestão da companhia não está preocupada com
o minoritário e que não descarta a possibilidade de venda da
companhia, pois como ela possui todas as ações ON, ou a maioria delas,
o controle da empresa fica na mão da gestão (leia-se sócio majoritário).
Obs.: alguns bancos possuem ON e PN pela dificuldade de ingressarem
no Novo Mercado (seguimento mais rigoroso e transparente). São
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empresas que são exceções, como é o caso de Itaú e Bradesco, por
exemplo.

3.1.3 Eventos Acionários


São eventos que impactam o relacionamento com os sócios
minoritários. Todos os eventos acionários são comunicados pelas
empresas através dos Fatos Relevantes divulgados ao mercado,
disponíveis tanto no site de relacionamento com os investidores da
empresa (o famo o Si e de RI ), quanto pela bolsa de valores.
Todos os eventos são marcados com data EX e data COM .
Observe e entenda:
Data COM: data máxima em que os acionistas detentores das
Ações terão direito de participar dos eventos acionários.
Data EX: dia posterior à data COM , e, portanto, a data inicial
em que o acionista não tem mais direito de participar do evento acionário.
Assim temos que se a companhia anunciou o pagamento de
dividendos com Data Com em 01/01/2020, significa que se você comprar
ações daquela empresa até essa data, você terá direito de receber o
provento. A Data Ex será o dia 02/01/2020, ou seja, a data em que você
passará a não ter mais direito de participar do evento.
São exemplos de eventos acionários:
Dividendos: são as distribuições de parte do resultado
(Lucros) da empresa aos acionistas. Cabe salientar que o que remunera os
sócios são os lucros e não os dividendos. Por exemplo, 100% de
Dividendos de um lucro de R$1 mil não é nada! Ainda, é importante
saber que o mercado desconta a saída dos dividendos da empresa para o

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bolso dos acionistas. Isso pode ser visualizado no preço das cotações, que
sofre queda após a distribuição, afinal a empresa perde valor de mercado
já que saiu patrimônio do seu Caixa;
Juros sobre capital próprio: é um tipo específico de provento
que permite a empresa abater do resultado (mas antes do Lucro Líquido)
e pagar menos impostos, porém ele é tributado em 15% na fonte. Na
prática, são uma via de mão dupla: os investidores saem felizes por
receberem uma remuneração extra de acordo com o desempenho do seu
investimento e as empresas utilizam deles como um artifício contábil para
pagar menos impostos. Isso porque os pagamentos dos juros sobre capital
próprio, na linguagem contábil, são considerados como despesas por
serem realizados antes do Lucro Líquido. Como os lucros da empresa
dimin am , o Im o o de Renda ai incidir sobre um valor menor e a
companhia pagará menos tributos à Receita Federal;
Bonificação: a empresa emite novas ações para os atuais
acionistas, alterando algumas contas do Patrimônio Líquido, para reter os
valores do Lucro dentro da empresa. Quando a empresa muda os recursos
da Reserva de Lucros para o Capital Social, a empresa consolida o valor
dentro dela facilitando a tomada de novas dívidas. Como os Dividendos,
o mercado reconhece a emissão de novas Ações e reduz na cotação. Em
suma, facilita com que a empresa possa tomar mais crédito pois as novas
Ações formam um patrimônio que fica dentro da companhia aumentando
o Capital Social. Por fim, é importante saber que se algum acionista tiver
frações de ação a empresa irá juntar as de todos os outros acionistas e irá
vendê-las no mercado, e consequentemente o resultado será creditado nas
contas das corretoras de todos eles;
Desdobramento (Split): ocorre quando a empresa altera o
número de ações no mercado dividindo-as. Geralmente, acontece
quando as cotações estão bem altas, em uma tentativa de trazer mais
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liquidez para o mercado da empresa (se as Ações possuem preços
menores, os acionistas que possuem menos capital conseguem ter acesso).
Não tem nenhum efeito contábil nos resultados da companhia;
Agrupamento (Inplit): esse evento é o oposto do que ocorre no
Desdobramento. Ocorre quando a empresa altera o número de Ações no
mercado somando-as. Geralmente, ocorre quando as cotações estão bem
baixas (abaixo de R$1,007). Também não tem nenhum efeito contábil na
empresa;
Bônus de subscrição: quando as empresas precisam emitirem
novas Ações, é dado o direito aos acionistas atuais de comprarem esses
papeis por um preço menor do que o valor de mercado. Também é
facultado aos acionistas atuais a poderem vender o direito de subscrição.

3.1.4 IPO
O IPO chamado de Oferta Pública Inicial , o em ingl ,
Investiment Problably Overpriced . O eja, a empresa passa a ter
Ações negociadas em bolsa de valores. Alguns sócios detém todas as
ações, e para venderem suas partes abrem capital na bolsa. Por exemplo,
a em e a A o i 2 (doi ) cio , cada m endo dono de 50% da
empresa. Ambos decidem venderem metade das ações que possuem.
Assim, fazem IPO da empresa na bolsa de valores colocando 50% da
empresa a venda para novos acionistas.

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Quando as Ações estão abaixo de R$1,00, elas passam a serem chamadas
de Penn S ock , o eja, Ações de Centavos . Em geral, são emitidas
por companhias em profundas dificuldades financeiras e apresentam
pouquíssima liquidez, o que torna a venda difícil em virtude da escassez
de compradores. Esses fatores levam as Penny Stock s a serem
consideradas ações de altíssimo risco, como é o caso da OI.
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Dentre os principais motivos para se fazer um IPO temos:
Aumentar o nível governança corporativa: dá-se mais
transparência, uma vez que para abrir capital deve-se preencher diversos
requisitos legais presentes na lei das S/A, bem como realizar várias
auditorias e diversos outros procedimentos legais;
Dar saída para os antigos acionistas: é mais fácil vender a
parcela de que são donos para um mercado bem grande;
Aumentar a transparência dos resultados: uma vez que o
lançamento dos balanços deve também preencher diversos requisitos
apontados por lei, como a divulgação trimestral, a Demonstração de
Resultado de Exercício, diversos dados detalhados e etc.;
Captação de dívidas mais baratas: com a listagem das ações
em bolsa, geralmente os credores sentem mais confiança para
emprestarem capital a juros mais baixos, pois se presume que um empresa
listada em bolsa é sólida o bastante para honrar seus passivos
(principalmente pelo tamanho e pela possibilidade de emissão).
Cabe salientar que se deve evitar comprar ações em IPO.
Normalmente os donos das ações quando resolvem lista-las em bolsa de
valores tendem a vender as ações pelo maior valor possível. Fora isso,
próximo de realizar o IPO (em uma espécie de momento pré-IPO), eles
tendem a forçar uma eficiência muito alta e insustentável no longo prazo
da empresa, como ma fo ma de ma ca a o dado da companhia. É
recomendável esperar pelo menos 2 anos após a listagem para posicionar-
se nela.

3.1.5 Follow-on
O Follow-On , amb m conhecido como Oferta Subsequente de
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Ações , o nome dado ao e en o onde ma em resa que já possui capital
aberto emite mais Ações para serem negociadas no mercado.
Quando uma empresa fechada resolve abrir seu capital, ela realiza a
sua oferta primária de ações (IPO). Entretanto, essa mesma empresa pode
emitir e vender mais Ações posteriormente no mercado, em um processo
conhecido como Follow-On . Um Follow-On ode e ma boa
oportunidade para todos os envolvidos. Com ele, a empresa pode
arrecadar mais capital para expandir suas operações, ao mesmo tempo que,
os sócios também podem vender suas participações. Além disso, o papel
acaba ganhando mais volume e liquidez na bolsa de valores, beneficiando
seus acionistas e indiretamente o mercado.

3.1.6 OPA
É a Ofe a P blica de A i i o que uma empresa realiza para sair
da bolsa (portanto, o inverso do IPO). A empresa simplesmente quer
deixar de ser listada em bolsa de valores. Ela recompra as ações dos
acionistas minoritários. Estes não são obrigados a serem sócios de uma
empresa de capital fechado, por isso a empresa deve realizar a oferta
pública. É interessante ter ciência de que a empresa necessita ter um laudo
dizendo o quanto vale e qual será a oferta a ser feita.
Em suma, esses eventos são riscos para os acionistas, pois podem
serem obrigados a venderem suas participações em prejuízo (apesar de
serem eventos raros). Isso aconteceu com os acionistas do Banco
Daycoval que compraram ações em meados de 2010, por um preço de
R$5,00 e a empresa fechou ca i al ando a co a o ba e em R$3,00.
Apenas a intenção de fechar o capital causa grande oscilação no
preço das cotações, como no caso da Smiles. Observe no gráfico abaixo
que o preço de cotação das ações da companhia caiu de aproximadamente
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R$58,00 para cerca R$32,00 apenas divulgando a intenção de fechar
capital:

Mas como se proteger disso? Devemos diversificar em boas


empresas para diminuir a exposição ao risco, procurar por empresas do
Novo Mercado que possuem um Free Float grande (a empresa necessitará
de muito mais capital para recomprar as ações), bem como a proteção de
Tag Along.
O Free Float é a quantidade de ações da empresa que estão
circulando na bolsa de valores. Quanto mais pulverizado o capital da
empresa, melhor. Se a empresa tiver um controlador, é bom que ele tenha
uma participação não muito grande (não mais 75%). Um “Free Float”
muito baixo faz com que seja mais fácil para os donos fecharem
capital em um momento de baixa do mercado (a empresa Souza Cruz
fez isso).
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Por fim, quando a empresa anunciar a oferta ou a intenção, deve-se
vender as ações imediatamente e alocar o capital em empresas que dão
condições para ser sócio.

3.1.7 Níveis de Governança


O IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) define a
Governança Corporativa como o sistema pelo qual as empresas e as
demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas,
envolvendo os relacionamentos entre Sócios, Conselho de Administração,
Diretoria, Órgãos de Fiscalização e Controle, e demais partes interessadas.
Tudo conforme dispões a lei nº 6404/1976.
A B3 define alguns níveis de governança, onde os mais elevados
tendem a beneficiarem mais os investidores.
Começando do Nível Tradicional, passando pelos Níveis 1 e 2, e
chegando ao Novo Mercado. Veja:

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Aqui, visivelmente, devemos dar preferência ao segmento do Novo
Mercado, uma vez que traz mais beneficios, como a garantia do Tag
Along, apenas ações ON, demonstrações mais transparentes e etc.
Obs.: algumas empresas, como o Itaú, são exceções, visto que são
empresas extremamente grandes o que dificulta a migração para o Novo
Mercado, como dito anteriormente.

3.1.8 Códigos de Negociação


Todos os ativos negociados na bolsa começam com 4 (quatro)
dígitos que definem a empresa e um número que define o tipo de ativo
(pode variar de 1 a 11). Por exemplo, no caso de ações preferenciais do
Itaú, temos o ITUB4. Dito isso, temos também:
ITUB1: ações do Itaú provenientes de bônus de subscrição de
ações ON ;
ITUB2: ações do Itaú provenientes de bônus de subscrição de
ações PN ;
ITUB3: ações ordinárias do Itaú;
ITUB4: ações preferenciais do Itaú;
ITUB9: ações do Itaú em que se exerceu o direito de subscrição
em ações ON ;
ITUB10: ações do Itaú em que se exerceu o direito de subscrição
em ações PN ;
ITUB11: são ações UNIT do Itaú (na prática, o Itaú não as
possui, é apenas para fins didáticos);
ITUB3F: são ações ON fracionadas do Itaú;
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ITUB4F: são ações PN fracionadas do Itaú.

As ações em que se exerceu direito de subscrição, serão convertidas


em PN ou ON . E por fim, na maioria das vezes as ações negociadas
são ordinárias, ou seja, com o final de número 3.

3.1.9 Como Ganhar Dinheiro com Ações


O que gera retorno para o acionista é o Lucro! Nunca, jamais, em
hipótese alguma, esqueça disso! Em algumas situações peculiares a
empresa pode gerar retorno para o acioni a a ena ganhando Market
Share como o ca o da Ama on e d an e ano n nca de l c o, ma
ganhava cada vez mais espaço no mercado.
O Lucro entra para a empresa e sai em forma de dividendos, juros
sobre capital, bonificações, recompras, e etc. para os acionistas. Ou a
companhia também poderá reinvesti-lo. É um ciclo virtuoso, uma vez que
reinvestir mais, geralmente traz mais lucros, e mais lucros trazem maiores
investimentos e/ou dividendos.
No longo prazo, o que aumenta as cotações é um Lucro Líquido
maior e crescente. Ou seja, quanto maior o Lucro Líquido, maiores as
cotações (já que as cotações seguem os lucros da empresa), maiores os
dividendos e maiores os reinvestimentos.
Assim, em suma, o sócio ganha dinheiro com o crescimento das
cotações e com os proventos recebidos.

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3.1.10 Empresas de Crescimento ou Dividendos
Temos basicamente 2 (dois) tipos de empresas listadas em bolsa de
valores. São as empresas de:
Crescimento: distribuem apenas uma pequena parte dos Lucros
em forma de proventos, reinvestindo todo o restante (geralmente o Payout
costuma orbitar uma média de 35%). São empresas que buscam novas
formas de expansão para seus negócios. Costumam serem empresas
novas. São também as empresas com maior risco/retorno, já que são
menos consolidadas em seus mercados e quando conseguem crescimento,
suas as ações se valorizam muito. Temos como exemplo a Fleury, a
Grendene e a M. Dias Branco aqui no Brasil;
Dividendos: distribuem grande parte dos Lucros em forma de
dividendos, reinvestindo apenas uma pequena parte do restante (o Payout
costuma ser de mais de 70%). Geralmente são empresas mais
con olidada , onde o dinhei o e e a ena a a man e o Market Share .
É imporante saber que algumas empresas ainda conseguem distribuir
mais do que obtiveram de Lucro. Isso acontece quando a companhia
distribui parte do Caixa. Porém, não é sustentável no longo prazo.
Também, uma empresa de crescimento tende a se tornar uma empresa de
dividendos. Por fim, são também as empresas com menor risco/retorno,
já que são mais consolidadas tendendo a se manterem em um certo platô.
A Ambev e a Vale são exemplos.
Para saber se uma empresa é de dividendos ou de crescimento basta
dividir os Dividendos pelo Lucro Líquido que assim obtemos o indicador
Payout. Este, quanto mais próximo de 0%, quer dizer que a empresa está
retendo o Lucro Líquido para investimentos.
Em conjunto a isso, é interessante nós observarmos nos últimos
anos se o Lucro Líquido ou o EBITDA (operacional) cresceu. Se sim, é
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sinal que a empresa está ampliando suas negociações.
Ainda, é importante saber que se uma empresa não distribui
dividendos e também não aumenta suas atividades ela está passando por
uma situação financeira ruim (está tendo que pagar as Dívidas) ou está
acumulando Caixa.
Por fim, ressalta-se que no Brasil, essa divisão não é muito clara, uma
vez que uma empresa consolidada pode suspender a distribuição de
dividendos para fazer aquisições. Então preste atenção nos detalhes!

3.1.11 Tamanho
O mais comum é que empresas pequenas sejam empresas de
crescimento e que empresas consolidadas sejam empresas de dividendos.
No entanto, há empresas que fogem a essa regra!
Para se verificar o tamanho de uma empresa (ou seja, o quanto ela
vale) basta multiplicar a quantidade de Ações da companhia pelo preço
unitário de cada uma.
Basicamente temos 5 (cinco) grandes grupos: micro cap’s; small
cap’s; mid cap’s; large cap’s; e blue chip’s. No entanto, cabe dizer que
existem varias classificações e por isso são subjetivas. Enfim, temos como
exemplo a Petrobras que é a maior empresa da bolsa brasileira e assim
considerada uma blue chip , porém é muito menor do que a Apple dos
E.U.A (para você ver como a classificação é subjetiva).
Em resumo, optei por assim classificar:
Micro cap’s: até R$1 bilhão. Ex.: Frasle e a BrasilAgro;
Small cap’s: até R$10 bilhões. Ex.: Banco Inter, Vulcabrás e a
Grendene;
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Mid cap’s: até R$30 bilhões. Ex.: M. Dias Branco, Lojas Renner
e a Engie;
Large cap: até R$100 bilhões. Ex.: Weg, Banco do Brasil
Seguridade e a B3;
Blue chip: acima de R$100 bilhões. Ex.: Itaú, Bradesco e a
Ambev.
Normalmnete, quanto menor a empresa, maiores os riscos. Todavia,
também possuem as melhores possibilidades de retorno. Há de se saber
que algumas vezes uma empresa pode ser considerada pequena, mas ter
g ande Market Share , a im de e-se avaliar o setor.

3.1.12 Setores
Agora, com relação ao cenário de atuação das empresas temos uma
classificação inicial que parte do setor para o subsetor e depois para o
seguimento. De início, quanto aos setores temos:
Consumo-Cíclico: costuma ser fortemente impactado por
crises, variações nas taxas de câmbio ou outros fatores sócio-econômicos
e políticos. Pense no setor de energia. Geralmente, este setor é fortemente
influenciado pelo Estado. As receitas das empresas que atuam neste
segmento são dependentes de contratos de concessão e tarifas estipuladas
pelo Governo. Os fluxos de Caixa são altamente previsíveis quando
comparados com outros setores da economia. Isso se deve aos contratos
de concessão e ao produto comercializado. Em se tratando de energia,
independentemente da situação econômica do País, as pessoas e as
indústrias continuarão consumindo o produto, o que torna a volatilidade
das receitas e, por consequente dos lucros no setor muito menor. Agora
pense em setores altamente afetados por crises econômicas, políticas e até
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mesmo sociais. Provavelmente você está pensando em setores onde os
produtos são supérfluos na vida das pessoas. As indústrias de aviação e
automobilística, por exemplo, são altamente afetadas pela atividade da
economia. Durante uma crise econômica, provavelmente você comprará
remédios caso esteja doente, mas pensará duas vezes antes de trocar de
carro ou de viajar para fora do País. Esse fato reflete no desempenho das
empresas. Olhemos mais de perto o setor de aviação. Em termos de
custos, a indústria é altamente dependente de commodities, seja para a
fabricação de aeronaves (metais e derivados de petróleo) ou seja para
transportar passageiros (combustível derivado de petróleo). Assim é o
setor de Consumo-Cíclico;
Consumo Não-Cíclico: é um setor oposto ao de Consumo-
Cíclico. Geralmente sofre pouco com as crises, variações de moeda e etc.
A indústria farmacêutica se enquadra bem nesse exemplo. Os fármacos
são produtos necessários mesmo em tempos de crises. Caso você fique
doente durante uma recessão econômica, muito provavelmente irá a uma
farmácia adquirir um medicamento que trate os sintomas da doença. É um
dos melhores setores da economia;
Bens industriais: as empresas do setor costumam se valorizarem
bastante nos momentos de crescimento da economia, uma vez que há o
incentivo à industrialização. Porém, o inverso também se aplica;
Tecnologia: é um dos setores mais complicados, pois as
empresas atuantes tendem a terem um Capex8 alto em virtude da
necessidade de se investir em novas tecnologias. Deve-se buscar por
empresas que possuem vantagens competitivas, pois se não há, a empresa

8
CAPEX é a sigla da expressão inglesa Capital Expenditure e que
designa o montante de dinheiro despendido na aquisição de bens de capital
de uma determinada empresa.
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pode sofrer com inovações tecnológicas das concorrentes;
Telecomunicações: é um setor em que não há diferenciação nos
produtos. No Brasil, ainda há a presença de um oligopólio, o que traz a
insatisfação dos consumidores. É um dos piores setores da bolsa de
valores. O WhatsApp9, por exemplo, causou uma preocupação enorme
nas empresas, que só foram salvos pela regulamentação da Anatel, então,
cuidado... Eu, particularmente, fico de fora!
Financeiro: empresas desse setor costumam ganharem dinheiro
até nas recessões (excluem-se as crises financeiras). Isso se dá em virtude
do aumento da taxa de inadimplentes, do aumento dos juros básicos e
con e en emen e, do Spread banc io, e durante os períodos de
crescimentos da economia as empresas ganham com o aumento da
clientela e a venda produtos (previdências, investimentos, empréstimos e
etc.). O setor financeiro, através dos subsetores intermediários, serviços,
previdências, seguros e exploração de imóveis, corresponde a 36,14% do
índice Bovespa. Em um mundo cada vez mais globalizado, com a
educação financei a endo di lgada ociedade, a financei i a o da
economia faz com que os bancos, as fintech s e as instituições monetárias
tenham cada vez mais relevância no mercado. Devido a isso, a necessidade
das pessoas por um intermediador financeiro cada vez será maior. É um
setor com alta lucratividade, em decorrência do spread bancário
praticado pelas instituições financeiras. Todavia, essa maneira de
rentabilidade dos bancos tradicionais está sendo ameaçada pelas startup s,
como o Banco Inter, que apresenta uma valorização de mais de 220%

9
Acredita-se que a crescente queda (a partir de 2015) no uso de serviços
de telefonia está ligada principalmente a dois fatores: uso de aplicativos de
mensagem instantânea como o WhatsApp e o Facebook Messenger, e as
crises econômicas no Brasil, que tem levado cada vez mais consumidores
a e de fa e de e chi e o a o a ena ma o e ado a de cel la .
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apenas nos últimos 12 meses de 2019. Os bancos de maior porte estão
sendo forçados a oferecerem melhores produtos a seus clientes. De toda
forma, é um setor que sempre fará parte da rotina das pessoas,
portanto, é uma opção para o longo prazo. As maiores empresas do setor
aqui no Brasil são: Itaú Unibanco; Bradesco; Banco do Brasil; Banco
Santander;
Materiais Básicos: outro setor que é possível considerar como
e ene . Em e a e com em e e egmen o o em g ande
importância no nosso dia-a-dia. As companhias atuantes nesta categoria
são responsáveis para que matérias-primas, materiais de embalagem e
peças necessárias na produção industrial estejam dispostas na quantidade
e qualidade corretas. As maiores empresas do setor são: Klabin; Suzano; e
Gerdau;
Petróleo, Biocombustíveis e Gás: é um dos setores mais
complicados. Geralmente, as empresas estão atreladas a exploração de
alguma commoditie. Assim, o desempenho das companhias costuma
variar conforme os preços internacionais;
Saúde: é um dos mais promissores no Brasil e do mundo, já que
a população cada vez mais envelhece. Também não é cíclico, já que em
eventuais crises financeiras, sociais e/ou políticas, o consumo de
medicamento e a realização de exames tenderá a continuar o mesmo;
Utilidade Pública: é também um dos melhores setores da bolsa
de valores. Isso se deve em vista das empresas possuírem como objeto de
exploração algo essencial na vida da população. Por exemplo, no subsetor
de água e saneamento, as empresas costumam passarem pelas crises
financeiras de forma bem tranquila, já que as pessoas dificilmente reduzem
consumo de água. O mesmo acontece com as tarifas de esgoto. A maioria
das pessoas continuam as pagando;

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Concluindo, devemos evitar empresas cíclicas pois geralmente
comercializam commodities, como o petróleo, o trigo, o ferro e etc. Não
há diferenciação nos produtos. Assim, as empresas não possuem
vantagens competitivas. As empresas que sobrevivem são as que possuem
menores custos. Por exemplo, a Saudi Aramco consegue extrair com muita
facilidade petróleo na Arábia Saudita, e a mesma coisa acontece com a
Vale, que consegue extrair o minério de ferro da forma mais barata do
mundo.
Ainda, o que define o preço dos produtos é o mercado em geral, e
não a empresa (lembre-se, elas trabalhas com commodities).
Essas empresas cíclicas geralmente acompanham os ciclos
macroeconômicos. Assim, se o país está em uma crescente constante, elas
tendem a se valorizarem, porém o inverso também ocorre.
Temos como exemplo na bolsa de valores os setores de construção
civil (altamente cíclico, pois negocia metro quadrado de terreno uma
commoditie se você não sabia), maquininhas de cartão, exploradoras de
petróleo, de minérios e etc. São empresas altamente alavancadas e então,
sofrem muito nas baixas do mercado.
Feito esses apontamentos, saiba que a análise deve ser feita primeiro
na empresa, pois em qualquer setor pode haver empresas boas ou ruins.
O ideal é não excluir nenhum setor, mas evitar os ruins. Ainda, ter mais
de uma empresa em um setor faz muito sentido. Por exemplo, Energias
do Brasil, Engie e Equatorial são todas do setor de Utilidade Pública e do
subsetor de Energia Elétrica. Todavia, são de segmentos diferentes! A
Engie foca mais em Geração de energia, a Energias do Brasil atua com
mais força no segmento de Transmissão e a Equatorial foca mais no
segmento de Distribuição. O mesmo acontece com a Ambev e a M. Dias
Branco. Ambas são do setor de Consumo Não-Cíclico, do subsetor de

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Alimentos, porém a primeira atua no segmento de Bebidas e a segunda no
de Massas e Biscoitos.

3.1.13 Vantagens competitivas


As vantagens competitivas são características que as empresas mais
lucrativas possuem. Segundo Michael Porter, temos como pontos a serem
observados:
Poucos concorrentes: a empresa tende a ter mais sucesso, pois
há menos entrantes no mercado. O Ma ke Sha e ende a e bem
grande, e consequentemente os lucros também, como é o caso da B3. Só
uma dica... O setor de varejo não a possui!
Dificuldade de novos entrantes: quanto mais dificil para uma
empresa entrar no setor, melhor para as empresas que já estão lá. É mais
fácil para essas companhias se consolidarem. Um exemplo de um setor
com barreiras de entrada é o bancário. Podemos também ter barreiras
tecnológicas, como é o caso da Weg que domina a tecnologia em vários
segmentos de produção de seus motores, de suas turbinas e etc. É muito
caro uma empresa nova ter os mesmos recursos para apresentar as mesmas
tecnologias. Também temos a barreira da credibilidade, onde as marcas
mais consolidadas acabam tendo resultados melhores pois passam mais
segurança e qualidade aos seus consumidores. É o caso da sobredita Weg;
Poder de barganha com os fornecedores: quanto menos
específico for o produto que a empresa necessita para fabricar os seus,
mais facil é barganhar com os fornecedores. Geralmente, são empresas
que compram commodities. São os casos de Ambev e M. Dias Branco.
No entanto, é preciso verificar quantos fornecedores existem. Se existirem
poucos fornecedores de commodities, não haverá poder de barganha,

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como é o caso da Ultrapar que adquire petróleo quase que somente da
Petrobras. Sendo que se ela aumentar o preço do produto, a Ultrapar não
tem saída a não ser comprar dela;
Poder de barganha com os clientes: quanto mais específico for
o produto que a empresa fornece, melhor é para ela. Isso acontece com a
Apple, a Coca-Cola, a Weg e etc. A empresa consegue aumentar o preço
do produto sem grandes dificuldades. O setor de varejo tem um poder
baixo de barganha com os clientes, já que não há diferenciação de
produtos. As empresas que mais lucram são as que se diferenciam no
atendimento, na entrega (fator principal) e etc., como é o caso da Amazon
e da Magazine Luiza.
Nos próximos capítulos retomarei com esse conteúdo de modo mais
técnico. No mais, isso basta para que se tenha uma idéia inicial de como
analisar as empresas. Fique tranquilo!

3.1.14 Que Tipo de Empresas Selecionar?


Investir para longo prazo em small cap s com alto potencial de
crescimento é a chave? Não! Veja:

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Históricamente, desde de 1980 nos E.U.A, as mid/large cap s de
valor superaram muito as mid/large cap s de crescimento. Ainda as small
cap’s de valor foram as que mais trouxeram resultados.
O ideal é a empresa dar lucros consistentes, não importando a
característica. Deve-se sempre priorizar os retornos e desmitificar que
empresas de crescimento são melhores! Há uma tendência de que sejam?
Sim! Mas, o mais importante é a qualidade!
Um ETF in e e an e e e ne 600 em e a mall ca de alo
é o IJS. Ele é negociado nos E.U.A e historicamente, vem batendo o índice
S&P500 com bastante consistência. Então vale a pena guardar seu nome,
pois no decorrer do livro, eu te ensinarei a comprá-lo.

3.1.15 O que é o Buy n’ Hold?


O B n Hold ma metodologia/filosofia de investimentos. É
uma estratégia de gestão passiva de ações (na prática é estendida aos outros
demais ativos), onde o investidor compra ações para o longo prazo e
segura elas o maior tempo possível, independentemente das flutuações do
mercado. Você só deixa de ser sócio das companhias caso os
fundamentos, ou seja, os balanços delas piorem.
Reali a o B n Hold e a i o de ser sócio da empresa,
participando dos ganhos através de dividendos, juros sobre capital e
demais proventos.
Resumindo, é uma filosofia onde se prega ser sócio de boas
empresas o maior tempo possível! É o que iremos fazer, por tanto grave
essa estratégia, pois será necessário seu claro entendimento ao longo do
livro.

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3.1.16 O que é Quality Investing?
É uma outra estratégia de investimentos que busca encontrar
empresas que se destacam por terem uma alta qualidade intrínseca. No
entanto, qualidade é algo subjetivo.
Do conceito do Value Investing , são derivados vários métodos de
se encontrar o valor justo do ativo, e compará-lo com o mercado.
O concei o de alidade é familiar. As pessoas fazem julgamento
sobre qualidade todos os dias. No entanto, ter uma definição clara de
qualidade é algo desafiador.
Pergunte para investidores o que é Value Investing (compra de
ativos subavaliados pelo mercado) e as respostas serão parecidas. Pergunte
o que é Quality Investing e as respostas irão divergir.
Mesmo que a qualidade não possa ser definida, você sabe o que é
qualidade !
Para analisar se uma empresa é de qualidade devemos observar
como ela aloca o capital que vem das vendas das suas ações, o retorno
sobre o capital que ela cria, sua administração, o crescimento de seu
market share , a estrutura do setor, os benefícios que a empresa gera para
os clientes, as vantagens competitivas, as formas de receita, o poder de
barganha, a força da marca, a capacidade de inovação e etc. É uma análise
bem completa!

3.1.17 Tipos de Análise


Basicamente podemos, inicialmente, fazer 2 (dois) tipos de análise:
Top Down: é uma forma de analisar sistemas sob uma ótica
ampla, partindo do maior para o menor. Em investimentos, a análise
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To Do n e ifica imei o a condi e macro-econômicas de
determinados países, setores, indústrias, para depois tomar decisões
baseadas em grupos de ativos. Ex.: se faz uma análise macro global, depois
uma análise macro do país, também uma análise setorial, e por último uma
análise do ativo. Para o acionista a icamen e do m odo B n Hold, é
uma análise menos importante, pois o foco maior é no ativo e não na
economia ou no setor. Isso evita ficar girando patrimônio. Paga-se menos
terceiros, já que a análise se torna mais simples e eficaz. Todavia, esse tipo
de análise pode ser útil para evitar setores ruins, como os setores cíclicos,
de petróleo, de mineração, de incorporação imobiliária, de metalurgia e
etc.;
Bottom Up: essa é uma análise mais importante dentro do
mercado de ações! Parte-se da análise da ação (ou outro ativo) para o setor,
depois faz-se uma análise macro do país, e por fim, uma análise global.
Nesse caso, mesmo em um setor ruim, há empresas que podem fazer parte
da carteira em virtude de serem muito boas. Ex.: EZtec, que apesar de
estar em um setor altamente cíclico, destaca-se no mercado pela gestão
verticalizada, um grande Caixa, pouquíssima Dívida e etc.
O ideal é aliar as duas análises. Sempre olhando as condições sociais
e políticas do país, e a partir daí ficar de olho em cada empresa da carteira.

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Capítulo 4

4.1 Avaliando Empresas

4.1.1 Demonstrações Financeiras


Feitos os esclarecimentos iniciais sobre investimentos (uma espécie
de conhecimento de base), partiremos agora para um capítulo mais técnico
e de maior importância. A partir deste ponto vale redobrar a atenção e
fazer uma leitura mais suscinta do conteúdo, okay?!
Para analisar qualquer empresa listada em bolsa de valores (ou não)
você precisa ter noções básicas de contabilidade. As demonstrações
financeiras são relatórios contábeis que apoiam a tomada de decisão dos
gestores das companhias. São importantes também para apuração dos
valores dos impostos a pagar das Sociedades Anônimas.
Dentre as demonstrações financeiras temos a Demonstração de
Resultado de Exercício que mostra os lucros da empresa em
determinado período. É a demonstração financeira mais importante, pois
são esses lucros que remuneram os sócios!
Temos também o Balanço Patrimonial que mostra todos os ativos
e os passivos da empresa.

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E por fim a Demonstração de Fluxo de Caixa que mostra as
movimentações que foram feitas no Caixa da companhia.
Geralmente, as empresas fazem essas demonstrações financeiras
trimestralmente. Porém, é importante lembrar que no último trimestre do
ano, ao invés das empresas lançarem os resultados do último trimestre,
elas lançam as demonstrações financeiras do ano.
Assim, nos primeiros 3 (três) trimestres há a divulgação dos
Informes Trimestrais (ITR ) e no fim do ano são divulgadas as
Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFP ).
O a o a a a en ega do ITR de 45 dias após o
encerramento do respectivo trimestre, en an o e da DFP é de 3
meses após o término do exercício.
Ainda, emo e o ITR o anali ado elo Con elho Fi cal a
cada ime e e a DFP de em e a o ada elo Con elho de
Administração em Assembleia Ordinária.
Essas demonstrações financeiras são geralmente encontradas nos
sites de relacionamento com os investidores de cada empresa. Ou seja,
cada empresa possui um site que demonstra os resultados para seus
acioni a . o famo o i e de RI . A maio ia da em e a ainda fa em
uma esp cie de Webca com o e l ado , o eja, ma a e en a o
em vídeo detalhando o que aconteceu nos balanços, de forma ao vivo e/ou
g a ada. O ideal le o Press Release ( m doc men o in e i ando o
resultados da empresa e de forma didática), para depois ir ler os balanços
trimestrais, caso queira ver algo mais técnico.
Veja a seguir como é o site de RI das Lojas Renner acessando esse
link: https://lojasrenner.mzweb.com.br/.

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4.1.2 Demonstração de Resultado de Exercício (DRE)
Primeiramente, é importante saber que os lançamentos contábeis
são apurados nos períodos que ocorrem, e não necessariamente nos
períodos de recebimento. Por exemplo, a empresa pagou o aluguél de sua
sede administrativa de 1 ano, à vista, em janeiro, por R$1.200.000,00. Na
DRE, a despesa entrará pró-rata, mensalmente, no valor de R$100.000,00,
ao longo do me e do ano. E e i o de egi o chamado de Regime
de Competência , o eja, o lan amen o o a ados nos períodos
em que eles ocorrem. Pode acontecer também de a empresa estabelecer
no contrato de aluguel que só o pagará de 1 (uma) só vez no final do
contrato. De qualquer forma, a despesa entrará na empresa também em
pró-rata, no valor de R$100.000,00 mensais até o final do ano.
Tamb m im o an e abe e a DRE m filme e e aao
resultado da empresa em um determinado período. Ele poderá ser
trimestral, semestral ou anual. A DRE, basicamente, mostra o quanto da
Receita Bruta da empresa, em um determinado período, virou Lucro após
os gastos.
A DRE começa pela indicação da Receita Bruta e termina com o
Lucro Líquido. Observe:

Receita Bruta (+)


Imp. sobre a Receita (ICMS/ISS), Devoluções e Descontos (-)

A Receita Bruta é o tanto de dinheiro que entrou para o Caixa da


empresa após fazer a venda de seus produtos e/ou serviços. Ou seja, é
tudo o que a empresa recebeu. Após isso, faz-se a dedução (subtração) dos
impostos que ela deve pagar, das devoluções aos compradores (ás vezes
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a empresa deve devolver o dinheiro em razão de produtos
quebrados/danificados vendidos) e por fim, deve-se retirar o que a
empresa concedeu de desconto na hora da venda. Após isso, chega-se a
Receita Líquida.

Receita Líquida (=)


Custo com os Produtos Vendidos (-)

Após se descobrir a Receita Líquida, deve-se deduzir o Custo com


os Produtos Vendidos. São todos os custos que você consegue atribuir
à uma empresa no que se refere ao valor de cada produto produzido. Por
exemplo, em uma empresa de fabricação de calçados, os custos de
fabricação seriam as contas de energia elétrica, os salários dos funcionários
e etc. que divididos pelos calçados produzidos, teríamos um valor de gasto
para cada produto fabricado. Porém, é importante saber que essas
deduções são feitas somente nos calçados vendidos. Após essa dedução
chegamos ao Lucro Bruto.

Lucro Bruto (=)


Despesas com Vendas, Gerais e Administrativas (-)

Após chegarmos ao Lucro Bruto, devemos descontar o gasto com


de e a e e o fo a do ch o de f b ica (fo a do oce o de
fabricação), como as despesas com marketing, com bonificação dadas aos
vendedores (comissões), salário dos funcionários administrativos, energia
elétrica dos estabelecimentos, aluguéis, salário de diretores, de
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conselheiros e etc.
Após essas deduções chegamos ao Lucro Operacional, conhecido
amb m como EBIT ( Earnings Before Interest and Taxes ). Este é
um dos dados mais importantes, pois mostra o que a empresa teve de
resultado puramente, e somente, com as suas operações. Se a empresa não
tem um EBIT positivo, significa que ela não consegue lucrar com a
atividade fim dela. É importante o EBIT sempre estar no positivo e
de preferência crescendo.
Algumas empresas ainda fornecem o EBITDA ( Earnings Before
Interest, Taxes, Depreciation and Amortization ) que não retira do Lucro
Operacional os gastos com depreciação e a amortização. Ele tem a
finalidade de analisar o resultado sem considerar as depreciações e as
amortizações dos ativos e intangíveis de uma empresa. Deve-se preferir o
EBIT ao EBTDA, pois no longo prazo devemos considerar a depreciação
dos equipamentos e dos ativos da empresa como gastos, pois
eventualmente haverá a necessidade de repo-los (ex.: a compra de uma
nova frota de veículos de transporte das mercadorias).

EBIT (=)
Resultado Financeiro (+ ou -)

Achado o EBIT, devemos subtrair os juros que a empresa paga


através da contratação de empréstimos (dívidas) e/ou somar com os juros
que a empresa recebe através de investimentos que ela possui, como a
alocação de parte do Caixa em alguma Renda-Fixa. Empresas com um
Caixa muito maior do que as Dívidas possuem um Resultado Financeiro
positivo e expressivo. Feito essa soma ou dedução, chegamos ao Lucro
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Antes do Imposto de Renda e da Contribuição Social.

Resultado Financeiro (=)


Lucro Antes do Imposto de Renda e da Contribuição Social (-)

Uma a e g ande do Cai a e dido com o agamen o do


Imposto de Renda e com as contribuições sociais dos funcionários. Após
realizar mais essas deduções chegamos finalmente ao Lucro Líquido, que
é o dinheiro que sobra para a empresa depois de pagar todos os custos de
fabricação dos produtos/serviços, despesas de vendas e etc.
É um dos dados mais fundamentais, já que o que remunera o
acionista são os dividendos provenientes do Lucro Líquido. Por
consequente, se uma empresa gera um Lucro Líquido crescente e
consistente, o acionista também ganha com a valorização das cotações,
já que ela segue o Lucro Líquido gerado para companhia.
Assim, em suma, temos que a empresa pega seu faturamento e abate
com o pagamento de impostos sobre a receita, sobre os serviços e as
mercadorias vendidas, depois abate o custo que teve com a produção e
devolução dos produtos, e os descontos que deu aos consumidores.
Posteriormente, ainda abate o gasto com as despesas que teve com vendas,
gerais e administrativas, soma ou subtrai com o resultado financeiro (a
depender da situação da empresa) e, por fim, desconta o Imposto de
Renda e as contribuições sociais, chegando ao Lucro Líquido, ou seja, o
que de fato sobra para a empresa.
Agora, veja a seguir uma DRE da empresa Grendene do ano de 2017
(lembrando que as empresas de bolsa mantém um certo padrão na hora
da divulgação dos balanços):
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4.1.2.1 Indicadores Fundamentalistas da DRE
São indicadores obtidos a partir dos resultados da DRE. Eles ajudam
na interpretação dos resultados da empresa, ou seja, ajudam a entender
como ela funciona e como seu trabalho é composto. Vejamos os mais
importantes:
Margem Bruta = Lucro Bruto/Receita Líquida. Aqui mede-
se o quanto o Lucro Bruto representa da Receita Líquida. O Lucro Bruto
ode e con ide ado como o e l ado do ch o de f b ica , o eja, o
resultado da empresa considerando somente os custos da fábrica;
Margem Operacional = EBIT/Receita Líquida. Aqui, mede-
se o quanto da Receita está sobrando para a empresa, devido puramente
as suas operações;
Margem Líquida = Lucro Líquido/Receita Líquida. Aqui,
mede-se o quanto da Receita está sobrando para a empresa, depois de
considerar todas as despesas e custos, operacionais e financeiros;
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Grau de Alavancagem Operacional = Lucro
Operacional/Lucro Bruto ou Margem EBIT/Margem Bruta. Aqui,
mede-se o quanto a Receita pode ter de variação negativa até que a
empresa comece a ter prejuízo operacional. Mostra o peso das despesas
em relação aos custos de uma empresa. Quanto maior, mais difícil é a
empresa ter um prejuízo operacional. Por exemplo, a Lojas Renner tem
uma Margem EBIT de 14% e uma Margem Bruta de 61% em 2018. Assim,
temos que ela tem um GAO de aproximadamente 23%. A Receita dela
tem que cair 23% para que ela zere o Lucro Líquido.

4.1.3 Balanço Patrimonial (BP)


O Balanço Patrimonial é uma fotografia que retrata a posição dos
ativos e passivos da empresa em um determinado período. Ele nos mostra
os principais ativos (bens e direitos) que a empresa possui e a forma como
eles foram financiados (capital próprio e/ou de capital de terceiros).
São os passivos e o Patrimônio Líquido que financiam os ativos da
empresa, de modo que esta possui obrigações quanto aqueles. Aqui, então,
mostra-se os ativos e os passivos da empresa. Observe:
Ativos: são os bens e os direitos que a empresa tem contra
terceiros. Ex.: crédito para receber proveniente de uma venda, as
máquinas, os imóveis e etc. ainda temos:
Circulantes: são o Caixa da empresa, as contas a receber de
clientes, o estoque dos produtos ainda não vendidos e etc.;
Não-circulante: são os ativos realizáveis (resgatados, vendidos
e etc.) no longo prazo e os imobilizados. Ex.: quanto ao primeiro temos
um investimento em um CDB que só poderá ser resgatado daqui 1 ano e
quanto ao segundo temos os imóveis, as industrias e etc.;
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Passivos: são as dívidas e as obrigações que a empresa possui.
Ex.: empréstimos a pagar.
Circulante: são as obrigações de curto prazo (1 ano). São as
obrigações trabalhista, os fornecedores, os empréstimos e etc.;
Não-circulante: são as obrigações de longo prazo (+ de 1 ano).
São os empréstimos e os financiamentos de longo prazo.
Patrimônio Líquido: no Balanço Patrimonial, a diferença entre
o valor dos Ativos e dos Passivos representa o Patrimônio Líquido. Nesse
há a participação referente aos acionistas (capital social integralizado), bem
como pela reserva de lucros da empresa (são os lucros acumulados da
empresa, inclusive a bonificação de ações acontece quando a empresa tira
dinheiro da reserva de lucros e aplica no capital social, emitindo novas
ações para os acionistas).

4.1.3.1 Indicadores Fundamentalistas do Balanço Patrimonial


São indicadores obtidos a partir das informações do Balanço
Patrimonial. Ajudam na interpretação dos resultados da empresa,
principalmente em sua alavancagem (endividamento). Auxiliam a entender
como a empresa financia os seus ativos, e o nível de risco decorrente do
endividamento. Alguns indicadores também utilizam dados provenientes
da DRE. Assim, temos como indicadores:
Dívida Bruta/Patrimônio Líquido: indicador que mostra a
proporção do endividamento da empresa, em relação ao seu Patrimônio
Líquido. Por exemplo, o indicador da Lojas Renner em 2019 é de 0,5. Ou
seja, quer dizer que para cada R$1,00 de Patrimônio Líquido que ela tem,
ela possui R$0,50 de Dívida Bruta. Particularmente, costumo classificar
assim: de 0 a 1,9 (é considerado baixo); de 2 a 3,4 (é considerado
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moderado); de 3,5 a 4,4 (é considerado alto); 4,5 ou mais (o
endividamento é considerado muito alto, o que prejudica o resultado da
empresa e os acionistas). Obs.: Dívida Bruta = Dívida de Curto Prazo +
Dívida de Longo Prazo.
Dívida Líquida/EBITDA: indicador que mostra a proporção
do endividamento líquido da empresa, em relação ao seu resultado
operacional (EBITDA) dos últimos 12 meses. Mostra em quanto tempo a
empresa pagaria a dívida se ela pegasse todo o resultado operacional dela
para isso. Caso a empresa possua mais Caixa do que Dívida Líquida, o
indicador é 0 (zero). É importante mencionar que empresas do setor
elétrico, geralmente possuem indicadores mais altos, devido a
previsibilidade das Receitas (as empresas de geração de energia geralmente
fazem contratos de até 30 anos, o que facilita a tomada de empréstimos
com juros mais baratos). O mesmo também se aplica aos setores de
concessão de rodovias. Por isso é importante sempre analisar os
indicadores juntos e em contexto com os setores. Obs.: Dívida Líquida =
Dívida Bruta - Caixa e Equivalentes.
Ainda temos alguns outros indicadores que não são tão úteis para se
analisar as empresas, como o:
ROE: ab e ia o de Re no On E i . Mo a o an o do
Lucro Líquido representa o Patrimônio Líquido da empresa. É feito pelo
Lucro Líquido/Patrimônio Líquido. Não é indicado o uso, pois o
Patrimônio Líquido da empresa normalmente é subavaliado. As normas
de contabilidade fazem com que os Ativos da empresa sempre sejam
minorados (registra-se por um valor menor) e os Passivos majorados. A
contabilidade é sempre muito conservadora em relação aos resultados.
Particularmente, ele serve mais para empresas financeiras, como bancos e
companhias de crédito, onde o patrimônio líquido é minúsculo.

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ROA: abreviação de Re no On A e . Mo a o an o a
empresa está gerando de Lucro Líquido a partir dos Ativos que ela possui.
É feito pelo Lucro Líquido/Ativos. Também não é indicado a usá-lo, pois,
como dito anteriormente, os ativos normalmente são subavaliados. Por
exemplo, um carro é depreciado contabilmente em 25% ao ano. Em certo
tempo nós temos o bem móvel com valor próximo a zero no Patrimônio
Líquido da empresa, porém, na realidade, este veículo ainda vale algo
depois de alguns anos de uso;
ROIC: abreviação de Re no On In e ed Ca i al . fei o
pelo Resultado Operacional Líquido/Investimentos. Dá uma ideia de qual
a rentabilidade dos investimentos que a empresa fez. Também não é
indicado o uso, uma vez que os investimentos possuem prazo de
maturação. Ainda, você não vê os resultados claramente nos balanços da
empresa, pois não há segregação desses investimentos.

4.1.3.2 Análise Prática de um Balanço Patrimonial


Veja a seguir um exemplo de um Balanço Patrimonial da empresa
listada em bolsa chamada G endene :

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Veja que a empresa possui uma estrutura conservadora, uma vez que
a Dívida Bruta/Patrimônio Líquido equivale, no ano de 2018, a 0,035.
Ainda, a empresa possui muito mais Caixa do que Dívida.
Uma curiosidade, é que ela possui muito mais Ativos do que
Passivos e mesmo assim não quita sua Dívida, pois, provavelmente,
conseguiu um financiamento com uma linha de juros muito barata e
diferenciada.
Ela também possui muito Caixa em relação as Dívidas, o que torna
a relação Dívida Líquida/Ebitida igual a 0,0. Uma empresa muito
conservadora. Para se ter uma ideia, no ano de 2018 a empresa tinha 3
vezes o resultado operacional anual dela só de Cai a a ado .

4.1.4 Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC)


É uma demonstração financeira que mostra a movimentação do
Caixa da empresa em um determinado período.
Antes de continuarmos, já é importante mencionar que, ao contrário
do Regime de Competência da DRE, no Fluxo de Caixa, os lançamentos
são apurados somente no recebimento e não ao longo do ano. É o
chamado Regime de Caixa .
Na DFC n e amo olhando a a o dinhei o i o da em e a,
ou seja, o dinheiro que a empresa possui em Caixa com ela na conta do
banco . Não entra o dinheiro das aplicações financeiras. Em suma,
basicamente nós olhamos o quanto de dinheiro que está entrando e saindo
da empresa.
Para ficar mais claro, vejamos um exemplo. Uma empresa pagou o
aluguel de sua sede administrativa de 1 ano, à vista, em janeiro, por
R$1.200.000,00. Na DFC, o fluxo sairá integralmente no valor de
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R$1.200.000,00 no momento do pagamento.
A Demonstração de Fluxo de Caixa, assim, seria um filme que retrata
o fluxo de Caixa da empresa em um determinado período. Ela mostra,
separadamente, os fluxos referentes às operações, aos investimentos e aos
financiamentos da companhia.
As movimentações no Caixa são tão importantes que elas têm uma
demonstração exclusiva só para isso.
Com relação a análise, nas demonstrações, os valores positivos (+)
significam entradas no Caixa e o negativo (-) indicam saídas. Ainda, dentro
da DFC, podemos ter:
Fluxo de Caixa Operacional: representa o somatório das
entradas e saídas do Caixa da empresa em um determinado período,
referente às suas operações. Normalmente, tem o valor positivo nas
empresas saudáveis, já que a empresa gera Caixa através das suas
operações. Assim, quais são as principais entradas em uma demonstração
de Fluxo de Caixa Operacional? As principais entradas geralmente são
provenientes da venda de mercadorias e/ou prestação de serviços. Já as
principais saídas são decorrentes do pagamento de funcionários, de
despesas com vendas, gerais e administrativas, compra de estoque,
matéria-prima e etc.; CAPEX
Fluxo de Caixa de Investimentos: ele representa o somatório
das entradas e saídas do Caixa da empresa referentes aos investimentos em
um determinado período. Normalmente é um indicador negativo em
empresas saudáveis, já que a empresa usa dinheiro do Caixa para realizar
novos investimentos. Empresas que estão expandindo ou até mesmo
mantendo os seus negócios, estão, via de regra, tirando dinheiro do Caixa
para reinvestir, pelo menos uma pequena parte para manter as operações
ou para crescer. Assim, quando uma empresa tem um Fluxo de Caixa de
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Investimentos positivo é porque ela está desmobilizando as atividades
dela, como por exemplo, vendendo um galpão porque a operação, muitas
vezes não deu certo. As principais entradas no Fluxo de Caixa de
Investimentos provêm da venda de ativos imobilizados (ex.: carros,
terrenos, prédios e etc.), resgate de aplicações financeiras (ex.: resgatar uma
quantia que estava aplicada em um CDB) ou de juros de aplicações
financeiras (ex.: juros de aplicação em alguma Renda-Fixa). Já quanto as
principais saídas, elas provem, geralmente de compra de Ativos
imobili ado , o famo o Capex (Ca i al E endi e). E .: no ca o da
Grendene, um investimento em Capex seria a compra de uma indústria, a
renovação de maquinários e etc. Também temos como meios de saída do
Fluxo de Caixa de Investimentos, as aplicações financeiras que a empresa
faz. Ex.: a empresa pegou o dinheiro que entrou no Fluxo de Caixa
Operacional e aplicou em algum banco. Assim, o dinheiro que estava no
Fluxo de Caixa Operacional será registrado no Fluxo de Caixa de
Investimentos. É sempre bom lembrar que o dinheiro que está nas
aplicações financeiras não é contabilizado no Caixa da empresa;
Fluxo de Caixa de Financiamento: é o somatório das entradas
e saídas do Caixa da empresa referentes aos financiamentos em um
determinado período. Pode ter valor positivo ou negativo. É um indicador
pouco importante, uma vez que o valor varia conforme a situação de cada
empresa. As principais entradas estão relacionadas com a emissão de
novas ações e com a captação de dívidas. Já as saídas, estão relacionadas
ao pagamento de empréstimos, de juros ou de proventos aos acionistas.
Todas essas saídas (FCO, FCI e FCF) geram o Fluxo de Caixa Total.
Ou seja, mostra se as movimentações no caixa da empresa o deixaram
positivo ou negativo.

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4.1.4.1 Indicadores Fundamentalistas da DFC
São indicadores obtidos a partir das informações da Demonstração
de Fluxo de Caixa. Ajudam na interpretação dos resultados da empresa,
principalmente dos seus investimentos. Ou seja, a entender o nível de
investimento atual de uma empresa.
Alguns indicadores também utilizam dados provenientes da
Demonstração de Resultado de Exercício. Observe a seguir, alguns deles:
Capex/FCO: indicador que mostra a proporção entre os
investimentos da empresa e a sua geração de Caixa operacional. Um
indicador próximo a 0,0 sinaliza que a empresa está fazendo poucos
investimentos. O usual é não passar de 1,0. Já que não é comum que a
empresa gaste mais do que o Fluxo de Caixa Operacional. Assim, pode-se
utilizar a seguinte regra:
0,0 a 0,25: sinaliza que está indo somente um pouco do Fluxo de
Caixa Operacional para os investimentos;
0,26 a 0,50: sinaliza que a empresa está fazendo investimentos
moderados;
0,51 a 0,75: sinaliza que a empresa está fazendo investimentos
agressivos;
0,76 a 1,0: sinaliza que a empresa está usando quase todo seu
Fluxo de Caixa Operacional em investimentos em Ativos Imobilizados.
Mais do que 1,0, significa que a empresa está pegando todo o Fluxo
de Caixa Operacional, juntamente com financiamentos e/ou dinheiro dos
sócios para investir em Ativos Imobilizados. Não quer dizer que seja ruim,
porém deve-se acompanhar o deslinde desses investimentos, para ver se
trarão retornos futuramente. Obs.: o Capex, por si só sinaliza os
investimentos em Ativos Imobilizados.
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Capex/D&A: indicador que mostra a proporção entre os
investimentos da empresa e a depreciação dos seus ativos. Quando esse
indicador é próximo de 1,0 quer dizer que a empresa está reinvestindo
nos equipamentos que estão sendo depreciados. Assim, se o indicador
estiver acima de 1,0 quer dizer que a empresa está investindo acima do que
é necessário para repor as depreciações. Menos do que 0,8 a empresa está
efetivamente só repondo as perdas reais em decorrência da depreciação
(lembre-se, parte da depreciação é fictícia, uma vez que as normas
contábeis tendem a desvalorizar os bens muito mais do que de fato, a
exemplo, de um automóvel, que deprecia seu valor de mercado, segundo
as normas, em 25% ao ano). Resumidamente, poderíamos adotar as
seguintes regras:
0,0 a 1,0: a empresa está realizando pouco investimento (apenas
repondo os equipamentos depreciados);
1,0 a 2,0: a empresa está realizando investimentos em um nível
moderado;
2,0 a 3,0: a empresa está realizando investimentos em um nível
alto;
3,0 ou mais: a empresa está realizando investimentos em um
nível alto (sugiro verificar a Divída Líquida/EBITDA para termos uma
noção se a empresa está se alavancando demais, o que é perigoso).
É importante entender o que a empresa está fazendo, no que está
investindo, qual o prazo de retorno e etc. Os indicadores devem ser
analisados em conjunto. Por exemplo, a Ultrapar, em 2018 tinha um
Capex/FCO de 92% e um Capex/D&A de 199%, o que nitidamente
evidenciava a intenção da empresa em expandir suas atividades.
Ainda, é importante observar distorções nos indicadores. Por

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exemplo, a Riachuelo, através do indicador Capex/FCO mostrou que a
empresa estava usando 271% do seu Fluxo de Caixa Operacional, ou seja,
quase o triplo do que produziu estava sendo, teoricamente, usado para
investimentos. Porém, ao se analisar o indicador Capex/D&A, notou-se
que esse era de apenas 114%. É fácil perceber que tem algo errado! Isso
geralmente ocorre quando o Fluxo de Caixa Operacional da
empresa veio fraco. Então, atente-se! Se o primeiro vier alto e o segundo
indicar investimentos em apenas depreciações, há algo de errado com a
empresa naquele momento. Se for procurar empresa que estão de fato
tentando crescer, busque por indicadores consistentes, como é o caso da
Engie que tem um Capex/FCO de 443% e um Capex/D&A de 564%.
Em suma, repito, olhe sempre o conjunto de indicadores! Mesmo a
Engie investindo muito capital e se alavancando bastante, as suas dívidas
estão controladas. O que não corre com a AES Tietê, que mesmo
possuindo um Capex/FCO de 57% e um Capex/D&A de 175%, possui
mais dívidas que a Engie.

4.1.5 O Que São Múltiplus?


São, basicamente, uma forma simplória de precificação de ações. São
dados que ajudam os investidores a terem uma visão inicial do
desempenho da empresa.
São indicadores que relacionam o valor de mercado da empresa com
os seus resultados. Usa-se as demonstrações financeiras juntamente com
os dados do mercado (cotações) para se chegar aos múltiplos. Observe a
seguir alguns exemplos:
Demonstração de Resultado de Exercício: dessa
demonstração conseguimos o indicador P/L e o EV/EBITDA;

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Balanço Patrimonial: dessa demonstração conseguimos o
indicador P/VPA;
Demonstração de Fluxo de Caixa: por último, dessa
demonstração conseguimos obter o Dividend Yeld.

4.1.5.1 Indicador P/L (preço/lucro)


É o indicador mais famoso do mercado. O P/L é a relação entre o
valor de mercado de uma empresa e o seu lucro dos últimos 12 meses.
Também é calculado como a Cotação de uma ação, dividida pelo Lucro
Por Ação (LPA).
Têm muitos investidores que usam esse indicador como uma
m ica de an o ano demo a ia a a ec e a e ca i al in e ido,
considerando que a empresa tivesse o mesmo lucro con an emen e . N o
é o ideal pensar dessa forma, uma vez que as empresas, em regra,
costumam ter um crescimento gradual ao longo dos anos. Então a análise
acaba sendo distorcida.
Assim temos: Preço/Lucro = Valor de Mercado/Lucro dos últimos
12 meses = Cotação/LPA. Ele pode ser interpretado como o número de
vezes que uma empresa vale, em relação ao seu Lucro anual. Por exemplo,
a Engie possui um P/L de 11,9. A Lojas Renner, por sua vez, possui um
P/L de 32,2. Já a Ambev possui um P/L de 22,0.
Feito essa breve síntese, é importante esclarecer algo em relação a
outro indicador, o Payout. Esse é um indicador que mostra a porcentagem
do Lucro Líquido que é distribuído em forma de dividendos. Ou seja:
Dividendos distribuídos/Lucro dos últimos 12 meses. Assim, em regra,
quanto maior o Payout, menor o crescimento da empresa, já que não sobra
dinheiro para ela investir em suas atividades.
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Mas o que o Payout tem a ver com o P/L? Tudo! A relação
Preço/Lucro também reflete uma expectativa de retorno futuro. Quanto
maior a expectativa de crescimento de uma empresa, maior é o P/L, pois
o mercado se antecipa. Se o mercado sabe que a empresa vai investir
pesado nos próximos anos, o valor desse múltiplo aumenta. Assim, quanto
menor o P/L, menor a expectativa de crescimento da empresa. O inverso
também ocorre, já que quanto maior o P/L, maior a expectativa de
retorno.
É por isso que empresas de crescimento, normalmente, possuem
indicadores bem altos. Olhemos novamente para aquelas 3 (três)
empresas. A Engie tem um Payout de 139%, distribuindo assim todo o
Lucro do período e mais uma parte do Caixa. Se olharmos os 2 (dois)
indicadores, percebemos que o mercado não tem expectativa de que a
empresa vá crescer muito nos próximos anos, tendo em vista o montante
distribuído.
Já no caso das Lojas Renner, algo diferente acontece, pois ela possui
um Payout de 35%. Veja, ela possui um P/L de 32,2 e um Payout de 35%.
Claramente se percebe que a empresa está investindo em suas atividades,
e por isso possui um P/L tão alto.
A Ambev por sua vez, possui, como mencionado, um P/L de 22,0
e um Payout de 80%. Ela não tem uma perspectiva de crescimento, pois
distribui quase todo seu Lucro Líquido. Porém, possui um P/L
relativamente alto se comparado com a Engie. E por que isso acontece?
Porque quanto maior a qualidade dos ativos, da gestão, das vantagens
com e i i a , do market share , da marcas, menor é o risco da empresa.
A Ambev teve um crescimento médio dos Lucros nos últimos 3 anos
(2016, 2017 e 2018) de 0%, enquanto que Engie e as Lojas Renner tiveram,
respectivamente, um crescimento médio de 11% e 10%.

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Assim, se o mercado vê que a empresa possui um risco baixo, ele
precifica nela múltiplos maiores. Temos então que, o P/L é inversamente
proporcional ao risco da empresa. Quanto menor o risco, maior o P/L e
quanto maior o risco, menor o P/L.
A Wege também faz parte desse grupo já que possui um P/L de
27,6, um Payout de 51% e um crescimento médio do EBITDA de 5% nos
últimos 3 anos.
Temos ainda a M. Dias Branco que possui um P/L de 18,5, um
Payout de 40% e um crescimento médio do EBITDA nos últimos 3 anos
de 5%.
Nos E.U.A, quando analisamos empresas muito consolidadas como
a Coca-Cola, a Johnson & Johnson, P&G que são multinacionais
extremamente estabelecidas no mercado, nós percebemos que os
múltiplos são elevadíssimos (P/L de 40, 50 e etc.) em função da segurança
e da qualidade dessas empresas.
Agora, no grupo das empresas com P/L alto por causa de
expectativa de crescimento futuro temos a RaiaDrogasil que tem um P/L
de 36,3, um Payout de 40% e um crescimento médio do EBITDA nos
últimos 3 anos de 17%.
A empresa de tecnologia, Linx, também é desse grupo. Ela possui
um P/L de 74,4 (bem elevado), um Payout de 54% e um crescimento
médio do EBITDA de 11%.
Assim, nós não conseguimos definir uma empresa apenas olhando
o P/L. Devemos analisar em conjunto com outros indicadores, e um deles
é o Payout.
Obs.: todos os dados apresentados nesses sub-capítulos são do
ano/exercício de 2018.
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4.1.5.2 Indicador EV/EBITDA
É um indicador muito parecido com o P/L. Ele é a relação entre o
Valor da Firma (EV) de uma empresa e o seu Lucro Operacional
(EBITDA) dos últimos 12 meses. Parecido com o P/L, é um múltiplo que
leva em consideração o valor de mercado da empresa, ajustado pelo Caixa
e pelas Dívidas, e sua comparação com o Lucro Operacional (EBITDA).
Então, temos que: Valor da Firma/EBITIDA = Valor de Mercado
- Caixa + Dívidas/EBITDA.
Ele pode ser interpretado como o número de vezes que uma
empresa vale, ajustado pelo seu Caixa e suas Dívidas em relação ao
EBITDA.
A Engie, a Lojas Renner e a Ambev possuem, respectivamnete,
EV/EBITDA de 7,9, 19,2 e 11,1. O que mostra que são muito parecidos
com o P/L, já que a Lojas Renner que possui o maior P/L das 3 (três)
empresas, também possui o maior EV/EBITDA.
É importante ainda a gente saber que tanto o EV/EBITDA quanto
o P/L, não possuem nenhuma correlação com o valor futuro de uma
empresa, ou seja, com a sua rentabilidade.
Por exemplo, em 2011 o Itáu possuia um P/L de 13,57 e suas
cotações eram de cerca de R$8,00. Em 2018, o P/L do Itaú foi para 13,33,
enquanto que sua cotação foi para a casa dos R$33,00. O P/L acabou
ficando de lado por todo esse tempo, enquanto que a cotação não.
Vejamos:

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No caso da Ambev, a mesma regra se manteve. Ela tinha um P/L
de 33,0 em 2007, e passou a ter um de 25,0 em 2018. Até mesmo o seu
EBITDA se manteve de lado. Pois durante esses 11 anos, ele ficou na casa
dos 12,0. Já sua cotação que em 2007 era de R$3,80, passou para R$17,90.
A cotação está muito mais ligada ao EBITDA da empresa, do
que ao P/L. Se o Lucro Operacional (EBITDA) aumenta conforme o
passar dos anos, a tendência é que as cotações também subam de valor.
Veja a seguir o caso da Magazine Luiza:

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Observe agora o EBITDA entre 2016 e 2019:

Para finalizar, podemos dizer então que o EV/EBITDA é um


indicador que combina a qualidade da empresa e as expectativas futuras
de retorno e crescimento. Assim, temos que quanto maior o
EV/EBITDA, maior a expectativa de crescimento da empresa, sendo que
o inverso também ocorre, se o EV/EBITDA estiver baixo.

4.1.5.2 Indicador P/PVA


O P/VPA é a relação entre o Valor de Mercado de uma empresa e
o seu Patrimônio Líquido. É um múltiplo que leva em consideração o
valor de mercado da empresa, e sua comparação com seu Patrimônio
Líquido.
Então, temos que: P/VPA= Valor de Mercado/Patrimônio Líquido.
Mostra quantas vezes a empresa vale o seu Patrimônio Líquido.
Era muito usado em décadas passadas em estratégias de compra da

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empresa e liquidação total. O Warren Buffet, nas décadas de 60 e 70
comprava as empresas que tinham um valor de mercado muito baixo em
relação ao seu valor patrimonial e as liquidava (demitia os funcionários,
vendia todos os ativos, pagava todas as dívidas e ficava com o montante
que sobrava, o que não era pouco e que era maior do que ele tinha pago
pela empresa).
Hoje, é um indicador que possui altas distorções. Isso ocorre pois as
normas contábeis são conservadoras, de forma que os ativos da empresa
são subavaliados e os passivos da empresa são sobreavaliados, gerando um
Patrimônio Líquido menor do que o real.
Ainda, da mesma forma que o P/L, esse indicador costuma flutuar
ao longo dos anos, mantendo seu valor. Por exemplo, o Itaú em 2011 tinha
um P/VPA de 2,06 chegando em 2019 com um valor semelhante de 2,45,
havendo pequenas variações, positivas e negativas ao longo de tempo:

Assim, temos que o P/VPA acaba sendo um indicador de pouca


utilidade.
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4.1.5.3 Indicador Dividend Yield
O Dividend Yield, ambem conhecido como DY , a ela o en e
os dividendos distribuídos por ação nos últimos 12 meses, divididos pela
cotação da ação.
Ele dá uma idéia de quanto você receberá de dividendos, caso
compre uma determinada ação naquela cotação e caso os dividendos se
mantenham constantes.
Assim, temos que: DY = Dividendos Distribuídos nos Últimos 12
Meses/Cotação da Ação. Ele mostra, em relação ao valor investido,
quanto você vai receber em dividendos nos próximos 12 meses, caso os
dividendos sejam os mesmos.
Saiba que, quanto maior a expectativa de crescimento de uma
empresa, menor é o DY. O inverso também ocorre! Quanto menor a
expectativa de crescimento de uma empresa, maior o DY.
Podemos dizer, então, que, quanto maior é a qualidade da empresa,
menor o DY, ocorrendo o inverso também. Considerando os exemplos
anteriormente vistos, dá para ter uma clara idéia do momento da empresa.
Por exemplo, a Lojas Renner que possui um P/L de 32,2, indicando que
talvez esteja investindo para ampliar as suas atividades, possui um DY de
apenas 1,1% (considerado baixo) corroborando com o P/L e reafirmando
o período de expansão da empresa. Já a Engie, que possui um P/L baixo
de 11,9, indicando que está em um momento de consolidação, possui um
DY elevado, de 10,6%.
O indicador Payout caminha junto com ele, e talvez seja até mais
esclarecedor para saber em que momento a empresa se encontra.
O Payout mostra quanto do Lucro Líquido é distribuído aos
acionistas. De modo que quanto mais alto, mais dividendos (e outros
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proventos) estão indo para os acionistas. É importante saber que não se
pode analisá-lo sozinho, uma vez que o que remunera os sócios é o Lucro
Líquido. Não adianta nada ter um Lucro Líquido baixíssimo e distribuí-
lo 100% aos acionistas. Ainda assim, os sócios receberão uma quantia
pequena de dinheiro. Assim, é interessante verificar se a empresa é
lucrativa.
O Payout também indica o momento da empresa, uma vez que um
Payout próximo de 33% significa que a empresa pode estar retendo uma
grande parte do Lucro Líquido e aplicando em suas atividades. A Lojas
Renner, por exemplo, em 2018, possuía um Payout de 35%, indo de
encontro com seu momento de expansão. Já a Engie, possuía no mesmo
ano, um Payout de 126%, distribuindo até parte de seu Caixa aos
acionistas, também indo de encontro com seu momento de consolidação.
Voltando ao DY, é de suma importância saber que os dividendos
não caem do céu. Eles saem do Caixa da empresa, de modo que toda
vez em que é pago, a companhia cai de valor de mercado, fazendo com
e oc fi e no e o a e o (o mercado precifica a empresa, ele não é
b o ). Todos os eventos acionários, como as bonificações, os
pagamentos de juros sobre capital e etc., são indiferentes para os sócios.
É como tirar de um bolso e colocar no outro. Por isso, as estratégias de
comprar empresas quando estão próximas da data de pagamento dos
lucros, não fazem sentido.
Ainda, é importante saber que o DY da maioria das empresas, é
menor do que os juros de longo prazo dos Títulos Públicos, exatamente
pela expectativa de crescimento. Assim, não faz sentido escolher um
Título Público porque ele te paga juros maiores do que as das empresas.

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4.1.6 Desconto de Fluxo de Caixa
O Desconto de Fluxo de Caixa (DFC) é, da mesma forma que os
múltiplos, uma metodologia para se avaliar o valor de mercado de um
empresa. É realizado utilizando projeções futuras dos resultados das
empresas partindo de premissas. Após as projeções futuras serem
realizadas, os valores são descontados a uma taxa proporcional ao risco da
empresa, até o momento presente.
Você, resumidanente, faz várias especulações sobre o futuro da
companhia, como por exemplo, a forma como ela vai crescer, trazendo
isso para o preço presente da empresa. Assim, temos que quanto maior o
risco da empresa, maior o desconto que você traz a valor presente.
Mas, antes de continuar, o objetivo desse capítulo é te mostrar, de
uma forma geral, como funciona a precificação de Desconto de Fluxo de
Caixa. Também é mostrar porque esse método é extremamente falho,
apesar de ser tanto utilizado, principalmente por casas de análises, que
o agam ob e o alo j o de m a i o. E or isso, o objetivo aqui,
não é te ensinar a como analisar um DFC, e sim te orientar como funciona
e porque não é indicado.
Bom, vamos continuar... No Desconto de Fluxo de Caixa, o
comportamento futuro de uma empresa pode ser dividido em 2 (dois):
crescimento e perpetuidade da empresa. Vejamos:
• Crescimento: é o período onde a empresa ganha mercado;
• Perpetuidade: é o período em que a empresa mantém a sua fatia
de me cado ( ma ke ha e ).
Aqui já é possível apontar a grande fraqueza do método... Fazer
projeções muito longas. Quanto mais longo a projeção, mais nebuloso
é o futuro e menos provável é acertar o preço alvo da empresa (a cotação).
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As principais variáveis definidas no crescimento são: crescimento da
Receita; comportamento das Margens; níveis de investimentos para o
crescimento; e prazo do crescimento. Aqui você deverá especular tudo
isso, ou seja, como a empresa aumentará a Receita, como as Margens
devem se comportar no período, qual será o prazo máximo e mínimo
desse momento e etc.
Quanto a perpetuidade, as principais variáveis definidas são:
crescimento da Receita (o que muitos especulam é que a empresa vá
c e ce a ena à taxa da inflação, já que a empresa tende a encontrar um
platô nesse momento de existência); comportamento das Margens (o mais
comum é que se especule que essas continuarão constantes); níveis de
investimentos (nessa fase, as empresas, normalmente, tendem a investir
somente para evitar a depreciação e amortização do patrimônio; e prazo
(o prazo de perpetuidade, geralmente é especulado para sempre).
Após as projeções futuras da empresa, desconta-se os resultados a
um taxa (WACC). É a taxa Weigh A e age Co of Ca i al , o eja, a a
de M dia do C o de Ca i al Ponde ado . É o quanto custa para a
empresa se financiar, considerando o capital dos sócios e dos credores.
Para saber o resultado, devemos fazer diversos cálculos.
Não entraremos neles, em virtude da complexidade e da falta de
utilidade, porém, é importante que você saiba que é uma estratégia muito
falha por ser, em sua natureza, especulativa. É um modelo simplista, dada
a alta complexidade da dinâmica do mercado. Exige projeções futuras de
muitas variáveis e o prazo necessário para estimar os indicadores é muito
longo. Além disso, as variáveis são extremamente sensíveis, sendo que
poucas alterações geram grandes mudanças nos resultados.

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4.1.7 Hipótese do Mercado Eficiente
Essa teoria foi proposta pelo economista Eugene Fama, em 1970.
Ele foi laureado com o Prêmio Nobél em 2013 por suas contribuições
relativas à estudos sobre a precificação de ativos no mercado financeiro.
Ele propôs que o mercado é eficiente em precificar os ativos, pois
este último incorpora as informações muito rapidamente.
Desde 1970, o meio acadêmico vem publicando artigos ciêntíficos
complexos sobre o assunto, com teses a favor e contrárias à eficiência do
mercado.
A Hipótese do Mercado Eficiente (HME) é uma teoria dos
investimento onde os preços dos ativos refletem toda informação
di on el, endo im o el encon a a i o de con ado elo
mercado. A hipótese postula que:

Valor de Mercado = Valor Intrínsico = Valor Justo

Dessa forma, seria impossível encontrar ativos sub-avaliados e


também ativos super-avaliados.
A postulação dessa hipótese implica em que, para se obter maiores
retornos possíveis, é necessário tomar mais risco.
Nessa tabela abaixo, no eixo X (horizontal) nós temos o indicador
Beta, que nada mais é do que o risco de determinado ativo em relação ao
risco do mercado. O risco do mercado é o 1 (um), assim, um ativo que
tem um Beta de 0,5 quer dizer que ele tem metade do risco do mercado.
Enquanto que um ativo que tem um Beta de 2,0, quer dizer que ele possui
o dobro de risco do que o mercado (quando o mercado sobe 10%, o ativo
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sobe 20%, e quando o mercado cai 10%, o ativo cai 20%).
Se você, então quer retornos maiores, pela teoria, você deverá correr
mais riscos.
Ao longo dos últimos anos, também foi proposta e observada a
hipótese do passeio aleatório das ações. Ou seja, as cotações se
comportam de forma aleatória, sendo impossível qualquer previsão sobre
os seus eventos futuros. Assim, as cotações são aleatórias, pois os
eventos acontecem de forma aleatória.
Ambas as teorias são compatíveis, já que as cotações incorporam
todas as informações disponíveis, e os eventos que causam essas
informações também são aleatórios.
I o ob e ado a a do e do da famo a Be k hi e
Hathawa . Q ando com a amo o endimen o da holding con a o S&P
50010, emo e, an e do ano 2000, onde ho e o boom da
globalização das informações com a invenção da Internet, ele era
expressivamente maior, e crescente.
Depois, vemos que a diferença se manteve estável. Havia aquele
enorme crescimento na diferença em virtude da falta de informação a ser
incorporada no mercado. Haviam vários ativos subavaliados e
sobreavaliados, causando discrepâncias. Um exemplo muito claro, foi uma
empresa que o Warren Buffet comprou na década de 1970, por US$5,00
a ação, e no ano seguinte recebeu US$10,00 de dividendos por ação, pois
o mercado não tinha informações para precificar aquele ativo. Observe o
gráfico do desempenho da Berkshire Hathaway contra o S&P 500:

10
Índice que mede o desempenho das 500 maiores empresas norte-
americanas.
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Se pegarmos um período mais curto, a diferença é ainda menor,
mostrando que o mercado é cada vez mais eficiente em precificar as
empresas.
Isso faz com que fique mais difícil bater a média dele. É a mesma
coisa de montar um portifólio no Brasil, e tentar bater o índice Bovespa.
Observe na imagem a seguir, como o mercado ficou mais eficiente
diminuindo a diferença que havia no século passado:

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Essa eficiência é entendida da seguite forma: imagine que os
supermercados do seu bairro vendam produtos iguais, como por exemplo,
uma garrada de refrigerante Coca-Cola. Em todos os mercados em que
você vá, você irá reparar que o valor costuma váriar, em média, 20% a
mais ou a menos, mas nunca orbitar fora dessa faixa.
A mesma coisa acontece com o preço da gasolina nos postos de
distribuição. O preço pode variar de posto para posto, porém, dentro de
uma faixa.
É praticamente impossível ir em uma feira de carros usados e querer
comprar um carro da marca Ferrari, por um preço de um Toyota. O
mercado já define a faixa de preço desses produtos.
No mercado financeiro, quanto maior a liquidez das negociações do
ativo, ou seja, quanto mais ele é negociado, menores discrepanças há
em seu preço.
Poderá haver distorções quando o ativo é menos líquido, ou seja,
quando uma pessoa tenta vender um imóvel a todo custo, e acaba
diminuindo o preço para achar um comprador.
Isso ainda foi intensificado em um grau maior pela democratização
do acesso a informação. Desde a criação da internet, rádio-televisão, e etc.,
o mercado, a cada ano fica mais eficiente em precificar os ativos. Ora, se
eu tenho mais informações sobre a empresa, não é crível que eu
tenha uma melhor noção do quanto ela vale?
Bom, oc de e e a e e g n ando: Como in e i e eleciona
ações, considerando que o mercado eficien e? . I o, ba icamen e, fei o
escolhendo boas empresas.
Boas empresas possuem: resultados consistentes; resultados
resilientes; vantagens competitivas; dívidas controladas; marcas fortes; e
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boa governança. Esse é um assunto que veremos mais profundamente a
frente. Por enquanto, basta saber que o mercado chama essas empresas de
high ali , uma vez que são as melhores do mercado de bolsa.
Já quanto as más, temos que elas são o oposto das boas empresas.
Assim, possuem: resultados inconsistentes; resultados não resilientes;
produtos sem diferenciação; dívidas altas; marcas fracas; e má-governança.
Não há nenhum problema em ter empresas ruins na carteira, desde
que se faça gerenciamento de risco. Ou seja, saber o porquê tem aquela
companhia na carteira, definir uma alocação de menor porcentagem e etc.
As empresas boas costumam possuirem maior previsibilidade nos
seus resultados, tendo assim maior segurança e tranquilidade, bem como
maior retorno histórico. Ao passo que, as empresas ruins possuem
menor previsibilidade nos resultados, menor segurança, maior
probabilidade de perda do capital, trazendo, assim, menor traquilidade.
Importante lembrar que quem adota a estratégia de acumulação de
patrimônio com o intuito de viver com a renda passiva dos ativos
(estrat gia B n Hold ) de e e em men e e a ca ei a de e o i
de 90-100% de empresas boas, e pouquíssimas empresas em situações
especiais (em na o nd 11, por exemplo).
Uma dica que deixo a você que quer ter esse último tipo de empresa
na o nd , e den o de e 10% (no m imo) da ca ei a, enha
várias dessas companhias. Por exemplo, se você decidiu que 10% da sua
carteira será destinada a em e a de na o nd , enha 10 em e a
diferentes, sendo que cada uma irá equivaler a 1% do seu portfólio. E por
que isso? Simples, a maioria não vai prosperar!

11
Empresa ruim com espectativa de voltar a ser boa em um momento
posterior.
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Também é uma dica você entrar na empresa com a intenção de a
carregar para sempre, ou seja, de realmente ser sócio. Isso vai evitar que
você compre uma empresa com a expectativa de vender quando o preço
da cotação subir, focando na qualidade dela e não no preço. Não vale a
pena entrar na companhia com a mentalidade de querer sair depois.

4.1.8 Por Que as Empresas se Endividam?


Você sabe por que as empresas não pagam as Dívidas, mesmo
quando possuem um Caixa relativamente alto?
Primeiramente, o Caixa é utilizado, quase que todo para capital de
giro. Este último é o dinheiro que uma empresa precisa manter em Caixa
para que ela faça com que suas operações funcionem. No caso da Ambev,
ela precisa ter Caixa para comprar o milho para fabricar cerveja e
transportá-la até as prateleiras dos mercados.
Esse Caixa, muitas vezes não é remunerado por algum investimento,
j e ende a oda . o i o e, me mo a em e a endo m Cai a
gigantesco, ela poderá apresentar um Resultado Financeiro fraco.
Parte do Caixa, também, pode ser utilizado para a compra de
investimentos. Dessa forma a empresa financia suas operações com a
intenção de crescer.
As empresas também podem usar o dinheiro para remunerar os
acionistas, seja através dos dividendos ou de juros, trazendo assim, mais
valor para estes.
Tomar mais dívidas (alanvancar-se) é uma forma que a empresa tem
de gerar resultados futuros maiores, correndo ao mesmo tempo mais
riscos.

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Por exemplo, um grupo de investidores abre uma empresa com
R$10 milhões e inauguram 10 padarias. O investimento total rendeu R$2
milhões de lucro, sendo assim, o retorno dos sócios foi de 20% no 1º ano.
Em outro exemplo temos investidores que abriram uma empresa
com R$10 milhões, porém ela (empresa) contratou mais R$10 milhões em
empréstimos, inaugurando 20 padarias. O investimento total rendeu no
ano R$4 milhões de lucro, e a empresa pagou R$1 milhão de juros do
empréstimo, sobrando R$3 milhões. O retorno dos sócios foi então de
30% no 1º ano.
Percebe-se que mesmo pagando o empréstimo, o retorno dos sócios
no segundo exemplo, ainda foi maior. No primeiro, entretanto, o
investimento é mais seguro em relação ao capital, já que no segundo, caso
poucas unidades deem certo, o resultado será muito pior, pois é necessário
pagar os credores.
Assim temos que, no caso de o investimento dar certo, os sócios tem
uma rentabilidade maior, porém se der errado, o prejuízo também será
maior. O risco e o retorno acabam sendo proporcionais.
Continuando, aqui entra o Teorema de Modigliani & Miller. Esse
teorema foi proposto por Franco Modigliani e Merton Miller, dispondo
sobre estudos relacionados à estrutura de capital das companhias.
O teorema básico afirma que, com um dado processo de fixação de
preços de mercado (o clássico passeio aleatório), na ausência de impostos,
de c o o in ol ncia ( bank c co ), de c o de ag ncia
( agency cost s ) e de informação assimétrica, e na hipótese de existir um
mercado eficiente, o valor de uma empresa não é afetado pela forma como
ela é financiada.
Assim temos que, se uma empresa vale R$10 milhões ela ainda vai

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valer esse preço mesmo tomando dívidas. Isso ocorre, pois a projeção de
fluxos futuros é maior, juntamente com um risco na mesma proporção.
Essa é a proposição de nº 1 do teorema.
Na de nº 2, o valor de mercado da empresa aumenta conforme a
empresa toma mais empréstimos. Mas como isso ocorre? No mundo real
emo o im o o e o c o o in ol ncia ( bank c co ). Os
impostos reduzem a base de cálculo do Lucro Antes do Imposto de
Renda, fazendo com que os impostos pagos pela empresa sejam
menores em um cenário onde ela possua dívidas.
De modo mais didático, uma empresa que possua uma Divída
Bruta/Patromônio de até 1,0 (poderá ser de até 1,4 a depender do setor,
como é o caso do elétrico e do rodoviário), possui uma dívida em um nível
saudável, que pode fazer bem para ela, aumentando seu tamanho de
mercado, inclusive.
Conforme a empresa vai adquirindo empréstimos, o valor de
mercado dela aumenta, fazendo com que ela também pague menos
impostos (é um benefício fiscal), já que as dívidas os abatem. Mas, isso é
até um certo ponto (conforme explicado, de 0,4 a 1,4, a depender do setor
da empresa).
Caso a empresa contraia muitas dívidas, o valor de mercado tende a
diminuir, uma vez que o risco de falência aumenta
proprocionalmente. Isso pode ser sintetizado pelo quadro a seguir:

100
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Por fim, então, podemos dizer que ao contrair dívidas as empresas
fazem jus a um benefício fiscal, gerando mais valor para o acionista, já
que o retorno pode aumentar. No entanto, há um limite de endividamento
em decorrência da possibilidade falência.

4.2.1 Analisando uma Empresa


Antes de escolher uma empresa, você deve fazer uma análise de
exclusão, para excluir as empresas ruins que não oferecem qualquer
segurança para o sócio minoritário. Para isso, você precisará acessar
alguma plataforma que condense todos os resultados das companhias
listadas na bolsa brasileira. Quanto a essa parte, há várias no mercado,
como o Oceans 14, o Status Invest, e etc., todos totalmente gratuitos.
Enfim, primeiramente, você deve ter uma idéia geral da empresa que
quer analisar. Se do e o A , o do e o B , e do b- e o A
ou do sub- e o B , e do egmen o A o do egmen o B . I o
fundamental, uma vez que a depender do setor, as empresas possuem
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caracterísitas diferentes, que devem ser analisadas dentro dele, já que
diferem dos demais.
Feito a escolha da empresa que prentenda analisar, o segundo passo
é entrar no site de RI dela. Esse site é o de Relacionamento com os
Investidores.
Toda empresa listada em bolsa possui um. Nele há vários dados,
arquivos e apresentações criados pela empresa para que os sócios e os
futuros sócios entendam como a empresa funciona e como está os atuais
balanços (já que esses são os mesmos que vão para a CVM o órgão
regulador).
No site de RI das Lojas Renner, por exemplo, é possível acessar
diversos arquivos. Entre eles há um com a apresentação institucional dela,
mostrando aos investidores onde e como ela atua. É uma apresentação
mais geral. Você, então, deve sempre buscar entender essas análises
institucionais primeiro, para ter uma visão macro da empresa.
Assim, basicamente, em um primeiro momento você analisa o
contexto onde a empresa está inserida, posteriormente a história e o
funcionamento dela. Feito isso, analisará a evolução dos resultados e dos
indicadores, como o nível de endividamento, sua perenidade, as vantagens
competitivas e os riscos relacionados à companhia. De um modo
simplificado temos:
1º passo: encontrar a empresa;
2º passo: entender o modelo de negócio dela;
3º passo: analisar os fundamentos e os resultados.

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4.2.1.1 Uma Regra Importante
É de suma importância que você invista somente naquilo que você
entenda. Isso é primordial para te trazer tranquilidade e obter os
resultados desejados.
Você precisa entender o negócio da companhia, como ela gera
Caixa, como ela estrutura as suas operações, como ela funciona e etc. Por
isso devemos, primeiramente evitar ativos que não conhecemos a sua
estruturaçao e os seus investimentos finais. Temos como exemplo os
COE (Ce ificados de Operações Estruturadas), que é uma mistura de
Renda-Fixa com Derivativos que possibilitam te dar um certo ganho até
um determinado prazo (este é um investimento péssimo, já que os ativos
que os compõe são mau precificados).
Temos como e em lo amb m o CRI (Ce ificado de Receb ei
Imobiliários) que são estruturas de Renda-Fixa que possuem certas
peculiaridades em razão dos imóveis/empresas emissoras.
Ainda odemo ci a o FIA (F ndo de In e imen os em Ações),
o FIM (F ndo de Investimentos Multimercados) e as Debêntures.
Assim, devemos, em um primeiro momento evitá-los, seja pelo
baixo custo/benefício, ou pela dificuldade de análise. Para mim, o
investidor deve ficar de fora desses ativos. Já que para uma carteira
eficiente, basta se ter uma parte em Renda-Variável (Ações e Fundos
Imobiliários), Renda-Fixa (Tesouro e Bond ) e uma parte em proteções
(Ouro, Prata e Dólar). Quanto mais simples, mais fácil a análise e maiores
os retornos.
Voltando ao assunto, em Renda-Variável, devemos investir em
empresas que entendemos o negócio, ou seja, o que elas fazem, quais os
principais clientes (se são importantes para elas, se são vários ou poucos)

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quem são os fornecedores (se são permanentes ou esporádicos), como é o
mercado em que elas atuam (se tem pouco ou muito concorrente, se têm
produtos com muita ou pouca diferenciação), e principalmente, como elas
geram Caixa/Lucro.
Por isso, em regra, cada investidor, baseado em seus conhecimentos
específicos, poderá ter um carteira de investimentos diferente. Tudo
acaba se baseando nas competências individuais de cada pessoa.
É recomendado que se comece a análise de empresas para ser sócio,
com aquelas que são mais fáceis de analisar, como é o caso da empresa
Burger King (que fabrica lanches), da Grendene (que produz calçados bem
conhecidos, como os da marca Rider e Melissa), da Porto-Seguro (uma das
empresas mais conhecidas do ramo de seguros), da EZtec (junto da MRV,
são as empresas mais notórias do ramo de incorporação imobiliária), da
Weg (a fabricante de motores mais renomada do setor), do Itaú (o maior
banco da América Latina), da Engie (hoje, considerada, a melhor empresa
do setor elétrico) e etc.
Quanto mais simples a análise, mais qualidade ela tem, então
menores os erros. Com o passar do tempo pode-se partir para as
empresas que demandam uma análise mais cuidadosa, como as de
mineração, as petrolíferas, as dolarizadas e etc.

4.2.1.2 Análise S.W.O.T


Essa análise foi criada por Albert Humphry, na década de 1970. É
uma técnica utilizada para avaliar os pontos fortes, os fracos, as limitações,
as oportunidades e as ameaças de um projeto ou empresa.
Por ser extremamente simples e eficaz, é uma técnica de análise que
pode ser utilizada para avaliar qualquer tipo de projeto, desde a construção
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de uma casa até uma empresa multinacional.
A ala a S.W.O.T ab e ia o a a S engh , Weakne e ,
O o ni ie e Th ea , e ad ido a a o o g significa,
e ec i amen e: Fo a , F a e a , O o nidade e Amea a .
Assim, quando analisamos uma empresa por essa matriz, devemos
juntar informações a respeito dela e condensá-las em uma espécie de
tabela, para que tenhamos um prospecto da companhia. Vejamos a seguir:

Repare que na 2ª linha há a repetição dos dados da 1ª. Isso ocorre


pois o que é ponto fraco em uma empresa, pode não ser em outra. Por
e em lo, o od o nico (en enda como o ca o-chefe ) que a
empresa fabrica pode ser uma fraqueza ou um ponto forte. No caso da
Eternit que fabricava produtos a base de amianto, provou-se que era uma
fraqueza. Mas, e no caso do Iphone da Apple ou do refrigerante Cola da
Coca-Cola? Entende onde quero chegar? Você deve entender as
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ca ac e ica da em e a e li a o od o nico como ma f a e a
ou um ponto forte.
A mesma coisa acontece com a RaiaDrogasil. Ela possui o ganho de
escala como vantagem competitiva, então na hora de preencher o quadro
você deve coloca o i em Ganho de E cala no ad an e das Forças.
É uma análise qualitativa e subjetiva sobre uma empresa, que ajuda
a compreender melhor os desafios internos dela, o contexto onde ela está
inserida, o seu modelo de negócios, o setor de atuação, o posicionamento
frente aos concorrentes, o tipo de produto ou serviço (se é de baixa ou
alta diferenciação), a capacidade de sobrevivência/perenidade e etc.

4.2.1.3 Vantagens Competitivas


Michael Porter, um professor de administração de empresas na
Harva d B ine School blico em 1979 m a igo chamado de A
Cinco Forças Competitivas que Moldam a E a gia .
Ele, basicamente, mostra as 5 (cinco) principais forças e vantagens
competitivas duradouras que uma empresa pode ter, sob a visão de Porter.
Observe a serguir, quais são elas.

4.2.1.3.1 Pouca Rivalidade entre os Concorrentes


Essa é a 1ª força listada por Michael Porter. Ela é uma análise mais
setorial, que avalia o nível de concorrência entre as empresas de um
mesmo setor.
Setores com muita concorrência, normalmente estão relacionados a
produtos ou serviços de baixa diferenciação, e margens baixas. Temos
como exemplo a Ultrapar que atua no setor de distribuição de
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combustíveis (principalmente da rede Ipiranga) possuindo uma Margem
Líquida de 2,5%. Temos também a RaiaDrogasil que atua no setor de
varejo de medicamentos, possuindo 3,0% de Margem Líquida e o
Carrefour que atua no varejo de alimentos, possuindo um percentual de
5,9% no mesmo indicador. Veja a da RaiaDrogasil como tende a orbitar
números pequenos:

Como podemos ver, são setores onde não há diferenciação de


produtos. Outras empresas podem vendê-los, e inclusive pelos mesmos
preços. Você não consegue aumentar o preço de um produto, pois se não
o seu cliente vai comprar no concorrente, que possui exatamente o mesmo
produto! Isso acontece, por exemplo, com a Lojas Renner, a Riachuelo e
a Hering, no setor de varejo de modas.
Por outro lado, podemos notar em outros setores que algumas
empresas possuem Margens Líquidas muito altas. Isso ocorre porque
geralmente são setores com poucos concorrentes. Assim, a empresa
acaba ficando com ma fa ia m i o g ande do ma ke ha e . Temo
como exemplo o caso da Weg que é referência a décadas no mercado de
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fabricação de motores para indústrias. Ela consegue colocar um preço
maior em seus produtos e ainda assim, consegue continuar a ganhar
mercado. Temos como exemplo também a M. Dias Branco, que atua no
setor de comercialização de massas e biscoitos. Ela domina o mercado
com suas marcas renomadas (ex.: Adria e Piraquê), e por conta da
qualidade, consegue aumentar o preço otimizando os lucros. Com a
Ambev acontece a mesma coisa, já que a companhia é a nº 1 do setor de
bebidas, tendo um ganho de escala enorme na hora da venda de seus
produtos.
Essas empresas possuem, respectivamente, 14%, 15% e 32% de
Margens e, portanto, vantagens competitivas.

4.2.1.3.2 Poder de Negociação com os Clientes


Essa vantagem competitiva pode ser facilmente vizualizada. Ela
reflete o poder que a empresa tem em ajustar o produto/serviço sem
perder os clientes.
Quanto mais único e desejado o produto/serviço, mais a empresa
consegue negociá-lo com os clientes.
Para saber se a empresa possui essa força devemos nos fazer algumas
perguntas. Essa empresa é a única que fabrica esse produto nessas
características? Esse produto possui qualidade e status? Existem muitos
produtos equivalentes que podem substituí-los? A empresa possui poucos
ou muitos clientes?
Usando os exemplos da Ultrapar, da RaiaDrogasil e do Carrefour,
podemos notar que essas empresas não possuem poder de negociação
com os clientes, uma vez que meros aumentos nos preços dos produtos
poderiam fazer com que os consumidores migrassem para os concorrentes
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que, repita-se, vendem exatamente os mesmo produtos.
Agora, e no caso da Weg que é extremamente renomada na
fabricação de motores para indústrias? Ou no caso da Coca-Cola com seu
refrigerante clássico? A Apple é o maior exemplo de como o poder de
barganha com os clientes funciona. A empresa oferece um produto de
maior qualidade, segundo os compradores, com maior status, mas com
maior preço, e mesmo assim, há milhões de compradores no mundo
di o o a ga a em m e ena fo na a a e em o ma hone da
companhia.
Só para você ter uma idéia, a Consumer Intelligente Research
Partners (CIRP), mostrou em seu artigo que o IPhone XR foi o
smartphone mais vendido nos E.U.A no ano de 2019, com incríveis 36%
das vendas e o mais vendido também no mundo, com 3% das vendas
globais.
O mais intrigante é que o produto acaba sendo, muitas vezes,
inferior ao de seus concorrentes. Porém, o poder de fidelidade da marca é
enorme, pois a empresa, além de vender o smartphone, ela também vende
status. A gestão de marketing da empresa é sansacional!

4.2.1.3.3 Poder de Negociação com os Fornecedores


Essa também é importante, vez que quanto mais diferenciado o
produto/serviço que o fornecedor disponibiliza para a empresa, menor o
poder de barganha da companhia com eles.
Devemos fazer alguns questionamento para entender. Necessitamos
nos perguntar se a empresa compra commoditie e agrega valor, ou se
existem vários fornecedores vendendo esses produtos.
A Ultrapar, por exemplo, não tem esse poder, vez que seu único
109
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fornecedor é a Petrobras. A mesma coisa acontece com o Carrefour, onde
os fornecedores vendem para todas as empresas interessadas.
Já no caso da M. Dias Branco, a coisa é diferente! Ela compra uma
commoditie, que é o trigo. Ela pode comprar de qualquer fornecedor, em
qualquer parte do país, ou até mesmo de fora. Se os fornecedores
aumentarem o preço do trigo, ela simplesmente importa do exterior, como
já fez várias vezes. A Ambev está no mesmo grupo, já que compra o milho,
que também é uma commoditie.

4.2.1.3.4 Baixa Entrada de Concorrentes


Essa força funciona de modo simples! Ela representa a atratividade
à entrada de novos concorrentes em um determinado setor.
Se em um setor as empresa possuem Margens altas, vendendo
produtos com pouca diferenciação e que requerem pouco investimento
inicial, mais atrativa é a entrada de novos concorrentes.
No caso das 6 (seis) empresas, ou seja, da Weg, da M. Dias Branco,
da Ambev, da RaiaDrogasil, da Ultrapar e do Carrefour, essas empresas
possuem essa força.
As 3 (três) primeiras impedem a entrada de novos concorrentes em
virtude do renome e da qualidade dos produtos, o que requer
investimentos iniciais altíssimos.
Com relação as 3 (três) últimas podemos notar a pouca atratividade
para novos entrantes em razão do segmento de atuação delas serem de
Margens baixas. Nesses segmentos as empresas precisam realizar um
in e imen o inicial al o e ainda com e i com la e ee oam i o
tempo no mercado com uma Margem de lucros muito baixa (as empresas
precisam ser muito eficientes para lucrarem, relativamente, pouco).
110
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4.2.1.3.5 Ameaça de Produtos ou Serviços Substitutos
Essa força diz respeito a existência de produtos ou serviços de
concorrentes que possam ser facilmente substituíveis.
Está relacionada também ao poder de barganha com os clientes.
Assim, nós devemos nos perguntar: quantos produtos concorrem no
mercado? Quais as vantagens e desvantagens dos produtos concorrentes?
Existe grande diferenciação entre os produtos e serviços?
Dentre as empresas acima outrora mencionadas, a única que possui
essa força é a Weg. Os equipamentos para as indústrias, as turbinas de
geração de energia e etc. são produtos extremamente especializados, e
geralmente feitos sob encomenda. Imagine você com sua empresa, após
décadas de uso dos aparelhos da Weg, ter que trocar toda a frota de
maquinários para os da General Eletric. É praticamente inviável!

4.2.1.4 Conclusão
Normalmente, a em e a high ali da bol a o em ia
vantagens competitivas ao mesmo tempo. Geralmente elas se conversam,
como é o caso da Weg, que possui praticamente todas as vantagens
competitivas.
Então, de modo resumido, elas ajudam a entender o mercado de
atuação da empresa, bem como as ações que possuem possibilidades de
melhores retornos, uma vez que possuem vantagens para com as demais.
Vale dizer que essa análise é totalmente compatível com a análise
S.W.O.T. Comos você pode ver, muitas forças aqui, são forças ou
fraquezas internas da empresa ou são oportunidades ou ameaças externas
dela. Então, essas análises acabam se interligando.

111
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4.2.2 Empresas Frágeis e Anti-Frágeis
Essa diferenciação foi feita por Nassim Nicholas Taleb. Este é,
atualmente, investidor do mercado financeiro e também professor de
matemática e estatística aplicada do Instituto Politécnico da Universidade
de Nova Iorque. É considerado também, um filósofo e estudioso da
matéria.
Ao longo de sua carreira, ocupou cargos importantes em bancos,
dentre eles: CSFB, UBS, BNPParibas e Bankers Trust. Ele foi, inclusive,
conselheiro de diversas gestoras de ativos.
Ele é autor de vários livros também, tais como: A Lógica do Cisne
Negro, Dynamic Hedging e Antifrágil (este é recomendadíssimo para
enteder a volatilidade do mercado e também da vida, uma vez que o livro
possui cunho filosófico).
Para o autor, o conceito de f gil ad m de i ema e o em
uma grande dependência de um único fator, bem como sofrem com
a incidência de stress (volatilidade). Esse único fator acaba possuindo
grande influência e poder sobre o sistema. Assim, quando esse fator é
atacado, o sistema todo é comprometido.
Isso é vizualizado quando se observa o funcionamento do Governo
Federal de um Estado. O Governo Federal exerce poder e influência sobre
todo o país. E a partir disso, quando ocorre um Cisne Negro (evento raro
e imprevisível que pode ocorrer ou não, como atos de maus governantes)
o país inteiro é afetado.
Então podemos dizer que sistemas frágeis são os que dependem de
um fator central.
No mundo dos investimentos, há empresas que possuem essa
característica. Temos por exemplo, a empresa Wiz Soluções, a Múltiplus e
112
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a Smiles. Essas empresas possuiam um único contrato de prestação de
serviços. Veja a queda dos preços das ações da Wiz Soluções quando a
renegociação do contrato começou em meados de 2017:

E o mais absurdo, é que este contrato de prestação de serviços era


feito com o controlador, tornando a empresa ainda mais frágil!
A mesma coisa ocorre em empresas que dependem muito do
controlador. Mas não na questão contratual, e sim comercial. Empresas
que dependem da gestão do controlador, ou seja, de como ele age, pensa
e etc. podem ser um risco no longo prazo, uma vez que se esse controlador
deixar de fazer parte da companhia, ela pode não ter o mesmo
desempenho. A Amazon, por exemplo, depende muito do Jeff Bezos, o
seu fundador, que inclusive, está passando por um processo de divórcio,
onde a sua ex-mulher, provavelmente ficará com metade das ações da
empresa, diluindo os outros acionistas. Algo parecido ocorreu com a
Qualicorp, onde o maior e principal acionista informou que tinha intenção
de sair da empresa e abrir uma nova concorrente. Veja o comportamento
113
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das ações a partir de agosto de 2017:

Feita essa análise primária, fica o questionamento: sistemas anti-


frágeis seriam os indestrutíveis e sólidos? Não! São sistemas que possuem
pouca dependência de um único fator. São sistemas em que múltiplos
fatores são interdependentes e substituíveis. Quando esse fator é atacado,
o restante do sistema compensa (muitas vezes o sistema termina melhor
do que qunado começou).
O sistema anti-frágil é distribuído (descentralizado). Isso é
vizualizado quando oco e a m nici ali a o do Governo Federal. Ele
passa o poder dele para os Municípios, dando maior autonomia para estes,
fazendo com que se tornem independentes.
Assim, empresas anti-frágeis seriam as empresas que: não possuem
controle definido; não dependem de um único contrato; não dependem
de um único fornecedor; e possuem uma variedade razoável de produtos.

114
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Alguns exemplos de empresas anti-frágeis seriam: a Weg, a Ambev, a
RaiaDrogasil e a M. Dias Branco.
Então temos que, saber o conceito de f gil e an i-f gil aj da a
evitar escolher empresas em que a ocorrência de cisnes negros é absorvida.
Quanto mais anti-frágil a companhia, mais tranquila é passar por
esses eventos raros e prejudiciais.

4.2.2.1 Análise de Resultados


Para finalizar essa primeira parte das análises de empresas para ser
sócio, vamos falar da análise dos resultados das companhias.
Primeiro, é importante lembrar que já aprendemos que devemos
investir somente nos ativos que entendemos (ou seja, em como o ativo
gera lucro e funciona), realizar a análise S.W.O.T, realizar a análise das
Forças de Porter, realizar a análise das possíveis fragilidades da empresa, e
agora aprenderemos análisar os resultados dos indicadores (aqueles
mesmos que vimos na Demonstração de Resultado de Exercício, no
Balanço Patrimonial e na Demonstração de Fluxo de Caixa).
A primeira demonstração financeira que devemos analisar é a DRE,
que mostra a Receita, o Lucro Bruto, o Lucro EBIT(DA), o Resultado
Financeiro e o Lucro Líquido.
Na DRE devemos observar sempre a evolução dos resultados ao
longo dos últimos anos e o resultado atual para se ter uma idéia de como
a empresa está performando hoje em relação ao seu passado (ou seja, se
está evoluindo ou decaindo).
A segunda demonstração financeira a ser analisada é o Balanço
Patrimonial, onde observaremos o comportamento da Dívida em relação
ao Patrimônio da empresa e a relação da Dívida Líquida em função do
115
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EBITDA. Assim teremos uma ideia de como está a estrutura de capital da
companhia, ou seja, se ela está se alavancando ou reduzindo as dívidas, e
porquê está fazendo.
Por último, a demonstração financeira a ser analisada será a DFC,
onde deveremos elaborar um parecer a respeito de como a empresa está
investindo o capital que está recebendo. Isso se dará através da análise do
Capex e de outros indicadores como o FCO/Capex e o Resultado
Financeiro.
Essas demonstrações devem ser analisadas ano a ano, pois, poderá
haver distorções caso você as veja trimestralmente. Principalmente, em
razão das aquisições da empresa e das características dela, uma vez que,
empresas de varejo, costumam apresentar melhores resultados em épocas
festivas, por exemplo (é o caso da Grendene e da Magazine Luiza).

4.2.2.2 Governança Corporativa


De nada adianta escolhermos uma empresa que possua ótimos
balanços, se ela não oferece condições mínimas para que os sócios
minoritários permaneçam com ela no longo prazo. Assim devemos
observar se ela apresenta características que indicam se ela possui uma
governança corporativa que tende a beneficiar os sócios, como uma
divulgação de balanços mais transparente. Observe nos próximos tópicos.

4.2.2.2.1 Segmento de Listagem


Esse é um dos primeiros pontos a ser observado em uma empresa.
Empresas listadas no Novo Mercado apresentam uma série de benefícios
aos sócios minoritários, já que a Lei das S/A estabelece vários requisitos
para que a companhia pertença a essa classificação. Assim, empresas desse
116
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egmen o a e en am omen e a e ON , demonstrações anuais em
padrão internacional, um Free Float mínimo interessante (20-25%) e etc.
Cabe salientar que empresas mais antigas e com um mercado muito
grande, como o Itaú, costumam não serem desse segmento (Novo
Mercado). Isso não quer dizer que sejam empresas ruins! Apenas
possuem dificuldades em migrarem para o Novo Mercado pelo tamanho
e quantidade de ações em circulação.

4.2.2.2.1 Tag Along


O Tag Along nada mais é do que um mecanismo previsto na Lei das
S/A , que visa dar mais garantias aos acionistas minoritários, nos casos
de mudança no controle da companhia. Ou seja, se a empresa garantir um
Tag Along de 100%, significa que o acionista minoritário receberá 100%
do valor por ação recebido pelo controlador, no caso de venda da empresa.
Se o Tag Along for de 80%, o minoritário receberá esta proporção do
valor pago por ação ao controlador.
Entretanto, pela lei, o Tag Along só é garantido aos acionistas que
possuem papéis ordinários (ON ). J a ele e de m a i
preferenciais não se enquadram necessariamente nas regras do Tag Along,
a não ser em casos em que a empresa decida estender o benefício aos
demais acionistas, o que deve constar no estatuto. Entre as empresas que
estendem o Tag Along para as ações preferenciais estão o banco Bradesco
(Tag Along de 80%), a Gerdau (Tag Along de 100%) e o banco Santander
(Tag Along de 100% para as Unit s).
Em regra, se uma empresa não oferece no mínimo 80% de Tag
Along, ela não serve para ser sócio12. O ideal é que a empresa tenha 100%.

12
Eu particularmente, prefiro ficar de fora só pelo fato de ser PN.
117
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Menos que isso, depende muito da qualidade da companhia!

4.2.2.2.2 Free Float


O Free Float mede a porcentagem de ações da companhia que estão
em livre circulação no me cado. De fa o, a ad o di e a: floa
ignifica ci c la o , en an o f ee e di e li e . O eja, o free
float e e en a aquelas ações que estão em posse do mercado, e
portanto, são negociadas livremente através de mercado de bolsa.
Portanto, não são consideradas em circulação as ações detidas pelo
acionista controlador ou por pessoas vinculadas a ele, ações detidas
por administradores da companhia, ações em tesouraria, ações
preferenciais e de ações de classes especiais ( golden ha e ).
Então, vamos a um exemplo:
Ações em posse dos controladores: 5.000.000;
Ações detidas pelos administradores: 500.000;
Ações em livre circulação: 2.500.000.
Portanto, o total de ações é de 8.000.000, enquanto que o f ee floa
é de de 2.500.000 (ações em circulação)/8.000.000 (total de ações da
empresa) = 31,3%.
O ideal é procurar empresas com um f ee floa de no mínimo
20%. Isso porque, quanto menor o indicador, menor tende a ser a liquidez
das ações, o que pode dificultar a negociação dos ativos.
Também, quanto menos ações em circulação, mais fácil é para a
empresa recomprá-las e fechar capital, saindo da bolsa. Já mostramos aqui,
o que acontece com o preço das cotações quando a empresa faz um

118
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simples anúncio mostrando a intenção de praticar um OPA.

4.2.2.2.3 Participação Governamental


É interessante que a empresa não tenha a participação do Estado.
Geralmente, o Estado é ingerente, pois costuma gerir a empresa para
atender fins políticos e sociais, como é o caso do Banco do Brasil que tem
que inaugurar agências em locais que dão pouco lucro, em uma tentativa
de levar o acesso ao serviço bancário ao interior do país.
É bom salientar que, se a participação for irrelevante (menos de
10%), não há nenhum problema, pois costuma ser oriunda de
financiamentos que a empresa fez. Isso ocorre muito com companhias que
adquirem linhas de crédito com a Caixa Econômica Federal. O ideal é
analisar a participação caso a caso!

119
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Capítulo 5

5.1 Conceitos Gerais Importantes

5.1.1 Beta
Caso não se lembre, para se analisar o risco de uma empresa
devemos analisar como se dá a atuação dela, os balanços, efetuar a análise
S.W.O.T e a análise das Forças de Porter.
Porém, há um indicador que também pode auxiliar na análise de
risco da empresa. O indicado o Be a . E e m indicado e le a
em conta as oscilações das ações de uma determinada empresa frente a
média do mercado.
No curto prazo, as oscilações das cotações das empresas estão muito
ligadas as perspectivas futuras do mercado frente a elas. Então, quanto
maior o risco que o mercado vê no ativo, maiores são as oscilações das
cotações no curto prazo, já que quando as empresas melhoram,
melhoram muito, e quando pioram, pioram muito. Por exemplo, o Banco
Inter, que é uma small cap promissora para muitos acionistas, por trazer
maiores riscos (é small cap) possui um Beta maior do que o da Weg e
maior do que a média do mercado. E por isso, quando há uma alta geral,
suas ações tendem a se valorizarem mais, porém o inverso também ocorre.
120
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Então, temos que o Beta é um indicador estatístico que mede a
volatilidade das ações de uma empresa em relação a um índice de
mercado (no Brasil comparamos o Beta da empresa com o Ibovespa e
nos E.U.A com o S&P 500).
O Beta é formado em função, majoritariamente, do setor de atuação
da empresa, do nível de endividamento, e do risco interno da companhia.
Então, quanto maior a alavancagem operacional da empresa, quanto mais
arriscado o setor, e quanto mais arriscada internamente a companhia,
maiores os riscos e, portanto, maior o Beta. Veja:
Beta > 1: oscila mais que o mercado (quando o mercado sobe, as
ações da empresa sobem muito, e quando ele cai, as ações caem muito);
Beta = 1: oscila exatamente o mesmo que o mercado (quando o
mercado sobe determinado percentual, as ações costumam subir na
mesma proporção, e quando cai também);
Beta = 0: não tem relação com o mercado (aqui entra as Rendas-
Fixas, pois independente da oscilação da bolsa, as oscilações daquelas
permanecem as mesmas, isso corre com a Poupança;
Beta < -1: oscila exatamente o contrário do mercado (quando o
mercado sobe, a ação cai na mesma proporção, e quando o mercado cai,
as ações da empresa sobem);
Beta < -2: oscila mais que o mercado ao contrário (quando o
mercado sobe, a ação cai muito, e quando o mercado cai, a ação sobe
muito).
Assim, é possível notar também que a parte qualitativa da empresa
(análise de forças e fraquezas, análise de resultados e etc.) conversa com a
análise quantitativa (Beta). Pois, quanto mais arriscada a empresa, maior o
indicador Beta. Por exemplo, se pergarmos o Beta da Weg, vemos que ele
121
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é compatível com a análise ja feita da empresa, já que está em torno de
0,33. Agora, se pegarmos o da empresa Viver13 vemos que também são
compatíveis, já que a empresa apresenta prejuízos constantes e recorrentes
e possui um Beta de 3,41. Bem alto, não? Veja agora o exemplo do Banco
do Brasil:

Banco do Brasil

A linha superior (mais escura) se refere as ações do banco, enquanto


que a inferior ao ETF BOVA11 que replica o índice da média das maiores
empresas do país. Fazendo uma análise superficial, percebemos que
quando o mercado sobe, as ações sobem muito, e quando o mercado cai,
as ações caem na mesma proporção. Isso é refletido no Beta, já que possui
um valor de 1,95. O Beta é quase o dobro do mercado, indicando que
quando o mercado sobe 10%, as ações tendem a subirem em torno de
20%, ocorrendo também, o inverso. Agora vejamos como se
comportaram as ações da Ambev.
Por ela veremos que um Beta menor traz menos volatilidade e vice-
versa. Vejamos a menor variação da linha inferior, que corresponde ao
desempenho das ações da Ambev no ano de 2018. As oscilações vão de

13
Empresa de incorporação imobiliária.
122
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encontro ao Beta apresentado pela companhia que é de 0,53:

Conclui-se então que, a força com que as ações de uma empresa


oscilam (volatilidade) está relacionada com a perenidade e constância dos
resultados dela. Quanto mais contante e perene os resultados, menos as
ações dela oscilam no mercado, e, por consequência menor tende a ser o
indicador Beta.
Empresas que são sólidas e são bons investimentos para o longo
prazo costumam apresentarem o beta próximo a 1 (variando entre 0,5 e
1,5). É o que ocorre com a Weg, com a Porto Seguro, com a Lojas Renner,
com a Engie, com a Arezzo, com o Itaú e com a Eztec, por exemplo.
Obs.: você pode encontrar o Beta usando a fórmula da covariância
ou pela regressão linear. Em ambos os casos, vai precisar de uma fonte de
dados confiável e um histórico de preços de, pelo menos, 1 ano (252
pregões). Vai ter que calcular o Beta das 2 (duas) formas que eu citei acima
tanto para preços sem correção de proventos pagos no período quanto
para preços com correção de proventos pagos. Como isso é um livro, e
possui certas limitações, fica inviável mostrar o cálculo, que é mais fácil
123
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realizá-lo através de planilhas no Excel. Há vários vídeos na rede mundial
de computadores que são verdadeiros tutoriais que ensinam a realizar os
cálculos. Então vale a pena conferir! Obs.: uma forma simples de consultar
o Beta é usar o site do Yahoo Finance! (https://finance.yahoo.com/).

5.1.2 Como Aportar Corretamente


Após selecionar os ativos que irão compor a sua carteira de
investimentos e o percentual respectivo de cada um, você terá que realizar
os aportes (comprar os ativos). Porém, há alguns detalhes que você deverá
observar antes.

5.1.2.1 Reserva de Oportunidade


Os aportes devem ser feitos assim que você possuir o dinheiro em
mãos. Não faça como a maioria que o guarda para criar uma reserva de
oportunidade14. Na teoria, isso funciona. Porém, na prática...
É uma estratégia utópica, pois dificilmente alguem irá saber onde é
o fundo do mercado (grau mais baixo que os ativos irão cair).
Inclusive, já existem diversos estudos que mostram que comprar
todos os meses aleatóriamente supera quem tenta comprar nos fundos.
Então esqueça essa estratégia. Repito, ela não funciona! Você nunca vai
advinhar quando o fundo irá chegar e também irá perder a maioria das
altas do mercado.
Você fará aportes regulares ou seja, assim que tiver o capital em

14
Os investidores costumam criarem essas reservas de oportunidades para
que em momentos de crise, possam comprar ativos por um preço menor.
124
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mãos, independentemente se é semanal, mensal, trimestral e etc.

5.1.4 Caixa
A única reserva que vale a pena se ter é o Caixa. O Caixa é um
montante disponível e extremamente líquido que traz opcionalidade ao
portifólio do investidor. Essa opcionalidade, inclusive, é um dos
princípios da antifragilidade que defende Taleb.
Durante reversões de cenários macroeconômicos podemos adaptar
a carteira para lucrarmos em qualquer momento. Por exemplo, em um
momento onde a Selic tende a sofre cortes vale a pena reforçar os aportes
em Tesouro Prefixado no maior prazo para ganharmos com a marcação
à mercado e com a subida dos Fundos Imobiliários.
O mesmo ocorre quando essas taxas de juros começam a subirem,
onde com o Caixa poderiamos reforçar os aportes em Tesouro IPCA+
sem Juros Semestrais para ganharmos com a subida da inflação.
Como menciona Taleb em seu livro Antifrágil, devemos nos
posicionar no mercado de forma convexa, onde podemos perder pouco
e ganhar muito, sem ter o risco da ruína. Enfim, é uma estratégia muito
boa e que tende a funcionar com eficiência, sendo que o ideal é que se
reserve algo em torno de 10%.

5.1.5 O Que Comprar


No começo, quando estiver aportando nos ativos é recomendado
que compre poucos por mês. Por exemplo, se você deseja ter 10 (dez)
empresas na carteira, o ideal é comprar 1 (uma) por mês, em virtude das

125
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taxas de corretagem15. Muitos ainda não sabem que se você compra mais
do que 100 ações (um lote completo) há o pagamento de 2 (duas) taxas
de corretagem (aqui no Brasil). Uma para o mercado padrão e o outro
para o mercado fracionado. Por exemplo, se você compra 101 ações de
Ambev, você pagará uma taxa de corretagem relativa ao lote de 100 ações
e outra para a única ação do fracionário (o que não compensa).
Continuando, após comprar 1 (uma) empresa por mês, colocando o
que puder e sem repetir a compra de uma mesma companhia, você
deverá rebalancear a carteira. Mas como assim? Suponhamos que em sua
carteira de R$20.000,00 há 2 (duas) empresas. Cada ativo representa 50%
do seu patrimônio em 2019 e totaliza R$10.000,00. Veja:

No mês seguinte, o 1º ativo não teve valorização e nem


desvalorização. Enquanto que o 2º ativo teve uma queda de 50% no mês.
O percentual do 1º ativo, com a desvalorizando do 2º papel, fez com que
15
É uma taxa fixa de não mais que R$20,00 que as corretoras cobram.
126
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a representatividade dele aumentasse para 66%, enquanto que o 2º ativo
passou a representar 33%. Claramente houve um desbalanceamento, já
que seu objetivo era ter 50% de patrimônio em cada ativo. Assim, como
o objetivo é rebalancear a carteira, você, no aporte do mês, deverá comprar
o ativo que ficou mais para trás em relação ao delimitado. Observe:

Caso ainda não tenha ficado claro, vamos supor que sua cateria seja
formada por 10 (dez) empresas. Cada uma, segundo você, terá que
representar 10% do seu patrimônio. Assim temos:

127
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Passado 1 (um) mês e chegado a hora de aportar novamente, você
percebe que a Alpargatas e a Arezzo se desvalorizaram, fazendo com que
representem menores participações no portifólio. Enquanto que o Itaú, as
Lojas Renner, a Ultrapar, a Weg, a Tim, a IRB Brasil, a M. Dias Branco e
a Ambev não tiveram alterações, as ações da Alpargatas e da Arezzo
caíram, fazendo com que cada uma represente agora 6% e não mais 10%.
Isso fez com que as demais tivessem o aumento de 1% cada uma. Veja:

Assim, seu próximo aporte deverá ser em uma das 2 (duas) empresas
que ficaram para trás, com o objetivo de rebalancear o portifólio. Isso te
impede de ficar comprando nos topos, e te força a comprar as empresas
boas que estão com quedas nas cotações. Isso sim é oportunidade!
É bom salientar que, com vários ativos, você nunca ficará com
exatamente a porcentagem definida em cada um. Ela sempre irá variar por
conta dos eventos do mercado. Então, é normal algum ativo seu estar com
uma representatividade um pouco menor ou maior que o definido.
Ainda, nunca, em hipótese alguma, venda os ativos que se
128
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valorizaram para pegar o capital e investir nas que ficaram para traz. Como
eu já disse no início do livro, toda vez que você gira patrimônio você
paga intermediários (principalmente o Governo) e acaba ficando com
menos dinheiro. O que você deve fazer é pegar o capital que é destinado
aos investimentos e aplicar no que ficou para trás. Só isso! Nada de vender!
Obs.: talvez você tenha dificuldades em montar uma planilha que
mostre o balanceamento dos ativos. Assim, recomendo que use algum
aplicativo como o TradeMap Web, o Kinvo e etc., como forma de
observar o desenrolar da carteira.

5.1.6 Quando e Como Vender os Ativos


Vender um ativo significa deixar de ser sócio dele. Os acionistas (ou
cotistas se for Fundo), geralmente, deixam de ser sócios de uma
companhia quando ela perde as suas vantagens competitivas, apresenta
prejuízos recorrentes e mostra uma piora significativamente nos seus
resultados e fundamentos16.
Devemos saber que a piora deve ser real, e não apenas algum não-
recorrente, já que uma empresa pode apresentar trimestres com
resultados fracos, o que é normal. Toda empresa possui resultados
trimestrais piores e melhores ao longo de sua existência, e essas oscilações
são normais em um horizonte grande.
Para avaliar se a empresa está piorando, devemos acompanhar todas
as divulgações de resultado (o ideal é que se analise a divulgação anual). É
interessante manter anotações do porquê você se tornou sócio da empresa

16
Os fundamentos seriam os balanços e a governaça. Por exemplo, se uma
empresa começa a apresentar Lucros Líquidos cada vez menores, quer
dizer que ela está perdendo o fundamento ligado ao Lucro Líquido.
129
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e realizar a comparação do desempenho anual dela para ver se os
fundamentos se mantém. Por exemplo, quem virou sócio da Petrobrás há
10 anos atrás sabendo que o Governo controlava a empresa e que poderia
tomar atitudes que beneficiariam a ele e não aos acionistas, permaneceu
com a companhia mesmo quando o congelamento do preço do pretóleo
derrubou o desempenho dela.
Ainda, é sempre bom lembrar que você só deve sair de uma empresa,
se os dados que te fizeram entrar pioraram. Nunca, em hipótese alguma,
você deve sair só porque as cotações caíram!
Esclarecido isso, a questão que fica é: como vender? Você pode
adotar, basicamente, 2 (duas) estratégias. Vejamos elas a seguir:
Vender rápido: consiste em vender todas as ações da empresa de
um só vez. É indicado para quem tem pouco patrimônio e percebeu que,
apesar de a empresa não estar com os resultados ruins, eles irão piorar
muito no futuro. Nesse último ponto, o acionista deve ter a certeza que
não se trata apenas de uma crise momentânea, já que ao girar patrimônio
paga-se os intermediários (principalmente impostos, como por exemplo,
no caso das ações, onde se deve pagar 15% sobre o lucro se houver venda
de mais de R$20.000,00 no mês);
Quarentena: é uma estratégia onde você simplemente para de
aportar na empresa, mas também não vende os ativos. Você acompanha
o momento em que a empresa está passando para que com mais
informações você possa ir tomando suas próprias decisões. Essa estratégia
possui como desvantagem uma possível perda de oportunidade de compra
caso a companhia volte a apresentar resultados bons novamente, ou que
você venda no fundo, caso a empresa realmente beire a recuperação
judicial. No entanto, é a mais indicada, vez que a probabilidade de que uma
empresa boa se torne ruim, é baixa. Quanto melhor e mais sólida a

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companhia, menos chances há dela de se deteriorar.

131
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Capítulo 6

6.1 Classificação Geral das Empresas

6.1.1 Conceito
Primeiramente, devemos ter em mente que nossa carteira de ações
deverá ter pelo menos 90% de ativos de qualidade, sendo que apenas 10%
(no máximo) poderá ser reservado para empresas em situações especiais17.
Dentro dos 90% ainda podemos ter 2 (dois) tipos de empresas. As
high ali e o a de maio alidade, e a g ea b ine e
são as empresas que são bons negócios. Estas últimas são empresas boas,
in e ei , ma e n o a e en am oda a ca ac e ica de em e a
high ali como as vantagens competitivas ou as forças de Porter.
Caso ainda você decida investir no exterior, poderemos ampliar essa
cla ifica o adicionando mai 2 (d a ) ca ego ia : a de l a-quality e
a de mic o-ca .
A primeira classificação seria destinada as empresas de grande
enome e eg an a, ai como a Google, a P oc e n Gamble, a

17
Se iam em e a em oce o de na o nd , -turnaround ou em
recuperação judicial. Em geral, empresas mais arriscadas!
132
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Johnson&Johnson, o Mc Donald , a Apple e etc.
O outro grupo seria destinado as empresas americanas de tamanho
reduzido, mas que apresentam futuro promissor, como a Tesla, por
exemplo. Mas por que não as brasileiras? Porque o custo para que uma
empresa pequena seja listada em bolsa nos E.U.A é muito menor do que
no Brasil, evitando, assim, que o investidor tenha acesso apenas as
empresas pequenas que se tornaram assim em razão de terem apresentado
resultados ruins quando estavam grandes.

6.1.2 Empresas “High Quality’s”


Essas empresas possuem muitas forças de Porter, ou seja, não
possuem muitos concorrentes oferecendo os mesmos produtos/serviços,
possuem poder de negociação com os clientes e com os fornecedores, os
setores de atuação possuem poucos entrantes, e seus produtos são
dificilmente substituídos.
Essas empresas também possuem poucas fraquezas e ameaças, e
muitas vantagens e oportunidades, ou seja, uma matriz S.W.O.T sólida.
Ainda, são empresas que apresentam resultados constantes e perenes
(evolução constante na Receita Bruta e Líquida, evolução constante do
EBITDA e evolução constante no Lucro Líquido).
Também são empresas que estão inseridas em setores que existem a
muito tempo, e que produzem serviços ou produtos que tenderão a serem
usados por muitos anos, como o serviço bancário. Quanto mais velho a
existência de um produto, maior a probabilidade dele constinuar a existir,
como é o caso da bebida Cola da Cola-Cola, que existe a mais de 100 anos.
Alguns chamam isso de Teoria de Lindy ou Efeito Lindy .
As empresas ainda são, geralmente, líderes em seus mercados,
133
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o indo m g ande ma ke ha e , ofertando ainda, os melhores
produtos e/ou serviços (melhor custo/benefício).
São empresas que também possuem baixo risco, com Betas que vão
de 0,3 a 1,4. Assim, estão pouco alavancadas e inseridas em setores bons.
Resumindo, são empresas que possuem muitas forças de Porter,
matrizes S.W.O.T fo e , e l ado erenes, são de setores sólidos,
possuem liderança de mercado e apresentam baixo risco. Assim, são
exemplos de empresas dessa categoria: Weg, Itaú, Ambev, Neo-Energia,
Engie, M. Dias Branco, Amazon, Diageo, P&G, Johnson&Johnson, 3M e
etc.

6.1.3 Empresas “Great Business”


Essas empresas possuem algumas forças de Porter, porém em escala
menor do que as high quality s. Seria o caso da Magazine Luiza quando
comparada a Weg. Aquela, apesar de ser uma boa empresa e possuir a
força de Porter relativa a dificuldade de entrada de novos concorrentes,
não detém as demais (ao contrário da Weg). Assim, não há como 2 (duas)
empresas com qualidades diferentes terem o mesmo peso no portifólio.
Com relação a matriz S.W.O.T, a empresa ainda apresenta muitas
forças e oportunidades, porém mais fraquezas e ameaças do que as high
qualtity s.
As empresas great business ainda possuem resultados constantes e
perenes, evolução constante na Receita, no EBITDA e no Lucro Líquido.
Porém, é de forma mais branda. Por exemplo, é o caso da EZtec que
mesmo tendo uma tendência de alta nos seus resultados, por vezes o
balanço acaba ficando estável por um tempo (muito em razão do setor
ruim).
134
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Essas empresas também estão em setores que podem ser perenes ou
não. Temos como exemplo, a Linx que é de um setor novo, o de software
para bancos.
São empresa que possuem produtos ou serviços que tendem a
continuar sendo usados por muito tempo, mas que não possuem tanta
previsibilidade. Nesse exemplo, podemos citar a Localiza, a Movida, e a
Unidas, que apesar de estar no setor de aluguél de carros, não se sabe até
quando ainda existirá, em virtude da possível criação de novas técnologias
para o transporte privado ou público.
Normalmente, as empresas great business não são líderes em seus
mercados de atuação, possuindo um baixo/médio market share. É o caso,
por exemplo, do Bradesco. Apesar de não ser a melhor empresa do setor
(na minha opinião, é o banco Itaú), não deixa de ser um bom negócio.
Ainda, continuam a serem empresas de baixo risco e por isso
costumam apresentarem Betas entre 0,3 e 1,4.
Para encerrar, pode-se dizer então que as empresas great business
possuem algumas forças de Porter, possuem boas matrizes S.W.O.T,
possuem resultados sólidos, estão em setores perenes ou não e podem ser
líderes ou não em seus mercados. Podemos citar como exemplo dessa
classificação as seguintes empresas: Fleury, Grendene, RaiaDrogasil e a
Lojas Renner.

6.1.4 Empresas em Situações Especiais


Primeiramente, é bom salientar que essas empresas devem
representar, no máximo, 10% do seu portfólio de investimentos e que,
esse grupo é só para quem deseja correr mais riscos.
Eu não gosto de adicionar nenhuma empresa desse segmento, já que
135
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no longo prazo, quem não as possui, quase sempre tem um retorno maior,
já que a maioria dos ativos em situações especiais tende a continuar ruim,
ou até piorar.
Bom, empresas em situações especiais são empresas que estão em
processo de turnaround, pós-turnaround ou em processo de recuperação
judicial.
Para que você saiba, as empresas em processo de turnaround
costumam apresentarem prejuízos cada vez menores, o que indica que
elas estão sendo efetivas em eliminarem os passivos.
Já as empresas em processo de pós-turnaround já apresentam
Lucros. Eles são pequenos, porém constantes e com tendência de
melhora.
Por fim, as empresas em recuperação judicial estão em processo de
tornar as Dívidas pagáveis. São as mais arriscadas18, já que a maioria possui
dificuldades de cumprir o plano de recuperação apresentado em processo
judicial. Se você não sabe, atuo na área jurídica e em um escritório de
advocacia no centro da cidade de São Paulo. Atuo, em especial, com
falências e recuperação judicial, e se tem uma coisa que vi, foi empresas
nessa situação entrarem em estado de falência, por não terem viabilidade
de continuarem com suas operações, em decorrência dos maus resultados
e das dívidas cada vez maiores.
Em todas as 3 (três) situações, as empresas apresentam melhoras em
suas estruturas de capital, ou seja, as dívidas em relação ao patrimônio
da empresa diminuem e os lucros aumentam. Para vizualizar melhor,
na prática o indicador Dívida Líquida/EBITDA diminui e cada vez mais
18
Um estudo divulgado pela empresa JusBrasil demonstrou que apenas
1% das empresas que pedem a recuperação judicial, de fato sobrevivem e
voltam a plena atividade.
136
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o Lucro Líquido aumenta com o passar das demonstrações anuais. Veja
abaixo as demonstrações da empresa Vulcabrás (empresa em pós-
turnaround):

Dessas 3 (três) opções, o recomendado é que se dê preferência as


em situação de pós-turnaround. É mais fácil de se vizualizar se a empresa
realmente tem chances de se consolidar somente olhando a melhora dos
balanços, como o aumento do Lucro Líquido, do EBITDA e o controle
do endividamento.
Outra coisa importante de ensinar a você é que TODA empresa
que estiver dando prejuízos recorrentes, a governança dirá que a
companhia está em processo de “turnaround”. Então, não caia nessa!
Fique de fora! Não vale a pena correr riscos desnecessários e é por isso
que não é interessante deixar nenhum dos 3 (três) tipos na carteira. Eu,
particularmente, fico apenas com os 2 (dois) primeiros, ou seja, com as
high quality s e as great business.
Assim, podemos dizer que esse grupo deve ter uma baixa
respresentatividade na carteira. É um grupo para quem deseja mais riscos,
e por isso, defendo que os investidores que querem ter tranquilidade na
bolsa, devem excluí-lo do portfólio.

137
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Para quem é iniciante e está convicto de que quer ter esse grupo,
sugiro que primeiro compre todas as empresas high quality e great
business da carteira e só depois vá para as que estão em situações especiais.
A probabilidade de se fazer besteira diminui.
Ainda, dentro desses 10% reservados para as empresas em situações
especiais, é bom que você o dilúa em várias companhias. Ou seja, ao
invés de ter somente 2 (duas) empresas, cada uma representando 5% da
carteira, tenha 10 (dez), cada uma representando 1% do seu capital. Isso
se deve ao fato de que a maioria das empresas acabam não vingando, o
que evitará maiores prejuízos.
É ideal que você também tenha uma mentalidade de investir nessa
classe de empresas visando o longo prazo, ou seja, de realmente querer se
manter sócio delas e não apenas lucrar com o eventual aumento nas
cotações. Antes de investir, pergunte- e: Ca o a em e a d ce o, e
tenho interesse em continuar sendo seu cio a a em e? .
Para se identificar empresas viáveis dessa categoria é importante
vizualizar se elas possuem uma matriz S.W.O.T sólida, algumas forças de
Porter, se estão em um setor relativamente perene e se há algum constância
na melhora dos resultados. Ainda, é legal que se questione se a empresa
poderá ter uma atuação relevante em seu mercado caso as coisas deem
certo e se o ativo tenderá a apresentar baixo risco futuramente.
Hoje, podemos citar como exemplo viável de empresa em processo
de pós-turnaround a Vulcabrás Azaléia. É uma das poucas viáveis, pois
possui como donos os mesmos da conhecida Grendene. Ainda possui
marcas relevantes como a Olympikus e os direitos de distribuição e
fabricação da Under Armour. Além disso, a empresa se tornou muito mais
enxuta, reduzindo drasticamente as dívidas.
Podemos citar também a Le Lis Blanc. Ela se encontra em um
138
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situação um pouco mais delicada. Porém, atua com vestuário e acessórios
de alto padrão com marcas como Dudalina, John John, Bo.Bô e Rosa Chá.
Enfim, é possível ter qualquer empresa nessas situações, desde que
se tenha controle de risco. Não vale a pena quebrar ou levar prejuízos
enormes em busca de uma suposta rentabilidade. Como menciona Taleb,
não devemos nos expor ao risco da rúina. Eu, particularmente, foco
somente em empresas lucrativas, já que, como visto anteriormente,
empresas boas tendem a continuarem boas.

6.1.5 Visão Geral das Empresas Listadas em Bolsa


Na bolsa de valores brasileira, há várias empresas listadas. São cerca
de 450 companhias. Porém, a grande maioria não oferece condições
mínimas para nem sequer valer a análise.
O ideal é que já se exclua de uma possível observação as empresas
que possuem menos de R$250.000,00 em liquidez de ativos negociados
por semana. Devemos encontrar meios para vizualizar qual o volume
negociado durante vários períodos. Evitaremos empresas que possuem
baixa liquidez em seus papéis (h ej o com o ga en e e o de
compra e o de venda, caso necessite realizar tais atos).
Feito esse filtro inicial, temos que sobrarão em torno de 220
empresas com um volume semanal de negociação de R$250.000,00.
Caso apliquemos filtros como: sem prejuízo nos últimos 12 meses,
liquidez semanal superior a R$1.000.000,00, Beta menor que 2,0 e um
baixo endividamento, esse número cai para aproximadamente 95
companhias.
Ainda, caso apliquemos filtros como: PN com Tag Along, Beta
menor que 1,5 e ter um valor de mercado superior a R$1 bilhão, o número
139
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é reduzido para cerca de 60 empresas, que classifico como empresas
viáveis .
Por fim, caso apliquemos como critério de seleção, o filtro das
vantagens competitivas e dos bons fundamentos, teremos as melhores
empresas para ser sócio de longo prazo aqui no Brasil. Observe por setor
quais são:
Bens industriais: temos a Frasle e a Wege;
Saúde: temos a Fleury, a Hermes Pardini, a Hyperapharma, a
RaiaDrogasil, a Hapvida, a Intermédica, a Qualicorp e a Odontoprev;
Consumo-Cíclico: temos as Lojas Renner, a Hering, a Centauro,
a Magazine Luiza, a Kroton, a Grendene, a Riachuelo, a Arezzo, a
YDUQS, a EZtec, a MRV, a Tenda, a Metal Leve, a Localiza, a Movida, a
Unidas, o Iguatemi, a Multiplan, e a Vulcabrás;
Financeiro: temos o Itaú, o Bradesco, o Banco do Brasil, a
Itaúsa, a Cielo, a B3, a Porto-Seguro, o IRB Brasil e a Sulamérica.
Consumo não-cíclico: temos a Ambev, a Camil, a M. Dias
Branco, e a Tim.
Utilidade Pública: temos a Engie, a Equatorial, a Energias do
Brasil, a Neoenergia, a Taesa, a Sabesp e a Sanepar;
Tecnologia: temos a Linx e a Totvs.
Petróleo, Gás e Biocombustíves: temos a Petrobrás, a Petrorio,
a Enauta, a Cosan e a São Martinho.
Desse modo, qualquer uma dessas empresas, seria interessante de se
ter em portfólio, já que, na minha opinião, são empresas de altíssima
qualidade que tenderão a darem retornos significativos no longo prazo.
Elas são ótimas companhias para quem ainda não possui conhecimentos
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aprofundados em análise empresarial, visto que a probabilidade de acerto
em se tornar sócio é muito alta.

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Capítulo 7

7.1 Fundos Imobiliários

7.1.1 Fundos Fechados


Antes de entendermos o que são os Fundos Imobiliários, nós
devemos saber o que não são Fundos Imobiliários. Assim, temos que,
estes não são empresas, sendo assim, não possuem ações, e sim cotas.
Os Fundos Imobiliários também não são uma espécie de Renda-
Fixa. Conforme visto anteriormente, Renda-Fixa é todo investimento que
sabemos, a princípio, qual será o nosso fluxo de recebíveis (o quanto e
como vamos receber). Quando investimos em Fundos Imobiliários, até
temos certa previsibilidade de quanto receberemos em cima do capital
aplicado, mas o acontecimento de certas situação, como veremos, poderá
afetar positivamente ou não o fluxo de recebíveis19.
Assim, temos que os Fundos Imobiliários são fundos dividos por
co a , da me ma fo ma e a S/A li ada em bol a de alo e , o em
ações. Podemos dizer que um fundo é uma comunhão de recursos de

19
Isso aconteceu com o caso do Covid-19, que fez com que di e o FII ,
em especial os de Shopping, supendessem o pagamento de proventos.
142
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várias pessoas (cotistas) que objetivam realizar investimentos de vários
tipos diferentes.
Basicamente, temos 2 (dois) tipos de fundos. Veja:
Abertos: são os Fundos DI20, os Fundos de Ações21 e os Fundos
Multimercados22. Toda vez em que você faz um investimento, os fundos
emitem novas cotas e o dinheiro entra para o caixa dele;
Fechados: são os EFT 23 e os Fundos Imobiliários. Toda vez
em que você faz um investimento, o dinheiro não entra diretamento no
fundo, você apenas compra cotas de outras pessoas.
Investir em Fundos Imobiliários é mais vantajoso do que realizar a
compra de um imóvel físico. Imóveis físicos geralmente são caros, não
possuem liquidez, precisam de gestão para administrar os inquilinos, e etc.
A grande parte da população compra apenas um para alugar, o que torna
a renda proveniente deles sem diferenciação de origem. Eles também
possuem alta tributação (como o IPTU e o ITBI), são concentrados (haja
visto que demandam um poderio econômico alto para que se compre mais
do que um) e a compra é um processo muito burocrático (paga-se
corretores, impostos, construtores, cartórios e etc.).
Resumindo então, os investidores alocam capital em um fundo de
investimento, sendo que uma gestora profissional faz a administração dos
recursos. Dessa forma, não precisamos nos preocupar com gestão (já que
o gestor do Fundo Imobiliário faz basicamente tudo), as tributações
também são menores (já que os dividendos recebidos em forma de
aluguéis são isentos de impostos) e também não temos mais um processo
20
S o f ndo e in e em em CDB e T lo P blico .
21
São fundos que investem em Ações.
22
São fundos que investem em qualquer tipo de ativo.
23
São fundos que replicam Índices.
143
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burocrático de compra e venda de imóveis (já que isso incube também a
gestora).
Quanto a liquidez, esse problema também é resolvido na medida em
que os fundos são listados em bolsa24, o que garante que centenas de
milhares de pessoas possam comprar e vender suas cotas, assim como
ocorre com as ações.

7.1.2 No que os Fundos Imobiliários Investem?


A instrução da CVM de nº 472 delimita no que os Fundos
Imobiliários podem investir e o que eles não podem comprar. Da redação
do dispositivo legal podemos depreender que os Fundos Imobiliários
normalmente investem em:
Direitos reais sobre bens imóveis: os Fundos Imobiliários
podem comprar escrituras e assim receberem os direitos a que fazem jus
por serem proprietários. Temos como exemplo, lajes corporativas (prédios
destinados a locações empresariais), galpões logísticos (são galpões onde
normalmente são alugados para empresas que querem realizar estoques de
me cado ia ), ho ing cen e e im ei ind iai (im ei de inado
as indústrias)25;
Ações e cotas de empresas imobiliárias: normalmente, são
cotas de SPE (Sociedade com Proprósitos Específicos). O Fundo
24
Existem Fundos Imobiliários que não são listados em bolsa de valores.
Geralmente são fundos familiares, onde uma dada família que é detentora
de vários imóveis passa a gestão para um terceiro, e apenas recebe os
proventos respectivos.
25
Normalmente esses ativos possuem contratos bem longos de locação
com o locatário, já que costumam serem imóveis feitos sob medida da
empresa, dificultando a entrada de uma outra, caso haja vacância.
144
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Imobiliário investe (comprando cotas ou ações) em uma sociedade que
detém os imóveis;
Cotas de outros Fundos Imobiliários: alguns Fundos
Imobiliários investem em outros Fundos Imobiliários. São chamados de
F ndo de F ndo o FOF (Fo nd Of Fo nd ). O o in e em
uma parcela em imóveis e outra em outros Fundos Imobiliários, como é
o caso do HGRE11, que é pertencente a gestora CSHG Real Estate. São
o chamado F ndo H b ido ;
Certificados de Recebíveis Imobiliários: são os chamados
CRI . O Fundos Imobiliários compram os aluguéis do dono de um
imóvel que é alugado a um terceiro. Por exemplo, um Fundo Imobiliário
compra os aluguéis que seriam pagos aos proprietários de um imóvel onde
está locado um Shopping;
Letras de Crédito Imobiliário: normalmente os Fundos
Imobiliários pegam o Caixa que não está sendo utilizado e investem em
LCI de g ande banco (Cai a Econ mica Fede al, I a Unibanco,
Banco Bradesco e etc.).
Títulos Públicos: os Fundos Imobiliários podem deixar o Caixa
em LCI , amb m odem dei -lo em Títulos Públicos. Isso acontece,
geralmente, quando o Fundo Imobiliário acabou de fazer novas emissões
de cotas e quer investir o que recebeu até encontrar um novo imóvel.
Pelas normas da CVM, os Fundos Imobiliários podem investir em
todos esses ativos apresentados, porém, em alguns, o próprio regulamento
delimita os objetos a serem investidos. Ou seja, o estatuto pode determinar
que aquele Fundo Imobiliário só investirá em CRI ou em outros Fundos
Imobiliários.

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7.1.3 Modelo de Estruturação
Primeiramente, vimos que os proprietários de um Fundo Imobiliário
são os cotistas que investem nele. Esses cotistas contratam um
administrador de recursos para realizar toda a questão burocrática, uma
vez que ele é representante legal dos cotistas.
O representante, basicamente, fica responsável pela gestão técnica e
contábil dos ativos. Ele, por exemplo, elabora as demonstrações
financeiras, os relatórios mensais, escolhe os ativos em que o Fundo
Imobiliário vai investir e etc.
O administrador ainda pode tercerizar seu trabalho contratando um
gestor. É comum alguns administradores ficarem somente responsáveis
pela parte técnica e contábil, e delegarem a gestão de ativos para um gestor
contratado.
Como figura de um Fundo Imobiliário ainda temos o regulamento.
Este é um documento que costuma estabelecer a política de investimentos
(no que o Fundo Imobiliário vai investir, se será de papel, se será híbrido
e etc.), quem ficará responsável como administrador, definirá também se
o Fundo Imobiliário terá um gestor tercerizado e quem será ele, como
funcionará as deliberações nas assembleias (ou seja, sobre o que os
cotistas poderão decidir, como farão, qual o quórum e etc.), as taxas, os
egmen o de a a o ( e ai a a com ho ing , gal e , laje
corporativas e etc.) e as demais regras gerais.
Como exemplo, temos o caso do BRCR11, que em seu regulamento
ficou estabelecido que a administração do será realizada pela BTG Pactual
Serviços Financeiros S/A. Vejamos a seguir:

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Portanto, temos que um Fundo Imobiliário é formado pelos
cotistas, por um administrador, por um eventual gestor e por um
regulamento.

7.1.4 Diferenças entre Fundos Imobiliários e Imóveis


Investir em Fundos Imobiliários não é a mesma coisa que investir
em imóveis. Há algumas diferenças básicas. Nos Fundos Imobiliários nós
investimos em cotas, já nos imóveis, nas escrituras.
Quanto aos direitos, nos Fundos Imobiliários nós fazemos jus aos
aluguéis, enquanto que nos imóveis nos temos direitos aos aluguéis e ao
f o ( e mo j dico e ignifica fa e o o ).
Quanto a liquidez, nos Fundos Imobiliários ela é bem alta, já que é
muito fácil, na maioria das vezes, negociar as cotas em valores baixos,
enquanto que é muito mais difícil realizar a venda de um imóvel físico, que
custa milhares de reais. Isso traz um problema enorme na hora da venda...
O deságio!
Quanto mais caro o imóvel, menos compradores em potencial
possuimos. Por isso, deve-se avaliar o poder de compra do consumidor na
hora de querer investir em imóveis físicos. É muito mais fácil vender um
imóvel de médio padrão do que um apartamento na Av. Paulista em São
Paulo.
147
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Quanto a gestão, a dos Fundos Imobiliários geralmente é
profissional, o que traz maiores benefícios e retornos, o que não acontece
com os imóveis físicos que costumam serem geridos pelo próprio dono
ou por uma imobiliária (que não é de graça).
Quanto aos tipos de imóveis, temos que os Fundos Imobiliários
também levam vantagem nesse quesito, já que podem investir em vários
imóveis ao mesmo tempo, o geralmente não ocorre quando se compra
imóveis físicos, já que a maioria das pessoas não possui poderio
econômico para comprar mais 1 (um) imóvel. Isso também ocorre com
relação ao padrão do empreendimento, já que nos Fundos Imobiliários
tendem a serem de alto valor, enquanto que no investimento físico, não.
Ainda temos a questão da tributação do aluguél. Temos que nos
Fundos Imobiliários ela não ocorre. Eles são isentos! Isso não acontece
com os aluguéis dos imóveis, já que são tributados em 27,5% a título de
Imposto de Renda.
Com relação a venda, nos Fundos Imobiliários você deve pegar
20% dos lucros e pagar ao Governo em forma de imposto. Semelhante
ao que ocorre com os imóveis físicos com o ITBI. Porém, nos Fundos
Imobiliários a aliquóta é em cima dos lucros!
É interessante mencionar que no caso das vendas de imóveis
realizadas dentro do Fundo Imobiliário pelo administrador/gestor, aquele
não é obrigado a pagar os impostos de venda, e ainda tem o dever de
dar o rendimento aos cotistas. É um benefício fiscal!
Quanto ao investimento inicial, no caso dos Fundos Imobiliários é
necessário um pequeno aporte, já que as cotas costumam custar, no
máximo, R$250,00, enquanto que imóveis físicos, custam milhares de
reais.

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Diante do exposto, quanto ao retorno, fica claro que nos Fundos
Imobiliários o recebimentos de proventos acaba sendo maior do que nos
imóveis físicos. Mas não se engane, quem puder comprar os 2 (dois) tipos
de ativos, estará mais diversificado do que quem compra somente 1 (um).

7.1.5 Imóveis Físicos


Esse investimento costuma ser um pouco delicado e consfuso, então
resolvi reservar uma parte do capítulo para sanar algumas dúvidas.
Primeiro, os imóveis físicos são sólidos e estáveis, além de possuirem a
possibilidade de produzir renda. Porém, como dito, é necessário uma parte
enorme do seu patrimônio para adquirir apenas 1 (um), possuem baixa
liquidez e custos altos de manutenção quando não alugados
(principalmente tributos).
O maior problema com imóveis é que a maioria não sabe lidar com
eles. As pessoas não conhecem o investimento! Lêem as besteiras que os
analistas falam e, aí, ou se afastam totalmente perdendo mais uma
oportunidade de diversificação e solidez, ou compram sem saber o que
estão fazendo e acabam por comprometerem seus retornos.
Imóveis, como qualquer outro investimento, possuem vantagens e
desvantagens. Assim, podem ser bons ou ruins!
Em primeiro lugar, deve-se entender a diferença entre casa própria
para morar e investimentos em imóveis.
A casa própria pode ser um investimento também, e na verdade não
deixa de ser, mas a motivação para compra não é puramente financeira e
nem deve ser. É, muitas vezes, emocional! Cabe dizer que você não é
obrigado a ter casa própria! Não há nada de errado em morar de aluguel.
Cada um deve decidir o que é melhor para si. Se a casa própria é um
149
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instrumento que traz felicidade a família, esse é o objetivo primordial do
dinheiro.
Já o investimento em imóveis é puramente financeiro. E as
principais questões a serem observadas são: a localização, a localização
e a localização! As outras coisas nos imóveis podem ser usualmente
modificadas, mas a localização não! Até pode acontecer de uma localização
boa piorar ou vice-versa, mas usualmente, nas grandes cidades, a
localização é fundamental!
Outro aspecto é que imóveis pequenos permitem mais
diversificação, normalmente tem mais liquidez e são mais fáceis de alugar
(como mencionei acima). Via de regra, é melhor ter 3 (três) apartamentos
de quarto e sala do que ter apenas 1 (um) de 3 (três) quartos. Tendo 3
(três), se 1 (um) fica vazio, tem os outros 2 (dois) para pagar os custos,
além de possuirem uma população maior em potencial para alugar e
comprar, caso precise vendê-los. É óbvio que deve ser avaliada a condição
da cidade e do bairro, mas normalmente apartamentos menores são
melhores para investir.
Imóveis tendem a recuperar o poder de compra do dinheiro no
longo prazo, uma vez que acompanham a inflação, por isso
comparações com a Renda-Fixa, como usualmente são feitas pelos
analistas, são absurdas! Renda-Fixa não produz renda e o principal não
valoriza, logo é normal e esperado que o percentual do aluguél em relação
ao valor do imóvel seja menor do que os juros da Renda-Fixa. O imóvel
por si só, sem o aluguél, tende a manter o poder de compra do dinheiro,
valorizando de acordo com a inflação no longo prazo.
O retorno do imóvel vem do ganho de capital pela valorização e pelo
aluguél. Na Renda-Fixa são só os juros, e se você ir utilizando aos poucos,
valerão cada vez menos devido a inflação (entendeu por que não produz

150
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renda?).
A maioria das pessoas que tem dificuldade com investimento em
imóveis é porque faz confusões, não entende o que está fazendo e mistura
emoção com dinheiro (aliás como em qualquer investimento). Tendo um
imóvel e desejando o alugar, contrate uma boa administradora e a deixe
tomar conta. É o dinheiro mais bem pago do mundo! Ficar se metendo
com inquilino tira a paz da vida! Valorize o bom inquilino e não o preço
do aluguél. O aluguél vai variar de tempos em tempos de acordo com a
economia, a inflação e etc. Um bom inquilino que mantem o seu imóvel
em boas condições e paga todo mês sem criar confusão vale muito!
Se não estiver conseguindo alugar e o imóvel realmente possuir
valor, baixe o preço até chegar a realidade do mercado. Não adianta
você achar que vale sei lá quanto! O mercado que decide! Ficar vazio
enquanto briga por preço, é a maior burrice que os proprietários
cometem! Levam-se meses para recuperar o que se perdeu... Ás vezes até
anos! Pior é quando perdem um bom inquilino, porque querem reajustes
altos dos aluguéis. Mantenha o bom inquilino sempre que puder!
Ainda, não faça financiamento em hipótese alguma para investir em
imóveis! Não se iluda! Isso é alavancagem suja! Se não tem capital para
investir em imóveis, vá diversificando e guardando uma parte em Renda-
Fixa até poder comprar a vista. Não existe alugar e o inquilino pagar o
financiamento, se existisse não teria inquilino! Dívida é sempre terrível e
você vai pagar 3 (três), 4 (quatro) ou mais imóveis e terminar só com 1
(um), isso se terminar...

7.1.6 A Legislação dos Fundos Imobiliários


A primeira lei, e a mais importante acerca dos Fundos Imobiliários

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é lei nº 8.668 de junho de 1993. Essa lei, definitivamente, fez os nascer.
No entanto, a lei nº 11.033 de 21 de dezembro de 2004 fez uma maior
regulação das atividades, dispondo, quase que em sua maioria, sobre a
tributação desses ativos. Temos também a instrução da CVM de nº 472 de
2008 e por fim, a própria regulação interna dos fundos. Assim, podemos
ver que na questão regulatória, nós partimos de 2 (duas) leis federais,
passamos por 1 (uma) instrução normativa e por fim, chegamos ao
regulamento interno do Fundo Imobiliário. Isso quer dizer que este
último, o regulamento, pode eg la io a n o de e in e e e,
o m, n nca con a iando o demai di o i i o de hie a ia maio .
Feitos esses breves comentários, devemos saber que a lei nº 8.668
de junho de 1993 estabelece que os Fundos Imobiliários deverão distribuir
aos seus quotistas, no mínimo, 95% dos lucros auferidos, apurados
segundo o regime de Caixa. Esses lucros equivalem aos aluguéis recebidos,
menos os gastos com despesas. Ainda, dispõe a respectiva lei que os
rendimentos e os ganhos de capital são isentos de impostos sobre
operações de crédito, câmbio e seguro, assim como do imposto sobre a
renda e proventos de qualquer natureza.
Vale ressaltar que se você possuir mais do que 10% de um Fundo
Imobiliário, você não fará jus ao benefício fiscal da isenção. Isso se
deve ao fato de que a isenção busca incentivar a comunhão de recursos de
vários investidores comprando imóveis, onde antes, eles não conseguiam.
Caso contrário, se um investidor possuisse vários imóveis, seria mais
vantajoso para ele, colocá-los em um Fundo Imobiliário e aproveitar as
isenções. Ainda, o mesmo dispositivo legal também determina que, tanto
a pessoa física, quanto a pessoa jurídica, deverão pagar 20% em impostos
caso vendam as cotas com lucros. Essa aliquóta de 20% incide somente
sobre o lucro, e não sobe o capital e o lucro!
Quanto a instrução da CVM de nº 472 de 2008, temos que essa
152
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dispõe sobre todas as regras constitutivas de um Fundo Imobiliário. Ou
eja, ela d a g ia ge ai do f ncionamen o de m Fundo Imobiliário.
Por exemplo, ela dispõe como a assembleia geral funcionará, como ela
deve deliberar, quais são as competências do administrador, como devem
ser feitas as distribuições das cotas no mercado (na hipótese de ocorrerem
novas emissões), dispõe também sobre o funcionamento das taxas e como
elas podem ser cobradas, quais os investimentos imobiliários que o fundo
poderá fazer e etc.
Por fim, quanto ao regulamento interno do fundo, temos que ele
dispõe, basicamento sobre os poderes do administrador, quais serão as
taxas pagas a este e, eventualmente, ao gestor, a política de investimentos
do fundo, a contratação de terceiros (como contadores), comitês e etc.

7.1.6 Por que Investir em Fundos Imobiliários


Primeiramente, temos a questão da rentabilidade. Para se ter uma
ideia, veja o g fico a eg i e com a a a en abilidade da S ock
(a e ame icana ) com o REIT (e cie de investimento semelhante
aos Fundos Imobiliários):

153
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Chega a ser contra-in i i o e e o REIT ende am ce ca de 2
(duas) vezes mais e a S ock .
o el e amb m, e no ano 2000, onde oco e a C i e
das Ponto-Com , e en an o a S ock de enca am, o REIT
continuaram a se valorizarem, mostrando que os ativos possuem uma
baixa correlação.
Assim, investir em Fundos Imobiliários acaba trazendo mais valor
para o portifólio, já que gera maior diversificação.
Quanto ao Brasil, não possuímos um histórico tão completo quanto
nos E.U.A. Porém, veja o desempenho durante os anos de 2011 à 2018:

A tendência se manteve (os Fundos Imobiliários estão na linha


superior). Eles continuram rendendo mais, e ainda, com certos períodos
de descorrelação, como aconteceu nos anos de 2011, 2012 e meados de
2013.

154
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Assim, fica o questionamento: insvestir em Fundos Imobiliários é
melhor do que investir em Ações no longo prazo? Depende do perfil de
risco de cada investidor e alguns pontos devem ser colocados em pauta,
tais como:

Ações FII’s

A maioria esmagadora dos Fundos Imobiliários (e n o REIT , h


uma diferença substancial no que tange a alavancagem) não possuem
dívidas, o que, por consequência, os tornam investimentos mais seguros.
Quanto ao retorno, em que pese nos E.U.A tenha sido maior, os
REIT o ala ancado , oi ao con ário dos Fundos Imobiliários, os
REIT’s são empresas. Por isso costumam contrair dívidas a troco de
maiores ganhos. Fora isso, temos o fato de que no Brasil temos um
histórico muito curto do desempenho do IFIX26. Então, possuímos uma
incógnita a respeito desse quesito.
O ideal é que tenhamos ativos que gerem valor, independente de
serem Fundos Imobiliários ou Ações. No entanto, quanto mais
descorrelacionados, mais diversificação você tem e mais antifrágil é o
26
Índice que mostra a rentabilidade média dos Fundos Imobiliários na
bolsa brasileira. É como se fosse o índice Bovespa dos Fundos
Imobiliários.
155
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seu patrimônio (isso é de suma importância, tanto que reservarei um
capítulo para te ensinar a como proteger o portifólio).

7.1.7 Segmentos de Atuação


O segmento de atuação dos Fundos Imobiliários é a classificação
que mostra onde eles alocam os seus investimentos. É uma classificação
feita pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados
Financeiro e de Capitais). A seguir, você verá quais são os segmentos
listados.

7.1.7.1 Lajes Corporativas


É o segmento dos Fundos Imobiliários que investem em imóveis de
lajes corporativas, ou seja, em prédios comerciais que normalmente
possuem as lajes inteiras abertas (não há paredes dentro do andar, assim o
inquilino o molda como bem entender).
Esse segmento costuma oferecer certos benefícios aos investidores.
Um deles é que esses imóveis, geralmente, são de alto-padrão, ou seja, de
qualidade e de maiores tamanhos, tais como melhor acabamento interno,
melhor eficiência energética e etc. E como o custo do aluguél dessas lajes
é alto, normalmente só empresas grandes que as alugam, o que traz mais
solidez nos contratos.

7.1.7.2 Galpões Logísticos/Industriais


São, literalmente, galpões onde geralmente se faz o armazenamento
de unidades de distribuição de algumas companhia. A empresa, por
exemplo, pode alugar o galpão (inteiro ou em parte) e usá-lo para fazer a
156
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distribuição de seus produtos. A Grendene necessita muito desses centros
de distribuição, pois vende seus calçados para quase 100 países diferentes.
Ela escolhe a região, intala-se em um galpão próximo e faz a distribuição
para os lojistas.
Nós também temos os Fundos Imobiliários que investem em
galpões para indústria. Geralmente, esse tipo de imóvel costuma ser mais
personalizado para a empresa que o loca. Em alguns casos, o imóvel é
construído somente para uma empresa específica. São os chamados
BTS o Built To Suit (em o g , con do a a e ade a ).
Os contratos desse tipo de seguimento costumam sererem bem longos, já
que quando o inquilo sai, o Fundo Imobiliário tem dificuldade de alugar o
imóvel para outro terceiro27.
Esses segmento de Fundos Imobiliários de galpões logísticos ou
industriais possuem 2 (dois) tipos de contrato: o típico e o atípico.
O atípico é um contrato que não faz parte da Lei do Inquilinato
(lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991), que geralmente é feito por um
prazo muito extenso, e que se costuma estabelecer cláusulas onde o
inquilino que sai do imóvel antes do prazo avençado deverá pagar os
aluguéis até o fim do contrato, como uma espécie de multa. Isso favorece
o Fundo Imobiliário em certo ponto, já que ele possui uma previsibilidade
muito alta quanto ao recebimento de fluxos futuros, assim como as
empresas do setor elétrico.
Devemos sempre buscar por Fundos Imobiliários que são sólidos e
que possuam galpões mais modernos, já que geralmente possuem

27
Ca o de eje in e i ne e im ei B il To S i , ideal e e b e
por localizações mais estratégicas, onde possa haver possível interesse de
outras empresas, como centros comerciais.
157
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estruturas maiores e de mais fácil acomodação para as industrias28.
Só uma observação, ainda existe mais um outro contrato que
devemos prestar atenção!
o con a o chamado de SLB o Sale To Lease Back . Nele
o Fundo Imobiliário compra o imóvel e já o aluga de volta para o próprio
vendedor. Há uma compra e uma locação concomitante. Uma empresa
proprietária do imóvel, o vende para um Fundo Imobiliário que vai alugá-
lo de volta para a própria empresa, geralmente sob contrato atípico, cujo
o prazo de duração é mais longo e em caso de rescisão costuma gerar uma
multa enorme (geralmente, equivalente ao somatório dos aluguéis
restantes). Isso costuma ocorrer quando a empresa julga que é mais
benéfico para si obter liquidez, transformando o capital imobilizado em
recursos para investir no próprio negócio.

7.1.7.3 Shopping Center’s


São Fundos Imobiliários e in e em em ho ing cen e . E e
Fundos Imobiliários costumam ter uma participação relevante nos
ho ing , o m di dem-na com a adminsitradora do imóvel. Por
exemplo, a Multiplan que é dona do ParkShopping, possui participações
relevantes nesses imóveis e também faz a sua adminsitração.
Assim, de modo resumido, podemos dizer que os Fundos
Imobiliários desse segmento costumam serem sócios das adminsitradoras.
Algumas pessoas se perguntam se esse tipo de empreendimento
ainda existirá no futuro, tendo em vista a expansão do e-commerce
28
Temos como exemplo: o HGLG11 (CSHG Log), o GGRC11 (GGR
Covep), o conhecido XPLG11 (XP Log) e o FIIB 11 (Indi BR, que possui
foco em investir em galpões industriais, ao contrário dos demais).
158
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(mercado de varejo na internet). Eu, particularmente, acredito que sim!
Isso decorre do fato de que no Brasil, centros comerciais tendem a
carecerem de segurança. Ainda, devemos considerar que os shopping
cada vez mais vêm investindo em lazer e serviços, tais como a criação de
cinemas, praças de alimentação, área de descanso, salão de jogos e etc., o
que agrega muito mais valor ao ambiente.
Quem investe nesses Fundos Imobiliários deve saber que as receitas
provenientes do investimento são mais variáveis que as dos outros
segmentos, já que neste, o fundo costuma participar dos resultados dos
lojistas e dos estacionamentos, o que no longo prazo propicia uma possível
maior receita. É por isso também que nos finais de ano os dividendos
dados aos cotistas costumam serem maiores, em razão dessa participação.
Dito isso, de novo, devemos buscar por imóveis novos e modernos
que ofereçam diversos serviços a clientela, e que sejam também bem
localizados, já que isso costuma facilitar o acesso dos potenciais
consumidores29.

7.1.7.4 Títulos e Valores Mobiliários (TVM)


Fazem parte desse seguimento os Fundos Imobiliários que
in e em, ba icamen e, em CRI , o eja, em Certificados de
Recebíveis Imobiliários.
Nesse seguimento, devemos nos atentar a gestora do Fundo
Imobiliário! Pois, os CRI’s devem ser de qualidade suficiente para
que gerem ganhos consistentes para o fundo. Fora a questão de que,
esses Fundos Imobiliários costumam terem em carteira, até mais de 40

29
Temos como exemplo: o HGBS11 (Hedgebs), o ABCP11 (ABC Imob)
e o XPML11 (XP Malls).
159
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(quaren a) e cie de CRI , o e o na a admini a o indi id al
trabalhosa, e muitas vezes, inviável!
O investidor deve confiar, quase que cegamente na gestora do
Fundo Imobiliário, já que a análise individual de cada CRI se torna
inviavelmente complexa, o que faz com que um acompanhamento
minuncioso se torne impossível.
Ainda, fazem parte desse seguimento os Fundos Imobiliários que
investem em cotas de outros Fundos Imobiliários. São os chamados
FOF , como mencionei an e io men e.
Eu, particularmente não gosto desses fundos, já que se acaba
pagando taxas de administração a mais, sendo que o gestor só vai no
mercado e compra cotas dos Fundos Imobiliários que você mesmo
poderia comprar.
Enfim, como retro aduzido, devemos buscar os ativos mais
consolidados e de maior qualidade (principalmente no que diz respeito a
gestão)30.

7.1.7.5 Híbridos
Como o próprio nome já diz, são Fundos Imobiliários que investem
em várias espécies de ativos diferentes. Por exemplo, é o caso do KNRI11
que investe em 8 (oito) edifícios corporativos e outros 8 (oito) galpões
logísticos.

30
Temos como exemplo: o KNCR11 (Kinea RI), o KNIP11 (Kinea IP) e
o BCFF11 (BC FFII). Os 2 (dois) primeiros são administrados pela Kinea,
que é a gestora de recursos estruturais do banco Itaú, o que traz mais
confiança na hora da compra de Fundos Imobiliários do segmento aqui
estudado. Então, a dica que dou é que você dê preferência a eles.
160
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Esse tipo de Fundo Imobiliário também costuma comprar cotas de
outros Fundos Imobiliários, em títulos de valores e etc.
É um tipo interessante pela diversificação. A Receita acaba
fincando mais segura, visto que como o Fundo Imobiliário recebe de
seguimentos diferentes da economia, uma eventual crise em um deles,
afetaria pouco os outros. Veja o caso do Covid-19... Os Fundos
Imobiliários de shopping sofreram mais do que os hospitalares (por
questões óbvias). Então é uma opção interessante, caso você estude a
fundo o ativo.

7.1.7.6 Agências Bancárias


São Fundos Imobiliários que são donos de imóveis que são alugados
para instituições financeiras. Dentre as mais comuns, temos as agências do
Banco do Brasil, do Itaú Unibanco, do Banco Santander e da Caixa
Econômica Federal.
De imediato, na minha opinião, deixo consignado que são
seguimentos ruins, e por quê? Porquanto, o administrador costuma ser a
própria instituição financeira, como é o caso da Votorantim que
administra as agências do Banco do Brasil.
Ainda temos que os Fundos Imobiliários que investem em agências
bancárias, geralmente, não possuem vantagens competitivas.
Costumam serem imóveis comerciais iguais a vários outros que existem na
mesma região.
Alguns Fundos Imobiliários desse segmento também deixam claro
em seus regulamentos que os imóveis só podem ser locados para
determinada companhia. Assim, caso a instituição financeira saia do
imóvel, o administrador não poderá locá-lo para um terceiro, sendo
161
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obrigado a convocar uma assembleia para deliberar sobre como se dará o
futuro do Fundo Imobiliário, inclusive com possível venda. São fundos
bem engessados em questão de regulamentação.
Ainda, a maioria dos Fundos Imobiliários de agências bancárias
possuem gravações de ônus reais. O juiz costuma bloquear o imóvel
de venda para que ele fique como garantia de um eventual processo.
Você assume o risco de um processo jurídico tomar o imóvel do Fundo,
tendo que este acionar a instituição financeira. Um verdadeiro rolo , que
para mim, não vale a pena!
Outro fato importante, é que as agências bancárias estão cada vez
mais entrando em extinção. Isso se deve a nova era digital dos bancos
( inci almen e, fin ech ). Tivemos como exemplo recente o anúncio do
banco Itaú que resolveu por fechar cerca de 400 (quatrocentas) agências
físicas, em uma estratégia de migrar para o seguimento digital. Isso
ocasiona a dificuldade da renegociação dos contratos.

7.1.7.7 Hospitalares
Temos também os Fundos Imobiliários31 que investem no segmento
hospitalar. Eu, particularmente, também fico fora desse seguimento.
Pois, ele funciona do mesmo modo que os Fundos Imobiliários
educacionais. É muito difícil de se despejar um inquilino ruim. E, muitas
vezes, há processos judiciais que se estendem por anos (atuo na área
jurídica, confia em mim!), já que existe a questão da internação e dos
tratamentos dos pacientes.

31
Temos como os principais do segmento: o NSLU11 (Lourdes) e o
HCRI11 (Criança).
162
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7.1.7.8 Mandato do Gestor
O mandato de gestão funciona como uma classificação. Esta foi
elaborada, novamente, pela ANBIMA. Nessa classificação se evidencia a
competência do gestor do Fundo Imobiliário (ou seja, o que ele pode ou
não fazer). Basicamente, temos 2 (dois) tipos de mandato:
• De gestão Passiva: está presente em Fundos Imobiliários que
especificam em seus regulamentos o imóvel ou o conjunto de imóveis que
irá compor sua carteira de investimentos. Geralmente, são Fundos
Imobiliários mono-imóveis. E pelo empreendimento ser muito
representativo, qualquer assunto é deliberado em assembleia para que
os cotistas decidam à respeito. Por exemplo, uma venda parcial do
empreendimento. São passivos porque o gestor não atua de forma ativa
na gestão do Fundos Imobiliários;
• De gestão Ativa: está presente em Fundos Imobiliários que não
seguem os critérios da gestão passiva. Eles não costumam determinarem
quais os empreendimentos ou as regiões que irão compor a carteira de
investimentos. Normalmente, são Fundos Imobiliários multi-imóveis. A
gestão acaba ficando a cargo do gestor que delibera e escolhe os
empreendimentos que entende serem mais benéficos para o Fundo. Isso
ocorre com o HGRE11, onde a gestão costuma comprar e vender imóveis
com certo giro.
Essas informações podem ser buscadas em sites de investimentos,
ou mesmo, no próprio regulamento do Fundo Imobiliário. Observe a
seguir, como a gestão do KNRI11 também é, evidentemente, ativa:

163
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A pergunta que fica é: o que é melhor? Investir em Fundos
Imobiliários de gestão passiva ou investir em Fundos Imobiliários de
gestão ativa? A resposta é: depende!
São características diferentes e não existe um melhor! Na gestão
passiva, há menos dependência do gestor. Isso também faz com que o
Fundo Imobiliário se mantenha no seu status quo, o que pode ser ruim ou
não, a depender da qualidade da carteira. Enquanto que, na ativa, o inverso
ocorre. Podem acontecerem mais oscilações no fluxo de recebíveis. O que
também pode ser bom ou não. Vai depender muito da qualidade do gestor!
Temos também que nos Fundos Imobiliários de gestão passiva, os
cotistas deliberam mais sobre as questões levantadas pela administração, o
que pode não ser bom, já que os investidores, como um todo, possuem a
mentalidade de curto prazo. Por exemplo, reformas estruturais nos
imóveis, que causam diminuição na distribuição de proventos por um
tempo, podem não serem bem vistas pelos investidores, mesmo sendo
necessárias, e muitas vezes benéficas.
Outro fato que devemos observar é que, os Fundos Imobiliários de
gestão passiva, costumam serem menores em valor de mercado e por isso,
também costumam terem baixa liquidez, o que pode dificultar as

164
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negociações dos papéis. Além disso, quanto menor a liquidez, maior é o
ead en e a co a o de com a e a co a o de enda. No Fundos
Imobiliários com pouca liquidez, é possível ver, na hora das negociações,
um “gap” muito grande entre o preço que o melhor vendedor quer
vender e o preço em que o melhor comprador quer comprar.
O inverso também ocorre, já que os Fundos Imobiliários de gestão
ativa, por serem, geralmente, multi-imóveis, possuem maiores valores de
mercado e, por consequência, maiores liquidez.
Particularmente, o ideal é que se dê um maior peso na carteira aos
Fundos Imobiliários de maior liquidez. Isso, além de trazer mais segurança
nas negociações, também traz maior diversificação, já que, como
explicado, os maiores Fundos Imobiliários costumam serem multi-
imóveis32. Um exemplo, seria dar um peso de 10% para ativos como o
KNRI11 ou o HGRE11, e para Fundos Imobiliários com menos liquidez,
como o TBOF11, o THRA11 e etc. reservar, no máximo, 2% da carteira
para cada um.

7.8.1.9 Mandato de Finalidade


Também é uma classificação da ANBIMA. Essa leva em conta a
finalidade da constituição do Fundo Imobiliário.
Assim como a outra classificação, temos vários tipos de mandatos.
Veja a seguir nos próximos tópicos.

32
Quando o Fundo Imobiliário é multi-imóvel, muitas vezes, ele também
é multi-inquilino e multi-região, o que diversifica muito mais o
in e imen o. Po e a a e , em e oc o o chamado m l i-
multi-m l i , o eja, multi-imóvel, multi-inquilino e multi-região.
165
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7.8.1.9.1 Desenvolvimento para Renda
São Fundos Imobiliários que investem acima de 2/3 do seu
Patrimônio Líquido em desenvolvimento/incorporação de
empreendimentos imobiliários em fase de projeto ou construção, para fins
de geração de renda com locação ou arrendamento.
São Fundos Imobiliários mais arriscados que a maioria33, pois
costumam participarem desde a compra do terreno até a devida
construção, o que pode dar errado após a conclusão do empreendimento,
já que o retorno é menos previsível.

7.8.1.9.2 Desenvolvimento para Venda


São Fundos Imobiliários que investem acima de 2/3 do seu
Patrimônio Líquido em desenvolvimento de empreendimentos
imobiliários em fase de projeto ou construção, para fins de alienação
futura a terceiros34.
O Fundo Imobiliário, então, costuma participar da construção dos
imóveis e da venda, sendo que todos os proventos oriundos desta
costumam serem divididos entre os cotistas.
Não é indicado ao investidor de longo prazo ser sócio desse
seguimento, tendo em vista que os Fundos Imobiliários costumam terem
prazos para encerramento, o que traz muita especulação sobre o sucesso
ou não do empreendimento. Para mim, é muito mais vantajoso invistir em

33
Hoje, na bolsa brasileira, o mais conhecido é o XPLG11 (XP Log), que
atualmente é um Fundo Imobiliário híbrido, mas que no passado
costumava ser quase que exclusivamente de desenvolvimento para renda.
34
Como exemplo dessa classe temos o KNRE11 (Kinea II) que investe
em loteamentos e imóveis residenciais.
166
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empresas listadas em bolsa que atuam no ramo, como a EZtec, a MRV, a
Trisul ou a Cyrela.

7.8.1.9.3 Renda
São Fundos Imobiliários que investem acima de 2/3 do seu
Patrimônio Líquido em empreendimentos imobiliários já construídos,
para fins de geração de renda com locação ou arrendamento.
Funcionam de modo semelhante aos Fundos Imobiliários de
desenvolvimento para renda, com uma pequena diferença... Esses Fundos
Imobiliários compram os imóveis prontos35. Não participam do
processo de incorporação, e por isso, são a maioria na bolsa, e
logicamente, os mais seguros.

7.8.1.9.4 Título e Valores Mobiliários


São Fundos Imobiliários que investem acima de 2/3 do seu
patrimônio Líquido em títulos e valores mobiliários36.
Eles se confundem com a outra classificação já apresentada (onde
os Fundos Imobiliários podem investir).

7.8.1.9.5 Híbridos
Fundos cuja estratégia de investimento não observa nenhuma

35
Temos como exemplo o HGBS11 (Hedge Brasil Shopping) que investe
no egmen o de ho ing cen e , obje i ando a ena o ganho com o
aluguéis e a participação nos resultados dos lojistas.
36
Temos como exemplo o KNCR11 (Kinea Rendimentos).
167
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concentração das classificações anteriores. Ele pode fazer um pouco de
do (e .: com a im ei a a ende , in e i em CRI , in e i em
renda, e etc.). Não dá para opiniar sobre a qualidade deste tipo. Devemos
observar a composição de cada um individualmente. Dependendo dela,
vale a pena investir nessa classe.

7.8.1.9.6 Informações
Pode-se consultar as informações prestadas nesse capítulo na página
do Fundo Imobiliário dentro do site da B3 ou dentro do site da ANBIMA.
Lá é bem completo e detalhado. Vale a pena dar uma olhada!
Quanto a qualidade dos Fundos Imobiliários e a alocação em
portifólio, é ideal que se prefira ter Fundos Imobiliários com mandatos de
renda, pois são os mais apropriados para o investidor de longo prazo. No
máximo, Fundos Imobiliários de mandato de títulos e valores mobiliários
ou híbridos, mas em porcentagens menores. Não é uma recomendação,
mas é o que eu faria.
Quanto aos de desenvolvimento para renda e/ou venda, não são os
melhores para se terem em carteira, pois aprensentam viéses especulativos
e ainda trazem consigo o risco da incorporação (nesse segmento, é
interessante priorizar as ações, já que os Fundos Imobiliários são veículos
muito engessados legalmen e para a incorporação imobiliária).

7.8.1.9.7 Conhecendo o Investimento


Primeiramente, podemos obter informações sobre os Fundos
Imobiliários a a do doc men o chamado estáticos . E a
nomenclatura se dá em virtude de pouco mudarem com o tempo. Temos
como exemplo a legislação, as instruções da CVM, o regulamento interno
168
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do próprio Fundo Imobiliário e o prespecto de emissão37.
Temos também os documentos dinâmicos, que ao contrário dos
estáticos, sofrem alterações de tempos em tempos. Temos como exemplo
as demonstrações financeiras, os informes (mensais, semestrais e anuais) e
os relatórios gerenciais. São documentos indicados para acompanhamento
e gestão da carteira de Fundos Imobiliários.
Esses dados podem ser encontrados no site da B3 (na página de cada
um), no site da administradora do Fundo Imobiliário ou na própria página
dele.

7.8.1.9.8 Documentos
Partindo dos documentos mais complexos para os menos
complexos, temos como o mais importante a Demonstração Anual, que
contém parecer dos auditores e os resultados formais do Fundo
Imobiliário. Nela podemos observar a DRE, o Patrimônio, as Dívidas, os
Investimentos, o Balanço Patrimonial, o Fluxo de Caixa, as notas
explicativas e etc.
Esses são documentos que são enviados à B3 contendo vários dados
padronizados a respeito da estruturação dos Fundos Imobiliários. Como,
por exemplo, o CNPJ, o administrador, o custodiante, o auditor, o gestor,
o e-mail, o telefone, a localização dos imóveis, o valor de mercado, a
porcentagem da participação dos cotistas e etc.
Temos também a Demonstração Trimestral que possui alguns

37
É um documento de quase 400 páginas que o fundo divulga quando faz
as emissões de novas cotas ou quando está entrando na bolsa. Esse
documento contém, praticamente, todas as informações sobre os Fundos
Imobiliários.
169
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dados diferentes dos mostrados nas Demonstrações Anuais. Por exemplo,
a relação dos imóveis para renda acabados, qual a porcentagem de vacância
de cada um dos prédios, o total de inadimplência acima de 90 dias, a
atividade dos principais inquilinos e etc. Nós conseguimos, inclusive,
verificar o tamanho dos contratos, ou seja, se são de longo prazo, se estão
para vender, se são de prazo indeterminado e etc.
Ainda temos os Informes Mensais, que são verdadeiros resumos.
Temos como vizualizar os Passivos, os Ativos, o valor das cotas, os
dividendos, a rentabilidade mensal e etc.
E, por último, temos os Relatórios Gerenciais que são elaborados
pelos gestores e administradores de cada Fundo Imobiliário. Como
depende de cada gestor/administrador, a qualidade do material acaba
variando. Por exemplo, os Fundos Imobiliários da Kinea e da CSHG
possuem relatórios muito bons, que infelimente não se aplicam a outros.
No malmen e, ele m em fo ma o ca a , con endo ce ca de 15
(quinze) páginas, e são facilitadores de acompanhamento, já que depois
que você analisa o Fundo Imobiliário para se tornar sócio, basta realizar
a leitura periódica das cartas, para se manter por dentro dos
acontecimentos.
Você, nem sequer precisa ler todos os meses, desde que mantenha
uma certa frequência. Veja a seguir, os primeiros parágrafos de um
relatório gerencial do Fundo Imobiliário da Kinea, o KNRI11:

170
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Então, resumindo, a análise dos Fundos Imobiliários passa pelas
Demonstrações Financeiras, depois pelos Informes Anuais,
Trimestrais e Mensais, e por fim, pelos Relatórios Gerenciais.

7.8.1.9.9 Vacância
A vacância é a porcentagem do imóvel (ou imóveis) que se encontra
vaga. É a percela do imóvel onde não há inquilinos locando o
empreendimento. Cabe salientar que, temos 2 (dois) tipos de vacância: a
física e a financeira.
A primeira é calculada pela soma dos m² vagos do imóvel, dividida
pelo m² total de área do Fundo Imobiliário. Esse cálculo é feito assim: m²
vago/m² total do Fundo Imobiliário = X%.
Ou seja, se o Fundo Imobiliário possui só um imóvel, basta pegar o
tanto de m² que está vago e dividir pela área total do prédio. O mesmo
raciocínio vale para os Fundos Imobiliários multi-imóveis. Pega-se a
quantidade de m² vagos de todos os imóveis e divide-se pela soma da área
171
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total de todos eles.
Quanto a vacância financeira, temos que ela costuma apresentar um
número próximo ao da vacância física. Nós olhamos o preço potencial
daquele m² vago e dividimos pela receita potencial total do Fundo
Imobiliário. Isso costuma ser divulgado em Fundos Imobiliários que
possuem vários imóveis diferentes, como os de lajes corporativas com
vários empreendimentos distintos, já que se leva em conta as
características do imóvel que está vago. Um imóvel grande e bem
localizado costuma apresentar um potencial de rendimentos maior do que
em relação a um imóvel mau localizado, mas do mesmo tamanho.
Assim, essa vacância dá uma idéia do quanto, financeiramente,
temos vago e disponível. Insta salientar que, temos que tomar cuidado
com esse indicador, já que podem ocorrerem distorções. Quando
comparamos ativos de segmentos diferentes, isso acontece com
frequência. Por exemplo, Fundos Imobiliários logísticos, por
apresentarem m² de preços menores do que os de lajes corporativas,
podem apresentarem a mesma vacância financeira que estes últimos,
porém, com muito mais vacância física. Então, acabamos concluindo
que a vacância física em lajes corporativas, acaba sendo mais prejudicial
do que as que ocorrem em galpões (quando na mesma proproção).
Um dos malefícios da vacância é que ela causa uma baixa geração de
Caixa no Fundo, já que ele deixa de auferir renda com a não-locação do
imóvel38. Essa vacância pode ser momentânea ou estrutural, devido à

38
Cabe adiantar que não adianta o gestor baixar o valor do aluguél do
imóvel em uma tentativa de locá-lo. Isso porque, os outros inquilinos (caso
o imóvel seja multi-inquilino) poderiam se sentirem prejudicados
contratualmente em razão de estarem pagando mais pelo mesmo m² que
seu vizinho utiliza. O que poderia fazer com que o empreendimento se
esvaziasse.
172
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localização do imóvel e de sua qualidade. Por exemplo, há imóveis que
quando ficam vagos, os gestores possuem mais dificuldades em locá-los
novamente. Isso ocorre com frequência no segmento hospitalar e
educacional, o em em eendimen o built-to-suit . Temos como
principal exemplo o ALMI11 (Torre Almirante) que possui apenas 1 (um)
imóvel no centro do Rio de Janeiro e que tinha um contrato de locação de
100% com a Petrobrás. Ocorre que, a empresa rescindiu o contrato antes
do final, deixando o imóvel completamente vago. Para se ter uma ideia, o
gestor demorou mais de 1 (um) ano para repor cerca de apenas 20-30% da
vacância. Ainda, desde 2017, o Fundo Imobiliário não distribuiu mais
nenhum rendimento para seus cotistas, já que a receita das poucas lajes
corporativas locadas, acaba sendo utilizada para quitar as despesas das que
estão vagas (energia elétrica, saneamento, IPTU e etc.), bem como a
remuneração do administrador.
Agora, analisando o HGRE11 (Real State), percebemos que esse
tipo de situação é quase impossível de ocorrer na mesma escala, já que ele
é multi-multi-multi, possuindo vários ativos, com vários locatários e em
diferentes regiões do País. Isso reflete na vacância em que se encontra, que
desde 2018 está entorno de 20% (baixa, levando-se em conta que os
imóveis, estão, em sua maior parte, localizados em São Paulo, local em que
há grande oferta de imóveis).
Concluindo, temos então que sempre acompanhar a volatilidade
das taxas de vacância, evitando investir em Fundos Imobiliários em que
elas se apresentam muito altas (mais de 50%) por muito tempo,
evidenciando assim, possível dificuldade de locação (seja pela qualidade do
imóvel, pela sua estrutura ou pela sua localização).

173
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7.8.1.9.10 Qualidade
É meio óbvio, porém, temos que enfatizar que quanto maior a
qualidade do imóvel, mais caro é o m² dele, tanto para construir,
quanto para alugar. Assim, o inverso também ocorre.
Também temos que, quanto maior a qualidade do imóvel e
quanto mais novo ele for, menor será a necessidade de reformas ou
investimentos. Por exemplo, se é um imóvel onde as certificações
ambientais são elevadas e o consumo de energia é otimizado, menos
investimentos futuros o administrador/gestor irá necessitar para que o
imóvel não fique demasiadamente obsoleto.
Assim, para saber se um imóvel é de qualidade ou não, devemos
observar alguns pontos.
Geralmente, imóveis de qualidade apresentam várias
certificações39. E isso é comumente relatado nos relatórios do Fundo
Imobiliário. Assim, quanto mais certificações, mais qualidade os
imóveis possuem. Tamb m emo o a ing . S o alifica e eo
gestores costumam dar aos imóveis, de acordo com sua qualidade e
acabamen o. Um im el de al o ad o, o e em lo, o i a ing
AAA. Alguns gestores não fazem essa avaliação, o que não dá
uniformidade na hora de realizar comparações entre vários Fundos
Imobiliários.
Cabe salientar que, nem sempre a qualidade do imóvel implica em
maiores facilidades na hora de conseguir inquilinos. Por exemplo, no
BRCR11 (BTG Pactual Corporative Offices) que possui 11 (onze)
39
Hoje, os imóveis de alto padrão que apresentam eficiência energética,
materiais construtores de qualidade, alto aproveitamento de dejetos de
obras e etc., costumam possuirem a certificação Leed. O mais alto nível
de edificação imobiliária do mercado.
174
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imóveis, podemos perceber que todos os imóveis de classe B apresentam
taxas de vacância menores do que os de classe A. Isso se deve ao fato de
que a taxa de vacância está relacionada fortemente ao preço de locação
dos imóveis e não somente a qualidade do empreendimento. Quanto
maior o custo/benefício para o inquilo, maior tende a ser a facilidade de
preencher a vacância. Veja a seguir:

7.8.1.9.11 Inquilinos
Esse ponto também é importante ser observado, pois um inquilino
ruim pode trazer prejuízos altos para um Fundo Imobiliário, como a
quebra de um contrato atípico.
De imediato, já podemos dizer que quanto maior a qualidade do
inquilino, menor a taxa de inadimplência. Assim, quanto mais
consolidada a empresa que aluga o imóvel, menos riscos o Fundo
Imobiliário corre em relação a tomada de calotes. Em Fundos com
muitos inquilinos e imóveis, esse problema acaba sendo mitigado,
175
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já que a qualidade de um eventual inquilino ruim, acaba sendo compensada
pela ótima qualidade de outros. Agora, se o Fundo Imobiliário é mono-
mono-mono, é muito mais perceptível até mesmo a pequena
inadimplência, já que ela afeta demasiadamente o Fluxo de Caixa do
ativo.
Assim, é interessante que nós busquemos inquilinos que sejam
empresas consolidadas, multi-nacionais, ou que hajam multi-inquilinos. É
importante dizer, também, que esse critério de escolha dos inquilinos não
deve ser levado ao “pé da letra”, como critério excludente dos Fundos
Imobiliários. Isso deve ao fato de que nos Fundos Imobiliários, como um
todo, sempre existe certo giro de inquilinos, o que abranda os efeitos de
eventuais inadimplentes. O recomendado é que entre 2 (dois) Fundos
Imobiliários de qualidade, você procure dar um peso maior a aquele que
apresenta inquilinos melhores, e não excluir o outro totalmente. Devemos
sempre buscar gerenciar o risco (fragilidade)!
Quanto a como sabermos a taxa de inadimplência dos inquilinos nos
imóveis, temos que ela é demonstrada, geralmente, nos Informes
Trimestrais, uma vez que só costuma entrar nos relatórios,
inadimplências que ultrapassem mais de 90 dias.
Um fato interessante a ser sabido é que, nos imóveis em que o
locador e o locatário estabelecem contratos atípicos (geralmente feito em
Fundos Imobiliários do segmento industrial e logístico) a vacância tende a
ser menor, isso ocorre tendo em vista que a regulação contratual
estabelecida na convenção entre as partes, não se pauta na Lei do
Inquilinato (lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991), e sim na vontade das
partes. Isso faz com que se estabeleçam contratos bem longos e com
multas contratuais bem elevadas, reduzindo drasticamente a possibilidade
da ocorrência de inadimplência (ora, se a empresa vai ter que pagar os
aluguéis até o fim do pactuado, não faz sentido sair antes).
176
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Em resumo, devemos acompanhar o comportamento da taxa de
vacância ao longo do tempo, bem como conhecer os tipos de contratos
feitos entre os gestores e os inquilinos, e conhecer, na medida do
possível, o histórico de pagamento deles.

7.8.1.9.12 Gestores
Cabe salientar que saber a qualidade de um gestor requer um pouco
de subjetividade, e isso, você só irá desenvolver com o tempo. Quanto
mais tempo você observar a estrutura e o funcionamento dos Fundos
Imobiliários, mais você vai perceber os impactos das decisões dos
gestores. Irá notar que alguns costumam tomar decisões em prol dos
cotistas, enquanto que outros nem tanto.
Uma maneira fácil de perceber a qualidade de um gestor é observar
a riqueza dos relatórios gerenciais. Quanto mais informações possuir,
e quanto mais claro for, de maior qualidade tende a ser a gestão.
O ideal é buscar por gestores que administram outros Fundos
Imobiliários no mercado, que já estejam a um bom tempo no ramo, e que
administram Fundos Imobiliários antigos de mercado.

7.8.1.9.13 Taxa de Administração


Na maioria dos Fundos Imobiliários, é comum haver a presença de
2 (duas) taxas incidentes: a taxa de gestão e a taxa de administração.
O mais importante aqui é prestar atenção no valor da soma dessas
taxas, já que ela deve ser compatível com o tipo de gestão. Ou seja, quanto
mais ativo o gestor, maior tende a ser a soma das taxas. O inverso
também ocorre. Quanto menos ativo o gestor, menor tende a ser a

177
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incidência das taxas. A soma costuma variar de 0,2% a 2%.
Não há problema nenhum, caso as taxas se apresentem altas, desde
que seja condizente com o trabalho efetuado pelo gestor.
Essa taxa pode ser cobrada em função do valor de mercado das
cotas (é a forma ideal, inclusive consta na instrução da CVM nº 472), sobre
o patrimônio do Fundo Imobiliário ou pela sua Receita.
Também podemos vizualizar Fundos Imobiliários que cobram
taxas de performance. Ou seja, caso exista uma valorização maior do
que o estipulado pela administração do Fundo Imobiliário, este deverá
pagar uma bonificação a mais para o gestor, em razão da sua boa atuação.
Normalmente, costumam ficar entre 10% a 20% do que passar de uma
determinada rentabilidade (geralmente é utilizado como base o CDI). O
ideal é evitar40, já que os imóveis, por si só, tendem a se valorizarem, pois
acompanham a variação da inflação. Mas, caso você queira ter em carteira,
é interessante que se priorize os que são de gestão ativa, pois possuem
c lc lo im le e m benchma k elevado.
Obs.: cuidado ao olhar o estatuto do Fundo. Preste atenção no que
é cada taxa, pois pode ocorrer das adminsitradoras trocarem os nomes,
e/ou ocultarem.

7.8.1.9.14 Subscrição
Ao contrário das ações, nos Fundos Imobiliários as subscrições
costumam acontecerem com mais frequência. Não é raro acontecer mais

40
Normalmente, Fundos Imobiliários para desenvolvimento costumam
possuirem essas taxas. Elas só fazem sentido, se de fato o gestor realiza
um trabalho excelente na compra e venda dos ativos, caso contrário, a
rentabilidade ficará prejudicada.
178
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de 1 (uma) por ano.
Uma subscrição tem início com a emissão de cotas. A primeira
ocorre quando o Fundo Imobiliário realiza a emissão primária na bolsa de
alo e . Ele emi e a i e e e en am eda o do Fundo
Imobiliário, e os investidores os compram (processo idêntico a um IPO
de empresas).
O Fundo Imobiliário, quando quer captar recursos, realiza novas
emissões de cotas, aumentando seu tamanho (a Assembleia dos cotistas
deve aprovar a emissão). Porém, antes de ofertá-las ao mercado, o
administrador tem que dar o direito de subscrição cotistas atuais. Esses
direitos podem ser negociados no mercado, e possuem o código do Fundo
Imobiliário seguido do nº 12 (ex.: KNRI12). Vamos imaginar um
investidor que possua 1.000 (mil) cotas do BCFF11 em carteira. Na data
de 23 de setembro de 2019 ele ganhou o direito de subscrição do ativo
base BCFF11, portanto, em sua conta aparecerá 417 BCFF12, quantidade
proporcional às possuídas. Será um novo ativo em sua custódia, porém
este tem validade pré-determinada.
Os Fundos Imobiliários estabelecem uma data para que os cotistas
exerçam seu direito de subscrição, essa data é divulgada através de
comunicados divulgados pelo fundo no site da B3.
Geralmente vale a pena participar, já que costumam serem
negociadas a preços menores do que as cotas ordinárias do
mercado. Ficar de fora, também, causa sua diluição na participação do
Fundo. Já que, com mais cotas, a representatividade das suas acaba
diminuindo. Por exemplo, se o Fundo Imobiliário dobra o número de
cotas no mercado, a sua participação nele cai pela metade.
O Fundo Imobiliário, geralmente emite novas cotas, pois possui
como objetivos: aumentar seu tamanho; investir em novos ativos; ou
179
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diversificar a sua carteira.
Vale salientar que muitos investidores, durante o período de
emissões de cotas, costumam venderem as suas participações nos Fundos
Imobiliários para comprá-las novamente no preço de emissão, pagando
menos. Essa t cnica chamada de Flip , o Flipagem . Co ma da
certo, porém, se você possui muito patrimônio nos Fundo, e que adveio
de lucros, você terá que pagar impostos, o que pode não compensar.

7.8.1.9.15 Precificação de um Fundo Imobiliário


O valor de face da cota de um Fundo Imobiliário (valor de
negociação atual) pouco diz sobre o seu valor real que, às vezes, pode estar
distorcido entre a cotação do Fundo Imobiliário e o valor dos ativos do
próprio Fundo Imobiliário.
Em linhas gerais, o mercado precifica o preço das cotas,
predominantemente, em função dos rendimentos que esta proporciona
ao cotista, onde as cotas que entregam maior rentabilidade são as mais
procuradas pelos investidores.
Muito do que acontece com a cotação dos Fundos Imobiliários é
reflexo da oferta e procura das cotas no mercado secundário de bolsa de
valores. Quando um Fundo Imobiliário anuncia um fato relevante
o i i o, h ma co ida do in e ido e em di e o ele papel,
fazendo com que o preço dispare. Isso se deve ao fator emotivo das
pessoas, que buscam se posicionarem no ativo com a perspectiva de lucrar
no curto prazo.
Além do rendimento distribuído, há outros 2 (dois) mecanismos de
precificação dos Fundos Imobiliários que irei falar mais adiante. São eles:
valor patrimonial da cota e macroeconomia (são os mais utilizados).
180
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7.8.1.9.15.1 Valor Patrimonial da Cota
Uma conhecida medida para comparar se um Fundo Imobiliário está
ba a o o alo a imonial o cota.
Como exemplo, um Fundo Imobiliário que investe em imóveis tem
seu valor patrimonial igual a soma do valor de todos os imóveis mais o
Caixa disponível e aplicações financeiras. Ao dividir o valor total desse
patrimônio pelo número de cotas, você obtém o valor patrimonial por
cota.
O próximo passo é comparar esse valor patrimonial por cota com o
valor de face da cota no mercado secundário. Se ele for menor, significa
que o preço da cota do Fundo Imobiliário está descontado em relação ao
seu valor patrimonial.
O investidor deve se atentar a isso, uma vez que essa diferença tende
a se ajustar ao longo do tempo, já que o valor patrimonial do Fundo
Imobiliário costuma variar de acordo com o tempo e a métrica utilizada
pelo perito engenheiro.
De maneira mais prática e técnica é assim que funciona: Pegamos o
Patrimônio Líquido do Fundo e dividímos pela quantidade de cotas
disponíveis no mercado. Ou seja, a fórmula do VPA é a seguinte:

VPA = Patrimônio Líquido / Número de cotas no mercado

Tendo o VPA em mãos, para calcular o P/VPA (que é o queremos)


basta apenas dividir o preço por esse indicador. Em suma, suponhamos
que a cota de um fundo esteja sendo negociada no mercado secundário a
R$ 30 e o VPA dela seja de R$40. Nesse caso, o P/VPA poderá ser

181
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calculado dividindo-se 30 por 40. Portanto, o resultado é 0,75,
evidenciando um possível desconto, já o normal é o indicador orbitar 1,0.

7.8.1.9.15.2 Macroeconomia
Outro fator que influencia na tomada de preços das cotas dos
Fundos Imobiliários é a macroeconomia do país.
Se por um lado a economia estiver de vento em poupa (juros baixos,
inflação baixa e endividamendo controlado), os alugueis tendem a se
ajustarem para cima, causando um aumento de rentabilidade dos Fundos
Imobiliários. Isso causa um aumento nos preços dos imóveis que, por
consequência, aumenta o valor patrimonial do Fundo.
Com i o, o in e ido e a am a oma em mai i co e agam
mais caro para adquirir cotas, fazendo com que o preço destas corrija para
cima no médio prazo.
Por outro lado, com a economia indo de mau a pior, o preço dos
alugueis tendem a cairem e levarem junto com eles o rendimento dos
Fundos Imobiliários.
Com o rendimento menor, os investidores tendem a buscarem
outras alternativas de investimento, fazendo com que o preço das cotas
caia.
Portanto, há uma correlação inversa entre os juros (geralmente
definidos conforme o estado da economia do país) e os Fundos
Imobiliários. Isso pode ser observado da seguinte forma: quando a
economia vai bem, a taxa de juros cai e os Fundos Imobiliários
sobem, já que os investidores precisam tomarem mais riscos, uma vez que
a Renda-Fixa, balizada pela taxa de juros, tenderá a pagar menos. Já
quando a economia vai mau, os Fundos Imobiliários caem e os juros
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sobem, uma vez que os investidores costumam procurarem por ativos
menos arriscados e que geram retornos maiores que os Fundos
Imobiliários, como os Títulos Públicos (que como eu disse, são balizados
pela taxa de juros e pela inflação). Vejamos:

É um relação simples, porém negligenciada por muitos! Então tome


cuidado e gerencie seu portifólio.

7.8.1.9.16 Fundos Imobiliários para Estudo


Para finalizar, apresentarei um rol de Fundos, que ao meu ver, são
indicado a a em de eja m no e a a inicia o e do ob e e a
classe de investimentos. São eles: KNRI11 (Kinea Renda Imobiliária),
HGLG11 (CSHG Logística), GGRC11 (GR Covepi Renda), XPLG11 (XP
Logística), XPML11 (XP Malls), HGRE11 (CSHG Real Estate), CSHG11
(Brasil Shopping), VISC11 (Vinci Shopping Centers), HGCR11 (CSHG
Recebíveis), VRTA11 (Fator Verita), IRDM11 (Iridium Recebíveis
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Imobiliários), FLMA11 (Square Faria Lima), HGBS11 (Hedge Brasil
Shopping) e MXRF11 (Maxi Renda).
Lembrando que os dados podem ser acessados por várias
plataformas (Funds Explorer é um exemplo). Não tem segredo!

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Capítulo 8

8. Investimentos no Exterior

8.1 Porque Investir no Exterior


Quando alguém se refere à investir no exterior, basicamente, está se
referindo em investir no E.U.A. Isso deve ao fato de que nos E.U.A você
consegue ter acesso a maioria das bolsas de valores do mundo (desde a
Europa até a Ásia e Oceania).
Isso traz diversificação (go o de di e o cionalidade ), que é um
dos motivos principais para se investir além do Brasil, bem como
segurança (o que eu considero mais importante, tendo em vista a solidez
do maior mercado financeiro do mundo). Quando nós investimentos no
exterior nós trazemos para o portifólio de investimentos uma
descorrelação com os ativos do Brasil.
Eles não possuem quase nenhuma correlação entre si, o que faz com
que diminua a volatilidade da carteira e os riscos inerentes às crises locais.
Por exemplo, a greve dos camioneiros no Brasil, não afetou em nada os
ativos norte-americanos, e nem muito menos os orientais.
No exterior também podemos encontrar empresas mais sólidas (ou

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seja, menos arriscadas, como a Coca-Cola, a Johnson&Johnson, a P&G e
etc.) e menos sólidas (ou seja, mais arriscadas, como a Uber, a Netflix, a
Tesla e etc.), o que pode ser vantajoso para qualquer tipo de investidor,
desde o mais conservador ao mais arrojado.
Também podemos investir em empresas que possuem lastro em
Dólar, uma moeda que costuma, ao longo do tempo, valorizar-se em
função do Real (nos últimos 10 anos... +186%). Inclusive, até os
dividendos recebidos são em Dólares, o que pode ser benéfico para o
investidor.
Temos que investir fora acaba sendo simples e intuitivo, e que ao
contrário do que muitos pensam, não requer mais do que US$100,00 ou
US$200,00. Veja o gráfico a seguir:

Em suma, a comparação do índice Bovespa com o S&P 500, nos diz


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algumas coisas. O mercado americano é menos volátil que o nosso e em
certos períodos acabam ocorrendo movimentos inversos, como de 2010
à 2014, onde a bolsa norte-americana subiu e a brasileira despencou! Como
explicado, isso diminui muito a volatilidade do portifólio, já que quando o
Dólar sobe, o S&P 500 sobe junto, e o índice Bovespa cai, ocorrendo o
inverso também.
Podemos obter como benefício investindo no exterior, a baixa
desvalorização do patrimônio pela inflação, uma vez que nos E.U.A, ela
costuma ser bem menor do que no Brasil. Por exemplo, se você comprasse
uma televisão por US$100,00 nos E.U.A em 1995, hoje, você precisaria
desembolsar US$169,00. Já no Brasil, se você comprasse no mesmo ano
uma televisão por R$100,00, hoje, o mesmo produto estaria custando
cerca de R$501,00, uma vez que o IPCA anual do período foi de 6,87%,
contra 2,19% do CPI41 norte-americano.
Ainda, temos a questão cambial. Quando ocorrem crises sistêmicas
como a do Subprime e mais recente a do Coronavírus, há uma fuga
natural dos investidores para o Dólar (fen meno conhecido como Fl
To Q ali ). Como a moeda de reserva mundial (vários países
possuem reservas em Dólar), há um demanda enorme pelo ativo. Isso leva
a sua escassez. Ora, se temos um ativo seguro e escasso, qual é a tendência
de preço? É a que ele aumente!
É por isso que no Brasil, o ETF IVVB11, que é lastreado em Dólar,
teve uma recuperação explosiva em um curto espaço de tempo. A variação
cambial do Dólar pela procura e escassez fez o preço do ativo subir,
carregando o ETF.
Hoje temos várias corretoras que nos possibilitam investir fora

41
É um índice que calcula a taxa de inflação nos E.U.A. Bem semelhante
ao IPCA do Brasil.
187
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aceitando muito bem o investidor estrangeiro. Dentre as mais conhecidas
temos: Interactive Brokers (mais sólida de todas); TD Ameritrade
(conseguimos investir em todos os países da Europa); e Avenue (a mais
cômoda para nós, em virtude de ter sido fundada por brasileiros, inclusive
possuindo a plataforma traduzida). Particularmente, eu uso a última, e até
hoje não tive nenhum problema. Então fica a seu critério.

8.2 Como Investir no Exterior


Você pode investir como Pessoa Física, abrindo conta no exterior
com seu nome e CPF em alguma corretora, ou como Pessoa Jurídica,
em fo ma de off ho e 42.
Na modalidade de Pessoa Física, você irá necessitar de abertura de
conta em corretora, bem como de plataformas que façam remessa para os
E.U.A, convertendo Real em Dólar (pela Avenue basta um TED do seu
banco direto para a corretora, sendo bem mais simples, visto que com o
dinheiro na plataforma você pede a conversão do real para o dólar). Esse
modelo de investimento costuma ser mais prático e ter menores custos.
Porém, há a incidência de Imposto sobre Herança, e o preenchimento
da declaração de Imposto de Renda costuma ficar mais trabalhoso.
Já na forma de Pessoa Jurídica, você necessitará criar uma no
exterior (normalmente os investidores abrem-na em Bahamas), e depois
abrir uma conta em alguma corretora norte-americana. Dentre as
vantagens, destaco o planejamento tributário e sucessório, uma menor
carga tributária e a simplificação do preenchimento dos formulários do
Imposto de Renda. Em contra-partida, o custo para se contratar um
e c i io de ad ocacia a a a abe a de ma off ho e co ma e

42
Empresa que não está sediada no Brasil e sim no exterior.
188
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em média US$1500,00, sem contar o custo de manutenção anual, que
geralmente é de mesmo valor. Por isso, só é recomendada essa prática, se
você já possui um patrimônio mais relevante, girando em torno de
US$100.000,00.
É bom salientar que, nas 2 (duas) modalidades, incide a tributação
de 30% em cima dos dividendos. Também ocorre o pagamento do IOF
em 0,38% do valor tranferido. Ainda temos também a incidência de
Imposto de Renda na aliquóta de 15% para ganhos de até
R$5.000.000,00, aumentando a porcentagem de incidência, conforme o
aumento do ganho, de modo que se você tiver lucros com vendas
superiores a R$30.000.000,00, a aliquóta será de 22,5%. Porém, não há
cobrança do imposto, se as vendas com lucros não superarem
R$35.000,00 (assim como ocorre no Brasil, só que aqui temos como
parâmetro R$20.000,00).
O e a benef cio a a o acioni a, no ca o da off ho e , é o
fato de que você só paga esse imposto, se trouxer o dinheiro para o Brasil,
caso contrário, será isento. Também temos isenção em relação ao Imposto
sobre Herança, onde 50% dos seus rendimentos costumam serem taxados
pela Receita Federal dos Estados Unidos quando o titular da conta falece.
O único ponto ruim, é a questão de trazer os rendimentos para o Brasil,
onde você paga imposto de até 27,5% em cima do lucro (em tabela
regressiva).
Quanto a declaração de Imposto de Renda, em ambos os casos,
deverá ser feita aqui. Não precisando lidar com o Fisco dos E.U.A. Você
de e decla a e e in e imen o no e e io na a e de Ben e Di ei o
e a lica e financei a da a decla a o de Im o o de Renda (basta
colocar o custo de aquisição). Porém, se você possuir mais do que o
equivalente a US$100.000,00, você deve preencher a Declaração de
Capitais Brasileiros no Exterior (CBE). Mas, não se assuste... O processo
189
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é simples!
O ideal é que você permaneça na Pessoa Física até atingir os
US$50.000,00 em investimen o no e e io , e e mig e a a ma off
ho e ando a a di o (o ideal n o l a a a mai do e
US$100.000,00 em Pessoa Física).
Bom, visto tudo isso, você deve estar se perguntando se vale a pena
investir no exterior com toda essa tributação. Minha resposta é sim! Vale
a pena! Há inúmeros benefícios, como já mostrados. Esse patrimônio no
exterior deve funcionar com uma reserva de valor, já que as empresas
costumam serem mais sólidas do que as do Brasil. Assim, se você for usar
algum provento oriundo dos investimentos, é interessante que se use das
ações brasileiras, por conta das isenções.

8.3 Remessa de Câmbio


Basicamente, para você investir no exterior, você precisará realizar
uma tranferência de recursos para o país destinado. Para isso, você
necessitará de uma corretora de câmbio que converta a moeda brasileira
em Dólar e envie os recursos para sua conta da corretora localizada no
exterior.

Procedimento: Banco > Plataforma de Remessa > Corretora.

Você pode usar qualquer corretora de câmbio autorizada a funcionar


pelo Banco Central e que tenha expertise em realizar o câmbio de forma
adequada. É muito importante que a corretora seja especialista em fazer as
remessas visando investimentos no exterior, pois toda vez em que ela

190
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realizar as remessas para fora, esta precisará informar ao Banco Central
que você está fazendo isso com a finalidade específica de investir.
Essa finalidade é importante, pois dependendo do que seja ela, a
aliquóta de IOF muda. Por exemplo, se você tranferir dinheiro para fora
visando a compra de bens móveis a aliquóta será uma. Agora, se você
informar que o dinheiro irá ser usado para remunerar outra pessoa, a
aliquota será outra totalmente diferente.
A mais usada e conhecida corretora de câmbio é a Remessa Online.
A empresa é focada em realizar remessas com a finalidade de
investimentos no exterior. Então vale a pena você pesquisar a respeito.
Há um forma mais simples de se enviar recursos para o exterior. Ela
se dá através de corretoras de valores que aceitam TED s. A Avenue é um
exemplo. Por meio de uma simples TED o dinheiro já é enviado
diretamente para a corretora, e uma vez dentro da plataforma, você
mesmo realiza o câmbio quando bem entender, bastando poucos cliques.
Isso se deve ao fato de a corretora ter parceria com o Banco Bexs (um
banco especialista em câmbio, remessas, comércio exterior, investimentos
internacionais e pagamentos digitais).

Procedimento: Banco > Corretora > Conversão em Dólar.

8.4 BDR’s
O BDR é um tipo de investimento no exterior. É a abreviação para
B a ilian De o i a Recei . Tamb m ci ado alg ma ezes como
Ce ificado de De i o de Valo e Mobili io o CDVM .
O BDR pode ser definido, resumidamente, como um ativo em que

191
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o investidor brasileiro pode adquirir quando interessado em investir em
empresas de fora do país.
Em outras palavras, além de ser uma alternativa para empresas
e angei a ca a em ec o no me cado b a ilei o, a li agem de BDR
possibilita ao investidor comum adquirir no Brasil valores mobiliários
lastreados em ativos estrangeiros. Porém, é necessário que o investidor
entenda que investir em BDR s é diferente de se investir diretamente
em ações estrangeiras, oi o BDR odem e com a ado a f ndo
de investimentos que possuem ações estrangeiras em seu portfólio.
Dessa forma, caso o investidor deseje se associar a alguma empresa
estrangeira como a Apple, por exemplo, ao investir em um BDR que
contenha essa ação, esse investidor não se torna, de fato, sócio da
companhia, visto que, quem adquiriu essa ação da Apple, nesse caso, foi o
Fundo em questão e não diretamente esse investidor pessoa física.
No Brasil, essa instituição que emite o BDR é chamada de
instituição depositária . Dessa forma, títulos de empresas como Apple,
Bank Of America, Google, McDonald , Mic o of , Ama on, Coca-Cola,
Nike, Johnson & Johnson, JP Morgan, Dell, eBay, HP e muitas outras
podem ser negociados aqui no Brasil, fazendo com que pessoas comuns
possam, através dos BDR s, estarem vinculadas a essas companhias e
terem participações, mesmo que indiretamente, em seus resultados. Cabe
aqui destacar que não só empresas norte-americanas podem ser
negociadas no Brasil através de BDR, mas empresas de qualquer outro
país do mundo.
O BDR aqui no Brasil costuma ser negociado em bolsa com a
n me a o de 34 no final do c digo. Po e em lo, a a locali a BDR
da Apple, o investidor deve buscar em seu homebroker o ativo APPL34.
No B a il, co mamo e 2 (doi ) i o de BDR :
192
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Patrocinados: a emissão precisa ser autorizada pela companhia,
deve possuir registro na CVM (nível 2 e 3) e os acionistas devem ser
comunicados dos fatos relevantes e dos avisos da empresa. Costumam
trazer custos para as companhias norte-americanas e por isso, são poucas
a BDR a ocinada di on ei ;
Não-patrocinados: a companhia não precisa aprovar a emissão
de BDR e h a nece idade de oc e investidor qualificado (ter mais
de R$1.000.000,00 em in e imen o ). A maio ia do BDR o dessa
categoria.
Assim, emo como an agen em in e i em BDR : a raticidade
(não é necessário abrir conta em corretora estrangeira e nem realizar
remessas) e a não incidência de custos (uma vez que não há envio de
dinheiro para o exterior de fato). Porém, é necessário ser investidor
qualificado, já que a maioria dos BDR o n o-patriocinados, e eles
costumam ter baixíssima liquidez (o e a men a o ead ). Tamb m
temos poucas opções se comparadas as S ock li ada na bol a
americanas. Por fim, não temos acesso aos REIT e nem aos ETF no e-
americanos.
Concluindo, ao meu ver, os BDR’s não valem a pena! O dinheiro
ainda continua aqui no Brasil, o que faz com que seu risco não esteja
diversificado (lembre-se, existe risco político, econômico, cambial, social
e etc.). Investir diretamente no exterior, continua sendo o melhor
caminho!

8.5 Stock’s
A S ock são as ações americanas de fato. Lá nos E.U.A, elas
são negociadas em mais de 10 (dez) bolsas de valores. E por isso, a

193
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dinâmica de investimentos é um pouco diferente.
Ao todo, temos cerca de 5 mil ativos negociados nas bolsas norte-
americanas, divididos, basicamente, em 11 setores. Observe:
Basic Industries: é o setor que equivale ao de indústria de base.
Temos como a empresa mais notória a P&G. Ela é dona de várias marcas
famosas tais como: Gillette, Pampers, Pantene, Ariel, Ace, Oral-B,
Duracell, Head&Shoulders e etc. Com isso, atualmente, a empresa está
cotada em quase US$300 bilhões de valor de mercado;
Capital Good’s: é o setor que equivale ao de Bens de Capital. Ele
é formado por empresas que fabricam peças para outras empresas. Dentro
dele temos: a Tesla (a famosa fabricante de carros elétricos); a GM (a
proprietária da Chevrolet); a Caterpillar (responsável por fazer
equipamentos para indústrias, tais como tratores) e etc.;
Consumer Durables: é o setor de bens de consumo. Nele, temos
como destaque a Kimberly-Clark que é dona de marcas como: Neve; Scott;
Intimus; Huggies e etc. Ambas de papel-higiênico;
Consumer Non-Durables: como o próprio nome já diz, é o
setor de bens de consumo não-duráveis. Nele temos empresas bem
conhecidas, tais como: Nike; Coca-Cola; Pepsi; Altria (maior fabricante de
cigarros do mundo);
Consumer Services: equivale, no Brasil, ao setor de serviços de
consumo. Nele temos, como exemplos de empresas: a Amazon; a Disney;
e o Walmart;
Energy: muito parecido com o setor de utilidade pública aqui no
Brasil. Porém, a maioria das empresas é produtora de energia a base de
petróleo. Temos como as mais conhecidas: a Exxon Mobil (petróleo); a
Chevron (petróleo); e a General Eletric (concorrente direta da Weg);
194
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Finance: é o equivalente ao setor Financeiro. Como
representantes norte-americanas temos: a Wells Fargo; o Bank Of
America; o Goldman Sachs; e a American Express;
Health Care: equivalente ao setor de saúde. Nele temos como as
mais conhecidas a Abbot e a 3M. É um setor muito bom, vez que a saúde
nos E.U.A é em sua maioria formada pela iniciativa privada, ao contrário
do Brasil;
Miscellaneous: é um setor diferente do que temos aqui no Brasil.
Nele se enquadra tudo que não se encaixa nos outros setores. Nele temos:
a Mastercard; o Paypal; e a Visa;
Public Utilityies: é como o setor de utilidade pública também.
Como as empresas mais conhecidas, temos: American States Water
Company; a Duke Energy; e a Verizon;
Technology: é o mais famoso de todos. Nele, temos como
empresas: o Facebook; o Google (Alphabet); a Microsoft; a Intel; a Nvidia;
a Apple; a Adobe; e a IBM. O setor de Tecnologia é o carro-chefe dos
investimentos nos E.U.A. As empresas são realmente muito boas! Para
se ter uma idéia, o ETF QQQ (formado pelo índice NASDAQ-100) que
replica o desempenho das empresas americanas não-financeiras esta
batendo o índice S&P 500 com bastante consistência, pelo fato de que o
ETF tem metade de sua alocação no setor tecnológico. Vale a pena ficar
de olho nesse setor! O benefício de se investir nele, em detrimento do
setor de tecnologia brasileiro, é enorme!
Transportation: é um setor idêntico ao de transportes
brasileiros. Temos como as empresas mais conhecidas: a Union Pacific; a
FedEx; a Delta; e a American Airlines.
Quanto a análise dos ativos, temos que ela se dá da mesma forma

195
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que as ações brasileiras. Não há diferença substancial nenhuma, tanto
que, eu, particularmente, uso as mesmas premissas para encontrar valor
nas empresas americanas. Então, a idéia é a mesma! Devemos olhar os
múltiplus, o setor, realizar a análise SWOT, vermos se há a incidência do
Efeito Lindy e etc.
Aqui deixo uma observação! É interessante, em um primeiro
momento, o investidor buscar por empresas internacionalmente
conhecidas, tais como Facebook, Amazon, Bank Of America, Coca-Cola
e etc. Essas empresas não se tornaram as maiores companhias do mundo
á toa. São verdadeiras máquinas de fazer dinheiro!
Pensando em facilitar um pouco a procura, vou deixar uma lista a
seguir, de empresas saudáveis, lucrativas e de bons setores! Vale a pena
começar os estudos por elas, já que a análise é simples, e a maioria dos
investidores nacionais as conhece. Vejamos:
Técnologia: Google, Microsoft, Apple, Facebook, Adobe, IBM,
Accenture e a Intel;
Consumo-Cíclico: Amazon, Disney, Alibaba, Costco, Booking,
Home Depot, Tractor Supply e a S a b ck ;
Consumo Não-Cíclico: Coca-Cola, S a b ck , Mc Donald ,
AT&T, Pepsi; Altria e a Monster;
Financeiro: Vi a, JP Mo gan, Well Fargo, Goldman Sachs e o
Bank Of America;
Bens de Capital: Caterpillar e General Dynamics;
Saúde: Johnson&Johnson, Merck, United Health e a Idexx
Laboratories;
Utilidade Pública: Duke Energy, Xcel Energy, Alliant Energy e

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a Exxon Mobil.
Isso não é uma recomendação de compra, mas é uma de estudos.
Vale muito a pena você começar por elas, pelos motivos acima aduzidos!

8.6 REIT’s
a igla a a Real Estate Investiment T . m i o de
investimento imobiliário. Mais especificamente, são empresas que
investem majoritariamente em ativos imobiliários, e por conta disso,
possuem diversos benefícios fiscais.
São muito parecidos com Fundos Imobiliários, porém não são
fundos e sim empresas. Assim, não possuem gestores, administradores e
etc. Por isso também, podem se alavancarem através da contração de
dívidas, ao contrário dos Fundos Imobiliários.
Para que uma empresa seja considera um REIT, ela deve preencher
alguns requisitos básicos. Veja: 75% dos seus ativos devem ser
imobiliários; 95% da receita deve ter origem imobiliária; 90% do resultado
deve ser distribuído aos acionistas (e não cotista, por se tratar de empresa,
como eu disse acima).
O REIT o m i o parecidos com empresas que exploram a
atividade imobiliária aqui no Brasil, como é o caso da Multiplan, que é
o ie ia de io ho ing .
A an agem do REIT e ele acaba endo a f o da melho
parte dos Fundos Imobiliários que é distribuição de renda constante, com
a olide da a e (j e em e a o e c lo i o e meno
engessados que os fundos).
Vale lembrar ainda que no REIT, a obrigação de distribuição se dá

197
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em relação aos resultados. Nos resultados incluem-se depreciação e
amortização. E, só após essas deduções, é que o resto vai para os
acionistas. O dinheiro que é destinado à depreciação e amortização fica
dentro do REIT para que os controladores possam ir repondo conforme
a necessidade (ou até mesmo investi-la para ir crescendo a empresa, uma
vez que a depreciação e a amortização costumam demorarem para
apresentarem efeitos). Nos Fundos Imobiliários a distribuição é em cima
do Fluxo de Caixa, e não do Resultado, o que faz com que sobre menos
dinheiro para o fundo e mais para os cotistas. Por isso que os dividendos
costumam serem maiores do que os dos REIT’s.
Continuando, basicamente emo 2 (doi ) i o de REIT :
Equity: são os de tijolos (investem em ativos reais);
Mortgage: são os de papéis (investem em recebíveis
imobiliários). Cabe salientar, que durante a crise de 2008 (a Crise do
Subprime), foram os que mais sofreram, pois os títulos estavam sendo
emprestados para credores ruins. Em razão, disso, o ideal é que se invista
em REIT de ijolo.
Agora, como os Fundos Imobiliários, odemo cla ifica o REIT
em vários setores ou tipos. Veja nos próximos tópicos.

8.6.1 Office
É, basicamente, o setor de lajes corporativas que existe aqui no
B a il. Den e o melho e REIT , destacam-se: ARE (Alexandria Realty);
o BXP (Boston Properties); e o ESRT (Empire State Realty Trust). O
interessante desse setor é que o valor de mercado, em 2019 estava cotado
em mais de US$103 bilh e . O e demon a e o REIT do e o de
Office são gigantescos.
198
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8.6.2 Industrial
S o o REIT de ind ia. S o bem a ecido com o Fundos
Imobiliários de galpões logísticos. Dentre os mais conhecidos temos o
Prologis Inc. (PLD) que é considerado o maior REIT do setor industrial,
possuindo imóveis em outros países, além dos E.U.A. Temos também o
Terreno Realty Corporation (TRNO) que possui forte atuação no Estado
da Califórnia.
Ao todo, temo 13 REIT , o ali ando US$92,264 bilhões de valor
de mercado, sendo que o DY médio é de 2.92%.

8.6.3 Retail
S o o REIT de shopping center ou lojas varejistas. Bem
similares ao Fundos Imobiliários de Shopping que temos aqui no Brasil.
Dentre os principais, temos: Federal Realty Investment Trust (FRT), o
National Retail Properties (NNN) e o Realty Income Corporation (O).
Cabe alien a e dife en e do o o REIT , a de e a do
Retail ficam com eles. Então eles pagam as despesas dos imóveis, tais
como: saneamento, gás, energia, reparos, impostos, e etc. Os inquilinos
a ena d o o dinhei o e o REIT co e a .
Ao odo emo 36 REIT do e o de Re ail, o ali ando m alo
de mercado de US$176,931 bilhões, sendo que o DY médio é de 4,64%.

8.6.4 Lodging
m e o fo mado elo REIT de hotelaria. É um setor
complicado e difícil de analisar, uma vez que o rendimento/performance
costuma ser bastante inconstante. É um setor muito cíclico e que
199
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costuma acompanhar o desempenho da economia norte-americana, o que
pode não ser bom em períodos de recessão (na verdade, para mim, são
péssimos investimentos).
Ne e e o emo ce ca de 20 REIT , o ali ando US$53,877
bilhões de valor de mercado, sendo que o DY médio é de 5,30%.

8.6.5 Residencial
São os REIT residenciais. São muito bons e no Brasil não existem
Fundos Imobiliários parecidos. Lá nos E.U.A é muito comum uma
empresa ser dona de um imóvel e locá-lo para vários inquilinos. É como
se você estivesse alugando um imóvel de uma imobiliária, só que
infinitamente maior.
Dentre os mais conhecidos temos: o Essex Property Trust Inc.
(ESS); o AvalonBay Communities Inc. (AVB); e o Equity Lifestyle
Properties Inc. (ELS). O Essex e o AvalonBay são bem parecidos. Já o
Equity possui foco em explorar imóveis de padrão menor (bem
semelhante ao que faz a MRV aqui no Brasil).
Nesse setor possuímos ce ca de 22 REIT , o ali ando US$167, 979
bilhões de valor de mercado, sendo que o DY médio é de 2,79%.

8.6.6 Timberland
Basicamente, são REIT de flo e a e lan a es de eucalipto. É
um setor bastante cíclico. Lá nos E.U.A a indústria de incorporação civil
costuma utilizar muito a madeira, tanto para construir prédios, como para
fazer casas. Assim, se o setor de incorporação está em expansão, a retirada
de madeira aumen a e o fa amen o do REIT amb m. Po m, o

200
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in e o amb m oco e. J e ando n o h demanda, o REIT
costumam diminuírem muito suas atividades, sendo que apenas formam
estoques deixando as árvores crescerem. Nesses períodos as receitas
costumam virem da exploração de parques recreativos.
Dentre os mais conhecidos do setor temos: o Rayonier (RYN) e o
Weyerhaeuser (WY).
Por fim, cabe salientar que é um setor pequeno se comparado aos
demais aqui vistos, pois possui a ena 4 REIT , o ali ando US$26,848
bilhões de valor de mercado. O DY médio é de 4,82%.

8.6.7 Healthcare
o e o fo mado elo REIT de saúde. Basicamente dizem
e ei o ao REIT de ho i ai o de cen o de con i ncia de ido o
(semelhante a asilos, só que mais luxuosos e as pessoas não costumam
morarem).
Recomendo e comece o e do ob e e e e o elo REIT :
LTC Properties (LTC); Welltower (WELL); e Ventas (VTR). Aqui, é
válido dizer que, ao contrário do Brasil, esses REIT elencados possuem
muito imóveis, fazendo com que a dificuldade de despejo de um hospital
não seja um problema.
O setor é formado por cerca de 18 ativos, totalizando US$110,568
bilhões, com um DY médio de 5,24%.

8.6.8 Self Storage


O setor é formado por REIT de armazenagem. Eles trabalham
com locações de salas, prédios, galpões e etc. Geralmente servem para
201
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armazenar móveis, documentos e etc.
O e o bem e eno, alocando a ena 6 REIT , endo e
recomendado começar a estudar pelo Extra Space Storage (EXR) ou pelo
Public Storage (PSA).
Juntos, eles totalizam US$62,917 bilhões de valor de mercado e com
um DY médio de 3,69%.

8.6.9 Infrastructure
fo mado elo REIT de infraestrutura. O ideal é começar a
análise pelo American Tower Corporation (AMT). Ele é um REIT de
antenas, ou seja, de transmissão de dados de internet, de celulares e etc.
Ele é bem antigo, bem consolidado e com várias propriedades.
Ne e e o emo ce ca de 7 REIT , o ali ando US$166,131 de
valor de mercado, sendo que o DY médio é de cerca de 2,00%. Como
podemos ver, apena 7 REIT o em m alo de me cado gigan e co
e por isso, são considerados os maiores listados em bolsa.

8.6.10 Data Center


É um setor bem diferenciado! No Brasil não temos nenhum Fundo
Imobiliário e de em enha m a el a ecido. E e REIT o em
imóveis destinados a locação para datas-center’s. É muito comum nos
E.U.A uma empresa locar um imóvel para essa finalidade. O Google, por
exemplo, loca vários.
Cabe dizer que esses imóveis são especiais. Costumam serem anti-
incêndios, apresentam alta refrigeração, estruturas de cabos inteligentes e
etc.
202
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O ideal é começar a análise do setor pelo QTS Realty Trust (QTS) e
pelo Digital Realty (DLR).
E e e o o i 5 REIT , o ali ando US$73,888 bilhões de valor
de mercado, sendo que o DY médio é de 2,79%.

8.6.11 Conclusão
Podemos concluir que a quantidade de imóveis e a qualidade dos
e e encem ao REIT são muito superiores aos imóveis que compõe
os Fundos Imobiliários no Brasil.
Q ando n in e imo em REIT no e e io , e amo in e indo
em imóveis diferentes e com uma qualidade e uma segurança
extremamente maior. Isso gera valor para nosso portifólio, uma vez que
temos ativos seguros e diversificados, gerando renda-passiva em dólar43,
além de termos menos volatilidade, o que traz mais segurança e
tranquilidade aos investidores em geral.
Pa a finali a dei a ei ma li a do REIT e me ag ada, eja ela
pouca alavancagem, pelo retorno histórico sólido ou pela diversificação
dos ativos. Vejamos:
Office: DLR (Digital Realty Trust) e ARE (Alexandria Real
Estate Equities);
Industrial: PSA (Public Storage), AMT (American Tower), PLD
(Prologis), TRNO (Terreno Realty) e EXR (Extra Space Storage).
Retail: FRT (Federal Realty Investment Trust), O (Realty
Income) e NNN (National Retail Properties).

43
O REIT co mam di ib em o en o ime almen e.
203
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Residencial: ESS (Essex Property Trust), AVB (AvalonBay
Communities) e ELS (Equity LifeStyle Properties).
Data-Center: EQIX (Equinix).
Como você pode ver, priorizei ativos sólidos, com pouca
volatilidade histórica, diversificados, e de acordo com setores perenes e
não-cíclicos. Uma combinação básica que exclui a fragilidade da maioria
dos ativos disponíveis no mercado. Isso não elimina o risco intrínseco de
cada empresa, todavia nos dá uma margem para fazer uma análise mais
segura.

8.7 ETF’s
Só para relemb a , ETF , o E change T aded Fo nd , são
fundos fechados negociados em bolsas de valores, e que replicam algum
índice do mercado.
Em relação ao Brasil, os ETF do e e io o em alg ma
vantagens.
A primeira delas diz respeito a quantidade. Quando investimentos
no exterior possuímos m i o mai o e de ETF do e a i no B a il.
Podemo in e i em ETF de Hedge, ETF de Commodi ie , ETF de
Bond (títulos de Renda-Fixa públicos e privados), ETF de Vola ilidade
(como o Sma Be a ), ETF ala ancado e etc.
Eles também possuem mais liquidez, mesmo os menores do
mercado. Isso é devido à maturidade das bolsas americanas, que são bem
antigas.
Quanto aos índices, temos vários, e muitos de qualidade superior aos
encontrados aqui no Brasil. Temos índices que replicam apenas o

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desempenho de Ações de crescimento, de dividendos, de metalurgia, de
valor, e etc.
Outra questão a ser discutida também é em relação aos dividendos.
Por lei, nos E.U.A, o ETF di ib em o di idendo , ao con io do
que acontece aqui no Brasil. Isso ocorre, pois nos E.U.A os dividendos
são tributados (mais especificamente em 30%), assim, caso eles não
distribuíssem, o governo não conseguiria efetuar a arrecadação do tributo.
Veja a seguir, um rol de ETF importantes e que vale a pena o estudo!

8.7.1 Dividend Aristocrat’s (NOBL)


S a a oc e ma ideia da alidade do ETF norte-
ame icano , ci o o Di idend A i oc a , mai conhecido como NOBL .
O ETF é formado somente por empresas que aumentaram a distribuição
de dividendos, consecutivamente, por pelo menos 25 anos! Ele é formado
por cerca de 55 empresas, onde cada uma tem aproximadamente o mesmo
peso de participação no portifólio. Há empresas como Coca-Cola, P&G,
John on&John on, MC Donald e e c. A a a de administração é bem
baixa também, equivalendo à 0,35% de ao ano.
O mais interessante desse índice é que, geralmente, empresas que
aumentam a distribuição de proventos por tanto tempo, costumam serem
empresas extremamente sólidas, o que traz uma qualidade enorme para
o ETF. Por fim, vejamos agora sua composição setorial:

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8.7.2 S&P 500 (VOO)
Outro exemplo de ETF é o VOO, que pertence a Vanguard. Ele é
m do ETF mai conhecido no E.U.A e no mundo. Ele replica o
índice S&P 50044, que é formado pelo desempenho das 500 maiores
empresas dos E.U.A em valor de mercado. Ele possui uma taxa de
administração extremamente baixa de 0,04%, e um valor de mercado de
US$111,50 bilhões.
Nele encontramos empresas como: Microsoft, Amazon, Apple,
Facebook, Berkshire Hathaway, Exxon Mobil e etc. Como ele segue o
índice mais conhecido no mundo, é interessante que o estudo do mercado
internacional comece por ele. Na minha opinião, ele serve muito bem
como m esqueleto de o if lio. De modo e in e e an e e ele
como base (ex.: ter 50% da carteira de ações representada por ele), e fazer
a seleção dos outros 50% através de stockpicking de ações ou outros
ETF . Vejamos a composição setorial:

44
O o ETF como o IVV e o SPY também replicam o índice S&P 500,
sendo que são muito semelhantes em termos de performance, não
possuindo diferenças substanciais entre todos eles.
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8.7.3 Small-Cap 600 Value (IJS)
Ainda na seara de ações, agora temos um de small cap. Esse é um
ETF que replica o desempenho de 600 small ca de alo a an e no
E.U.A. Como o índice foca em companhias pelo tamanho reduzido e pelo
seu valor intrínseco (P/L e P/VPA baixos), ele costuma bater com certa
frequência o VOO (e por consequência o IVV e o SPY), porém, é mais
volátil.
Gosto desse ativo, pois historicamente e por estudos do Eugene
Fama ( A Five-Factor Asset Pricing Model ) ob e o fa o e de
rentabilidade dos ativos, o que mais pesa para o aumento é fator
tamanho , e o fa o valor . I o o ado ando com a amo lado
a lado os benchmarks deste ETF, com o VOO. Vejamos quanto renderia
US$1000,00 em cada:

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Interessante, né?! Esse ETF é uma das opções mais baratas o
segmento small cap , o IJS concentra suas participações em empresas de
pequeno capital, evitando, em grande parte, as midcap s. Ele reflete de
perto o S&P SmallCap 600 Value Index, embora isso também signifique
que sua cesta é aproximadamente a metade do tamanho de nossa
referência por valor de mercado (S&P 500).
Por setor, o IJS reduz em mais de 15% a exposição ao setor
financeiro, se comparado ao VOO, enquanto aumenta a exposição a ações
cíclicas industriais e de consumo.

8.7.4 Vanguard Small-Cap Value ETF (VBR)


Este ETF é muito semelhante ao antecessor, porém com uma
pequena diferença... Aqui há um peso maior em ativos de tecnologia.
Cabe salientar que não é pior e nem melhor que o IJS. Tudo depende da
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estratégia a ser usada! Se quisermos dar um peso maior a tecnologia por
vislumbrarmos melhores oportunidades dentro de um cenário macro, por
exemplo, faz mais sentido usar o VBR. Tudo depende do que se quer!
Ambo o ETF de al ima alidade, f cei de negocia e o
isso também, o spread entre o melhor preço de compra e o melhor preço
de venda tende a ser insignificante.

8.7.5 Invesco QQQ Trust (QQQ)


E e o famo o QQQ ! Ele rastreia um índice ponderado de
capital de mercado modificado de 100 ações listadas na NASDAQ. Ele é
um dos ETF s mais bem estabelecidos e negociados no mundo!
Muitos também dizem que ele é um dos mais incomuns. De acordo
com as regras de seu índice, o fundo investe apenas em ações não-
financeiras listadas na NASDAQ e também ignora efetivamente outros
setores, fazendo com que se afaste maciçamente de um portfólio de
capitalização ampla.
Cabe salientar que ele tem uma enorme exposição tecnológica,
todavia também não é um fundo tecnológico em en ido la o . As
regras de ponderação do fundo o distanciam ainda mais de qualquer coisa
que seja uma cobertura de tecnologia pura.
Este ETF está muito concentrado em suas principais participações
(Microsoft, Apple, Amazon, Google, Intel, Nvidia e etc.) e é mais volátil
do que o nosso benchmark. Ainda assim, é extremamente grande e líquido
e possui um enorme reconhecimento de nome para o índice subjacente, o
NASDAQ-100.
Para mim, o fato de o fundo investir majoritariamente em empresas
de tecnologia em detrimento das financeiras, é um ponto muito positivo.
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O setor financeiro é muito ligado ao setor bancário. Este, por sua vez, tem
uma característica peculiar em relação aos demais: ele é interdependente.
Muitas instituições possuem obrigações (leia-se: dívidas) uma para com as
outras. Uma falência de uma instituição grande pode afetar o desempenho
do setor bancário no mundo todo, o que é um risco, como o caso do banco
Lehman B o he em 2008. Vejamos a composição:

É interessante que se mescle este ETF com outro, para trazer mais
diversificação ao portifólio, visto que este investe majoritariamente em
empresas de tecnologia, de consumo cíclico e de saúde. Uma alternativa
razoável seria fazer a junção com o VOO ou com o IJS, que em sua
essência são de outros setores, tais como: o financeiro, o industrial, o de
saúde e etc.

8.7.6 MSCI World (URTH)


Ainda na parte de ações, temos também um ETF que pertence a
gigantesca BlackRock. O interessante dele é que ele é global, ou seja, ele
é formado pelo desempenho das maiores empresas do mundo. Porém,
como as maiores empresas do planeta estão localizadas nos E.U.A, cerca
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de 62% do ETF tem exposição ao mercado norte-americano. O que torna
o índice não tão diversificado como se espera. Mas, que não tira sua
qualidade, já que mesmo assim você consegue se expor a mercados
oriundos do Japão, da França, do Canadá, da Suíça, da Alemanha e etc.
Vejamos:

Além disso o ETF é extremamente pulverizado, já que a maior


representatividade da carteira que é da Apple é de apenas 2,34%. Então
vale a pena a análise!

8.7.7 China Large-Cap (FXI)


Esse é um dos índices mais procurados, em razão do alto
crescimento apresentado pelo país nos últimos anos. Nele há empresas
como a famosa Tencent e o Bank Of China.
Esse ETF também pertence a BlackRock. Ele foi criado em 2004 e
atualmente possui US$6,48 bilhões de valor de mercado. Vale lembrar que
99% do ETF investe em Hong-Kong, e apenas cerca de 1% de fato na
China.

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8.7.8 Invesco DBC (DBC)
Este ETF é um pouco menos usual do que os anteriores. Ele nos
oferece exposição em cerca de 14 commodities. Temos exposição em
energia, em agricultura, em metais preciosos, em metais industriais, na
pecuária e etc.
O coloquei neste livro, pois é um tipo de ativo que possui uma
correlação de 54% para com o mercado acionário. Sim, é uma correlação
baixa, o que traz mais valor ao portifólio como um todo. Inclusive é um
dos ativos que Ray Dalio recomenda em sua estratégia genial chamada de
All Wea he Po ifolio (o eja, o if lio a a oda a e a e em
português, fazendo alusão a ciclicidade do mercado) que será abordada ao
final do livro.

8.7.9 SPDR Gold Trust (GLD)


Este ETF rastreia o preço à vista do ouro, menos despesas e
responsabilidades, usando barras de ouro mantidas em cofres em Londres.
Ele o maio ETF e in e e em O o f ico (h ETF e in e em
em contratos futuros).
Ele é extremamente líquido, sendo negociado em spread s
minúsculos. Embora seja mais caro de manter do que a IAU (concorrente
que também investe em Ouro), o GLD é tipicamente mais barato de
negociar. Como o GLD possui barras físicas em vez de contratos
futuros, ele não possui uma estratégia de rolagem (de venda e compra de
contratos), o que é positivo, já que o preço do ativo tende a acompanhar
o da commoditie de fato.
Sou adepto desta commoditie por questões históricas e financeiras.
O Ouro sempre foi usado como reserva de valor pelos nosso ancestrais e
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sempre tendeu a ser um refúgio em tempos de crises. Mais adiante falarei
especificamente sobre esse ativo, visto que é extremamente importante em
qualquer portifólio.

8.7.10 iShares Silver Trust (SLV)


Funciona de forma idêntico ao último ETF. O SLV rastreia o preço
à vista da Prata, menos despesas e passivos, usando barras de Prata detidas
também em Londres.
É o fundo mais líquido em seu grupo de pares e é facilmente
negociado, tanto por investidores institucionais, como de varejo (pessoa
física).
Aqui, volto a dizer o mesmo: reservei um capítulo para a Prata
juntamente com o ouro. São espécies essenciais de ativos, e por isso são
de suma importância em um portifólio.

8.7.11 Vanguard Real Estate (VNQ)


Esse é um veículo diferente dos encontrados aqui no Brasil. Ele é
um ETF de REIT’s! Essa é a vantagem de se investir no maior centro
financeiro do mundo!
O VNQ domina os ETF s imobiliários dos E.U.A. Ele rastreia um
amplo índice de captura do mercado imobiliário norte-americano. O
fundo possui uma cesta enorme de ativos.
O único defeito que vemos é o fato de a Vanguard divulgar as
participações mensalmente, e não diariamente. No entanto, isso é um
incômodo no máximo em um fundo de baixa rotatividade e irrelevante
para muitos investidores (penso da mesma forma). O VNQ negocia
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grandes volumes todos os dias com spread s de 1 (um) centavo.
Assim como os o o ETF , as distribuições do fundo são
tributadas como renda ordinária.
Como os outros também, ele possui uma taxa de administração
muito baixa, de cerca de 0,12%, sendo que o valor de mercado, atualmente,
está cotado em US$33,16 bilhões.
Fazem a e do ETF REIT como: E ini , Ame ican To e
Corporation, Prologis e etc.

8.7.12 Vanguard Global Ex-U.S Real Estate ETF (VNQI)


Esse é um ETF bem semelhante ao último. A única diferença é que
e e in e e em ma ce a de REIT e e encem a o o io a e
que não os E.U.A. São cerca de 30 países diferentes! Isso mesmo!
Investimos em ativos espalhados pelo globo! Costumo dizer que ele é de
longe a melhor opção para o seguimento de investimento imobiliário
internacional. Por meio deste veículo temos acesso à imóveis localizados
no Japão, em Hong Kong, na Alemanha, na Austrália, no Reino Unido e
etc. Vejamos a seguir como é dada a distribuição no fundo:

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É uma estratégia interessante mesclar este ETF com o VNQ, de
modo que teremos participações em imóveis de vários continentes. Isso
traz uma qualidade enorme para o nosso portifólio!

8.7.13 BlackSwan Growth & Treasury Core (SWAN)


O SWAN ( ma al o ao e mo Ci ne mencionado nas obras
literárias do filósofo e matemático Nassim N. Taleb) tem como objetivo
fornecer uma exposição do patrimônio à Renda-Variável, ao mesmo
tempo mitigando o risco de quedas bruscas através de Bond de 10 ano .
O fundo obtém sua exposição à Renda-Variável por meio de
Opções de longo prazo (a chamada LEAP ) no SPY, o mega-ETF
que acompanha o S&P 500. As opções visam especificamente a
participação de 70% em qualquer direção (para cima ou para baixo)
durante o ciclo do mercado.
A parcela de Bond fornece proteção adicional contra desvantagens,
assumindo que os Títulos Públicos de refúgio aumentarão se os mercados
de ações se deteriorarem.
Os Bond e en e no ETF formam um mix de vencimentos de
10 anos fornecendo seu próprio risco e retorno. O índice de ativos do
SWAN é fixado em 90% Bond e 10% em Opções (lembrando muito a
estratégia Barbell de Sêneca e Taleb que será ensinada em capítulo
próprio).

8.7.14 Treasury Floating Rate Bond (TFLO)


E e m ETF de Bond com d a o de 90 dia , ou seja, o EFT
replica o desempenho de uma série de Títulos Públicos norte-americanos

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de 3 meses.
Como possui um baixo risco/retorno, em virtude de ser de curto
prazo, ele é ideal para se formar uma reserva em Dólar, visto que trará
proteção contra a inflação do país, ao mesmo tempo se beneficiará da
variação cambial.
Há outros que desempenham papel parecido, como é o caso do ETF
BIL, e amb m e lica o de em enho de Bond de c o a o, o m,
historicamente apresenta um desempenho menor, se comparado aquele
(TFLO).
H io o o ETF de Bond , o m o e e a ei a a a a e
específica de Renda-Fixa no Exterior que virá logo à frente.

8.7.9 Conclusão
O mais interessante, é que podemos perceber que, há outros ETF
diferenciados como esses nos E.U.A. Por exemplo, temos ETF que
aplicam em várias empresas do mundo menos nos E.U.A, ou ainda, ETF
que replicam índices só de países desenvolvidos ou só de países
emergentes.
No e e io h ma a iedade eno me de ETF , o e m i o
positivo. Uma dica que dou, é que você acesse o site etf.com ou o
etfdb.com. Nesses domínios você encontra li a e anking fo mado
o cen ena de ETF . Vale a ena dar uma olhada!

8.8 Bond’s
Com a crise financeira que assolou o mundo devido ao Coronavírus
(Covid-19) e o endividamento mundial, é comum as pessoas procurarem
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alternativas de investimentos que representem rentabilidade satisfatória e
risco controlado. Pensando nisso, escrevi este capítulo para mostrar uma
modalidade de investimento relativamente segura e que ainda é pouco
difundida entre os brasileiros: os Bond’s!
Muito antes de haver empresas que emitiam ações para
investimento, havia o uso sistemático da dívida para arrecadar dinheiro. A
dívida envolve emprestar dinheiro com a promessa de pagá-la de volta na
íntegra, juntamente com os juros ao longo do tempo. A garantia dessa
promessa é conhecida como um bond . Em outras palavras, os Bond s
representam títulos de dívida.
Bond s existem há milênios! A antiga cidade de Mesopotâmia de Ur,
no Iraque atual, tinha um mercado de títulos em torno de 2.400 a.C,
garantindo o reembolso de grãos emprestados. Reis e mais tarde governos
democráticos, muitas vezes emitiam títulos para financiar guerras e
expansão territorial. Esses títulos eram os chamados War Bond s , o em
o g , T lo (V nc lo ) de G e a .
Nos tempos modernos, os governos ainda emitem títulos (Bond s)
para empreender em projetos, mas também há um mercado próspero para
Títulos emitidos por corporações, que visam o financiamento de suas
atividades. Por exemplo, uma empresa pode emitir Bond para adquirir
um concorrente, construir uma nova fábrica ou contratar pessoal.

8.8.1 Diferenças
Os Bond s são fundamentalmente diferentes das Ações por vários
fatores. As Ações representam direito sobre lucros e conferem
prerrogativas de voto aos acionistas, sendo que os preços delas variam
com as expectativas de rentabilidade futura para a empresa.

217
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Os Bond s, por outro lado, representam os Títulos de reembolso da
dívida e são precificadas com base em diversos fatores, tal como a
probabilidade de serem reembolsados de fato.
Na economia moderna, um portifólio de investimentos mais
diversificado contém algumas alocações para Ações e Bond s, onde estes
geralmente são considerados a escolha mais conservadora dos dois. Por
uma série de razões que serão discutidas neste capítulo, os Bond s
oferecem alguns benefícios que as Ações não possuem.

8.8.1.1 O Que São Bond’s?


De forma simples, os Bond s representam títulos de dívida e,
portanto, são uma forma de empréstimo. Se uma empresa emite um
Bond, o dinheiro que ela recebe em troca é um empréstimo e deve ser
reembolsado ao longo do tempo.
Assim como a hipoteca em um pagamento de casa ou de cartão de
crédito, o reembolso do empréstimo também envolve juros periódicos a
pagar aos credores. Os compradores de Bond s, então, são essencialmente
credores. Por exemplo, se você já comprou um título do Tesouro Direto,
você se tornou um credor do Governo Federal Brasileiro.
Os governos de forma global e as empresas, geralmente usam
Bond s para captar dinheiro. Os governos precisam financiar estradas,
escolas, barragens ou outras infraestruturas. A súbita despesa de uma
guerra também pode exigir a necessidade de arrecadar fundos.
Da mesma forma, as empresas muitas vezes captam recursos para
expandir seus negócios, para comprar bens e equipamentos, empreender
projetos lucrativos, pesquisar e desenvolver ou contratar funcionários. O
problema que as grandes organizações enfrentam é que elas geralmente
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precisam de muito mais dinheiro do que um banco pode fornecer. Os
Bond s fornecem uma solução permitindo que muitos investidores
individuais assumam o papel de credor. Na verdade, os mercados de dívida
pública permitem que milhares de investidores emprestem cada um uma
parte do capital necessário. Além disso, os mercados permitem que os
credores vendam seus títulos para outros investidores ou comprem títulos
de outros indivíduos muito depois que a organização emissora original
já captou o recurso, o que é chamado de mercado secundário .
O emissor de um Bond deve pagar ao investidor algo extra pelo
i il gio de a e dinhei o. E e e a em na fo ma do agamen o
de juros, que são feitos a uma taxa e horário predeterminados. Claro, as
pessoas não emprestam seu dinheiro sem nenhuma compensação há um
custo de oportunidade envolvido com qualquer investimento, que é a
oportunidade perdida de usar esses mesmos recursos para outra
finalidade.
A data em que o emitente deve reembolsar o valor emprestado (um
valor conhecido como valor nominal) é denominada de data de
vencimento . A taxa de juros associada a uma obrigação é muitas vezes
referida como o rendimento ou o cupom do vínculo . No passado,
quando os títulos eram emitidos como documentos em papel, havia
cupons reais de que os investidores se municiavam para receberem seus
pagamentos de juros. Veja:

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Esse é o Pacific Railroad Bond emitido pela Cidade e Condado de
São Francisco em 1863.
Os Bond s são muitas vezes referidos como títulos de Renda-Fixa
porque o credor pode antecipar o valor exato do dinheiro que receberá se
um título for mantido até o vencimento. Por exemplo, digamos que você
compre uma obrigação corporativa com um valor nominal de
US$1.000,00, um cupom de 5% pago anualmente com um prazo de
vencimento de 10 anos.
Isso diz que você receberá um total de US$50,00 (US$ 1,000 x 0,05)
por ano para os próximos 10 anos (porque a maioria dos Bond s
corporativos pagam semestralmente por convenção). Você receberia dois
pagamentos de US$25,00 por ano por 10 anos. Quando o Bond chegar ao
vencimento em uma década, você obteria seus US$1.000,00 de volta.
No nosso exemplo, o Bond foi emitido com uma taxa de juros fixa,
mas muitas vezes um Bond traz uma taxa variável. O juros variável é
tipicamente calculado como um spread predeterminado acima de uma taxa

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de referência, como a taxa dos Fed Funds (taxa de juros americano) ou a
LIBOR (taxa de juros europeia), e que trazendo para nosso exemplo
brasileiro são como a SELIC, e que são reavaliados após cada pagamento
de cupom (juros) sucessivamente.
Uma distinção fundamental citada na introdução deste tutorial é que
os Bond s representam a dívida, enquanto as Ações representam o capital
social. Ações representam uma reivindicação sobre lucros futuros e o valor
delas pode crescer rapidamente em uma empresa lucrativa. Da mesma
forma, o preço das ações pode cair para zero em caso de falência.
Os Bond s, por outro lado, apenas efetuam um pagamento de juros
pré-determinado e seus preços são vinculados por taxas de juros e não pela
rentabilidade de uma empresa. Se ocorrer uma falência, os detentores de
Bond s devem ser reembolsados de uma liquidação na íntegra antes que
qualquer acionista seja pago. O resultado para os investidores é que os
Bond s são, portanto, investimentos de menor risco, mas também não
oferecem a vantagem potencial que as ações podem oferecer.

8.8.1.2 Tipos
Há vários tipos diferentes de Bond s disponíveis no mercado e eles
não representam, de maneira nenhuma, propriedade quando são emitidos
por empresas privadas. Eles são apenas direitos de recebimentos
futuros!
No Brasil, há o Tesouro Direto, que emite títulos de dívida pública
federal com prazos e condições de resgate distintos entre si, o que
proporciona várias formas diferentes para investimento. Há os prefixados
e os pós-fixados, de acordo com a taxa básica de juros ou com os índices
oficiais de inflação.

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Os Bond s vêm em muitas variedades diferentes, e aqui abordaremos
apenas os tipos mais essenciais para se investir. Vejamos:
Government: o Bond de go e no . Os títulos
governamentais podem ser emitidos pelos governos nacionais, bem como
pelos níveis mais baixos. A nível nacional ou federal, esses títulos do
governo são conhecidos como dívida soberana”, e são apoiados pela
capacidade de uma nação para tributar seus cidadãos e para imprimir
moeda;
Dos E.U.A: alguns dos Bond s mais conceituados no mundo
todo são emitidos pelo Governo dos E.U.A. Eles são divididos em 3 tipos
distintos: Treasury Bills (T-Bills), que vencem em até 1 (um) ano,
Treasury Notes (T-Notes), que vencem entre 2 e 10 anos e Treasury
Bond’s (T-Bonds), que vencem entre 10 e 30 anos. Os Bond s norte-
americanos nunca entraram em moratória em toda a história e, dentre
outras razões, é relativamente simples e barato para o Governo obter
dinheiro para suas necessidades. Mesmo com uma dívida muito grande, a
economia é dinâmica suficiente para garantir liquidez e pagar todos os
credores em dia;
Do Reino Unido: já no Reino Unido, os títulos são chamados de
Gilts . Assim como o Governo dos E.U.A, o Governo britânico também
nunca deixou de honrar os compromissos de pagamento dos títulos.
Há dois tipos diferentes de Gilts, os Conventional Gilts e os Index-
Linked Gilts , estes últimos sempre representando a variação de um
índice britânico qualquer. Os Conventional Gilts são mais comuns e
tratam da maior parte da dívida pública britânica. O valor nominal de cada
título é de £100,00 e possui juros pagos a cada 6 meses para os
investidores. Desde 2005, há Gilts com maturidade de 50 anos, mas os
mais comuns são de 5, 10 e 30 anos. Os Gilts atrelados a índices não são
tão populares como os Conventional Gilts, sendo pagos também a cada 6
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meses os juros. O índice de reajuste utilizado é o Índice de Preços ao
Consumidor Britânico (RPI), que é a taxa de inflação oficial britânica;
Da Alemanha: na Alemanha, esses títulos são chamados de
Bunds , com maturidade que varia entre 4 e 30 anos. Eles são uma
referência na Europa em relação à bom pagamento, pois a economia alemã
é uma das mais fortes e estáveis de todo o mundo;
Do Brasil: no Brasil, o Tesouro Direto é negociado com títulos
variando de 2 até 45 anos de maturidade. O que muitos não sabem é que
o Governo brasileiro, embora em plena crise financeira, é tido mundo a
fora como um bom pagador da dívida pública. No entanto, há
restrições para a compra de títulos por parte de não-brasileiros;
Corporate: outro grande emissor de Bond s são as corporações,
e os títulos corporativos constituem uma grande parcela do mercado geral
de Bond s. As grandes corporações têm uma grande flexibilidade quanto
à quantidade de dívida que podem emitir: o limite é geralmente o que o
mercado suportará. Uma obrigação corporativa é considerada de curto
prazo quando o prazo de vencimento é inferior a 5 anos, o intermediário
é de 5 a 12 anos, e o longo prazo é de mais de 12 anos. Os títulos
corporativos são caracterizados por maiores rendimentos do que os
títulos do governo, porque existe um maior risco de inadimplência em uma
empresa do que um governo. O lado positivo é que eles também podem
ser os investimentos de Renda-Fixa mais gratificantes devido ao risco que
o investidor deve assumir, onde as maiores empresas de crédito que são
mais propensas a pagar suas obrigações terão uma taxa de juros
relativamente mais baixa do que os mutuários mais arriscados. As
empresas podem emitir títulos com taxas de juros fixas ou variáveis e de
vencimento variável. As obrigações emitidas por empresas altamente
qualificadas são referidas como grau de investimento , enquanto as de
baixo do grau de investimento são conhecidas como lixos ou de alto
223
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rendimento ;
Asset-Backed Securities: são os Bond s com garantia de ativos.
Uma terceira categoria de títulos é emitida por bancos ou outros
participantes do setor financeiro e é referida como Títulos Garantidos
por Ativos ou ABS . Se essa obrigação é apoiada por uma série de
hipotecas, eles são conhecidos como Títulos Garantidos por Hipotecas
ou MBS . Esses títulos geralmente são reservados para investidores
sofisticados ou institucionais.

8.8.1.3 Negociando
A maioria das transações de Bond s pode ser realizada através de
uma corretora, e cada vez mais serviços de corretagem on-line permitem
uma negociação de títulos fácil e barata.
Nos E.U.A, você pode comprar títulos diretamente do Governo
Federal por meio de seu serviço, TreasuryDirect. O Bureau Of The Public
Debt iniciou o TreasuryDirect para que os indivíduos pudessem comprar
títulos diretamente do Tesouro, ignorando um corretor e reduzindo os
custos de transação. Todas as transações e pagamentos de juros são feitos
eletronicamente, exatamente como é feito no Brasil com a plataforma do
Tesouro Direto.
Outra forma é através de ETF s (é a minha favorita). Nas bolsas
americanas existem ETF s que investem em Bond s. Ao comprar e vender
títulos no mercado aberto, tenha em mente que estas são transações de
me cado ec nd io , o e ignifica e oc e com ando de outro
investidor e não diretamente do emissor.
Uma desvantagem é que você terá que pagar taxas adicionais aos
gestores dos fundos (apesar de que são bem baixas, mantendo em média
224
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de 0,5% ao ano).

8.8.1.4 Por Que Comprar Bond’s?


Os Bond s são títulos de dívida e, como tais, possuem um risco por
ser um investimento financeiro como qualquer outro. Quando se opta por
emprestar o seu dinheiro para um governo ou para uma empresa, por mais
estáveis e estruturados que eles sejam, há o risco de se perder o dinheiro.
Cabe a você estudar o histórico e a rentabilidade e definir se vale a pena a
aquisição dessa modalidade de investimento.
Uma das razões que mais tem feito os investidores optarem por
comprar Bond s é pensar no longo prazo, na aposentadoria. Grandes
planos, tais como aquisição de casa própria ou algum outro objetivo que
necessite uma grande quantidade de dinheiro e planejamento também são
justificativas muito recorrentes para dar esse passo.
No geral, o brasileiro está se acostumando a investir em Bond s
mesmo no curto prazo, pois a Receita Federal diminui a alíquota de
Imposto de Renda para o nível mais baixo. Portanto, se você pretende
adquirir Bond s com maturidade mínima de 2 anos a partir do
investimento, isso pode ser um fator motivador.
Os Bonds são alternativas viáveis de diversificação nos
investimentos, principalmente se o seu prazo for superior a 2 anos, o que
trará ainda mais benefícios. O ideal é que se estude bem a empresa ou o
governo emissor do título para verificar a possibilidade de não pagamento.
Como os planos variam de curto a longo prazo, os planos mais distantes
requerem recursos investidos em Bond s mais seguros para evitar a quebra
ou falta de liquidez da empresa ou do governo pagador.

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8.8.1.5 Portifólio
Para finalizar, temos que saber que é interessante privilegiar os
in e imen o em Bond a a do ETF . S o e c lo im le , e e
se adquirem por corretora, distribuem dividendos, além de serem
extremamente diversificados.
Lembre-se: nós não controlamos a ocorrência de eventos raros e
imprevisíveis. Então, devemos tornar o portifólio o mais antifrágil
o el, de modo e o Bond a o valorização a carteira em
momentos de deterioração da economia mundial. As taxas de juros e a
inflação tendem a aumentarem nesses momentos, o que pode fazer com
o que os títulos, a depender da característica de cada um, atenue os
impactos nos nossos investimentos.
Continuando... Daremos preferência aos títulos americanos, visto
que são os mais seguros do mundo, tornando a possibilidade de calote
bai a (o inci al i co do Bond ). Tamb m da emo efe ncia a
títulos de longo prazo, já que o calote costuma ocorrer em títulos de prazo
curto, sendo que estes também possuem uma contraprestação pequena
pela baixa longevidade dos contratos. Também costumam serem refúgios
em momen o de c i e , j e oco e o fen meno do Fl To Q ali
para os Tesouros de longo prazo. Assim, dividiremos a ca ei a de Bond
da seguinte forma:
Longo: TLT (Tesouro) ou SPTL (Tesouro) com 40% do
portifólio;
Médio: IEF (Tesouro), BND (Tesouro), AGG (Tesouro), HYG
(Corporativo) ou LQD (Corporativo) com 40% do portfólio;
Curto: TFLO (Tesouro), BILL (Tesouro) e SHY (Tesouro) com
20% do portifólio.

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Essa é um carteira simples e efetiva, já que é pouca volátil por ter
como ila Bond de co ela o mode adamen e nega i a (TLT e HYG
se comportam diferente nos grandes movimentos de mercado, mas
apresentam tendência de alta) e uma pequena porcentagem de em Bond
de curtíssimo prazo, podendo ser usada como força de Caixa, para uma
eventual mudança de estrutura da carteira, caso queira.
En e an o, e , a ic la men e, olho a a o Bond como fo ma
de ganho em períodos onde o mercado de Ações está se deteriorando,
haja visto que há uma correlação negativa entre ambos. Quando os juros
e a inflação estão altos, o mercado de Renda-Variável costuma perder
atratividade, em decorrência dos melhores prêmios pagos pelos Títulos.
Por exemplo, durante o governo Dilma haviam Títulos Públicos que
pagavam pré-fixadamente juros de 14% ao ano, devido aos patamares
inflacionários da época. Ora, se eu consigo esse rendimento livre de riscos,
por que diabos eu me arriscaria em Renda-Variável? Que repita-se: está se
de e io ando? H m e dadei o Fl To Q ali a a a Renda-Fixa, e
por isso os Títulos (os públicos) se valorizam bastante.
Dito isso, costumo montar o portifólio somente com Títulos
Públicos de médio e longo prazo (de +10 anos), visto que são os que mais
trazem retorno (mas, com mais volatilidade é claro, o que não é
necessariamente ruim). Dessa forma, o portifólio ficaria assim:
TLT: Bond de Título Público americano de longo prazo que
possui o melhor custo benefício entre volatilidade e rendimento em
qualquer ciclo do mercado;
IEF: Bond de Título Público americano de médio prazo que é
menos volátil que o anterior, porém costuma ter uma performance menor;
TFLO: Bond de Título Público americano de curtíssimo prazo,
que serve, para nos dar opcionalidade através de uma reserva em dólar.
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Quanto ao peso, costumo usar uma escala geométrica partindo do
menos volátil, para o mais volátil. Dessa forma, uma alocação padrão a ser
utilizada é a seguinte: TFLO com 7%, IEF com 14%, HYG com 28%, e
por fim o principal... O TLT com 51%.
Bom, é isso! Resumidamente devemos saber que existem vários
i o de Bond (P blico , Co o a i o , Li o, de Di idendo e e c.),
com vários prazos (de curto, médio e longo prazo), e que eles podem
distribuir ou não rendimentos (os de Cupom Zero não distribuem).

8.9 Quando Começar a Investir no Exterior


Sendo sintético, não há momento certo para se começar a
investir no exterior. É possível investir a qualquer momento, já que não
demanda muito capital.
Entretanto, há um caminho natural a se seguir antes de investir fora.
Ele começa pelos Títulos Públicos, depois passa-se pelos Fundos
Imobiliários e por fim, vai para as Ações brasileiras. É interessante
primeiro você montar sua carteira aqui no Brasil e depois, quando ela
estiver sólida e de um tamanho considerável, montar posição lá fora,
com ando S ock , Bond , Commodi ie , REIT e ETF .
Se quiser trabalhar mais especificamente com números, você pode
começar a investir no exterior quando seus aportes estiverem
representando 5% da carteira, por exemplo.
Enfim, não há regra, se quiser começar a investir de agora, também
não há problema. O importante é sempre lembrar que investir somente
no exterior é uma opção, porém, investir somente no Brasil, é uma
loucura! Pense nisso!

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8.10 Composição de uma Carteira no Exterior
Bom, o primeiro passo é definir o objetivo de alocação macro, ou
seja, dentro do seu portifólio de investimentos, você deve definir qual a
parcela dela que será reservada para ativos no exterior. Particularmente, eu
costumo reservar 100%. Entretanto, é compreensível que você aloque
menos, tendo em vista que, futuramente, você tenderá a usar a renda
passiva de seus ativos, momento em que será taxado com alguns impostos
ao realizar a remessa para o Brasil. Porém, quanto maior a alocação em
países desenvolvidos, mais seguro os ativos estarão.
O ideal é ficar em uma faixa de 25% à 100%, já que menos do que
o primeiro valor, também não compensa, vez que não traz uma
diversificação efetiva para o portifólio.
O segundo passo é definir o objetivo de aloção micro, ou seja, definir
o an o e e a a a A e , a a o REIT , a a o ETF e etc. É
importante saber que você não é obrigado a ter os 3 tipos de ativos.
Todavia, quanto mais classes, mais valor agregado terá em sua carteira. A
Bolha das Ponto-com afetou as empresa listadas em bolsas, mas não os
REIT e o ETF e e lica am ndice fo a do E.U.A.

8.11 Análise de Ativos


Basicamente, para analisar os ativos do exterior, nós usaremos os
mesmos metódos utilizadas para analisar os ativos nacionais. Assim, nós
devemos analisar as vantagens competitivas, as forças de Porter, a matriz
S.W.O.T, os resultados, os fundamentos e etc. Então, toda a metodologia
de análise de qualquer ativo no exterior, nós usaremos as mesmas para os
ativos brasileiros. Isso se deve ao fato de que eles são extremamente
parecidos.

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Os documentos para análise, nós também obteremos nos sites de RI
das empresas. Esses sites são parecidos com os encontrados aqui. Neles
temos apresentações institucionais, resultados trimestrais e os anuais45.
Algumas empresas, como a Disney, enviam cartas para seus acionistas
dando algum parecer através de seu CEO, informando, sintéticamente, os
resultados e as perpectivas futuras da empresa. Geralmente, pode-se fazer
a leitura dessas cartas no próprio site de RI. Vale a pena a leitura!
Caso queira algo mais simples e fácil de analisar, recomendo a
utilização de plataformas brasileiras que condensem os dados desses
ativos, isso irá padronizar a leitura da qualidade dos ativos, o que pode te
ajudar.
No mais, é isto! Só saiba que a análise dos ativos norte-americanos
é idêntica a que fazemos dos ativos brasileiros, então fique tranquilo!

45
Vale lembrar que lá nos E.U.A, algumas empresas fecham o ano fiscal
em outros meses, e não obrigatoriamente em dezembro.
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Capítulo 9

9. Reserva de Valor

9.1 Introdução
Sabemos o quanto é agoniante termos retornos negativos em um
mercado tão incerto quanto o financeiro, ainda mais em ciclos de baixa
relativamente longos, como aconteceu de 2010 a 2015 aqui no Brasil
durante os governos Dilma.
Por isso, é interessante que o pequeno investidor reserve uma parte
do patrimônio a ser investida em ativos que se mostraram importantes e
seguros em momentos de turbulência, seja por conta da preservação do
poder de compra ou seja pela correlação negativa quanto ao mercado
de imóveis e empresas.
É uma técnica de criação de um patrimônio seguro, onde o
investidor o protege parte dele contra a ingerência estatal dos Governos e
Bancos-Centrais.
Ao mesmo tempo é também uma técnica de economia
comportamental, vez que ameniza a dor da perda (como mencionado,
segundo o Dr. Daniel Kahneman e seu companheiro Amos Tversky, ela é

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2 vezes mais intensa que a excitação do ganho, não podendo assim, ser
ignorada). Lembre-se: se você não suporta ver seu patrimônio diminuindo
ao longo do tempo, você não está seguindo sua estratégia, porquanto está
com mais volatilidade na carteira do que deveria. E estratégia que não é
seguida, é apenas teoria! Dito isso, veremos algumas formas de nos
proteger nos próximos tópicos.

9.3 Ouro
Ray Dalio, um investidor bilhonário com experiência no mercado
financeiro de mais de 50 anos, conhecido por administrar vários fundos,
como o Bridgewater, constantemente faz declarações a respeito do ativo.
Em um desses pronunciamentos, ele proferiu a seguinte frase:

Q em n o em O o den o do portifólio, ou não entende


de Economia, o n o en ende de Hi ia. .

Ele já é conhecido por carregar uma posição relevante do ativo,


porém, parece que o investidor viu uma necessidade maior nos últimos
anos. Na verdade, não só ele, os própios Bancos-Centrais espalhados pelo
mundo estão comprando cada vez mais o metal precioso. Em 2018,
segundo o World Gold Council, foi o ano que mais se adquiriu Ouro desde
1971, com os Bancos-Centrais no topo da lista, negociando quase 650
toneladas do metal. Várias pessoas dizem que a quantidade real supera esse
valor do artigo com folga, já que governos totalitários, tais como Russia e
China costumam não divulgarem os dados com clareza.
Em termos de performance, de outubro de 2018 a julho de 2019, o
ativo já teve uma subida considerável de cerca de 20% (o que mostra uma
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certa corrida em sua busca).
Enfim, a questão que fica é: Por que ter Ouro? Imagine a situação
em que você pudesse se teletransportar para o futuro (para 2050, por
exemplo). Nessa viagem você só poderia levar uma mala. Nela você
poderia colocar qualquer coisa. Que moeda você levaria? Real que só tem
25 anos de existência e que se desvaloriza diante do Dólar? Levaria o
próprio Dólar que existe a mais de 250 anos? Bitcoin que não é
regulamentado pelos governos? Vários grandes investidores, inclusive Ray
Dalio, provavelmente levariam Ouro!
O ativo é valorizado desde épocas anteriores a Cristo. Inclusive
desde a época em que o homem começou a se organizar em sociedade. Os
próprios egípcios valorizavam demais o metal.
Os Incas, por exemplo, davam até mesmo valor estético ao Ouro e
a Prata. Eles diziam que o Ouro era o suór do sol e a Prata as lágrimas da
lua.
Então, se algo tem valor para diferentes sociedades a milhares de
anos atrás, provavelmente isso deve se manter por outros milhares de
ano . Po i o odemo di e e o O o foi testado pelo tempo . I o,
inclusive é lição do matemático e filósofo Nassim N. Taleb, que dispõe
que se algo tem uma vida muito grande, e não for algo orgânico,
provavelmente terá uma expectativa maior, comparada as coisas que tem
uma vida pequena.
O Ouro, históricamente é conhecido por preservar seu valor de
compra, e se valorizar diante de crises sistêmicas, já que é algo que
tem escassez, difícil extração, e os governos não conseguem reproduzi-los,
como fazem com suas moedas, imprimindo-as.

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O Ouro é o ativo por excelência quando se trata de Reserva de Valor.
Ele atende 4 (quatro) características essenciais:
Restrição de oferta: é um ativo escasso e que não pode ser
multiplicado pela vontade de governantes ou Bancos Centrais, como eu
disse. Não há como multiplicar Ouro (e recentemente Bitcoin, o chamado
O o digi al ), a ofe a e dada. m a i o e n o em ca ac e ica
inflacionária;
Liquidez: ele tem mercados globais para negociá-lo com
facilidade e agilidade;
Resistência física: ele não se deteriora enquanto armazenado,
como ocorre com outros metais;
Possui outras aplicabilidades: ele tem um uso além do
dinheiro, como aplicações odontológicas e jóias.
Dito isso, geralmente, faz-se a alocação de 5% da carteira em Ouro.
O percentual não deve exceder a muito mais que isso, já que há um custo
em carregar um ativo que praticamente só se corrige ao longo dos anos.
Por exemplo, sabemos que no longo prazo, uma ação tem maiores
retornos se comparada ao ativo, então quando o colocamos na carteira no
lugar dela, deixamos de colher os possíveis frutos de sua valorização.
Porém, com o Ouro, buscamos segurança, e não rentabilidade! Tenha
isso em mente!
Quanto as formas de se investir, temos a primeira que é através de
seu homebroker, sendo da mesma forma que se compra uma ação. Os
ativos que você pode comprar são: OZ1D e OZ2D.
Aqui não compramos Ouro físico e sim contratos! O OZ1D é o
Ouro de 250g e o OZ2D de 10g. Esse último costuma ser muito mais
acessível ao pequeno investidor, já que, no momento em que escrevo esse
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livro, o grama está cotado em cerca de R$200,00. Assim, um único
contrato de OZ1D custaria algo em torno de R$50.000,00, o que se torna
inviável para a maioria dos pequenos investidores.
É bom salientar que, contratos de Ouro possuem baixa liquidez.
Isso pode dificultar na hora da venda do ativo, caso você queira. Considero
essa a maior desvantagem dele. Não é rara as vezes em que há no máximo
5 negociações do ativo no dia.
Com relação as taxas, é importante verificar com sua corretora. Se
ela não cobra na compra de ações, provavelmente não cobrará na do
Ouro... Mas há exceções!
É um alternativa prática, porém tem baixa liquidez, e não temos o
metal em mãos (o que pode ser mais seguro também, vai do ponto de vista
de cada um). Também não temos incidência do Imposto de Renda se não
forém feitas vendas dele acima de R$20.000,00 mensais.
Outra alternatica que temos é a compra do Ouro físico. Você
consegue comprar mini-barras ou até mesmo linguótes de 1g. Essa pode
e ma al e na i a boa o n o. Robe Ki o aki, a o do li o Pai Rico,
Pai Pob e , gosta de ter o ativo físico guardado em bancos. Porém, quando
Maduro, presidente da Venezuela tentou reaver seu Ouro que estava
guardado em bancos ingleses, ele não conseguiu, pois estes argumentaram
que Maduro não era o governante legítimo do país, e que só devolveriam
quando Guaidó (oposição) assumisse o cargo.
Particularmente, eu não acho interessante ter altas quantidades de
Ouro em casa. Como sabemos, a violência no país não ajuda nessa
alternativa.
Além disso, as empresas que vendem Ouro, costumam venderem
por preços maiores do que os negociados em bolsa. E quando eles forem

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recomprar o ativo de você (a maioria dá garantia de recompra), o preço
praticado é mais baixo, o que pode ser prejudicial. Há, em suma, um
spread.
Quanto ao Imposto de Renda, a mesma regra se aplica: isenção até
R$20.000,00 em venda com lucro.
Quanto a compra de jóias de Ouro, ao meu ver não vale a pena! O
grama do Ouro costuma custar até 3 vezes mais! Isso ocorre porque há a
incidência do custo de mão-de-obra do ouríves, e quanto mais renomado,
mais caro.
Também temos uma outra opção mais saudável para os pequenos
investidores, que é feita através de fundos de Ouro. Os mais conhecidos
são: o BTG Pactual Ouro (taxa de administração de 0,3% a.a e aplicação
mínima de R$500,00), o Órama Ouro (taxa de administração de 0,6% a.a
e aplicação mínima de R$1000,00) e o Trend Gold (taxa de administração
de 1,0% a.a e aplicação mínima de R$500,00).
Os dois primeiros você encontra na própria BTG Pactual, e o Trend
Gold você encontra na Rico e na XP (esse fundo era o antigo XP Gold).
Em qualquer um deles a performance orbita uma média, variando
cerca de 1% para mais ou para menos.
Por esses fundos serem caracterizados como multimercados, temos
a incidência da tabela regressiva do Imposto de Renda (de 22,5% a 15%)
na hora do resgate (caso você queira fazer isso) e a incidência do come-
cotas (adiantamento do Imposto de Renda, sempre no final de maio e no
começo de novembro), o que atrapalha a rentabilidade do ativo, porém é
uma alternativa muito boa de exposição ao Ouro.
Em contrapartida também temos a questão da lâmina do fundo.
Geralmente os fundos não investem 100% em Ouro, visto que pela
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legislação são só obrigados a investirem 80% do portifólio, sendo comum
que invistam os outros 20% em Títulos Públicos de curto prazo, como o
Selic.
Por fim, temos a opção que mais apresenta benefícios... O
investimento em ETF’s nos E.U.A! Quando se abre conta em uma
corretora estrangeira temos acesso a diversos investimentos que não
temos aqui no Brasil. Lá podemo encon a milha e de ETF , endo e
o processo de compra é extremamente simples (é como comprar um ETF
aqui). Os dois ativos mais conhecidos são o IAU e o GLD, sendo que
ambos são 100% lastreados em Ouro.
Além de apresentarem taxas de administração baixíssimas, também
são muito liquidos, o que nos favorece em momentos de compra e venda
do ativo, vez que não há custo com spread.
Por tabela, também sofremos o efeito do Câmbio, já que o ativo é
dolarizado. Assim, ganhamos com a valorização do Ouro e com o
aumento do Câmbio. Por fim, também adicionamos qualidade ao
portifólio, pois diversificamos regionalmente nossos investimentos em
outro país diluíndo o risco político atrelado a Estados emergentes, como
o Brasil.

9.3 Prata
O investimento em Prata é menos popular em comparação ao
investimento em Ouro, contudo há uma série de vantagens nesse ativo
que podem torná-lo mais atrativo para composição do portfólio, como
por exemplo o preço menor. Esse tipo de investimento no Brasil ainda
não está inserido em ativos na bolsa de valores, mas mesmo ainda é
possível comprar ativos baseados nessa commoditie ou também investir

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em bolsas no exterior.
O investimento em prata pode ser realizado tanto na sua forma
física, ou seja, comprar ativos de Prata como barras de prata, moedas, joias
e afins como também a partir de ativos financeiros negociados em bolsa.
No Brasil apenas a compra de ativos físicos está disponível, todavia,
em países como E.U.A e Reino Unido existem diversas opções para
investimentos financeiros relacionados à Prata.
A aquisição de um ativo desse tipo apesar de possuir um alto grau
de reserva de valor, além de ser perene, também responde à lei de oferta e
demanda. Dessa forma, em momentos de alta na procura pela Prata, o seu
preço tende a subir, e em momentos de baixa procura, o preço da Prata
tende a depreciar. Bem semelhante ao Ouro!
A Prata quando relacionada a composição da carteira de
investimentos também é muito utilizada como forma de diversificação,
além de funcionar também como um hedge . Isso ocorre porque em
geral os metais preciosos, dado o seu valor intrínseco e a sua capacidade
de transferir valor de um período para o outro sempre, acabam sendo uma
escolha em momentos de instabilidade econômica, como mencionado no
último capítulo.
A Prata é utilizada desde a pré-história, civilizações antigas como os
romanos e os egípcios, cunhavam joias e outros utensílios a partir desse
metal precioso também. Com o passar dos anos esse ativo também passou
a ser utilizado para confecção de moedas. As moedas brasileiras do
período colonial e até mesmo no começo da República possuíam alto teor
de Prata.
Além do seu uso como reserva de valor, a Prata também é um ativo
muito utilizado por indústrias para determinados ativos devido à sua alta
capacidade de conduzir energia elétrica. Além disso, é muito utilizada para
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produção de determinados instrumentos musicais e até mesmo para
confecção de espelhos.
A prata é um metal precioso e só possui valor menor do que o Ouro
entre ativos desse tipo. Apesar de não ser um ativo tão raro quanto o Ouro,
a Prata também é um metal escasso. A sua mineração costuma ser de
caráter secundário, ou seja, costuma ser um subproduto dos mineradores
de Ouro ou até mesmo de Cobre.
As maiores minas de Prata do mundo estão localizadas na América
do Sul, México, E.U.A, Austrália, China e Rússia. O maior país minerador
de Prata é o México, país no qual a Prata e outros metais preciosos já eram
explorados pelos povos locais, antes mesmo da chegada dos europeus no
final do século XV.
O investimento é prata pode ser realizado de diversas formas.
Apesar de no Brasil não haver opções de investimento em Prata via Bolsa
de Valores como no exterior, não é difícil comprar ativos cunhados a partir
dessa commoditie. Além disso, é possível investir diretamente em bolsas
no exterior como no caso da bolsa de Londres e nos E.U.A.
As formas mais simples de se investir em Prata no Brasil é a partir
da compra de barras de Prata ou então de moedas cunhadas a partir
desse ativo. Além disso, também é possível comprar Prata a partir de uma
escritura, é menos usual do que comprar o ativo em si mas pode ser uma
alternativa interessante.
A aquisição de Prata em barras costuma ser o método com maior
potencial de rentabilidade dentre as opções para comprar produtos
baseados nesse metal. Essas barras são conhecidas como Prata 999 ,
porque elas possuem 99,9% de grau de pureza. A compra desse tipo de
ativo pode ser realizada em estabelecimentos especializados como bancos
e corretores de metais preciosos. É importante estar atento sobre a
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reputação desses vendedores, tanto para ter certeza que a Prata é legítima
quanto para saber se o grau de pureza realmente corresponde a uma barra
de Prata.
Corretores de metais preciosos costumam cobrar uma taxa adicional
em relação à cotação de mercado da Prata. A barra de Prata é o ativo de
Prata que costuma ter o melhor custo benefício em relação a essa
transação, como as barras são uma quantidade maior, a taxa de
intermediação acaba ficando diluída no valor. No caso de compra de
moedas, por exemplo, a taxa dos corretores acaba pesando mais.
Um ponto a ser destacado é em relação ao armazenamento das
barras de Prata. Como são ativos de alto valor é importante que eles sejam
armazenados em locais seguros (assim como o Ouro), algumas opções são
ter um cofre doméstico ou até mesmo alugar um cofre no banco. Além
disso, é possível contratar um seguro para esses bens (o que pode custar
caro).
Além da aquisição de barras de prata, é possível comprar Prata no
formato de moedas. Esse método de aquisição facilita para aqueles que
querem adquirir uma quantidade menor desse metal em relação ao
tamanho mínimo das barras. Além disso, as moedas são mais fáceis de
armazenar e de transportar de um local para outro.
Um ponto de desvantagem em relação às moedas é que elas
costumam ter taxas um pouco maiores cobradas pelas corretoras, isso se
dá devido aos custos de cunhagem e moldagem das moedas.
No caso das moedas também é recomendável estar atento à
credibilidade dos vendedores. É importante ter certeza da procedência
desse ativo, bem como da veracidade sobre o grau de pureza das moedas
que estão sendo compradas.

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Como apontado anteriormente, moedas antigas eram cunhadas com
alto teor de prata e apesar de terem sido substituídas ao longo do tempo
por outras moedas e não ser mais o dinheiro corrente, essas moedas
possuem o valor intrínseco à sua matéria-prima, a Prata. Além desse valor,
essas moedas possuem um valor histórico e são valiosas para
colecionadores. Nesse sentido, essas moedas possuem vários
determinantes para seu valor. O mais geral deles é relacionado à Prata e ao
grau de pureza da prata. Moeda brasileiras, por exemplo, até 1913
possuíam cerca de 90% de grau de pureza de prata. Nas décadas seguintes
as moedas ainda possuíam prata mas em escala menor.
Dessa forma, quanto mais raras, maior valor elas possuem no
mercado. Por exemplo, uma moeda brasileira do período imperial tende
a ter um valor maior que uma moeda da década de 1950, dada a dificuldade
de encontra-las. Fatores como esse acabam tornando o valor real dessas
moedas mais volátil no mercado.
Muitas vezes essas moedas são guardadas por familiares e passadas
de geração em geração, mas em caso de interesse não é difícil encontrar
moedas desse tipo em antiquários ou lojas desse tipo, além também de ser
possível encontra-las em sites de leilões.
Além das formas citadas acima, é possível outras modalidades de
investimento em Prata no exterior, sobretudo em países como E.U.A e
Reino Unido que possuem um mercado financeiro mais desenvolvido e
uma gama maior de ativos disponíveis para comercialização. Nesses
mercados, há uma série de ativos relacionados a diferentes tipos de metais
preciosos e demais minérios como Prata, Platina, Cobre, Zinco, dentre
outros.
Na bolsa dos E.U.A, por exemplo, há ETF relacionados à prata
como: iShares Silver Trust (SLV); Global X Silver Miners (SIL).

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Nesses ETF s, como em outros desse gênero, o investidor fica
exposto ao movimento diário da variação do preço da Prata. Dessa forma,
é um mecanismo mais fácil de investir comparado à compra do ativo
físico.
Além da possibilidade de investir em ETF, é possível investir em
mutual fund s relacionados a essa commoditie. Todavia, nesse caso é
incomum encontrar fundos especializados na Prata apenas. Normalmente
esse tipo de fundo investe em empresas mineradoras de metais preciosos,
portanto, o investidor ficaria exposto também a outros metais, como o
Ouro, por exemplo. Alguns fundos desse tipo podem ser encontrados na
bolsa de Nova Iorque, como por exemplo, o USAA Precious Metals and
Minerals Fund e o Vanguard Global Capital Cycles Fund. Ambos
investem a maior parte do seu capital em mineradoras de metais preciosos,
apesar do foco no Ouro, também há exposição a outros metais como a
Prata, a Platina e os Diamantes.
Uma outra forma de se expor à variação do preço da Prata, é a
compra de uma ETN (Exchange Trade Note). Esse papel funciona como
um Bond (título de dívida), dessa forma, o investidor não está investindo
em nenhum ativo propriamente dito. Todavia, a rentabilidade dessa nota
está diretamente ligada à variação do preço da Prata no mercado.
O mercado de commodities tende a ficar cada vez mais aquecido
nos próximos períodos. Nesse sentido, a Prata também está inserida nesse
mercado. Dessa forma, o investimento em metais preciosos, como a Prata
tende a ter efeitos positivos com uma alta no mercado das commodities
como um todo. Como bem apresenta Jim Rogers, um dos maiores
investidores financeiros, as commodities são os ativos do futuro. Portanto,
não seria uma surpresa se a Prata acompanhasse a valorização desse
mercado.

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Investir em prata como em outros metais preciosos possui uma série
de vantagens, como a possibilidade de diversificar a carteira de
investimentos, utilizar esses metais como hedge ou mesmo apostar na
valorização futura desses ativos.
A diversificação dos investimentos é uma das melhores formas de
mitigar o risco de um portifólio. Dessa forma, o investimento em Prata
possibilita justamente uma variação no investimento, além de ser um ativo
com maior estabilidade, o que ajuda a diminuir o risco do portifólio de
investimentos.
A Prata, assim como o Ouro, é um ativo estável, não possui uma alta
volatilidade. Mesmo a prata sendo mais instável que o Ouro, ainda
assim é um ativo com alto grau de estabilidade. Dessa forma, o
investimento em prata funciona também como uma forma de proteção da
carteira.
Além disso, como a Prata é um ativo estável, ela funciona como uma
forma de proteger o patrimônio contra os efeitos da inflação. Portanto,
caso o objetivo seja menor volatilidade, a Prata é mais interessante do que
comprar moedas estrangeiras, por exemplo, até mesmo em relação ao
Dólar que possui alto valor de reserva comparado a outras moedas do
mundo.
A rentabilidade da Prata, como outros metais preciosos, costuma ter
uma rentabilidade contra cíclica, sobretudo em momentos de crise.
Como esse tipo de ativo possui um valor mais constante ao longo do
tempo, é comum em períodos de instabilidade um aumento na procura, o
que acaba fazendo com que o preço da Prata se eleve nesses períodos.
Dessa forma, possuir prata em momentos de crise pode gerar uma
vantagem para o investidor. Dado que parte do seu portfólio irá valorizar
em um momento de queda geral dos preços dos ativos.
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O valor da Prata não é restrito a um único país, ela possui valor
global, o que a torna um ativo com maior liquidez do que a maior parte
das moedas do mundo. Dessa forma, é um ativo facilmente convertido em
dinheiro, o que torna interessante para ser vendido em momentos de
necessidade repentina.
Além disso, como a Prata é um ativo com boa reserva de valor, ou
seja, seu valor varia pouco ao longo do tempo. Dessa forma, além de
possuir uma alta liquidez, dificilmente o preço dela estará em baixa no
mercado, o que facilita esse movimento para geração de liquidez.
É um ativo que não deprecia ao longo do tempo, ou seja, ela é um
ativo perene. Apesar da Prata poder oxidar devido ao contato com a água
ou condições climáticas, é um ativo com alto grau de durabilidade e que
muitas vezes é passado de geração para geração nas famílias. Essa
qualidade a valoriza ainda mais como um ativo capaz de manter valor.
O investimento também possui algumas desvantagens. Essas são
relacionadas à sua variação de preços, bem como nas dificuldades de
armazenar ativos cunhados no material.
É um ativo estável mas não está livre de momentos de oscilação nos
preços. As variações mais bruscas no preço desse ativo costumam estarem
relacionadas a eventos maiores, como crises econômicas ou eventos
climáticos em regiões de maior exploração dessa commoditie.
Nos momentos de crise, é comum haver uma alta nos preços da
Prata devido a um aumento da procura por ativos mais seguros (fenômeno
do Fly To Quality). Dessa forma, apesar de ser um período no qual a Prata
pode proteger o portfólio, comprar nesses momentos pode ser um mau
negócio, dado que o preço pode estar sobrevalorizado.
Apesar de ser um ativo estável, ela possui uma questão importante,

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a qual é a incapacidade de gerar renda ao longo do tempo. Dessa
forma, é um ativo incapaz de gerar renda com juros ou dividendos, por
exemplo. A única forma de ter renda é vendendo o ativo por um preço
maior do que aquele pelo qual ela foi comprada.
A principal vantagem da Prata em relação ao Ouro é justamente
relacionado ao seu preço. Como a Prata possui um valor substancialmente
menor que o Ouro ela é um investimento mais acessível para uma série de
investidores. Portanto, investidores de renda média que possuem pouco
valor disponível para aplicação podem acessar o mercado de metais
preciosos por intermédio da Prata.
Todavia, apesar do preço ser um ponto positivo da Prata em relação
ao Ouro, há alguns fatores que tornam o investimento em Ouro mais
atrativo nessa comparação. Um desses fatores é relacionado ao mercado
brasileiro, visto que no mercado nacional é possível adquirir ativos
financeiros relacionados ao Ouro, mas ainda não existem ativos que
acompanhem a variação do Preço da prata.
Outro ponto a ser destacado na análise é com a relação à perenidade.
Apesar da Prata também ser um ativo durável, o Ouro é um ativo que nem
mesmo oxida. Portanto, o Ouro não irá depreciar nunca com relação ao
seu valor intrínseco, inclusive pelo fato que o Ouro sempre pode ser
fundido, transformado e convertido em outro bem, o que torna possível
o mesmo Ouro ser utilizado por eras diferentes.
Além dos dois fatores anteriores, como o Ouro é um ativo mais
escasso do que a Prata, ele possui uma maior estabilidade com relação a
seu preço. Dessa forma, apesar da Prata também ser estável, ela pode
enfrentar momentos de instabilidade mais acentuados do que o Ouro.
O investimento em Prata é uma alternativa para composição da
carteira de investimentos, sobretudo para investidores que desejam
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investir em metais preciosos mas não podem ou não querem investir o
valor mínimo necessário para investir em Ouro.
Apesar do mercado no Brasil ser restrito, é possível realizar
investimentos desse tipo em âmbito nacional. Além disso, há alternativa
de investimento no exterior mais abrangentes para quem tem possibilidade
de aplicar em bolsas estrangeiras.
O investimento em Prata ou em outros metais preciosos é uma
forma de proteger sua carteira de investimentos contra variações bruscas
como em crises econômicas, possibilitando inclusive incorrer em ganhos
nesses períodos. Além disso, é uma forma de diversificação dos
investimentos.
Por fim, gostaria de salientar que gosto de ter os dois ativos, tanto o
Ouro, quanto a Prata. São metais valiosos, sendo que a dinâmica de
valorização e desvalorização tende a ser mais compreensível do que as
outras commodities. Vale a pena se ter em portifólio, já que questões
econômicas e históricas, como vimos, acabam nos favorecem.

9.4 Criptomoedas
O Bitcoin, que é uma moeda digital conhecida por muitos, pode
possuir um papel importante em uma carteira de investimentos.
Um dos primeiros motivos para se colocar uma parte da carteira
exposta em Bitcoins é que a moeda é uma forma de proteção contra
políticas inflacionárias de um Governo. Como se sabe, o dinheiro físico
(Real, Euro, Dólar e etc.) não possui lastro. Eles não representam mais
nenhum tipo de riqueza, como o Ouro.
O que garante o valor do Dólar, por exemplo, é unicamente a
promessa do Governo e a crença que as pessoas têm nessa promessa
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de que ele realmente tem validade. Ocorre, entretanto, que ás vezes
essa promessa pode ficar mais fraca. Uma dos motivos mais comuns é a
impressão de mais papel moeda. Cabe salientar que vários Governos
adotam essa política a muito tempo. E por que fazem isso? Porque, por
vezes, eles precisam de recursos. E quando isso acontece, eles só podem
fazer 2 (duas) coisas: aumentar os tributos sobre a população
(aumentar as alíquotas ou criar novos impostos, sendo uma medida
extremamente impopular e por isso, quando os governos a fazem, fazem
em cima de uma minoria, geralmente os mais ricos, causando sua saída,
juntamente com os recursos) e a outra é através da impresão de moeda
(é uma medida invisível, já que a maioria das pessoas não percebe, e é tão
prejudicial quanto a primeira, já que quando você tem o aumento do
dinheiro em circulação, sem ter um aumento no número de bens
produzidos, em regra há um aumento da inflação, e consequentemente,
tudo fica mais caro.).
Isso está ocorrendo com nossos países vizinhos, a Argentina e a
Venezuela. Nesse último, a inflação passa de 7 dígitos. Isso sem levar em
conta que o Governo que divulgou os dados é totalmente totalitário.
Hoje, no Brasil, isso não ocorre, porém nada impede que em um
futuro próximo venha a ocorrer algo semelhante.
Um outro motivo para ter Bitcoin é que ele te protege de governos
que controlam o mercado de capital. Por exemplo, na mesma
Venezuela, o governo possui controle sobre o Dólar. Ele delimita quem
pode trocar dinheiro pela moeda e quem não pode. Na China, por
exemplo, um chinês não pode mandar mais do que US$50.000,00 para
fora do país. Quem quer fazer transferências maiores, costuma usar
criptomoedas.
Um terceiro motivo, novamente usando a Venezuela, é que o

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investimento em Bitcoin te protege de governos tirânicos, que costumam
imprimirem dinheiro à rodo , controlando o mercado de capital ao
mesmo tempo.
Listando um quarto motivo, há a possibilidade de se fazer remessas
internacionais por um custo muito baixo. Enquanto tranferências
bancárias convencionais costumam custar de 5-10% do capital enviado,
com Bitcoin o valor é normalmente próximo a 1%.
Ainda temos como benefício do Bitcoin, uma possível tendência
mundial de uso por varejistas, já que a moeda não costuma ser taxada,
o que faz com que em um setor com margens baixíssimas, os vendedores
não percam dinheiro com tributos e despesas.
Por fim, temos que o Bitcoin é uma moeda deflacionária. A
produção (mineração) está cada vez menor e mais difícil de ser feita,
enquanto que a procura pelo ativo esta cada vez maior. A tendência é
que ele aumente de valor com o tempo. É um verdadeiro Ouro digital!
Mas o que leva as pessoas a não investirem no ativo? Muitas pessoas
possuem aversão a esse tipo de investimento. Majoritariamente, isso
ocorre devido ao desconhecimento sobre esse veículo. A maioria dos
investidores dizem que não se investe naquilo que não se conhece.
Concordo... Em partes! O conhecimento prático não se adquire com
teoria. Quando jogamos Poker com dinherio e depois sem dinheiro, há
dois jogos diferentes. O montante influencia nas decisões!
Mas onde quero chegar com isso? Quero dizer para você que não
tenha medo do ativo por não conhecê-lo. e e eci amo e kin
in he game como di o Taleb.
Comece com pouco e vá se habituando (não só no Bitcoin, mas
também em outros veículos, como o investimento no exterior). Como,
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novamente diz Taleb: o entendimento é um substituto pobre para a
convexidade. Ou seja, o que interessa, no final das contas, é que você
esteja em situações onde você esteja convexo (em situações em que você
tenha muito a ganhar e pouco a perder). Por exemplo, qual o seu limite de
perda de dinheiro com Ações? É 100%! Ninguém perde mais do investiu.
A mesma coisa vale para o Bitcoin. Ninguém vai bater na sua porta te
cobrando dinheiro, porque o seu investimento agora vale R$0,00. Agora
eu te pergunto: qual o teto de valorização desses ativos? Não existe!
Muitos investidores usam a plataforma do Mercado Bitcoin ou a
Biscoint para comprar o ativo. Vale a pena dar uma pesquisada!

9.5 Dólar
O Dólar, moeda utilizada nos E.U.A, é o correspondente monetário
mais usado no mundo e carrega consigo a responsabilidade de ser,
também, a moeda mais forte do planeta!
Para quem deseja fazer uma viagem para o exterior, ou mesmo para
quem deseja ter uma reserva financeira em uma moeda forte e se proteger
contra as crises frequentes observadas no Brasil, investir em Dólar pode
ser uma opção interessante.
Geralmente, em tempos de crise, como os tempos vividos
recentemente no Brasil (inflação de 2 dígitos no governo Dilma Rousseff
e greve dos caminhoneiros), a moeda americana costuma se valorizar
muito frente ao Real, o que acaba gerando retornos elevados para aqueles
que a possui.
Além disso, normalmente nesses períodos de valorização desta
moeda, são também períodos em que os ativos de Renda-Variável
brasileiros, como Ações e Fundos Imobiliários, estão em processo de
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deterioração. Dessa forma, o investidor que possui alguma reserva na
moeda ou em ativos que tenham lastro ou receitas em Dólar, pode liquidar
essas posições e substituir por Ações, Fundos Imobiliários e etc.
Portanto, investir na moeda norte-americana, pode ser uma forma
ba an e a a i a e in e e an e de e fa e hedge , e também realizar
uma proteção de patrimônio em tempos difíceis. É bom lembrar, no
entanto, que ao mesmo tempo que períodos nos quais a bolsa de valores
brasileira sofre quedas relevantes e o Dólar sobe, em períodos de maior
otimismo com a economia brasileira, ele pode acabar se desvalorizando,
por conta da entrada de recursos estrangeiros no País.
A forma mais comum de se investir em Dólar é através de Fundos
Cambiais. É uma forma bastante simples e acessível, já que esses fundos
estão disponíveis em praticamente todos os grandes bancos, e muitas
vezes com valores iniciais acessíveis para qualquer investidor (os fundos
cambiais normalmente apresentam uma oscilação e rentabilidade similar
ao desempenho da moeda norteamericana). Geralmente esses fundos
investem boas parcelas de seus recursos em títulos de moedas estrangeiras,
através de operações com derivativos e demais ativos que tendem a terem
uma oscilação que segue o desempenho do Dólar. O fundo cambial mais
conhecido aqui no Brasil é de titularidade do Banco BTG Pactual.
No entanto, os Fundos Cambiais, podem aplicar em títulos de
Renda-Fixa, o que pode conferir alguma (embora pequena) proteção
contra a volatilidade. Vale lembrar que esses fundos são tributados, e
normalmente possuem taxas de administração elevadas, o que pode
comprometer a rentabilidade esperada pelo investidor.
E , a ic la men e, efi o fa e hedge com Bond de longo
prazo (Títulos com vencimentos de 20 anos). É muito mais proveitoso, já
que não traz custos ao portifólio (as taxas de administração são

250
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baixíssimas). Há 2 (dois) ativos que se destacam nessa questão. São eles:
TLT e SPTL (ambo o ETF negociado no E.U.A).
Uma outra forma é enviar o dinheiro para uma corretora americana,
e lá, com o dinheiro disponível, apenas converte-lo em Dólar, ficando
com o dinheiro em Caixa. É uma opção interessante, já que traz
opcionalidade ao portifólio, vez que podemos aportar essa quantia a
qualquer hora (porém, a inflação norteamericana, no longo prazo, pode
corroer os rendimentos).
Agora, aqui vem um dado curioso: o Dólar, nos últimos 10 anos,
valorizou incríveis 190,00%, o que dá uma rentabilidade média de 19% ao
ano!

Há uma tendência do ativo se valorizar em relação ao real, por ser


aquela, a moeda de reserva global. É o ativo por excelência! Entendeu
agora o motivo de se dolarizar o patrimônio?! Some a rentabilidade do
portifólio mais a valorização do Dólar... Pois é!

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Capítulo 10

10. Alocação de Ativos

10.1 Criando um Portifólio sob a Ótica do Risco


Essa parte do livro é uma das mais importantes! Você irá ter uma
noção de como dimensionar o tamanho dos ativos dentro da sua carteira.
Então, vale a pena se desligar um pouco das tarefas cotidianas para focar
apenas na leitura.
Bom, vamos lá! Após ter estudado, analisado e selecionado os ativos,
você precisa saber como compor esses ativos no portifólio.
A alocação de ativos é uma estratégia de investimentos que busca
melhorar a relação entre risco e retorno através do tamanho da
posição, ou seja, o quanto o investidor aloca em cada ativo de acordo com
a sua tolerância ao risco, metas e horizonte de tempo. Alocação de ativos
é uma estratégia praticada por diversos fundos de investimentos de
sucesso, que geram fortunas de bilhões de dólares e recebem o apoio
acadêmico e científico.
Ela explica 90% da variação do retorno de uma carteira de
in e imen o ! O e do Does Asset Allocation Policy Explain 40, 90

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or 100 Percent Of Performance?46 realizado por Roger Ibbotson,
professor de finanças de Yale, foi conduzido para responder a importante
e debatida pergunta sobre o que produzia o maior impacto na variação do
retorno de uma carteira de investimentos: a habilidade de um gestor de
escolher determinadas Ações e Títulos no tempo correto ou a alocação de
ativos desta carteira?
A conclusão foi mais que impressionante! Mais de 90% da variação
do retorno de uma carteira de investimentos no longo prazo é atribuída a
sua alocação de ativos. A porção restante (menos de 10%) é atribuída ao
market timing (momento de compra e venda de uma ativo) e a escolha
de determinadas ações individuais e títulos (stockpicking).
Portanto, lembre-se que a alocação de ativos, ou seja, o quanto você
destina para cada investimento em sua carteira, é 9 vezes mais
importante do que quando você compra determinado ativo e qual é
esse ativo. Ao investir, pense no quanto ao invés de qual e
quando .
Meu objetivo será guiar você para decidir esses importantes 90%: a
porção de sua carteira de investimento que será destinada para diversas
classes e ativos.
Quanto mais tempo você possui no mercado financeiro, mais você
percebe a dificuldade em bater o mercado constantemente. Fundos de
Investimentos vão e vem, com baixa probabilidade de superarem o índice
de ações no longo prazo.
Ainda que alguns tenham êxito em superar, o risco da maioria destes
fundos é bem superior ao índice, tornando-se investimentos arriscados
(vide Alaska Black com um drowdown de mais de 70% com o surto do
46
O acesso ao estudo é privado! Porém, é abordado em diversos livros de
alocação de ativos como o Asset Allocation: Balancing Financial Risk.
253
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Covid-19 e a Crise do Petróleo em um de seus fundos).
O e do Quantitative Analysis Of Investor Behavior , e foi
realizado pela companhia de pesquisas financeiras americana Dalbar,
mostra que o investidor médio em fundos de ativos de Ações obteve um
retorno anualizado de 3,9% no período de 20 anos, terminado em 2006.
Entretanto, o índice de ações S&P 500 obteve no mesmo período o
retorno anualizado de 11,9% (ou seja, quase 4 vezes mais!). A diferença de
8% entre ambos deve-se a 3 fatores: o fato do investidor tentar acertar o
tempo correto de entrar e sair do mercado de ações (market timing), o
alto custo do investimento ativo através de taxas de administração (e até
mesmo de performance, como o Polyface do famoso Luiz Fernando Roxo
aqui no Brasil que cobra 25% do que ultrapassar do CDI), e a alta
rotatividade de Ações nos fundos de investimentos ativos.
E caso 8% ao ano pareça pouco lembre-se que o período analisado
é de 20 anos (e em dólar). Logo, nestes 20 anos o índice obteve uma
rentabilidade de 847,55%, enquanto o investidor médio obteve uma
rentabilidade de 114,94%. Através de um investimento inicial de US$
10.000 seria a diferença entre US$ 94.755,00 e US$ 21.494,00.
Aqui no Brasil, 66% dos fundos ativos de Ações perdem para o
Ibovespa. Embora a maioria dos estudos científicos abordados aqui sejam
pesquisas americanas, devido à grande maturidade do seu mercado
financeiro, esse estudo mostra dados importantes para o mercado
brasileiro.
Através de dados da Bloomberg publicados pela iShares, o estudo
revelou que não apenas 66% dos fundos ativos de Ações obtém retorno
abaixo do Ibovespa, como 78% destes fundos obtém um risco maior do
que o benchmark.
Pense comigo: esses fundos profissionais de ações contam com uma
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am la e i e de e i a ( e ea ch) Obtém dados sempre atualizados
de odo o indicado e financei o e econ mico im o an e Po em
uma equipe de analistas e gestores que trabalham o dia inteiro
e cl i amen e a a o f ndo E, somente, 1 3 obtém sucesso no
mercado! Parece estranho? Agora pense em você... Você não possui uma
equipe para visitar empresas, conversar com administradores e analisar
todos os balanços da companhia Voc n o em o em o nece io a a
avaliar em detalhes cada balanço trimestral e acompanhar todas as notícias
ob e ela Voc n o em ace o ao dado eci o , hi ico e
atualizados de cada empresa na bolsa e dos índices financeiros e
econ mico E ainda a im b ca e a o benchma k ?
Talvez porque você se considere um investidor mais inteligente do
e m dia. o e a maio ia do in e ido e co ma di e Se
mesmo?
Estudos mostraram que é natural do ser humano se achar superior
em diversas ocasiões. Por exemplo, uma entrevista realizada nos E.U.A
o a a ena ma nica f a e: Voc e con ide a m mo o i a acima
da m dia? .
Para a surpresa dos pesquisadores, 93% dos americanos
entrevistados responderam que sim! 93%! E esse tipo de padrão,
conhecido como Ilusão de Superioridade o Efeito Dunning-
Kruger , e e e-se em várias áreas.
Porém, nenhuma delas é tão perigosa como as finanças! O que nos
leva ao próximo surpreendente caso: a história do Long Term Capital
Managment (LTCM) é tão fascinante que você pode encontrar um livro
inteiro dedicado apenas ao caso. Trata-se de um hedge fund gerido por
Myron Scholes e Robert C. Merton, conhecidos por formularem o famoso
modelo de precificação de opções Black & Scholes , agraciados com o

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aclamado prêmio Nobel de economia.
O LTCM era um hedge fund que se utilizava de operações
matemáticas complexas (criadas pelos próprios Merton e Scholes) com
livre utilização de derivativos e estratégias de arbitragem. Uma das
operações é conhecida como ca - ade (e chamo de alavancagem
suja ), em que se toma empréstimos em um país com baixa taxa de juros
(Japão, por exemplo) para investir em ativos com alta taxa de juros
(emergentes, como México).
Durante praticamente 4 anos o fundo gerou retornos de 40% ao ano
e arrecadou US$4,72 bilhões em ativos próprios e US$124,5 bilhões em
ativos emprestados, sinalizando uma relação de débito/patrimônio de
25/1 (olha o tamanho da alavancagem...).
Além destes impressionantes números, o fundo detinha uma quantia
estimada de US$1,25 trilhões em posições de derivativos.
Neste momento, o fundo era tão grande que detinha,
impressionantes, 5% de todo o mercado de Renda-Fixa mundial!
O problema desse hedge fund é que, por ser altamente baseado
em simulações matemáticas e estatísticas passadas (como estratégias de
Sharpe ou modelos matemáticos de Markowitz), nunca havia ocorrido o
fa o de m e en o e emo ( m black an , como leciona Na im
Taleb), como um país declarar moratória em sua dívida pública.
A crise asiática de 1997, intensificada pela crise russa de 1998
culminou na moratória em setembro de 1998 dos títulos governamentais
russos, fazendo com que diversos investidores vendessem vários títulos
europeus e asiáticos para correr para os seguros títulos americanos,
mo imen o conhecido como fly to quality .
Logo, as posições altamente alavancadas em títulos europeus e
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asiáticos do LTCM sofreram perdas enormes (US$4,6 bilhões), que
terminaram em bailouts 47 com ajuda do Federal Reserve, já que os
grandes bancos estavam na contra-parte destas operações.
O gráfico a seguir, com a evolução de US$1.000 investidos no
LTCM, Dow Jones (DJIA) e no Tesouro Americano (US Treasury), vale
mais do que todas estas palavras acima:

Bom... Agora, mudando o foco, o que você pensaria de um fundo


de investimento que há 15 anos consegue, consecutivamente, retornos
acima do índice? Provavelmente, devido ao longo prazo de análise, você
acreditaria que o gestor é um excelente investidor em ações e sabe o

47
Bailout é uma palavra inglesa (de bail: fiança, garantia) que, em
economia e finanças, significa uma injeção de liquidez dada a uma entidade
(empresa ou banco) falida ou próxima da falência, a fim de que possa
honrar seus compromissos de curto prazo.
257
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melhor momento de comprar e vender uma ação.
Para dar suporte a essa opinião, um fundo com um histórico tão
único recebe destaque fácil na mídia, enfatizando as qualidades do gestor
para resultados tão atraentes.
Essa seção é direcionada principalmente a investidores que ainda
insistem em apenas observar o histórico de rentabilidades de fundos de
investimentos para julgar se o fundo é ou não adequado para se investir.
Também enfatiza a aleatoriedade presente em decisões como a
escolha de ações individuais e como a ilusão do sucesso desse tipo de
investimento no curto prazo pode ser extremamente perigoso quando a
suposta habilidade se revela apenas sorte!
O caso do fundo de investimento com 15 anos de retornos
consecutivos acima do índice é verídico. Ele ocorreu no fundo Legg
Mason Trust Fund (LMVTX), considerado um fundo que investe
tradicionalmente em a e de g ande alo de me cado (la ge ca ).
No período de janeiro de 1991 até dezembro de 2005 o fundo
obteve um retorno anualizado de 16,5%, enquanto o índice (S&P 500)
obteve o retorno de 9,4%. Além disso, conforme já foi mencionado, o
fundo nunca perdeu do índice em todos os anos desse período.
Isso significa que US$10.000,00 investidos neste fundo, ao final
desse período de 15 anos, se transformariam em US$98.283,00, enquanto
os mesmos US$10.000,00 investidos no índice se transformariam em
US$37.802,00.
Com esse histórico impressionante, o fundo foi citado em grandes
publicações mais de 500 vezes no período de 2001 200548 e o gestor

48
Dados divulgados no livro The Intelligent Portfolio, pág. 64.
258
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recebia as honrarias máximas nas agências classificadoras destes fundos.
Atraídos pela rentabilidade incomum do fundo, um grande número
de investidores migrou para esse fundo na esperança de que o gestor
possuía de fato uma grande habilidade para escolher ações. Entretanto, o
período de janeiro de 2006 até dezembro de 2011 mostrou-se bem
diferente e a habilidade do gestor em escolher as melhores ações começou
a ser questionada.
O retorno total do fundo neste período de 6 anos foi de 33,67%,
enquanto o retorno do índice (S&P 500) foi de 17,22%!!! Vejamos:

Infelizmente, ao olhar os primeiros dados, você conhecia apenas


uma parte da história. A de que o fundo não havia perdido para o índice
em 15 anos consecutivos, sendo um forte indício de habilidade ao invés
de mera sorte.
Porém, essa suposta habilidade desaparece se analisarmos o
conjunto dos 21 anos. O fundo obteve um retorno abaixo do índice em
todo o período, apesar dos 15 anos consecutivos batendo o S&P 500.
259
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O que a probabilidade nos diz sobre este caso? Suponha que o
retorno de todos os fundos de ações é aleatório. Ou seja, como você não
consegue mensurar bem o nível de habilidade de cada gestor para escolher
ações, você supõe que 50% dos fundos irão ganhar do índice e 50% perder
(na realidade nós já vimos que os números são bem piores, mas vamos dar
uma chance para eles).
Logo, para cada ano você joga uma moeda para cima. Cara, o fundo
bate o índice. Coroa, o fundo perde do índice.
Desse modo, torna-se trivial calcular a probabilidade de um fundo
conseguir retornos consecutivos acima do índice em diversos prazos.
O cálculo é muito simples! Para 1 ano a probabilidade é de 50% (1
T/1 H). Para 2 anos ela cai para 25% (1 HH/1 HT/1 TH/1 TT). Nota:
utilizei H = Heads (cara) e T = Tails (coroa) para evitar a dupla letra C de
cara e C de coroa.
O cálculo direto, sem precisar analisar cada caso em particular é o
seguinte: probabilidade de caras consecutivas em X anos = 1÷(2X).
Portanto, a probabilidade de um fundo apresentar retorno consecutivo em
10 anos é de 1 ÷ 1.024 ou 0,1%. Para 15 anos de retorno consecutivo a
probabilidade é de 1 ÷ 32.768 ou 0,0031%.
Pensar nesta probabilidade de 0,0031% de forma isolada nos remete
a ideia de que é um evento extremamente raro e que a habilidade do gestor
é muito mais forte do que sua sorte. Porém, o mercado americano conta
com um número próximo de 10.000 fundos mútuos listados. Agora, a
dúvida é: qual é a probabilidade de ao menos 1 entre esses 10.000 listados
conseguir um retorno de 15 anos consecutivos?
Felizmente, o cálculo para esse problema também é direto, embora
não seja totalmente simples.

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Aqui está a fórmula: (1 (1÷(0,5¹⁵) 1) ÷ (1÷(0,5¹⁵ ) )¹⁰.⁰⁰⁰ = 26,30%.
26,30% (praticamente ¼) é um número bem razoável na minha opinião
para esperar que ao menos 1 fundo dentre os 10.000 listados obtenha 15
anos de retornos consecutivos acima do índice.
Infelizmente, a maioria dos investidores corre atrás de fundos ativos
em ações com rentabilidades espetacularmente acima do Ibovespa sem ao
menos analisar o tipo de risco e a probabilidade desse fundo apresentar
esse tipo de retorno anormal. Embora não seja possível definir com
exatidão a presença ou não da habilidade do gestor em escolher as
melhores ações, investir de forma ativa na grande maioria dos casos é um
risco que o investidor não precisa correr.
Afinal, já vimos diversos estudos e casos que mostram os perigos do
investimento ativo: a escolha dos ativos e o momento em que você opera
esse ativo ( market timing ) correspondem por menos de 10% da variação
do retorno de uma carteira de investimentos. Já a alocação de ativos possui
9 vezes mais influência, Sendo responsável por mais de 90%.
Em suma, o stockpicking é válido, porém deve ser feito com
prudência, analisando os ativos com cuidado e não se expondo
demasiadamente a riscos desnecessários. Do contrário, é melhor ter um
ativo que siga um índice, pois os benefícios são vários, como lecionado
acima. Fica a seu critério!

10.2 Vantagens e Funcionamento


Depois de analisarmos os estudos científicos e acadêmicos sobre o
porquê de você adotar uma estratégia que se preocupe não somente com
o retorno, mas também com o risco e a forma que você investe, essa seção
do livro mostrará a você cinco vantagens da alocação de ativos na prática.

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Primeiro a alocação de forma inteligente minimiza o risco de uma
carteira de investimentos. A sensível diminuição do risco49 é uma das
principais vantagens da alocação de ativos. Se soubermos quantificar
medianamente o risco de algo, podemos nos posicionar a ele de forma
convexa, onde teremos muito a ganhar e pouco a perder. Muitos
investidores caem na ilusão de atentar somente para o retorno de um ativo.
Porém, esquecem que maiores retornos estão ligados a maiores riscos
(principalmente o de ruína).
Sabendo, por exemplo, que uma Ação penny (aqueles micos à
beira da falência e com cotações em centavos) que teve um retorno médio
de 10% ao ano é extremamente diferente de um Título Público indexado
a Selic com o mesmo retorno de 10% ao ano. Títulos Públicos,
principalmente os indexados à taxa Selic (os LFT ), apresentam riscos
muito baixos, enquanto uma Ação à beira da falência apresenta riscos
substancialmente maiores... Bem maiores! Você pode perder todo o
dinheiro investido, o que não ocorre com os Títulos Públicos. Isso vale
para, praticamente toda a parte do mundo.
Como a alocação de ativos minimiza o risco de uma carteira de
investimentos? Diversificação é a palavra-chave! O único almoço
grátis do mercado! Investindo em diversos ativos você diminui o
impacto do resultado negativo de um único ativo na carteira. Harry
Markowitz, considerado o pai da Moderna Teoria dos Portfólios, já
explicava em 1950 como o risco de uma carteira é menor do que a
soma dos riscos individuais de cada ativo. Parece abstrato, mas na
prática é um conceito bem simples de entender. Por exemplo, vamos
supor que você goste de empresas com problemas de eficiência e de

49
Cabe salientar que devemos nos focar em saber nos posicionar diante
do risco e não de fato diminuir o risco. Há uma diferença enorme! O foco
não é em x é em f(x) .
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governança. A emp e a A que você investe teve uma variação de
57,06% em m c i e, en an o e a B e e 86,20%. Obviamente
foram performances péssimas, que deixariam até mesmo o investidor mais
agressivo aflito. Porém, se você é inteligente e diversifica, não há motivos
para se preocupar. O exemplo abaixo mostra exatamente como você deve
pensar quando utiliza a alocação de ativos como estratégia.
Se você tivesse investido apenas 2% em cada um destes ativos, você
teria uma perda de apenas 2,86% no total da carteira. Destarte, se você,
por exemplo, simplesmente alocar 30% em um Título Público indexado à
taxa Selic, como mencionei acima, cujo rendimento no mesmo período
(2014-2016) foi de 12,40%, você obtém uma rentabilidade de 3,72% no
total da carteira!
Conclusão apesar de você ter um ativo com rentabilidade negativa
em 86,20% ( B ), você conseguiu ter um rendimento positivo na carteira,
pois diversificou entre outros ativos e soube definir corretamente o
tamanho da posição entre ativos mais arriscados (Ações) e menos
arriscados (Títulos Públicos).

10.3 Direto ao Ponto!


Basicamente, você só precisa seguir 5 passos para montar e gerenciar
sua carteira de investimentos.
O 1º passo é definir o percentual que irá investir em cada classe
(categoria) de ativos. Aqui é válido buscar estratégias que se provaram no
tempo. Por exemplo, All Weather do famoso Ray Dálio, alocação com
base em Sharpe do William Sharpe, ou ainda a estratégia Barbell do
Nassim N. Taleb. O que importa é que ela te dê convexidade. Ou seja, que
sejam estratégias convexas, onde você somente pode perder pouco, sem

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ter um limitação nos ganhos. Veja, você nunca pode ter risco de ruína!
Por isso não devemos usar estratégias de alavancagem, como o mercado a
termo. Em hipótese alguma! Mais a frente lecionarei sobre a que utilizo,
onde reúno elementos de Filosofia (Nassim N. Taleb), de História (Ray
Dálio), de Value Investing (Warren Buffet), Finanças Comportamentais
(Dr. Daniel Kahneman) e etc. Por ora, iremos adotar uma estratégia básica.
Suponha que você definiu, após análise do seu perfil de inves-
timentos, que a alocação mais adequada para sua situação correspondente
é: 40% em Títulos, 30% em Empresas, 20% em Imóveis e 10% em
Proteções. Após isso você precisa definir quais ativos você pretende
incluir nestas categorias, por exemplo:
Renda-Fixa: LFT, LTN, NTN-B e etc.;
Empresas: BOVA11, SMAL11 e IVVB11;
Imóveis: BCFF11B, EURO11, FEXC11 e HGRE11;
Proteções: Dólar, Euro e Ouro.

Posteriormente, devemos definir o quanto iremos alocar em cada


ativo em específico:
Renda-Fixa: 8% em LFT, 20% em LTN e 12% em NTN-B.
Empresas: 20% BOVA11, 5% em SMAL11 e 5% em IVVB11.
Imóveis: 5% em BCFF11, 5% em EURO11, 5% em FEXC11 e
5% em HGRE11.
Proteções: 2,5% Dólar, 2,5% Euro e 5,0% em Ouro.

Depois, utilizaremos aportes mensais para equilibrar a carteira e a


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monitoraremos ao longo de um período preestabelecido. A cada trimestre
(ou outro período desejado) avaliaremos com o intuito de verificar se os
ativos previamente escolhidos ainda possuem sólidos fundamentos.
Além disso, devemos verificar se a alocação original ainda faz
sentido ou se é preciso mudá-la. Você também pode adicionar/excluir um
ativo específico na carteira. O importante é monitorar portifólio de modo
simples e com uma pequena dose de bom senso. Siga sua estratégia
original, mas se notar algo errado com ela não hesite em fazer alguns
ajustes!

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Capítulo 11

11. A Estratégia

11.1 Introdução
Primeiramente e antes de tudo, gostaria de dar um alerta
importante... Praticamente tudo o que você ouviu sobre investimentos
pode estar errado! Há vários mitos no mercado financeiro que são tratados
como verdades absolutas, mesmo estando errados! Vejamos a seguir!

11.2 Mitos
O imei o mi o o do quanto maior o risco, maior o retorno”.
É consenso do mercado que para aumentar a rentabilidade de uma carteira
de investimentos é preciso correr mais riscos.
No entanto, nas próximas linhas desconstruirei essa cartilha que
reina há um tempo por conta dos bancos e das corretoras de valores do
País, e mostrarei como é possível montar um portfólio robusto, que reúne
as 2 (duas) características que todo investidor procura: alto potencial de
retorno e segurança. Antes de desmascarar por completo o mito 1, é
importante que nós saibamos de outras mentiras contada por aí.
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11.2.1 Mais Liquidez = Mais Segurança!
Você já deve ter ouvido falar para investir somente nas blue chip s ,
as ditas empresas mais sólidas e negociadas na bolsa, certo? Okay, então
digamos que você tenha montado uma carteira com as Ações das
companhias líderes em seus segmentos. Vejamos o que teria acontecido...
A Ambev, líder no setor de bebidas, era uma das grandes apostas de
9 entre 10 analistas financeiros, por conta da Copa do Mundo e da
Olimpíadas Rio 2016. Seus acionistas esperavam ansiosos pelos maiores
eventos esportivos do mundo para brindarem resultados positivos. Mas o
que aconteceu de fato? Em 2014, em pleno ano de Copa, as ações
desvalorizaram -1,10%. Já em 2016, ano da Olimpíada, perda ainda mais
expressiva, de -5% em 12 meses. O principal motivo da frustração
ninguém poderia prever. Desesperado para fazer Caixa, o governo Dilma
aumentou os impostos sobre bebidas, corroendo a margem da
companhia. Em 30 de abril de 2014, as ações da Ambev caíram mais que
-5% em um único pregão por conta da intervenção governamental.
Quem imaginaria perder 5% do capital investido, justamente em
uma empresa de bebidas, em ano de Copa do Mundo aqui no Brasil? O
que tinha tudo para ser motivo de comemoração virou um verdadeiro 7×1
no bolso do investidor. Seus acionistas acabaram, literalmente, enchendo
a cara para esquecer o fraco desempenho dos papéis da companhia.
Agora vamos ver o que aconteceu com a empresa líder em serviços
financeiros. Conhecida o m i o anali a como ma m ina de fa e
dinhei o , a Cielo (ou era) outra queridinha do mercado por sua
eficiência operacional, alta geração de Caixa e capacidade de inovação. Mas
eja o e acon ece em 15 de de emb o de 2016 Henrique Meirelles,
ministro do Temer, propôs que os varejistas cobrassem preços diferentes
de acordo com o meio de pagamento utilizado pelos clientes. Se aprovada,

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a medida penalizaria quem utilizava cartões em geral e, consequentemente,
a própria Cielo. O ine e ado oje o fe a a e da m ina de fa e
dinhei o e de alorizarem 6,5% em apenas 30 minutos. Uma queda
nunca experimentada por seus acionistas anteriormente. Os sustos que
você tomaria não param por aí.
A Vale, líder do setor de Mineração, foi outra companhia que levou
um duro golpe. O acidente na barragem de Mariana causou o maior
estrago ambiental de nossa história e jogou a cotação da mineradora na
lama (literalmente). Os papéis da Vale se desvalorizaram -7,55% em um
único pregão. Algo semelhante aconteceu quando a cotação do minério de
ferro recuou -5,31% na bolsa chinesa de Dailian. As siderúrgicas, junto
com a Vale e a Petrobrás, caíram quase 10% em um único dia.
A li o e odemo i a a eg in e Quando surge um evento
inesperado, imprevisível e de grandes proporções, todos sofrem! Até
mesmo o resiliente setor bancário.
Antes de amaldiçoar a Bolsa, note que as quedas expressivas não se
restringem à Renda-Variável. Veremos abaixo.

11.2.2 Renda-Fixa Não Varia!


A Renda-Fixa varia sim (até porque eu já mencionei isso)! E pode
lhe causar grandes prejuízos! Embo a o lo de Renda-Fixa gi a a
ideia de absoluta tranquilidade, alguns investimentos não estão livres de
surpresas desagradáveis. Apesar de potencialmente rentáveis, os Títulos
Públicos são prova viva disto.
Quando Donald Trump foi eleito, por exemplo, alguns Títulos
Públicos chegaram a se desvalorizarem -10,7% em questão de dias. Veja,
por exemplo, a variação de preço do título IPCA+ 2035:
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Inclusive as negociações chegaram a serem interrompidas por
algumas horas. Ao verificar forte volatilidade no mercado, o Tesouro
Direto suspende temporariamente as vendas e compras para evitar
que o investidor venha a fechar uma transação a um preço que pode
ficar rapidamente defasado (não confunda com o circuit-breaker ,
este último ocorre em bolsa).
Muitas pessoas descobriram da pior maneira possível que a
Renda-Fixa não é tão fixa quanto se imaginava. Ironicamente, ela varia. E
às vezes muito!
Como eu já mencionei, é verdade que se título for levado até o
vencimento, você receberá exatamente o valor contratado no ato da
compra. Seja ele prefixado ou pós-fixado.
Mas, no meio do caminho, os Títulos Públicos que podem ser
considerados os investimentos mais seguros em Renda-Fixa variam
praticamente como uma ação na Bolsa.
Bem, se as blue-chip s não são tão seguras quanto se fala, se a
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Renda-Fixa não é fixa como você sempre se acreditou, então o que você
deve fazer com seu dinheiro? Colocar todo o seu capital em fundos para
ter a gestão de um profissional? Se pensou nesta ideia, preste atenção ao
mito a seguir!

11.2.3 Fundos São Mais Seguros Que Renda-Fixa e Ações!


Vale ressaltar ainda que os Fundos também podem oscilar bastante
no curto prazo com eventos negativos e/ou inesperados. Sabe por quê? A
grande maioria dos fundos detém participação relevante em Títulos-
Públicos e Ações.
Consequentemente, com a trajetória de queda da taxa Selic,
inúmeros fundos terão dificuldades em superar o benchmark (referencial
de rentabilidade). O , io , em ba e o ganho da Cade ne a de Po an a
Tem mai Conforme estudo feito pela Economatica, dos 55
fundos de ações que aceitam aplicações de pessoas físicas, apenas 7
renderam mais que o Ibovespa em 2017.
Pen e comigo Se Ações, Renda-Fixa e Fundos podem sofrer com
eventos no curto prazo, aparentemente todos os investidores correm
riscos. Inclusive o seu dinheiro, mesmo você achando que está investindo
de maneira conservadora.
Quem se descuidar pode perder em horas uma grande porcentagem
do capital acumulado durante anos.
Já pensou ter uma desvalorização de -30% em sua carteira de
investimentos? Pois é, isso aconteceu em 2000 com a Bolha das Ponto-
com, em 2008 com a Crise do Subprime, e mais recentemente em 2020
com o Coronavírus. Imagine como você se sentiria se visse R$ 100.000,00
virarem R$50.000,00, ou ainda R$ 500.000,00 se transformem em R$
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250.000,00. Perdas para lá de significativas em menos de 24 horas mesmo
in e indo de manei a con e ado a .
Escrevi esta parte do livro justamente para ajudá-lo a se proteger de
maneira eficiente e verdadeiramente conservadora. Recentemente, cheguei
a uma conclusão que não pode ficar restrita a mim e ao bem-estar da minha
família (até porque eu tenho um dever fiduciário com você).
Buscando proteger os ativos da minha família, um dia eu pensei no
seguinte. Se é possível fazer seguro do seu carro, da sua casa, até mesmo
de vida Por que não fazer um tipo de seguro dos investimentos ?
Vai que um dia, pela manhã, você escuta que a Polícia Federal
deflagrou uma operação nos maiores bancos do Brasil. O que você acha
que aconteceria com alguns dos seus principais investimentos custodiados
ali? Consegue imaginar o corre-corre dos investidores para resgatarem suas
cotas? Ou mesmo as filas para efetuar saques? Arrisco dizer que as
proporções do evento seriam parecidas ao do calote grego na dívida. Estou
citando apenas um exemplo hipotético. Não quero insinuar nada...
O evento inesperado e de grandes proporções pouco importa na
verdade. O que vale são suas consequências! E elas podem ser
irreparáveis, até mesmo para os investidores ditos conservadores.
Um tempo atrás, eu utilizava um determinado método para montar
meu portifólio pessoal. A estratégia proporcionava algo em torno de 150-
200% do CDI. Mas nos últimos anos, senti a necessidade de fazer um
ajuste no método. Meu objetivo era tornar a carteira mais robusta em meio
a tantos riscos.
O resultado foi duplamente satisfatório. A carteira não só ficou mais
robusta, como também ganhou em rentabilidade.
Caía por terra o mito do início (quanto maior o risco, maior o
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retorno). Uma simples mudança elevou a rentabilidade de todo o
portfólio. E o mais importante... Sem abrir mão da segurança!
O ajuste que fiz na carteira só foi possível graças a leitura de algumas
obras e artigos sobre certas pessoas. Sei que o histórico do método é curto
e que ganho passado não é garantia de rentabilidade futura, porém você
terá uma ideia do quão antifrágil é o portifólio. Estou bastante otimista
com o que virá nos próximos meses e anos.
Enfim... Sem muita enrolação... Eu passei a utilizar uma Estratégia
nova, para montar meu portifólio. Ela consiste em extrair o máximo dos
ensinamentos do Nassim N. Taleb, do Warren Buffet, do Dr. Daniel
Kahneman e do Ray Dálio.

11.3 Warren Buffet


Dele, extrai conceitos do Value Investing na formulação da minha
filosofia/estratégia. De maneira resumida, Buffett defende que o sucesso
do investimento está em comprar um ativo por um valor muito mais baixo
do que ele realmente vale. E foi aplicando esse conceito que ele se tornou
um dos homens mais ricos do planeta!
Porém, acredito que desde sua criação, o Value Investing deixou de
ser algo que pudesse ser aplicado isoladamente. O mundo está muito
diferente do que era no século passado. Com o constante aumento da
informação disponível em todos os níveis, é muito mais difícil ter acesso
a dados que possam revelar uma diferença significativa entre o valor
intrínseco e o valor extrínseco de um ativo. Por isso, foi necessário
introduzir ao meu método o viés cognitivo, presente nas finanças
comportamentais de Daniel Kahneman, que você verá a seguir.
Se você não sabe, ele é considerado por muitos o maior investidor
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da história! Durante a sua gestão à frente da lendária Berkshire Hathaway,
Warren Buffett transformou a empresa de uma pequena tecelagem da
Nova Inglaterra em uma das 5 maiores empresas americanas em valor de
mercado.
Sua carreira foi traçada fazendo excelentes investimentos em todo
tipo de negócios, desde fábricas de chocolates a móveis, jornais,
fabricantes de bebidas e etc. A fortuna de Warren Buffett é de cerca de
US$ 84 bilhões, de acordo com a lista de pessoas mais ricas do mundo em
2018 da revista Forbes. Como a maior parte desse valor está atrelado a
Ações, ele varia diariamente. Ao longo de mais de 50 anos como CEO da
empresa, o retorno médio das ações foi de cerca de 21% ao ano. Quase o
dobro do rendimento anual médio do índice S&P500, que compila o
desempenho das 500 maiores empresas americanas.
Uma das lições que tiro dele é a de que o preço é o que você paga,
e o valor é o que você ganha. Em um mercado dominado por fluxos
especulativos, poucos se atentam ao que existe por trás de uma ação. O
que existe por trás de uma ação é uma empresa com processos, marcas,
pessoas, fluxo de caixa, entre outros fatores. Quando você compra uma
ação é em uma empresa que você está investindo. Seu trabalho como
investidor é comprar ações de empresas nas quais exista uma diferença
grande entre o valor da ação e seu preço em mercado. E como saber isso?
Investindo em empresas eficientes e que podem entregar valor ao longo
de sua vida, assim como fizeram até o presente.
Na minha concepção não é comprar uma empresa com P/L baixo e
um P/VPA menor ainda. É comprar valor, para nos mantermos sócios
das empresas até o nosso último dia de nossas vidas no mercado
financeiro.
Isso implica em outro ensinamento, de que o tempo é amigo dos

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negócios excelentes e inimigo dos negócios medíocres. Warren
Buffett busca negócios que apresentam características de qualidade, como
margens elevadas e estáveis, alta rentabilidade sobre patrimônio e capital
empregado, baixo endividamento e que sejam tocados por pessoas que se
mostraram competentes. O tempo, geralmente, é um aliado de negócios
com essas características. Isso ocorre, pois negócios assim costumam
crescerem e gerarem ainda mais resultados e valor aos seus acionistas. E
mesmo em momentos de crises, negócios com essas características
costumam serem mais resilientes que os demais e suportam os desafios
que o ambiente externo impõe. Negócios como esses é que devemos
escolher!
Isso implica também em outra lição do mestre... A de que não
devemos perder dinheiro em hipótese alguma. Muitos se esquecem
desta regra e se expõem em investimentos arriscados e que não estudaram
devidamente. Seu dever como investidor é evitar erros. Se você conseguir
evitar os erros, os acertos virão por conta própria. Estude seus erros, e
evite repeti-los no futuro. Estude também os erros de outros investidores.
Evite-os também! Um investidor que não comete erros básicos é um
investidor diferenciado.
Quem pensa no longo prazo adquire a mentalidade de parceria que
é necessária para se ter sucesso investindo. Quem pensa no longo prazo
evita erros como investir em negócios ruins e girar demais a carteira, o que
traz custos importantes. Aquele que investe no longo prazo, entendeu
definitivamente a razão do mercado de capitais: financiar e ser sócio de
projetos enriquecedores.
Resumindo então, devemos abraçar o tempo sendo sócio de
empresas até a perpetuidade e escolher sempre as que possuem um alto
valor. Assim, essas últimas possuem as seguintes características:

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São empresas do Novo Mercado (quando brasileiras):
empresas do Novo Mercado são mais regulamentadas e assim tendem a
serem mais transparentes. Se você não lembra, o Novo Mercado é um
segmento especial de listagem da B3. A sua adesão, pela empresa, é
voluntária. As que participam dele devem seguir uma série de normas
adicionais, idealizadas para melhorar a governança, dar maior
transparência e proteger o direito dos acionistas;
Possuem Ações ON com liquidez e/ou PN com Tag Along:
o Tag Along nos protege de um controlador ruim, como já aconteceu com
a Qualicorp. Lembre-se: ele é um mecanismo de proteção aos acionistas
minoritários de uma companhia que garante a eles o direito de deixarem
uma sociedade, caso o controle da companhia seja adquirido por um
investidor que até então não fazia parte da mesma. Veja, sempre devemos
prezar por segurança!
Possuem em torno de 25% de Free Float em suas Ações:
quanto maior o Free Float, mais dificilmente ocorrerá o fechamento de
capital da empresa (novamente, segurança);
Ausência (ou participação reduzida) de posição estatal: o
Estado é ingerente, e por vezes privilegia o interessa social, e não os
minoritários. Lembra do Banco do Brasil com agências no interior do
País?
Possui somente ações ON: ter açõe PN e/o UNIT
evidencia uma intenção do Conselho de Administração de não descartar
uma possível venda da companhia, e/ou estar procurando apenas
financiadores, visto que não querem perder o controle da companhia para
os minoritários. Eu costumo ficar de fora, pois não há motivos plausíveis
a a m em e a lan a PN o UNIT no me cado;
Fazem parte de setores perenes e/ou promissores: os setores
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bons são, resumidamente, os de Consumo não-cíclico, o de Saúde, o de
Utilidade Pública e o americano de Tecnologia. Todos os outros são
frágeis e sujeitos a impactos mais intensos, como é o caso do de
Restaurantes e o de Hotelaria, que sofreram muito com a crise do
Coronavírus (já que não trabalham com produtos essenciais);
Apresentam lucros consistentes e recorrentes nos últimos 10
anos: já é provado matematicamente que empresas que apresentaram
históricos de mais de 11 anos seguidos de lucros têm em média 94% de
chances de darem lucros novamente, enquanto que companhias com um
histórico de mais de 11 anos seguidos de prejuízos tem em média 8% de
chances. Lembre-se: o que remunera os sócios são os lucros!
Apresentam EBITDA’s crescentes: ou seja, o Lucro
Operacional da companhia aumenta constantemente com o tempo. Esse
Lucro Operacional nada mais é do que o que a empresa consegue criar de
Bens apenas com as suas atividades, sem contar com o Resultado
Financeiro, ou outras verbas que geram Receita;
Apresentam Price/Book Value menor que 1,0: ou seja, a
relação entre a soma dos ativos da empresa dividida pelo valor de mercado
dela (soma de todas as ações negociadas em bolsa) é baixo, evidenciando
um possível desconto;
Possuem receitas e dívidas em Reais e Exportam muito: para
as empresas se beneficiarem de um evento ruim que aprecie o Dólar (como
a Crise do Subprime ou, mais recentemente, o Coronavírus), elas
necessitam serem exportadoras com dívidas em Reais. A Klabin, por
exemplo, exporta muito, porém também tem dívida em Dólar, ao passo
que, a Vale, que além de extrair o minério de ferro da forma mais barata
do mundo, exporta toneladas do produto para a China;
Possuem as melhores Margens do setor: uma Margem alta
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indica que a companhia é eficiente em gerar Caixa com a Receita adquirida,
já que gasta pouco do que arrecada. Cabe salientar que existem empresas
eficientes, mesmo com Margens baixas, como é o caso da RaiaDrogasil;
Possuem um Grau de Alavancagem Operacional alto: se
você não sabe o GAO é um indicador que vai nos dar um dado do quanto
é elástico o modelo de negócio de uma companhia. Ele mostra o quanto
o lucro operacional de uma empresa pode cair para que ela comece a dar
prejuízo (EBIT negativar). Assim temos que quanto maior o indicador,
melhor. Por exemplo, um GAO ideal gira em torno de 50%. Ele é um
on o de e il b io (famo o b eak-e en ). Nesse exemplo, o lucro
operacional da empresa ode cai 35% e ela ainda e a no e o-a-
e o . U ando m e em lo eal, no ano de 2019, o lucro bruto da B3 foi
de R$5,9 bilhões, enquanto que o EBIT foi de R$3,2 bilhões. Aplicando a
fórmula (GAO = (EBIT/Lucro Bruto)x100) ou seja GAO =
(3,2/5,9)x100, temos um indicador de 54,2%. Assim, podemos afirmar
que a receita (lucro bruto) da companhia tem que cair mais de 54,2% para
que ela apresente prejuízo operacional. Guarde esse indicador!
Possui um FCL Capex positivo e crescente: esse indicador é
a diferença entre o FCO (Fluxo de Caixa Operacional) e o Capex (Capital
Expenditure). O primeiro nos mostra todas as entradas e saídas de
recursos financeiros de uma organização (essa métrica tem que ser
positiva, pois significa que a companhia teve mais entrada de dinheiro do
que saída, gerando lucros financeiros a empresa) e o segundo mostra o
quanto a empresa gasta para se manter, ou seja, investimentos em
tecnologia, compra de matéria-prima e etc. Se o FCL Capex está
negativado, quer dizer que a empresa está queimando o Caixa para se
manter, e que se essa situação se estender, poderá apresentar prejuízos
futuramente. Obs.: no setor de aluguel de carros, o indicador é
naturalmente negativo, visto que pelas regras de contabilidade, a revenda
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de frota entra direto nele. Também há casos em que a empresa está
fazendo aquisições, o que naturalmente negativa o indicador. Quanto
as demais, o ideal é analisar as situações pontualmente. Se a queda no FCO
é momentânea, se e quando vai normalizar, como a empresa vai voltar no
futuro, se vale a pena continuar posicionado enquanto isso durar e etc.
Mas via de regra, na grande maioria das situações, pelo menos FCO a
empresa tem que entregar. Se não está conseguindo gerar Caixa no
operacional tem que ter um motivo muito bom para justificar;
Possuem uma estrutura de capital saudável: elas têm uma
Dívida Líquida/EBITDA menor do que 3,0, ou o Caixa maior do que a
Dívida Bruta. O primeiro mostra em quanto tempo a empresa demoraria
para pagar suas Dívidas com o Lucro Operacional, e o segundo dá uma
ideia inicial se a Dívida é saudável ou não, pois as vezes não compensa
saudá-la, vez que a linha de crédito é muito boa. Obs.: alguns setores,
como o Elétrico e o Rodoviário, possuem certa alavancagem, ou seja,
naturalmente são mais endividados. Isso se deve ao fato de que eles
trabalham com contratos de concessão pelo Poder Público. Várias
companhias sabem o quanto irão receber pelos próximos 20 ou 30 anos,
e por isso a previsão de recebíveis possibilita a contratação de dívidas;
Possuem várias Forças de Porter: ou seja, as empresas estão
em setores onde tem pouca concorrência (como o Bancário-brasileiro),
possuem produtos desejados por outras pessoas, físicas ou jurídicas (como
o Iphone ou os motores da Weg), tem vários fornecedores (o que aumenta
o poder de negociação em momentos de crise, como empresas que
transformam commodities M. Dias Branco), estão em setores onde o
capital inicial precisa ser alto para competir com os grandes pla e (como
é o caso da Raiadrogasil no setor de Varejo de Medicamentos), possuem
produtos que serão dificilmente substituídos com o tempo (como é o caso
da Cola com a Coca-Cola), possuem ganho de escala (ou seja, distribuem
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para várias pessoas em vários lugares, como é o caso da Ambev), possuem
uma governança acima da média com ideias inovadoras (como a Tesla com
o Elon Musk ou a Amazon com o Jeff Bezos) e possuem marcas fortes
(como é o caso da Starbucks, da Apple e da Weg).
Sofrem do Efeito Lindy: ou seja, seus produtos, serviços, ou sua
marca, já se provaram no tempo, e por isso, tenderão a existirem por um
bom tempo.
Esse são pontos basilares a serem olhados. Não podem faltar em
nenhuma análise, vez que levam em conta 3 (três) fatores, Lucratividade,
Endividamento e Geração de Caixa.
Uma companhia que é lucrativa, mas endividada, está com o capital
estrutural frágil. Basta um evento aleatório e danoso para que os riscos de
inadimplência do crédito aumentem exponencialmente, o que pode fazer
com que os juros da dívida comecem a corroer os lucros.
Uma empresa com uma geração de caixa fraca, provavelmente está
ganhando dinheiro apenas com as aplicações financeiras, o que
evidentemente mostra que ela é ineficiente em gerar valor aos minoritários.
Basta que esse valor seja retirado, para os prejuízos começarem aparecer.
Não preciso nem dizer das empresas que não lucram, né?! Não faz
sentido algum investir em um empreendimento que não dá retorno. Se
não gera Lucro, não gera valor.
Com relação ao Fundos Imobili io e ao REIT amb m emo
algumas premissas básicas para identificar ativos de valor. Como são
investimentos bem parecidos, as regras se aplicam a ambas as categorias.
Vejamos:
Multi-multi-multi: aqui, como já explicado, demos preferência
a ativos di e ificado . P a icamen e eliminamo o i co de ca ca a . O
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seja, de que um inquilino prejudique o desempenho do Imóvel inteiro. Ou
de que um confisco governamental (regional) também inviabilize as
atividades do empreendimento, como ocorreu em março de 2020 onde os
Fundos Imobiliários de hotel foram usados para abrigarem leitos
hospitalares;
Payout crescente: um aumento na geração de proventos feito de
forma constante e ao longo do tempo mostra que o Fundo
Imobiliário/REIT é eficiente em gerar valor aos cotistas/acionistas, visto
que para que isso ocorra, em regra, há que se fortalecer a Geração de Caixa;
Aumento de papéis: caso o fundo/empresa seja de títulos e
valores mobiliários, nada mais interessante do que ele aumente as fontes
de receita. Além de aumentar os recebíveis, torna-se mais seguro a previsão
de recebimento futura, já que findo um papel, há vários outros que
sustentarão a receita;
Aumento de imóveis: funciona de modo semelhante ao último
aspecto. Um fundo/empresa com muitos imóveis sofre menos até em
questões de localização. Cabe salientar que nos E.U.A temos acesso a
REIT que possuem propriedades no mundo todo, como é o caso do
VNQI (ETF de REIT e alhado elo globo).
Gestora e Administradora de qualidade: como são os órgãos
responsáveis pelo funcionamento dos Fundos Imobiliários, nada mais
natural do que escolher as melhores. Geralmente observamos traços de
uma boa gestão através dos relatórios, como mencionado anteriormente.
Assim, devemos focar na riqueza dos detalhes e na facilitação da leitura
dos relatórios. Por exemplo, os da Kinea são excelentes.
Bom, quanto ao primeiro pilar, isto é o que costumo observar.
Partiremos agora para o próximo... Dr. Daniel Kahneman.

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11.4 Daniel Kahneman
Daniel Kahneman é um dos maiores especialistas sobre economia
comportamental do mundo, sendo que foi laureado, em 2002, com o
Prêmio Nobel de Economia.
Sua contribuição ao meio se dá principalmente nos estudos
realizados no qual a ideia central da pesquisa é no modo como o homem
é programado a agir instintivamente, independendo de sua capacidade
técnica.
Tal adendo causou enorme impacto na área científica. Um dos
setores mais atingidos com a as ideias de Daniel Kahneman foi a
economia. Ao colocar em cheque a exatidão dos profissionais envolvidos
com o mercado financeiro, vários dogmas da bolsa de valores foram
quebrados. Ainda assim, Daniel é uma pessoa de enorme respeito no meio.
Formado e com especialização em psicologia, Kahneman também tem
conhecimento científico em matemática.
Após cumprir o serviço militar obrigatório por Israel, seu país natal,
Daniel dedicou seu tempo à carreira acadêmica, especialmente atuando
como professor e pesquisador. Foi no início de sua carreira científica que
ele e Amos Tversky se conheceram. Com personalidades distintas, os dois
formaram uma das duplas mais brilhantes da área acadêmica das últimas
décadas. Juntos eles elaboraram teorias com bases lógicas e experimentais
que buscavam analisar e entender a instabilidade do comportamento
humano. Justamente desse p inc io ai a inci al ob a ( R ido e
Devagar , tradução para o português, obra que se tornou um best-seller e
que debate a psicologia econômica - recomendo a leitura).
Ao aliar economia com ciência cognitiva, Kahneman e seu parceiro
conseguiram entender que existem inúmeros fatores não técnicos que
contribuem para que uma ação seja tomada. Ideia que aliou com a
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evolução de conceitos do período, que aconteceu desde os anos 80 até o
novo milênio. O pensamento de que o lado comportamental passou a
ser entendido como uma das partes influentes em uma ciência
exata.
Este simpático senhor me ensinou que não podemos isolar o fator
humano. Entre a empresa e a ação, há a interação social de milhares de
pessoas, com suas projeções, excesso de confiança, pessimismo exagerado
e etc. Tudo isso pode comprometer a qualidade das decisões de
investimento, especialmente em momentos de crise. Afinal, por não
sermos racionais, podemos atuar por impulso, ganância, aversão a risco e
etc.
A nossa percepção de um resultado igual pode ser diferente. Qual é
a diferença entre ganhar R$500,00 apenas e ganhar R$1000,00, para depois
perder R$500,00? Nas duas situações você acabou com o mesmo saldo, a
mesma quantia em mãos, mas a sua experiência em cada vivência é
diferente. Matematicamente o resultado é o mesmo, mas as perdas são
mais sentidas do que os ganhos, então nós perceberemos essas situações
similares, com resultados idênticos, de maneira distinta.
Se o investidor ganha R$50,00 e depois perde esses mesmos
R$50,00, ele pode ter acabado com um resultado neutro, sem perdas, que
ele se lembrará apenas da quantia que perdeu, esquecendo-se da quantia
que ganhou em primeiro lugar. Afinal, a dor da perda é 2 vezes maior
que a alegria associada a um ganho (teoria proposta pelos estudiosos).
Para comprovar a sua teoria, Kahneman realizou um teste composto
por 2 (duas) perguntas. Vamos à primeira:

1- Você tem R$1000,00 na sua conta. Há duas opções:

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Opção A – Se você escolher esta, você tem 50% de chance de
ganhar mais R$1.000,00 e 50% de chance de não ganhar absolutamente
nada.

Opção B – Se você escolher esta, você tem 100% de chance de


ganhar R$500,00 reais.

Qual das situações você escolhe estar? Antes de explicarmos o que


o cientista cognitivo queria com isso, vamos à segunda questão:

2- Você tem R$2000,00 na sua conta. Novamente, há 2 (duas)


opções:

Opção A – Se você escolher esta, você tem 50% de chance de perder


R$1.000,00 e 50% de chance de não perder absolutamente nada.

Opção B - Se você escolher esta, você tem 100% de chance de


perder R$500,00.

Qual das 2 (duas) situações você escolhe? Daniel Kahneman


percebeu com seu experimento que a grande maioria das pessoas marcava
a opção B para a primeira pergunta e a opção A para a segunda. Foram as
opções que você marcou também? Por que essa mudança de
comportamento?
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Porque o ser humano toma mais riscos para evitar uma dor,
quando ela está relacionada a uma possibilidade de perda. Quando
já temos um ganho garantido, não tomamos tantos riscos. Nós nos
conformamos com o retorno recebido, mesmo ele sendo pequeno,
mesmo tendo possibilidades de ganharmos mais.
O que tudo isso tem a ver com investimentos na Bolsa de Valores?
Bom, para começar, 90% dos Trader s iniciantes perdem dinheiro porque
operam pela intuição.
O sucesso de um investidor é operar contra a sua intuição e
manter o controle emocional. Seu cérebro não foi feito para ir contra a
manada. Ele não foi feito para ver cotação caindo! É contraintuitivo!
Operar com emoção é um convite para perder todo o seu dinheiro
rapidamente.
Enfim... Qual é a lógica do mercado financeiro? Operar sempre
com baixo risco, isso diluí o fator emocional no investimento. Por
exemplo, a maioria que investe em empresas ruins, e vê a cotação
despencando, ao invés de sair da empresa e alocar o capital em uma
empresa boa, simplesmente fica na companhia com o intuito de
empatar . De emo coloca ma coi a na cabe a: o dinhei o e e
perde em uma empresa ruim, nunca mais será seu! Empresa ruim tende
a continuar ruim!
Outro fator que traz prejuízos para o investidor é a alta volatilidade
do portifólio. A volatilidade em si não é o problema central. É a
dificuldade que o ser-humano tem em não associar a volatilidade ao risco.
Nem tudo que é volátil, tem risco. Por exemplo, o ETF VOO é mais
volátil do que um Título Público na Argentina. Porém, este último é muito
mais arriscado, pelo histórico de moratória do país. Um Fundo Imobiliário
ode e meno ol il do e m ETF de REIT , o m, o l imo

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muito mais seguro pelo conjunto interno de ativos.
O risco da volatilidade é emocional! Não são todas as pessoas
que são boas em lidarem com flutuações patrimoniais. Então por que
devemos fazer algo contraintuitivo ao nosso cérebro? A resposta é
simples... Não devemos! Quando se há menos preocupações, maior
tende a ser a adesão a estratégia. E adesão a estratégia é sobrevivência
ao mercado!
Pensando nisso, devemos alocar nosso patrimônio em ativos com
correlações razoavelmente opostas. Como é o que acontece entre Dólar e
Ibovespa. Enquanto um tende a performar melhor em momentos de crise,
o outro tende a se deteriorar. Mas ambos, sempre possuem uma tendência
de alta. Vejamos um exemplo:

Veja como o Ibovespa (linha superior em 2014) cai, enquanto o


Dólar sobe. Isso diminui a volatilidade do portifólio, visto que uma
alocação 50/50 seria a média do desempenho final.
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Para adicionar mais antifragilidade a estratégia (baseada até agora em
valor e vieses cognitivos), é que entrará a terceira força: Nassim Nicholas
Taleb.

11.5 Nassim Nicholas Taleb


É de longe, o que mais contribuiu para a minha filosofia de
investimentos! Desde os ensinamentos matemáticos e probabilísticos até
filosofia de aletorialidade.
Nassim N. Taleb é um dos investidores mais controversos no
mercado financeiro, porquanto sua forma de investir foge do comum. Não
por acaso, Taleb enriqueceu batendo de frente com o senso comum:
apostando em falhas de mercado e eventos improváveis.
De origem libanesa, Taleb é extremamente influente no mercado de
capitais, onde suas ideias ecoam com maior frequência. Seu trabalho de
aleatoriedade, probabilidade, incerteza e estatística é muito reconhecido ao
redor do mundo.
Taleb nasceu no Líbano em 1960. Ele pertencia à uma família
influente na região. Boa parte dessa influência e prestígio foi perdida na
guerra civil Libanesa de 1975. Contudo, tal infortúnio não o impediu de
ter uma excelente educação.
Estudou parte da infância em Beirut, mas obteve bacharelado,
Mestrado e PhD na Universidade de Paris. Ele também possui um MBA
pela Wharton School.
Sua carreira foi em maior parte atuando como chefe de trading de
derivativos, seja através de uma empresa, ou por conta própria. Teve
passagens por Credit Suisse, BNP Paribas e Bolsa Mercantil de Chicago.

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Taleb é um grande conhecedor de estatística, principalmente de
probabilidades. Ele ina g a a e cola de en amen o em e
imei o li o Il dido elo Aca o , onde a a ob e e en o alea io
e como não estamos preparados para entender, prever ou mesmo explicar,
tendemos a exagerar nas relações de causa e efeito. Isso acontece por
questão biológica, o ser humano não lida bem com o caos, com o
desconhecido. Nosso cérebro economiza energia para tentar encontrar
alguma explicação para eventos que jamais poderemos entender.
O mundo nunca poderá ser compreendido em sua totalidade,
porque o conhecimento do ser humano é incompleto.
Ainda assim, tentamos deixá-lo mais inteligível do que ele na verdade
é. Na maioria das vezes, eventos são arbitrários, isto é, acontecem
aleatoriamente, sem nenhuma explicação.
Quer um exemplo disso? Leia a eg in e manche e: Bol a cai 1%
após Bolsonaro twittar sobre Trump ou parabenizando o Flamengo por
m lo .
Não temos como saber se a bolsa realmente caiu por conta disso,
porque esses movimentos (quando estão dentro da oscilação média) são
completamente normais e aleatórios no curto prazo.
Taleb argumenta que carregamos um viés pessimista muito
forte. Isso acontece porque o medo é um mecanismo de sobrevivência
que nós, enquanto seres humanos, utilizamos como uma defesa.
Essa defesa acaba nos impedindo de se beneficiar no longo prazo.
A bolsa americana se valoriza, em média, mais de 12% ao ano há mais de
40 anos. Vale lembrar que isso é uma média. Em alguns anos ela pode
valorizar mais de 12%, em outros anos, menos. Isso significa que, na
maioria das vezes, você só verá notícias positivas sobre a bolsa de valores.

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O ponto que quero chegar é em relação aos Cisnes Negros! Já
sabemos que os seres humanos tendem a: criarem falsas relações de causa
e efeito, serem pessimistas como forma de defesa e que o curto prazo é
aleatório. Taleb, em seu segundo livro, expõe a teoria do Cisne Negro.
Cisnes Negros são eventos extremamente improváveis, mas que
se ocorrem, são profundamente impactantes. Ou seja, são eventos
outlier s , isto é, muito difíceis de ocorrerem, mas que vão ocorrer algum
dia. Exemplos de Cisnes Negros: Bitcoin, Internet, Crise de 1929 e etc.
Esse nome veio de uma história curiosa. A humanidade acreditava,
até o século XVII, que todos os cisnes existentes eram brancos. Essa
crença caiu por terra quando, na Austrália, foi visto o primeiro cisne negro
da história. Sabe o que isso significa? Por mais que a média fosse de 1 (um)
cisne branco para cada 1 (um) cisne em 1 (um) milhão de observações
anteriores, bastou apenas um evento, um elemento, uma observação, para
que a amostra anterior fosse invalidada.
Tendemos a subestimar a existência de Cisnes Negros. Por que não
aceitamos aleatoriedades. Estamos sempre tentando encontrar
explicações para os fatos que simplesmente acontecem, sem
necessariamente terem alguma causa.
Alguns Cisnes Negros são tão raros, que jamais ocorreram em toda
a história da humanidade. Além disso, quando ocorrem, rapidamente
articulamos nosso conhecimento para tentar adaptar alguma
explicação plausível e mostrar como aquele evento era previsível.
Somo com ado ela falácia da narrativa , odemo e i o
quando m e eciali a en a e lica m e en o de oi e ele oco e .
O especialista tenta mostrar que aquele evento não era tão imprevisível
assim, que na verdade já estava na ca a e iria ocorrer.

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Nosso mundo não é linear, esqueça as médias! Quando
estudamos história, pensamos que o mundo acontece aos poucos, de
acordo com as médias. Existe um problema grave nisso: nosso mundo
não é linear! Ele não segue uma curva Gaussiana (curva de distribuição
normal). No mundo Gaussiano, as curvas normais podem nos dar uma
explicação satisfatória. Vejamos:

O mundo é regido pela Lei das Potências, ou seja, saltos. Os


historiadores explicam os acontecimentos a posteriori, depois do que foi
ocorrido. Oferecem apenas uma interpretação subjetiva de causa e efeito
de um acontecimento da história, embora jamais saibamos as reais causas
daquele evento.
Olhe para os últimos 20 anos e veja como o nosso mundo segue
uma evolução exponencial: surgimento da internet, o 11 de setembro,
surgimento do Google, a Crise do Subprime de 2008 e o surgimento do
Bitcoin. Nossa história não seguiu um leve passeio no Parque do Povo, ela
teve um passeio na selva do Camboja.

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A linha vermelha é o mundo linear. As linhas, azul e verde, retratam
o mundo das potências. Os avanços tecnológicos vão tornar ainda mais
evidentes os acontecimentos exponenciais. E, como sempre, tentaremos
explicar esses eventos importantes, como se fosse possível alterar ou
mudar o curso da história.
Achamos que vivemos em um mundo de médias, linear, onde os
acontecimentos importantes estão ocorrendo lentamente e diante dos
no o olho . O m ndo no mal n o go a de g ande a ia e , ele
ameniza tudo isso e coloca em uma média, ou seja, ele rejeita o
desconhecido. E e m ndo conhecido como Mediocristão .
Nesse mundo os eventos podem ser distribuídos em uma curva
normal. Esse é o mundo em que vive grande parte dos cientistas,
acadêmicos, MBA s e etc. Há fatos que são conhecidos e fatos onde se
sabe que são desconhecidos. O ser humano tende a ignorar que há
fatos desconhecidos que são desconhecidos.

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Essas pessoas tendem a focarem apenas nos fatos que são
conhecidos, porque desconhecer o desconhecido é mau visto pela
sociedade. Exatamente como uma pessoa que perdeu a chave de casa na
rua, mas só procura onde está iluminado.
Con do, i emo no Extremistão . O m ndo go e nado ela
funções exponenciais. Os eventos são de magnitude maior do que os que
já ocorreram, alguns poucos ganham tudo e o que desconhecemos é muito
maior que o que conhecemos.
No Extremistão, um jovem pode fundar uma empresa na Internet e
ficar bilionário em apenas 6 meses, assim como ir à falência em 2 dias.
Nassim Taleb deixa claro: vivemos em um mundo desconhecido.
Utilizamos dados do passado para tentar prever algum
acontecimento futuro. Tentamos entender o comportamento de 3 ou 4
variáveis e elaboramos um modelo estatístico.
O problema desses modelos é que eles possuem fatores que ainda
não foram capturados pelos dados históricos. Ou seja, sempre estamos
expostos a variáveis desconhecidas. O exemplo que Nassim Taleb, de
forma brilhante, utiliza para demonstrar isso, é o do Peru de Ação de
Graças.
Um Peru de Ação de Graças é alimentado pelo seu dono por 1.000
dias seguidos. Ou seja, todos os dias nesse espaço de 1.000 dias o Peru
estará feliz. Com base nos dados históricos, podemos concluir que o dia
1001 também será um ótimo dia para ele, já que será alimentado mais uma
vez.
Contudo, ele é surpreendido com um machado e é degolado. Isso
aconteceu porque o dia 1.001 era o Dia de Ação de Graças. Ele não sabia
que e ia mo o. E e m ca o cl ico de De conhecido-

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De conhecido .
A i en a o concei o de An if agilidade . O antifrágil se
beneficia de Cisnes Negros, da aleatoriedade e da volatilidade. Isso
pode ser aplicado para qualquer coisa: pessoas e até carteiras de
investimentos. Uma carteira antifrágil se beneficia de situações de
estresse.
Taleb explica que coisas frágeis se quebram em eventos estressantes.
Ser robusto também não é bom, porque o que é robusto também se
quebra, a diferença é que demora mais tempo para acontecer. O antifrágil
e ada a e a e beneficia do cao .
Um dos exemplos que ele dá é a natureza. Taleb considera a natureza
como Antifrágil. As florestas se beneficiam das pequenas queimadas, e é
com elas que evitam que materiais inflamáveis se acumulem a ponto de
causarem um grande incêndio que ficará fora de controle. Em outras
palavras, deixar que esses pequenos incêndios ocorram limpa a floresta
dos materiais que evitariam um grande incêndio.
Ou seja, o Antifrágil comete muitos pequenos erros que podem ser
facilmente reversíveis, mas de forma alguma comete um erro que pode
fugir de controle. O frágil comete poucos erros, mas quando acontece,
geralmente são grandes erros que causam consequências devastadoras.
Um exemplo de frágil é o governo brasileiro tentando adiar a
recessão de 2016. O governo tomou muitas medidas para estimular a
economia, maquiar contas públicas e controlar a inflação (ainda em 2014).
Contudo, a situação foi piorando ao ponto em que o erro foi evidenciado,
só que com consequências graves.
Taleb diz que devemos estar preparados para sermos surpreendidos
por Cisnes Negros positivos e protegidos de Cisnes Negros negativos. Ou

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seja, devemos preparar nossa carteira para aproveitar esses eventos de
baixa probabilidade.
Uma das estratégias mais utilizadas é a Barbell. Taleb diz que
devemos manter 90% dos nossos investimentos em aplicações
extremamente seguras e outros 10% em aplicações extremamente
arriscadas. Ou seja, nossa carteira deve estar exposta a ativos com perdas
limitadas e potencial de ganho ilimitado. Como no gráfico abaixo:

Taleb comprava seguros de ações para se proteger em cenários


frágeis. Isso é feito através do mercado de opções: você paga uma
a lice a a oder vender uma determinada ação em um determinado
preço numa data futura.
O eja, oc ode com a ma a lice de eg o o R$ 0,30.
Essas apólices te dão direito de vender suas ações da Petrobrás por R$
18,00 em março de 2020. Suponha que você comprou 2000 a lice e
hoje, outubro de 2020, as ações da Petrobrás custam R$ 25,00.
Imagine que foi descoberta uma nova fonte de energia que tornará

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o petróleo obsoleto em 6 meses. Isso faz o preço do petróleo despencar,
assim como causa um colapso de toda a indústria petroleira.
Se em fevereiro as ações da Petrobrás estiverem a R$ 2,00, cada
a lice com ada o oc i di a a de e o. Em m i o ca o , a
a ia o da a lice ende a e maior do que a própria ação.
Se nada acontecer e a ação da Petrobrás estiver R$ 27,00 em março,
suas apólices vão virar pó e você perderá uma quantia limitada de dinheiro
(R$ 0,30 x 2000 apólices).
Foi a im e Na im Taleb en i ece . Ele com a a eg o na
bolsa contando com o pior. Na maioria das vezes nada acontecia e ele
perdia pouco dinheiro, uma quantidade limitada.
Taleb ganha a m i o dinhei o com a alo i a o da a lice
quando algum Cisne Negro aparecia. Ou seja, ele tinha perdas controladas,
perdia quase sempre, mas seus ganhos eram exponenciais quando ele
ganhava.
As opções são extremamente arriscadas, mas como só
representavam 10% do dinheiro do Taleb, ele poderia ficar
constantemente recomprando opções sem precisar se preocupar.
Nassim Taleb tem muitos motivos para considerar o Bitcoin como
antifrágil, mesmo que nunca tenha afirmado isso publicamente. O Bitcoin
tem todas as características de um ativo antifrágil: se beneficia da
fragilidade dos nossos mercados e da economia, é extremamente escasso,
limitado a 21 milhões de unidades, não tem relação com o mercado
financeiro e é seguro.
Se você considera montar uma carteira antifrágil, deveria considerar
comprar pelo menos 1% do portfólio em Bitcoin. É um investimento de
alto risco, mas de perdas controladas. O Bitcoin já subiu mais de 10.000%
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ao longo de sua história, e nada o impede de continuar se valorizando.
Continuando... Skin in he game foi m concei o amb m
popularizado por Nassim Taleb. Ele acredita que nós sentimos cada vez
menos o efeito das nossas decisões.
Isso acontece porque o mundo virou um sistema mais complexo.
Logo, cada decisão individual é suavizada pela média, o que faz com que
as pessoas tenham cada vez menos a pele em jogo. A consequência disso
é a piora nas decisões.
Um exemplo é a classe política. Eles podem gastar mau ou roubar
todo dinheiro arrecadado através de impostos.
Como o dinhei o n o dele , n o h kin in he game , a ele dele
não está em jogo. Então eles fazem questão de gastar todo o dinheiro o
mais rápido possível enquanto ainda estão ali. Provavelmente, eles teriam
tomado uma decisão melhor e cuidariam melhor do dinheiro, caso fosse
literalmente deles.
Enfim... O pensamento de Taleb é instigante e foge do senso
comum. Ele realmente nos dá vários tapas na cara e nos mostra que o
mundo real é imprevisível. Diante disso, precisamos parar de nos
preocupar em explicar o aleatório, e que devemos nos expor a riscos
controlados em ambientes propícios para Cisnes Negros positivos.
Seus ensinamentos se aplicam em vários campos da vida,
principalmente quando falamos de finanças. No fim das contas sua
mensagem é: não seja o peru de Ação de Graças, se prepare para o
acaso, porque vivemos em um mundo difícil de entender.
Trazendo esses conceitos para o campo prático, podemos os
visualizar em certos tipos de ativos. Existem alguns que costumam trazer
retornos em momentos de stress do mercado. Enquanto Ações e Imóveis
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se deterioram, alguns outros veículos caminham na direção oposta. Eles
acabam servindo como geração de Caixa para o portifólio, pois enquanto
o mundo todo se empobrece, esses ativos aumentam de valor, sendo que
o dinheiro da venda deles pode ser usado para comprar os ativos
subavaliados que se deterioraram.
Por isso foquei em aprender sobre ativos antifrágeis, onde posso me
expor com uma assimetria entre o potencial de perda e o potencial de
ganho.
Os ativos escolhidos foram os metais preciosos (como o Ouro e a
Prata), as Moedas de Reserva (como o Dólar, o Euro e o Franco-Suíço),
os ETF de Treasury e as Criptomoedas (como o Bitcoin).
Todos eles deverão ser adquiridos em corretora que dê acesso ao
ambiente americano, pois indiretamente estaremos expostos à variação
cambial do Dólar. Os ativos que escolhi para compor a carteira são:
ETF GLD, IAU ou GDX: os dois primeiros são lastreados no
desempenho do Ouro, e o último no setor de mineração do metal;
ETF SILV ou SIL: o primeiro é um ETF lastreado no
desempenho da Prata, e o segundo no mercado de mineração de prata;
ETF’s TLT e IEF: ambos lastreado em Bond de longo a o
e médio prazo, respectivamente.
Todos os ativos da carteira devem possuir uma tendência ascendente
no longo prazo, porém com risco diferentes e correlações negativas. O
risco de ruína deve ser evitado a todo custo! O mercado financeiro não
é só rentabilidade, antes de tudo ele é sobre preservação de capital.
Para finalizar e te ajudar a identificar outros ativos antifrágeis
lecionarei a seguir ob e o concei o de via negativa do a o .

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Sabemos que fixar um destino ideal de forma imutável não faz
sentido, assim como isso não justifica navegarmos pelo mundo sem rumo.
Na tentativa de alcançar resultados melhores, caímos no padrão de
adicionar elementos mais tarefas, mais metas, mais hack s de
produtividade, mais consumo, mais e mais mesmo que de forma
prática, resultados melhores possam ser gerados também pelo não fazer
ações negativas.
Quando precisamos de mais dinheiro no fim do mês, por exemplo,
logo pensamos em formas de ganhar mais dinheiro, sem pensar que
apenas deixar de gastar ou cortar gastos pode ser mais fácil e ter o mesmo
efeito.
Somos reconhecidos e lembrados pela ação e não pela inação.
Mas não deveríamos, segundo nosso filósofo, que sugere que
adicionemos subtraindo e que para isso, devemos adotar o caminho da
via negativa.

Via nega i a em eologia e filo ofia, di e ei o ao


foco naquilo que algo não é, uma definição indireta,
considerada menos propensa a falácias do que a via
positiva. Na ação, é uma receita para o que evitar, o
que não fazer a subtração, e não a adição, funciona
melhor em domínios com efeitos colaterais
multiplicativos e imprevisíveis. Na medicina, impedir
alguém de fumar tem menos efeitos adversos do que
da com imido e a amen o . Nassim N. Taleb

Via negativa é quando removemos o que achamos que é errado.

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E se parar para pensar, conhecemos melhor o que é errado e falso do
que o que é certo e verdadeiro. Taleb ainda avança mais um pouco e
afirma que:

O ofi ionai , a ele selecionados pela


evolução, utilizam do lado negativo: os mestres de
xadrez costumam ganhar ao não perder; as pessoas
enriquecem por não irem à falência (principalmente
quando as outras pessoas vão); as religiões baseiam-
se, principalmente, em interdições; a aprendizagem
da vida diz respeito ao que evitar. Reduzimos a
maioria de nossos riscos de acidentes pessoais graças
a m e eno n me o de medida . (...) Al m di o,
na maioria das circunstâncias repletas de alto grau de
aleatoriedade, ser iludido pelo acaso é não conseguir
afirmar se, de fato, uma pessoa bem-sucedida tem
habilidades, ou se uma pessoa com habilidades será
bem-sucedida mas podemos muito bem prever o
negativo, isto é, que uma pessoa totalmente
desprovida de habilidades acabará fracassando.

Em suma, ele nos diz que o que conhecemos hoje pode se revelar
errado, mas o que sabemos ser errado não pode se revelar certo, pelo
menos não com tanta facilidade.
Desde o momento em que uma pequena observação pode refutar
uma afirmação, enquanto milhões de outras dificilmente conseguirão
confirma-la, a desconfirmação é mais exata do que a confirmação.

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Há inúmeros benefícios em usar a via negativa, Steve Jobs, foi clínico
quando aduziu que:

Na verdade, estou tão orgulhoso das coisas que ainda não


fiz quanto das coisas que já fiz. Inovação é dizer não a mil
coisas.

Como a vida é esse território complexo, buscar respostas através da


subtração, removendo tudo aquilo que já sabe que não é (ou não quer), te
deixa mais perto da resposta ideal do que tentar definir exatamente o que
está buscando.
A via negativa mantém mais opções em aberto e permite que explore
possibilidades e experimente alternativas que podem levar a boas
oportunidades que não surgiriam se estivesse preso a um caminho com
um destino fixo.
Melhor que tentar definir exatamente onde quer chegar, é eliminar
os caminhos que não quer e seguir explorando o que sobrar, se
beneficiando assim, do acaso e das novas informações que surgem. Dessa
forma você pode se surpreender com resultado que nem tinha imaginado
de antemão.
Trazendo o conceito para o mundo financeiro, devemos adotar
práticas que mitigam o risco, simplesmente o excluindo! Por exemplo,
dentre os setores do mercado, devemos identificar e excluir os setores mais
frágeis. Dentro das classes de investimentos, devemos excluir as que
apresentam mais riscos do que retornos. Dentre os países, devemos excluir
os que mais sofrem rupturas de poder, flutuações inflacionárias e etc.
Um exemplo fácil de ser visualizado é visto quando comparamos o
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setor de Utilidades Públicas com o Aéreo. Nitidamente o segundo sofre
maiores impactos do que o primeiro quando olhamos para as
consequências de flutuações cambiais, intervenções jurídicas, alavancagem
patrimonial e etc. Então por que permanecer nele? Devemos a todo
custo, excluir a fragilidade do nosso portifólio! Se possuímos acesso a
Títulos Públicos de longo prazo que historicamente oferecem uma
exposição convexa possuindo muito mais benefícios do que riscos, por
que nos aventurarmos em Derivativos? Não faz sentido! Apenas
estaríamos adicionando mais fraquezas a nossa vida financeira... Devemos
excluí-las!
Um outro conceito que o autor traz é o de erro aleatório e erro
sistemático. O primeiro diz respeito a erros gerais, ou seja, em um sistema
A+B+C+D eles se dispersam. Enquanto que no segundo, ele tende a
se concentrar. É como se tivéssemos somente um sistema A .
Obviamente que erros de prognóstico no segundo sistema são mais
prejudiciais.
O que quero dizer é que quanto mais especialistas confirmam a sua
tese inicial a respeito de determinada coisa, quanto mais dados, tendências
e informações a corrobora, mais confiante e focado você fica na sua
estratégia. E ainda que nenhuma análise esteja errada à luz do que se tem
até então, o grande problema está na confiança.
Quanto maior a confiança no que acha que está certo, menor a
preocupação com o que pode dar errado, menos você se dedica aos
eventos de causa (eventos que matam a distribuição de Gauss), que são
raros e profundamente devastadores. Quanto menos pensar no que pode
dar errado, maior a chance de que, quando acontecer, dar muito errado.
Por isso a via negativa é superior! Nós eliminamos o que pode dar errado,
o incorreto, o frágil, independentemente da estratégia que usamos!

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Com sua estratégia de Antifragilidade, Taleb é peça fundamental
do conceito que desenvolvi com o objetivo de montar investimentos
seguros e rentáveis. A antifragilidade aumenta a robustez e a resiliência dos
investimentos, aproveitando possíveis volatilidades em favor dos
rendimentos!

11.6 Ray Dalio


Bom, como último elemento da estratégia temos Ray Dalio. Bom,
mas quem é Ray Dalio? Ray Dalio é fundador e acionista do maior fundo
de investimento tipo hedge do mundo, a firma Bridgewater. Ele
também é conhecido por sua personalidade e características como gerente
de grupo.
A capacidade de perceber os movimentos do mercado e seu modelo
de gestão de capital colocaram Ray Dalio entre as pessoas mais ricas do
mundo. No ranking da Forbes de 2018, o investidor ocupa a 67ª posição,
com uma fortuna estimada e US$17,7 bilhões.
O desejo de Dalio pelo mercado financeiro surgiu ainda na
juventude, quando ele realizou um investimento bem-sucedido em uma
companhia área.
Ray Dalio tem formação e especialização em finanças, sendo que
suas primeiras experiências profissionais no mercado financeiro foram
trabalhando especialmente com commodities
Em 1975, ele lançou seu próprio negócio. A empresa de gestão de
investimentos Bridgewater Associates. 30 anos após seu lançamento,
em 2005, o fundo alcançou o posto de maior fundo de hedge do
mundo.
Muito do sucesso do negócio é resultado das capacidades de Dalio
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como investidor. Ainda assim, até alcançar o topo de setor, o grupo passou
por enormes reformulações. A principal talvez tenha sido a elaboração de
regras de convivência dentro da Bridgewater. As medidas tomadas
também ganharam notoriedade no meio, que colocam o negócio como
uma espécie de seita.
Os princípios de Ray Dalio ficaram conhecidos não só no mercado,
mas em todo o setor empresarial.
Em 2017, ele deixou seu posto como CEO da empresa após uma
série de reformulações que estão em curso.
As capacidades como investidor de Ray Dalio foram fundamentais
para o sucesso do negócio, ainda assim foi necessário que ele e a
companhia passassem por severas reformulações.
Em 1993, Ray Dalio teve uma reunião que mudou totalmente sua
trajetória e o futuro da empresa. Na época, 3 (três) de seus sócios: Bob
Prince, Giselle Wagner e Dan Bernstein, se reuniram com ele com o
objetivo de dar um feedback sobre sua gerência. A conversa foi
determinante, no qual o assunto principal foi no modelo de gestão de
pessoas existentes dentro do grupo e no modo em que Ray tratava seus
funcionários. Algo que o mesmo não percebia.
Entendido o que deveria ser mudado, a empresa implementou uma
e cie de ca ilha focada na e dade e ema entre os funcionários. 12
anos depois o grupo alcançou o posto de maior fundo hedge do mundo.
A cartilha existente na empresa sempre intrigou o meio. Em 2011, foi
publicado um resumo sobre os dogmas existentes na Bridgewater. O
arquivo já foi baixado mais de 3 (três) milhões de vezes.
Em 2018, Dalio transformou os princípios da empresa em dois
livros. Alguns especialistas acreditam que o modelo de gestão da

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Bridgewater é complexo e toca em pontos delicados demais para serem
implementados em outras empresas.
Ainda assim, a políticas criadas por Ray Dalio intrigam o mundo
empresarial como um todo.
Ah, e Dálio também previu a crise financeira de 2008. Do New
Yorker:

Em 2007, D lio e i e o boom de habi a o e


empréstimos terminaria mal. Mais tarde naquele ano,
ele alertou o governo Bush de que muitos dos maiores
bancos do mundo estavam à beira da insolvência. Em
2008, um ano desastroso para muitos dos rivais da
Bridgewater, o principal fundo da empresa (o Pure
Alpha) aumentou de valor em 9,5% depois de
contabilizar as taxas. No ano passado, o fundo Pure
Alpha aumentou 45%, o maior retorno de qualquer
g ande f ndo de hedge.

Bom, mas onde quero chegar com isso? E por que escolhi ele como
peça final? Bom, porque durante sua carreira, houve uma publicação de
um estudo pela Bridgewater, onde ficou consignado que o grupo havia
adotado uma espécie de estratégia em um de seus fundos. Era a estratégia
All Weather!
All Wea he , em o g ignifica algo como: odo o clima .
Mas por que esse nome? O portfólio para todos os climas de Ray Dalio
é baseado em uma premissa maior de que deve ser capaz de resistir a
qualquer estação econômica (ou seja, qualquer parte do ciclo
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econômico).
O All Weather Portfolio é um mix diversificado de classes de ativos,
introduzido pela primeira vez por Ray Dalio, onde foi popularizado no
livro de Tony Robbins, o MONEY Master the Game: 7 Simple Step s To
Financial Freedom .
Vejamos como é o portfólio:

Já sei que você vai dizer: Sim, im. O o mi de ativos que deveria
resolver todos os meus problemas financeiros. O que torna este
diferente? .
Bem, como você pode adivinhar, esse portfólio foi projetado para
enfrentar qualquer clima financeiro, ou seja, um mercado em alta, um
mercado em baixa, um mercado de recessão ou qualquer outra coisa! E
com base em seu desempenho histórico até agora, ele faz jus ao nome!
Em uma entrevista publicada no livro de Tony Robbins, retro
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mencionado, Dalio apresentou um mix de alocação de ativos que Robbins
menciona e e i e ao e e do em o ( e ceba o Skin The Game
do portifólio, uma das premissas de Taleb).
A alocação de ativos do portfólio é dividida assim:

40%: em obrigações de longo prazo (bond );


15%: em obrigações de médio prazo (bond )
30%: em ações;
7,5%: em ouro;
7,5%: em commodities.

A razão pela qual ele escolheu esses ativos vai de encontro com sua
teoria sobre estações econômicas do ano . Segundo Dálio, há 4 (quatro)
coisas que afetam o valor dos ativos:
Inflação: o aumento nos preços de bens e serviços - e a queda
no valor de compra de uma moeda;
Deflação: a queda nos preços de bens e serviços;
Crescimento econômico “crescente”: quando a economia
floresce e cresce;
Declínio do crescimento econômico: quando a economia
diminui e encolhe.
Com base nesses elementos, Dálio diz que podemos esperar 4
(quatro) estações diferentes pelas quais a economia pode passar. Elas
são:
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1ª estação: inflação acima do esperado (aumento dos preços);
2ª estação: inflação abaixo do esperado (ou deflação);
3ª estação: crescimento econômico acima do esperado;
4ª estação: crescimento econômico menor que o esperado;

Então, ele construiu um portfólio com ativos que tiveram um bom


desempenho quando cada uma dessas temporadas ocorreu. O resultado
é um portfólio diversificado que pode ganhar dinheiro consistentemente,
mantendo-o financeiramente seguro, mesmo durante os mercados de
baixa.
O portfólio possui uma quantidade relativamente baixa de ações.
Isso se deve à alta volatilidade delas, e se você está tentando criar um
portfólio o mais livre de riscos possível, vai querer minimizar isso.
Os títulos compõem a maioria desse portfólio. Segundo Dálio, isso
contrapõe a volatilidade das ações. E se você estiver construindo um
portfólio que priorize o risco mínimo em ganhar tanto dinheiro quanto
possível, é esse o caminho.
Há 7,5% em Ouro e 7,5% em outras commodities. Com a alta
volatilidade desses ativos, eles se saem historicamente bem em ambientes
onde há inflação.
Tudo isso se combina para criar um portfólio bem equilibrado, capaz
de e i i a qualquer estação do ano . Mas, como foi realmente feito
no passado?

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11.7 O All Weather Portifolio
O back e do portfólio All Weather mostra que ele cumpre seu
nome. A estratégia produziu cerca de 10% ao ano e ganhava mais de 85%
do tempo nos últimos 30 anos (entre 1984 e 2013), como Robbins
escreveu em seu livro.
E não é só Robbins quem está dizendo isso. Outros testaram
novamente o All Weather Portfolio e alguns até descobriram que ele
superou o popular mix de alocação de ativos 60/40 no mesmo período.
A perda média foi de pouco menos de 2%, com uma delas de apenas
0,03%! Olha como a estratégia segue o Barbell: pouco a perder e ilimitação
de ganhos.
Quando testado novamente durante a Grande Depressão (a crise
de 1929), o portfólio All Weather perdeu apenas -20,55%, enquanto o S&P
perdeu -64,4%. Voc ode di e : Ah, ma m i o . N o, isso é cerca
60% melhor que o S&P 500!
A perda média de 1928 a 2013 para o S&P 500 foi de 13,66%. O
portfólio para qualquer tempo? 3,65%...
Nos anos em que o S&P 500 sofreu algumas das piores quedas (1973
e 2002), o All Weather Portfolio ganhou dinheiro!
O maior problema com a maioria das carteiras institucionais é a
quase completa falta de diversificação de riscos e o resultado são
carteiras ineficientes que proporcionam muito pouco retorno em
relação ao risco que elas representam.
A maioria das carteiras institucionais possui um risco patrimonial e
de capital que representa mais de 75% do risco total da carteira, e muitas
vezes a concentração está bem acima de 80%. Se uma carteira tem muitas
ações e outros ativos semelhantes os investimentos são altamente
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correlacionados, e o bem-estar das carteiras institucionais é quase que,
completamente, em função dos altos e baixos do mercado acionário
global.
As classes de ativos devem ser precificadas para ter retornos
esperados a longo prazo acima do Caixa aplicado, sendo que seus retornos
devem ser proporcionais aos seus riscos (ou seja, elas devem ter índices
Sharpes semelhantes). Esta é a razão pela qual as Ações têm retornos
esperados mais altos do que a Renda-Fixa, mas um índice Sharpe esperado
semelhante. As Ações são mais arriscadas, mas trazem consigo mais
retornos (expectativa), enquanto que a Renda-Fixa é o oposto. Nada de
surpreendente até aqui.
Como as classes de ativos têm índices Sharpes esperados
semelhantes, elas podem ser tornadas competitivas por meio de o uso de
alavancagem ou técnicas semelhantes a alavancagem (usando futuros,
criptomoedas e etc.). Por exemplo, usando essas técnicas, é possível criar
títulos nominais com retornos esperados semelhantes as Ações.
Usando um pouco de alavancagem para ajustar os riscos e retornos
das classes de ativos, os investidores podem construírem mais portfólios
diversificados e, assim, alcançarem um desempenho muito mais
consistente. Em outras palavras, os ativos podem ser ajustados para ter
retornos e riscos comparáveis, sendo que o principal pilar determinante
na construção do portfólio é o quão bem os ativos se diversificam.
A estratégia All Weather é baseada nesses princípios. É uma carteira
diversificada de riscos ajustados e classes de ativos projetadas para
obterem retornos mais altos e consistentes.
A diversificação é baseada no entendimento da Bridgewater sobre o
relacionamento estrutural das classes de ativos a diferentes ambientes
econômicos, sendo que é mais robusta que os métodos tradicionais de
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construção de portfólio (ou seja, a associação usou otimização histórica).
Os retornos da alocação convencional de ativos (60% Ações e 40%
Títulos) são quase inteiramente impulsionados pelo retorno sobre as ações
- ou seja, o portfólio convencional está cerca de 95% correlacionado com
o mercado de ações. Como mostra o gráfico abaixo, o mercado acionário
e a carteira convencional experimentam rebaixamentos ao mesmo tempo.
Em outras palavras, a alocação de ativos convencional é apenas uma
aposta no mercado de ações. Vejamo a eda (d o do n ):

Esses resultados podem ser surpreendentes, uma vez que muitos


investidores acham que estão consideravelmente mais diversificados.
Todavia, embora a alocação diga a você onde o dinheiro está, ele não dá
um senso muito bom de quais ativos direcionarão o retorno total da
carteira. O portfólio convencional é mais ou menos equilibrado em termos
de dinheiro (60% em ações), mas a existência de títulos nominais e outros
ativos faz muito pouco em realmente equilibrar o portfólio, porque eles
representam uma quantidade tão pequena da i a . O gráfico à esquerda
mostra uma alocação convencional de ativos em termos de dinheiro
investido. A pizza à direita mostra quanto risco que cada classe de ativos
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contribui (contabilizando a volatilidade e a correlação cruzada de cada
ativo). Em termos de risco, as ações contribuem com cerca 90%!!!

Os investidores sabem que diversificar as exposições aumenta


significativamente o retorno e reduz o risco. E se os investidores sabem
disso, então por que eles não estão utilizando totalmente o poder da
diversificação em seus ativos?
Para entender como os investidores acabaram com a alocação de
ativos convencional, é importante entender as características dos betas, ou
classes de ativos, em geral. Com o tempo, as classes de ativos irão superar
o capital aplicado, e o nível de retorno esperado acima será proporcional
ao risco esperado. Se o preço dos ativos não excedesse o capital aplicado,
os investidores não os comprariam e, se houvesse um risco maior, as
classes de ativos não seriam escolhidas. O gráfico a seguir mostra as
premissas de retorno e risco esperadas para várias classes de ativos.
Embora a relação não seja precisa, você pode ver que os retornos das

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classes de ativos aumentam proporcionalmente à medida que o risco
também aumenta:

Diante apenas das opções acima, um investidor com uma meta de


retorno de 8% ou mais, naturalmente será forçado a concentrar sua
carteira em ações (e ativos semelhantes). Alocações significativas para
classes de ativos na parte inferior esquerda deste gráfico diminuem muito
o retorno do portfólio e colocam o alvo de 8% fora de alcance. No
entanto, este gráfico mostra, simplesmente, as características de retorno e
i co do a i o em a fo ma -econcebida . Os investidores não
precisam aceitar isso!
Podemos contornar esses problemas usando alavancagem. Ela não
deve ser vista como exótica , pois já está presente em várias carteiras
tradicionais (públicas ou privadas). De fato, classes de ativos de riscos mais
altos aumentam a expectativa de retorno proporcionalmente. Mas como
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saber se uma classe de ativo vale a pena por ter seu risco/retorno
compatíveis? Devemos saber a razão Sharpe! Basicamente a razão Sharpe
mostra quanto foi o retorno por unidade de risco de um ativo.
Traduzindo... Quanto maior o Sharpe, melhor é a qualidade com que esse
retorno foi obtido. Praticamente, ela nos fornece a informação se não
estamos assumindo riscos demais. Entende porque colocar 90% do seu
risco em uma classe de ativos é perigoso?
Como você sabe, há uma enorme diferença na diversificação
alcançada entre combinar coisas que são pouco correlacionados
(diferentes classes de ativos, ou seja, Ações, Títulos, Metais e etc.) e coisas
que são altamente correlacionadas (variantes da mesma classe de ativos,
ou seja, ações domésticas, ações internacionais, opções e etc.). Combinar
ativos pouco correlacionados é a chave para criar um portfólio mais
consistente, ou seja, maior retorno por risco unitário. O gráfico abaixo
ilustra a redução de risco e a melhoria do índice Sharpe alcançada
aumentando o número de fluxos de retorno em um portfólio, com cada
linha representando uma correlação assumida diferente entre fluxos de
retorno individuais.

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Veja que quanto mais aumentamos a alocação de ativos (eixo
horizontal) usando baixas correlações (linha verde), menor tende a ser o
desvio padrão (eixo vertical) do portifólio. Se você não sabe, o desvio
padrão é uma medida de volatilidade (ou seja, o quanto o ativo varia em
relação a sua média).
Com um conjunto de classes de ativos, basta montar um portfólio
que equilibra o risco uniformemente em todos os ativos para produzir uma
proporção de Sharpe superior à do portifólio convencional.
Se você tivesse vários ativos com retorno e risco semelhantes, como
combiná-los para criar o melhor portfólio? Os investidores geralmente
tentam fazer isso inserindo uma matriz de premissas de correlação em um
otimizador. Isso não faz sentido para mim. O resultado de um otimizador
é muito sensível aos dados de entrada, e as correlações de classe de ativos
são inerentemente instáveis no longo prazo. Por exemplo, a correlação
entre ações e títulos nominais flutuaram significativamente nos últimos 20
anos (como ilustrado abaixo):

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Se você não pode confiar nas correlações de ativos, o que você deve
usar para criar o melhor portfólio? Alocamos risco baseado no
entendimento da relação entre classes de ativos e fatores econômicos
ambientais. Embora a correlação entre classes de ativos seja inerentemente
instável, a correlação de classes de ativos para diferentes ambientes
econômicos é consistente ao longo do tempo.
Os preços dos ativos representam expectativas sobre condições
futuras e o retorno deles é impulsionado pela maneira como as condições
evoluem em relação às expectativas, e também como as expectativas
mudam. Isso explica a correlação instável entre ações e títulos nominais
(mostrados no gráfico acima). Eles estão correlacionados positivamente
quando mudanças nas expectativas de inflação estão impulsionando os
mercados, já que ambas as classes de ativos se beneficiam de um declínio
na inflação. Eles estão correlacionados negativamente quando as
mudanças nas expectativas de crescimento dominam retornos de
mercado, uma vez que o crescimento em queda beneficia títulos nominais,
mas prejudica as ações (e vice-versa).
Embora as classes de ativos incorporem expectativas sobre um
grande número de fatores econômicos, crescimento e inflação são os 2
(dois) determinantes mais importantes da precificação por classe de ativos
(devido o impacto e o fato de englobarem expectativas sobre a maioria
dos outros fatores relevantes).
Usando esse entendimento, equilibramos as classes de ativos entre
ambientes, para que o baixo desempenho de uma determinada classe de
ativos (por exemplo, títulos nominais) em um determinado ambiente (por
exemplo, alta inflação) será naturalmente compensada pelo desempenho
de outra classe de ativos que sabemos ser tendente a ter um bom
desempenho nesse ambiente (por exemplo, commodities). Para ser claro,
isso não significa o retorno total é zero; O All Weather foi projetado
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para produzir retorno positivo consistente em cada ambiente
econômico, coletando os prêmios de risco inerentes a cada classe de
ativos.
A tabela abaixo ilustra a visão de como diferentes ambientes macros
(por exemplo, aumento do crescimento, queda do crescimento, inflação
em alta e inflação em queda) beneficiam diferentes classes de ativos.
Ao equilibrar o risco igualmente nos quatro ambientes, podemos obter
consistentemente prêmios de risco de cada classe de ativos, minimizando
a suscetibilidade do portfólio a qualquer um deles (ambientes):

Além de equilibrar o risco do portfólio em diferentes ambientes,


também maximiza-se a diversificação dentro de cada um deles.

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Para cada um, tem-se um mix de classes de ativos e cada classe de
ativos é diversificada globalmente.
No total, o portfólio investe em mais de 40 mercados. O resultado
é um portfólio mais equilibrado do que o portfólio convencional, tanto
dentro e fora das classes de ativos.
A estratégia foi rigorosamente testada entre países e períodos de
tempo para garantir que o equilíbrio das classes de fato protegesse o
portfólio em ambientes macroeconômicos em constante mudança.
Cada classe de ativos tem melhor desempenho em determinados
períodos do que em outros, mas no geral, o portifólio sempre apresenta
retornos positivos.
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O produto dessa abordagem para alocação de ativos é uma melhoria
significativa na eficiência e consistência do portfólio. Isso é ilustrado pela
proporção histórica de Sharpe do índice All Weather (tanto em tempo
real quanto na simulação), que foi de aproximadamente 0,67, em
comparação com 0,35 para o portfólio convencional. Isso significa que,
no mesmo nível de risco esperado, ganha-se retorno adicional por ano,
e/ou o mesmo retorno esperado com menos volatilidade por ano.
Além disso, devido à maior diversificação do All Weather (em todo
ambientes, classes de ativos e países), a estratégia terá menos
vulnerabilidade a uma grande mudança em qualquer mercado/região (ou
seja, menor risco de cauda gorda).
Abaixo, temos o teste de estresse de longo prazo da estratégia All
Weather. Conforme descrito, pode-se usar a estratégia de duas maneiras.
Primeiro, eles podem manter sua meta de retorno atual enquanto
reduzem significativamente o risco esperado.
Os gráficos a seguir mostram o desempenho simulado do All
Weather de 1970 a 1996, o início da estratégia e a estratégia em escala
subsequente, calibrado no mesmo nível de retorno do portfólio
convencional.
Embora ambas as carteiras atinjam o mesmo retorno ao longo do
tempo, o portfólio All Weather faz isso sem as flutuações consideráveis
da carteira convencional. Isso é especialmente evidente no segundo gráfico
abaixo, que mostra o All Weather apresentou drowndowns
(rebaixamentos) menores e menos frequentes:

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Agora vejamos o próximo:

Como alternativa, se um investidor estiver confortável com seu nível


de risco atual, ele poderá usar o All Weather que tem um Sharpe mais alto
para obter um retorno maior (geralmente se usa alavancagem ou ativos
mais arriscados, como small caps, títulos de cupom zero e etc.). Vejamos:

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Agora os rebaixamentos:

Desde o início da estratégia em junho de 1996, ela produziu


aproximadamente 8,4% de retorno anualizado com volatilidade de
aproximadamente 11%, e ainda superou a carteira de ações dos E.U.A:

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O desempenho em tempo real do portfólio All Weather tem as
mesmas características de longo prazo da simulação mostrada abaixo (ou
seja, produz uma proporção de Sharpe consideravelmente mais alta que a
carteira convencional ou as ações).
A consistência exibida a seguir pelo desempenho All Weather é um
produto da diversificação da estratégia que equilibra o risco em ambientes
macroeconômicos.
Ao equilibrar o risco dessa maneira, a estratégia não é tão suscetível
aos rebaixamentos direcionados ao meio-ambiente que as carteiras menos
diversificadas sofrem. Vejamos:

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11.8 Ambientes de Extrema Depressão
Conforme discutido acima, a Bridgewater testou os princípios do
portifólio sob uma ampla variedade de ambientes, incluindo depressões
(como o Japão nas décadas de 1990 e 1930 e muitos outros).
O mix All Weather superou o portfólio convencional em todos os
períodos, incluindo aqueles raros ambientes de depressão que afetam
adversamente o retorno de todas as classes de ativos. Dito isto, por causa
da gravidade desses ambientes (especialmente nos primeiros anos), a
Bridgewater desenvolveu uma salvaguarda, que é descrito em mais
detalhes abaixo.

11.9 Medidor de Depressão da Bridgewater


As depressões são raras e são caracterizadas por uma
desalavancagem “não gerenciada”. Elas são quase sempre precedidas
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por períodos de acumulação maciça de dívida, de modo que não haja
espaço suficiente para reduzir as taxas de juros (uma vez que só podem
chegar a zero) para elevar os encargos do serviço da dívida a níveis
gerenciáveis.
Alavancadas, as entidades são forçadas a vender ativos para quitar
dívidas, reduzindo o valor desses ativos e aumentando a necessidade de
desalavancar ainda mais. Como resultado, graves problemas de crédito e
liquidez surgem e o sistema financeiro e econômico deixa de funcionar
normalmente. Essas condições geralmente são auto-reforçadas, criando a
possibilidade de desempenho insuficiente e prolongado de classes de
ativos com riscos relacionados a patrimônio ou crédito. Como as
depressões são causadas por um excesso de dívida, elas geralmente só
terminam quando houver uma reestruturação da dívida por meio de uma
combinação de falências e reestruturação real de contratos de dívida
e/ou inflação (que altera implicitamente os termos entre devedores e
credores).
A equipe de pesquisa há muito se preocupa com o aumento da
alavancagem na economia global e no sistema financeiro, particularmente
nos E.U.A. Reconhecendo que os altos níveis de alavancagem e baixo
nível das taxas de juros podem resultar em perdas inaceitáveis, mesmo para
um mix equilibrado de ativos como o All Weather, a Bridgewater construíu
um medido de de e o no final do ano 90 a a aj da a moni o a
a relação entre estímulo e desempenho da classe de empréstimos/ativos
e indica ia e m ciclo e a a agindo no malmen e .
O medidor tornou-se parte dos sistemas dela, e entenderam que, se
atingisse certos níveis, seria desejável mudar a alocação de ativos do All
Weather para um mix de portfólio capaz de preservar a riqueza em tal
ambiente.

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11.10 Portfólio e Ambiente em Deterioração
A pesquisa da Bridgewater sobre ambientes depressivos e seu
impacto no retorno nas classes de ativos levou ao design de o que ela
chama de Portfólio Seguro . P oje ado a a e e a o ca i al em m
ambiente de depressão, o portfólio que eles acreditam ser mais capaz de
manter nosso poder de compra, independentemente do que acontece - é
o portfólio que eles projetaram para ser essencialmente imune a riscos de
c di o, defla e , infla e , de e e e boom .
Embora o mix de ativos All Weather seja baseado na existência de
m f ncionamen o de m i ema ca italista (ou seja, aquele em que
haja formação e retorno normais de capital para assumir riscos) e
estruturado para oferecer os melhores retornos ajustados ao risco em um
ambiente normal, o mix do portfólio não é dependente dessas
condições. Mais importante ainda, o portfólio foi projetado para
preservar a riqueza durante um colapso financeiro e econômico.
Para melhor atender a esse objetivo, eles quizeram reduzir o risco de
mercado, minimizar o risco de crédito, minimizar o risco da contraparte,
eliminar a alavancagem e ser neutro à inflação e a deflação. O portfólio é
composto por uma combinação equilibrada de títulos prefixados globais,
títulos indexados à inflação, Títulos do Governo e Ouro. Em um resultado
deflacionário, os valores dos títulos préfixados do governo farão bem ao
portifólio. Se o resultado for inflacionário, espera-se que os títulos
indexados à inflação, bem como que o Ouro fornecessa proteção no caso
de um ampla desvalorização em papel-moeda.
Para se ter uma noção de quão ruim pode ser um ambiente de
depressão para um portfólio de classes de ativos, no gráfico a seguir,
mostramos os retornos de um mix de ativos convencional (pesado em
ações), o All Weather e o Portifólio Seguro.

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Embora o mix All Weather tenha se saído muito melhor do que o
portfólio convencional, ainda ele experimentava retornos materialmente
negativos. No entanto, o Portifólio Seguro permaneceu relativamente bem
isolado durante esse período. Vejamos:

Através do uso do medidor de depressão, podemos avaliar


sistematicamente as pressões indicando o início de um ambiente
depressivo, para que podemos fazer uma mudança parcial ou completa
para o Portifólio Seguro. Similarmente, depois de manter o mix do All
Portifólio Seguro, é tomada a decisão de voltar ao mix do portfólio All
Weather através de uma avaliação sistemática contínua das condições
econômicas e de mercado relevantes para determinar se o sistema de
intermediação de crédito está começando a funcionar normalmente.
Desde o verão de 2007 até o primeiro semestre de 2008, o medidor
de depressão estava se movendo mais alto à medida que as condições se
tornavam mais extremas (Crise do Subprime), mas o medidor ainda não
estava em um nível que justificasse alterações materiais no mix All
Weather, segundo a Bridgewater. Tudo isso mudou quando o governo
E.U.A permitiu que o Lehman Brothers falisse. O efeito líquido dessa
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decisão foi abalar a economia global, principalmente nos mercados de
crédito. Nesse momento, o indicador deles de depressão atingiu um ponto
crítico e eles acreditavam que havia uma chance de 70% a 80% de que
resultaria em depressão. Porque: os estágios iniciais das depressões são os
mais prejudiciais para os preços dos ativos e eles sabiam até que ponto o
FED e os efeitos de suas ações iriam, então eles decidiram entrar no
abrigo de furacões do Portifólio Seguro até a tempestade passar. Nos
últimos meses de 2008 e 2009, ficou claro que o sistema de intermediação
de crédito estava funcionando normalmente e sem o sistema de crédito,
não haveria condições econômicas ou de mercado sustentáveis para uma
recuperação.
Uma questão-chave para eles era o grau em que o governo passaria
para neutralizar a desalavancagem e quão eficazes seriam seus esforços.
Assim temos que ficar de olho em como o governo luta para
desalavancar o endividamento público e como ele injeta liquidez no
mercado.
Basicamento o que a Bridgewater fez, foi adotar uma estratégia de
60/40, ou seja, 60% do portifólio seguia o All Weather clássico e os outros
40% era alocado com produtos extremamentes seguros, tais como titúlos
de curtíssimo prazo, moedas fortes como o franco-suísso e etc.

11.11 Como Criar um Portfólio All Weather


Se você deseja criar seu próprio portfólio All Weather, mas não sabe
por onde começar, sugiro que estude a alocação a seguir. Ela é
extremamente semelhante ao relatado no livro. Vejamos:
Bond’s de longo prazo: para esta classe usaremos o ETF TLT.
Já bem conhecido dos investidores globais, por ser grande e bem líquido.

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Como eu disse, ele é um Treasury Bond de longo prazo, ou seja, é formado
com títulos públicos do governo norte-americano com vencimentos de
+20 anos. Apesar de possuir uma volatilidade semelhante as ações, a
rentabilidade também é parecida. Certamente é o que mais traz retorno
levando-se em conta apenas títulos. O ativo possui 0,15% de taxa de
administração e a gestora tem cerca de US$18,75 bilhões de dólares sob
gestão, evidenciando seu tamanho enorme. Uma alternativa é usar o ETF
SPTL. Ele também segue o mesmo índice do TLT, e por isso apresenta o
mesmo retorno. Também possui uma taxa menor de despesa, de cerca de
0,06% ao ano. Em contrapartida, a gestora responsável tem apenas
US$2,12 bilhões em gestão, o que pode aumentar o spread na hora de
negociar o ativo. A dica é misturar os 2 (dois), caso esteja indeciso! Por
fim, vale lembrar que o percentual a ser reservado é de 40% do portifólio;
Bond’s de médio prazo: para esta classe usaremos o ETF IEF.
Ele segue um índice de Treasury Bond de m dio a o, o eja, com
vencimentos de 7 a 10 anos. Ele tem uma volatilidade menor, bem como
mais segurança, vez que é menos sensível a mudanças nas taxas de juros.
Em contrapartida, também temos menos retorno potencial. Como o
último, ele é bem grande e líquido, o que facilita as negociações e elimina
os spreads. As despesas encontram-se em 0,15%, sendo que a gestora
competente tem US$21,35 bilhões em ativos. Bem grande! Também
temos como opção o ETF AGG. Ele é gigantesco! A gestora tem cerca de
US$72,26 bilhões de ativos em gestão, sem contar que a taxa de despesa é
muito baixa (cerca de 0,04%). Por fim, temos ainda o ETF SCHZ. Ele é
um pouco diferente dos demais, pois seus títulos incluem Tesouro dos
E.U.A, títulos governamentais e corporativos, e títulos de repasse de
hipotecas. Entretanto, o retorno continua sendo muito parecido com os
demais apresentados. A taxa de despesa também não decepciona, ela é de
0,04%. A gestora também administra um patrimônio gigantesco, cerca de
US$7,67 bilhões. Com certeza é uma opção viável! Mais uma vez o
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conselho que fica é que se você estiver em dúvida, o ideal é que os mescle.
Ambos não decepcionam, e são os melhores ativos dentro do setor de
Bond de m dio a o. Aqui o percentual a ser reservado é de 15%.
Agora, vejamos a rentabilidade histórica de cada um:

Ouro: já para este usaremos o conhecido ETF GLD. Pode-se


optar pelo IAU também. O primeiro tem uma taxa de despesa de 0,40%
ao ano, sendo que o fundo tem um volume de US$63,49 bilhões em ativos,
enquanto que o IAU tem uma taxa de despesa menor, ou seja, 0,25%, e
menor patrimônio sob gestão com US$25,02 bilhões;
Commodities: o ETF de commodities por excelência é o DBC.
Porém, historicamente ele costuma apresentar um retorno ruim. Nos
últimos 13 anos ele já desvalorizou mais de 50%. Como o novo cenário
mundial é de taxas de juros baixas e até mesmo negativas, acredito que
poucos serão os períodos onde a inflação aumentará abruptamente, por
isso há pouco risco retorno em carregar 7,5% neste ativo. Também há a
questão dos sinais de deterioração da economia chinesa (a principal
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demandante das commodities em termos mundiais). Em que pese a
correlação seja de 0,54 para com o mercado acionário norte-americano,
temos um outro ETF que possui dados bem melhores, com uma
correlação ainda menor! Ele é o XLU, que possui uma pontuação de 0,49
para com o S&P 500 que é de 1,00 (em outras palavras, 100%). O maior
ETF do setor de utilidade pública. Nele são abarcadas empresas de
saneamento, esgoto, energia e etc. Como são serviços essenciais, as
empresas acabam se saindo melhores em tipos de crise (não é à toa que o
retorno histórico é muito maior que o de commodities propriamente dito).
Uma última opção também seria o uso da Prata. O ETF por excelência é
o SLV. Mas por que ela? Porquanto, é um metal precioso assim como o
Ouro, onde seu uso também é bastante demandado mundialmente. O
mais interessante é que, por ela ser uma commoditie parecida com o Ouro,
a dinâmica dos preços também observa os mesmos parâmetros. Então
vale a pena a ter como opção. Vejamos uma comparação entre as 3 (três)
opções:

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O ideal seria identificar em que parte do ciclo macro-econômico
estamos, para escolher qual o ativo mais indicado. Por exemplo, sabe-se
que metais preciosos performam melhor em momentos de stress e
deterioração da economia, enquanto que empresas se sobressaem em
boom de e an o. O ideal a a o primeiro seria um mix de Prata (SLV)
e de outras commodities (DBC), enquanto que para este último, o XLU.
Porém, caso prefira simplificar, o SLV, para mim, continua sendo a melhor
pedida;
Ações: aqui costuma-se usar o VTI que abrange todo o mercado
de ações dos E.U.A ou o URTH que segue um índice de ações globais.
Vale di e e nada im ede a e colha de o o ETF de ações. Porém,
devem ser sólidos e de mercado desenvolvidos, tais como: o IVV, o VOO,
o SPY, o QQQ, o IJS e etc. A segurança deve ser o esqueleto de
qualquer parte do portifólio. De emo em e c ia microssociedades
dentro do portifólio principal. Uma ideia basilar é reservar 50% da carteira
de ações (ou em outras palavras, 15% do portifólio global), para um dos
ETF a, e adiciona o o ai e e go a , de fo ma a
complementar o restante. Uma observação a ser feita é que devemos evitar
o o e la , o eja, in e i em 2 (doi ) ETF e o em uma posição
relevante em um mesmo setor ou empresa. Por exemplo, usar o QQQ que
tem 60% de alocação em empresas de tecnologia e ainda adicionar o VBR,
m ETF de mall ca de alo e o i ma alocação bem relevante
também no mesmo setor (cerca de 1/3). A não ser que isso faça parte da
sua estratégia! Continuando, particularmente, eu prefiro o QQQ por
abranger o setor mais promissor atualmente, bem como as maiores
empresas do mundo, como a Alphabet, a Microsoft, a Apple e etc. Enfim,
cabe dizer que não existe uma regra pré-estabelecida. Basta que a alocação
nesta classe não fique demasiadamente concentrada em poucas empresas
de poucos setores, tendo em vista que há a preponderância do risco
gerencial das companhias, bem como o político e setorial da economia.
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Por exemplo, uma decisão governamental poderia prejudicar um ETF de
tecnologia se fosse implementadas taxações a vários
componentes/produtos eletrônicos do dia para a noite. Por isso devemos
sempre diversificar, tanto que o ETF clássico do All Weather é o URTH.
Para concluir, vejamos agora uma comparação entre eles:

Obs.: aqui também vale o stockpicking como uma forma de


potencializar os ganhos, mas claro, se você tiver conhecimento suficiente
para escolher as ações mais rentáveis e seguras. Não adianta se aventurar
ne e modelo de aloca o e fi e e ado, o i o defendo o o de ETF .
Quanto mais simples o sistema, mais protegidos contra os erros
estaremos!

11.12 Rebalanceando
Dálio também sugere reequilibrar esse portfólio para manter a
alocação original de ativos. Para reequilibrar o All Weather, basta seguir 3
(três) etapas bem simples:
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Etapa 1: encontre sua alocação de ativos de destino. Lembre-se
da alocação de ativos para o portfólio All Weather é: 40% títulos de longo
prazo, 30% em ações, 15% em títulos de médio prazo, 7,5% em ouro
e 7,5% de commodities. Esta é a meta de alocação de ativos que você
deve ter ao terminar o reequilíbrio;
Etapa 2: compare seu portfólio com sua meta de alocação de
ativos. Como o seu portfólio mudou desde a última vez que o viu? Quais
in e imen o a men a am e ai eci am e odado ? Se a a e
aumentaram e agora ocupam 50% do seu portfólio, você pode remover o
excedente ou investir em seus outros ativos para equilibrá-lo;
Etapa 3: compre e/ou venda ações para obter a alocação de
ativos desejada. Para recuperar sua alocação de ativos original no exemplo
acima, você precisará investir mais nos outros ativos ou vende-los para
voltar ao mix original do All Weather Portfolio.
Uma questão a ser lembrada é quanto à frequência do reequilíbrio.
Por estudos como o Dollar-Cost Averaging50, o ideal seria manter uma
frequência alta de aportes de modo que a volatilidade, e
consequentemente, as caudas gordas, sejam minimizadas. Por isso, o que
costuma funcionar, e funcionar bem, são os aportes mensais ou
trimestrais, em detrimento dos anuais.

11.13 O Resultado
Para finalizar esta obra, nada mais justo do que mostrar na prática
como a estratégia adaptada do All Weather se provou ao longo dos últimos

50
Estudo que mostra que comprar ativos com certa frequência, ao invés
de tentar ace a o ime , é mais eficiente para a construção de um
patrimônio sólido.
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anos.
Para o backtest foi utilizado uma quantia inicial de US$1000,00. Os
aportes foram feitos de forma trimestral no valor de outros US$1000,00
com o fim de rebalancear o portifólio e repetir a condição de muitos, que
é de efetuar regularmente os aportes.
A plataforma que foi utilizada possui limitações temporais relativas
ao início de cada ETF. Assim, a escala de tempo utilizada foi de 15 anos,
ou seja, a partir de 2005. Não é o ideal, porém temos o referencial de como
o portifólio se comportou em 2 (duas) das maiores crises que o mundo já
viveu: o Subprime e o Coronavírus.
Vejamos, então, onde a aplicação prática dos conceitos aprendidos
nesta obra nos levariam:

Se você prestou atenção em todos capítulos do livro, você saberá


exatamente o porquê dessa estratégia ser ma obra-prima do me cado
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financeiro!
Se você não lembra, vou repetir 2 (duas) palavras: cisne, negro. Sim!
Todos os eventos de cauda gorda (Subprime e Coronavírus) foram
devidamente eliminados pela alocação! Isso se deve não à razão Sharpe de
1,12 (o dobro do mercado 0,53), a relação Sortino de 1,96 (quase o triplo
do mercado, que é de 0,77) e nem muito menos à correlação baixíssima
de, acredite se quiser, 0,41 para com o mercado acionário! Isso se deve ao
conjunto de estudos sobre filosofia, macroeconomia, política,
probabilidades e etc. Nós não escolhemos ativos com base nos riscos tão
somente, mas nas suas fragilidades! Um ativo pode ter seu risco de
mercado baixo se comparado aos seus pares, mas pode ter um risco
enorme politicamente, e tudo isso foi levado em conta no momento da
adoção e escolha da estratégia, bem como das suas devidas alterações.
Vejamos estes 2 (dois) casos:

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Note como o mercado (representado pelo índice S&P 500)
despencava em meados de 2008-2009, ao passo que o portifólio
caminhava na direção oposta (sim, foi isso que aconteceu, você não leu
errado). Não bastasse isso ainda veio o Coronavírus para sedimentar a
solidez e o perfil do portifólio. Enquanto os investidores do mundo todo
ea a am com o ce i o ci c it-b eake , o o if lio, n o e
contentando em somente preservar patrimônio, continuou a subir em
linha reta!
Veja a seguir como os retornos anuais em comparação com o
mercado são assustadores:

Você entende como a filosofia do perder pouco e ganhar muito é


totalmente aplicável ao mercado finananceiro?! Olhe 2008 e tire suas
conclusões!
Ainda, veja como foi a comparação dos rebaixamentos do portifólio
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e do mercado, respectivamente:

E sabe o mais assustador de tudo? Isso foi feito apenas com 5 (cinco)
ETF (QQQ, TLT, IEF, XLU e GLD). O e o no ainda ode ia e ido
maior se ao invés do QQQ, por exemplo, nós tivessemos usado
stockpicking aliado à derivativos (ou qualquer outra alavancagem limpa).
Por isso, caro leitor, não existe estratégia melhor para quem deseja
segurança, solidez e rentabilidade ao mesmo tempo!
Ela simplesmente evita qualquer tipo de ruína. Quando estudamos
os problemas desta última aprendemos que o custo da ruína é efetivamente
infinito, por esse motivo, a análise de custo-benefício se torna inútil. Por
exemplo, temos o caso da roleta-russa e o prêmio de US$1 milhão. A cada
tentativa que não ocorrer o disparo da bala, a pessoa ganha US$1 milhão.
Para o cálculo da esperança matemática temos que cerca de 5 em
cada 6 tentativas ganharão dinheiro. Se alguém usasse uma análise de
custo-benefício padrão, essa pessoa teria afirmado que há 83,33% de
chance de ganhos, para um retorno médio esperado por tiro de
US$833.333,33.
Acontece que, não importa se você está ganhando, se você
continuar a se expor a isso é uma questão de tempo para você acabar
morrendo. Seu retorno esperado não é computável.
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E sabe o que é preocupante? Hoje, no mercado, muitos jovens
investidores estão se expondo aos mercados de olho apenas nos retornos
(principalmente, ações e derivativos) sem se preocupar com a
possibilidade de grandes perdas ou até mesmo a ruína. A Estratégia acima
simplesmente elimina isso, já que descentraliza o sistema e gerencia a
paridade dos riscos. Ela nos impede de abraçar a roleta! Por isso, inclusive
é a estratégia que adoto...
Para finalizar, gostaria de dizer que tudo isso foi feito a base de
estudos, e tudo o que há aqui é produto do que foi feito por outras
pessoas, e por isso fica o meu sincero agradecimento a todas elas, que de
alguma forma contribuíram para que esta obra pudesse agregar
conhecimentos a você! Muito obrigado! No mais, fica o meu conselho:
estude! Estude hoje, amanhã e o quanto puder! Não subestime o poder da
educação! Abraços!!!

Att, Guilherme Neves.

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