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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Goiânia-GO
2024
1-DELIMITAÇÃO DO TEMA
2-DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
3-JUSTIFICATIVA
4-REFERENCIAL TEÓRICO
A base teórica que vai envolver os temas abordados nesta proposição de pesquisa,
bem como, os principais conceitos e elementos utilizados para subsidiar essa investigação
estão conectados ao objeto de análise que envolvem: poder, disciplina e controle social,
cadeia, liberdade, punição, ressocialização, as concepções de educação, questões de leis,
discriminação e preconceito, diversidade cultural, castigo dentre outros.
Diante disso, o termo castigo sempre teve presença marcante ao longo da história da
humanidade. Antes da chegada da era moderna, a punição corporal era aplicada para aqueles
que violassem as normas sociais de uma determinada comunidade. Com o surgimento do
capitalismo, uma nova forma de punição surgiu: a restrição da liberdade. Esse novo modelo
busca humanizar a pena, essencial para a reintegração do indivíduo à sociedade. No Brasil, a
“Lei de Execução Penal de 1984, baseada em normas internacionais”, busca garantir educação
e trabalho aos detentos como método mais eficaz para a reintegração social (Santos, 2017, p.
06). No entanto, apesar das garantias legais, o sistema prisional brasileiro, assim como em
outros países, parece não estar alcançando seus objetivos de reintegração. A reincidência é
uma realidade para a maioria dos presidiários. Diante de uma possível crise no Sistema
Penitenciário Brasileiro, evidenciada pela superlotação das prisões, pela dificuldade de acesso
à justiça e pelos casos de maus-tratos denunciados com frequência por organizações de
direitos humanos (Santos, 2017). Diante disso, questiono: Qual é a importância da educação
carcerária no processo de ressocialização dos detentos e na redução da reincidência criminal?
Quais são os principais desafios enfrentados pelo sistema prisional na implementação de
programas de educação dentro da prisão?
A intenção é estabelecer um diálogo entre teóricos para poder viabilizar esse trabalho
e discutir com maior propriedade o objeto e a problematização que aqui se estabelece. Trata-
se de pensar no funcionamento da remissão de pena pelo estudo, a importância da educação e
a ressocialização dos alunos/presos, estabelecendo conexão com as pesquisas de diversos
autores, são eles: Foucault (1987), Paulo Freire (1996), Agamben (2004) Santos (2017).
Além desses teoricos e trabalhos acadêmicos, é importante consultar documentos
oficiais como a legislação brasileira sobre o tema, incluindo normativas específicas
relacionadas à educação em contextos prisionais, bem como relatórios de órgãos
governamentais e organizações da sociedade civil que abordem a educação carcerária em
Goias e no Brasil.
Consequentimente, é possível afirmar que esta sugestão de pesquisa se enquadra
nas áreas Humanas, relacionando Filosofia, Pedagogia, Educação, História, Sociologia e
Processos Educacionais. Logo, é possível deduzir que a principal preocupação que se tem
aqui é a de, por meio das relações sociais estabelecidas no espaço escola/prisão, fazer o
uso de algumas categorias de análise, aplicabilidade metodológicas pertinentes à
investigação aqui proposta. Sendo assim, este trabalho se desenvolverá tendo como
“princípio norteador” os desafios que a escola enfrenta na implementação de programas de
educação na prisão de Trindade-GO – tema que é pouco referenciado por pesquisadores de
distintas áreas no municipio supracitado.
Dentre os teoricos que aproximam do tema e suas nuances, Giorgio Agamben é um
filósofo italiano conhecido por suas obras que abordam temas como política, direito,
biopolítica e soberania. Suas reflexões sobre o estado de exceção, biopolítica e o conceito
de "vida nua" têm influenciado o debate sobre questões relacionadas ao sistema prisional e
à justiça social. Em sua obra Estado de Exceção (2004), Agamben discute como o estado
moderno frequentemente recorre ao “estado de exceção” para suspender direitos e garantias
individuais, especialmente em momentos de crise ou emergência. Ele argumenta que essa
“suspensão do estado de direito” pode levar a abusos de poder e à criação de “zonas de
exclusão” onde os direitos humanos são negados, como é frequentemente o caso nos
sistemas prisionais (Agamben, 2004, p. 54-58).
A educação dentro das prisões pode ser vista como uma forma de resistência ao
estado de exceção, proporcionando aos detentos oportunidades de desenvolvimento pessoal,
capacitação profissional e reintegração social, mesmo em um ambiente de restrição e
exclusão. Portanto, teorias sobre o estado de “exceção e biopolítica” podem oferecer insights
valiosos para entender as dinâmicas de poder e controle presentes no sistema prisional e as
possíveis formas de resistência e transformação dentro desse contexto (Agamben, 2004, p.
54).
Outro autor importante para as reflexões do tema aqui proposto, é o filosofo Michel
Foucault (1987), um renomado estudioso francês que discute amplamente o sistema prisional
e suas implicações sociais e políticas em suas obras. Embora ele não tenha abordado
diretamente a educação carcerária, suas análises sobre o poder, disciplina e controle social
oferecem uma base teórica importante para entendermos como a educação pode ser moldada
dentro do ambiente prisional. Foucault (1987), aborda que as instituições educacionais,
inclusive as prisões, têm o poder de moldar e disciplinar as pessoas, influenciando sua
identidade e comportamento. Diante desse cenário é pertinente questionar se esses processos
disciplinares continuam a afetar a “liberdade” dos indivíduos após deixarem o ambiente
prisional, levando-os a refletir sobre as estruturas de poder que ainda exercem influência
sobre suas vidas mesmo fora das "grades". Ressalta o autor:
5-METODOLOGIA
6-REFERÊNCIAS
AGAMBEN, Giorgio, 1942- Estado de exceção. tradução de Iraci D. Poleti. - São Paulo
Boitempo, 2004.
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. Da Ordem Social. Disponível em:
https://portal.stf.jus.br/constituicao-supremo/artigo.asp?abrirBase. Acesso em 12 de jan. de
2024
BRASIL, Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família.
Disponível em: https://portal.stf.jus.br/constituicao-supremo/artigo.asp? Acesso em 30 de jan.
de 2024.
LDB nacional [recurso eletrônico]: Lei de diretrizes e bases da educação nacional: Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e define e regulariza a
organização da educação brasileira com base nos princípios presentes na Constituição.
Disponível em: https://ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/proen/ldb_11ed.pd Acesso em 21
de dez. de 2023.