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FEMINISMOS NA ANPED
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Mestre em Educação Contemporânea pelo PPGEduC/UFPE-CAA (2023). Especialista em Educação Especial e
Inclusiva e Neuropsicopedagogia Institucional e Clínica pela FAVENI (2021). Pedagoga pela UFPE/CAA
(2017). E-mail: jessica.priscila@ufpe.br
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Pós-doutora em Direitos Humanos pelo PPGDH/UFPE (2016). Pós-doutora em Educação na UFRGS (2012).
Doutora em Sociologia pela Universidade de Coimbra (2006). Mestra em Administração Pública pela Fundação
Getúlio Vargas – RJ (2001). Graduada em Administração – Faculdades Integradas Anglo Americano – RJ
(1993). Professora Titular da Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: allene.lage@ufpe.br
Ao refletirmos sobre a importância das produções científicas sobre feminismos,
gênero e sexualidades nos deparamos com pesquisas que trazem novas metodologias que
visam romper com as metodologias tradicionais, que não abrem espaço para pesquisas com as
temáticas de gênero, pois estão centradas em modelos positivistas.
A categoria gênero vem passando, ao longo do tempo, por reconsiderações acerca de
seu uso nas produções e pesquisas científicas. No início, seu uso era restrito a termos
gramaticais que abordavam características sexuais e biológicas e traços de personalidade e
caráter. Mas, a partir dos estudos feministas dos anos 1970, o termo gênero passou a ser
posicionado no campo do social. Mas como nos apontam as autoras Raewyn Connell e
Rebecca Pearse (2015), as discussões sobre gênero, na maioria das vezes, são pautadas a
partir do apontamento de uma divisão biológica baseada em dicotomias. Como nos dizem as
autoras:
Para essa definição há algumas objeções, como a noção de que a vida humana não se
divide em duas esferas apenas, como essa divisão dicotômica anula as diferenças internas
dentro de cada grupo como a diferença entre masculinidades violentas e masculinidades não
violentas, entre outros exemplos trazidos pelas autoras. Havendo a necessidade de mudar o
foco das diferenças e buscando focar nas relações sociais nas quais esses grupos e indivíduos
atuam, entendendo o gênero como uma estrutura social e não uma expressão biológica ou uma
dicotomia fixa, mas sim como um padrão nos arranjos sociais onde as atividades do cotidiano
são formadas por esse padrão.
Diante dos avanços na pesquisa sobre gênero e sexualidades no âmbito da educação,
fizemos um levantamento em cima das produções da Associação Nacional de Pós-Graduação
e Pesquisa em Educação (ANPED), entidade de destaque no Brasil, fundada em 16 de março
de 1978, e que incentiva a pesquisa e produção em diversos temas do meio educacional. A
ANPED é formada por 24 Grupos de Trabalho (GTs), que abarcam uma multiplicidade de
temas acerca da educação. Para situarmos nosso levantamento ao tema desta dissertação,
realizamos um levantamento no GT23, que trata da temática Gênero, sexualidades e
educação, nas reuniões nacionais dos anos de 2006 a 2017, levando em consideração que não
aconteceram reuniões nos anos de 2014 e 2016, e que 2017 foi a última reunião realizada
disponível na biblioteca virtual3 da ANPED, tendo alguns anos sem realização das mesmas,
utilizamos o levantamento do total de dez reuniões.
Para dar conta do que nos propusemos, selecionamos primeiramente a ANPED,
especificamente o GT23 e delimitamos nosso estudo nos últimos dez encontros nacionais
realizados pela Associação, analisando os artigos produzidos conforme o Quadro 1.
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Disponível em: https://anped.org.br/reunioes-cientificas/nacional (Acesso realizado em 13/01/2022)
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A página de acesso aos arquivos desta edição está sem funcionamento. (Links: http://33reuniao.anped.org.br/
ou https://anped.org.br/reunioes-cientificas/nacional Acesso em 10/01/2022)
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Sendo 3 trabalhos classificados como excedentes.
de Porto Alegre. O artigo de Elenita Pinheiro de Queiroz Silva (2011) visa a aproximação das
noções de corpo veiculadas no ensino de Biologia em escolas públicas da cidade de
Uberlândia-MG. Já o trabalho de Andrea Costa da Silva e Vera Helena Ferraz de Siqueira
(2012), busca identificar as mediações introduzidas pelos livros didáticos e paradidáticos na
discussão das sexualidades e das relações de gênero no espaço escolar. O artigo de Elenita
Silva (2012) aborda os problemas apontados por professoras e professores em sala de aula, no
ensino de Ciências, acerca do diálogo com as crianças sobre corpo e sexualidades. O trabalho
de Maria Simone Vione Scwengber (2013), analisa a generificação dos corpos,
principalmente do corpo feminino, a partir das campanhas publicitárias que fortalecem as
formações culturais de feminilidade e masculinidade.
A temática gênero e homossexualidade também apareceu em predominância nas
publicações do GT23 no período pesquisado, sendo encontradas 14 publicações que abordam
o tema. O artigo de Anderson Ferrari (2006) traz uma análise da participação de três grupos
gays na construção de dois modelos de homossexuais e investiga a contribuição desses grupos
no fortalecimento de discursos, saberes e poder dos membros. O texto de Rogério Diniz
Junqueira (2009), investiga a promoção da heteronormatividade e negação da homofobia nas
escolas. Já o artigo de Neil Franco Pereira de Almeida (2011) contextualiza como a discussão
da homossexualidade e de gênero se inserem na escola através de documentos oficiais da
educação. O artigo de Lucélia de Moraes Braga Bassalo (2011) faz uma análise de discussões
realizadas por professores da Educação Básica da Secretaria de Educação do Distrito Federal
acerca dos sentidos e significados atribuídos por esses professores sobre a homossexualidade.
O trabalho de Cláudia Pereira Vianna e Maria Cristina Cavaleiro (2015) examina os modos
como garotas e garotos, entre 16 e 17 anos, elaboram suas experiências, constroem
identidades e, muitas vezes, enfrentam a LGBTfobia no ambiente escolar.
Dos trabalhos investigados no GT23, também encontramos uma significativa
representação de outros artigos publicados que têm como temática gênero e identidade (14),
gênero e maternidade (10), gênero e formação docente (9), transexualidades (7), gênero e
currículo (7), corpo, gênero e sexualidades (6), gênero e infância (6), gênero e livro didático
(6), profissionalização feminina (6), educação física e esportes (5), gênero e masculinidade
(5), sexualidades e saúde (5), gênero, sexualidades e juventude (5), pânico moral e “ideologia
de gênero” (5), teoria queer (4), gênero e envelhecimento (3), violência sexual (3), docência
masculina (2), gênero e relações familiares (2), estudos de gênero na educação superior (2).
Para além desses temas, encontramos também publicações que tratam da educação de jovens
e adultos, gênero e inclusão social, prostituição, sexualidade feminina e gênero e produção
científica, no qual apresentam apenas um artigo.
Ao analisar a participação das/os autoras/es nos trabalhos publicados na ANPED,
pudemos observar que há uma maioria de publicações feitas por mulheres, mas que há um
número considerável de publicações realizadas por homens, conforme podemos observar no
Quadro 2.
REFERÊNCIAS
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. - [4. Reimpr.]. - São
Paulo: Atlas, 2021.
HOOKS, bell. Teoria feminista: da margem ao centro. Tradução Rainer Patriota. São
Paulo: Perspectiva, 2019.
LOURO, Guacira Lopes. FELIPE, Jane. GOELLNER, Silvana Vilodre. (Organizadoras).
Corpo, gênero e sexualidades: Um debate contemporâneo na educação. 9. ed. -
Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.