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ISSN: 1984-6290
Qualis B1 - quadriênio 2017-2020 CAPES
DOI: 10-18264/REP
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19/02/2024, 13:31 Revista Educação Pública - Políticas para a implementação de tecnologias educacionais na escola pública
Em janeiro de 1983, foi criada, no âmbito da SEI, a Comissão Especial nº 11/83 – Informática na Educação, por meio da Portaria SEI/CSN/PR
nº 001/83. Essa comissão tinha por finalidade, entre outros aspectos, conforme Maria Candida Moraes, propor a orientação básica da
política de utilização das tecnologias da informação no processo de ensino-aprendizagem, observando os objetivos e as diretrizes do Plano
Setorial de Educação, Cultura e Desporto, da política nacional de informática e do Plano Básico de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico do país, além de apoiar a implantação de centros-piloto, funções essas intimamente concernentes ao âmbito educacional.
A referida comissão da Secretaria Especial de Informática, em 1983, criou o Programa Educom, que buscava inserir computadores nas
escolas públicas brasileiras. Em 1984, o projeto passou a integrar a pasta do Ministério da Educação, bem como passou a estimular
pesquisas voltadas à informática no processo de ensino-aprendizagem.
Somente em 1997, com a criação do Programa Nacional de Informática na Educação – ProInfo, posteriormente renomeado Programa
Nacional de Tecnologia Educacional, pelo Ministério da Educação, pela Portaria nº 522, houve o objetivo de promover o uso das tecnologias
sob uma perspectiva pedagógica no ensino público regular (Fundamental e Médio). Neste sentido, extrai-se do portal do governo do
Paraná as funcionalidades do programa (Paraná, s/d):
O MEC compra, distribui e instala laboratórios de informática nas escolas públicas de Educação Básica. Em contrapartida, os governos
locais (prefeituras e governos estaduais) devem providenciar a infraestrutura das escolas, indispensável para que elas recebam os
computadores. As escolas estaduais são selecionadas pela Coordenação do ProInfo de cada estado, já as escolas municipais são
selecionadas pelos prefeitos dos municípios.
A referida portaria foi regulamentada pelo Decreto nº 6.300/07. Nessa senda, o ProInfo passou a buscar, com verbas federais e em
cooperação com estados, municípios e Distrito Federal, dividir atribuições e responsabilidades a fim de trazer inovações à educação
pública básica, notadamente instalando e mantendo laboratórios de informática (Brasil, 2007):
Art. 1o O Programa Nacional de Tecnologia Educacional - ProInfo, executado no âmbito do Ministério da Educação, promoverá o uso
pedagógico das tecnologias de informação e comunicação nas redes públicas de educação básica.
Parágrafo único. São objetivos do ProInfo:
I - promover o uso pedagógico das tecnologias de informação e comunicação nas escolas de educação básica das redes públicas de
ensino urbanas e rurais;
II - fomentar a melhoria do processo de ensino e aprendizagem com o uso das tecnologias de informação e comunicação;
III - promover a capacitação dos agentes educacionais envolvidos nas ações do Programa;
IV - contribuir com a inclusão digital por meio da ampliação do acesso a computadores, da conexão à rede mundial de computadores e de
outras tecnologias digitais, beneficiando a comunidade escolar e a população próxima às escolas;
V - contribuir para a preparação dos jovens e adultos para o mercado de trabalho por meio do uso das tecnologias de informação e
comunicação; e
VI - fomentar a produção nacional de conteúdos digitais educacionais.
Formalmente vigente, o referido decreto não consta no portal do Ministério da Educação, bem como os atos administrativos que
disciplinam o tema ou termos para a adesão das escolas. Com efeito, em se aderindo ao projeto, verbas são repassadas ao ente por meio
do Fundo Nacional da Educação (FNDE), autarquia responsável por ações e programas relacionados à Educação Básica no Brasil.
Desta forma, foi realizada ata de registro de preços e pregão para aquisição de produtos e serviços não especializados, em que o órgão
gerenciador “Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica; Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e
Inclusão; Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação; Diretoria de Tecnologia ou Coordenação de Tecnologias Educacionais”
disponibiliza termos e condições para a adesão ao projeto ao órgão participante (estados e municípios), nos termos do Decreto nº 7.892/13
(FNDE, s/d).
Nesse ínterim, as empresas vencedoras do certame promovido pelo Ministério da Educação foram obrigadas a fornecer, durante um
período máximo de 12 meses (a depender do edital), produto ou serviço na medida da necessidade do gestor público do órgão participante
que, fundamentadamente, realiza aquisições ao longo do período – valendo-se das verbas federais.
Desta forma, em se aderindo ao programa, estados e municípios, por meio de suas secretarias, órgãos ou repartições, possuíam meios
para implementar projetos pedagógicos a serem mais bem delimitados pela administração pública por meio de atos administrativos
publicados pelas respectivas autoridades.
Das limitações da administração pública
Conforme é sabido, nas compras e contrações celebradas por quaisquer dos entes federativos, ou ainda naquelas sobre as quais incidem
as normas de Direito Público, faz-se necessário respeitar os procedimentos específicos, notadamente os previstos na Lei nº 8.666/93, bem
como os princípios gerais da administração pública (Art. 37, caput, da Constituição Federal) (Brasil, 1988):
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Na prática, como forma de garantir e prestigiar a impessoalidade e a legalidade – especialmente quando da aquisição por meio de pregão e
ata de registro de preços– a contratação é balizada pelo menor preço oferecido pelos concorrentes – no limite das especificações técnicas
do edital.
Dessa forma, ainda que haja previsão do princípio da eficiência na administração, certo é que as limitações burocráticas impõem aos
administradores o dever de justificar os atos praticados, bem como a devida ponderação das utilizações dos recursos. Nesse sentido,
segundo Aragão (2014, p. 9),
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quando se fala de limitações administrativas não quer dizer que elas sejam necessariamente criadas pela administração pública, mas sim,
que a aplicação delas é incumbida à administração. Muitas dessas limitações podem ser criadas por regulamento administrativo (com base
em lei, naturalmente), mas grande parte é estabelecida na lei ou decorre diretamente da ponderação de interesses constitucionalmente
tutelados.
Para além dos recursos, em verdade não é necessário investimento em computadores mais sofisticados, sendo certo que o necessário é,
de forma geral: uma sala destinada às atividades de informática, número determinado de computadores (a critério dos gestores) e um
contrato para a manutenção sazonal e continuada dos equipamentos ou, alternativamente, criação e lotação de cargos públicos por meio
de concurso público.
Da previsão legal para a implantação da temática da tecnologia em aulas regulares
O Art. 9º, inciso I, da LDB (Brasil, 1996) incumbe à União estabelecer o Plano Nacional da Educação; que foi implementado por meio da Lei
nº 13.005/14 que, em seu Art. 2º, inciso VII, prevê como diretriz, igualmente, a promoção tecnológica na educação, a ser feita por meio de
planos plurianuais.
Com a publicação do Ato CNE/CP nº 2 – a ser implementado em 2020 para a Educação Básica – instituiu-se a Base Nacional Comum
Curricular, que prevê a inserção da temática da tecnologia em diferentes etapas do ensino, bem como a utilização de softwares (de edição
de texto) já na primeira etapa do Ensino Fundamental (Brasil, 2018), na competência de Língua Portuguesa:
(EF15LP08) Utilizar software, inclusive programas de edição de texto, para editar e publicar os textos produzidos, explorando os recursos
multissemióticos disponíveis.
Igualmente, para as mesmas etapa e faixa etária, há a previsão na BNCC para que a disciplina de Artes desenvolva com os discentes
atividades voltadas a “artes e tecnologias”, além de habilidades para “explorar diferentes tecnologias e recursos digitais (multimeios,
animações, jogos eletrônicos, gravações em áudio e vídeo, fotografia, softwares etc.) nos processos de criação artística” (Brasil, 2018, p.
202).
Para o Ensino Médio, há uma previsão específica com o objetivo de compreender as tecnologias digitais e a computação, notadamente a
cultura digital, e
envolve aprendizagens voltadas a uma participação mais consciente e democrática por meio das tecnologias digitais, o que supõe a
compreensão dos impactos da revolução digital e dos avanços do mundo digital na sociedade contemporânea, a construção de uma
atitude crítica, ética e responsável em relação à multiplicidade de ofertas midiáticas e digitais, aos usos possíveis das diferentes
tecnologias e aos conteúdos por elas veiculados e, também, à fluência no uso da tecnologia digital para expressão de soluções e
manifestações culturais de forma contextualizada e crítica (Brasil, 2018, p. 474).
Em Matemática, há determinações para a adoção de softwares para a compreensão de matérias relacionadas a gráficos e Geometria,
todavia sempre como forma de demonstração – por vezes alternativa – das atividades expostas pelo professor. Destaca-se uma habilidade
a ser desenvolvida por meio de atividades pelos alunos de 9º ano (Brasil, 2018, p. 319):
(EF09MA15) Descrever, por escrito e por meio de um fluxograma, um algoritmo para a construção de um polígono regular cuja medida do
lado é conhecida, utilizando régua e compasso, como também softwares.
Assim, há previsão explícita para a abordagem da temática da tecnologia, de forma que a implementação e utilização dos meios
tecnológicos deve ser estimulada pelo gestor, notadamente com a capacitação dos professores.
Para além de textos formatados, tabelas e do datashow
Sabendo que há previsão normativa para a implementação de laboratórios de informática, destinação de verbas e manutenção dos
computadores, bem como do objetivo da escola (pública ou privada) em ministrar os conteúdos programáticos com vistas a ensinar os
alunos a compreender as peculiaridades das tecnologias – no bojo do conteúdo programático de diversas disciplinas – há de se fazer
algumas ponderações.
A escola pública possui meios legais e administrativos para cumprir o seu poder-dever de formar o aluno em sua completude, e o deve
fazer sob pena condenar seus discentes ao anacronismo e ao desinteresse. Neste ínterim, a tecnologia pode dialogar com diversos
métodos pedagógicos modernos, como a Aprendizagem Baseada em Problemas – ABP (Souza, Dourado, 2015, p. 184):
Na concepção de Barrows (1986), a ABP representa um método de aprendizagem que tem por base a utilização de problemas como ponto
de partida para a aquisição e integração de novos conhecimentos. Em essência, promove uma aprendizagem centrada no aluno, sendo os
professores meros facilitadores do processo de produção do conhecimento. Nesse processo, os problemas são um estímulo para a
aprendizagem e para o desenvolvimento das habilidades de resolução.
Assim, conforme amplamente reconhecido, o professor não deve se limitar a expor o conteúdo de forma unilateral; deve valer-se da
tecnologia para fazer com que o discente pratique o conteúdo que está sendo ministrado, de forma cooperativa, e realizar atividades
relacionadas à disciplina.
Com efeito, um dos melhores sistemas operacionais disponíveis é livre e gratuito, o Linux, sendo prescindível de peças de hardware mais
modernas e, consequentemente, mais caras. Todavia, é de discricionariedade do gestor público a aquisição de bens adequados ao
exercício da proposta pedagógica.
Com o advento da inovação tecnológica, há um processo de ampliação do campo da docência, o que requer formação profissional com
conhecimentos específicos e habilidades para a melhoria da qualidade da educação. A inovação rompe com a forma conservadora de
ensinar, procurando superar as diversas dicotomias em busca de outras possibilidades. Formar professores implica compreender a
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