Higroma Subdural: Aspectos Epidemiológicos, Clínicos e Radiológicos
numa Série de Casos
Tamara Maria Ribeiro Pereira, Marco Antonio Zanini, Pedro Tadao Hamamoto Filho, Botucatu, FMB,
medicina, tamaramrp@gmail.com .
Palavras Chave: higroma subdural, tomografia computadorizada, traumatismo craniano.
Introdução
Higroma subdural é uma coleção semelhante ao
líquor no espaço subdural, observada na tomografia
computadorizada (TC) como uma área hipodensa
acompanhando a convexidade da calota craniana.
É um epifenômeno comum após traumatismos
crânio-encefálicos (TCE), no entanto, também pode
ocorrer após craniotomia para tratamento de outras
afecções neurocirúrgicas. Tende a diminuir sem
nenhuma intervenção, mas pode não desaparecer
espontaneamente e até aumentar, tornando-se um
processo expansivo que leva a compressão
cerebral, necessitando de intervenção cirúrgica. O
quadro clínico do higroma geralmente é
inespecífico, com distúrbios da consciência sendo
mais frequentemente relatados. Assim, o método
diagnóstico de escolha é a TC, que também
possibilita sua análise evolutiva. Neste estudo
analisamos uma série de casos de pacientes com
higroma subdural com enfoque nos aspectos
epidemiológicos, clínicos e radiológicos.
Objetivos
Observar a epidemiologia, a clínica e as imagens
radiológicas dos pacientes com higroma subdural
atendidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina de Botucatu, avaliando as características
predominantes, a fim de analisar desde o provável
mecanismo etiológico até a evolução e necessidade
de intervenção cirúrgica dessa condição.
Material e Métodos
Foi realizada uma revisão retrospectiva dos
registros médicos e exames de tomografia
computadorizada de crânio de 17 pacientes com
higroma subdural, atendidos no Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu
(UNESP) no período de 2011 a 2013. Foram
obtidos os seguintes dados: sexo, idade,
mecanismo do trauma ou outra intervenção
cirúrgica, necessidade de drenagem, presença de
pequena efusão subdural no momento da admissão
e tempo para desenvolvimento do higroma. Foram
excluídos pacientes pediátricos.
XXVI Congresso de Iniciação Científica
Resultados e Discussão
Encontramos predomínio no sexo masculino
(82,4%). A idade média foi de 58,6 anos. TCE foi a
causa mais frequente (76,5%). Outros mecanismos
envolvidos na formação de higroma foram
craniotomia (17,6%), pós-operatório de drenagem
de hematoma subdural crônico e pós-operatório de
derivação ventriculoperitoneal (5,9% cada). Em
nossa série, higroma foi um achado incidental em
11,8% dos casos (principalmente em pacientes
idosos). Dos 17 casos, 4 evoluíram com aumento
progressivo do higroma, necessitando de derivação
subdural para o peritônio (23,5%). Todos os
pacientes que necessitaram de drenagem cirúrgica
do higroma tiveram como mecanismo etiológico o
TCE. Pequena efusão subdural (PESD) estava
presente em 35,5% dos casos na TC inicial à
admissão. A média de tempo entre o momento da
admissão do paciente e o diagnóstico de higroma
foi de 6,1 dias.
Conclusões
Lesões da interface dura-aracnóide devem ter sido
responsáveis pela formação de higroma na maioria
de nossos casos. Já que TCE e craniotomia foram a
principal causa de higroma subdural. Os higromas
diagnosticados como achados incidentais em idosos
e os desenvolvidos após DVP sugerem que a
atrofia cerebral também desempenhou um papel
importante em sua patogenia. A presença de
pequena efusão subdural nas TCs de admissão
parecem ter valor preditivo no desenvolvimento de
higroma subdural traumático.
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1
Zanini, M. A.; Resende, L. A. L. Traumatic Subdural Hygromas:
Proposed Pathogenesis Based Classification. J Trauma 2008;64:705-713
2 Miranda, P; Lobato, R.D.; Rivas, J.J.; Alen , J.F.; Lagares, A.:
Colecciones subdurales postraumáticas: presentación de un caso y revisión
de la literatura. Neurocirugía 2004; 15:67-71.