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Vilela, A. M. J. Dos primeiros passos da Psicossociologia no Brasil: o Setor de Psicologia Social da UFMG

Dos primeiros passos da Psicossociologia no Brasil: o Setor de Psicologia


Social da UFMG

From the First Steps of Psychosociology in Brazil: the Social Psychology


Sector of UFMG

Desde los primeros pasos de la Psicosociología en Brasil: el Sector de


Psicología Social de la UFMG

Marcela Alves de Abreu1


Ana Maria Jacó Vilela2
Resumo

Este trabalho é fruto de uma investigação histórica sobre as condições da emergência do grupo do
Setor de Psicologia Social da Universidade Federal de Minas Gerais, bem como o desenvolvimento de
suas atividades. Tomamos como abordagem metodológica a análise documental, além de entrevistas,
com foco no período 1964-1994, estando este marcado por uma grande repressão política que, todavia,
não silenciou um debate crítico, o que levou o Setor a ter uma grande contribuição para a
institucionalização e fortalecimento da Psicologia Social no Brasil. O intuito é examinar a proposição
do Setor a partir das disciplinas ofertadas e entender a diversidade de seus temas, o intercâmbio de
pesquisadores e alunos com outras universidades, além da internacionalização desse projeto, incluindo
grupos franceses, enfatizando a sua contribuição para a disseminação e consolidação da
Psicossociologia.

Palavras-chave: Setor de Psicologia Social. Psicossociologia. História da Psicologia. UFMG.

Abstract

This paper is the result of a historical investigation about the conditions of the emergence of the Social
Psychology Sector of the Universidade Federal de Minas Gerais as well as the development of its
activities. We took as methodological approach, the documental analysis besides interviews and with
focus on the period 1964-1994, which was marked by a great political repression, that nevertheless did
not silence a critical debate, which led the Sector to have a great contribution to the institutionalization
and strengthening of Social Psychology in Brazil. The purpose is to examine the proposal of the sector
from the disciplines offered and to understand the diversity of its themes, the interchange of
researchers and students with other universities and the internationalization of this project including
French groups, emphasizing its contribution to the dissemination and consolidation of
Psychosociology.

Keywords: Social Psychology Sector. Psychosociology. History of Psychology. UFMG.

1
Doutorado em Saúde Coletiva (UFRJ). Mestrado em Psicologia Social (UERJ). Graduação em Psicologia
(PUC-MG). Pesquisadora assistente no Laboratório de Avaliação de Situações Endêmicas Regionais (LASER),
do Departamento de Endemias Samuel Pessoa, da Escola Nacional de Saúde Pública (DENSP/ENSP/Fiocruz).
2
Professora titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), atuando no Programa de Pós-Graduação
em Psicologia Social e no curso de graduação em Psicologia. Coordendora do Laboratório de História e Memória
da Psicologia – Clio-Psyché (Uerj), dedicado à investigação sobre a história dos saberes psi no Brasil.

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Resumen

Este trabajo es el resultado de una investigación histórica sobre las condiciones del surgimiento del
Sector de Psicología Social de la Universidade Federal de Minas Gerais, así como el desarrollo de sus
actividades. Nuestro enfoque metodológico se basó en el análisis documental y las entrevistas,
centrándose en el período 1964-1994, que estuvo marcado por una gran represión política, pero que no
silenció el debate crítico, y que llevó al Sector a hacer una gran contribución a la institucionalización y
fortalecimiento de la Psicología Social en Brasil. El propósito es examinar la propuesta del sector
desde las disciplinas ofrecidas y comprender la diversidad de sus temas, el intercambio de
investigadores y estudiantes con otras universidades y la internacionalización de este proyecto
incluyendo grupos franceses, destacando su contribución a la difusión y consolidación de la
Psicosociología.

Palabras clave: Sector de Psicología Social. Psicosociología. Historia de la Psicología. UFMG.

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Introdução conhecido principalmente por seu trabalho


no Departamento de Orientação e
As narrativas sobre a História da Treinamento do Banco da Lavoura, que
Psicologia Social no Brasil apontam introduziu uma Psicologia nas
múltiplas emergências e processos de organizações de orientação não
institucionalização, o que não é de se psicotécnica, Weil teve inúmeras outras
estranhar em um campo com tantas contribuições, dentre as quais também se
interlocuções e possibilidades. Uma dessas destaca sua participação na Sociedade
é, sem dúvida, embasada no Setor de Mineira de Psicologia, ao sugerir uma
Psicologia Social, instância do pesquisa sobre a atuação de psicólogos em
Departamento de Psicologia da Faculdade Minas Gerais. Tal pesquisa foi conduzida
de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) por Daniel Antipoff e trouxe como
da hoje Universidade Federal de Minas resultado a descrição das 11 instituições
Gerais (UFMG). O propósito deste que já contavam com serviços de
trabalho é relatar a contribuição psicólogos, totalizando 69 profissionais
fundamental do Setor para a constituição (Antipoff, 1962, p. 51), o que é um número
de uma abordagem da Psicologia Social no muito alto, considerando-se que a profissão
Brasil, mais especificamente de uma e os cursos foram regulamentados naquele
Psicossociologia. Para isso, vamos utilizar ano. É importante ressaltar que, entre essas
basicamente da pesquisa realizada por uma instituições e profissionais, a presença do
das autoras (Abreu, 2012), que contou com Departamento chefiado por Pierre Weil era
a contribuição imprescindível de Célio grande. Estava, portanto, mais que no
Garcia e de Marilia Novais da Mata momento de se criar o curso de Psicologia,
Machado, por meio de entrevistas e de pois já existiam tanto uma associação
cessão de material de arquivo. Esses dois quanto um grupo de profissionais atuantes
personagens, como veremos ao longo deste e diversas publicações no campo.
texto, serviram de ponto de apoio e Um dos profissionais que atuava no
trabalharam ativamente para a construção Banco da Lavoura era Célio Garcia,4 que
do Setor. vinha de uma experiência de estudos na
O curso de Psicologia da então França. Quando se propôs a retornar ao
Universidade de Minas Gerais foi criado país, Pierre Weil o convidou para fixar
em 1962, graças aos esforços de um grupo residência em Belo Horizonte e trabalhar
de pessoas capitaneadas por Pedro Parafita
de Bessa (1923-2002). Bessa convidou
professores de Psicologia em outros cursos Veio para o Brasil em 1948. A convite do Banco
da Lavoura, transferiu-se para Belo Horizonte em
da UFMG, bem como profissionais que 1958. Foi professor da UFMG, onde divulgou o
atuavam no Departamento de Orientação e psicodrama de Moreno e a Psicologia
Treinamento do Banco da Lavoura Transpessoal. A partir de 1987, dedicou-se à
(Goulart, 2011, p. 143), para compor o Universidade Holística para a Paz em Brasília
corpo docente do novo curso. (Bomfim, 2001).
4
A escolha desses últimos Célio Garcia (1930-2020) fez o curso de Letras na
profissionais merece uma contextualização Universidade Católica do Ceará (1952), indo em
e a referência a outro importante nome da seguida cursar especialização em Licenceès
Lettres – Mention Psychologie Universite de Paris
História da Psicologia no Brasil que atuou III (Sorbonne-Nouvelle), U.P. III, na França, que
em Minas: Pierre Weil.3 Embora terminou em 1955, quando iniciou o curso de
Psicologia na Université Paris 1 (Panthéon-
3 Sorbonne), finalizado em 1959 (Machado, 2001).
Pierre Weil (1924-2008) estudou com Henri
Atuante na UFMG de 1964 até 1993, recebeu o
Pieròn, Jean Piaget e León Walther, que o
título de Professor Emérito em 2011. Dedicou-se
convidou para orientar as equipes que
também à clínica psicanalítica.
organizariam os trabalhos de Psicologia no Senac.

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na equipe que coordenava. Ali criaram o transferiram para outros cursos ou até
Desenvolvimento em Relações Humanas mesmo outras universidades.
(DRH), “amálgama de contribuições norte- Uma das primeiras observações a
americanas, como grupo T, e europeias, serem feitas com relação à perspectiva
como grupo de formação e socioanálise de teórica apresentada pelo Setor é que ela
van Bockstaele” (Machado, 2001, p. 163). não relegava, ao menos inicialmente,
Weil e Garcia tornaram-se, então, nenhuma abordagem. Assim, embora às
professores do recém-criado curso de vezes se apresente o Setor como contrário
Psicologia da então Universidade de Minas aos trabalhos de Aroldo Rodrigues
Gerais (UMG), atual UFMG, (nascido em 1933), o grande expoente
caracterizando uma forte influência brasileiro da Psicologia Social de
francesa no curso desde seus primórdios. orientação cognitivo-experimental (Lima,
Weil se destacou principalmente pelo 2008), deve-se notar que tanto houve
ensino e formação em psicodrama. Garcia, contato direto com Rodrigues – com quem
convidado para ministrar disciplinas de Marília Novais da Mata Machado realizou
Psicologia Social, criou, a partir do grande seu mestrado – como também nos
interesse que desperta nos alunos, o que se trabalhos do grupo há referência à
torna o “Setor de Psicologia Social”. Psicologia Social norte-americana. Vale
São inúmeros os trabalhos do Setor lembrar que o próprio Desenvolvimento
no âmbito do ensino, do intercâmbio com em Relações Humanas, com o qual os
pesquisadores, na realização de pesquisas e membros do Setor realizavam seus
intervenções em diferentes instituições. primeiros diagnósticos institucionais, vinha
Como diz Machado, 1986a, p. 36), do trabalho de Kurt Lewin (1890-1947) e
seus discípulos.
nossos clientes eram empresas, hospitais, Observa-se nesse período uma
congregações religiosas, escolas, bancos, tentativa de articulação entre psicólogos
penitenciárias e organizações
governamentais de saúde. Tal como
sociais da América Latina, por meio de
alquimistas, trabalho e estudo, teoria e incentivo de León Festinger (1919-1989) e
prática eram reunidos. Tínhamos uma Serge Moscovici (1928-2014), interessados
pequena renda advinda dos trabalhos: parte em conhecer e divulgar os trabalhos
do que um recebia ficava em conta conjunta. psicossociais em todo o mundo (Moscovici
& Marková, 2006). Em 1968, Festinger
Neste texto, vamos nos dedicar às visitou vários países da América Latina,
suas atividades de ensino, porque é por com o objetivo de dialogar com
meio dele que os integrantes do Setor profissionais da Psicologia Social,
divulgavam às novas gerações de facilitando o contato e interlocução de
psicólogos aquela perspectiva que estavam vários psicólogos sociais dessas
implantando. Nesse sentido, consideramos localidades, o que resultou na criação do
que os intercâmbios com a França, pelo Comitê Latino-Americano de Psicologia
qual foram enviados alunos, e alguns Social (Colapso) durante o “XII Congresso
professores e pesquisadores foram da Sociedade Interamericana de Psicologia
recebidos, que fazem parte da constituição Social”, em Montevidéu, em 1969. Os
e divulgação desta abordagem. Vamos nos integrantes do comitê se reuniram
referir ao período que vai de 1964, início novamente em janeiro de 1970, em
do Setor, logo após a criação do curso de Valparaíso, no Chile. Entretanto,
Psicologia da Instituição, até o ano de “turbulências políticas e outras
1992, data em que foi aprovado o dificuldades (falta de recursos, largas
Mestrado em Psicologia na UFMG. Esse distâncias, comunicação difícil etc.)
recorte se deve ao fato de que, a partir ensejaram o desaparecimento desta
dessa data, lideranças do grupo se primeira tentativa de organização”

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(Rodrigues, 1989, p. 127). Célio Garcia foi inicialmente era “contra” ou “a favor” de
um dos representantes do Brasil que determinadas teorias e personagens, pois
participou dos encontros, o que propiciou enquanto procurava conhecer vertentes e
uma interlocução com outros países da se definir, o Setor pretendia criar um
América Latina, trocas de experiências e espaço de diálogo e de conhecimento das
conhecimento das referências teóricas da teorias de Psicologia Social da época –
Psicologia Social que eram utilizadas pelo mas isso a partir de uma perspectiva da
grupo. Psicologia Social reflexiva e propositiva
Enquanto isso, no Brasil, se iniciava com relação aos problemas sociais
a discussão que é identificada nas brasileiros. Nesse sentido, o Setor foi um
publicações da época como uma crise – espaço de integração entre áreas como
teórica, metodológica – vivida pela Sociologia, Filosofia, História, Saúde,
Psicologia Social, o que ficou conhecido promovendo conhecimento, críticas e
como “crise de relevância” da Psicologia possibilidades para articulação de novas
Social, levando a um repensar sobre os formas de pensar a atuação do psicólogo
fundamentos epistemológicos da social.
Psicologia Cognitivo-Experimental. Garcia
(s.d., p. 1), refere em um texto, que O ensino de Psicologia Social
produziu para os estudos do grupo do
Setor, que “a construção do objeto da Como dito, Célio Garcia fora
Psicologia Social permanece paralisada contratado para ministrar Psicologia Social
pelo que assegura o sucesso na e formular a grade de disciplinas dessa
vulgarização dessa disciplina, isto é, uma temática para o curso. As aulas eram
metodologia de inquérito que, até uma divididas em conteúdo teórico e prático,
época recente, dissimulava as este envolvendo inclusive reprodução de
pressuposições sobre as quais se fundava”. experimentos de laboratório. O conteúdo
Assim, não se pode afirmar que a programático definido para o ano de 1966
Psicologia Social proposta pelo Setor está apresentado no Quadro 1.

Quadro 1. Programa de Psicologia Social – 1966


1º semestre – 1966
 Psicodrama
 Experiência de comunicações de Leavitt-Bavelas
 Escalas de atitudes (Likert, Thurstone, Gutmann)
 Experiência de Bales
 Teste de bolinhas5
2ª semestre – 1966
Natureza dos fenômenos sociais (Claude Lévi-Strauss)
 I - Introdução à Psicologia Social (S. Asch), Psicologia das Multidões (Tarde) Psicologia Social
Experimental (Lewin, Sherif e Whyte)
 II - Evolução da Psicologia Social: Tese Individualista ou Psicologizante (Le Bon, Tarde) (McDougall),
Tese sociologizante (Durkheim), Tese de Conciliação ou Terceira Posição (Kardiner), Quarta Posição:
Psicologia Social vista como a ciência da interação (fenômeno simétrico); ciência da previsão (Roger Daval)
 III - Psicologia Social da Personalidade, Formação do self (George Herbert Mead), Tese Freudiana, Anti-
tese culturalista (Malinowski, Ruth Benedict, Margaret Mead, Ralph Linton), Teoria psico-dinâmica das
relações interpessoais (Harry Guntrip)
 IV - Pensamento matemático nas Ciências Sociais. Introdução – Visão geral do problema. Análise de
hierarquia. Perspectiva estruturalista. Teoria dos gráficos e análise multivariacional. Intervenção Psico-
sociológica. Dinâmica de Grupo. Lazer e dinâmica socio-cultural.
Fonte: Setor (1966).

5
Segundo Machado (2001, p. 36-37,) o teste de bolinhas era um teste argentino, “projetivo que visava ao estudo
e à compreensão da dinâmica de grupos pequenos”.

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Este conteúdo não era uma Em 1967, o Setor já contava com a
especificidade do Setor. Parece que, até os participação de bolsistas, que
anos de 1970 e o imenso reconhecimento desenvolviam atividades de ensino, como
que recebe Aroldo Rodrigues, o ensino de confecção do material didático,
Psicologia Social tinha um caráter mais acompanhamento de alunos, reuniões
interdisciplinar, mais próximo às Ciências semanais de planejamento da disciplina,
Sociais. Vemos isto em um texto de até participação nas pesquisas que eram
memórias de Celso Sá, sobre o que desenvolvidas pelo Setor.
estudava em Psicologia Social no Rio de Ao analisar o conteúdo programático
Janeiro, com o prof. Eliezer Schneider: que era definido anualmente, observa-se
uma frequente atualização, com inclusão
lembro-me nitidamente de ter sido em de novas referências teóricas e temáticas.
função de cursar a disciplina que eu li o No Programa de Psicologia Social de
“Totem e tabu” de Freud, os trabalhos no
campo da “cultura e personalidade”, como
1969, verifica-se um maior enfoque em
os de Mead, Benedict e Kardiner, questões referentes à psicologia de grupo e
contribuições de ambos os lados da seus fenômenos, destacando-se os estudos
discussão “nature vs nurture”, incursões no sobre as bases psicológicas do rumor, a
domínio da “psicologia coletiva”, como partir dos trabalhos de Gordon Allport e
Blondel (1966), e os ensaios sobre o “caráter
nacional brasileiro” confrontados por
Leo Postman, e sobre cultura de massa e
Moreira Leite (1969). (Sá, 2007, p. 8) lazer. (Setor, 1969).
Já durante o período de 1969 a 1970
No Setor, o programa de Psicologia o Setor promoveu seminário sobre
Social para 1967acrescentou novas “Fundamentação Matemática em Ciências
temáticas, como “experiências de Sociais”, coordenado por professores do
treinamento mental, dissonância cognitiva, Instituto de Ciências Exatas da
Psicologia e Desenvolvimento, Intervenção Universidade Federal de Minas Gerais. O
psico-sociológica, comunidade objetivo do seminário era aprimorar os
terapêutica” (Setor, 1967). Houve também estudos sobre estatística, com a finalidade
a utilização de textos de autoria de Célio de auxiliar e instrumentalizar a equipe em
Garcia, referentes a temas estudados na suas pesquisas, principalmente aos estudos
disciplina, como “O problema das vinculados à análise de testes.
comunicações em Política”; “Comunicação Em 1971, houve uma ampliação da
– Experiência de Bales”; “O sistema de oferta da disciplina de Psicologia Social na
Bales”; “Roteiro técnico para uma Universidade, também para os cursos de
intervenção psico-sociológica”; Ciências Sociais e nas Faculdades de
“Intervenção psico-sociológica”, que Educação, de Ciências Econômicas, de
seriam publicados na edição dos ‘debates Comunicação, bem como nas Escolas de
sociais’. (Setor, 1967). Vale destacar que, Odontologia e de Enfermagem. Neste
neste período, era pequena a produção momento o Setor contava com o quadro de
editorial brasileira na área de psicologia, nove professores para lecionarem as
então estes textos funcionavam como disciplinas teóricas e práticas.
fundamentação teórica básica para os Quando, em 1972, a partir da
alunos. Além disto, Machado (2011) legislação da Reforma Universitária, foi
relembra que no Setor era muito comum organizado o Ciclo Básico na
tradução de textos para leitura dos os Universidade, estabeleceu-se um conjunto
próprios participantes do grupo e para uso de disciplinas que seria comum para
em sala de aula, o que permitia uma diversos cursos. Assim, o Setor compôs a
atualização do grupo com relação às novas programação da disciplina Psicologia
publicações que eram divulgadas. (ver, a Social e realizou o planejamento das
respeito, Jacó-Vilela, 2012). turmas, estimando que, para o primeiro

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semestre seriam inscritos um total de 739 ocorria semanalmente, em 1971,em que,
alunos, e que para isso seria necessário por exemplo, se estudaram as formas de
ofertar 19 turmas distribuídas para 10 expressões vinculadas aos doentes mentais
professores (Setor, 1972). Esta integração a partir do método de análise de discurso
possibilitou que o conhecimento da proposto pelo teórico francês Michel
Psicologia Social fosse disseminado para Pêcheux6.O autor também era referenciado
outros cursos, promovendo a interlocução durante os estudos sobre Análise de
com outros campos de saber, ampliando Conteúdo, tendo o seu livro “Analyse
também suas parcerias acadêmicas com automatique du discours” traduzido para
profissionais de outras áreas da utilização em apostila de estudo. (Setor,
Universidade. 1968-1971)7.
Na ementa de 1972 são inseridas as A grande influência e a rápida
temáticas referentes ao estudo de atitudes, difusão da produção de teóricos franceses
de grupos, conflito intergrupal, rumor, no Setor de Psicologia Social foi
cognição, sendo o “tema de debate, intensificada a partir do convênio de
enriquecido pelas obras de Edgar Morin”. cooperação científica e cultural com a
(Setor, 1972, p. 3-4). O item relativo à França, financiado inicialmente pelo
cognição visava uma reflexão teórica sobre Serviço Cultural da Embaixada da França,
a Psicologia Social, suas limitações e suas sendo beneficiários os Departamentos de
principais contribuições ao pesquisador do Psicologia e Filosofia da FAFICH/UFMG
campo. (Setor, 1972, p. 5). (1967-1975). Durante o período em que o
Já a ementa da disciplina de programa vigorou, a partir de 1969, 5
Psicologia Social III, específica para o participantes do Setor estudaram na
curso de Psicologia, apresentava as França. Consta que mantinham contatos
seguintes temáticas: teorias e métodos em estreitos com os que ficaram no Brasil,
Psicologia Social, orientações gestálticas, através do envio de textos e bibliografia,
orientação teórica de campo, orientação como também na articulação para
cognitiva, teorias de reforço, modelos organização de palestras e intercâmbio de
matemáticos do comportamento social e professores franceses. (Machado, 2004, p.
outras abordagens teóricas de Psicologia 25)
Social. (Amaral, 1972). Evidencia-se no O início do convênio ocorreu em
programa a inclusão das abordagens da maio de 1968, quando o Setor recebeu a
Psicologia cognitiva experimental, ao visita de Max Pagès8que teve duração de
mesmo tempo que a Psicologia da Gestalt. 30 dias, com seminários sobre intervenção
Vale ressaltar que este foi o ano de psicossociológica. Já no ano seguinte,
introdução da Gestalt-terapia no Brasil, a
6
partir publicação do artigo sobre Michel Pêcheux (1938-1983). Fundador da Escola
“Psicoterapia Guestáltica”, no Boletim de Francesa de Análise de Discurso que teoriza como
a linguagem é materializada na ideologia e como
Psicologia de São Paulo, retratando a
esta se manifesta na linguagem.
grande rapidez de incorporação de novas 7
teorias e a atualização das disciplinas Como já indicado, muitos textos eram traduzidos
pelos próprios professores e disponibilizado aos
ofertadas no curso de Psicologia da alunos, o que facilitava a divulgação de
UFMG. (Esch & Jacó-Vilela, 2019. p. 10). publicações recentes que demorariam para serem
O debate sobre o tema da saúde publicados no Brasil, como o caso deste livro de
mental e a crítica ao modelo assistencial, Michel Pêcheux que só foi publicado em
que ocorriam no período, estiveram português no ano de 1990.
8
também presentes nas atividades e estudos Max Pagès (1926-2018). Professor de Psicologia
desenvolvidos pelo Setor. Uma das da Universidade de Paris VII, psicoterapeuta,
iniciativas a respeito foi a criação do grupo pesquisador em ciências humanas, desenvolveu o
método de análise dialética das teorias e práticas
de ‘discussão sobre doença mental’, que em psicoterapia.

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1969, foi o período da visita de André da “Seção de Psicologia Social” da
Levy9, com seminários sobre os Sorbonne.
fundamentos teóricos da intervenção Em 1972, veio ao Brasil Georges
psicossociológica, o que se tornou uma das Lapassade10, apresentando as temáticas da
grandes contribuições dos estudos socioanálise e análise institucional. Sua
desenvolvidos pelo grupo. (Machado, estadia em Belo Horizonte foi de oito
2001; Garcia, 2004). semanas, permitindo que utilizasse os
Além da visita dos professores pressupostos teóricos da Análise
franceses, marca da influência da Institucional para desempenhar o seu papel
Psicossociologia no Setor, também de analisador do grupo do Setor, o que
estiverem presentes no grupo professores desencadeou conflitos e alterações no
de outras localidades propiciando a grupo.
interlocução com diversas vertentes Em sua ‘missão’ de analisador do
teóricas. Diversos estiveram presentes nos grupo do Setor, Lapassade nomeou e
anos de 1970 e 1971, por isto fazemos um dividiu o grupo entre brancos e pretos. Os
breve registro de sua passagem na UFMG brancos eram os integrantes do Setor que
a convite do Setor. tinham como tarefa a organização da parte
No ano de 1970, a temática da acadêmica e burocrática. Os pretos eram o
Psicologia Experimental ecoava no Setor, a grupo instituinte, que lutava pela
partir do curso de Psicologia Social autogestão na Universidade e nos espaços
Experimental, ministrado pela Professora por onde passavam. “Lapassade acusou-
Carolina Masttucelli Bori (1924-2004). nos de auto-repressão. Como bom analista
Também ocorreu o curso do Professor institucional, provocou-nos”. (Machado,
Roger Lambert e a visita do professor 1986a, p. 39).
Aroldo Rodrigues, então na PUC Rio. A temática da análise institucional no
(Setor, 1968-1971, p. 8). Já no ano de Setor não foi utilizada apenas para refletir
1971, o Setor recebeu a visita dos sobre instituições externas ou a relação no
Professores Jean Stoetzel, “mestre de próprio grupo, mas também para pensar o
Psicologia Social na Sorbonne e Presidente contexto institucional da Universidade, da
do Conselho Internacional para as Ciências relação professor-aluno. Em suma, a
Sociais” (Deslandes, 1989) e Jean análise institucional foi compreendida
Labbens, delegado da UNESCO no Brasil, como a melhor metodologia para se pensar
que buscava fomentar novas pesquisas e relações de poder.
ampliar o ensino da Psicologia Social em Garcia (2011) relembra as
Belo Horizonte. (Setor, 1968-1971, p. 8). dificuldades do período da Ditadura, como
Também no ano de 1971, ocorreram as a aposentadoria compulsória dos
visitas do Professor Jorge Balan, com professores, e entende que Lapassade não
curso sobre Organizações; do professor tinha a compreensão do momento vivido
Raymond Boudon, diretor do “Centro no Brasil e o risco eminente que sofriam os
d’Études Sociologiques”, unidade para professores que se mobilizavam para
pesquisas na área de Ciências Sociais na qualquer ação política. “Lapassade queria
França e do Professor Paul Arbousse que a gente fosse para a favela, realizar
Bastide da Universidade de Paris, dirigente análise institucional lá. Eu cheguei a

9
André Levy (1925), professor no College
10
Universitaire des Sciences Humaines Cliniques da Georges Lapassade (1924-2008). Filósofo e
Universidade de Paris. Em agosto de 1969, sociólogo francês. Em 1958, Georges iniciou seus
cumpriu missão cultural no Brasil, estudos sobre: Psicodrama (Moreno), dinâmica de
especificamente em Belo Horizonte, onde realizou grupos e pesquisa-ação (Lewin) e não-diretividade
cursos e conferências, uma delas no Centro de (Rogers), criando posteriormente sua abordagem
Estudos do Hospital Galba Velloso. de análise institucional. (Gradim, 2008)

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conversar com ele sobre isso.” (Garcia, grupo reagiu de forma propositiva para
2011). alcançar as alterações pretendidas para o
Após a estada de Lapassade, a currículo. (Machado, 2001, p. 39).
Análise Institucional se estabeleceu tanto Com a mudança curricular aprovada,
pela sua contribuição teórica, como a partir os professores do Setor se articularam para
da sua prática como analisador, que assumirem as novas disciplinas, como
movimentou o grupo interna e ‘Psicologia Comunitária e Ecologia
externamente. Segundo Machado (1986a, Humana’; ‘TPC (Teorias Psicológicas
p. 39), nesse período, “dentro do Contemporâneas), Psico-sociologia da
Departamento de Psicologia e na FAFICH Mulher’ bem como a disciplina eletiva
já éramos discriminados. O Departamento Intervenção Psicossociológica. Segundo
de Sociologia pedira-nos as salas do Machado, Roedel e Rodrigues (2017, p.
subsolo. Acomodamo-nos no quinto 316) “pós-Lapassade, tanto ‘negros’
andar”. quanto ‘brancos’ do Setor participaram da
Retratos desta ruptura ficou evidente implantação da reforma universitária na
no ano de 1973, durante a visita de Michel UFMG, o que talvez tenha amenizado a
Foucault à UFMG. Devido às tensões cisão interna. A análise institucional
vividas durante a estadia de Lapassade no aprendida com Lapassade conferiu uma
Setor, o Departamento de Psicologia se direção a esses trabalhos.”
negou a recebê-lo.Célio Garcia, que no O curso de ‘Psicologia Comunitária e
momento estava se desligando do Setor e Ecologia Humana’, inicialmente lecionada
já estava vinculado ao Departamento de pelo Professor Júlio Miranda Mourão, teve
Filosofia, fez a mediação para que o novo como foco a ecologia e o
departamento autorizasse a ida de Michel ecodesenvolvimento. Neste período o
Foucault à UFMG. conteúdo programático tinha como
Apesar de sua visita à UFMG não ter referência as obras de Ignacy Sachs11, que
sido realizada pelo Departamento realizou várias visitas a Belo Horizonte.
Psicologia, os professores e alunos do “O prof. Sachs já esteve algumas vezes em
curso também participam da palestra que o Belo Horizonte trabalhando conosco, e nos
filósofo proferiu na Universidade. Segundo estimulou no sentido de testar as
Corrêa (2004, p. 11) “uma inconciliável proposições do ecodesenvolvimento no
batalha era travada entre behavioristas e nosso contexto. Certamente o
adeptos da Psicologia Social e/ou ecodesenvolvimento se revelará importante
psicanalistas freudo-lacanianos. Todavia o fonte de inspiração para nossas hipóteses
que se irá ouvir e/ou ‘outro discurso’, se de trabalho na comunidade.” (Mourão,
tratará de conhecimento com uma outra 1986, p. 21)
prática na produção do saber”. Em 1978, o Professor Romualdo
Damaso lecionou esta disciplina
Reforma Curricular de 1974 apresentando como proposta o estudo das
relações dos homens com o meio ambiente
Durante o processo de reforma e as implicações de uma abordagem
universitária que gerou mudança curricular ecológica na psicologia. A ementa
no curso de Psicologia da UFMG, em contemplava uma diversidade assuntos,
1974, o Setor teve grande participação na agregando conceitos da Psicologia
interlocução e mediação junto à Comunitária e Psicossociologia. Além
Universidade para a negociação das
11
disciplinas, e também com os alunos, Ignacy Sachs (1927), economista polonês
acolhendo suas reivindicações e sugestões. naturalizado francês. Professor Emérito da École
Neste período em que o Setor enfrentava des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS),
Paris/França, foi orientador de doutorado de Júlio
restrições impostas pelo Departamento, o Miranda Mourão.

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disso, a disciplina discutia temas sobre os psicológicos, lesbianismo; e estudos
determinantes sociais da Psicologia, a culturais, referentes à mulher nas
visão do homem no espaço urbano e no diferentes culturas. (Setor, 1978). A
campo, planejamento urbano, bibliografia indicava textos que permitisse
discriminação social, saúde e políticas o estudo a partir do referencial da análise
públicas, medicina social comunitária e de discurso, das construções linguísticas
aspectos psicossociais relacionados à saúde atribuídas ao feminino e ao masculino.
e doença. (Setor, 1978, p. 4).A mesma Apesar da disciplina ter sido incluída no
disciplina também foi lecionada pelo currículo do curso de Psicologia como
Professor Cornelis van Stralen, já com um eletiva, a resistência e as críticas com
enfoque maior para questões da saúde relação à legitimidade do tema eram
mental, especialmente sobre as políticas grandes. As professoras eram questionadas
públicas de saúde. com provocações sobre a disciplina, sendo
Segundo Mourão (1986), “Psicologia indagadas pelo fato de não ser ofertado
Comunitária e Ecologia Humana” era uma disciplina sobre “Psicossociologia do
anteriormente uma unidade da disciplina Homem”; respondiam argumentando sobre
de Psicologia Social, ganhando espaço a a importância da disciplina para uma
partir da reforma curricular e tornando-se reflexão sobre identidade social.
assim uma disciplina específica. Bomfim Apesar dos esforços para justificar
(1989), por sua vez, esclarece que, como a sua relevância, a” TPC (Teorias
Psicologia Comunitária não era uma Psicológicas Contemporâneas) – Psico-
disciplina obrigatória que havia surgido no sociologia da Mulher” foi retirada do
Brasil a partir de dois pilares, um currículo. Em 1988, Machado publicou
priorizando os diversos tipos de atuação do relato sobre a disciplina, afirmando que
psicólogo em comunidades, e outro com “Ignorar a psicossociologia da mulher é
enfoque na urbanização, ela de fato era ignorar metade da experiência humana”.
“(...) fruto de uma Psicologia Social (Machado, 1988, p.143).
preocupada com a realidade circundante. Outra disciplina ofertada a partir da
De uma Psicologia Social que via com reforma curricular de 1974 foi a eletiva
bons olhos o crescimento do movimento Intervenção Psicossociológica. Na ementa
comunitário brasileiro e que a ele aderiu de 1978 consta como objetivo “analisar a
num trabalho de busca de melhoria das prática pedagógica, enquanto prática
condições de vida.” (Bomfim, 1989, p. 47). inserida em instituições”. (Setor, 1978, p.
Outra disciplina incluída no curso de 2). Neste ano a disciplina foi lecionada
Psicologia da UFMG foi “TPC (Teorias pelo Professor Cornelis Johannes van
Psicológicas Contemporâneas) – Psico- Stralen, contemplando estudos sobre
sociologia da Mulher”, lecionada em 1978 modelos de análise do aparelho escolar e
pelas Professoras Marília Mata Machado e métodos sobre intervenção na escola.
Maria Auxiliadora Bahia. Na ementa O curso articulava o estudo e análise
consta que o objetivo da disciplina era do ambiente escolar com práticas
definir o que é psicologia da mulher, comunitárias. A disciplina estava, portanto,
compreendendo-a como sujeito em consonância, neste período de 1978,
psicossocial. Para atingir o objetivo, o com a disciplina de Psicologia
conteúdo programático incluía como Comunitária, que também era lecionada
temáticas: o estudo de teorias do pelo Professor Cornelis, apontando assim
desenvolvimento feminino a partir de uma articulação entre as disciplinas e as
diversas abordagens teóricas; práticas realizadas na área da Psicologia
personalidade; características biológicas, Social (Setor, 1978).
sexuais, hormonais e genéticas; A disciplina de Psicolinguística,
sexualidade feminina, fisiologia, aspectos lecionada no ano de 1978 pela Professora

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Vilela, A. M. J. Dos primeiros passos da Psicossociologia no Brasil: o Setor de Psicologia Social da UFMG
Sônia Cerqueira tinha como meta a análise “marginalidade, delinquência, habitação,
das relações entre linguagem e sociedade, lazer”. (Setor, 1978).
e para isso utilizava tanto o campo da Percebe-se que tanto a
psicologia como o da linguística. A Psicossociologia quanto a Psicologia
disciplina realizava uma crítica tanto à Comunitária permeavam as novas
teoria behaviorista, e sua visão da disciplinas eletivas inseridas no curso,
linguagem como um comportamento característica também evidente na
verbal, como da teoria estruturalista de disciplina “TPC – Psico-sociologia
Piaget, em que a linguagem é entendida a Urbana”. Outro traço desta disciplina era o
partir das relações entre operações mentais. estudo histórico da urbanização e o estudo
Assim, a partir da psicanálise e da história, sobre cultura urbana.
a disciplina trazia questionamentos com
relação à linguagem e ao pensamento, o 1985: a Psicologia Social e a proposta de
inconsciente e sua estruturação “na e pela mudança social
linguagem”, mecanismos de dominação
pela linguagem, ideologias e processos de Em 1985, com o processo de
comunicação. (Setor, 1978). redemocratização vivido no Brasil, e diante
Já a disciplina “PPC – O Problema do momento profícuo para a reestruturação
do Tempo em Psicologia”, que surgiu na dos movimentos sociais, abriu-se espaço e
grade curricular em 1978, visava abordar o possibilidades para que Universidades
fenômeno do tempo “dentro da abordagem também refletissem sobre o seu papel de
fenomenológica, mostrando as concepções formação crítica e de fomento para
derivadas do realismo do senso comum, ou repensar estratégias para mobilização e
da física clássica, como insuficientes para ação social.
a compreensão das vivências temporais, Este movimento também se refletiu
nos níveis: pessoa, grupo, sociedade”. no Setor, sendo possível identifica-loa
(Setor, 1978, p. 3). Em 1978, a disciplina partir das alterações nas ementas da
era lecionada pelo Professor José Newton disciplina de Psicologia Comunitária e
Garcia de Araújo e em sua ementa estavam Ecologia Humana, com temáticas como
presentes teorias fenomenológicas e comunidades alternativas, ecologia,
psicanalíticas, psicopatologia, Gestalt- escritos anarquistas, metodologia de
terapia e psicossociologia. trabalho comunitário, pesquisa
A diversidade de disciplinas eletivas participante, estudo de casos, psiquiátrica
identificadas no programa de 1978mostra comunitária e educação comunitária. Neste
também o tópico de “TPC – Psico- ano a disciplina era lecionada por Marília
sociologia Urbana”, lecionado pelo Prof. Novais da Mata Machado e Elizabeth
José Renato Campos Amaral, que visava Bomfim. Segundo Machado (1986b), o
tanto uma formação teórica como uma estudo sobre ecologia era recente no
profissionalizante. Para o conteúdo teórico Brasil, o que tornava positiva a união dos
foi programado uma atividade temas ecologia e comunidade.
interdisciplinar, envolvendo psicologia, Assim, a proposta da disciplina
economia, sociologia e urbanismo. “O Psicologia Comunitária e Ecologia
urbano com sua multiplicidade de práticas Humana torna-se a reflexão sobre as
parece-nos um terreno ideal para tal possibilidades de construção de um
estudo”. (Setor, 1978, p. 4). Já para a etapa conhecimento em conjunto com a
prática, descrita como profissionalizante, comunidade. “Uma vez que o cientista
os alunos eram preparados para realizarem social sabe que não sabe a respeito das
trabalhos de intervenção urbana, comunidades e de si próprio na estrutura
principalmente com relação a social, vai buscar saber.” (Machado,
1986b, p. 111). Como metodologia para o

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Vilela, A. M. J. Dos primeiros passos da Psicossociologia no Brasil: o Setor de Psicologia Social da UFMG
estudo das comunidades foi utilizado o (Machado, 1988, p. 38). A coleta de dados
referencial teórico da socioanálise e da foi iniciada no ano de 1987, com
análise institucional, a partir de autores participação de alunos da disciplina de
como Lapassade e Lourau. Psicologia Comunitária e Ecologia
Bomfim, Lima e Machado (1986) Humana I. Já na Vila do Acaba Mundo, os
relataram que sua turma realizou como trabalhos foram realizados com grupos de
trabalho final uma atividade denominada adolescentes e mães, com a produção de
Comunidades Alternativas, em que os um filme que reproduz a história e o
alunos analisavam, no contexto histórico, cotidiano da comunidade. O objetivo do
manifestações de autonomia comunitária. trabalho nas duas comunidades era a auto-
Os trabalhos desenvolvidos por alunos da organização e de provocação para
disciplina em 1985 foram apresentados mobilização dos moradores. “Levamos
durante o I Encontro Mineiro de Psicologia dispositivos de facilitação que
Social. Observava-se uma diversidade eventualmente podem auxiliar a população
temática, como análises sócio-históricas de a solicitar junto aos órgãos públicos os
regiões da cidade de Belo Horizonte, seus direitos. Levamos também
estudo sobre comunidades alternativas, informações de que têm direitos”.
como Canudos, a República dos Guaranis (Machado, 1988, p. 39).
e estudos sobre tecnologias. (Bomfim, Já entre os anos de 1989 a 1991,
Lima, & Machado, 1986). foram realizadas ações do projeto
A disciplina realizou também denominado “Meninas de rua”, com a
trabalho sem três vilas de Belo Horizonte – supervisão da Professora Elizabeth
região do Acaba Mundo, Morro do Bomfim e financiamento da UFMG e do
Querosene e Conjunto Santa Maria – CNPq. Teve como objetivo analisar e
porém só houve continuidade nas descrever o cotidiano de meninas de rua da
atividades no Acaba Mundo e no Santa cidade de Belo Horizonte, a partir de
Maria. Para o financiamento foram pesquisa participante, ou como preferiu
articulados convênios com diversas definir Bomfim (1991), “pesquisa
instituições, como: CAPES-COFECUB, dialogante”, tendo como atividades a
PTAC (Programa Transsetorial de Ação realização de entrevistas, acompanhamento
Comunitária, com financiamento da direto das crianças e análise de reportagens
fundação norte-americana Kellogs), divulgadas no período estudado. Para este
ASHOKA (programa norte-americano de levantamento participaram orientandas de
fomento a agentes sociais inovadores), graduação de Elizabeth Bomfim, que
Pró-Reitoria de Extensão da UFMG, também auxiliaram na confecção do livro
CAPES, CNPq e a Secretaria Especial de referente à pesquisa. A professora relatou
Desenvolvimento Social do Estado de que o trabalho de participação foi
Minas Gerais. desenvolvido junto com os educadores de
Participaram deste trabalho em torno rua da Pastoral do Menor. (Bomfim, 1991,
de 20 pessoas, que se subdividiam em p. 47).
equipes para promoverem reuniões com os Em 1985, a disciplina Intervenção
moradores. No Conjunto Santa Maria Psicossociológica sofreu alterações, com a
foram organizadas oficinas de artesanato e inclusão de atividades práticas
dança, e um estudo sobre a região, sendo socioanalíticas em três espaços: uma
realizadas técnicas de entrevista e residência universitária (Moradia
preenchimento de questionários com Estudantil Borges da Costa); um hospital
moradores, com perguntas como: “O que Psiquiátrico (Instituto Raul Soares) e uma
você acha que falta aqui na vila e que congregação religiosa (Sociedade São
vocês têm direito a ter? Vocês já Vicente de Paulo). (Mello Filho, Mata-
participaram de alguma cooperativa?” Machado, & Laia, 1985). Neste ano, a

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Vilela, A. M. J. Dos primeiros passos da Psicossociologia no Brasil: o Setor de Psicologia Social da UFMG
disciplina foi lecionada pela Professora o que permitia a parceria com profissionais
Marília Novais Mata Machado. Todos e com outras áreas de conhecimento,
estes trabalhos ocorreram a partir de gerando projetos interdisciplinares.
demanda das instituições e cada um deles O caminho do Setor não foi linear
teve a duração de três semestres. durante todo o período que existiu. Passou
Outro trabalho realizado, nos anos de por várias fases, mudanças dos seus
1985 e 1986, foi o Grupo Operativo no integrantes, vários rearranjos. Também
Hospital Galba Velloso (HGV), hospital vale ressaltar o delicado momento político
psiquiátrico de Belo Horizonte. A vivido no Brasil e os riscos enfrentados por
atividade fora demanda pelo Diretor do aqueles que foram os iniciadores da
hospital, Dr. Cezar Rodrigues Campos, Psicossociologia em Minas Gerais.
importante ator no processo de reforma Atualmente, para os ex-integrantes que
psiquiátrica mineira, que “havia participaram, o que permaneceu são
recentemente assumido o cargo imbuído lembranças de um grupo que soube criar,
do espírito de democratização, tal como ele reagir. Como diz Mata-Machado, “Na
próprio relata em um certo momento, memória dos que o vivenciaram, ele é o
referindo-se ao projeto que ali fora grupo que se despregou da formação
discutido e implantado”. (Almeida, 1986, coletiva e soube transgredir, quando era
p. 29). necessário fazê-lo. Com todas as suas
Nessas experiências, os referências dificuldades, ele foi capaz de se abrir para
teóricos utilizados eram os da Análise o mundo e viver a diversidade; é digno de
Institucional, da Psicanálise e do Grupo ser lembrado, agora, nesta época de
Operativo. Como objetivo, o trabalho pensamento único e de fundamentalismo
visava democratizar o hospital, religiosos e políticos”. (Machado, 2001, p.
instrumentalizando os estagiários para 40) Célio Garcia (2011), por sua vez,
trabalharem com grupo operativo, para aponta o Setor como um grupo ‘outsider’,
integrarem o hospital e seus profissionais. o que possibilitou que, além de seu
O supervisor convidado foi o Professor compromisso teórico, pudesse ter uma
Célio Garcia que, apesar de formalmente conduta pautada por ações práticas,
não integrar mais ao Departamento de criativas e políticas. Para ele, a trajetória
Psicologia, mantinha contatos com do Setor, apesar das precariedades,
integrantes do Setor e desenvolvia dificuldades financeiras e restrições
supervisão de projetos de instituições políticas, “foi uma aventura intelectual
governamentais. significativa e que marcou pelo resto da
vida” [pois]”não é todos os dias que a
Considerações finais gente faz uma experiência dessa natureza.
“ (Garcia, 2004, p. 13-18).
Desde sua fundação, o Setor Se entendemos que o Setor, suas
produziu uma grande diversidade de pesquisas, seu ensino, foram de grande
projetos e atividades, tanto os inicialmente relevância naquele momento, podemos
de dinâmica de grupo, como avaliar que sua influência se estendeu, no
posteriormente os de intervenção exercício profissional e na formação de
psicossociológica, psicologia comunitária, novos psicólogos, à medida em que
saúde mental, saúde coletiva. O Setor se aqueles estudantes dos anos de 1970
construiu como um espaço de fomento compartilharam seus projetos e teorias.
para pesquisa e estudo, proporcionando Entretanto, como a matriz original se
uma visão crítica sobre a atuação do desfez, aos poucos sua perspectiva também
psicólogo, agregando a participação de se torna mais opaca, menos conhecida.
professores e estudantes. Trazia em sua Assim, pouco existe hoje em dia em nossa
concepção uma abertura para participação, Psicologia Social que reverbere a vertente

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Recebido em: 7/12/2020


Aceito em: 1º/5/2021

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