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Terminologias, Conceitos e Perspectivas no Ensino de L2
Revisão Textual:
Profa. Ms. Natalia Conti
Terminologias, Conceitos e
Perspectivas no Ensino de L2
Objetivos
• Apresentar e distinguir alguns conceitos importantes que são utilizados no ensino de
uma segunda língua;
• Observar e discutir as perspectivas, ou visões, pelas quais a linguagem e a aprendizagem
podem ser entendidas;
• Apontar e refletir sobre as multimodalidades e multiletramentos resultantes dos avanços
tecnológicos e seus impactos no ensino de L2.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Terminologias, Conceitos e Perspectivas no Ensino de L2
Contextualização
Caro(a) aluno(a),
Ensinar uma segunda língua, como a LIBRAS, por sua vez, requer tanto conhecimentos
específicos do idioma, ou seja, de sua estrutura e léxico, quanto dos modos como esses
conhecimentos podem ser compartilhados.
Desse modo, para que você possa se tornar um profissional capacitado no ensino
de LIBRAS, especificamente, é necessário entender a terminologia e os pressupostos
teóricos que envolvem o ensino de qualquer segunda língua, sendo esse o caminho que
percorreremos nesta unidade.
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Introdução
Quando nos dispomos a ensinar qualquer idioma, seja ele inglês, francês, espanhol
ou LIBRAS, uma das primeiras questões que surgem é: como fazer isso? Afinal,
percebemos facilmente que o conhecimento linguístico ou comunicativo que adquirimos
como usuários não será suficiente para transmitirmos, ou facilitarmos o conhecimento
para outros.
Terminologia e Conceitos
Ainda que a habilidade para se ensinar possa ser considerada como um “dom”
por algumas pessoas, ela é, de fato, um conjunto de procedimentos que podem ser
adquiridos e que facilitam e organizam nosso fazer didático-pedagógico.
Outra questão que precisa ser observada atentamente por aqueles que querem se
dedicar ao ensino é que, tanto este quanto a aprendizagem são processos complexos,
mediados pela linguagem e influenciados por uma série de variantes. Comentemos,
assim, um pouco mais a respeito desses tópicos.
O ato de aprender não é sempre igual e uniforme, pois, como sabemos, muitos
fatores podem influenciá-lo, tanto com o intuito de favorecê-lo ou facilitá-lo, quanto
podem exercer influências contrárias, dificultando-o ou até mesmo impossibilitando-o.
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Terminologias, Conceitos e Perspectivas no Ensino de L2
Além das variantes cognitivas e afetivas citadas, há ainda aquelas de ordem social,
econômica e política, que se referem às diversas realidades que marcam a educação em
um país de dimensões continentais como o Brasil. Assim, aprender em um contexto
marcado pela violência, insegurança ou criminalidade, é bem diferente do que aprender
em outros universos socioculturais.
O ato de ensinar, por sua vez, também é o resultado de uma série de fatores, que
poderão influenciar em grau maior ou menor as escolhas realizadas em sala de aula.
Desse modo, pode-se conceber o ensino como algo estático, tradicional e monológico,
situações em que se considera o professor como o detentor de um saber não mais
passível de modificações, ou seja, sob essa perspectiva, o professor é aquele que possui
todas as informações necessárias sobre determinado assunto e este, por sua vez, não
apresentará novidades ou variações. É o que acontece, muitas vezes, em áreas como
a das ciências exatas, em que parece ser função do professor apenas divulgar um
conhecimento desconhecido para os alunos. Por outro lado, o ensino também pode
ser considerado dialógico, numa perspectiva que se alinha à ideia de que nada do que
conhecemos, em qualquer área do saber, pode ser considerado definitivo, ou seja, essa
é uma perspectiva de ensino que se baseia no conhecimento compartilhado, que é
adquirido e renovado durante o próprio ato de ensinar.
Assim, como você pode observar, não é possível estabelecer uma única definição
satisfatória sobre o que seja ensinar ou aprender.
Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images
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Ainda que muitas pessoas utilizem os termos língua estrangeira e segunda língua como
se esses fossem sinônimos, há, de fato, uma distinção essencial entre eles. Utiliza-se o
termo língua estrangeira, quando o idioma que se ensina não é falado fora do ambiente
escolar, como o que acontece com a maior parte das línguas ensinadas no Brasil, como
o inglês, o francês ou o espanhol. Já a nomenclatura segunda língua se refere ao idioma
que é utilizado fora do ambiente escolar, assim como ocorre em situações de intercâmbio,
em que o aluno vai estudar um idioma no país que utiliza esse mesmo idioma como
língua-mãe, ou seja, quando alguém vai estudar inglês na Inglaterra, por exemplo.
Assim, de forma mais ampla, costuma-se utilizar o termo segunda língua, ou L2,
tanto para o ensino de um idioma que é utilizado cotidianamente fora do ambiente
escolar, quanto para as situações em que a língua aprendida não faz parte da rotina da
maioria dos habitantes do lugar.
Outra distinção importante e que será utilizada quando tratarmos das abordagens e
metodologias é a que se refere aos conceitos de aprendizagem e aquisição, conforme
apresentamos no próximo subitem.
Uma vez que a aprendizagem é um ato muitas vezes mecânico e condicionado, ela é
associada a situações nem sempre prazerosas e repetitivas, além de buscar a memorização
de informações que, por sua vez, poderão ser futuramente esquecidas.
Por sua vez, a aquisição não estabelece prazos para ocorrer, já que é um ato incons-
ciente, e, dessa forma, envolve uma atmosfera de menos cobranças, ansiedade e tensão.
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Dessa forma, podemos sinteticamente dizer que, uma mesma abordagem pode
fornecer as bases teóricas para diversos métodos e esses, por sua vez, também poderão
ser realizados a partir de técnicas distintas. Conforme o esquema abaixo demonstra:
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Técnica A
Método 1
Abordagem Técnica B
Método 2
Técnica C
Figura 2
Ainda que a variação terminológica soe um tanto confusa nesse momento, você
verá que esses conceitos se tornarão mais claros na medida em que apresentarmos as
metodologias e abordagens em outra unidade, quando então serão retomados.
Visão Estrutural
Podemos observar a linguagem, ou a língua, como um sistema no qual diversos
elementos se organizam, compondo estruturas que vão das mais simples às mais
complexas. Sob essa ótica, entendemos que as palavras são compostas por elementos
menores, como por exemplo, a palavra jardineira, que deriva de jardim, ou que as
frases, em cada idioma, possuem organizações sintáticas diferentes, assim, enquanto em
português temos “Ele é um rapaz adorável”, em inglês a mesma sentença fica “He is an
adorable boy”, com o posicionamento do adjetivo antes do substantivo.
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Tanto em um, quanto em outro caso, nosso olhar está recaindo sobre as estruturas
dos idiomas, ou seja, utilizamos uma visão estrutural da linguagem.
Esse modo de olhar tem bases teóricas no Estruturalismo desenvolvido pelo linguista
suíço Ferdinand de Saussure, que observa a língua como se esta fosse o resultado de um
conjunto de regras.
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
Assim, à semelhança de um jogo de xadrez, cada peça constrói sua identidade, adquire
um valor, a partir da relação que estabelece com as outras peças.
Visão Funcional
É também possível observarmos a linguagem sob um ponto de vista funcional, ou
seja, partimos das estruturas da língua, da composição dos diversos elementos, mas
nosso objetivo final é entender para que essas composições servem, em que situações
de comunicação elas são utilizadas.
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Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images
Visão Interacional
A última visão que será apresentada é a que entende a linguagem não mais delimitada
por suas estruturas, nem apenas atrelada aos sentidos que resultam das escolhas lexicais
e semânticas, mas como veículo, ou ferramenta para a realização das relações pessoais
ou sociais.
Com isso, o fator mais importante dentro dessa visão é entender as intenções
comunicativas, os fatores que favorecem ou dificultam a comunicação.
Como você já deve ter percebido, essa visão pode se confundir facilmente com a
visão funcional, assim, observe a seguinte figura:
Figura 5
Fonte: iStock/Getty Images
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Para que serve um balde? Para armazenar ou transportar volumes líquidos ou sólidos,
certo? Pois bem, essa é a função inicial do objeto balde.
Figura 6
Fonte: iStock/Getty Images
Nelas, o objeto balde está sendo utilizado para realizar outras funções, não original-
mente idealizadas por aqueles que o fabricaram.
Visão Behaviorista
A visão intitulada behaviorista, ou comportamentalista, é aquela que surge a partir
das teorias desenvolvidas pelo psicólogo norte americano, B. F. Skinner, que na primeira
metade do século XX realizou diversos experimentos que tinham por objetivo demonstrar
a relação existente entre os estímulos externos, tanto positivos, quanto negativos, e a
formação do comportamento.
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Assim, o olhar que enxerga a aprendizagem sob o ponto de vista behaviorista é
marcado pela mensuração do desempenho do aluno, cujos bons resultados serão
recompensados, como um estímulo positivo, ou punidos, caso os resultados alcançados
estejam fora dos padrões estabelecidos.
Visão Cognitivista
Enquanto que os estudos behavioristas associavam o aprendizado aos estímulos
externos, as teorias de ordem cognitivista, em sua maioria, originárias da Psicologia,
buscavam entender a relação que se estabelece entre o indivíduo e o objeto de
conhecimento. Assim, os processos mentais e os fatores de ordem emocional,
passaram a ser considerados como elementos importantes para o desenvolvimento da
aprendizagem, ou, para muitas correntes, da aquisição.
Figura 7
Fonte: iStock/Getty Images
Acesse os seguintes links para saber mais a respeito do Construtivismo de Jean Piaget e da
Teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner:
https://goo.gl/sU1MU7 / https://goo.gl/EEkHcs
Visão Interacionista
Os estudos interacionistas, sob o ponto de vista da aprendizagem, pautam-se na
premissa de que os indivíduos aprendem no processo de interação com outros indivíduos,
ou seja, as trocas sociais são tão ou mais importantes para o desenvolvimento do
conhecimento que o contato do indivíduo com o objeto de conhecimento, ou com
qualquer outro tipo de reconhecimento externo.
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Terminologias, Conceitos e Perspectivas no Ensino de L2
Figura 8
Fonte: iStock/Getty Images
As Multimodalidades e os Multiletramentos
Para tratarmos das multimodalidades e multiletramentos, precisamos considerar,
antes, as influências do avanço tecnológico, cuja presença na educação se constitui
um fato, já fazendo parte de nosso cotidiano, tanto na educação presencial, quanto
nas diversas modalidades à distância. Outro fato está relacionado ao uso cada vez mais
constante dos recursos tecnológicos em sala de aula, inserindo-se como estratégia de
sobrevivência dentro desse grande universo.
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Contudo, o que pretendemos destacar nesta unidade com relação à questão é a
variedade de gêneros que surgiram, e que continuam a surgir, a partir das inovações da
informática e da tecnologia, tornando bastante difícil a tarefa de manter-se atualizado
com relação ao assunto. O advento dos smartphones e de outros equipamentos não
apenas trouxe o mundo virtual para as salas de aula, mas com eles toda uma série
de gêneros que mesclam recursos imagéticos, de áudio, vídeo e texto, que diluem as
fronteiras de tempo e espaço e fazem-nos reconsiderar questões sobre a autoria de um
texto que pode pertencer, simultaneamente, a todos e a ninguém de modo específico,
e que aproximam grupos e comunidades originárias de contextos sociais e culturais
bastante distintos, que nem sempre convivem em harmonia. Questões essas que nos
fazem rever e reconsiderar conceitos até então bem claros, como os relacionados às
habilidades de leitura e compreensão de textos escritos, à identificação de autoria, das
referências culturais marcadas nas obras e dos procedimentos de coesão e coerência,
por exemplo. É a partir dessas considerações, portanto, que ganham força e importância
os aspectos relacionados às multimodalidades e multiletramentos que aqui apontamos,
ainda que de forma bastante geral e introdutória.
Atrelada a essa questão da imensa diversidade de gêneros que surgem pelos recursos
tecnológicos, está a concepção de leitura, ou letramento, pois, enquanto há poucas
décadas esse conceito se referia unicamente à habilidade de se decodificar ou não o
código verbal em uso, hoje em dia, tem-se a impressão de se está a aprender o tempo
todo, daí uma das possibilidades interpretativas para o termo multiletramentos, ou seja,
a habilidade, ou inabilidade, para se transitar adequadamente em contextos discursivos
tão distintos.
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Terminologias, Conceitos e Perspectivas no Ensino de L2
Oral
Auditivo
Visual Escrita
Multiletramento
Sinais
Digital
Teatro Dança
Figura 9
Acesse o link seguinte para visualizar uma entrevista com a Professora Roxane Rojo, uma
das maiores divulgadoras dos Multiletramentos associados à Educação no Brasil.
https://goo.gl/LNqMfk
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Estruturalismo, Segundo Saussure
Para saber mais a respeito de Saussure e da Teoria Estruturalista.
https://goo.gl/z88jJf
O Construtivismo e Jean Piaget
Para saber mais a respeito do Construtivismo de Jean Piaget e da Teoria das Inteligências
Múltiplas, de Howard Gardner.
https://goo.gl/sU1MU7
A Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner
Para saber mais a respeito do Construtivismo de Jean Piaget e da Teoria das Inteligências
Múltiplas, de Howard Gardner.
https://goo.gl/EEkHcs
Roxane Rojo: Alfabetização e Multiletramentos
Você poderá visualizar uma entrevista com a Professora Roxane Rojo, uma das maiores
divulgadoras dos Multiletramentos associados à Educação no Brasil.
https://goo.gl/LNqMfk
Leitura
Uma Visão Geral da Gramática Funcional
Conheça melhor a teoria Funcionalista.
https://goo.gl/pkoPMJ
Desenvolvimento e Aprendizado
Para conhecer mais a teoria sócio-construtivista.
https://goo.gl/Jhmor4
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Terminologias, Conceitos e Perspectivas no Ensino de L2
Referências
LEFFA, Vilson J. Metodologia do ensino de línguas. In BOHN, H. I.; VANDRESEN, P.
Tópicos em lingüística aplicada: O ensino de línguas estrangeiras. Florianópolis:
Ed. da UFSC, 1988. p. 211-236. Disponível em: <http://www.leffa.pro.br/textos/
trabalhos/Metodologia_ensino_linguas.pdf>. Acesso: 05/06/2017
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