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Análise de Erros em Falantes Nativos e Não Nativos

José Manuel Cristiano

Capítulo 1- Objeto de estudo e metodologia


Capítulo2- Pressupostos Teóricos

Docente: Elvira Reis


Discente: Maria Da Rosa
o propósito de facultar aos aprendentes de línguas estrangeiras a
possibilidade de adquirirem um grau de proficiência elevado tem sido
perseguido desde longa data por parte de ensinantes e investigadores.
Nesse sentido se tem vindo sucessivamente a tentar encontrar
metodologias que proporcionem sua aprendizagem de forma eficaz.
O presente estudo surgiu precisamente da necessidade de melhor
compreender como se desenrola esse processo no caso particular do
português, considerado como língua estrangeira ou segunda, de forma a
identificar os problemas que se colocam aos aprendentes durante o seu
percurso e quais as áreas que apresentam maiores dificuldades.
Capitulo 1 objeto de estudo e metodologia
Objeto de estudo
 O objeto de estudo é sobretudo, apreciar, avaliar o desenvolvimento
da competência linguística dos falantes não nativos em contraposição
à dos falantes nativos, através de análise dos erros ou desvios
produzidos na expressão escrita de aprendentes de português língua
estrangeira (PLE) e de informantes de língua materna portuguesa.
Metodologia
 A metodologia adaptada recorre à análise de erros como instrumento
de trabalho, considerando sempre a produção global dos aprendentes.
Ou seja, não trata de fazer um mero inventário dos erros mas sim de
os enquadrar no conjunto das produções consideradas, precedendo a
uma criteriosa análise do seu conteúdo. Para isso recorreu-se a um
conjunto de textos produzidos por aprendentes de PLE e por
informantes cuja língua materna é o português.
O Corpus
O corpus que serve de base a este trabalho é, como referiram, de
origem escrita e é constituído por igual número de texto (41)
produzidos por falantes nativos e não nativos. No caso dos falantes não
nativos, recorreram aos exames do nível universitário, realizado em 12
centros do CAPLE, de acordo com a seguinte distribuição por país:
Portugal (47%), França (17%), Espanha (15%), Macau (12%), Hungria
(5%), Holanda (2%), e Irlanda (2%).
O Corpus
O corpus produzido pelos falantes não nativos é constituído por 10 888 palavras,
distribuídas de forma variável pelas 41 composições, com uma média de 266
palavras por informantes. Nele foram identificado 887 erros, distribuído de acordo
com o método identificado infra.
No que diz respeito aos falantes nativos, o corpus regista 9 165 palavras, o que
representa uma média de 224 palavras por informantes. O número total de erros é
de 114, distribuído de forma algo desigual pelas produções. O modelo taxonómico
utilizado foi o mesmo.
Contextualização de análise dos erros
A identificação e classificação dos erros comporta várias dificuldades,
dadas as possibilidades que frequentemente se nos apresentam quando
confrontados com aspeto da produção linguística que de alguma forma
se afastam da norma. Por esse motivo, ao classificar o tipo de erro
presente em cada construção tornou-se essencial tentar perceber o
significado que o aprendente pretendeu transmitir, na linha do que
defende Corder (1981:37).
Contextualização de análise dos erros
Exemplo:
1. Muito agradeso que o mau senhor presidente var a minha carta.
Reconstrução:
2. Agradeço muito a atenção dispensada pelo senhor presidente à minha carta.
Este processo foi utilizado para todas as construções originais identificada como
não correspondente à norma europeia.



Classificação dos erros
Conforme tiveram oportunidade de referir, para a classificação dos
erros recorreu-se à tipologia apresentada em Fernández (1997:44-47),
com algumas adaptações, a qual transcreveram em seguida, ilustrada
com exemplos retiradas do corpus de PLE.
capítulo 2
Pressuposto teóricos
Análise contrastiva

 A análise contrastiva surge enquadrada pela necessidade de superação das


dificuldades no processo de ensino/aprendizagem das línguas estrangeiras e tem
as suas origens entre 1945 e 1957, com Fries, Weinreich e Lado, sendo este
último o responsável pelo desenvolvimento da teoria desta corrente linguística na
sua versão forte. Na sua perspetiva, era possível prever quais as áreas onde as
dificuldades de aprendizagem da L2 se manifestariam.
 Com base neste pressuposto, através do estudo comparativo das duas línguas a
LM e a língua alvo poder-se-ia prever a ocorrência dos erros, propondo-se que a
causa principal das dificuldades e dos erros na aprendizagem das línguas
estrangeiras assentaria na transferência negativa ou interferência da LM do
aprendente.
A Análise de Erros
 O modelo proposto pela AC pretendia, prever a ocorrência de todos os erros no
processo da aquisição da L2. As constatações das limitações subjacentes a esta
metodologia conduziria a necessidade de procurar alternativas que dessem conta
das dificuldades dos aprendentes e permitissem superá-las. É neste contexto que
surge a análise de erros como corrente metodológica.
 A metodologia utilizada pela AE introduz alternações importantes, uma vez que
se centra nas produções reais dos aprendentes, ao invés do que sucedia com a
AC, procedendo a identificação, descrição e explicação dos desvios em relação à
língua-alvo.
A Interlíngua
 O conceito de interlíngua foi introduzido por Larry Selinker (1972) aquando da publicação
do seu artigo “interlanguage”, considerado por muitos autores como o ponto de partida de
linguística aquisicional. Selinker recorre a este termo para se referir ao sistema linguístico
que o aprendente de L2 vai construindo ao longo do seu processo de aprendizagem da língua,
que não se confunde quer com a língua materna quer com a língua alvo, apresentado por
caraterísticas próprias.
 Ottonello (2004) refere a especificidade, a sistematicidade, e a transitoriedade como traços
fundamentais desse conceito.
 Uma outra caraterística geralmente atribuída à interlíngua é a fossilização, ou seja, um
mecanismo pelo qual um falante tende a conservar na sua IL certos itens, regras e
subsistemas linguísticos da sua língua materna relativamente a uma determinada língua-alvo
(Ottonello; 2004).
O conceito de Erro
 Por se recorrer a um modelo de investigação que assenta sobretudo numa análise de
erros, torna-se necessário tecer algumas considerações sobre o conceito de erro,
 De acordo com o Quadro Europeu Comum de Referência (QECR) (2001: 215), as
atitudes face aos erros dos aprendentes podem ser múltiplas, consoante se considere
que queles refletem a) o fracasso de aprendizagem, b) a ineficácia do ensino, c) a
vontade que o aprendente demonstra em comunicar, não obstante os riscos, ou d)
um processo de desenvolvimento da língua. Nesta última perspetiva, os erros são
considerados como inevitáveis e inerentes ao desempenho de todos os falantes,
incluindo os não nativos.
 A definição de erros pode assentar em vários critérios. Um deles é o que distingue
erros de performance dos de competência.
Análise de Erros em Falantes Nativos e Não
Nativos
Figura 8 — Causas dos erros (tradução do autor).

Causas dos Erros


Relacionada com o cansaço físico e mental, com o grau de motivação,
Distração o grau de confiança em si próprio e o nível de ansiedade.
Concretizada na adoção de formas ou estruturas da língua materna
(LI) ou de outras línguas segundas (L2) ou estrangeiras (CE) que o
Interferência
estudante conhece. 0 resultado deste fenómeno são os erros
interlinguais.
Trata-se de um caso específico de interferência que afeta sobretudo
Tradução locuções e frases feitas, ao transferir literalmente uma forma ou
estrutura da LI para a produção linguística da língua-alvo.

Refere-se às hipóteses incorretas ou incompletas que o aprendente faz


Sobregeneralização e aplicação incompleta das regras da língua-
baseando=se no conhecimento do funcionamento da língua-alvo. 0
alvo
resultado deste fenómeno são os erros intralinguais.
Refere-se àqueles erros que são motivados pelas amostras da língua,
Induzidos pelos materiais e procedimentos didáticos as conceptualizações ou os procedimentos utilizados no processo de
aprendizagem.
Refere-se a todos aqueles erros cuja origem está no mecanismo que o
Estratégias de comunicação estudante põe em marcha quando se depara com um problema de
comunicação.
A Gravidade dos Erros e as suas Correção
 A abordagem comunicativa viria a operar uma mudança de paradigma no que se
refere à importância atribuída aos erros que decorrem no desenrolar desse
processo, nesta nova linha de pensamento, a sua gravidade é aferida em função
do efeito que provocam na comunicação e não da correção gramatical.
 Como refere Johansson (1973), a diferenciação de critérios na determinação da
gravidade dos erros está intimamente relacionada com os objetivos do ensino em
língua estrangeira.
A Gravidade dos Erros e as suas Correção
 Na análise que se segue consideraremos também o parâmetro da aceitabilidade,
ou seja, iremos verificar se o objetivo comunicativo foi ou não cumprido em
que medida é que determinados erros afetaram a possibilidade da mensagem.
 A questão que subsiste e que continua a ser amplamente discutida é a de saber
o que corrigir, como e quando corrigir, conforme refere Fernandes 1997: 30
 com efeito, a correção sistemática e imediata dos erros pode ser inadequada
em termos pedagógicos.
Competência linguística e competência comunicativo
 o conceito de competência Têm recebido influências de vários
Campos teóricos e a sua utilização têm apresentado algumas
variações no âmbito dos estudos linguísticos, em virtude das
diferentes perspetiva assumidas por diversos autores.
 Para Chomsky competência refere-se ao conhecimento interiorizado
que um falante possui das regras da língua. Na sua linha de
pensamento, em articulação com o conceito de competência.
Competência linguística e competência
comunicativo
 Hymes (1972) introduziu o conceito de competência comunicativa para se referir
não apenas ao conhecimento, mas também à capacidade de o usar. Para este
autor, competência de comunicação é o conhecimento (prático e não
necessariamente explicativo) das regras psicológicas, culturais e sociais que
comandam a utilização de cada palavra num enquadramento social. A
competência de comunicação supõe o domínio o domínio de códigos e de
variantes sociolinguístico e dos critérios de passagem de um código ou de uma
variante a outros: implica também um saber pragmático relativamente às
convenções enunciativas que estão em uso da comunidade considerado.
Conclusão
 Concluirão que o recurso à língua materna, Frequentemente apontado
como origem quase exclusiva desse erros, se mostrava Insuficiente
para explicar quer os sucessos quer os fracassos na aproximação à
língua-alvo, Por parte dos aprendentes dos variados grupos de língua
materna que se dedicavam ao estudo português como língua
estrangeira. Essa conclusão decorria precisamente do facto de esses
grupos de língua materna. Não obstante a sua diversidade,
registarem com alguma frequência erros muito semelhantes em
algumas áreas específicas.
Obrigada pela vossa atenção!!!

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