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METODOLOGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS

ESTRANGEIRAS

RESUMO

Este artigo tem como objetivo apresentar questões relativas à Metodologia de ensino
e aprendizagem de línguas estrangeiras e sua importância para o processo. Para
alcançar tal objetivo, decidimos estudar alguns termos relevantes da área e explorar
as principais abordagens, suas origens, características, vantagens e desvantagens.

Palavras-chave: Abordagem, línguas estrangeiras, processo de ensino e


aprendizagem.

ABSTRACT

This article aims to present questions concerning foreign languages teaching and
learning Methodology and their importance to the process. To reach this goal, we
decided to study some relevant terms of the area and explore the main approaches,
their origins, characteristics, advantages and disadvantages.

Keywords: Approach, foreign languages, teaching and learning process.

8
1. INTRODUÇÃO

É incontestável a importância dos estudos em língua estrangeira no contexto


atual. De certa forma, mesmo que indiretamente, as relações sociais, o mercado de
trabalho, as fusões culturais fazem com que a interação entre os povos seja algo
presente e constante em nossas vidas.
O processo de ensino e aprendizagem1 de uma língua estrangeira precisa
estar fundamentado em bases sólidas para que este realmente seja efetivo e
alcance os objetivos propostos.
O professor de língua estrangeira precisa ter conhecimento teórico e prático
referente à sua área para que possa intervir nas possíveis variáveis que, de maneira
direta ou indireta, possam influenciar no processo de ensino e aprendizagem.
O presente trabalho, de cunho bibliográfico, tem como objetivo apresentar
alguns apontamentos significativos sobre as Metodologias de ensino e
aprendizagem de língua estrangeira.
Com vistas a este propósito, analisaremos alguns pontos importantes sobre a
terminologia da área para que, inclusive, facilite o nosso acesso às produções
acadêmicas e científicas relacionadas. Em seguida, teremos um panorama das
principais abordagens utilizadas no ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras,
suas origens, evoluções, principais características, vantagens e desvantagens. Por
fim, apresentamos o fechamento destacando as principais ideias levantadas por nós
no decorrer do trabalho.
Todas as pesquisas e estudos realizados são de extrema importância para
uma compreensão mais ampla e fundamentada. Assim, estaremos cientes de como
fazer uso deste conhecimento de forma mais efetiva e adequada aos nossos
propósitos.

1
Acreditamos que os estudos relacionados ao processo de ensino e aprendizagem devem
contemplar ambas as interfaces e que estes devem ser observados de maneira conjunta para que
realmente o processo seja significativo.
9
2. TERMINOLOGIA

Para melhor compreensão dos estudos em Metodologias de Ensino e


Aprendizagem de Línguas Estrangeiras, faz-se necessário primordialmente analisar
algumas questões pertinentes à terminologia da área.
Este trabalho torna-se essencial às nossas futuras considerações e reflexões,
pois, a partir deste conhecimento poderemos transitar entre as diversas literaturas
que abordam temas relevantes ao nosso estudo.
Com o advento das pesquisas em Linguística Aplicada e áreas afins, como
Psicologia, Pedagogia, Sociologia, teremos diversas produções acadêmicas e
científicas que irão contribuir para a consolidação do nosso segmento.
Observaremos, com a evolução deste trabalho, que algumas questões relacionadas
à terminologia outrora apresentada caíram em desuso a ponto de trazer distinções
consideráveis quanto ao seu conceito e aplicação em estudos atuais, apontaremos
estas questões ao analisarmos os conceitos de Método e Abordagem.
Daremos também atenção a mais alguns termos utilizados na área de Ensino
de Língua Estrangeiras a partir da conceituação e distinção entre Língua Materna
(LM), Segunda Língua (L2) e Língua Estrangeira (LE), e, por fim, analisaremos os
conceitos e as principais características dos termos: Aquisição x Aprendizagem.

2.1 MÉTODO X ABORDAGEM:

Leffa2, ao analisar os estudos em Metodologias de Ensino de Línguas observa


que no passado o termo “método” abarca tanto os pressupostos teóricos quanto a
própria organização das normas para a concepção de um curso específico. Com os
avanços na área este termo se divide em dois, a saber: abordagem e método. O
primeiro, possuindo um sentindo mais abrangente, é conceituado como a própria
fundamentação teórica a respeito da língua e da aprendizagem, já o segundo, de
natureza mais restrita, é visto como as normas de aplicação desta fundamentação.

2
LEFFA, Vilson J. Metodologia do ensino de línguas. In BOHN, H. I.; VANDRESEN, P. Tópicos em
lingüística aplicada: O ensino de línguas estrangeiras. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1988.

10
Utilizaremos, neste trabalho, os termos, abordagem e método, tendo como
base suas concepções atuais, para que possamos, inclusive, estarmos
contextualizados com as produções mais recentes do meio.

3. ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS – AS


ABORDAGENS

Neste capítulo, apresentaremos um panorama das principais Abordagens


utilizadas no Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras.
Com esta análise, pretendemos explorar a origem e evolução de cada uma
delas, bem como, a relação das mesmas com as necessidades dos aprendizes,
suas principais características, vantagens e desvantagens, o papel do professor e do
aluno neste processo.

3.1 ABORDAGEM DA GRAMÁTICA E DA TRADUÇÃO (AGT)3

Na Europa da Idade Média, observaremos a relevância da língua latina, por


ser a língua da igreja, das relações internacionais e das produções filosóficas,
literárias e científicas. Por isso mesmo, o foco neste momento é justamente a
sistematização do processo de ensino tendo como língua-alvo o Latim. Já no início
da Renascença, teremos o advento das línguas vernáculas4 e a partir do momento
em que estas ultrapassam o latim como língua de comunicação também se tornam
objeto de aprendizagem. Teremos, então, como modelo de ensino das línguas
modernas os moldes aplicados no ensino da língua latina5.
O objetivo principal desta abordagem, que foi utilizada até os primórdios do
século XX, era a transmissão do conhecimento sobre a língua, tendo como fonte os
textos literários e a busca pelo conhecimento e domínio da gramática normativa. O
ensino da segunda língua se dará a partir da língua materna, onde a tradução e a
3
Conhecida também como “Método Gramática e Tradução”, “Método Clássico” ou “Método
Tradicional”
4
francês, italiano, inglês, espanhol, alemão e holandês.
5
FABIANO, Kessya Pinitente. O ensino da língua inglesa através do método tradução gramática nas
escolas de ensino médio no município de Nova Venécia. Disponível em
<http://www.univen.edu.br/revista/n012/O%20ENSINO%20DA%20LINGUA%20INGLESA%20ATRAV
ES%20DO%20METODO%20TRADUCAO-GRAMATICA%20NAS%20ESCOLAS.pdf> Acesso em: 28
de maio de 2011.

11
versão são os pilares para compreensão da língua-alvo. A gramática e o dicionário
serão recursos pedagógicos muito utilizados neste processo6.
Temos como principais características desta abordagem:
 As aulas são ministradas na língua materna e há pouca utilização da
língua-alvo;
 Foco no desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita;
 Pouco ou nenhuma atenção é dada à pronúncia e entonação;
 Ênfase na aquisição de vocabulário e memorização das regras
gramaticais;
 Abordagem dedutiva da gramática: partindo da regra para o exemplo;
No que concerne às formas típicas de trabalho, os alunos produzem extensas
listas de vocabulário, atividades cujo foco é a aplicação das regras gramaticais
estudadas, ditados, leitura de textos, tradução e versão.
Conforme podemos analisar pelas características, certas habilidades, como a
fala e a audição, não são desenvolvidas do decorrer dos cursos que apresentam
esta abordagem, pois a ênfase desta é a leitura e a escrita. Para o aluno que tem
como objetivo aprender uma língua estrangeira para fins de comunicação, esta
proposta de trabalho deixa muito a desejar. Ao final do curso, teremos um aprendiz
conhecedor da gramática e que possui domínio da leitura e da escrita na língua-alvo,
porém, há uma grande possibilidade deste frustrar-se por não conseguir, de uma
maneira satisfatória, comunicar-se na língua estudada, ou, em um grau menor,
sentir-se inseguros ao falar.
A relação professor-aluno, nesta abordagem, é vertical. O professor é tido
como detentor do saber, e por isso mesmo, todo o processo centra-se na sua figura.
O aluno é visto como mero receptor do conhecimento transmitido, a interação destes
praticamente não existe7. A partir desta perspectiva, observamos o quanto que o
processo de aprendizagem fica limitado apenas ao conhecimento do docente e seu
material didático.
Outro ponto desta abordagem importante para a nossa reflexão é a questão
da rigidez no controle da aprendizagem em se evitar, a todo custo, o erro. Ora, para
que aconteça de maneira significativa e satisfatória a aprendizagem de um

6
Idem.
7
Idem.
12
determinado conhecimento, no nosso caso de uma língua estrangeira, é necessário
que o aprendiz encontre um ambiente receptivo, motivador e que o incentive a
tentar, mesmo que erre, pois, é a partir dos seus erros que este tomará consciência
do que deve ser feito para que, gradualmente, não os repita. Diferente desta
perspectiva, temos a não permissão de errar desde o início, fato este que pode
dificultar ainda mais o processo de uma maneira geral, muitas vezes
desencorajando o aprendiz e até mesmo fazendo-o desistir do curso, por acreditar
ser incapaz de se adequar a este padrão de aprendizagem tão severo e que não
respeita as suas limitações e seu tempo.

3.2 ABORDAGEM DIRETA8

Com a modernização dos grandes centros urbanos, a expansão do comércio


internacional e os grandes fluxos migratórios que acontecem no começo do
século XIX, o contato direto com o estrangeiro se tornará, cada vez mais, uma
constante na realidade de muitos povos – é o início do que conhecemos atualmente
como globalização.
Para atender esta nova demanda, torna-se imprescindível a busca por novas
formas de ensinar a língua estrangeira que se adéquem às necessidades deste
aprendiz, onde conhecer a gramática da língua e ter desenvolvidas suas habilidades
de leitura e escrita já não são suficientes para alcançar seus objetivos.
Nas primeiras décadas do século XIX, encontramos o início dos estudos
desta nova abordagem de ensino baseada na aprendizagem da criança em relação
à sua língua materna, esta, por sua vez, consolida-se efetivamente em meados do
século XX9.
Segundo Maciel10 nesta abordagem há a ênfase nos aspectos fonéticos, a
partir de agora, os moldes que devem ser seguidos serão baseados na fala. Para
tanto, o aluno deve, primeiramente, ouvir a língua, para só então ter contato com a
forma escrita.
Temos como princípios fundamentais:

8
Conhecida tradicionalmente como “Método Direto”
9
Cf. MACIEL, Katharine Dunham. Métodos e Abordagens de Ensino de Língua Estrangeira e seus
Princípios Teóricos
10
Idem.
13
 Abordagem monolingual do ensino - a aprendizagem deve ser feita em
contato direto com a língua alvo. Deve-se evitar, a todo custo, o uso da
língua materna em sala de aula, desde as primeiras aulas;
 A ênfase é dada nas habilidades de fala e compreensão oral:
 A utilização de diálogos situacionais e leitura de pequenos trechos são as
bases dos exercícios orais, onde serão trabalhadas a compreensão
auditiva, conversação, pronúncia e entonação, a partir daí, atividades
secundárias com ênfase na escrita poderão ser propostas.
 Pela primeira vez no ensino de línguas encontramos atividades que, de
certa forma, integram e buscam desenvolver as quatro habilidades, ouvir,
falar, ler e escrever.
 A gramática é ensinada de forma indutiva. Primeiramente, ao aluno são
apresentados os fatos da língua e, em um segundo momento, busca-se a
sua sistematização;
 A transmissão dos significados é dada por associação através de gestos,
gravuras, fotos, simulação, enfim, tudo o que auxilie na compreensão, sem
jamais recorrer à tradução.

A relação professor-aluno ainda se apresenta nos moldes da abordagem


anterior, todo processo é voltado para o docente, visto, ainda, como único detentor
do conhecimento e agora, também, como modelo linguístico a ser seguido pelos
alunos. A interação professor-aluno e alunos-alunos limita-se basicamente às
atividades orais praticadas em sala, o que dificulta, a contribuição e participação
ativa do corpo discente no seu processo de aprendizagem.

Observamos, também, que o grau de exigência do profissional docente, nesta


abordagem, é ainda maior. Agora, não se espera apenas que ele domine a
gramática da língua, mas que tenha total fluência. Esta nova exigência irá
desencadear algumas problemáticas que, inclusive, permanecerão até os dias
atuais, principalmente quando analisamos a questão da formação deficitária e
descontinuada do professor em línguas estrangeiras no Brasil. Problema este que
inicia na própria graduação, que muitas vezes não lhe prepara para o mercado de
trabalho, e se estende com a dificuldade encontrada por muitos profissionais em dar

14
continuidade aos seus estudos através de cursos de extensão, especialização e
mestrado.

Há outro ponto, nesta abordagem, merecedor das nossas considerações - a


questão da proibição da língua materna em sala de aula. Entendemos que, apesar
da abordagem ser baseada nos moldes do processo de aquisição natural da língua
materna, e, por isso mesmo, repudia, em todas as instâncias, a intervenção de outra
para a sua aprendizagem. Acreditamos que a prática rígida deste princípio não
favorece de maneira alguma o processo, pois, não se é dado relevância à realidade
do aluno, seus receios e “traumas” em aprender uma nova língua. Estamos
novamente repetindo os erros da abordagem anterior (quanto à rigidez no controle
de aprendizagem), agora em uma nova “roupagem”. É importante haver uma
flexibilização, um período de transição da língua materna para a língua alvo. Cabe
ao professor, a partir da interação com seus alunos conhecer em que nível se
encontram para, só então, adequar a sua prática à necessidade destes. Esta
transição deve acontecer de forma gradual, respeitando o ritmo de aprendizagem, se
possível individual, ou, pelo menos, que não seja algo tão radical a ponto de fazer
com que o aluno não acredite ser capaz de acompanhar os demais.

3.3 ABORDAGEM AUDIOLINGUAL11

Segundo Almeida Filho12, os primórdios desta abordagem remetem à


Segunda Guerra Mundial e surgem da necessidade de contato do exército
americano com os aliados e inimigos, falantes de outras línguas.
O exército, por sua vez, não encontrou falantes fluentes em várias destas
línguas estrangeiras, a solução, então, foi capacitar estes falantes da maneira mais
rápida possível. Para alcançar este objetivo, lingüistas foram contratados para
desenvolver métodos de ensino mais adequados e eficientes, o número de alunos
em sala de aula foi consideravelmente reduzido para que o atendimento fosse,
inclusive, mais individualizado. O destaque maior é para a questão do tempo de

11
Conhecida também como: “Método Audiolingual” ou “Método do Exército”
12
Almeida Filho, 2007. Lingüística Aplicada – Ensino de Línguas e Comunicação.
15
estudo, como há urgência na aprendizagem, o processo era realizado nove horas
por dia, por um período de seis, podendo chegar a nove meses13.
Neste momento, a abordagem audiolingual possui, basicamente, os mesmos
modelos aplicados na Abordagem Direta. Com o tempo e advento dos estudos
desenvolvidos pelos linguistas, o ensino de línguas adquire status de ciência. Os
princípios fundamentais são reformulados, utilizando-se de aplicações de
conhecimentos em outras áreas, como a psicologia e pedagogia.
O behaviorismo de Skinner é a base desta abordagem no que tange a
aprendizagem. Segundo Leffa14 a língua é um conjunto de hábitos condicionados
que se alcança a partir de um processo mecânico de estímulo e resposta. Por isso,
as respostas certas eram sempre enfatizadas pelo professor e o erro deveria ser
evitado em todos os sentidos. A abordagem sustenta a premissa que não é possível
admitir o erro, pois acredita-se que este pode tornar-se modelo de aprendizagem.
São estes os princípios fundamentais da abordagem:
 O processo de aprendizagem é dado a partir da ênfase na oralidade. O aluno
deve, primeiramente, ouvir e falar para só então desenvolver atividades
voltadas para leitura e escrita.
 As estruturas básicas da língua devem ser apresentadas em uma sequência
gramatical e serão praticadas até serem automatizadas. De acordo com
Leffa15 “a aprendizagem só ocorria quando o aluno tivesse realizado a
superaprendizagem, isto é, quando tivesse automatizado a resposta; menos
do que isso não era aprendizagem.”
 Deve-se aprender a língua e não sobre a língua – a aprendizagem acontece a
partir da sua prática e não por explicações de regras gramaticais, estas, por
sua vez, devem ser aprendidas intuitivamente, a partir de analogias.
 As atividades baseavam-se na utilização de diálogos situacionais, que, de
certa forma, aproximam-se mais da realidade dos falantes da língua alvo. Os
diálogos apresentam estrutura e vocabulário que devem ser aprendidos
através de imitação, repetição e memorização. Os hábitos lingüísticos são
adquiridos pela saturação da prática. Os alunos repetem, de forma individual

13
Cf. LEFFA, Vilson J. Metodologia do ensino de línguas. In BOHN, H. I.; VANDRESEN, P. Tópicos
em lingüística aplicada: O ensino de línguas estrangeiras. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1988.
14
Idem.
15
Idem
16
ou em conjunto para que haja a memorização, em seguida são selecionados
alguns fragmentos para serem trabalhados a partir da repetição do drills16.
 Laboratórios de línguas com acesso a recursos auditivos, como gravações de
falantes nativos, facilita o desenvolvimento das habilidades de falar e ouvir. O
aluno repetia várias vezes as estruturas trabalhadas em sala de aula em
busca de serem completamente memorizadas e automatizadas.
 O professor continua sendo o centro no processo. O papel do aluno é
passivo, não há estímulo para que este tome iniciativa ou contribua de
maneira significativa no seu processo de aprendizagem.
Temos ganhos consideráveis no processo de ensino e aprendizagem com a
utilização de novos recursos, novas técnicas de aprendizagem e ênfase voltada para
a oralidade. O questionamento vem, justamente, pela forma com que serão
trabalhadas as atividades, ou seja, através da repetição. A repetição traz-nos a
crença de que realmente está se aprendendo, mas esta é uma aprendizagem
superficial, pois, sua natureza é muito limitada. Não há estímulo para que o aluno
pense por si, reflita, tire suas conclusões e tenha a sua opinião formada sobre
determinado assunto, o que se apresenta e se espera de resposta é algo pré-
estabelecido, impossibilitando, assim, o uso efetivo da língua alvo. Além da limitação
na aprendizagem, observamos, também, a crescente desmotivação por parte dos
alunos ao estarem sempre expostos às mesmas atividades de repetição e
memorização. A falta de motivação é uma das principais causas de evasão e
desistência, por isso mesmo deve ser evitada a todo custo. Tarefas diversificadas e
dinâmicas podem ser a resposta para este problema, mas não é o que encontramos
nesta abordagem, o que limita muito a sua utilização, principalmente no contexto
atual.

3.4 ABORDAGEM COMUNICATIVA

A partir da década de 60, aparecem novos estudos aplicados ao ensino e


aprendizagem de línguas voltados para a interação social, onde o foco maior é a
comunicação.

16
Exercícios – com caráter de treinamento e condicionamento.
17
Segundo Portela17, os métodos comunicativos dão ênfase no sentido, no
significado e na interação entre os sujeitos na língua estrangeira. O ensino
comunicativo propõe atividades relevantes e que estejam ajustadas às necessidades
e interesses do aluno a fim de que este utilize a língua alvo em situações autênticas
de interação.
Temos como principais características desta abordagem:
 A aprendizagem é centrada no aluno – este processo não é mais voltado para
a figura do professor, este, por sua vez, é visto como um mediador entre o
conhecimento e o aluno, a prática docente deve estar em harmonia com as
reais necessidades de aprendizagem do corpo discente. O aluno é
responsável e participante ativo neste processo. As contribuições advindas
pelas experiências e conhecimentos adquiridos por parte dos alunos também
são relevantes e considerados.
 A ênfase na comunicação com a língua alvo - a aprendizagem é vista como
um processo em que a o foco maior é o desenvolvimento das habilidades que
favoreçam a comunicação entre os falantes e a interação entre os aprendizes
a partir do uso da língua alvo é fator determinante para este fim.
 Introdução de textos autênticos e significativos no processo de
aprendizagem – o processo de aprendizagem deve ultrapassar os limites da
mera aprendizagem formal e alcançar os moldes de aquisição natural da
língua. Atividades que propiciem o contato direto com a língua alvo e que
estejam contextualizadas à realidade de seu uso são vistas como as mais
adequadas e condizentes com as necessidades de alunos e professores. A
utilização de recursos pedagógicos como: equipamentos de som, televisão,
computadores e outros podem facilitar este trabalho.
 A sala de aula deve proporcionar uma aprendizagem colaborativa – o
conhecimento de mundo do aprendiz e suas observações são levadas em
consideração e podem auxiliar no processo de aprendizagem, as
contribuições advindas destes são importantes e devem ser sempre
incentivadas para que haja, inclusive, um aproveitamento maior e melhor de
toda turma caso este fosse limitado apenas à atuação do docente.

17
PORTELA, Keyla Christina Almeida. Abordagem Comunicativa na Aquisição de Língua Estrangeira.

18
Pelas características evidenciadas, a abordagem comunicativa apresenta-se
como uma das que mais se enquadram às reais necessidades dos alunos e
objetivos a serem alcançados pelos professores. Para que o uso da abordagem seja
totalmente eficiente é necessária a capacitação por parte do profissional docente.
Este, por sua vez, deve conhecer a abordagem e todas as suas perspectivas de
trabalho para que realmente sua aplicação seja significativa ao processo de ensino e
aprendizagem. Outra questão importante, a disponibilidade de uso de diversas
tecnologias e o conhecimento, por parte do corpo docente e discente, de como
utilizá-las para este intuito. Se o que se busca é, justamente, proporcionar um
ambiente que preze pelo uso autêntico da língua, todas as ferramentas pedagógicas
também precisam ser consideradas, estarem a disposição de alunos e professores,
quando necessário, e estes dominarem o uso para que possam aproveitar ao
máximo suas potencialidades.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos observar com a análise deste estudo a importância das


Metodologias para o processo de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras.
Todos os estudos que já foram elaborados pela área, de certa forma, trazem
um aporte essencial para a prática docente e favorece o processo de aprendizagem
por parte do aprendiz.
É de extrema relevância que o professor tenha domínio deste conhecimento e
o atualize constantemente, pois, há muitos estudos sendo desenvolvidos que estão
em busca, justamente, de facilitar e potencializar este processo.
No que tange às abordagens, como pudemos observar, não podemos
classificá-las ou simplesmente taxá-las de certas ou erradas. Cada uma foi
desenvolvida em um determinado momento, em um contexto específico, onde se
tentou ajustá-la à realidade de uso da língua estrangeira, levando em consideração
estudos em diversas áreas afins e a utilização de recursos tecnológicos para
desenvolvimento desta.
No que se refere ao contexto atual, cabe ao professor, munido deste
conhecimento, saber como aproveitar o melhor de todas as abordagens, evitando

19
também a reprodução das falhas de cada uma delas e aplicá-las no momento mais
adequado à sua prática.

5. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

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