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Resumo: Este artigo propôs a realizar uma análise preliminar dos erros lexicais presentes em
textos escritos por falantes de inglês, aprendizes de português como segunda língua (L2), uma
vez que a análise dos erros de aprendizes de uma L2 tem sido considerada significativa para a
teoria linguística, pois esta reflete os artifícios e procedimentos empregados pelos indivíduos
para aprendizagem de L2. Além disso, segundo Figueiredo (2004), a Interlíngua pode ser
caracterizada como um continuum entre a Língua Materna (L1) e a segunda língua (L2), este
que contém uma série de estágios delineados pelo tipo de erros que são produzidos pelo
indivíduo, durante a aprendizagem da L2. Para tal, foram analisadas as redações produzidas
por alunos matriculados no curso “Português para Estrangeiros”, oferecido pelo Núcleo de
Línguas da UFAM (Nucli). Posto que a Interlíngua é considerada variável, pois pode mudar
ao longo do tempo, ela pode sofrer interferência da L1, mas também é criativa, já que pode
apresentar regras próprias. Dessa forma, será feita a análise de diferentes tipos de erros
encontrados nas produções escritas dos aprendizes, classificados em: Erros Interlinguais, que
são provenientes da interferência da Língua Materna (L1) do aprendiz; Erros Intralinguais,
que não possuem influência da L1 do aprendiz, compreendendo os Erros Desenvolvimentais,
cometidos por aprendizes de uma L2 semelhantes aos cometidos por falantes nativos que
desconhecem a norma padrão da língua ou por crianças processo de aquisição de escrita da
L1, e os Erros Únicos, que são erros cometidos unicamente por aprendizes de uma L2; Por
fim, os Erros Ambíguos, que são oriundos de erros Interlinguais e erros Desenvolvimentais.
Assim, serão expostos exemplos de erros, classificações e a exposição das estratégias
utilizadas pelos alunos, com o propósito de fazer com que o processo de Interlíngua seja
apreendida por parte dos alunos e professores da área de linguística, de modo que promova a
criação de mecanismos a serem utilizados no processo de ensino-aprendizagem de português
como segunda língua (L2).
Palavras-chave: Analise. Erros. Interlingual. Intralingual. Português.
1. Introdução
1
Agradeço à Universidade Federal do Amazonas pela bolsa de estudos.
finalidade de auxiliar o processo de ensino-aprendizagem e para ajudar a uma melhor
compreensão do que se trata a Interlíngua.
Para análise dos erros, foram utilizadas redações produzidas por alunos matriculados
no curso “Português para Estrangeiros”, oferecido pelo Núcleo de Línguas da UFAM (Nucli),
considerando a ocorrência de erros lexicais e morfológicos na interlíngua produzida em textos
escritos por alunos falantes de inglês. A análise teórica teve por base estudos como os de
Durão (2004), acerca da teoria da Análise Contrastiva (AC), cotejando o léxico e morfologia
do inglês e do português, que serviu para observar quais os processos que estão motivando os
erros interlinguais. A análise e classificação dos erros também se basearam nos estudos de
Figueiredo (2004).
Utilizou-se também Cagliari (1989) para melhor entendimento dos Erros
Desenvolvimentais, visto que o autor analisa erros cometidos por crianças em processo de
aquisição da escrita da Língua Materna (L1), semelhantes aos Desenvolvimentais, que são
erros cometidos por falantes que não dominam a norma culta de sua L1.
Assim, após a base teórica do artigo (seção 2), serão expostas a coleta de dados (seção
3.1) e análise do corpus (seção 3.2), a qual compreende os Erros Interlinguais presentes no
item 3.2.1, os Erros Intralinguais (3.2.2), divididos em Desenvolvimentais (3.2.2.1) e Únicos
(3.2.2.1) e, por fim, no item 3.2.3, os Erros Ambíguos.
2. Referencial Teórico
A metodologia deste artigo divide-se entre a coleta de dados e análise destes dados.
Descreveremos a seguir, como se deu a coleta de dados e o que se estendeu a partir dela.
Uma marca comum da ortografia do inglês é a duplicação das consoantes, como nas
palavras “account” ou ‘fall”. No exemplo abaixo, ‘accidentes’ é o resultado do apoio gráfico
do inglês: ‘accident’ em ‘acidentes’.
(1) Com esforço incansável, descobri que os mortos através accidentes nas ruas
contribuem uma parte grande nos mortos hoje em dia.
No inglês, o dígrafo vocálico ‘ou’ pode ser pronunciada como [u] em you [ju] e
through [θru] ou [ʌ] em couple [ˈkʌpəl]. No exemplo (4), ‘tourism’ [ˈtʊˌrɪzəm] assemelha-se
à pronúncia e escrita de ‘turismo’ [tu.ɾˈiʒ.mu] do português, dessa forma o aprendiz emprega
a forma escrita ‘ou’ (própria do inglês) para equivaler à pronuncia de [u], gerando o erro de
apoio ao sistema fonético/fonológico e gráfico na L1.
(2) Como seres humanos, de vez em quando é preciso de visitar lugares tal como,
praias, sites de tourismo e museus para aliviar os nossos estresses e admirar a natureza
também.
(3) Em primeiro lugar, comida tal como pão, feijão, carne, peixe, frango, batata
frita e doces são uma parte da cultural brasileira. (brazilian culture)
De acordo com Figueiredo (2004), o indivíduo comete um erro pois uma dada
distinção gramatical existe na língua-alvo, porém não existe em sua Língua Materna.
Embora nosso trabalho seja focado nos erros lexicais, mostraremos também, erros de
nível morfológico, uma vez que a concordância nominal pertence ao nível morfossintático da
língua.
Os substantivos e adjetivos da língua portuguesa flexionam em gênero e número,
conforme Silva e Kock (2003) apresentam-se poucas diferenças entre substantivos e adjetivos,
pois ambos são marcados por vogais temáticas, contudo os adjetivos estão quase
exclusivamente distribuídos nas formas em –e –o e em consoantes. A marcação flexional
nominal de gênero, no português, pode ocorrer de diversas maneiras, pode ser caracterizada
através da oposição à forma do masculino pela adição do morfema ‘a’ para a forma feminina
e para o masculino a não-marcação ou morfema Ø, exemplo: professorØ – professora 2; pela
alteração da vogal temática do nominal masculino ‘e’ ou ‘o’ para ‘a’ do feminino, exemplos:
mestre – mestra, menino – menina; e por distinção sem flexão: o/a cônjuge, o/a intérprete.
Silva e Kock (2003) salientam também que nem todas as palavras são marcadas
flexionalmente, temos, por exemplo, ‘livro’, ‘parque’, ‘vítima’, ‘sabão’, em que a vogal final
não indica gênero, mas simplesmente registra a classe gramatical. Ainda que não marcadas
flexionalmente, essas palavras admitem a anteposição de um artigo, como ‘o livro’, ‘o
parque’, ‘a vítima’, ‘o sabão’. Assim sendo, a flexão de gênero nos nomes em português é um
traço redundante, tendo em vista que a predominação do gênero se dará efetivamente pelo
artigo e não pelo nome em si.
Em se tratando de marcação de número, segundo Silva (2003), podemos denominar
como a oposição do singular (não-marcado), representado pelo morfema Ø, com o plural com
marca própria representado pelo morfema –s, empregados em nomes terminados em vogais
orais ou nasais, terminados em –m, em ditongos orais ou em ditongos nasais átonos e alguns
tônicos, exemplos: pajé – pajés, fórum – fóruns, troféu – troféus, irmão – irmãos. Foge da
regra geral, estruturas vocabulares que sofrem mudanças morfofonêmicas, como nomes no
singular terminados em –s (precedidos de vogal tônica), –r, –z e –n, por exemplo: mês –
meses, vez – vezes, cânon – cânones; nomes terminados em –l precedidos por vogal diferente
de ‘i’, o plural é expresso pela forma –is: papel – papéis, azul – azuis, litoral – litorais; nomes
terminados em –l precedidos pela vogal ‘i’, troca o ‘l’ por ‘s’: fuzil – fuzis; além dos sufixos –
inho e –zito: anelzinho – aneizinhos, cãozito – cãezitos. Outras duas situações especiais, são
os nomes que representam o coletivo, na qual sua forma singular envolve uma significação
plural e de nomes terminados em –s e –x: este tórax – estes tórax.
A seguir, mostraremos erros interlinguais decorrentes do uso incorreto da
concordância de gênero e número.
2
Outras formas de marcação de gênero no português são: a subtração para dar a forma feminina, como
em órfão – órfã, ladrão – ladra, réu – ré; a alternância vocálica, de ô (fechado) para ó (aberto): vovô – vovó além,
da sufixação, no feminino, barão – baronesa, conde – condessa, imperador – imperatriz.
1.2.1.3.1 Erros interlinguais cometidos por uso incorreto de concordância de
gênero.
(4) Gostaria de salientar que todos de nós têm um parte a implementar uso de
cinto de segurança, ou seja, os motoristas e os passageiros.
3
Dentre os pronomes do inglês, apenas os pessoais do caso reto e oblíquo e possessivos possuem
distinção de gênero. Os pronomes pessoais do caso reto ‘he’, ‘she’ se referem especificamente a seres humanos
do gênero masculino e feminino; o pronome neutro ‘i’ refere-se a cidades, animais, objetos, ideias, sentimentos e
coisas em geral; e no plural, o pronome ‘they’ pode ser utilizado como masculino, feminino ou neutro. Os
pronomes pessoais do caso oblíquo (ou objeto) ‘him’, ‘her’ e ‘it’ referem-se respectivamente ao gêneros
masculino e feminino e neutro; no plural, o pronome ‘them’ pode ser utilizado para os três gêneros. E os
pronomes possessivos, ‘his’ (masculino), ‘her/hers’ (feminino) e ‘its’ (neutro) não se flexionam e possuem a
mesma forma para o plural.
(5) [...] fazer os atividades como aroma terapia e saber como pintar [...].
(6) [...] você vai ter um chance de formar os bons amizades com os seu
compradores [...].
(7) Encaminho desta afim de alertar-lhes sobre a doença chamada o dengue, que
tinha surgido ultimamente [...]
Em um primeiro momento, acreditamos que o aprendiz generalizou o emprego do
artigo no gênero masculino pois os vocábulos não terminam em vogal temática ou flexão de
gênero “a”. A mesma generalização também ocorreria em vocábulos terminados com
consoante, conforme exemplo abaixo:
(10) Demais, o trangênico pode acabar não só com as plantas naturais que possuem
um verdadeiro cargo na vida dos seres humanos, mas também, com a agricultura familiar que
é o melhor maneira dos pobres de achar recompensa.
Por sua vez, nos exemplos 11 e 12, demonstram que o aprendiz não está generalizando
a ocorrência da vogal “o” que poderia ser interpretada como gênero masculino, uma vez que
emprega artigos flexionados em gênero feminino com substantivos de gênero único
masculino.
(11) Quando uma órgão está alterada o papel da essa órgão está alterada também.
Deste modo, nota-se que a concordância de gênero no português para o falante nativo
de inglês, é um trabalho muito dificultoso, visto que as palavras ‘a raiz’, ‘as verduras’, ‘a
maneira’, ‘um órgão’ e ‘os médicos’, na língua inglesa, respectivamente, ‘the root’, ‘the
vegetables’, ‘the best way’, ‘an organ’ e ‘são substantivos de gênero neutro,
consequentemente, o aprendiz escolhe empregar o gênero gramatical no artigos de forma
aleatória.
Consideramos, mais uma vez, que os gêneros dos nominais e artigos são empregados
aleatoriamente, pois como podemos ver no exemplos 16 e 17, o aprendiz utiliza a contração
de + a para substantivo terminado em vogal temática “o” (cinto) e a contração de + os para
substantivo classificado por em vogal temática ‘a” (característica), isso se deve, também, ao
fato que os gêneros dos substantivos “seat belt” e “caracteristic” do inglês serem neutros.
(15) Muitas pessoas estão ignorante, porque eles não acreditam no uso da cinto de
segurança ou simples não têm responsabilidade.
(17) De acordo com um espertos e especialistas nesse área, as pessoas que usam
cinto no banco traseiro são asseguradas de evitar 45% risco do morte durante os acidentes.
Por outro lado, o aprendiz pode não realizar a contração de preposições com artigos,
pois em sua L1, inglês, não existe tal traço gramatical, como ‘Eu estou indo à praia’ – ‘I’m
going to the beach’. Assim no exemplo 18, o aluno acerta o gênero do nome que está se
referindo (lei), porém, por não saber que neste caso ele deveria juntar as duas formas (de +
essa = dessa), ele opta por empregar as duas formas ‘da’ e ‘essa’.
(18) O que é muito absurdo sobre esse assunto também é, cidadões são cientes da
essa lei e sempre ouvem notícias.
(19) [...] também dedicar o seu tempo para trabalhar lá para seu ideia a ser um
sucesso [...]. (your idea)
(20) O fato é, cada região tem seu comida típica e pratos principais. (your typical
food)
(21) Esse atração turística foi descoberta faz muito tempo [...]. (This tourist
attraction)
(22) Eu sei não vai ser fácil para abrir esse loja porque você tem que procurar
80.000 R$ para abrir esse loja [...] (this store)
Ocorreu também com pronome indefinido “algum” (some), além de não fazer
concordância de número, o aprendiz não emprega a flexão de gênero:
(23) Por exemplo mandioca, farofa de mandioca, pão, açúcar e algum frutas. (some
fruits)
(24) Porque se você abrisse esse loja você vai beneficiar muito porque você tem um
chance alto de sucesso porque as lojas que paracem o seu ganharam 150 bilhões para o
economia do Brasil [...].
(25) [...] você vai ter um chance de formar os bons amizades com os seu
compradores e ter os compradores que estão mais comtando e mais vontade para visitar o seu
lojar.
(27) Ela deposita seus ovos nos lugares sujas e umidas como lixos, águas sujas nos
esgotos, pneus e latas.
Como na língua inglesa a maioria dos substantivos são neutros, o aprendiz não
consegue distinguir, no português, se o substantivo deve ser masculino ou feminino. Os
exemplos 29 e 30, podemos ver que o aprendiz faz tentativas de empregar forma neutra para
os substantivos ‘hurt’ (ferido/ferida) e ‘bite’ (picado/picada).
(29) Para ser feliz sem ferido no corpo ou morto da uma pessoa próximo, aconselho
cinto de segurança para todo mundo. (hurt)
(30) [...] a dengue é causada pelo picado pelo um mosquito que traz consequências
mais graves. (bite)
De acordo com o que foi dito acima, os adjetivos não flexionam em número, adiciona-se,
portanto, apenas nos substantivos. Porém, no corpus analisado, encontramos apenas
um erro de concordância de número entre substantivos e adjetivos.
(31) Por exemplo a maioria das vezes as pessoas que visitam aqui gostam de brincar
com as tartarugas e outros grande peixes. (big fishes)
(32) De acordo com um espertos e especialistas nesse área, as pessoas que usam
cinto no banco traseiro são asseguradas de evitar 45% risco do morte durante os acidentes.
(the smart)
(33) [...] você vai ter um chance de formar os bons amizades com os seu
compradores e ter os compradores que estão mais comtando e mais vontade para visitar o seu
lojar.
No exemplo 33, podemos ver que o aluno já emprega o artigo e seu núcleo no plural,
porém ainda não flexiona o pronome, deixando ‘seu compradores’.
Segundo Grosjean (1982, p. 204, apud MELLO, 1999, p.86), o code-switching ocorre
quando duas línguas são usadas alternadamente na mesma enunciação ou entre turnos de fala,
pois o aprendiz percebe que tem dois códigos disponíveis para se comunicar e habilmente os
alterna como recurso expressivo. Este processo promove os erros considerados por Figueiredo
(2004) como code-switching.
Dessa forma, este tipo de erro ocorre naturalmente em situações de bilinguismo e com
o intuito de dar prosseguimento ao ato comunicativo, o aprendiz acaba por variar na mesma
sentença palavras das duas línguas, segundo Ervin-Tripp (1972, apud MELLO, 1999), essa
variação decorre de quatro fatores essenciais: o local onde se passam as interações do
aprendiz (ambiente formal ou informal); seu estado socioeconômico, origem étnica ou relação
interacional (chefe – empregado, mãe – filho, etc.); acadêmico-profissional; e a função da
interação (ordem, pedido, agradecimento, etc.). Podemos ver, a seguir, dois exemplos em que
o aprendiz emprega palavras de sua L1, em sentenças de língua portuguesa:
(34) Esse atração turística foi descoberta faz muito tempo durante a colinização do
Brasil pelo portugal e esse site de turística é muito grande de 20 miles.
(35) Contanto que, os médicos são seres humanos que não compreendem
completamente o sistema incrível do corpo, uma expectative não pode ser realizada por causa
da inexperiência entre as outras coisas.
Nos exemplos 34 e 35, o aluno não sabe ou não lembra os termos corretos a serem
utilizados e decide colocar a palavra em inglês para dar continuação a comunicação, no caso
‘miles’ refere-se a ‘milhas’ (distância) e ‘expectative’ refere-se a ‘expectativa’.
(36) Agora esse lugar é um parque nacional do Brasil que ajude as generações.
(generations)
(37) [...] uma planta recebe gene de outra espécie através da biotecnologia para
gerar um gene que o torna resistante. (resistant)
Nos exemplos 36, 37 e 38, o aluno alterna a estrutura do inglês com o português em
uma mesma palavra para dar seguimento ao processo comunicativo. Em ‘generações’,
‘resistante’ e influêncida’ ocorrem os seguintes processos: ‘generations’ + ‘gerações’;
‘resistant’ + ‘resistente’ e ‘influenced’ + ‘influência’.
A tradução literal é outro artifício utilizado pelo aprendiz em traduzir palavra por
palavra, separadas do contexto, não contendo significação alguma por parte do interlocutor,
como podemos ver a seguir:
(39) Ivo Pitanguy, o médico que tem educação e sabe os efeitos negativos nos
aconselha para não sequer dar um olhada ou seja nem pensa para fazer cirurgia plástica.
No exemplo 39, ocorre a tradução literal da expressão do inglês ‘give a look’ (dar uma
olhada), em que o aprendiz traduz separadamente cada termo desta expressão: ‘give’ (dar), ‘a’
(um), ‘look’ (olhar/olhada).
Em ‘necessary to have’, exemplo 40, o ‘to’, no inglês, tanto é marcador de infinitivo
verbal quanto preposição (para), assim, consideramos que ele traduziu separadamente cada
termo: ‘necessary’ (necessário), ‘to’ (para), ‘have’ (ter).
(40) Então, é necessário para ter jogos como Xadres e quebra cabeças entre outro
jogos intelectuais.
Os erros intralinguais são, segundo Richards (1971, 1974 apud FIGUEIREDO, 2004,
p.76), “os resultantes da aprendizagem de uma língua-alvo que não refletem a influência da
Língua Materna do indivíduo.”.
Torre (1985) explica que os erros intralinguais são resultados de características da
língua-alvo que podem interferir na produção de outra palavra na mesma língua, aqueles em
que todos os aprendizes, independentes de sua “bagagem” linguística, estão sujeitos a
cometer. Por isso, segundo o autor, os aspectos difíceis de uma língua serão difíceis em
qualquer parte onde ela for estudada.
Dessa forma, dividem-se os erros intralinguais em desenvolvimentais e únicos.
(41) Indo mais profundo, ele impedi os passageiros a não arremesam para frente no
caso do carro bate o outro.
(42) Alguns trângenicos de animais como cachorro podem conduzir a uma espécie
de cachorro cruel qui fica ferindo as donos de casa.
(43) [...] foi introduzida para tentar a salvar as vidas das pessoas que seria involver
numa batida entre os carros.
(44) Sementes transgênias usadas cada vez mais frequentes nas plantações
diminuim a qualidade dos alimentos porque, os estudos das sementes são insuficientes para
provar que esses espécies não trazem risco à saúde e ao ambiente. (diminuem)
Por sua vez, no exemplo 45, o aprendiz pode ter transcrito do modo que fala ou que
ouve, na qual se utiliza [u] em vez de [o].
(45) Estava muito doente até ele não pudia cuidar e nem comer direito.
No exemplo 46, na palavra “seios” [sˈej.ʊʃ] as letras “se” tem o mesmo som de “ce”,
como nas palavras “cedo” [sˈe.dʊ] e “sucesso” [su.sˈɛ.sʊ]. Deste modo o falante prefere
utilizar ‘c’ em vez de ‘s’.
(46) Em 2013, cerca 66% morrerem no meu pais tenham cancer dos ceios delas.
Nos exemplos 7 e 8, o aprendiz erra ao usar a letra “m” em vez de “n” nas palavras em
‘conforme’ [kõ.fˈɔɦ.mɪ] e ‘enfrentando’ [ĩ.fɾẽ.tˈɐ̃.dʊ], porque não sabe ou se esqueceu que
“m” só é utilizado antes de “p” e “b”, ou porque conhece palavras que tenham dígrafos
vocálicos tanto com “m” quanto com “n” e decide empregar da forma que preferir.
(49) Mais uma vez, eu sei que as vezes nossas estrelas mundial fazem por causa de
que a pessoa e feia ou outra pensamento ou rasão.
(50) O cinto de segurança pode diminuir o risco da morte porque lhe prevene a
possibilidade para projetar as pessoas fora de carro [...]
De acordo com Cagliari (1989), estes são erros de troca, supressão, acréscimo ou
inversão de letras, pois a criança em aquisição de escrita ainda não domina bem o uso de
certas letras, como a distribuição de ‘m’ e ‘n’, ‘v’ e ‘f’, ‘t’ e ‘d’. Temos, por exemplo, a troca
de ‘f’4 por ‘v’5 em “voi” (foi); ou troca de “v’ por ‘b’ 6 na palavra “bida” (vida), o oposto
acontece em “save” (sabe).
Consideramos desenvolvimentais, também, erros pela modificação de estrutura
segmental das palavras, pois constatamos que os estrangeiros aprendizes de português como
4
Consoante labiodental fricativa desvozeada.
5
Consoante labiodental vozeada.
6
Consoante bilabial vozeada.
L2 tiveram erros semelhantes aos que crianças cometem no processo de aquisição da L1, sem
interferência de outra língua.
(51) Contanto que, os médicos são seres humanos que não compreendem
completamente o sistema incrível do corpo, uma expectative não pode ser realizada
por causa da inexperiência entre as outras coisas.
Cagliari (1989) aponta que no processo de aquisição de escrita costuma-se juntar todas
as palavras, já que na fala não há separação de palavras, a não ser quando marcada pela
entonação do falante, por exemplo: “jalicotei” referindo-se à “já lhe contei”.
Em outras ocasiões que, segundo Cagliari (1989), podem ocorrer casos de separação
indevida, em função dos grupos tonais do falante, ou pelo conjunto de sons ditos em
determinadas alturas, um dos critérios que a criança utiliza para dividir sua escrita.
No exemplo 53, o aprendiz faz a separação da palavra “enfim”, pois considera que há
uma pausa na primeira sílaba [ẽN], desse modo acaba dividindo-a em duas:
Segundo Cagliari (1989), alguns erros pelo uso indevido de acento são gerados a partir
da semelhança ortográfica entre formas com e sem acento, os aprendizes, por exemplo,
podem confundir ‘e’ (sem acento) com ‘é’ (com acento). Isto porque, segundo o autor, é
normal que o aprendiz saiba que certas palavras, de uso comum, tenham acento.
Nos exemplos 54 e 55, há a acentuação das palavras “aroma” e “exposto”, isto ocorre
porque o aprendiz leva em consideração a vogal fechada ‘o’, que em certas palavras como
“avô”, “pôs” e “robôs” são acentuadas.
(54) Não só esses produto, como também, pode oferecer cursos como curso de
pintura e curso de arôma terepia.
(55) [...] antes, a tinta no papel era o sangue do confidente, do amante, do amigo,
expôsto de forma espontânea e verdadeira.
Como mencionado, Cagliari (1989), aponta que este tipo de erro é gerado a partir da
semelhança ortográfica de outras palavras, como em “Nós” que é ortograficamente
semelhante a “nos”, que pode ser a junção preposição ‘em’ + ‘os’ ou pronome oblíquo átono
da primeira pessoa do plural.
(56) Nós últimos tempos, não resta dúvida que a maioria das pessoas recorre à
cirurgia plástica. (Nos)
Segundo Dulay e Burt (1974, apud Figueiredo, 2004) os erros intralinguais únicos,
como os desenvolvimentais, são resultantes de hipóteses em relação à língua-alvo. Porém, não
são produzidos por crianças que aprendem sua L1, ou por pessoas que não conhecem a norma
padrão de sua L1, são chamados assim por serem cometidos unicamente por aprendizes de
uma L2, sem interferência da Língua Materna do aprendiz estrangeiro.
No exemplo 59, consideramos erro único, pois “carna de açúcar” não provém de uma
analogia do termo em inglês “sugar cane”, nem pode ser considerado um erro intralingual
desenvolvimental, pois este tipo de erro não é semelhante aos cometidos por falantes nativos
de português.
Por outro lado, o erro em “azeito” pode ter sido promovido pela semelhança
ortográfica de “azeitona”, porém esta hipótese é contingente, dessa forma, consideramos erro
único.
(59) Vale lembrar que cada região tem peixe especial os africanos estão marcado
com carna de açúcar, e mandioca e azeito.
No exemplo 60, temos um erro pela adição de ‘r’ na palavra “loja”, em que não
podemos dizer qual é a influência deste erro.
(60) [...] você vai ter um chance de formar os bons amizades com os seu
compradores e ter os compradores que estão mais comtando e mais vontade para
visitar o seu lojar.
Os erros ambíguos, segundo Figueiredo (2004), são aqueles que podem ser
considerados resultantes da influência da língua portuguesa (interlinguais) ou semelhantes ao
cometidos por crianças que adquirem uma Língua Materna.
(61) Através de celulas, computadors e os tablets.
(63) Cirurgia plastica está ajudando pessoas que estão sofrendo [...] (plástica)
(64) Terá também alguns jogos que exercitam a memoria [...] (memória)
(65) Eu te aposto que, você jamais arrependa nesse investimento, que acrescenta
150 R$ bilhões lucros para a economia brasileira por ano e ainda dobrará ate 2025.
(até)
(66) Indo um pouco mais a fundo, o uso acabará com especies nativas e com a
agricultura familiar [...] (espécies)
No exemplo 67, a palavra “cancer” do inglês não possui acentuação gráfica, o que
pode ter gerado este erro, por sua vez, falantes nativos de português também podem não
acentuar essa palavra, o que torna um erro ambíguo.
(67) Cirúrgia plástica está ajudando pessoas que estão sofrendo duma doença tal
como cancer. (câncer)
No exemplo 68, o aprendiz não emprega o acento gráfico na palavra ‘varios’ nas duas
vezes em que aparece, eliminando a possibilidade de esquecimento do emprego do acento.
(68) Tem varios animais, que árvores, estilos de montanhas e mar que tem varios
tipos dos peixes.
No exemplo 69, considera-se um erro ambíguo, pois podemos ter um erro interlingual
pela transferência de estrutura da palavra ‘obligatory’ do inglês, ou um erro intralingual
desenvolvimental, em que na sua fala troca a letra ‘r’ pela ‘l’.
(69) Há alguns tempos, foi obligatória em todo Brasil o uso de cinto de segurança e
com toda a certeza, os accidentes foram reduzidos.
(71) Por exemple, é verdade que através o transgênico, o indivíduo pode se deparar
com aumento da proditividade, mas além disso, ele carrega o risco de bastante
doenças.
Nos exemplos 70 e 71, ‘exemple’ pode ter recebido o apoio gráfico da palavra inglesa
‘example’ ou pode ter ocorrido um erro intralingual desenvolvimental de modificação da
estrutura segmental pela troca da letra final ‘o’ de ‘exemplo’ por ‘e’.
4. Considerações Finais
Em suma do que foi analisado, constatou-se que os maiores tipos de erros encontrados
nas redações escritas pelos aprendizes de português como segunda língua (L2) foram em
função da flexão de gênero e da acentuação gráfica. Isto se justifica, pois a flexão de gênero
dos nominais no português é uma tarefa árdua para falantes de inglês, visto que, na sua
Língua Materna (L1), a maioria dos substantivos que se referem a funções/profissões possuem
apenas uma forma para os gêneros masculino e feminino, além disso, no inglês temos o
gênero neutro que serve para denominar objetos, animais, lugares, substantivos abstratos e
coisas em geral o que dificulta ainda mais, já que no português existem apenas os gêneros
masculino e feminino. Em se tratando de erros em relação à acentuação gráfica, este tipo de
erro ocorre, pois palavras do inglês não possuem a acentuação, exceto as de origem
estrangeira.
Assim, foram encontrados no corpus 75 erros em função dos flexão de gênero nos
nominais, artigos e pronomes, e 29 em relação à acentuação gráfica dentre 175 erros
diferentes, sendo 80 Erros Interlinguais, 54 Erros Intralinguais Desenvolvimentais, 29 Erros
Intralinguais Únicos e 12 Erros Ambíguos.
Portanto, acredita-se que esta pesquisa pode servir de auxílio aos professores e alunos
de linguística, que trabalham ou queiram trabalhar com o ensino de português como segunda
língua, tendo estes dados como ponto de partida, visando uma maior atenção nas dificuldades
e a reflexão destes erros como algo relevante para o processo de ensino-aprendizagem, não
como “obstáculo” para alcançar a fluência da L2.
Referências
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SILVA, Maria Cecília Pérez de Souza e; KOCK, Ingedore Grunfeld Villaça. Linguística
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