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A Guerra Pelo Dendê Elétrico
A Guerra Pelo Dendê Elétrico
Fundador da Lecar, que já conta com 2 protótipos de carros elétricos, um coupé e um hatch, diz ter oferecido
uma proposta melhor que a chinesa BYD (Foto: Lecar/Divulgação)
Assis conta que o maior desafio ficou por parte da engenharia do Brasil.
“Não temos a cultura de produzir um próprio, e sim de montá-lo. Com isso, foi
desafiador convencer os engenheiros que isso poderia ser feito. E assim, nós
enviamos um Tesla para Caxias do Sol para ser desmontado e os
profissionais se familiarizarem com o carro elétrico. Estamos fazendo de tudo
para acertarmos no primeiro modelo, se não agradar, vamos ajustando”,
discorre.
O CEO ressalta que os custos para construção do carro eram muito elevados,
em especial para a bateria. “De dezembro para cá, a bateria passou de US$
15.000 para US$ 6.600, uma notícia que vimos com otimismo. Mas na época
que começamos, não dava para imaginarmos um carro popular em torno de
R$ 100.000, algo que tem ganhado força, e isso se deve a essa queda na
bateria”, diz.
Assis acredita que a empresa quer apenas explorar o prédio, trazendo o carro
desmontado da China, para montá-lo aqui. “Isso para mim parece ir contra o
propósito da propriedade de desenvolver fornecedores locais e geração de
empregos. Com a minha manifestação de interesse, eles me darão um prazo
para eu apresentar minha proposta de desenvolvimento da propriedade. Não
tem explicação em comprar a fábrica e vender o maquinário”, explica.
“Os meus fornecedores para o 459 são empresas como a Randon, através
das suas verticais de tecnologia, a Weg (WEGE3), que me fornecerá motores
produzidos aqui. Com isso, todos as empresas vão se juntar para evoluir os
produtos e a tecnologia automotiva pega uma carona nisso”, analisa.
Assis ressalta que não pode dar detalhes sobre o quanto será investido e
quantos empregos serão criados, mas ele garante que a proposta da nacional
será mais competitiva do que a da BYD. Ele comenta que também conversa
com a Embraer (EMBR3), através da Embraer X, sobre parcerias.
“Vamos fabricar o carro em Camaçari e gerar três vezes mais empregos de
quem só vai ‘apertar parafuso’. Queremos que 100% dos empregos sejam
brasileiros, com prioridades para os ex-funcionários da Ford que perderam
seus empregos. Essa região já é um polo industrial e temos um planejamento
bem definido. Nos próximos 10 anos, queremos fazer Camaçari uma
referência em tecnologia equivalente ao Vale do Silício. Esse é o maior
movimento de reindustrialização do Brasil”, ressalta.
“O que menos nos preocupa são investimentos, já que o mercado sabe que
esse é um bom negócio. As empresas de carros elétricos dispararam em
valor de mercado, e não porque lucram muito, mas por serem uma solução
para o futuro. Vamos investir bem mais que esses R$ 3 bilhões da BYD em 5
anos”, finaliza.