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O Gêmeo Errado.

Capítulo Um: A última vez que eu o vi.

O
dia não era chuvoso ou com uma aparência entristecida. Ao contrário. O céu estava
azul como sempre, aberto e quase sem nuvens. Era setembro e essa época é sempre a
pior do ano. As pessoas que não vivenciam nas cidades cuja umidade do ar vai aos dez
ou doze por cento não sabem o que é isso! De certa forma, estou acostumado. Apenas sinto
isso quando está realmente insuportável.

Eu ainda não me sentia confortável. Não queria estar naquele lugar nem em um milhão
de anos. Não pense que o motivo é porque estou no velório de meu pai. Eu poderia estar
dançando em cima do caixão dele nesse mesmo momento, mas eu não me sinto confortável,
como se eu não fosse parte de minha família. Espero que algum parente se levante e me
expulse do lugar como se eu fosse um bicho. Eu seria capaz de abraçá-lo e agradecê-lo.

Estou ali apenas com o corpo, mas na verdade, não estou ali. Ver meu pai morto faz
com que minha cabeça tente procurar bons momentos com ele que foram suprimidos pelos
últimos vinte anos, mas não consigo me lembrar de nada. Isso me deixa ainda pior. Talvez
muito pior do que eu achei que estaria quando o dia finalmente chegasse. Sempre soube que,
como na ordem natural das coisas, eu enterraria meu pai, mas nunca achei que ele fosse viver
tão pouco. No auge dos cinqüenta e oito anos.

Engulo em seco. Não é medo ou tristeza. As pessoas passam por mim e oferecem
suas condolências, porém eu não digo uma palavra sequer. Não é por medo, mas pelo simples
fato de que não consigo sentir absolutamente nada. Nem tristeza e nem alegria. É
simplesmente indiferente. Meu pai não foi um bom pai para mim em momento nenhum. Minha
mãe também não foi uma boa mãe. Fui um garoto negligenciado e, por isso, tendo a esconder
minha família o máximo que consigo.

Eu achava que carregava mágoas do meu pai, mas vê-lo morto me faz perceber que
eu não tinha sentimento algum por ele. Nem bom, nem ruim. Simplesmente eu não podia sentir
qualquer coisa diante de tudo o que ele havia feito comigo. Então eu olho a minha volta. Eu não
estou sozinho naquele momento.

Percebo que se trata de uma cerimônia muito bonita, por sinal. Onde, pela primeira vez
em anos, fiquei compadecido de minha mãe. O velório não é uma situação confortável para
ninguém e normalmente questionamos nossas vidas diante da morte apresentada em sua pior
face. Sinto compaixão de minha mãe, porque, se eu perdesse minha esposa, eu morreria junto
com ela. Talvez meu pai não seja um monstro para outras pessoas como foi para mim. Balanço
a cabeça. Quero esquecer tudo aquilo. Sinto a mão de Clara envolver a minha. Seu gesto é
pequeno e discreto, mas o suficiente para me dar segurança.

Minha mãe está com a cabeça no ombro de meu irmão que está com a cabeça
abaixada. Ambos choram. Meu irmão é extremamente apegado à família e tento colocar a
culpa na minha falta de apego para as feridas não cicatrizadas de meu passado não doa tanto.
Embora eu esteja confuso demais para fazer qualquer tipo de julgamento emocional. Eu
respeito a dor de meu irmão, de minha mãe, mas não tenho dor alguma em mim. Ninguém
acharia isso correto, mas ninguém, além de nós três, sabe o que eu passei com aquele
homem. Nós três: Benjamim, minha mãe e eu.

Acordando-me de meus pensamentos, dou de cara com minha mãe e meu irmão
parados bem à minha frente. Eu poderia simplesmente fingir que não tinha ninguém ali, como
normalmente faria, mas Clara jamais deixaria acontecer. Não me levanto, não ergo a mão,
apenas digo sem qualquer sentimento na voz:

“Meus pêsames.”

Meu irmão ergue as duas sobrancelhas em minha direção enquanto minha mãe sorri
de forma doce e diz: “Obrigada.” Meus olhos se cruzam com os de Benjamim. Há um quê
superior em seu olhar, mesmo que seus olhos estejam inchados de tanto chorar e sinto como
se a cicatriz que tenho em minha face ardesse em sua presença e, então, me dou conta que,
apesar de não sentir nada por meu pai e sentir compaixão de minha mãe, sinto ódio de meu
irmão. E esse sentimento brilha em meus olhos conforme nos olhamos.

“Meus pêsames.” Clara repete. Já tenho mais de cinco anos casado com Clara e nunca a
deixei chegar nem perto de minha família. Talvez ela nem tenha ideia de com quem está
falando e, pra mim, isso não faz a menor diferença. Sei que esse episódio não mudará em
nada o afastamento que tenho daquela família.

“Obrigada.” Minha mãe repete com um sorriso pequeno e contido devido a situação. Para ela,
deve ser difícil enterrar o marido. Tenho consciência de que minha mãe não é nenhuma
psicopata incapaz de bons sentimentos e talvez isso que me faça sentir compaixão dela e
empatia por ela. “Sei que não é oportuno, mas o Pedro nunca a trouxe aqui para que eu
pudesse conhecê-la. Apesar das circunstâncias, é um prazer. Meu nome é Maria. Sou a mãe
do Pedro.”

“Eu sou Clara, esposa do Pedro.”

Clara olhou pra mim e eu entendi exatamente o que ela queria. Desde o namoro até o
casamento, aprendi a reparar nos detalhes e expressões de minha esposa. Os olhos dela,
mesmo sem enxergar, eram tão vivos que eu sempre me esquecia que ela era deficiente
visual. Especialmente em casa que as coisas tinham lugares fixos e ela podia se locomover
sem a ajuda de Thor – seu cão guia – ou minha. Levanto-me trazendo Clara comigo. A mão de
minha mãe ainda está estendida. Guio a mão de Clara a de minha mãe e digo:

“Ela é deficiente visual.” Explico embora me soasse bem oportuno que minha mulher se passe
por mal educada. Assim, meus familiares nunca mais irmão procurá-la.

“Oh, desculpe.” Diz mamãe. “Este que está ao meu lado é o irmão do Pedro, Benjamim.”

“Oi.” Ele viu a mão dela esticada e demorou um pouquinho para segurá-la. Minha mãe e Clara
começaram a conversar contidamente sobre como meu pai era maravilhoso e eu estava
bastante desconfortável, agora sentado no sofá novamente. Eu daria a minha vida inteira por
uma bebida.

Mas minha mãe decide ir junto com meu irmãozinho querido embora dali, talvez pelo
meu desconforto ou talvez porque tinham que conversar com outras pessoas. Para mim, na
realidade, não é importante. Como prova da falta de importância para mim é que não faço
qualquer pergunta a respeito de meu irmão ou de minha mãe. Sinto um alívio imediato quando
eles vão embora, mas o desconforto não passa totalmente. Clara coloca a mão em meu rosto,
faz uma carícia discreta. Clara sempre soube me ler sem precisar dos seus olhos, como se eu
fosse um livro em braile. Engraçado era que nenhuma outra pessoa conseguia fazer isso.

“Você quer ir embora?” Ela murmura.

“É, eu quero.” Respondo, baixinho. Sei que sua audição apurada pôde me escutar bem. Até
mesmo o modo forçado do sorriso que dei não passou despercebido. “Você se importa de
irmos agora? Acho que o Thor deve estar faminto.”

“Está me chamando de irresponsável, Pedro?” Ela falou em tom de brincadeira. A minha volta
percebo que as pessoas nos olham. Não estamos em clima de velório, ao contrário. Agora
tenho um enorme sorriso no rosto que só reflete o quanto eu a amo. Não sou o cara mais
família do mundo, nunca quis ter filhos, mas também não me casei forçadamente. Eu me casei
por amor. E foi a decisão mais acertada da minha vida.

Clara e todos os seus defeitos, todas as suas virtudes, tudo o que ela me ensina. Eu troquei
minha vida mais ou menos para amar plenamente alguém que faz de mim uma pessoa melhor
apesar de meus defeitos. De não ser uma pessoa que demonstra sentimentos, que prefere o
silêncio às palavras.
Naquele momento, em que eu estou sorrindo em clima de puro romance com minha
esposa, acredito que minha mãe e irmão devem pensar no motivo para eu sorrir daquela forma
se minha esposa não pode ver. As pessoas são restritas demais aos olhos. Minha Clara pode
não ter visão alguma, mas ela sabe como ninguém como eu me sinto. Não preciso falar ou
tentar esconder minhas emoções. Não sei como ou quando me tornei tão legível, mas
aconteceu e eu me aproveito disso.

“Estou.” Falo com falsa marra. “Vai fazer alguma coisa, hm?”

Ela riu baixo e parou a conversa ali. Deu um beijo discreto em meus lábios, levantou-se e
esticou a mão pra mim. Logo que me levantei começou a andar como se soubesse pra onde
estava indo, mas na verdade, não tinha ou sabia por onde andar. Eu devia ser seu guia e
estava atrás dela, segurando sua mão. Entretanto, gostei da atitude, porque mostrava que ela
se importava comigo.

Clara tropeçou numa cadeira logo nos dez primeiros passos. Comecei a rir
imediatamente. “Será que você não olha por onde anda?” Murmuro em tom de brincadeira,
envolvendo os dois braços em torno de sua cintura. Clara nega com a cabeça entre risos e diz
baixinho.

“Esqueci meus óculos em casa.” Clara diz ainda com o mesmo tom de brincadeira que eu a
pouco havia usado com ela. Era divertido viver com alguém que conseguia rir de si mesma.
“Será que você pode me guiar?”

“Sim, senhora.” Concordo com a cabeça.

E então, vamos embora. Não agüentava mais aquele lugar com todas aquelas
pessoas. São de minha família, sim, eu tenho noção disso, mas isso não torna aquele povo
mais suportável, ao contrário. Eu nunca fui o lado preferido da família, ao contrário. Tudo o que
eu consigo sentir naquele lugar era hipocrisia e olhares me julgando. No fundo, só conhecem o
lado de Benjamim dessa história.

Clara fez de mim um homem melhor. Curou feridas que ela nunca soube que existiam.
Nunca fez questionamentos a respeito de minha vida antes dela. Eu a amo incondicionalmente.
Ela havia se tornado, personificado, a forma de tudo o que eu precisava. Minha mulher. Minha
melhor amiga. Minha família. O amor da minha vida.

Algumas coisas nessa vida fazem com que a gente acredite ou desacredite na
humanidade. Eu estava em uma fase de meio termo. De verdade. Não era que eu tivesse
deixado de crer nas pessoas, eu só tinha visto muito mais coisas desagradáveis que
agradáveis nesse mundo. Talvez o que faça de mim um cara cético seja logo o meu trabalho.
De qualquer forma, minha doce esposa faz de mim o mais entusiasta dos homens.

Segredo costuma ser uma coisa dolorosa para as pessoas que o guardam. Ver minha
família e perceber que eu já quase não reconhecia a maioria deles me trouxe uma certa pane
em tudo aquilo que eu costumava acreditar. Sinceramente, quando Clara insistiu para que eu
fosse ao velório de meu pai, achei que eu fosse dançar em cima do caixão dele. Achei que ia
enfiar o dedo na cara da minha mãe e falar umas poucas e boas, mas não foi assim. Talvez eu
tenha usado um monte de coisas para mascarar o modo com que as coisas são de fato.

Isso me deixa acordado durante uma boa parte da noite. Clara dorme como um anjo ao
meu lado. Tudo na minha cabeça gira como se fosse um peão. Decido então que é melhor que
eu me levante e que faça um leite quente. Ao menos, se Clara der por minha falta, eu poderia
dizer para ela que estava simplesmente com fome. Não que eu costume ou goste de mentir
para ela, no entanto, não quero envolvê-la nos assuntos da minha família. E confesso que
adotei a família dela como minha.

Com as costas das mãos consigo reprimir um bocejo enquanto caminho até a cozinha.
Não temos uma casa grande, mas confesso que acho nossa casinha aconchegante.
Especialmente porque conquistamos trabalhando juntos. Cada um daqueles móveis e as
prestações que pagamos juntos. Esquento um copo de leite com achocolatado no microondas.
Clara e eu optamos por ter o aparelho pela praticidade. Eu costumo cozinhar pequenas
porções no final de semana e isso deixa tudo mais fácil para nós dois.

Por incrível que pareça, enquanto tomo o leite, tudo o que tinha para pensar fica
pequeno demais. Percebo que minha preocupação com o que eu sinto em relação aos meus
familiares é uma coisa boba, uma vez que dava para considerar os traumas que sofri estavam
curados para com todo mundo.

Exceto pelo meu irmão.

De repente eu percebo alguns passos e quando olho, não pertencem à Clara e sim ao
Thor. Dentro de casa, minha esposa é muito independente. Apesar de termos uma casa
pequena, adaptamos tudo dentro dela para dar a maior independência possível para minha
esposa. Dentro de casa eu não me preocupava se Clara estava segura ou se cairia nos
primeiros passos. Tudo ali era pensado para que ela tivesse a própria vida e só pedisse ajuda
quando ela julgasse necessário.

Eu sorrio. O labrador de pelagem amarela. Um cão-guia excelente, mas acima disso,


um excelente amigo. Ele veio em minha direção com aquele olhar de que queria saber o que
estava acontecendo. Eu acaricio seu pelo. Nem eu e nem ele precisamos de palavras, embora
eu finalmente consiga derramar algumas lágrimas por tudo o que aconteceu. Devo considerar
isso dentro de uma normalidade.

Capítulo Dois: A mudança que eu não gosto.

DOIS ANOS DEPOIS.

E
stava um pouco atrasado para o trabalho, mas eu tinha tantas horas extras lá que
ninguém reclamava se eu chegasse cinco ou dez minutos atrasado de vez em quando.
Eu gostava do que eu fazia, apesar de não ter sido o que eu escolhi fazer como minha
profissão. Pela minha infelicidade e descuido, eu cometi um erro incrível e acabei sendo
exonerado de meu cargo como policial. Eu sempre sonhei em pertencer a policia e fazer parte
da Divisão de Proteção à Criança e ao Adolescente. Às vezes, passo perto da sede dessa
divisão e fico encarando, pensando o quanto eu pude ser tão idiota.

Me encarei no espelho mais cinco minutos antes de sair e encontrar Clara na cozinha.
No começo, ela e eu costumávamos brigar bastante por conta da cozinha. Era uma atividade
que ela amava fazer, mas eu tinha medo que ela se machucasse. No entanto, eu aprendi a
respeitar e a saber que quando ela precisar de ajuda, Clara haverá de dizer. Acima disso, a
mãe dela sentou-se comigo e conversou sobre o quanto aquilo era importante para ela e que
ela havia feito alguns cursos antes de me conhecer.

Não sabia que existia um curso de culinária para deficientes visuais. Se ela estivesse
preparada para isso, tudo bem, mas ainda assim eu ficava prestando atenção em cada
movimento dela. E ela compreendia. Não era não soltar suas rédeas e querer colocá-la em
uma redoma de vidro para que não fosse independente, mas era apenas zelo. Não a
interrompia ou impedia que ela executasse qualquer tarefa sozinha, qualquer coisa que ela
quisesse tentar, mas estaria ali para qualquer coisa.

E se Clara estivesse feliz, eu também estaria.

“Você vai ficar aí com essa cara de pervertido?” Disse rindo quando percebeu minha presença.
Eu dou risada tapando minha boca com uma das mãos. Não quero estragar a brincadeira e
nem o clima. Era bom poder acordar daquela maneira.

“Eu te odeio.” Falo sem qualquer tom ameaçador, mas havia um sorriso enorme em meus
lábios. Segurei Clara por trás e a beijei na bochecha. “O problema é que você é muito bonita.
Até com esse avental aí.”
A mulher então me jogou um pano de prato que caiu muito longe de mim, mas ainda
assim, imito um gemido de dor bem falso. Ela bem sabe que errou muito longe de mim ou
talvez pense que me acertou, a final, era somente um pano de prato e não doeria se tivesse
acertado. Thor que está sentado perto da mesa com uma carinha de quem não está
entendendo muita coisa e tomba a cabeça para o lado, me fazendo soltar a risada.

“Eu errei tão feio assim?” Clara questiona e eu balanço a cabeça para concordar.

“Exatamente...” Falo ainda sacudindo a cabeça. “Mas pra compensar, Thor ta olhando com
aquela cara de fome.”

Eu ouvi minha esposa falar um palavrão. Normalmente, ela não fazia algo tão
inapropriado. A falta de costume com palavras deste calão fez com que sua pele adquirisse um
tom avermelhado adorável que deixava qualquer um hipnotizado. Entreabro os lábios como se
tivesse chocado, mas logo começo a rir. Thor late e tudo se acalma.

Clara coloca alguns pedaços de bolo gelado dentro de um recipiente e me entrega.


Não tenho nem sequer como negar porque a conheço bem o bastante para saber que ela daria
um jeito de me fazer levar o bolo, mesmo que eu não fosse comê-lo. Como estava atrasado,
apenas dei um beijo em Clara e saí.

O trânsito de Cáceres era realmente muito pequeno. Não tem nada parado ou coisa
nesse sentido e eu vou bem para meu emprego dirigindo. Sou professor de tiro num stand. É o
mais perto de adrenalina que eu vou chegar depois de ter sido exonerado da polícia por conta
dos meus erros. Eu sinto falta do clima da delegacia e a coisa toda, mas acostumei. Fiz novos
amigos e minha vida continuou de um jeito que eu realmente não esperava, mas ao mesmo
tempo não me deixou ficar acomodado como policial.

Entro no stand e já começo a falar com todo mundo que está por lá. Há um certo receio
de Clara quando saio para trabalhar, porque num assalto, eu reagiria. Não ia simplesmente me
render. Não existe policial que se renda pacificamente e, por mais que eu tenha sido expulso
da corporação, na minha veia ainda corre sangue de policial. Não gosto muito de deixar Clara
sozinha em casa, mas é necessário.

Assim que entro a recepcionista sorri pra mim. Todos dizem que ela me ama ou que
pelo menos têm um “caso mental” comigo. É uma loira muito bonita, apesar de gordinha para
os padrões de beleza. Se eu não tivesse minha Clara, com certeza, a chamaria para sair.

“Escuta, Pedro.” Ela diz. Eu paro e dou alguns passos para ficar parado em frente ao balcão
que ela trabalha.

“Fale, Andressa.” Digo.

“Ahn, um tal Benjamim tem ligado para cá a cada cinco minutos dizendo que precisa falar com
você com urgência, mas que ele não tem seu celular.” Ela disse com um peso na voz muito
semelhante ao cansaço apesar de ser apenas o começo do dia. “O que eu faço?”

O nome de meu irmão quando foi falado por Andressa foi um soco bem no meio do
meu estômago. Já havia dois anos que eu não o via e minha vida era normal e rotineira do jeito
que tinha que ser e ao mesmo tempo com o quê de adrenalina que eu precisava. No entanto,
meu irmão conseguia desestruturar tudo o que eu colocava no lugar dentro de mim. Andressa
continuou falando coisas das quais eu não prestei atenção. Não sabia se ela estava falando do
quanto incomodava que um parente de funcionário ligasse ou o problema estava no conceito
de que se alguém liga tantas vezes é porque pode ser sério.

No entanto, eu conhecia Benjamim e seus pedidos. Na verdade, eu conhecia Benjamim


e sua ingratidão. Isso é o que me deixa mais irritado com ele.

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