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1.

Redações
A seguir, encontram-se algumas das redaçoes que foram disponibilizadas pelos
ingressantes da Turma 111.
1.1. Redações Fuvest

1.1.1. Nota 50 – Ingressante AC


Entre clima e capital
Vivemos no Antropoceno, recente era geologica criada a partir dos efeitos dos
exponenciais impactos naturais causados pela intervençao antropica: o homem, moldado
pelo imediatismo e pelo ensimesmamento advindos do capitalismo neoliberal, quase como
um vício neurologico, precisa, cada vez mais de alienar-se no seu consumo-droga. Assim, sob
o efeito alucinogeno do comprar, ja nao interessa o que ocorre ao seu redor e nem de onde
veio sua mais nova aquisiçao – se sua origem e ecologica, de uma produçao agroflorestal
sustentavel, ou se e predatoria, da exploraçao de menores e da reduçao, por exemplo, de
paisagens, como a mineira Serra do Curral, a po pouco importa, afinal, a real diferença
consiste no preço. E e exatamente nesse cenario de autodegradaçao e de agressao do meio
que se constroi a chocante crise ambiental contemporanea, a qual desencadeia, em um
contexto de assimetrias de poder, a questao dos refugiados climaticos, potencializada pela
vulnerabilidade social, invisibilizada pela indiferença coletiva.
De fato, em um sistema cujo funcionamento e asfixiado pelo postulado do dinheiro, e
conveniente, para as elites dominantes mascarar tudo aquilo que pode por em cheque seus
tao doces privilegios. Por isso, sob uma otica marxiana, a invalidaçao da atual situaçao de
catastrofe e um excelente “opio do povo”. A partir da disseminaçao de “fake news” em um
mundo de pos-verdade e do anticientificismo, desastres como os alagamentos avassaladores
de Petropolis em 2022 e a elevaçao dos níveis dos oceanos, devido ao derretimento de
geleiras, sao menosprezados e tidos como “comuns”, pois sao parte dos “naturais” eventos
do clima. Dessa forma, o exodo de refugiados gerado por essas circunstancias, apesar de ser
maior que o de guerras e conflitos, e ocultado e diminuído, pois ter consciencia dessa
situaçao e ter prova concreta de que a ordem vigente e instavel e, sadicamente, suicida. Logo,
ha um projeto político intencional de cegueira para com esses deslocados sobreviventes –
tal alteridade desafia o “status quo”.
Ademais, nessa sociedade sedada pelo mantra “consumo, logo existo”, cria-se uma
aceitaçao passiva dessa estrutura e desse trafego (ou trafico) humano, o qual, como grande
parte das problematicas sustentadas pelo capital, atinge especialmente os mais pobres. Isso
ocorre porque, em areas vulneraveis ambientalmente, aquelas que possuem melhores
condiçoes economicas podem investir em tecnologias para retardar a necessidade de fuga.
Porem, naquelas frageis socioeconomicamente, como a Africa subsaariana e o Sul asiatico,
isso nao e possível: ainda em processo de recuperaçao apos o brutal espolio imperialista
europeu, a expansao da desertificaçao e das inundaçoes sao fenomenos contra os quais e
difícil resistir. Como conseguinte, sem acesso a condiçoes basicas como agua e com
produtividade alimentícia comprometida, resta o escape desumanizante e injusto. E, entao,

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nessa logica, o indivíduo comum, sujeito político, por causa de seu compulsivo
relacionamento com o possuir, verbo esse que gera aceitaçao e exibicionismo social, prefere
fechar-se narcisicamente em si e blindar-se a essas absurdidades. Analogamente a descriçao
precisa de Drummond em seu poema “Inocentes do Leblon”, a expansao do deserto do Saara
e irrelevante, assim como as brutalidades que ela provoca, pois o aquecimento global gera
um calor agradavel e um sol raiante, perfeito para seus ingenuos “stories” do Instagram: a
vida do outro pouco importa.
Portanto, e visível como o imperio do lucro e do consumo, causadores da tragica
condiçao climatica global, sob as maos dos poderosos, mascaram a crise dos refugiados
ambientais, vítimas desse esquema abusivo. Alem disso, a vulnerabilidade social desses
sujeitos catalisa e amplifica essa espantosa situaçao, a qual e ignorada pelo cidadao comum
– para ele, a letargia psicotropica do consumismo e mais prazerosa.

1.1.2. Nota 48,5 – Ingressante AC


Refugiados ambientais: entre o neoliberalismo e a perda de identidade
O cofundador da ONG Greenpeace afirma que “inteligencia e a habilidade das
especies para viver em harmonia com a natureza.” Nesse sentido, diante da destruiçao da
natureza em curso, verifica-se que, apesar de nos definirmos como uma especie inteligente,
nao agimos como tal. Por conseguinte, os efeitos disso tem prejudicado a nossa propria
especie: com mais desastres naturais decorrentes do aquecimento global, mais indivíduos
tem que se deslocar para sobreviver. Dessa forma, em uma sociedade neoliberal, os
interesses economicos sao priorizados em detrimento da saude do planeta, o que leva ao
aumento do numero de refugiados ambientais. Nesse cenario, pessoas ja marginalizadas
tornam-se ainda mais vulneraveis, correndo o risco de perder suas identidades.
Em uma logica neoliberal, a obtençao de lucro e colocada acima da proteçao da
natureza, intensificando o deslocamento de indivíduos por desastres naturais. Isso porque,
no sistema capitalista, o acumulo de capital e o objetivo central na sociedade. Diante disso,
tudo aquilo que permite esse acumulo e visto como necessario e perdoavel. Justifica-se,
assim, a exploraçao desmedida dos recursos naturais, como o desmatamento intenso, o alto
uso de fertilizantes e milhares de cabeça de gado em fazendas. Os gases emitidos por essas
atividades, porem, intensificam o aquecimento global, que, por sua vez, aumenta os casos de
desastres naturais, como alagamentos e ciclones. E nesse cenario que comunidades do Leste
Asiatico e do Pacífico passam a buscar refugio em outros países, devido as enchentes e a
previsao de que as ilhas em que vivem desaparecerao com o aumento do nível do mar. Assim,
com a priorizaçao do lucro em detrimento da natureza, mais indivíduos correm o risco de se
tornarem refugiados ambientais.
Intensifica-se, assim, a vulnerabilidade de povos ja marginalizados, que podem ate
perder suas identidades. Isso porque as comunidades fragilizadas por falta, principalmente,
de recursos financeiros nao tem alternativas para lidar com desastres naturais a nao ser sair
de onde vivem. Ao se deslocarem para outras regioes, nao encontram, contudo, o
acolhimento necessario para que tenha, qualidade de vida, o que pode ser visto no caso de
outros tipos de refugiados, como os mexicanos nos Estados Unidos. Nesse contexto, os povos

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deslocados, na tentativa de serem melhores acolhidos, podem renunciar suas identidades.
Em Minas Gerais, por exemplo, apos o rompimento da barragem em Mariana, os moradores
que se deslocavam tentavam desvincular sua imagem de Mariana para nao serem chamados
de “Marilama”. Dessa forma, com o aumento de desastres naturais, populaçoes
marginalizadas ficam ainda mais vulneraveis e perdem sua identidade associada a terra da
qual se originaram.
Portanto, em uma sociedade pautada pelo capitalismo, as consequencias da
destruiçao da natureza causam o aumento do numero de refugiados, que ficam vulneraveis
mesmo apos se deslocarem. Diante disso, pode-se afirmar que, se temos inteligencia, nao a
estamos usando.

1.1.3. Nota 48,5 – Ingressante AC


O filme “2012” retrata um cenario distopico em que, com a iminente extinçao da vida
na Terra pela açao antropica, criam-se barcos de acesso exclusivo a elite financeira para
garantir sua sobrevivencia. Apesar de ficcional, a obra oferece uma crítica contundente a
situaçao ambiental e social contemporaneas. Nesse sentido, e possível analisar de que forma
o sistema economico vigente incentiva o uso desmedido de recursos naturais e como as
populaçoes de baixa renda sao mais suscetíveis a mudanças climaticas decorrentes disso.
Dentro da logica capitalista hodierna, o ser humano explora descontroladamente a
natureza, o que impacta o clima. A partir da busca incessante por lucro imediato cultivada
no neoliberalismo, lideranças políticas e industriais degradam o meio-ambiente de maneira
desmedida, no desejo de instrumentaliza-lo na conquista de poder economico. tal
valorizaçao do capital esta por tras, por exemplo, da prospecçao de petroleo e da criaçao de
pastos para agropecuaria, açoes que geram a intensificaçao do efeito estufa e o consequente
aquecimento global, permitindo a ocorrencia de fenomenos climaticos extremos. Nesse
contexto, indivíduos se deslocam para abandonar regioes de risco, buscando “barcos“ para
escapar de um destino tragico. Dessa forma, a falta de pensamento a longo prazo neoliberal
afeta o equilíbrio ambiental e faz crescer o numero de pessoas ansiosas para se salvar,
enquanto as embarcaçoes de sobrevivencia sao limitadas.
Em meio a crise humanitaria, refugiados ambientais vivem uma realidade de
vulnerabilidade social, endossada pela logica social de dominancia. Na contemporaneidade,
a elite social e economica e composta por caucasianos ricos, que sao responsaveis, na
política, por tomar decisoes em nome do corpo social, o que leva a priorizaçao de seus
interesses. por isso, aqueles que fogem desse padrao tem suas necessidades colocadas em
segundo plano e vivem em um quadro de maior perigo. As populaçoes do sertao nordestino
brasileiro, da Africa Subsaariana e do Sudeste Asiatico sao os maiores exemplos de
indivíduos que, fugindo do clima extremo, nao tem condiçoes financeiras ou sociais para
comprar suas passagens para a salvaçao. Assim, a classe dominante da sociedade determina
aqueles com maior chance de sobreviver ao colapso do clima.
Portanto, e evidente a relaçao entre o capitalismo e a degradaçao ambiental, que gera
crises climaticas e humanitarias. Alem disso, a ordem social vigente coloca os refugiados em
uma situaçao vulneravel, que os impede de acessar os barcos para seu exito.

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1.1.4. Nota 48 – Ingressante AC
Os refugiados ambientais no mundo da ganância.
A crise de refugiados e um problema contemporaneo de extrema importancia que
esta em evidencia no mundo globalizado. No entanto, a principal causa desse fenomeno e
tambem a menos abordada: os desastres naturais. Estes, por sua vez, sao responsaveis pelo
deslocamento de grandes contingentes populacionais vindos de países pobres, devido,
principalmente, a vulnerabilidade social encontrada neles, assim como sao intensificados
pelas mudanças climaticas advindas das atividades agropecuarias, a partir da logica egoísta
do capitalismo, merecendo mais atençao da sociedade.
A princípio, e necessario salientar que os refugiados ambientais saem
majoritariamente de países pobres. A ocorrencia de desastres naturais nao e um fator unico
e suficiente para que haja o exodo das areas de catastrofe, dado que, em países
desenvolvidos, como o Japao, ha recursos para que se evitem grandes desastres e que se
reerga o país em casos mais graves. Logo, a falta de infraestrutura para o recebimento de
fenomenos naturais devastadores – isto e, a existencia de moradias precarias, a ausencia de
hospitais de qualidade e a carencia de planejamento governamental – esta diretamente
ligada ao maior numero de refugiados ambientais vindos de regioes pobres, tais como países
da Africa Subsaariana e do Leste Asiatico. A referida precariedade, entretanto, na o possui
raízes recentes; pelo contrario, e devida, em grande parte, a intensa exploraçao europeia
sobre esses continentes e ao longo período de estabelecimento destas naçoes nas regioes
citadas, assim como a posterior falta de auxílio a recuperaçao dos países que conquistariam
sua independencia. Dessa forma, países que estiveram por seculos sob domínio estrangeiro
encontram-se, hoje, sem recursos naturais e financeiros suficientes, o que inviabiliza uma
boa infraestrutura para a regiao lidar com os fenomenos oriundos das mudanças climaticas,
gerando vulnerabilidade social e exodo local.
Ademais, a partir de uma analise crítica da sociedade contemporanea, verifica-se que
o sistema economico predominante no mundo, o capitalismo, e o principal responsavel pela
existencia de refugiados ambientais na atualidade. Segundo a logica neoliberal vigente, a
promoçao do lucro na sociedade e fundamental, embora, para que seja alcançado, sejam
tambem necessarios alguns sacrifícios a sociedade, como a degradaçao do meio ambiente e
a geraçao de desigualdades. Nesse sentido, atividades como o agronegocio ganham
destaque, uma vez que tem sido responsaveis pelas mudanças climaticas – pela liberaçao de
gases do efeito estufa mediante desmatamentos e queimadas – e pela perpetuaçao de
divergencias sociais e economicas entre regioes – pelo intenso enriquecimento de alguns
países em detrimento de outros. Desse modo, constata-se a criaçao de uma cegueira social
pelo capitalismo na sociedade, visto que tal sistema economico leva os indivíduos a
ignorarem as consequencias de suas escolhas sobre o corpo social em favor do ganho
proprio, possibilitando o agravamento das mudanças climaticas e das disparidades
financeiras entre naçoes, o que potencializa os danos de catastrofes naturais em países
vulneraveis e perpetua a existencia de refugiados ambientais na contemporaneidade.
Em suma, a vulnerabilidade social encontrada em países pobres e devida a historica
exploraçao deles por países europeus e pela hodierna falta de sensibilizaçao provocada pelo

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capitalismo, permitindo que desastres naturais sejam intensificados por meio das mudanças
climaticas provocadas, em grande parte, pelo agronegocio, o que gerara, cada vez mais,
refugiados ambientais.

1.1.5. Nota 47 – Ingressante AC


Refugiados ambientais: a problemática que se esconde do senso comum
A sociedade, em geral, acredita que as reais consequencias dos problemas ambientais
causados pelo ser humano so passarao a nos atingir em um futuro longínquo. Por enquanto,
para muitos, esses danos se restringem a filmes de ficçao científica de sociedades distopicas.
Porem, ao contrario do senso comum, o aquecimento global ja tem feito grandes estragos no
meio ambiente, forçando centenas de milhares de pessoas, os chamados refugiados
ambientais, a se deslocarem de sua terra natal em direçao a locais com melhores condiçoes
de vida. A problematica desses refugiados, no entanto, se da de maneira desigual, deixando
os países pobres mais vulneraveis. Alem disso, essas vítimas sofrem de uma vulnerabilidade
social por sofrerem preconceitos e abusos em sua adaptaçao ao país receptor.
Estados Unidos, Russia e China, por exemplo, lucram bilhoes de dolares com a
produçao, refino e venda de petroleo, o qual, por meio de sua queima, lança toneladas de
gases de efeito estufa a atmosfera. Longe dos lucros do comercio de combustíveis fosseis,
países como a Micronesia, na Oceania, e povos da costa da America do Sul ja sofrem com os
males da elevaçao do nível do mar pelo aquecimento global sem poder fazer muita coisa. O
problema disso e que cria-se um ciclo no qual as regioes mais pobres, as quais ja nao
possuem recursos nem infraestrutura para mitigar os efeitos negativos do efeito estufa
desenfrado, passam a ficar cada vez mais precarizadas, por meio da inundaçao de
residencias ou destruiçao de lavouras por secas, levando a sua populaçao a ter o
deslocamento como unica opçao possível. Enquanto isso, os países detentores de um maior
capital como os EUA, por exemplo, saem do Acordo de Paris para nao ter que diminuir a sua
produçao de CO2 atmosferico, alegando, ironicamente, estarem sendo prejudicados por isso.
Ademais, esses refugiados ambientais sofrem com uma vulnerabilidade social, pois,
muitas vezes, ao chegar no país de destino, nao tem sua cultura respeitada e sao alvos de
abusos. Como se pode observar na Europa, por exemplo, existe uma tendencia ao
desrespeito aos refugiados. Partidos de extrema direita, como o de Marine Le Pen, angariam
visibilidade política atribuindo a esses imigrantes a culpa por todos os problemas
estruturais da sociedade europeia. Nao a toa, inumeros casos de violencia nas ruas contra
eles tem sido noticiados e protestos pedindo o seu apagamento cultural, como a possível
proibiçao de burcas na França, tem ocorrido. Por conta disso, estabelece-se, cada vez mais,
uma tensao social entre os que sao forçados a sair de sua terra natal, com aqueles que os
recebem, precarizando sua adaptaçao e tornando os refugiados vulneraveis.
Portanto, nota-se que, ao contrario do senso comum, problemas ambientais, como o
aquecimento global, tem forçado milhares de pessoas a deixarem sua terra natal, os
chamados refugiados ambientais. Entretanto, essa problematica tem atingido de maneira
mais contundente os países mais pobres, alem de criar, no país receptor, um ambiente hostil
aos refugiados, causando uma grande vulnerabilidade social.

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1. FUVEST

Um pouco sobre a Redação FUVEST


A redação da FUVEST (Fundação Universitária para o Vestibular) compõe 50% da
nota do primeiro dia da 2° Fase, sendo computada uma nota final em escala de
até 50 pontos. Com a redação, busca-se avaliar a capacidade de leitura, análise e
discussão, a partir dos textos motivadores e do tema exposto. Além disso, a
redação deve ser, obrigatoriamente, no modelo dissertativo-argumentativo.

Metodologia de Avaliação da Redação


A Metodologia de Avaliação consiste em 3 pilares, os quais são avaliados em uma
nota de 1 a 5:
Critério I ➔ Desenvolvimento do Tema e Organização do Texto dissertativo-
argumentativo (peso 4)
Avaliam-se tanto a composição e a elaboração do modelo dissertativo-
argumentativo quanto o atendimento do tema proposto pela Banca.

Critério II ➔ Coerência dos Argumentos e Articulação das partes do texto (peso 3)


Verificam-se a coerência dos argumentos mencionados, a coesão textual e a
articulação das ideias expostas.

Critério III ➔ Correção Gramatical e Adequação Vocabular (peso 3)


Avaliam-se o domínio da norma-padrão da língua portuguesa e a precisão de
expressões que articulem seu ponto de vista.

NOTA FINAL DE REDAÇÃO:

Fonte: Manual do Candidato 2022

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2. Redações FUVEST
Na FUVEST 2022, os candidatos tiveram que dissertar em torno da proposta, a qual
pode ser encontrada no acervo do Site da Fuvest (acervo.fuvest.br/fuvest/) e, também,
abaixo:

TEXTO 1
Por que rimos? Ninguém sabe. O riso tem uma qualidade universal: todas as culturas têm seus
contadores de piadas. E, mesmo que a piada tenha graça só para uma cultura, as pessoas reagem
sempre da mesma forma. Não importa se a língua é completamente diferente, se a pessoa é da
Mongólia, um aborígene australiano ou um índio tupi, o riso é sempre muito parecido, uma reação
física a um estímulo mental
Marcelo Gleiser. Sobre o riso. https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/.

TEXTO 2
Para compreender o riso, impõe-se colocá-lo no seu ambiente natural, que é a sociedade; impõe-se
sobretudo determinar-lhe a função útil, que é uma função social (...). O riso deve corresponder a
certas exigências da vida comum. O riso deve ter uma significação social.
Henri Bergson. O riso.

TEXTO 3
Estudado com lupa há séculos, por todas as disciplinas, o riso esconde seu mistério.
Alternadamente agressivo, sarcástico, escarnecedor, amigável, sardônico, angélico, tomando as
formas da ironia, do humor, do burlesco, do grotesco, ele é multiforme, ambivalente, ambíguo. Pode
expressar tanto a alegria pura quanto o triunfo maldoso, o orgulho ou a simpatia. É isso que faz sua
riqueza e fascinação ou, às vezes, seu caráter inquietante.
Georges Minois. História do riso e do escárnio.

TEXTO 4
Talvez o exemplo mais destacado de artista com um uso constante do sorriso ao longo de sua
produção seja Yue Minjun, integrante do chamado Realismo Cínico chinês, que constantemente se
autorretrata com sorrisos especial - mente exagerados, quase maníacos. Influenciada pela história
da arte oriental em sua representação de Buda e pela publicidade, o que sua risada oculta é, na
verdade, uma profunda crítica política e social do país onde vive.

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https://brasil.elpais.com/verne/2020-06-17/por-que-tao-pouca-gente-sorri-nas-obras-de-arte.htm

TEXTO 5
Rir é um ato de resistência.
Paulo Gustavo, ator.

Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar
pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema:

AS DIFERENTES FACES DO RISO

Fonte: FUVEST

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A seguir estão algumas das redações escritas pelas turma 110 na FUVEST 2022:

NOTA 50

A associação do riso à alegria é universal, entretanto, existem faces do ato de rir ligada ao
exercício de poder. O provérbio brasileiro "quem ri por último ri melhor" exemplifica uma dessas
faces: a noção de que o "último riso" é o melhor, simboliza a vitória de um grupo social que ri em
detrimento de outro, que se cala. Nesse sentido, sob a influência de conjunturas e contextos
diferentes, o direito à risada pode representar o triunfo de setores marginalizados ou a vitória dos
que buscam o controle e a apassivação de outros Isso, paradoxalmente, sem deixar de ser um
símbolo da felicidade (Eudaimonia), que, para Aristóteles deveria ser um objetivo coletivo.
Existe, na face do "riso dos opressores", um sentido literal - o escárnio- e um sentido simbólico
ligado à vitória da opressão. O primeiro é o ato de rir de alguém, de um grupo, ou de uma situação
os banalizando. Um exemplo disso foi, em 2021, no Brasil, a circulação de vídeos ironizando as
mortes por COVID 19, por meio de piadas e imitações da falta de ar, ocasionada pelo adoecimento,
protagonizados por representantes do Governo Federal. Ações como essas resultam, através do riso
maléfico, na manipulação social para menosprezar demandas importantes, envolvendo direitos
humanos, a resolução da pandemia ou questões socioeconômicas. Nesse viés, o direcionamento do
humor para temas sociais relevantes e urgentes a fim de deslegitimá-los intensifica,
metaforicamente, a possibilidade de o "último riso" pertencer a grupos que associam discursos de
ódio e intolerância ao humor.
Por outro lado, a resistência associada ao riso só é possível quando esse é protagonizado, em
sua geração e vivência, por setores marginalizados das sociedades. Isso porque, há também o
controle de sujeitos por meio da anestesia gerada ao rirmos: conhecidas como "políticas do pão e
circo", os investimentos em entretenimentos que distraem a população de pautas sociais, embora
tenham em seu bojo algum "riso", causam a apassivação dos sujeitos- risos inertes, sem ação social.
Em contrapartida, a apropriação popular do lazer e do humor garantem a faze de resistência do riso.
Como exemplo dessa, têm-se os memes na Internet - os quais proporcionaram ao Brasil título de
Fábrica de memes- e que o riso é gerado de forma critica e a partir da inventividade popular que
consegue, ainda que marginalizada ou silenciada, nutrir seus risos-risos marginais.
Desse modo, embora haja diferentes faces do riso, o "último" deveria ser o marginal -da
população para a população- que resiste aos escárnios. Assim, a Eudaimonia aristotélica pode ser
alcançada através do humor popular.

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NOTA 48.5

Riso: entre a resistência e a violência

O documentário brasileiro “O riso dos outros”, a partir de entrevistas com diversos nomes do
humor, celebra a comédia nacional e, simultaneamente, discute as várias faces que ela pode
assumir, colocando em questão os seus limites no cenário atual. É fato que o riso, fenômeno
essencialmente humano, tem um potencial libertador, sendo capaz de promover uma fuga catártica
do cotidiano, que se apresenta tão árduo para tantas pessoas no contexto neoliberal. Porém, o
mesmo riso pode encarnar uma dimensão agressiva, de modo a inviabilizar a luta de diversos
agentes sociais. Logo, suscita-se a dúvida tão abordada no filme: o humor deve ou não ser limitado?
Inicialmente, o riso pode tomar uma forma de resistência, representando um mecanismo de escape
da realidade dura e rígida.
No panorama contemporâneo, o sistema neoliberal molda os indivíduos para exercerem em si
mesmos uma cobrança contínua e progressiva por produtividade em todas as áreas da vida, com o
objetivo de sustentar uma lógica de hiperprodução. É o que afirma o filósofo coreano Byung-Chul
Han, o qual se vale do termo “sociedade do desempenho”. Assim, há um estímulo à competição
excessiva e a degradação de toda a dimensão subjetiva do ser humano. É nesse cenário que o humor
assume sua capacidade de ser resistência, visto que ele pode atuar resgatando a humanidade
perdida pelas pessoas, sendo uma maneira de estimular nelas uma catarse, uma explosão de
sensações agradáveis. Não à toa, o riso está ligado à liberação de endorfina no corpo, substância
muito relacionada à sensação de prazer.
Contudo, a comédia pode assumir uma face extremamente violenta, na medida em que pode
funcionar como um veículo de reprodução de estereótipos. A frequente associação, por humoristas,
de índios à selvageria, de mulheres à burrice e de gordos à inatividade é, apesar de se tratar de uma
piada, uma agressão à luta de minorias sociais. Para o sociólogo Pierre Bourdieu, a linguagem,
simbolicamente, é um instrumento poderoso de violência, sendo capaz de sustentar estruturas
discriminatórias. Portanto, é nítido que o riso pode contribuir para manter estruturas
estigmatizantes. Tendo isso em vista, surge a questão de impor limites para ele. Os detratores dessa
prática associam o cerceamento do humor a uma aniquilação da liberdade de expressão, primordial
no âmbito democrático. Porém, é vital ter em mente que tal autonomia não deve ser ilimitada. A
democracia é, sobretudo, tolerância, e, para mantê-la, é imperativo não tolerar atitudes
intolerantes. Dessa forma, o humor totalmente livre está sujeito a se tornar violência e, sob tais
parâmetros, não pode ser aceito no meio coletivo.
Em suma, é inegável que rir é um ato extremamente benéfico para a essência subjetiva do ser
humano. Todavia, ele pode representar um instrumento de reprodução e de disseminação de
estigmas intensamente danosos para a sociedade e para a democracia. Por fim, fica evidente que a
comédia deve enfrentar fronteiras, as quais não abarquem as faces obscuras que ela pode encarnar.

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NOTA 48,5

Rir do Opressor, não do Oprimido

O riso é uma reação emocional humana, que pode ter variadas faces. Muitas vezes partindo
de um lugar de desidentificação com o outro, pode servir como defesa psíquica ou mesmo como
ferramenta de crítica a constructos sociais estabelecidos. Assim, tem função tanto de manutenção
do status quo quanto de quebra do mesmo, através do qual pode-se vislumbrar melhores horizontes.
Um aspecto importante na fabricação do riso e o quanto aquele que ri consegue se distanciar
da realidade que observa. Um sujeito que tropeça na rua não deve achar graça de sua queda, mas os
transeuntes que o observam podem rir por não se encontrar identificados com o sujeito
desafortunado. Ao notar o infortúnio do outro e que o mesmo não ocorreu consigo, riem-se.
Caracterizado pela palavra alemã “Schadenfreude”, sentir-se feliz pela desgraça alheia só consegue
ocorrer pela falta de empatia, ao não se colocar no lugar do outro, evitando, assim, que sinta sua
dor. Portanto, ao manter o outro distanciado, desidentificado, o riso atua como reforçador para que
essa identificação não ocorra. Tal forma de defesa psíquica já era apontada nos escritos de Freud.
Não apenas ara não se identificar com o outro, pode-se utilizar de defesas contra aspectos psíquicos
do próprio indivíduo. Assim, um sujeito que não lida com certo tema que lhe provoca afetos
desagradáveis (ou demasiadamente agradáveis) pode recorrer a chistes para se expressar sobre ele.
Invariavelmente, isto se dá como tentativa de negar aspectos de si que considera moralmente
reprováveis. Por exemplo, um rapaz homossexual que não aceita seus desejos tenta reprimi-los ao
considerar que é sempre no outro que está aquilo que reprova. Para isso, se expressa ao se deparar
com algo que remeta à sexualidade com piadas, de natureza depreciativa. Assim, tenta negar seu
desejo e atribui-lo ao outro, sendo também uma forma de não se identificar, mas, no caso, consigo
mesmo. Ademais, aqueles que riem de tais chistes ou também tentam defenderem-se de seu próprio
psiquismo, ou, como no caso do tropeço, apenas não conseguem ter empatia e notar o qual deletério
ao outro pode ser fazer troça de sua sexualidade.
Todavia, o riso é um recurso legítimo de defesa psíquica e que pode ser usado de forma a
criticar a própria sociedade e os papeis que são tradicionalmente alvos da graça. Assim, pode-se
fabricar comicidade não por colocar como risível aquele que é minoritário ou subalterno, mas os
constructos hegemônicos problemáticos, como a heteronormatividade. Paulo Gustavo, ator
homossexual que faleceu em 2021 devido à COVID-19, era um grande defensor dessa prática. Ao
abordar a sexualidade com naturalidade em suas peças e ao colocar como alvo do riso as atitudes
preconceituosas e homofóbicas, quebra o status quo heteronormativo e transforma o homossexual
em alguém com quem se possa ter empatia, e o preconceituoso como alguém a se distanciar – e rir-
se dele.

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Assim, são diversas as faces do riso: de uma que pode expressar falta de empatia e mesmo
desrespeito, a outra que pode atuar como dispositivo para mudança de padrões sociais deletérios.
Ainda que possa ser uma reação natural e inconsciente, é mister que seja sempre posta em análise
para entender o contexto de sua produção, revelando possíveis defesas que seriam melhores
trabalhadas em terapia, ou mesmo mostrando o ridículo da discriminação, abrindo horizontes mais
inclusivos e felizes.
.

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Redações FUVEST 2021
TEMA: “O mundo contemporâneo está fora de ordem?”

3
NOTA
50

Apolo e Dionísio: a falsa ordem e a realidade em caos

Consoante o lósofo europeu Nietzche (sic), as ações humanas podem ser divididas em

duas esferas: a apolínea, caracterizada pela ordem e pela razão, e a dionisíaca, fundada na

desordem e na irracionalidade. Sob tal óptica, torna-se evidente a marcante dualidade no que

diz respeito aos empreendimentos da humanidade na contemporaneidade: se, por um lado,

glori ca-se o uso ordenador da razão apolínea nos feitos técnicos e cientí cos que

supostamente trariam o progresso, por outro, a ignorância irracional dionisíaca leva ao

esquecimento das verdadeiras prioridades, criando um mundo que, nas mais diversas questões

humanitárias, encontra-se profundamente fora de ordem.

Colisores de partículas, edifícios com centenas de metros de altura, aviões que

ultrapassam a velocidade do som: a ideia de que a humanidade atingiu níveis astronômicos de

progresso e desenvolvimento é constantemente disseminada nos meios de comunicação os

quais exaltam as novas e brilhantes invenções. Dessa forma, é criada a imagem de uma

civilização que estaria no ápice do desenvolvimento, apta a iluminar pela razão apolínea os mais

escuros mistérios e a vencer quaisquer obstáculos na edi cação de uma sociedade perfeita. Já no

século XIX, o positivista europeu August Comte defendia justamente a visão de mundo que

toma o avanço técnico como motor maior da civilização, colocando de lado a importância das

questões humanitárias. Paralelamente, nos dias de hoje, o lema "Ordem e Progresso",

derivado do positivismo e inscrito na bandeira brasileira, é uma prova da sobrevivência dessa

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mentalidade. Assim, tem-se a generalização da noção de que a ordem e o progresso, atrelados às

novas invenções, criarão um mundo devidamente racional e justo.

A realidade, contudo, é outra. Conquanto a ordem seja o princípio criador de diversas e

úteis máquinas e construções, predomina, para a maior parte do mundo, a mais dionisíaca

desordem. Ao olhar maquinal do capitalismo nanceiro, relativizam-se gritantes desigualdades,

e desabrigados em trapos dormem ao lado de mansões de mármore. Diariamente, milhares de

hectares de orestas são desmatados, e comunidades indígenas têm seu sustento usurpado. A

produção mundial de alimentos, embora seja su ciente para todos, não chega a crianças

famintas na África e na Ásia. É claro, portanto, o caos social e humanitário vivenciado pela

grande parcela da população distanciada da glória dos colisores de prótons suecos e dos prédios

monumentais de Dubai.

À luz do exposto, evidencia-se o dilema humanitário da contemporaneidade, composto

simultaneamente do avanço surpreendente das técnicas e da miséria deprimente dos

marginalizados. Diante disso, é fundamental compreender a inversão de prioridades feita pela

falsa razão apolínea, a m de que seja combatida a desordem dionisíaca do mundo.

5
NOTA
50
A ordem desigual e destrutiva

No livro "Quincas Borba" de Machado de Assis, a loso a "Humanitista", criada por

Quincas, coloca a sociedade como um ringue, no qual todos devem lutar contra todos a m de

que os campeões sejam exaltados e os perdedores, marginalizados, estabelecendo a destruição

como motor social. Nesse sentido, o mundo contemporâneo é um adepto de tal loso a, posto

que normaliza a competição e instiga o egoísmo sob o pretexto de sucesso. Desse modo, ao

de nir como ordem os ideais apregoados por Quincas Borba, o mundo contemporâneo é el a

essa visão bélica, pois naturaliza as desigualdades e atribui a modernização à destruição.

Primeiramente, o mundo contemporâneo naturalizou a pobreza extrema e a riqueza

extrema. Levando em consideração uma ordem Humanitista de "ao vencido, ódio ou

compaixão e, ao vencedor, as batatas", a sociedade atual coloca o rico como um vencedor, cujo

mérito é indiscutível e louvável, enquanto o pobre é visto como um perdedor, digno da

piedade, e, principalmente, do ódio. Essa raiva é fruto da concepção intrínseca da população de

que a competição é natural, e, portanto, alguém precisa perder, para que eu possa ganhar. Logo,

o mundo contemporâneo está dentro de uma ordem, na qual a desigualdade é um sinal de

mérito e, sobretudo, da vitória daqueles que acumulam riquezas.

Além disso, o "Humânitas", presente e tudo, sempre vence, o que, por sua vez, estabelece

a destruição como apenas um meio necessário para o progresso. Nesse contexto, o

desmatamento é o símbolo do "Humânitas" humano contra a natureza, culminando, de

qualquer forma, no logro de tal loso a. Sob a perspectiva da ordem egoísta vigente, a

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destruição de um ecossistema, por exemplo, é irrelevante, pois os princípios e as conquistas

valorizadas são atreladas à modernização, a qual é concebida como a substituição do velho pelo

novo, pela luta entre a humanidade e a natureza. Nessa disputa, o ideal de vencer e se colocar

como detentor das batatas faz o homem de nir a natureza como perdedora e, pois, merecedora

do ódio e da destruição humana camu ada de progresso. Portanto, em uma ordem

contemporânea na qual o "Humânitas" sempre vence, o desmonte de tudo que confronta o

homem é posto como uma vitória da modernização.

Em síntese, o mundo contemporâneo está inserido em uma ordem semelhante à

anunciada pela loso a de Quincas Borba devido ao seu caráter egoísta e beligerante. Assim, as

desigualdades são naturalizadas como símbolos da existência de vencedores e a destruição é

cultuada como inerente à vitória humana, posta como modernização.

8
NOTA
48.5
A naturalização do caos

É perceptível a mudança dos hábitos da sociedade que colaboram na compreensão

caótica das relações sociais na atualidade. A naturalização dos fenômenos sociais que levam a

esse entendimento, de acordo com o sociólogo Pierre Bourdieu, é decorrente da continuidade e

regularidade de determinadas práticas sociais. Sob essa premissa, é possível analisar os

fenômenos contemporâneos de grande problemática, como o ressurgimento do negacionismo e

a ascensão do autoritarismo e de diversas formas de preconceito; todavia, é viável englobá-los

em duas grandes causas, que são in uência mercadológica e o reducionismo social, que, por

conta de repetidas práticas relacionadas a elas, causam essa desordem global.

Inicialmente, é válido destacar que a sociedade atual é in uenciada pelo sistema

socioeconômico que a conduz. Nesse sentido, a "sociedade de mercado", como compreendida

pelo lósofo Michael Foucault, sofre com a aplicação da óptica capitalista nas relações

humanas. Dá-se como exemplo desse fenômeno — entendido como a coisi cação das pessoas

— o tratamento pessoal baseado em interesses, pois, para essa sociedade, o que não como efeito

a lucratividade deve ser descartado. Sendo assim, mais do que a apatia visivelmente

generalizada nas situações cotidianas que não geram lucro — como a simples saudação, cada vez

mais ausente, no elevador — o desprezo com as minorias e grupos socialmente frágeis, a

exemplo da população de rua e os de cientes, é a marca desse fenômeno.

Ademais, sob um olhar mais atento, percebe-se que a naturalização de certas práticas é

oriunda da negação e da incompreensão dos fatores a elas atrelados. Segundo o sociólogo

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francês Jean Baudrillard, uma das características da sociedade da era da pós-modernidade é a

visão reducionista sobre os fatos sociais. Isso signi ca que o tecido social deixou de julgar os

fenômenos que atuam dentro dele com a complexidade que lhes são peculiares,

comportamento esse que diversas vezes se resume em considerá-los "mi-mi-mi" (como

comumente dito). Por conseguinte, as lutas sociais e as reivindicações coletivas são

corriqueiramente ignoradas, pois a visão tornou-se limitada ao prático e ao efeito sobre si, e não

pensada na coletividade e na diversidade.

Portanto, a imersão do mundo atual na desordem provém da naturalização de suas

próprias causas. Consoante a isso, relaciona-se os problemas que acarretaram nessa situação à

consciência mercadológica e reducionista da sociedade e de seus governantes. Espera-se, no

entanto, que essa realidade seja revertida com a inicial ruptura dessa limitação crítica dos

fenômenos na sociedade, devido ao efeito que os movimentos sociais têm atingido ao

desnaturalizar e denunciar certas práticas, atingindo-se, assim, uma visão humanizada sobre o

mundo que pode retirá-lo desse caos.

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