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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO


PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

JOSÉ ROBERTO EGÉA ALCÂNTARA

TRABALHANDO ATIVIDADES DIDÁTICAS BASEADAS EM TEXTOS


COMO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO E AVALIAÇÃO DA QUÍMICA
NO ENSINO MÉDIO

LONDRINA
2012
TRABALHANDO ATIVIDADES DIDÁTICAS BASEADAS EM TEXTOS COMO
ESTRATÉGIA PARA O ENSINO E AVALIAÇÃO DA QUÍMICA NO ENSINO MÉDIO

Autor: José Roberto Egéa Alcântara1


Orientadora: Fabiele Cristiane Dias Broietti 2

RESUMO

O presente trabalho surgiu a partir da observação de que no Ensino Médio, os


professores se deparam com problemas comuns, em relação ao domínio da Língua
Portuguesa, principalmente no que diz respeito a leitura e interpretação de textos.
Estes problemas se estendem não apenas nesta disciplina como em todas as
demais e vão desde a falta de compreensão dos níveis gramaticais, quanto da
oralidade, da dificuldade do entendimento da leitura, caracterizados pela pobreza de
vocabulário, uso incorreto ou inadequado de sinais de pontuação, acentuação e nas
dificuldades em resumir e/ou compreender textos. Assim, os alunos encontram
muitas dificuldades quando se deparam com os conteúdos mais técnicos das
disciplinas da área das exatas, como é o caso da Química. Dessa forma, este
projeto teve como proposta central trabalhar com leituras por meio de atividades
didáticas utilizando-se de textos científicos e/ou de divulgação científica, e de
questionamentos decorrentes desses textos como estratégia de ensino e avaliação
na aprendizagem dessa disciplina. Esta proposta foi realizada no Colégio Estadual
Rio Branco-EFMNP, durante o 2º semestre de 2011. Foram trabalhados no Ensino
Médio conteúdos do livro didático simultaneamente com textos que abordavam
esses mesmos conteúdos, extraídos de revistas. Dentre os objetivos alcançados,
destaca-se que a inserção de textos nas aulas de Química, possibilitaram um maior
envolvimento dos alunos nas aulas e consequentemente um resultado positivo com
relação ao entendimento dos conteúdos abordados, além de tornar os alunos mais
críticos em relação aquilo que vivenciam diariamente ou tomam conhecimento
através dos diversos meios de comunicação.

Palavras-chave: Química; Leitura; Textos; Avaliação.

1
Graduado em Ciências pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Jacarezinho. Habilitação
em Química Ambiental; Biologia Geral; Ciências Biológicas. Professor do Colégio Estadual Dr
Ubaldino do Amaral – EFMNP, de Santo Antônio da Platina-PR. Participante do Programa de
Desenvolvimento Educacional - 2010/2012 – SEED/PR.
2
Doutoranda em Ensino de Ciências na Modalidade Química, Docente do Departamento de Química
da Universidade Estadual de Londrina.
2

ABSTRACT

The present work appeared from the observation of which in the Secondary
education, the teachers come across common problems, regarding the power of the
Portuguese Language, principally what concerns reading and interpretation of texts.
These problems stretch out you do not punish in this discipline how in all too much
and they go from the lack of understanding of the grammatical levels, how much in
the orality, in the trouble of the understanding of the reading, characterized by the
poverty of vocabulary, incorrect or unsuitable use of punctuation marks, accentuation
and in the trouble in summarizing and / or understanding texts. So, the pupils think
many difficulties when they come across the most technical contents of the
disciplines of the area of the right ones, as it is the case of the Chemistry. In this
form, this project had like working central proposal with lectures through educational
activities making use of scientific texts and / or of scientific spread, and of
questionamentos resulting from these texts like strategy of teaching and evaluation in
the apprenticeship of this discipline. This proposal was carried out in the State
College Rio Branco-EFMNP, during the 2nd semester of 2011. Contents of the text
book were worked in the Secondary education simultaneously with texts that were
boarding the same contents extracted of magazines. Among the reached objectives,
one detaches that the insertion of texts in the classrooms of Chemistry, they made
possible a bigger involvement of the pupils in the classrooms and consequently a
positive result regarding the understanding of the boarded contents, besides the
most critical pupils return in relation what they survive daily or several media learn
through.

Keywords. Chemistry; Reading; Texts; Evaluation.


3

1 INTRODUÇÃO

Observa-se que no Ensino Médio, os professores se deparam com problemas


comuns aos alunos, em relação ao domínio da Língua Portuguesa. Estes problemas
variam desde os níveis gramaticais, a oralidade e a leitura, caracterizados pela
carência de vocabulário, uso incorreto ou inadequado de sinais de pontuação,
acentuação, dificuldades em resumir e/ou compreender textos em geral,
provenientes da falta do hábito da leitura.
Para muitos professores das demais disciplinas que não só a de Língua
Portuguesa é inconcebível que os alunos tenham chegado aos anos finais da escola
sem estarem dominando a língua pátria, e consequentemente os alunos encontram
muitas dificuldades quando se deparam com os conteúdos mais técnicos das
disciplinas da área de exatas, como é o caso da Química.
Essas dificuldades encontradas pelos alunos em interpretar situações-
problemas relacionadas aos conteúdos científicos, podem estar associadas à ênfase
dada em sala de aula, por muitos professores, em priorizar aspectos matemáticos
em detrimento de se trabalhar utilizando materiais que possibilitem o
desenvolvimento de outras habilidades, como leitura e interpretação. Em suma,
normalmente os professores não contemplam o hábito da leitura nas aulas de
Ciências, atividade essa que poderia contribuir para o crescimento intelectual dos
alunos no que tange a compreensão de termos mais elaborados como as
nomenclaturas técnicas específicas utilizadas nessas disciplinas.
Neste sentido é preciso buscar alternativas para se trabalhar com leituras por
meio de atividades didáticas utilizando-se de textos científicos e/ou de divulgação
científica assim como questionamentos como estratégia de ensino e avaliação na
aprendizagem de Química.
Assim, neste trabalho nos propomos a investigar de que forma a inserção de
textos nas aulas de Química podem possibilitar ao aluno se apropriar dos
conhecimentos científicos a fim de tornar a aprendizagem mais significativa? Como
o uso de textos e questionamentos pode se tornar uma forma efetiva de avaliar a
aprendizagem? De que forma leituras nas aulas de Química podem contribuir na
interpretação de informações?
4

Têm-se como objetivos comparar a aprendizagem realizada pelos alunos


utilizando-se de textos nas aulas de Química quando confrontados com a utilização
exclusiva de livros didáticos; melhorar a compreensão e interpretação de
informações veiculadas em revistas científicas e de divulgação científica
relacionadas à disciplina de Química; possibilitar ao aluno o entendimento de
conceitos de Química, por meio da utilização de textos e de questionamentos; e
demonstrar a viabilidade da adoção de outros instrumentos de avaliação.

1.2 A LEITURA E O ENSINO DE QUÍMICA

Sabe-se da importância de se trabalhar independente da disciplina com a


parte da leitura e escrita na Educação Básica. Segundo Silva e Terrazzan (2007,
p.1), “ler é compreender, ou seja, a leitura só é considerada uma competência se
tiver implícita a necessidade de compreensão”.
De acordo com os autores acima mencionados, a compreensão de textos
acontece de forma ativa e por meio de relações estabelecidas com as experiências
prévias do leitor. Este processo de compreensão envolve muitos fatores que vão
desde pessoais aos específicos do próprio texto em que se quer ler.
Por outro lado Neves (2000), afirma que, o ato de ler não é um dom intrínseco
do indivíduo, ele precisa ser ensinado, conduzido e orientado.
Nas disciplinas científicas o hábito da leitura não é algo recorrente em sala de
aula. Ao mesmo tempo em que os conteúdos de Química estão presentes na
vivência dos alunos, seus conceitos enquanto teorias presentes nos livros didáticos
são de difícil compreensão.
De acordo com Braga e Mortimer (2003), a compreensão de conteúdos
científicos está atrelada ao entendimento de uma linguagem científica.

A linguagem científica, ou melhor, os registros discursivos utilizados


nas várias ciências, apresentam particularidades e merecem uma
atenção especial da pesquisa sobre o ensino de Ciências, pois
interferem na compreensão de conceitos e fenômenos científicos.
Essa linguagem tem uma estrutura sintática e discursiva própria e
faz uso de um léxico específico, que a distingue da linguagem
cotidiana. Assim, para compreender uma ciência faz-se necessário
aprender também sua linguagem, o que implica conhecer não só o
5

seu vocabulário específico, mas também seu processo de


pensamento e seus modos peculiares de discursos. Tais
implicações, frequentemente, tornam a linguagem científica estranha
e pouco acessível aos alunos. Reconhecer essas especificidades
significa constatar que é difícil separar a aprendizagem das ciências
da aprendizagem da linguagem científica (BRAGA; MORTIMER,
2003, p.2).

Os autores reforçam que para o entendimento da ciência, faz-se necessário


que os alunos aprendam também a linguagem científica, tornando-a parte integrante
das aulas.
Assim também as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (PARANÁ,
2008b, p.30), priorizam a contextualização sócio-histórica “por uma concepção
teórica sócio-histórica fundamentada em Mikhail Bakhtin”.

Bakhtin estende os limites da competência linguística dos sujeitos


para além da frase na direção do que ele chama os "tipos
relativamente estáveis de enunciados", "o todo discursivo", isto é, os
gêneros discursivos, para os quais somos sensíveis desde o início de
nossas atividades de linguagem. Portanto, os gêneros do discurso são
diferentes formas de uso da linguagem que variam de acordo com as
diferentes esferas de atividade do homem (BRANDÃO, 2010, p.2).

Dessa forma, não se pode considerar que a competência de interpretação do


gênero deve ficar apenas sob a responsabilidade da Língua Portuguesa, mesmo
porque os gêneros por essa disciplina abordados são realizados de forma
fragmentada, e assim o aluno não tem a noção da totalidade de um texto científico.
Há várias diferenças entre textos científicos e de divulgação científica,
segundo Massarani e Moreira (2005), enquanto os primeiros utilizam termos mais
especializados e buscam por construções de argumentações que convençam, ou
tentam convencer os iniciados acerca dos resultados exibidos ou dos modelos
propostos, os últimos são mais descritivos e utiliza-se de linguagens convencionais.
Os Textos de Divulgação Científica (TDC) situam-se em posição privilegiada
em relação aos diversos textos possíveis, principalmente quanto a sua utilização em
sala de aula, pois estes textos usualmente apresentam os assuntos numa linguagem
flexível e próxima da utilizada no cotidiano das pessoas e não costumam exagerar
no aprofundamento em detalhes (SILVA, TERRAZZAN, 2007, p.1). Entretanto, vale
6

ressaltar que cabe ao professor sempre investigar a veracidade da informação ali


veiculada.
Considerando que, atualmente, muitas questões nos vestibulares priorizam
textos atuais extraídos de revistas e jornais, pensamos ser interessante que os
professores tragam para a sala de aula esses materiais aliando-os aos livros
didáticos. Logo, não se trata de substituir esses últimos, mas de possibilitar aos
alunos outras leituras.

2. A AVALIAÇÃO COMO CONSEQUÊNCIA DO ENSINO E APRENDIZAGEM

A Avaliação é um dos temas bastante presente nas discussões sobre


educação, objeto de intensos debates dentro e fora da escola, canalizando a
atenção de todos os envolvidos nas questões educacionais. Considerada como uma
atividade essencialmente humana está associada à experiência cotidiana de
homens e mulheres.
Num sentido mais amplo, a avaliação faz parte do nosso dia a dia, muitas
vezes determinando o nosso modo de ser ou de agir. Somos o que somos porque
nos constituímos a partir de ações, reflexões, questionamentos e desafios sobre nós
mesmos e das interações que estabelecemos com os outros e com o mundo, em um
processo permanente de avaliação. Segundo Vasconcelos (2006), a avaliação serve
como um diagnóstico para fazer análises e a partir disso tomar futuras decisões.

O que se espera de uma avaliação numa perspectiva


transformadora é que os seus resultados constituam parte de um
diagnóstico e que, a partir dessa análise da realidade, sejam
tomadas decisões sobre o que fazer para superar os problemas
constados: perceber a necessidade dos alunos e intervir na
realidade para ajudar a superá-la. [...] um dos grandes problemas da
avaliação escolar é que ela se tornou basicamente classificatória,
não se colocando num processo de transformação da prática
pedagógica: avalia-se, limita-se uma classificação dos sujeitos (na
verdade objetos) de acordo com o resultado (VASCONCELOS,
2006, p.89).

O autor ressalta que a avaliação tem se tornado muito mais um instrumento


para classificar os alunos do que para transformar a prática pedagógica.
7

Para isto, os professores devem ser capacitados para a observação, análise e


expressão da avaliação de seus alunos, a fim de se evitar juízos superficiais,
estereotipados, rotulados.
Freire (1997) explica como a avaliação compartilhada, dialógica, na qual os
alunos e os professores são sujeitos co-participantes contribui com o processo de
construção do conhecimento, possibilitando ao aluno compreender criticamente o
seu processo de aprendizagem, reconstruindo-o quando necessário.
Outra autora, Haydt (2006), evidencia a importância de utilizar de
instrumentos avaliativos durante todo o processo de ensino e aprendizagem.

A avaliação é um processo contínuo e sistemático. Faz parte de um


sistema mais amplo, o processo ensino-aprendizagem, nele se
integrando. Por isso, ela não tem um fim em si mesma, é sempre um
meio, um recurso, como tal deve ser usada. Não ser esporádica ou
improvisada. Deve ser constante e planejada, ocorrendo
normalmente ao longo de todo o processo, para reorientá-lo e
aperfeiçoá-lo (HAYDT, 2006, p.288).

Para Hoffmann (2000, p.61) "há necessidade de a avaliação deixar de


ser um estudo transversal do processo educativo e ser concebida como um
instrumento que tem como foco a busca constante da compreensão das dificuldades
dos educandos e da dinamização de novas oportunidades de conhecimento".
Hoffmann afirma que “avaliação é movimento, é ação e reflexão”. É importante
observar que a avaliação nesse sentido deverá se encaminhar a um processo
dialógico e cooperativo, por meio do qual os educandos e os educadores aprendem
sobre si no ato da avaliação.
Esse pensamento é compartilhado em outros documentos,

Precisamos [...] praticar a avaliação a serviço do nosso plano de


ação docente, serviço da obtenção dos resultados esperados, usar a
avaliação como recurso de diagnóstico da aprendizagem dos
nossos educandos, de modo a orientar nossas intervenções para a
melhoria dos resultados desejados (PARANÁ, 2008a, p.3).

Construir uma perspectiva democrática de avaliação com vistas à qualidade


social é anunciar uma perspectiva de educação subsidiada por princípios gerais e
emancipatórios, e nesse sentido, incorporar diversos materiais como instrumentos
de avaliação.
8

Neste sentido, para este trabalho, a proposta consistiu em possibilitar aos


alunos o entendimento de conceitos de Química, por meio da utilização de textos e
de questionamentos como estratégia de ensino e avaliação na aprendizagem de
Química.

3 METODOLOGIA

A pesquisa se deu em torno da leitura e interpretação de textos apresentados


em revistas científicas e de divulgação científica pertencentes à disciplina de
química, considerando a inserção “do aluno na cultura científica e a relação da
Química com a sociedade e a tecnologia” para além dos livros didáticos, como
aborda as Diretrizes Curriculares Estaduais de Química - DCEs ( PARANÁ, 2008b,
p.52).
A implementação do Projeto realizou-se no Colégio Estadual Rio Branco –
EFMNP – Ensino Fundamental, Médio, Normal e Profissional, localizado na cidade
de Santo Antônio da Platina-PR, com 24 alunos do 3º Ano do Ensino Médio, do
período matutino. As atividades foram realizadas ao longo do 2º Semestre do ano
letivo de 2011, abordando conteúdos presentes no Plano de Trabalho Docente -
PTC.
Inicialmente foi aplicado um questionário com 5 perguntas, a saber:
(1) Você tem o hábito de ler?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes.
(2) Se respondeu “sim” ou “às vezes”, que tipo de leitura prefere:
( ) revistas. Quais?
( ) livros. Gênero?
( ) história em quadrinhos. Quais ?
(3) Considerando que há revistas específicas de várias disciplinas3, você já tomou
conhecimento ou leu revistas de:
( ) História ( ) Geografia ( ) Química ( ) Sociologia ( ) Filosofia ( ) Outras:
(4) Você concorda que matérias de revistas e jornais podem contribuir para a
aprendizagem dos conteúdos:

3
As revistas são disponibilizadas na Biblioteca do Colégio, sobre as mesas de maneira que, sejam
bem visíveis para os interessados.
9

( ) sim ( ) não ( ) às vezes ( ) depende dos conteúdos ( ) depende da disciplina


( ) depende da abordagem
(5) Você costuma pesquisar na Internet os conteúdos das disciplinas?
( )sim ( ) não ( ) às vezes.

A análise dos dados do questionário ofereceram parâmetros para dar


sequência nas atividades.
Vale salientar que antes da aplicação do questionário foi explicado a
importância da sinceridade nas respostas e que se tratava de um trabalho de
investigação realizado pelo professor para conhecer os hábitos de leitura dos alunos
e que as atividades a serem desenvolvidas pelo professor nesta turma
compreenderiam a leitura e a interpretação de textos abordando assuntos da
disciplina.
Foram colocados à disposição dos alunos textos previamente selecionados
de acordo com os conteúdos programáticos para a série em questão. Os conteúdos
abordados foram: os Hidrocarbonetos, e dentro destes, os Alcanos: definição e
fórmula geral; nomenclatura; alcanos ramificados; a presença dos alcanos em nossa
vida – petróleo – gás natural – xisto betuminoso – metano; combustão dos alcanos.
Estes textos foram extraídos de revistas como Scientific American 4;
Superinteressante5, Sapiens 100% Ciência6
Buscou-se nestes textos contemplar temas sociais contemporâneos, como a
poluição ambiental, combustíveis e as alternativas para a substituição da gasolina.
Em grupo, os alunos e o professor trabalhavam os conteúdos teóricos do livro
didático e na sequência faziam a leitura de textos que abordavam os assuntos em
questão.
Durante as aulas os alunos deveriam realizar a leitura detalhada do texto,
discutí-la entre o grupo, ressaltando os pontos pertinentes ao assunto abordado e
suas relações com os conteúdos de química.
Também foi contemplada atividades extra-classe como visitas agendadas aos
postos de combustíveis com trabalhos pertinentes aos assuntos abordados, como
por exemplo, as denominações da gasolina, do óleo diesel, a qualidade e/ou
4
Scientific American Brasil: São Paulo: Duetto, n.87, ago. 2009, p.24-31.
5
Superinteressante. São Paulo: Abril, n.256, set. 2008, p. 4-5; n. 243, set. 2007, p.42;,n. 209, jan.
2005, p.16-17.
6
Sapiens. 100% Ciência. São Paulo: Abril, n.3, mar. 2005, p.36-41,
10

diferencial destes combustíveis e em relação aos preços estabelecidos, o que


significa “bandeira”, como os fiscais realizam os testes para verificar se há
adulteração, a questão do lacre nas bombas, e os problemas que acarretam nos
motores como consequência do uso de combustível inadequado.
Na avaliação foram considerados dois momentos. No primeiro foi
contemplada a avaliação na forma tradicional, ou seja, com os conteúdos apenas do
livro didático e considerando 6 (seis) pontos para as atividades realizadas em sala
em grupo; pesquisas individuais e em grupo 7, e participação; e 4 (quatro) pontos
para atividades em forma de avaliação individual com questões de múltipla escolha
e dissertativa.
No segundo momento, com os mesmos recursos e valores, mas com as
questões referentes à interpretação dos textos.
Todas as atividades compreenderam exposição e discussão dos temas:”
Porque precisamos do petróleo”; “Fontes alternativas para a substituição do
petróleo”, “Automóveis x Poluição”. A partir de pesquisas, os alunos produziram
textos como: “O Petróleo nosso de cada dia”; “ O petróleo vai acabar e daí?”, “Eu
quero mais é meu carro, a poluição não é problema meu”; “ A gasolina azul não é
azul”; “Combustíveis: quando o barato sai caro”; “Como ser bilionário no futuro
criando fontes alternativas de energia boa, acessível e barata”.
Para concluir a implementação do Projeto, um segundo questionário foi
aplicado contemplando as questões abaixo.

1. A leitura e a compreensão dos textos ajudou na aprendizagem dos conteúdos


apresentados?
( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente
( ) discordo totalmente ( ) discordo parcialmente
2. Foram encontradas dificuldades de leitura e interpretação dos textos trabalhados?
( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente
( ) discordo totalmente ( ) discordo parcialmente
3. É importante que os professores tragam para a sala de aula, textos paralelos aos
conteúdos, para serem trabalhados juntos?
( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente

7
Todas as atividades de pesquisas foram realizadas no próprio Colégio, ora na Biblioteca, ora no
Laboratório de Informática, sob a mediação do próprio professor.
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( ) discordo totalmente ( ) discordo parcialmente


4. Pode-se afirmar que os textos apresentados despertaram interesses por outras
leituras dessa área?
( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente
( ) discordo totalmente ( ) discordo parcialmente

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da análise dos dados coletados por meio do primeiro questionário,


notou-se que 13 (treze) dos 24 alunos pesquisados - tem “às vezes” o hábito de ler;
9 (nove) responderam sim, e apenas 2, não. Quanto ao tipo de leitura preferida -
questão 2 - , observa-se que os alunos indicam mais de uma opção, encontrando as
seguintes preferências: 17(dezessete) para livros – dos seguintes gêneros: ação,
suspense, aventura, ficção e romance; 6 (seis) para revista – do tipo: Veja, e 6 (seis)
para histórias em quadrinhos – ex: Mônica, Smilinguído, Capitão América,
Wolverine, Batman, Homem Aranha, Mafalda, Charlie Brown.
Em relação às revistas voltadas para as disciplinas - questão 3 - , houve uma
preferência para as revistas de História – 11(onze) alunos; 6 (seis) para Química,
3(três) para Matemática, 1(um) para Filosofia, Sociologia, Português, Biologia e
1(um) para Nova Escola.
Questionados se as matérias de revistas e jornais podem contribuir para a
aprendizagem dos conteúdos os resultados foram: 8(oito) alunos apontam que ”sim”;
7(sete) “depende dos conteúdos”; 5 (cinco) “depende da disciplina”; 3 (três) “às
vezes”, e para 1(um) “depende da abordagem”.
Sobre pesquisar os conteúdos na Internet - questão 5 - , 13 ( treze) alunos
responderam que “às vezes”, e 11 (onze) “sim”.
Com base nas respostas dadas pelos alunos, foi possível constatar que os
alunos, aqui investigados, praticam de alguma forma a leitura dentro e fora da
escola. Embora não seja uma prática permanente, observa-se nas respostas, que
mesmo de forma eventual os alunos buscar realizar leituras, nos mais diferentes
meios, ressaltando a importância deste ato.
Por outro lado, não se pode deixar de considerar que as revistas citadas
fazem parte do acervo da Biblioteca da escola e também nela há computadores de
12

livre acesso para pesquisas pessoais (o Laboratório de Informática são para


atividades direcionadas, e cursos de Informática), logo, é impossível ignorar as
revistas.
Quando questionados em relação as contribuições na aprendizagem de
conteúdos por meio da leitura de textos, os alunos apontam que sim, no entanto ,
alguns ressaltam a importância de se levar em consideração alguns fatores como os
conteúdos e a abordagem dada pelo professor ao trabalhar com o texto.
Observa-se também que os alunos têm acesso a Internet com bastante
facilidade e que fazem o uso da mesma quando o assunto é referente aos
conteúdos das disciplinas.
Em relação as aulas trabalhadas ao longo do semestre com a utilização dos
textos ”Algas que movem motores”; “Alga ou gasolina, doutor?; “O futuro é verde”;
“Gasolina de capim e outros vegetais”; e “Brasil tipo exportação” levaram os alunos
divididos em grupos, a realizarem pesquisas a partir da leitura dos textos. Na
sequência cada grupo produziu um texto escrito e apresentaram os resultados em
forma de seminário.
Foi possível observar a interdisciplinaridade nas apresentações, pois
abrangeram várias áreas, além da química, citaram a biologia, história, geografia,
matemática, incluindo a inovações tecnológicas.
Dessa forma, a utilização de textos na abordagem de conteúdos tornou os
assuntos mais prazerosos de serem discutidos, na medida em que abordavam
assuntos do cotidiano de forma mais prática, e na avaliação essa relação ficou mais
evidente: os alunos encontram dificuldades nas questões dos livros didáticos quando
abordavam fórmulas e suas interpretações e maiores facilidades com as questões
tanto objetivas quanto dissertativas com relação aos textos.
A esta consideração acrescenta-se ainda, que as pesquisas relacionadas aos
textos possibilitaram outras descobertas interdisciplinares que normalmente não
fazem parte dos livros didáticos, ou seja, nesse sentido, “descobriram” o quanto é
interessante a leitura.
Nas discussões sobre essas avaliações, os alunos consideraram que foi
importante conhecer os conceitos mas não vêem necessidade de “memorizarem”
fórmulas, pois entendem que, quando lêem uma matéria é possível “lembrar” dos
conceitos e que para entenderem não necessitam da memorização de dados e
fórmulas.
13

Para o encerramento das atividades, foi aplicado um segundo questionário,


com a finalidade de levantar os impactos possibilitados aos alunos com a utilização
de textos e questionamentos no ensino e aprendizagem de conteúdos de química.
Quando questionados se a “A leitura e a compreensão dos textos ajudou na
aprendizagem dos conteúdos apresentados” - questão 1 - 24 alunos ou seja, 100%
apontaram a alternativa “concordo totalmente”.
Pode-se notar com o desenvolvimento das atividades que os alunos ao longo
do semestre, foram não só se interessando pelos assuntos das revistas como se
tornando mais críticos em relação aos conteúdos didáticos, questionando quanto a
necessidade de alguns conceitos, métodos e formas de aprendizagem. Dessa
forma, foi preciso também argumentar a respeito da necessidade de alguns
conceitos químicos pois estes além de estarem presentes em vários exames como
os vestibulares e concursos, também os auxiliam a tornarem-se cidadãos
alfabetizados cientificamente, aptos a interpretarem o mundo pela linguagem
científica.
Na questão 2 que abordava a respeito das dificuldades de leitura e
interpretação nos textos trabalhados, 17 alunos (70,84%) responderam “discordo
totalmente”, 7 (29,16%) para o “discordo parcialmente”. Nota-se que a maioria dos
alunos não encontraram dificuldades na realização das leituras e interpretação dos
textos. Com relação aos alunos que manifestaram a segunda opção - discordo
parcialmente - estes foram questionados, ressaltando que alguns textos trabalhados
pareciam ter sido escrito para quem já “conhecia” o assunto por causa de
determinados termos que não haviam nem mesmo no livro didático e isso os levou
às outras pesquisas.
Para a questão 3 - “É importante que os professores tragam para a sala de
aula, textos paralelos aos conteúdos, para serem trabalhados juntos?”, 100% dos
alunos assinalaram a alternativa “concordo totalmente”.
Em sala, com relação a esta questão, comentaram que acham “legal” os
professores saírem da rotina do livro didático, mas não só em Química, pois tem
muitas revistas interessantes que relacionam os conteúdos estudados na escola,
acrescentaram que até mesmo os “gibis” apresentam esta característica (alguém
lembrou do Homem aranha, explicando”cientificamente” sua teia)
Quanto a última questão - “Pode-se afirmar que os textos apresentados
despertaram interesses por outras leituras dessa área?”, todos os alunos
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responderam “concordo totalmente”, e justificaram dizendo que a questão não é se


interessarem por outras leituras, mas situar aquilo que já lêem dentro dos conteúdos
e procurar mais conhecimentos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Partindo das observações e da experiência com a realização deste trabalho,


nota-se que um dos problemas para se realizar leituras e interpretação de textos em
sala de aula tem como primeiro desafio a motivação do aluno para tal empreitada.
Torna-se necessário e é papel do professor fazer uso de textos, paralelo ao ensino
dos conteúdos a serem trabalhados. Com a realização deste trabalho foi possível
obter resultados positivos na utilização de atividades didáticas baseadas em textos,
tanto no ensino de química quanto na avaliação da aprendizagem. Os próprios
alunos levantaram questionamentos quando não entendiam determinada passagem
do texto buscando respostas por meio de pesquisas em outras fontes. Fato não
familiar quando se utiliza apenas o livro didático. Logo, para eles, o livro se mostra
estático, não oferece nenhuma possibilidade de alternativas, é algo acabado, pronto,
ao passo que as matérias de revistas se mostram abertas, mais inovadoras, trazem
fatos da atualidade, sugerem outros questionamentos e discussões, e o leitor pode
ou não concordar com seus autores.
Também não pode deixar de considerar que as atividades extra-classe
colaboraram para aproximar teoria com a prática, chamando a atenção para a
questão dos combustíveis adulterados, suas consequências, as leis ambientais com
as quais os postos de combustíveis devem respeitar, dentre outros.
Dessa forma, observa-se que os textos podem contribuir para a interpretação
das informações e ao mesmo tempo tornar os alunos mais críticos em relação aquilo
que vivenciam diariamente ou tomam conhecimento através dos diversos meios de
comunicação.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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