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RESUMO: Esse trabalho se refere a uma pesquisa como componente de Prática Curricular,
obrigatória no curso de Letras Inglês, UFG - Jataí. O tema abordado é o uso do dicionário por
professores e alunos que estudam línguas estrangeiras. O local de realização da pesquisa foi
um curso livre de idiomas da cidade de Jataí, Goiás. O tópico levantado se transformou em
uma pesquisa a partir do momento em que foi constatado que alguns alunos do último nível
de um curso livre de idiomas não sabiam manusear o dicionário de forma eficiente, e era
notável a recorrência ao professor. A partir de então algumas perguntas surgiram: Será que há
mais alunos com o mesmo problema? Este pode ser resolvido só por incentivo dos
professores? O dicionário deixa os alunos mais autônomos? Muitas teorias tentam convencer
os profissionais da área que o dicionário é uma das mais importantes peças da aprendizagem
de uma nova língua. Seguindo a bibliografia adotada, relatamos, na fundamentação teórica, a
importância do dicionário como estratégia de aprendizagem. Através de dados reais obtidos
sobre da utilização desta ferramenta, esperamos que possa haver um reflexão por parte de
educadores e aprendizes sobre a utilização correta desta para alavancar o aprendizado de uma
segunda língua, principalmente no quesito aquisição de vocabulário. Tenciono mostrar dados
obtidos de um grupo de estudantes e professores no intuito de refletir que espaço ocupa o
dicionário na vida dos participantes da pesquisa. Essa pesquisa quantitativa/qualitativa visa
traduzir algumas informações em dados numéricos e transcrever opiniões obtidas a partir dos
questionários.
PALAVRAS-CHAVE: Uso do Dicionário. Prática Curricular. Curso livre de idiomas.
Vocabulário. Estratégia de aprendizagem.
1. Introdução
O presente trabalho é resultado de uma coleta de dados, através de questionários
aplicados a alunos e professores de língua estrangeira sobre como se dá o uso do dicionário,
como uma ferramenta de aprendizagem no dia-a-dia dos participantes. Procura-se, aqui,
fornecer dados reais para educadores e aprendizes no que se concerne ao uso deste recurso por
ambas as partes, e induzi-los a fazer os mesmos questionamentos, como: Será que todos os
alunos de línguas estrangeiras sabem usar o dicionário? Os professores adotam essa
ferramenta? É importante mesmo ter um dicionário? O dicionário poderia me ajudar a ser
mais independente nos meus estudos/nos estudos dos meus alunos?
O conhecimento das estratégias de aprendizagem de línguas (EALs) é de suma
importância, principalmente para o professor tornar-se apto, então, a identificar a(s)
dificuldade(s) de um determinado aluno ou grupo, fornecendo, posteriormente, meios para
solucionar possíveis problemas.
1
Graduando do curso de Letras Inglês – Universidade Federal de Goiás – tacio.barros@yahoo.com.br
2
Professor Mestre do curso de Letras Inglês - Universidade Federal de Goiás – fs-ramos@hotmail.com
Na literatura existente, tomemos WENDEN (1987, p. 7 apud COSCARELLI, C.V.
1997) como referência para definição de estratégias de aprendizagem como ‘‘técnicas’,
‘táticas’, ‘planos potencialmente conscientes’, ‘operações empregadas conscientemente’,
‘habilidades de aprendizagem, habilidades básicas, habilidades funcionais’, ‘habilidades
cognitivas’, ‘estratégias de processamento da linguagem’, ‘procedimentos de resolução de
problemas’’.
Neste trabalho será adotada a conceituação de Oxford (1990), a qual faz a distribuição
das estratégias em Diretas e Indiretas. As estratégias diretas são compostas na distribuição
direta da aprendizagem, como as relacionadas ao uso da memória, ao uso de estratégias de
compensação e cognitivas, enquanto as indiretas são aquelas externas ao aprendiz, como por
exemplo, as estratégias metacognitivas, sociais e afetivas.
A conscientização sobre o uso de EALs também é válida para os aprendizes, em razão
de se informar sobre o tópico, estes têm a possibilidade de desenvolver melhor a sua
autonomia no estudo de uma língua estrangeira.
A autonomia é um assunto importante na área de ensino e aprendizagem, deste modo,
relato, logo abaixo, a ideia de autonomia proposta por Oliveira (1995), uma das principais
divulgadoras das ideias de Vygotsky no Brasil.
Finalizo esta parte com a seguinte pergunta: Será que nós, como aprendizes de uma
segunda língua, devemos nos preocupar a respeito da importância desta ferramenta, o
dicionário, na nossa aprendizagem? Este trabalho não responde diretamente a esta pergunta,
mas aborda um breve patamar de alguns dados colhidos para análise/reflexão de como o
grupo de aprendizes e educadores que se dispôs a participar da pesquisa, lida com a utilização
dessa ferramenta, para que, a partir de então, tomemos consciência da utilidade da ferramenta
para muitas pessoas e ocasiões em relação ao ensino/aprendizagem de línguas.
Na próxima seção discorro sobre as estratégias de aprendizagem, fazendo um estudo
mais aprofundado de alguns conceitos que versam como esses recursos e técnicas são
classificados de acordo com Cohen (2002) e Oxford (1990).
2. Estratégias de Aprendizagem
Acreditamos no conceito de estratégias de aprendizagem conforme proposto por
Oxford (1990), que define as EALs como
3.Objetivo
O objetivo geral deste trabalho foi investigar como se dá o uso de vocabulário por
estudantes de língua estrangeira, por meio de geração de dados obtidos através de
questionários aplicados aos participantes da pesquisa.
Para tanto, propusemos os seguintes objetivos específicos: (1) descrever a realidade do
uso do dicionário por parte dos alunos, em forma de gráficos que mediram, por exemplo, sua
satisfação com a habilidade de utilizá-lo e se são motivados pelos educadores; e (2)
transcrição dos comentários dos professores em relação ao uso do mesmo para obter
informações de utilização do dicionário em sala, e quais dificuldades os alunos enfrentam
com o uso.
4. Metodologia
Pode-se qualificar este trabalho como de cunho qualitativo e quantitativo. Os dados
obtidos através dos questionários aplicados aos alunos foram trabalhados em forma de
categorizações, o que permite o agrupamento segundo algumas características, discriminando
um agrupamento do outro; e qualitativa, pois, ao analisarmos os dados das respostas livres dos
professores, foi possível subdividir em categorias, transcrevendo alguns comentários. O termo
qualitativo “é um conceito guarda-chuva cobrindo algumas formas de investigação que nos
ajuda a entender e explicar o significado do fenômeno social com a menor quebra possível do
ambiente natural” (Merriam, 1998, p. 5).
Visto que o estudo de caso é uma das várias modalidades deste tipo de pesquisa,
tratamos, resumidamente, a seguir, do estudo de caso.
5. Estudo de caso
O estudo de caso tem sido abordado em diferentes áreas de conhecimento, desde
Psicologia até Administração (André, 2005).
6. Resultados
Nesta seção, apresentamos, primeiramente, os dados dos alunos, em forma de gráficos,
e as informações colhidas do questionário dos professores, fazendo o levantamento em
categorias, transcrevendo alguns comentários, para em seguida fazermos a interpretação dos
mesmos.
- Dados dos Alunos
Gráfico 1.0
Gráfico 2.0
O segundo gráfico nos fornece a informação de que 21% dos alunos nunca utilizam o
dicionário para tarefas, 07% sempre o utilizam e 57% usam apenas algumas vezes. Essa
estatística é alarmante, visto que a minoria é a que realmente faz uso da ferramenta.
Gráfico 3.0
O gráfico número 3.0, segue os dados sobre a quantidade de alunos que usam o
dicionário para Tradução e Pronúncia, sendo 03 e 13 respectivamente. O ensino de pronúncia
em sala de aula nem sempre leva em consideração o dicionário como uma importante
ferramenta. Muitos professores não ensinam os aprendizes as utilizarem este para tal fim.
Dessa forma, podemos inferir que esse resultado reflita essa prática de professores em sala de
aula de línguas.
Gráfico 4.0
Gráfico 6.0
Mais da metade dos alunos diz que acha que sabe usar o dicionário para traduções,
diferentemente de cinco alunos que afirmam ter certeza. Ninguém marcou a opção “não”.
Apesar de ninguém ter mencionado a opção ‘não’, ainda precisa ser confirmada, futuramente,
a aptidão destes alunos para com o uso do dicionário.
Gráfico 7.0
Um número considerável de 57% diz não sabe utilizar o dicionário para trabalhar com
fonética. Apenas dois alunos se dizem confiantes, três acham que sabem utilizar para esse fim,
e um participante marcou a opção “acho que não”. Há lacunas a serem analisadas em relação
a pratica de uso do dicionário para a fonética, mas é certo que o proveito desse material será
muito maior se o aluno receber orientação sobre como utilizá-lo.
Gráfico 8.0
Mais da metade dos alunos se diz motivada pelo professor a usar o dicionário. Vinte e
um por cento dos alunos marcaram que não há motivação por parte do educador e somente
três alunos dizem que ás vezes o professor os motiva.
Gráfico 9.0
A quantidade de alunos satisfeitos com a habilidade de utilizar o dicionário totaliza 08
e os insatisfeitos chegam a 06. Praticamente todas as pessoas que estudam uma LE procuram
adquirir um dicionário bilíngue, para melhor compreender a língua em questão, isso significa
apontar que sua aplicação no dia a dia dos estudantes e seu uso em sala de aula deve ser
monitorado/instruído para que os aprendizes não o administrem de forma errônea e possam se
sentir satisfeitos ao utilizá-lo.
Gráfico 10.0
O último gráfico nos informa que onze alunos acham que o melhor dicionário é o
Bilíngue, em contraste com três alunos que dizem ser o Monolíngue.
Outro professor comenta que “só usam o material didático” (Lily, Questionário).
Na fala de Vik, percebemos que isso sugere que a reflexão que o professor faz sobre o
uso do dicionário monolíngue é a de que este ajuda o aluno a ter uma imersão maior da língua
inglesa, enquanto que os alunos da professora Lily talvez não tenham os mesmos resultados.
7. Considerações Finais
Nesta pesquisa, foram analisados dados concernentes ao uso do dicionário por parte
dos alunos e professores de língua estrangeira e embora estudos, como Maldonado (1998) e
Ferñández (1996), apontem contribuições do dicionário como estratégia de aprendizagem,
percebe-se, através dos dados e pela bibliografia discutida, que ainda há controvérsias sobre o
seu uso. Pelos resultados, nota-se que existem algumas lacunas como, por exemplo, de como
manusear o dicionário de forma eficiente e se os professores estão atuando como facilitadores
no processo de manuseio por parte do ensino aos alunos.
Assim, pretendemos colaborar com esta pesquisa deixando a reflexão da importância
de utilizar essa ferramenta na aprendizagem de uma língua estrangeira.
Alguns pontos podem ser destacados ao término da pesquisa: (1) o contraste com
alunos/professores que utilizam e os que não usam o dicionário nos faz afirmar que algumas
lacunas do aprendizado dos alunos de língua estrangeira podem ser preenchidas pelo
dicionário; (2) conhecer as estratégias de aprendizagem abre diversas possibilidades para um
aperfeiçoamento; (3) muitos dados nos fazem refletir sobre a conformidade do uso do
dicionário e (4) algumas atitudes devem ser repensadas.
Referências
ARD, J. 1982. The use of bilingual dictionaries by ESL, students while writing. ITL
Review of Applied Linguistics, 58: 1-27.
HA, M.A. 1992 The role of bilingual dictionaries and reading in foreignlanguage
vocabulary learning. Unpublished master’s thesis.University of Hawaii.
LUPPESCU, S. & DAY, R.R. 1993 Reading, dictionaries, and vocabulary learning.
Language Learning, 43: 263-287.
OXFORD, R. Language learning strategies: what every teacher should know. New York:
Newbury House Publishers, 1990.
Anexos
Anexo 01
3. Você o utiliza para suas tarefas? 9. Você é motivado pelo seu educador a utiliza-
( ) Nunca lo?
( ) Às vezes ( ) Sim
( ) Frequentemente ( ) Não
( ) Sempre ( ) Às vezes
4.Você usa dicionário para: 10. Você está satisfeito com sua habilidade de
( ) Tradução utilizá-lo?
( ) Pronúncia ( ) Sim
( ) Não
5. Usa o dicionário...
( ) Depois de pesquisar outra fonte 11. Por parte de quem a motivação deve ser
( ) Antes de pesquisar outra fonte maior?
( ) Diretamente ( ) Minha
( ) Professor
6.Mesmo usando-o, se sente seguro?
( ) Sim 12. Que tipo de dicionário você acha o mais ideal
( ) Não (adequado para o seu nível hoje)?
7. Você sabe usar o dicionário para traduções? ( ) Bilíngue( ) Monolíngue
( ) Sim
( ) Acho que Sim
( ) Não
( ) Acho que Não
Anexo 02