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Não tenho mais como ignorar esse risco. Nosso reiterado fracasso em lidar com os declínios
ambientais que minam a economia alimentar mundial – e, mais importante, reduzem os níveis dos
lençóis freáticos, erodindo solos e elevando temperaturas – me obriga a concluir que esse colapso é
possível.
O Problema dos Estados Falimentares
Mesmo um olhar superficial sobre os sinais vitais de nossa ordem mundial corrente acaba oferecendo
sustentação, ainda que indesejável, à minha conclusão. E nós, no campo ambiental, entramos na
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terceira década de mapeamento de tendências de declínio do ambiente sem que tenhamos conseguido
observar qualquer esforço significativo no sentido de reverter sequer uma delas.
Em seis dos últimos nove anos, a produção mundial de grãos declinou para níveis menores que o
consumo, estabelecendo uma perda acumulada nos estoques. Quando a safra de 2008 começou, os
estoques acumulados de grãos (carryover, a soma de grãos nos silos quando se inicia a nova colheita)
garantiam 62 dias de consumo, algo próximo de um recorde negativo. Como conseqüência, os preços
internacionais dos grãos no 2o e 3o trimestres do ano passado atingiram os níveis mais elevados já
registrados.
Enquanto a demanda por alimentos cresce mais rapidamente que a oferta, a inflação do preço do
alimento resultante exerce pressão severa nos governos dos países que já vinham balançando à beira
do caos. De fato, mesmo antes da subida de patamar nos preços dos grãos, em 2008, o número de
Estados falidos estava em expansão. Muitos de seus problemas decorrem do fracasso em reduzir o
crescimento de suas populações. Mas se a situação alimentar continuar se deteriorando, nações
inteiras irão à bancarrota a taxas sempre crescentes. Entramos em uma nova era geopolítica. No
século 20, a maior ameaça à segurança internacional era o conflito das superpotências; hoje, são os
Estados falimentares. Não é a concentração, mas a ausência de poder que nos coloca em risco.
Estados vão à falência quando governos nacionais não conseguem oferecer segurança pessoal,
segurança alimentar e serviços sociais básicos, como educação e saúde. Eles freqüentemente perdem
o controle de parte ou de todo o território. Quando governos perdem seu monopólio do poder, a lei e a
ordem começam a se desintegrar. Depois de certo ponto, países podem tornar-se tão perigosos que
funcionários do socorro alimentar deixam de ter segurança e seus programas são interrompidos; na
Somália e Afeganistão, condições deterioradas já colocaram esses programas em perigo.
Estados falimentares são alvo da preocupação internacional, pois servem de fonte para o terrorismo,
drogas, armas e refugiados, ameaçando a estabilidade política em todos os lugares. A Somália,
primeira da lista dos Estados falimentares em 2008, tornou-se uma base para a pirataria. O Iraque,
em quinto lugar, é campo fértil para treinamento de terroristas. O Afeganistão, em sétimo, é o
principal fornecedor mundial de heroína. Em seguida ao enorme genocídio de 1994, refugiados de
Ruanda, milhares de soldados armados, ajudaram a desestabilizar a vizinha República Democrática do
Congo (número seis da lista).
Nossa civilização global depende de uma rede funcional de nações saudáveis politicamente para
controlar a disseminação de doenças infecciosas, gerenciar o sistema monetário internacional,
dominar o terrorismo internacional e alcançar resultados em outros objetivos comuns. Se o sistema
para o controle de doenças infecciosas – como pólio, Sars ou gripe aviária – entrar em colapso, a
humanidade estará em apuros. Uma vez que Estados tenham falido, ninguém assumirá a
responsabilidade por seus débitos em relação a credores estrangeiros. Se um número grande de
Estados se desintegrar, sua queda irá ameaçar a estabilidade da civilização global em si.
Em contrapartida, a recente onda altista nos preços internacionais de grãos é tipicamente dirigida por
tendência, o que torna improvável sua reversão sem a mudança nas tendências. Pelo lado da
demanda essas tendências incluem o corrente acréscimo de mais de 70 milhões de pessoas
anualmente; um número crescente de pessoas querendo subir na cadeia alimentar para consumir
produtos de origem animal que utilizam muito grãos de produção intensiva (ver Efeito estufa dos
hambúrgueres, de Nathan Fiala; SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL, março de 2009); e o enorme desvio
de grãos voltados às destilarias que produzem o combustível etanol.
A demanda extra de grãos associada à crescente afluência varia amplamente entre países. Pessoas
em países de baixa renda, onde os grãos suprem 60% das calorias, como Índia, consomem
diretamente cerca de 0,5 kg de grãos. Em países afluentes, como Estados Unidos e Canadá, o
consumo de grãos por pessoa é de cerca de 2,0 kg, embora talvez 90% desse consumo se dê por via
indireta, na forma de carne, leite e ovos de animais alimentados com grãos.
O potencial de consumo mais adiante é enorme, na medida em que cresce a renda entre
consumidores pobres. Mas esse potencial fica ofuscado atrás da demanda insaciável por combustíveis
automotivos baseados em biomassa. Um quarto da colheita de grãos deste ano nos Estados Unidos –
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suficiente para alimentar 125 milhões de americanos ou meio bilhão de indianos nos atuais níveis de
consumo – será desviado para o abastecimento de automóveis. Apesar disso, mesmo se toda a safra
americana de grãos fosse direcionada para a produção de etanol, ela atenderia no máximo a 18% das
necessidades de combustível americanas. A quantidade de grãos necessários para encher o tanque de
um veículo com tanque de 100 litros com etanol pode alimentar uma pessoa durante um ano.
A recente fusão das economias dos alimentos e combustíveis implica que se o valor do grão destinado
a alimentos é menor que o voltado para produção de combustível o mercado irá impulsionar o grão
para a economia da energia. Essa dupla demanda está levando a uma competição épica entre
automóveis e pessoas pelo abastecimento de grãos e a um problema político e moral de crucial
importância e dimensões sem precedentes. Num esforço enorme para reduzir sua dependência de
petróleo importado e substituí-lo por combustíveis à base de grãos, os Estados Unidos estão gerando
uma insegurança alimentar global em escala nunca antes vista.
Na China, o lençol freático sob a planície do Norte chinês, uma área que produz mais da metade do
trigo e a terça parte do milho, está decrescendo rapidamente. Bombeamento excessivo vem utilizando
a maior parte da água da parte rasa do aqüífero, forçando os perfuradores de poços a recorrer à área
profunda, que não é renovável. Um relatório do Banco Mundial prevê “conseqüências catastróficas
para as futuras gerações”, a menos que o uso e fornecimento de água possam rapidamente voltar ao
equilíbrio.
Ao ritmo em que vêm caindo os níveis dos lençóis freáticos e secam os poços para irrigação, a safra de
trigo da China, a maior do mundo, diminuiu em 8% desde o pico de 123 milhões de toneladas em
1997. No mesmo período, a produção de arroz caiu 4%. A nação mais populosa do mundo pode, em
breve, estar importando quantidades enormes de grãos.
Mas a escassez de água é ainda mais preocupante na Índia. Ali, a margem entre o consumo de
alimentos e a sobrevivência é ainda mais precária. Milhões de poços para irrigação vêm derrubando os
níveis dos lençóis freáticos em quase todos os estados. Como relatou Fred Pearce na New Scientist:
Metade dos tradicionais poços perfurados manualmente e milhões de poços com canos de baixa
profundidade já secaram, trazendo uma onda de suicídios entre os que dependiam dessas fontes.
Apagões elétricos estão atingindo proporções epidêmicas em estados onde metade da eletricidade é
usada para bombear água de profundidades superiores a 1 km.
Um estudo do Banco Mundial relata que 15% do suprimento de alimentos na Índia são produzidos com
água de minas superficiais. Em contrapartida, informa que 175 milhões de indianos consomem grão
produzido com água de poços para irrigação que estarão exauridos em breve. A contínua retração dos
suprimentos de água pode levar a inimagináveis escassez de alimentos e conflito social.
Menos Solo, Mais Fome
O escopo da segunda temível tendência – a perda de terras aráveis – também assusta. A camada
arável do solo está se erodindo mais rapidamente que a formação de solos novos em talvez um terço
do solo agriculturável do planeta. Essa fina camada de nutrientes essenciais às plantas, o mais básico
fundamento da civilização, levou longos períodos geológicos para ser formada, embora tenha
geralmente 15 cm de profundidade. Sua perda, devido à erosão por ação do vento e água, já levou
civilizações antigas ao colapso.
Em 2002, uma equipe das Nações Unidas avaliou a situação alimentar no Lesoto, o pequeno lar de dois
milhões de pessoas embutido na África do Sul. A descoberta da equipe foi objetiva: “A agricultura no
Lesoto está diante de um futuro catastrófico; a produção das colheitas está decaindo e pode cessar
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simultaneamente em grandes partes do país, se medidas não forem adotadas no sentido de reverter a
erosão, degradação e declínio da fertilidade do solo”.
No hemisfério ocidental, o Haiti – um dos primeiros estados a ser reconhecido como falimentar – era,
com folga, auto-suficiente em grãos há 40 anos. Mas, desde então, o país perdeu quase todas as suas
florestas e muito de seu solo arável, sendo forçado a importar mais da metade de seus grãos.
Alguns analistas indicam que colheitas de plantas geneticamente modificadas criam linhagens fora de
nossas previsões. Infelizmente, entretanto, nenhuma safra oriunda de plantas geneticamente
modificadas tem elevado significativamente os níveis de produtividade, comparando-se com a
duplicação ou triplicação ocorridas durante a revolução verde com o trigo e o arroz. E também não
parece que isso volte a ocorrer, porque as técnicas convencionais para sementes de plantas já
atingiram a maior parte do potencial para fazer crescer a produtividade das lavouras.
Em resposta a essas restrições, importadores de grãos estão tentando se agarrar a acordos comerciais
bilaterais de longo prazo que podem, eventualmente, amarrar futuros fornecimentos de grãos.
Incapazes de contar com arroz do mercado mundial, as Filipinas recentemente negociaram um acordo
trienal com o Vietnã para garantir a remessa de 1,5 milhão de toneladas de arroz anualmente. A
ansiedade na importação de alimentos está até mesmo gerando esforços inteiramente novos por parte
dos países importadores de comida, no que tange ao aluguel de fazendas em outros países.
Apesar dessas medidas paliativas, preços de alimentos em crescente elevação e propagação da fome
em muitos outros países estão começando a romper a ordem social. Em várias províncias da
Tailândia, as depredações dos “saqueadores de arroz” têm forçado a população das vilas a guardar
com armas carregadas seu alimento durante a noite. No Paquistão, um soldado armado escolta cada
caminhão de grãos. Durante a primeira metade de 2008, 83 caminhões transportando grãos, no
Sudão, foram seqüestrados antes de atingir os campos de refugiados de Darfur.
Nenhum país está imune aos efeitos do estreitamento no fornecimento de suprimentos alimentares,
nem mesmo os Estados Unidos, o maior celeiro mundial. Se a China voltar-se ao mercado mundial em
busca de enormes quantidades de grãos, como fez recentemente em relação à soja, terá de comprar
dos Estados Unidos. Para os consumidores americanos isso significará competir pela colheita de grãos
americana contra 1,3 bilhão de consumidores chineses com rendimentos em rápido crescimento – o
cenário de um pesadelo. Em tal circunstância, poderá ser tentador para os Estados Unidos restringir as
exportações, como foi feito, por exemplo, com grãos e soja durante os anos 70, quando os preços
domésticos ascenderam. Mas essa não é uma opção com a China. Investidores chineses agora têm
cerca de um trilhão de dólares e ocupam uma posição de destaque como compradores de títulos para
financiar o déficit fiscal americano. Gostando ou não, os consumidores americanos irão compartilhar
seus grãos com os consumidores chineses, não importa o quanto aumentem os preços dos alimentos.
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O quarto componente, restaurar os sistemas e recursos naturais da terra, incorpora uma iniciativa em
nível mundial para deter a queda nos níveis dos lençóis freáticos ao aumentar a produtividade da
água: a mais útil atividade que puder ser extraída de cada gota. Isso implica seguir na direção de
sistemas de irrigação mais eficientes e de culturas mais eficientes no uso da água. Em alguns países,
isso implica cultivar (e comer) mais trigo que arroz, considerando que o arroz é uma cultura de uso
intenso da água. E, para indústrias e cidades, implica fazer aquilo que algumas já estão fazendo, ou
seja, reciclar a água continuamente.
Ao mesmo tempo, precisamos lançar um esforço em escala mundial visando a conservação do solo,
similar à resposta dos Estados Unidos à Dust Bowl dos anos 30. Criar terraços, plantar árvores que
sirvam de cinturão contra a erosão decorrente do sopro dos ventos e praticar o plantio direto, quando
o solo não é arado e os resíduos da cultura são deixados no campo, estão entre as mais importantes
medidas para a conservação do solo.
Não há nada de novo sobre nossos quatro objetivos, todos inter-relacionados. Eles já foram discutidos
individualmente durante anos. De fato, criamos instituições inteiras para lidar com alguns deles, como
o Banco Mundial para aliviar a pobreza. E fizemos progresso substancial em algumas regiões do
mundo em ao menos um deles – a distribuição de serviços ligados ao planejamento familiar associada
a uma orientação voltada a famílias pequenas, capazes de garantir estabilidade populacional.
Para muitos na comunidade do desenvolvimento, os quatro objetivos do Plano B foram vistos como
positivos, promovendo o desenvolvimento desde que não custem muito caro. Outros os encararam
como objetivos humanitários – politicamente corretos e moralmente apropriados. Agora, uma terceira
vertente mais racional e importante se apresenta: atingir esses objetivos pode ser necessário para
prevenir o colapso de nossa civilização. E, além disso, o custo que projetamos para salvar a civilização
não atinge a soma de US$ 200 bilhões anuais, um sexto dos gastos militares globais na atualidade. Em
síntese, o Plano B é o novo orçamento de segurança.
CONCEITOS-CHAVE
- A escassez de alimentos e a resultante alta dos preços dos produtos comestíveis estão levando os
países pobres ao caos.
- Os “Estados falimentares” podem exportar doenças, terrorismo, drogas ilícitas, armas e refugiados.
- Sem uma intervenção forte e rápida para enfrentar esses fatores, uma série de governos pode
entrar em colapso, ameaçando a ordem mundial.
– Os editores
ESTADOS FALIMENTARES
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Todos os anos, o Fund for Peace e a Carnegie Endowment for International Peace analisam em
conjunto e listam países utilizando 12 indicadores sociais, econômicos, políticos e militares de
bem-estar nacional. Abaixo, classificados do pior para o melhor, de acordo com o número de pontos
combinados em 2007, estão os 20 países no mundo mais próximos do colapso:
Somália
Sudão
Zimbabue
Chade
Iraque
República Democrática do Congo
Afeganistão
Costa do Marfim
Paquistão
República Centro-Africana
Guiné
Bangladesh
Birmânia (Myanmar)
Haiti
Coréia do Norte
Etiópia
Uganda
Líbano
Nigéria
Sri Lanka
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Disseminação de doenças
China: procura alugar terras na Austrália, Brasil, Birmânia (Mianmar), Rússia e Uganda.
Arábia Saudita: procura terra agriculturável no Egito, Paquistão, África do Sul, Tailândia, Turquia e
Ucrânia.
Líbia: aluga 100 mil hectares na Ucrânia em troca de acesso aos seus campos de petróleo.
Coréia do Sul: busca firmar acordos sobre terras com Madagáscar, Rússia e Sudão.
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Plantar árvores visando reduzir enchentes, conservar o solo, seqüestrar carbono e deter o
desmatamento.
Reciclar água servida para aumentar sua produtividade, como faz essa planta de tratamento de esgoto
em Orange County, Califórnia.
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Outgrowing the Earth: The food security challenge in an age of falling water tables and
rising temperatures . Lester R. Brown. W. W. Norton, Earth Policy Institute, 2004. Disponível em
www.earthpolicy.org/Books/Out/Contents.htm
Climate change 2007. Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate
Change.Cambridge University Press, 2007. Disponível em www.ipcc.ch
Plan B 3.0: Mobilizing to save civilization. Lester R. Brown. W. W. Norton, Earth Policy Institute,
2008. Disponível em www.earthpolicy. org/Books/PB3
Lester R. Brown Na definição do Washington Post, é “um dos mais influentes pensadores do
mundo”. O Telegraph, de Calcutá, vem chamando Brown de “guru do movimento ambientalista”.
Brown é fundador do Worldwatch Institute (1974) e do the Earth Policy Institute (2001), que é
dirigido por ele hoje. É autor ou coautor de 50 livros; seu mais recente trabalho é Plano B 3.0:
Mobilizando para salvar a civilização. Já recebeu muitos prêmios e homenagens, incluindo 24 títulos
honorários e um MacArthur Fellowship.
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