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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

Instituto de Letras e Linguística


Curso de Graduação em Letras Espanhol
Estágio Supervisionado 1

Professora: Rosemira Mendes de Sousa

Alunas: Brenda Leal


Sabina Drumond

Livro: Dimensões comunicativas do ensino de língua, José Carlos P. de Almeida Filho


Capítulos: I. Ensinar e aprender uma língua estrangeira na escola, p. 11-16
II. A operação global de ensino de língua, p. 17-24

I. Ensinar e aprender uma língua estrangeira na escola

Os valores específicos de um grupo social ou étnico de uma instituição influencia


diretamente no ensino de uma nova língua, a decisão de abrigar o ensino de uma nova língua
na escola é a transformação desses valores em interesses que irá determinar: quais línguas,
com quais razões declaradas; em que níveis; por quanto tempo; com que intensidade ensinar
nos diferentes níveis escolares. De modo geral, as práticas de ensino ligadas às tradições
nacionais e regionais muitas vezes moldam a abordagem do professor, mas é importante
destacar que a interpretação individual e os valores pessoais do professor também
desempenham um papel significativo.
A presença de abordagens específicas nos livros didáticos acentua a complexidade do
ensino de línguas. A aprendizagem de uma língua estrangeira não é apenas um processo
técnico, mas uma construção que reflete a identidade do aprendiz. E embora a língua,
inicialmente, seja percebida como estrangeira, ao longo do tempo, ela se desestrangeiriza.
Nesse sentido, é importante a reflexão contínua do professor sobre o exercício da profissão.
São duas as maneiras de aprendizagem: a busca consciente, típica do ambiente
escolar, e a aquisição subconsciente, que ocorre em situações reais de interação. Mas diversos
são os fatores determinantes no processo de ensino e aprendizagem de línguas. Por isso é
crucial desenvolver novas compreensões sobre a abordagem de aprendizado dos alunos e a
abordagem de ensino dos professores. A região, etnia e classe social exercem influência
direta no aprendizado dos alunos, determinando, de maneira subconsciente, a abordagem
apropriada para a aprendizagem de uma nova língua. Assim a falta de harmonia entre a

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cultura de aprendizagem do aluno e a abordagem de ensino pode resultar em desafios e


desmotivação no processo educacional.
O ensino de línguas estrangeiras, fundamentada em pressupostos sobre a linguagem e
o aprendizado, requer uma abordagem do professor que vai além do simples repasse de
conhecimento e exige do disposição do professor em todas as etapas, do planejamento à
avaliação. Esse método contribui para o desenvolvimento teórico, promovendo uma mudança
na ênfase e na natureza do ensino. A necessidade de considerar as abordagens dos alunos e
dos professores, bem como intercambiar papéis, é destacada, superando relações tradicionais.
O ensino de língua estrangeira é complexo, envolvendo visões contraditórias do ser humano e
da linguagem. A aprendizagem exige afetividade específica em relação à língua-alvo,
influenciada por interesses pessoais. A abordagem contemporânea destaca a importância de
atribuir significado à nova língua por meio de experiências relevantes, impulsionando o
crescimento em relações interativas.

II. A operação global de ensino de língua

As tarefas que o professor de língua estrangeira enfrenta ao ensinar uma língua alvo
pode ser destacada em quatro dimensões: planejamento das unidades de um curso; produção
ou seleção de materiais de ensino; experiências na, com e sobre a língua-alvo realizadas com
os alunos principalmente dentro mas também fora da sala de aula; avaliação de rendimento
dos alunos (mas também a própria auto-avaliação do professor e avaliação dos alunos e ou
externa do trabalho do professor). Tais dimensões estão interligadas formando uma sequência
e qualquer mudança em uma das fases podem afetar as outras.
As decisões e ações dos professores necessitam de uma orientação através de uma
abordagem básica de ensino que funcione como guia ou regulador. A abordagem de ensino
de língua estrangeira funciona como uma força potencial na criação de experiências de
aprendizagem na língua-alvo. Cada professor irá construir seu ensino com base em quatro
dimensões influenciadas por uma abordagem específica, variando entre pólos
explícito/conhecido e implícito/desconhecido. Junto a isso é importante tornar a abordagem
mais explícita para melhorar a compreensão e eficácia na educação.
A escolha do ponto de mudança no processo de ensino é significativa, sendo mais à
direita com mais efeito retroativo sobre as dimensões anteriores e mais à esquerda com maior

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potencial produtivo. Mudanças superficiais podem ocorrer sem reflexão, mas uma
transformação real exige rupturas com concepções mantidas sobre linguagem e ensino na
língua-alvo.
No processo de ensino, desde o planejamento até a avaliação, pode-se organizar as
etapas de forma sequencial. Em situações inéditas ou quando se abandonam abordagens
anteriores para uma nova proposta, a organização é crucial. Mesmo que uma abordagem
eclética, que incorpora diferentes teorias, possa parecer flexível na prática, o sistema
operacional geral é do tipo "ecológico" harmonizador, buscando integração e equilíbrio,
apesar de contradições e conflitos comuns.
O termo abordagem no ensino de línguas tem diversas interpretações, o que leva a
uma complicação na comunicação na área. Anthony, na sua hierarquia contrastiva dos
termos abordagem, método e técnicas, se esforçou para clarear a confusão terminológica. Já
Richards e Rodgers recolocaram a problemática concebendo agora método/metodologia no
topo da hierarquia e subordinando a esses termos os conceitos de abordagem, planejamento e
procedimento (técnica) ao mesmo nível, e com isso viram na hierarquia de termos um modelo
com o qual descrever e comparar métodos de ensino. Porém, segundo Almeida Filho, propõe
um modelo teórico para compreender a operação de ensino-aprendizagem de uma língua
estrangeira. Esse modelo reconhece um desenvolvimento ordenado, hierárquico e dialético,
com intervenções proativas e retroativas. Em contraste, modelos anteriores não previam
movimentos ordenados e não consideravam a fase de avaliação como integrante. Almeida
Filho destaca ainda a importância da abordagem predominante na condução do ensino e
ressalta a influência das concepções de linguagem, aprender e ensinar na prática docente.
A competência básica do professor, formada por intuições e experiências, impacta a
abordagem, que pode ser influenciada por hábitos desenvolvidos ao longo do tempo. Uma
abordagem consciente é vital para desenvolver competências específicas, com ênfase na
competência comunicativa para melhorar a competência linguística formal. O modelo
Operação Global de Ensino de Línguas destaca a complexidade do ensino de línguas,
ressaltando a importância do planejamento e interação entre as diversas forças envolvidas.
Segundo esse modelo, a análise de abordagem, através de gravações de aulas além de
contribuir para a melhoria do ensino também auxilia nas pesquisas na área de aprendizagem
de línguas.

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Conclusão:

O ensino e aprendizagem de língua estrangeira, assim como as outras áreas de ensino,


está envolto de uma complexidade significativas de fatores, vai além de uma repasse de
conhecimento, está envolto de uma diversidade, incluso fatores étnicos e regionais e sociais,
requerendo uma disposição contínua do professor em todas as etapas do ensino, desde o
planejamento até a avaliação.
A abordagem escolhida pelo professor será o grande diferencial no processo de ensino
e necessita ser moldada não apenas pelas tradições culturais, mas também por interpretações
individuais e valores pessoais. Uma abordagem que visa ser eficaz deve considerar as
diversidade dos alunos, incluindo fatores como região, etnia e classe social, e será através
desta abordagem que será atribuído significado à nova língua por meio de experiências
relevantes, promovendo o crescimento em relações interativas.
Deste modo, a consciência do professor sobre o ensino é elemento chave no
desenvolvimento de competências específicas nos alunos. É fundamental considerar uma
abordagem flexível e sensível à diversidade dos alunos, juntamente com uma reflexão
contínua do professor e da harmonização entre a cultura de aprendizagem dos alunos e a
abordagem de ensino, reconhecendo a complexidade envolvida no processo educacional.

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