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TRANSFORMAÇÃO DE COLONIAL PARA PÓS-COLONIAL.

A natureza da agência na LA está, até certo ponto, relacionada à colonialidade da língua


inglesa anteriormente mencionada. A história da língua inglesa mostra que sua coloração
colonial tem quatro dimensões interligadas acadêmica, linguística, cultural e econômica (veja
e Kumaravadivelu, 2003). A dimensão acadêmica do inglês se relaciona aos modos por meio
dos quais os pesquisadores ocidentais, inescrupulosamente, promoveram tal e ao seus
denegrir próprios interesses disseminar o ao conhecimento ocidental o conhecimento local. A
dimensão linguística se refere aos modos pelos quais os conhecimentos e o uso de línguas
diferentes do inglês não foram tematizados mais amplamente cultural enfatiza, de forma não
problemática, a conexão entre a língua inglesa e as crenças e na pesquisa em LA. A dimensão
práticas culturais ocidentais. Essas três dimensões estão associadas a uma dimensão
econômica muito importante que aumenta os empregos e a saúde da economia de países que
falam inglês por meio da indústria mundial de ensino de inglês. Coletivamente, então, essas
quatro dimensões coloniais serviram e continuam a servir aos interesses da LA.

Nessa época de globalização cultural, as quatro dimensões coloniais do inglês se acentuam


por causa de sua ameaça às identidades linguísticas e culturais. Tem havido tentativas da
parte de líderes políticos e organizações profissionais, em várias partes do mundo, de
"higienizar” a língua inglesa de sua bagagem cultural e política e focalizar seu valor
instrumental para a comunicação internacional e intercultural. Por exemplo, no Oriente
Médio, um grupo de lingüistas aplicados formou recentemente uma organização pro-
fissional para promover a educação em inglês para melhor servir aos interesses
sociopolíticos, socioculturais e socioeconômicos do mundo islâmico. Segundo o que se
encontra no site de sua associação (www.tesolislamia.org), tais lingüis- tas aplicados querem
ter uma atitude crítica em relação ao que chamam de LA "tradicional", particularmente em
educação e pesquisa em inglês.

Embora o campo da LA, como um todo, não tenha mostrado nenhum interesse por esses
desenvolvimentos globais, há sinais de que um segmento dos pesquisadores começou a
prestar atenção a eles. O engajamento profissional recente, apresentado em volumes tais
como os que foram editados por Hall & Eggington (2000), Ricento (20002), Block &
Cameron (2002) e Tollefson (2002), marca uma iniciativa muito bem-vinda. Os participantes
desses volumes apresentam sugestões úteis para tratar das implicações teóricas e pedagógicas
da globalização. Contudo, há também uma tendência paralela de usar a globalização como
pretexto para fazer a linguagem não mais que “um veículo para a afirmação de valores e
crenças similares, e para que os falantes desempenhem identidades sociais e papeis similares.
A linguagem se torna um produto global disponível em diferentes sabores locais" (Cameron,
2002: 69-70).

Deve-se ter cuidado com o uso do vocabulário pós-moderno e pós- imperial para não
mascarar tentativas de preservar o status quo. Exemplo notável disso se encontra em uma
proposta recente de Wright (2004) livro Language Policy and Language Planning: from
Nationalism to no Globalization. Nesse livro, ela faz uma louvável apresentação, com muitas
referências, de conceitos tais como política de identidade, nacionalismo pós-nacionalismo
situando-os todos no contexto de política e planejamento linguísticos. Contudo, conclui que a
única solução para o problema linguístico que o mundo globalizado enfrenta está na
necessidade de todas as pessoas no mundo se tornarem bilingues. Recomenda que as pessoas
devem aprender "a as pessoas de língua de seu grupo", que é, na maioria dos casos, a sua
língua nativa, e "a língua de difusão maior", que, claro, é o inglês. Ela afirma que “a língua
do grupo possibilita a socialização, o enraizamento, continuidade e identidade e a língua de
difusão mais ampla permite acesso à educação superior, a redes internacionais, à informação
no campo internacional, à mobilidade social e geográfica" (Wright, 2004: 250). O que ela
evita discutir é a possibilidade clara de que, para todos os propósitos práticos, seu tipo de
bilinguismo para o mundo significaria somente uma coisa: os falantes nativos de inglês se
dariam ao luxo de permanecer monolingues, ao passo que outros teriam de aprender a sua
língua.

A questão não tem a ver com o fato de que aqueles que não falam inglês ao redor do mundo
deveriam aprender inglês ou não. A globalidade da língua e a conectividade da economia
mundial garantirão que o inglês continue a reinar de modo supremo. A questão que deve ser
enfrentada pela comunidade da LA refere-se à dificuldade e à discriminação enfrentadas por
falantes não- nativos de inglês, assim como o poder e o privilégio desfrutados pelos falantes
nativos de inglês. Wright parece não estar consciente de que, como Phillipson (2003: 140)
observa, no contexto de política linguística da União Europeia

O problema aqui diz respeito ao fato de ser ou não adequado ter a expectativa de que um
falante estrangeiro de uma língua deva usar a língua exatamente como um falante nativo.
Qualquer pessoa que se expressa regularmente em uma língua estrangeira conhece bem o
desafio enfrentado para se expressar, com o mesmo grau de complexidade, persuasão e
correção de sua língua materna.

Ao perguntar se os monolíngues na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos conseguem ver o


problema, uma vez que os outros são obrigados a se expressar em inglês, Phillipson (2003:
141) afirma: "Aqueles que se envolveram no processo laborioso de aprender uma segunda
língua bem, e a usam regularmente, estão provavelmente em melhor posição para
compreender a situação de dificuldade dos usuários de inglês ou francês como língua
estrangeira".

Wright (2000) reconhece as vantagens desfrutadas pelos falantes nativos de inglês e as


desvantagens enfrentadas pelos profissionais não-nativos. Apesar das injustiças evidentes, ela
acaba por profetizar um resultado igualitário:

pode haver todas haver língua as vantagens naturais àqueles que possuem uma hierarquia que
coloca a OS do poder e pode falantes não-nativos em uma posição inferior, mas, quanto mais
a língua usada em mais e mais espaços, as vantagens são distribuídas mais amplamente
(Wright, 2000: 250).

Ao aparecer na penúltima página do livro, explicada, deixa para o leitor se a esta alegação,
que não é compreensão de como e quando as ampliarão; mesmo as vantagens de quem serão
ampliadas. O até ou crítico cultural Walter Mignolo (1998: 41) sucintamente apresenta a
ques- tão: "O problema não é tanto o número de falantes, mas sim 0 poder hegemônico de
línguas coloniais no domínio do conhecimento, na produção intelectual e nas culturas da
academia".

Há ainda outra problemática a ser tratada. Qualquer transformação significativa do colonial


para o pós-colonial necessariamente requer novos modos de investigação em LA. Precisamos
questionar se e até que ponto a grande maioria de abordagens positivistas na pesquisa em LA¹
confina a área a um perímetro limitado. Como Linda Tuhiwai Smith (1999: 5) afirma, em seu
livro clássico Decolonizing Methodologies, "a pesquisa não é um exercício acadêmico
inocente ou distante; é uma atividade que tem interesses em jogo e que ocorre dentro de uma
série de condições políticas e sociais". Ela argumenta corretamente que "a maioria das
disciplinas 'tradicionais' baseiam-se em visões culturais do mundo que são ou antagônicas a
outros sistemas de crenças ou não têm metodologia para lidar com outros sistemas de
conhecimento" (Smith (1999: 65). A pesquisa em LA, com sua natureza intercultural,
interlinguística e interdisciplinar, tem de transcender a abordagem positivista e experimentar
outras possibilidades. Os antropólogos reconheceram há muito tempo que seu campo, nas
palavras de C. Geertz (1973: 5), “não é uma ciência experimental à procura de leis, mas um
campo interpretativo em busca do significado". Da mesma forma, o objetivo da pesquisa em
LA que é informado pelas filosofias pós-modernas e pós-coloniais não está em busca de leis,
deve antes estar em busca do significado.

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