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Terminologias, Conceitos e Perspectivas no Ensino de L2

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Sandra Regina F. Moreira

Revisão Textual:
Profa. Ms. Natalia Conti
Terminologias, Conceitos e
Perspectivas no Ensino de L2

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Introdução
• Terminologia e Conceitos
• As Três Visões sobre o Desenvolvimento da Linguagem

Fonte: iStock/Getty Images


• As Três Visões sobre a Aprendizagem
• As Multimodalidades e os Multiletramento

Objetivos
• Apresentar e distinguir alguns conceitos importantes que são utilizados no ensino de
uma segunda língua;
• Observar e discutir as perspectivas, ou visões, pelas quais a linguagem e a aprendizagem
podem ser entendidas;
• Apontar e refletir sobre as multimodalidades e multiletramentos resultantes dos avanços
tecnológicos e seus impactos no ensino de L2.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Terminologias, Conceitos e Perspectivas no Ensino de L2

Contextualização
Caro(a) aluno(a),

Aprender a se comunicar em outro idioma não é apenas um fator de enriquecimento


pessoal e profissional, mas também uma forma de acesso à diversidade cultural, de
respeito aos outros e de percepção do lugar que ocupamos no mundo em que vivemos.

Ensinar uma segunda língua, como a LIBRAS, por sua vez, requer tanto conhecimentos
específicos do idioma, ou seja, de sua estrutura e léxico, quanto dos modos como esses
conhecimentos podem ser compartilhados.

Desse modo, para que você possa se tornar um profissional capacitado no ensino
de LIBRAS, especificamente, é necessário entender a terminologia e os pressupostos
teóricos que envolvem o ensino de qualquer segunda língua, sendo esse o caminho que
percorreremos nesta unidade.

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Introdução
Quando nos dispomos a ensinar qualquer idioma, seja ele inglês, francês, espanhol
ou LIBRAS, uma das primeiras questões que surgem é: como fazer isso? Afinal,
percebemos facilmente que o conhecimento linguístico ou comunicativo que adquirimos
como usuários não será suficiente para transmitirmos, ou facilitarmos o conhecimento
para outros.

É, portanto, com o objetivo de fornecer subsídios metodológicos para o ensino de


uma segunda língua que esta disciplina se organiza e, nesta unidade, iremos apresentar
e discutir a terminologia, os conceitos, as perspectivas e as influências que cercam e
influenciam o ato de ensinar e, por conseguinte, o de aprender.

Iniciemos, portanto, com algumas considerações importantes sobre a terminologia


e os conceitos que caracterizam essa grande área de estudos.

Terminologia e Conceitos
Ainda que a habilidade para se ensinar possa ser considerada como um “dom”
por algumas pessoas, ela é, de fato, um conjunto de procedimentos que podem ser
adquiridos e que facilitam e organizam nosso fazer didático-pedagógico.

Isso significa que o conhecimento metodológico não apenas fornece embasamento


teórico a respeito das diversas abordagens e metodologias existentes para o ensino
de uma língua estrangeira, ou de uma segunda língua, como também possibilita a
reflexão consciente sobre as escolhas tomadas, sobre os erros e os acertos cometidos,
o que conduz a um contínuo desenvolvimento das habilidades docentes. Desse modo,
esse conhecimento desperta a percepção de que não há propostas metodológicas
definitivas ou perfeitas para todos os tipos de alunos; antes, caberá ao docente, a
partir da compreensão das abordagens e métodos, selecionar, mesclar e adaptar
aqueles que mais se ajustam aos diversos contextos educacionais em que ele e seus
alunos se inserem.

Outra questão que precisa ser observada atentamente por aqueles que querem se
dedicar ao ensino é que, tanto este quanto a aprendizagem são processos complexos,
mediados pela linguagem e influenciados por uma série de variantes. Comentemos,
assim, um pouco mais a respeito desses tópicos.

O ato de aprender não é sempre igual e uniforme, pois, como sabemos, muitos
fatores podem influenciá-lo, tanto com o intuito de favorecê-lo ou facilitá-lo, quanto
podem exercer influências contrárias, dificultando-o ou até mesmo impossibilitando-o.

Dentre esses fatores temos as variantes cognitivas, relacionadas aos modos


particulares como cada indivíduo interage com o conhecimento, além das disfunções,
distúrbios ou síndromes que podem impactar o desenvolvimento intelectual de algumas
pessoas. Ainda dentro desse mesmo aspecto, há as variantes afetivas, relacionadas

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UNIDADE
Terminologias, Conceitos e Perspectivas no Ensino de L2

à motivação, interesse e consequente facilidade que pode levar alguns alunos a


aprenderem melhor e com mais facilidade um conteúdo em detrimento de outro, com
o qual não se identificam tanto.

Além das variantes cognitivas e afetivas citadas, há ainda aquelas de ordem social,
econômica e política, que se referem às diversas realidades que marcam a educação em
um país de dimensões continentais como o Brasil. Assim, aprender em um contexto
marcado pela violência, insegurança ou criminalidade, é bem diferente do que aprender
em outros universos socioculturais.

O ato de ensinar, por sua vez, também é o resultado de uma série de fatores, que
poderão influenciar em grau maior ou menor as escolhas realizadas em sala de aula.
Desse modo, pode-se conceber o ensino como algo estático, tradicional e monológico,
situações em que se considera o professor como o detentor de um saber não mais
passível de modificações, ou seja, sob essa perspectiva, o professor é aquele que possui
todas as informações necessárias sobre determinado assunto e este, por sua vez, não
apresentará novidades ou variações. É o que acontece, muitas vezes, em áreas como
a das ciências exatas, em que parece ser função do professor apenas divulgar um
conhecimento desconhecido para os alunos. Por outro lado, o ensino também pode
ser considerado dialógico, numa perspectiva que se alinha à ideia de que nada do que
conhecemos, em qualquer área do saber, pode ser considerado definitivo, ou seja, essa
é uma perspectiva de ensino que se baseia no conhecimento compartilhado, que é
adquirido e renovado durante o próprio ato de ensinar.

Assim, como você pode observar, não é possível estabelecer uma única definição
satisfatória sobre o que seja ensinar ou aprender.

Observemos, a seguir, algumas distinções importantes que precisam ser conhecidas


dentro da área das metodologias.

Língua Estrangeira versus Segunda Língua

Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images

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Ainda que muitas pessoas utilizem os termos língua estrangeira e segunda língua como
se esses fossem sinônimos, há, de fato, uma distinção essencial entre eles. Utiliza-se o
termo língua estrangeira, quando o idioma que se ensina não é falado fora do ambiente
escolar, como o que acontece com a maior parte das línguas ensinadas no Brasil, como
o inglês, o francês ou o espanhol. Já a nomenclatura segunda língua se refere ao idioma
que é utilizado fora do ambiente escolar, assim como ocorre em situações de intercâmbio,
em que o aluno vai estudar um idioma no país que utiliza esse mesmo idioma como
língua-mãe, ou seja, quando alguém vai estudar inglês na Inglaterra, por exemplo.

No caso particular de LIBRAS, a nomenclatura mais acertada é o ensino de uma


segunda língua, já que esse é um idioma direcionado para brasileiros, ainda que restrito
a grupos específicos.

Assim, de forma mais ampla, costuma-se utilizar o termo segunda língua, ou L2,
tanto para o ensino de um idioma que é utilizado cotidianamente fora do ambiente
escolar, quanto para as situações em que a língua aprendida não faz parte da rotina da
maioria dos habitantes do lugar.

Outra distinção importante e que será utilizada quando tratarmos das abordagens e
metodologias é a que se refere aos conceitos de aprendizagem e aquisição, conforme
apresentamos no próximo subitem.

Aprendizagem versus Aquisição


A aprendizagem é o processo que ocorre regularmente nos ambientes escolares,
definitivamente marcados como espaços nos quais se busca aprender, ou seja, a apren-
dizagem está relacionada ao ato consciente, formal e voluntário de adquirir informações.

Já a aquisição é tida como um processo informal, inconsciente e espontâneo, de


busca pelo conhecimento.

Uma vez que a aprendizagem é um ato muitas vezes mecânico e condicionado, ela é
associada a situações nem sempre prazerosas e repetitivas, além de buscar a memorização
de informações que, por sua vez, poderão ser futuramente esquecidas.

Por sua vez, a aquisição não estabelece prazos para ocorrer, já que é um ato incons-
ciente, e, dessa forma, envolve uma atmosfera de menos cobranças, ansiedade e tensão.

Desse modo, a primeira pergunta que gostaríamos de lançar, sem a expectativa de


qualquer resposta definitiva é:

Como será possível desenvolver a aquisição linguística de qualquer L2 em um


ambiente escolar, caracterizado como espaço de aprendizagem?

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Terminologias, Conceitos e Perspectivas no Ensino de L2

Finalmente, os últimos conceitos terminológicos que gostaríamos de elucidar estão


relacionados aos termos: abordagem, método e técnica e, conforme você verá, apresen-
tam muitas possibilidades de significação.

Abordagens, Métodos e Técnicas


A grande dificuldade relacionada aos termos abordagem, método e técnica é que sua
significação varia de acordo com os diversos autores ou estudiosos, assim, uma mesma
definição pode servir para mais de um desses elementos. O que apresentamos, em
seguida, são os conceitos mais frequentemente utilizados.

A expressão abordagem, em linhas gerais, costuma referir-se às diversas teorias


que dão sustentação às metodologias, englobando também os pressupostos teóricos
relacionados ao desenvolvimento da língua e da aprendizagem. Contudo, conforme você
verá ainda nesta disciplina, o termo abordagem também pode se referir à metodologia,
ou metodologias que aplicam essas teorias ou pressupostos.

Ao utilizarmos a palavra método, temos em mente as regras ou normas para aplicação


dos pressupostos e teorias selecionados. E, conforme citado anteriormente, também é
comum falarmos de abordagem para tratar da aplicação de uma teoria.

Finalmente, muitos autores chamam de técnica, a aplicação prática e individual que


cada docente faz de um determinado método ou abordagem.

Ilustrando: imaginemos que você acredite que a linguagem e a aprendizagem se


desenvolvem melhor quando o aluno é exposto continuamente a determinado elemento
linguístico e que só conseguirá reproduzir o item aprendido se se exercitar em atividades
práticas. Essas concepções possuem bases teóricas encontradas em diversos campos
do saber, como teorias linguísticas e comportamentais, constituindo o que pode ser
chamado de abordagens. Essas abordagens (concepções teóricas) alicerçarão, por
sua vez, uma série de métodos que aplicam procedimentos de extensa repetição e
estímulos, para que o aluno se aproprie dos elementos linguísticos que ele precisa utilizar
continuamente, em práticas de repetição que buscam a perfeição. Finalmente, mesmo
que dois ou mais professores decidam trabalhar com a mesma metodologia, certamente
cada um deles realizará seus procedimentos de forma diversa da dos colegas, impondo
suas características e preferências individuais nas técnicas aplicadas.

Dessa forma, podemos sinteticamente dizer que, uma mesma abordagem pode
fornecer as bases teóricas para diversos métodos e esses, por sua vez, também poderão
ser realizados a partir de técnicas distintas. Conforme o esquema abaixo demonstra:

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Técnica A
Método 1
Abordagem Técnica B
Método 2
Técnica C

Figura 2

Ainda que a variação terminológica soe um tanto confusa nesse momento, você
verá que esses conceitos se tornarão mais claros na medida em que apresentarmos as
metodologias e abordagens em outra unidade, quando então serão retomados.

Agora, passaremos a observar e entender as diferentes visões, ou perspectivas sobre


o desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem, que muito influenciarão nossas
escolhas docentes.

As Três Visões sobre o Desenvolvimento


da Linguagem
Antes de definirmos as metodologias e abordagens que mais nos atraem, precisamos
nos conscientizar de que nossas escolhas se influenciam pelos modos, ou óticas pelas
quais acreditamos que a linguagem se desenvolva. Assim, neste tópico revisitaremos
algumas teorias linguísticas que trazem os subsídios teóricos para as visões que apresen-
tamos a seguir.

Visão Estrutural
Podemos observar a linguagem, ou a língua, como um sistema no qual diversos
elementos se organizam, compondo estruturas que vão das mais simples às mais
complexas. Sob essa ótica, entendemos que as palavras são compostas por elementos
menores, como por exemplo, a palavra jardineira, que deriva de jardim, ou que as
frases, em cada idioma, possuem organizações sintáticas diferentes, assim, enquanto em
português temos “Ele é um rapaz adorável”, em inglês a mesma sentença fica “He is an
adorable boy”, com o posicionamento do adjetivo antes do substantivo.

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Terminologias, Conceitos e Perspectivas no Ensino de L2

Tanto em um, quanto em outro caso, nosso olhar está recaindo sobre as estruturas
dos idiomas, ou seja, utilizamos uma visão estrutural da linguagem.

Esse modo de olhar tem bases teóricas no Estruturalismo desenvolvido pelo linguista
suíço Ferdinand de Saussure, que observa a língua como se esta fosse o resultado de um
conjunto de regras.

Para saber mais a respeito de Saussure e da Teoria Estruturalista, acesse:


https://goo.gl/z88jJf

Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images

Assim, à semelhança de um jogo de xadrez, cada peça constrói sua identidade, adquire
um valor, a partir da relação que estabelece com as outras peças.

Visão Funcional
É também possível observarmos a linguagem sob um ponto de vista funcional, ou
seja, partimos das estruturas da língua, da composição dos diversos elementos, mas
nosso objetivo final é entender para que essas composições servem, em que situações
de comunicação elas são utilizadas.

Surge nessa visão, portanto, um outro elemento de destaque: a observação do contexto.

É importante entendermos isso porque, enquanto as teorias estruturalistas observam


a língua como um objeto inanimado, como um enorme quebra-cabeças, as teorias
funcionalistas objetivam entender para que utilizamos determinadas estruturas linguísticas,
ou seja, que funções essas estruturas executam.

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Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images

Um dos principais nomes da teoria funcionalista é o do linguista britânico Michael


Halliday, para quem a carga semântica, ou o significado que deriva dos diversos
contextos, é tão importante quanto as estruturas da língua, ou seja, o desenvolvimento
da linguagem está atrelado à formação de sentidos.

Conheça melhor a teoria Funcionalista, acessando o link: https://goo.gl/pkoPMJ

Visão Interacional
A última visão que será apresentada é a que entende a linguagem não mais delimitada
por suas estruturas, nem apenas atrelada aos sentidos que resultam das escolhas lexicais
e semânticas, mas como veículo, ou ferramenta para a realização das relações pessoais
ou sociais.

Com isso, o fator mais importante dentro dessa visão é entender as intenções
comunicativas, os fatores que favorecem ou dificultam a comunicação.

Como você já deve ter percebido, essa visão pode se confundir facilmente com a
visão funcional, assim, observe a seguinte figura:

Figura 5
Fonte: iStock/Getty Images

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Para que serve um balde? Para armazenar ou transportar volumes líquidos ou sólidos,
certo? Pois bem, essa é a função inicial do objeto balde.

Agora analise a imagem abaixo:

Figura 6
Fonte: iStock/Getty Images

Nelas, o objeto balde está sendo utilizado para realizar outras funções, não original-
mente idealizadas por aqueles que o fabricaram.

De modo análogo, a visão funcional observa os elementos linguísticos e tenta determinar


as funções que acompanham cada um deles, que fazem parte de sua essência, enquanto
que para a visão interacional, o que é levado em consideração são os variados objetivos
de comunicação, não importando quais são as ferramentas linguísticas utilizadas.

Comentaremos, a seguir, sobre as três visões que norteiam o processo de


aprendizagem.

As Três Visões sobre a Aprendizagem


Assim como discutimos no item anterior com relação ao desenvolvimento da
linguagem, pautado por três visões distintas, os processos que geram a aprendizagem
são também variados, podendo ser divididos, de forma geral, nas três visões que
apresentamos a seguir, todas elas ancoradas em subsídios teóricos trazidos das áreas da
Pedagogia e da Psicologia.

Visão Behaviorista
A visão intitulada behaviorista, ou comportamentalista, é aquela que surge a partir
das teorias desenvolvidas pelo psicólogo norte americano, B. F. Skinner, que na primeira
metade do século XX realizou diversos experimentos que tinham por objetivo demonstrar
a relação existente entre os estímulos externos, tanto positivos, quanto negativos, e a
formação do comportamento.

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Assim, o olhar que enxerga a aprendizagem sob o ponto de vista behaviorista é
marcado pela mensuração do desempenho do aluno, cujos bons resultados serão
recompensados, como um estímulo positivo, ou punidos, caso os resultados alcançados
estejam fora dos padrões estabelecidos.

Visão Cognitivista
Enquanto que os estudos behavioristas associavam o aprendizado aos estímulos
externos, as teorias de ordem cognitivista, em sua maioria, originárias da Psicologia,
buscavam entender a relação que se estabelece entre o indivíduo e o objeto de
conhecimento. Assim, os processos mentais e os fatores de ordem emocional,
passaram a ser considerados como elementos importantes para o desenvolvimento da
aprendizagem, ou, para muitas correntes, da aquisição.

Figura 7
Fonte: iStock/Getty Images

Devemos notar, portanto, que a visão cognitivista reacende a distinção que já


apresentamos entre o conhecimento que se adquire de modo espontâneo e natural (a
aquisição) e o conhecimento que é imposto, ou trazido de forma artificial (a aprendizagem).

Dentre os estudos de ordem cognitiva que podemos citar, encontramos a Teoria


Construtivista, apresentada por Jean Piaget, e a Teoria das Inteligências Múltiplas,
desenvolvida por Howard Gardner.

Acesse os seguintes links para saber mais a respeito do Construtivismo de Jean Piaget e da
Teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner:
https://goo.gl/sU1MU7 / https://goo.gl/EEkHcs

Visão Interacionista
Os estudos interacionistas, sob o ponto de vista da aprendizagem, pautam-se na
premissa de que os indivíduos aprendem no processo de interação com outros indivíduos,
ou seja, as trocas sociais são tão ou mais importantes para o desenvolvimento do
conhecimento que o contato do indivíduo com o objeto de conhecimento, ou com
qualquer outro tipo de reconhecimento externo.

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Figura 8
Fonte: iStock/Getty Images

São as teorias Sócioconstrutivistas, ou sociointeracionistas, como as apresentadas por


Vygotksy, que trazem os alicerces teóricos para esta visão. Nelas, o conhecimento se
desenvolve a partir do contato entre indivíduos que estejam em fases semelhantes de de-
senvolvimento, em que aquele que sabe um pouco mais serve como mediador do conheci-
mento para o outro que está numa fase anterior. É a partir desses estudos que surge, por-
tanto, a figura do professor como mediador do conhecimento, bem como a aprendizagem
que se desenvolve num ambiente não marcado pela hierarquia, mas pela horizontalidade.

Para conhecer mais a teoria sócio construtivista, acesse: https://goo.gl/Jhmor4

Conforme explicitamos no início deste tópico sobre as visões que definem a


linguagem e a aprendizagem, tanto as metodologias e abordagens existentes, quanto
as escolhas que fazemos dentre elas, recebem influências dessas visões e é bastante
importante conhecê-las para que possamos identificar e entender as diversas propostas
metodológicas existentes, sabendo relacioná-las e traçar suas origens com as respectivas
teorias linguísticas e pedagógicas.

Passemos agora a contemplar um último aspecto que tem influenciado grandemente


o ensino na atualidade: o avanço tecnológico.

As Multimodalidades e os Multiletramentos
Para tratarmos das multimodalidades e multiletramentos, precisamos considerar,
antes, as influências do avanço tecnológico, cuja presença na educação se constitui
um fato, já fazendo parte de nosso cotidiano, tanto na educação presencial, quanto
nas diversas modalidades à distância. Outro fato está relacionado ao uso cada vez mais
constante dos recursos tecnológicos em sala de aula, inserindo-se como estratégia de
sobrevivência dentro desse grande universo.

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Contudo, o que pretendemos destacar nesta unidade com relação à questão é a
variedade de gêneros que surgiram, e que continuam a surgir, a partir das inovações da
informática e da tecnologia, tornando bastante difícil a tarefa de manter-se atualizado
com relação ao assunto. O advento dos smartphones e de outros equipamentos não
apenas trouxe o mundo virtual para as salas de aula, mas com eles toda uma série
de gêneros que mesclam recursos imagéticos, de áudio, vídeo e texto, que diluem as
fronteiras de tempo e espaço e fazem-nos reconsiderar questões sobre a autoria de um
texto que pode pertencer, simultaneamente, a todos e a ninguém de modo específico,
e que aproximam grupos e comunidades originárias de contextos sociais e culturais
bastante distintos, que nem sempre convivem em harmonia. Questões essas que nos
fazem rever e reconsiderar conceitos até então bem claros, como os relacionados às
habilidades de leitura e compreensão de textos escritos, à identificação de autoria, das
referências culturais marcadas nas obras e dos procedimentos de coesão e coerência,
por exemplo. É a partir dessas considerações, portanto, que ganham força e importância
os aspectos relacionados às multimodalidades e multiletramentos que aqui apontamos,
ainda que de forma bastante geral e introdutória.

Por multimodalidades entendemos as variadas formas de comunicação existentes, que


utilizam tanto recursos verbais, quanto não verbais. Temos assim a comunicação escrita,
oral, gestual, imagética, musical, etc.; e, de certo modo, ao falarmos em modalidades
comunicacionais, estamos também nos referindo aos gêneros discursivos ou textuais.

Considerando que o avanço tecnológico trouxe, e continua trazendo, uma infinidade


de outras formas de comunicação, muitos já discutem o quanto é, atualmente, difícil
distinguir as fronteiras que separam o verbal do não verbal, quando, por exemplo,
utilizamos nas redes sociais textos associados a imagens e sons.

Atrelada a essa questão da imensa diversidade de gêneros que surgem pelos recursos
tecnológicos, está a concepção de leitura, ou letramento, pois, enquanto há poucas
décadas esse conceito se referia unicamente à habilidade de se decodificar ou não o
código verbal em uso, hoje em dia, tem-se a impressão de se está a aprender o tempo
todo, daí uma das possibilidades interpretativas para o termo multiletramentos, ou seja,
a habilidade, ou inabilidade, para se transitar adequadamente em contextos discursivos
tão distintos.

Desse modo, ensinar e aprender na atualidade requer a compreensão dos modos


diferentes de leitura que marcam textos não lineares, a percepção que conceitos como
o de proficiência não são mais tão facilmente definíveis e que as posições de leitor e
autor se mesclam, na medida em que a interação é cada vez mais intensa em diversas
modalidades de comunicação.

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Oral
Auditivo

Visual Escrita

Multiletramento
Sinais
Digital

Teatro Dança

Figura 9

Como dito anteriormente, não é objetivo desta unidade um aprofundamento nessas


questões, mas apenas demonstrar a importância delas para o ensino em geral e, em
particular, de uma segunda língua.

Acesse o link seguinte para visualizar uma entrevista com a Professora Roxane Rojo, uma
das maiores divulgadoras dos Multiletramentos associados à Educação no Brasil.
https://goo.gl/LNqMfk

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Estruturalismo, Segundo Saussure
Para saber mais a respeito de Saussure e da Teoria Estruturalista.
https://goo.gl/z88jJf
O Construtivismo e Jean Piaget
Para saber mais a respeito do Construtivismo de Jean Piaget e da Teoria das Inteligências
Múltiplas, de Howard Gardner.
https://goo.gl/sU1MU7
A Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner
Para saber mais a respeito do Construtivismo de Jean Piaget e da Teoria das Inteligências
Múltiplas, de Howard Gardner.
https://goo.gl/EEkHcs
Roxane Rojo: Alfabetização e Multiletramentos
Você poderá visualizar uma entrevista com a Professora Roxane Rojo, uma das maiores
divulgadoras dos Multiletramentos associados à Educação no Brasil.
https://goo.gl/LNqMfk

Leitura
Uma Visão Geral da Gramática Funcional
Conheça melhor a teoria Funcionalista.
https://goo.gl/pkoPMJ
Desenvolvimento e Aprendizado
Para conhecer mais a teoria sócio-construtivista.
https://goo.gl/Jhmor4

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Referências
LEFFA, Vilson J. Metodologia do ensino de línguas. In BOHN, H. I.; VANDRESEN, P.
Tópicos em lingüística aplicada: O ensino de línguas estrangeiras. Florianópolis:
Ed. da UFSC, 1988. p. 211-236. Disponível em: <http://www.leffa.pro.br/textos/
trabalhos/Metodologia_ensino_linguas.pdf>. Acesso: 05/06/2017

MACIEL, Katharine D. Métodos e abordagens de ensino de língua estrangeira


e seus princípios teóricos. Disponível em: <https://sites.google.com/site/ict4sla/
language/methodology/metodos-e-abordagens>. Acesso: 05/06/2017.

TOTIS, Verônica P. A priorização da leitura. In _______ Língua Inglesa: leitura. São


Paulo: Cortez, 1991, p. 24,25.

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