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Teoria da Comunicação

O Dito e o Implícito
Nem sempre o que queremos significar aparece explicitamente dito, sendo
preciso fazer inferências mais ou menos complexas para a compreensão do que
está implicitado (sem ser dito) nos enunciados.
Inferência: é a operação de dedução pelo raciocínio e pela estrutura das
palavras. ou seja, a inferência é um processo cognitivo pelo qual tiramos
conclusões ou fazemos deduções com base em informações disponíveis, mesmo
que essas informações não sejam explicitamente fornecidas. Por outras palavras,
é a habilidade de extrair significado implícito a partir de pistas ou dados
explícitos.

A inferência é uma parte fundamental da compreensão humana e está presente


em várias áreas do conhecimento, como linguística, psicologia, filosofia e
ciências cognitivas.

O "dito" refere-se ao que é expresso explicitamente em uma mensagem, ou


seja, às palavras ou frases que são claramente comunicadas pelo falante.
Quando alguém diz algo diretamente, de forma clara e explícita, o significado é
considerado "dito". Por exemplo, se alguém diz "Está calor hoje", o significado
"dito" é simplesmente que a temperatura está alta.
O que é "dito" pode ser facilmente compreendido pelo contexto da conversa ou
pela interpretação direta das palavras usadas.

O "implícito" refere-se ao significado subjacente, sugerido ou inferido numa


mensagem, que não é expressamente declarado pelo falante.
Muitas vezes, o significado implícito é transmitido através de pistas contextuais,
como o tom de voz, expressões faciais, linguagem corporal ou pela escolha de
palavras.
O significado implícito pode ser mais subtil e requer que o ouvinte faça
inferências com base no contexto e na compreensão da situação.
Por exemplo, se alguém diz "Está calor hoje" enquanto franze a testa e suspira, o
significado implícito pode ser que a pessoa se sente desconfortável com o calor e
deseja que algo seja feito para aliviar a situação.

Quando o que é dito não é suficiente para que se extraia sentido da fala do
locutor, o interlocutor acredita que há algo mais implicado e tenta chegar a essa
informação por conta própria para compreender o que o locutor está a querer
transmitir. Esse algo a mais a ser entendido pelo interlocutor são as
implicaturas.

A classe das implicitações/ implicaturas integra duas subclasses:


a) as implicaturas convencionais. As implicaturas convencionais são as
inferíveis através de palavras ou de sequências de palavras. (O termo
convencional refere, especificamente, aquilo que tem realização linguística.)

b) as implicaturas não convencionais. Aqui consideram-se duas grandes


categorias: as implicaturas conversacionais e as implicaturas não
conversacionais.
As implicaturas conversacionais activam o princípio da cooperação e as
máximas conversacionais de Grice.
As implicaturas não conversacionais resultam da combinação do sentido das
palavras com o conhecimento do contexto situacional e têm fundamento
estético, social ou moral.
As implicaturas conversacionais ocorrem ainda em situações em que outras
“máximas” são desrespeitadas, o que pode provocar situações embaraçosas ou
hilariantes. As anedotas são o que melhor ilustra esta intenção, apesar de muitas
delas veicularem ideias preconceituosas.

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